Tuesday, September 07, 2010

Últimos, primeiros e a injustiça no Desporto

Enquanto que a Volta a Portugal chega ao fim, o Benfica entra em campo na primeira jornada da Liga 2010/2011 que agora se chama Liga Zon Sagres.

Em dia de festa na minha terra e com as cerimónias religiosas a terem lugar de manhã, tinha tempo para ver o final da Volta a Portugal. Havia ainda uma etapa em linha para disputar e a esperança que alguém da Rabobank a vencesse. E bem tentou o Jetse Bol.

Sinceramente, tenho de me dedicar a aprender vodu para não me cingir só a gritar e a barafustar. Ali apetecia-me mesmo arranjar um motor e colocá-lo na meta destacado. Nem o Cândido Barbosa com a sua garra lhe chegaria! Outra táctica era colocar um cão mesmo feroz ou um homem empunhando um pau com um prego na ponta para ele andar mais depressa. Os atletas gregos das Olimpíadas antigas parece que treinavam assim.

Cândido Barbosa, Sérgio Ribeiro e restantes ciclistas com aspirações a ganhar a etapa deveriam ter deixado passar também o Boy Van Poppel mais para a frente. Isso é que eram uns bons camaradas! Nem pena deles, de eles terem andado na estrada com este calor tiveram. São mesmo insensíveis!

Para o próximo ano- com outros ciclistas seguramente- a Rabobank Continental tem de participar novamente. Vou rezar para não estar tanto calor como este ano.

Se eu lesse a tabela da classificação final de baixo para cima, ficaria a rejubilar de alegria. O primeiro nome que lá aparecia era o de um ciclista da Rabobank. Ele foi mesmo o pior e por uma razão tremendamente injusta mas o Desporto é assim. Apesar de o Ciclismo ser uma modalidade desportiva individual, também tem uma forte componente colectiva.

Olhando assim na diagonal para as classificações das primeiras etapas, apercebo-me de um facto curioso e não foi por acaso a rábula de os jornalistas confundirem o ciclista da Rabobank que desistiu. Provavelmente estavam um ao pé do outro e isso confundiu quem não está habituado a os ver muitas vezes.

O atraso do Coen deu-se sobretudo na segunda ou terceira etapa. Nesse mesmo dia ele chegou acompanhado do Joeri Adams que viria então a desistir. Não conheço muito bem o Joeri Adams. Os jornalistas dizem que era ele o chefe de fila mas os dorsais da Rabobank estavam atribuídos por ordem alfabética dos apelidos, como se pode constatar facilmente. Na equipa principal, nas grandes voltas, aparece o chefe de fila com o dorsal de número mais baixo e os outros é que estão por ordem alfabética. Aqui até se podia dar a coincidência de o chefe de fila ter um apelido que começa pela letra A.

Diziam os entendidos que o Adms era o chefe de fila da Rabobank e eu não tenho nada a opor. Eles sabem o que se passa na estrada. Se ele acaso não era o chefe de fila, por que razão foi colocado um colega de equipa (o Coen) nas primeiras etapas a rebocá-lo lá atrás? Ele tentou mas o colega, provavelmente por problemas físicos, acabou por desistir. Como se não bastasse, ainda houve jornalistas que disseram que foi o Coen a desistir e não o Adams. Ele lá continuou…mas em último até final, apesar de ter tentado recuperar na semana seguinte. Ficou em último mas com honra. Foi para ajudar a equipa e um colega em dificuldades. Não andou na passeata, nem parou na tasca, como fazem os atletas cá da terrinha. Fartou-se de trabalhar, o Coen. Então e por aqui não dão prémio aos últimos? Eles também merecem. A “Liga dos Últimos” até andou na Volta em anos anteriores…não sei é se arranjou uma taça para entregar ao último classificado assim discretamente. Coitado do miúdo! Se Álvaro Costa lhe aparecesse com uma taça da “Liga Dos Últimos”…

Por falar em “Liga dos Últimos”, o Benfica começou logo a perder e logo com a Académica. Mesmo a jogar com dez, a Académica acabou, com alguma sorte e com grande injustiça, por vencer o jogo por 1-2.

O reforço argentino Franco Jara apontou o golo do Benfica, já que Cardozo pouco ou nada fez. O segundo golo da Académica foi mesmo aquilo a que se chama um golpe de teatro. Do meio da rua, Laionel (antigo jogador do Boavista) fez um bonito chapéu a Roberto que já leva quatro golos sofridos em dois jogos oficiais. Que bonito! Bela contratação!

E foi assim, com derrotas injustas e últimos lugares incompreendidos que terminou este fim-de-semana desportivo. Já cantavam os heróis Do Mar que “dos fracos não reza a história, cantemos alto nossa vitória.”

Ah, esqueci-me de referir que David Blanco venceu a Volta a Portugal pela quarta vez.

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