Wednesday, March 31, 2021

“O Naufrágio Das Civilizações” (impressões pessoais)

 

Quando terminei a leitura deste livro, uma imagem me povoou a mente. Imaginei a terra, verde e azul, brilhante, pungente, ocupando o seu lugar no Universo. Girava negligentemente sem nada prever que algo acontecesse. De repente, uma violenta explosão espalha os seus pedaços pelo firmamento. A novidade é que tal desfecho não foi provocado por nenhum BIG Bang. A Terra simplesmente implodiu e a culpa foi de todos nós.

 

De uma forma bastante realista, Amin Maalouf faz uma reflexão sobre o nosso Mundo, sobre o que levou a vivermos todas estas convulsões sociais que enfrentamos hoje. Ao lermos, vamos refletindo ao mesmo tempo. Vamos pensando no que originou toda esta conjuntura que faz com que o Mundo viva em constante conflito, especialmente o Mundo Árabe.

 

Ao longo destas páginas, o jornalista libanês radicado em França fala-nos de um mundo árabe muito diferente do que conhecemos hoje. O Egipto, o Líbano e a Síria eram pontos de encontro de várias civilizações e várias culturas. Fiquei a perceber um pouco daquele fenómeno de termos tido no passado muitos artistas de várias nacionalidades nascidos no Egito e alguns também no Líbano. O Egito de Nasser era um país completamente diferente do que vemos hoje. O irão, como referi há dias atrás, era também um país bastante desenvolvido e com algumas liberdades nos usos e costumes. Mas o que aconteceu de facto para estes e outros países de repente como que voltarem atrás no tempo?

 

O autor refere a Guerra dos Seis Dias como o gatilho que originou os países muçulmanos a se virarem para dentro. Revoluções e golpes de estado deram lugar á tomada do Poder de regimes que governam com base na religião. De início prometeram liberdade ao povo mas depois restringiram-lhes as liberdades mais básicas. Eles aceitam, de certa forma, porque a religião é uma máquina incrível de manter as massas controladas, seja ela o islamismo, o Cristianismo ou outra.

 

O fim do Comunismo e da Guerra Fria contribuiu grandemente para a situação por que passam alguns países. Não só deu origem ao surgimento de novas nações e ao despertar de velhos conflitos, como deixou alguns países órfãos de uma verdadeira ideologia política.

 

Estamos a assistir a uma exacerbação da identidade e isso leva aos radicalismos que hoje se podem ver no nosso quotidiano. As redes sociais também contribuem para este fenómeno.  As alterações climáticas e o avanço da ciência que terá um desfecho incerto contribuirão para o chamado naufrágio das civilizações.

 

Eu vou mais longe e termino como iniciei este texto. Cá para mim, a Terra um dia vai implodir. De dentro para fora. Não é nada que venha do Espaço que vai ditar o seu fim. Somos nós cá dentro que a vamos aniquilar.

 

“A Mulher Secreta” (impressões pessoais)

 

Depois de ler esta obra só me apetece dizer uma coisa: que grande imaginação e criatividade, a desta senhora dinamarquesa! É preciso uma imaginação bem rebuscada para conceber uma história como a deste livro.

 

Eu continuo a dizer que os escritores do Norte da Europa são simplesmente fantásticos. Têm uma criatividade incrível. Para escrever policiais e thrillers são excelentes. Colocam no bolso qualquer bom romancista norte-americano ou inglês. Não é por acaso que estão a ocupar um lugar de excelência na escrita mundial. Eles conseguem prender, conseguem cativar, conseguem descrever bem todas as passagens dos livros. Num policial ou num livro de terror, isso por vezes choca mas, ao mesmo tempo, é o que torna estes livros e estes escritores irresistíveis de ler.

 

Já aqui referi que, tendo os índices mais baixos de criminalidade, eles conseguem escrever policiais como ninguém no Mundo. Estas histórias bem rebuscadas como a de Helene neste livro são simplesmente magníficas.

 

Eu tenho uma teoria para isto: devido ao facto de no inverno o norte da Europa ter pouca luz solar, as pessoas passam mais tempo em casa a escrever. Imagino suecos, dinamarqueses, noruegueses e islandeses naquelas noites longas, sentados ao computador a imaginar as tramas dos seus livros. De facto, o que fazer por essas paragens?

 

Os amantes de policiais e thrillers como eu agradecem. Esta obra está demais!

 

Já não há seleções fáceis

 

Pode-se dizer que Portugal venceu o Luxemburgo de forma categórica. O resultado saldou-se em 1-3.

 

No entanto, quem assistiu ao jogo com atenção, verá que a Seleção De todos nós passou por alguns sobressaltos.

 

Já aqui referi que temos alguma dificuldade face a equipas teoricamente mais fáceis. Sempre fomos assim. Talvez por excesso de confiança, nunca conseguimos jogar o nosso melhor Futebol e por vezes isso custa-nos alguns pontos.

 

Este jogo teve um pouco desse mau Futebol, inclusive, o Luxemburgo marcou primeiro e nessa altura até merecemos estar a perder. Não estávamos a jogar mesmo nada.

 

Diogo Jota surge agora como goleador das quinas. Mais um golo para a conta pessoal do avançado do Liverpool.

 

Quem regressou aos golos foi Cristiano Ronaldo que apontou o nosso segundo golo.

 

O terceiro marcou a estreia de João Palhinha naquela que é apenas a terceira internacionalização do médio do Sporting.

 

No final do jogo, Fernando Santos insurgiu-se contra o calendário e estes compromissos das seleções. Eu iria mais longe: acho que numa altura destas, de pandemia, nem devia haver estes compromissos. Os jogadores têm de se deslocar, por vezes entre continentes. Na última paragem em novembro, forma muitos os jogadores que contraíram covid19 ao serviço das suas seleções.

 

Se existem federações altamente profissionais como é o caso da nossa ou da esmagadora maioria das federações europeias, noutras paragens, por muita boa-vontade que tenham, as condições não são as mesmas. Se formos a África, à América do Sul ou até à Ásia, o risco é maior. Mesmo na seleção portuguesa houve casos de covid19 noutros compromissos. Talvez a solução fosse adiar todas as competições enquanto isto não passar mas também não se sabe quanto tempo vai durar este flagelo.

 

Os clubes têm o direito também a protestar. Investem milhões em ativos que podem deixar de dar o contributo ás suas equipas e, num cenário mais negro, podem ter complicações mais tardias da covid19.

 

Acho que as instâncias internacionais, antes de mais, deviam ter o dever de zelar pela saúde e bem-estar dos jogadores. Sem jogadores saudáveis, não há o espetáculo do Futebol.