Tão bem que se está a sonhar

 

É nos sonhos que experimento novamente a sensação de ver o Mundo, algo que me foi tirado  há quase três anos.

 

Sonhar que vejo cores e objetos nitidamente é a maior sensação do Mundo. Por instantes do inconsciente poder atear o lume, ver as caras das pessoas na televisão e ver a minha gata sentada no assento da motorizada do meu pai como se fosse a última vez que a via fazem milagres pela mente.

 

Não admira hoje ter-me deixado dormir. Ia acordar e enfrentar a realidade de não ver, enquanto no sonho tinha recuperado a nitidez da minha visão e tinha voltado a ler com os olhos.

 

É uma sensação incrível. Felizmente o sonho ainda pode dar cor aos meus olhos, luz á minha escuridão, rostos ás vozes, letras a sons.

 

É o sonho que me dá esperança. Esperança de não esquecer como foram pessoas, cores e objetos. Esperança de um novo colorido na minha vida povoada pela treva.

 

“As Longas Noites De Caxias” (impressões pessoais)

 

Continuando na senda de autoras portuguesas, quando entramos em abril, leio um livro de Ana Cristina Silva.

 

Ela conta-nos a história de duas mulheres- laura e Maria Helena ou Leninha.

 

Laura foi presa pela PIDE  em 1973. Maria helena foi a sua principal torturadora, era implacável, sem qualquer pingo de humanidade para com as presas políticas que tinha a seu cargo.

 

Veio o 25 de abril e foi a vez de Leninha ser presa, por acaso ficando na cela onde antes havia maltratado Laura que testemunhou contra ela no tribunal onde foram julgados os abusos á liberdade no Estado Novo.

 

Este livro está muito bem estruturado. Primeiro conta-se o percurso de vida de Laura até ela chegar á prisão de Caxias. A segunda parte é dedicada a Leninha. Como ela se tornou tão insensível e cruel e como foi a melhor entre as melhores na sua função de torturar presos políticos.

 

Curiosamente e por ironia do destino, Leninha, que abominava ser mulher e questionava o comportamento submisso das mulheres, acabou por morrer de um cancro nos ovários.

 

Sinceramente gostei de ler esta obra. Faz parte da nossa história, é baseada em factos reais e é ao ler estas coisas que cada vez mais me sinto com sorte em ter nascido já com Portugal em democracia. É um bem que temos de preservar a todo o custo. Não há preço que pague a nossa liberdade de agir e de pensar.

 

Bruno carimba o passaporte

 

Estamos no Mundial!

 

Foi preciso fazer estes jogos suplementares para carimbar mais uma presença numa grande prova internacional.

 

Já há vinte e dois anos que não falhamos uma única competição internacional, sinal de estabilidade no nosso Futebol.

 

Desta vez tivemos alguma sorte porque deu-se o acaso de a Macedónia do Norte vencer a Itália. Com os italianos seria mais difícil.

 

O Estádio Do Dragão estava cheio para este jogo decisivo. Portugal até entrou algo apático mas depois soube gerir o jogo e chegou ao golo num erro individual de Stefan Ristovski que por momentos  se esqueceu que Bruno Fernandes já não era seu colega de equipa. Passou a bola ao seu amigo que lhe fez a desfeita de marcar o golo.

 

Bruno Fernandes era o marcador de serviço da noite e apontou mais um golo. O carimbo definitivo rumo ao Qatar.