Friday, December 31, 2010

Viagem onírica ao Alentejo

Que falta faz um caderno de apontamentos junto a mim! Acho que vou comprar um mesmo específico apenas para apontar sonhos. Influências do livro que ando a ler?

Num belo dia de Sol fomos de autocarro até ao Alentejo. Não sei quem ia comigo mas penso que eram os meus vizinhos e pouco mais.

Isto passou-se numa manhã. Fomos até Campo Maior. Visitámos uma espécie de museu com instrumentos relacionados com a Festa Brava tão do agrado das gentes do Alentejo. Havia um vitelo pequeno que servia para os visitantes experimentarem a sensação da Tauromaquia. Eu experimentei.

Usando vários utensílios que se usam nas arenas, ia toureando. Quando sentia qualquer movimento do pequeno touro, desviava-me. Peguei então numa das capas que os toureiros usam. Confesso que não sei o nome disso. Aliás, não sei por que raio eu tive esse sonho. Eu nem me interesso por tourada.

Agitando aquele objecto tão familiar às lides tauromáquicas, o touro veio por trás e espetou-me uma marrada de mansinho. Senti o impacto como se fosse real. Mau...

Nos sonhos tudo é possível, até vir do Alentejo de volta para casa, almoçar e apanhar o autocarro de volta a terras alentejanas. Eu reconheci alguns edifícios como sendo de Évora. Mas que raio...

Não sei por que me atrasei um pouco. Desta vez ia sozinha para o Alentejo. Senti o autocarro verde e branco da TRANSDEV arrancar da porta dos meus vizinhos. Corri velozmente e ainda apanhei o autocarro na rotunda que na realidade fica a cerca de cento e cinquenta metros de onde tinha visto a camioneta arrancar.

E lá fui animadamente outra vez rumo ao Alentejo. Estava um dia quente e agradável. Nada melhor do que aproveitar uma bela tarde de praia.

Nadava eu numa praia com água de um azul artificial como o das piscinas e com areia anormalmente fina que fazia umas covas simétricas que dificultavam os movimentos. A maré ia descendo cada vez mais e eu ia avançando à medida que a maré descia. Reparei que havia livros espalhados pela costa e andava a apanhá-los cuidadosamente quando acordei.

“O Primeiro Mandamento” (impressões pessoais)



Depois de alguns dias de descanso da leitura, retomo os meus afazeres nesta área com uma obra de uma intensidade tremenda.

O escritor norte-americano Brad Thor (que eu desconhecia por completo) é o autor deste livro que vem na linha de muitos outros livros e filmeis que se fizeram logo após o 11 de Setembro sobre a temática do terrorismo.

De uma forma fantasiada, Brad Thor leva-nos numa viagem ao mundo da promiscuidade entre políticos e terroristas. A ideia que a maioria dos cidadãos do Mundo inteiro tem sobre a relação entre os americanos e os terroristas está aqui patente nesta obra escrita por um cidadão americano. Já me haviam contado que a maioria dos americanos era contra as políticas do seu Governo face ao terrorismo. Esta obra confirma-o.

Alterando o nome do presidente dos Estados Unidos e de muitas outras personagens importantes para a defesa nacional, o escritor denuncia a facilidade que o presidente (chame-se ele Bush ou Rutledge) tem a ceder a chantagens de terroristas, pondo em risco os cidadãos do próprio país que governa. De forma alguma deveria ser permitido sequer dialogar com os terroristas mas eles ameaçam e os americanos cedem, conferindo-lhes certa imunidade por genuína cobardia.

Esta é a história de um agente secreto da luta contra o terrorismo que vê serem atacadas por vingança todas as pessoas próximas. O responsável por esta onda de terror é um prisioneiro de Guantanamo que foi libertado cedendo a chantagem de ameaças terroristas. Com ele foram libertados outros quatro prisioneiros igualmente perigosos mas o objectivo era apenas despistar o agente que iria certamente investigar quem atacava os seus amigos e familiares.

Devido ao acordo alcançado com a organização terrorista, o presidente americano recusou ajudar o seu agente e fez de tudo para o afastar do caso porque não queria que tocassem no terrorista sob pena de as ameaças de sequestrar autocarros de crianças se concretizarem.

O agente por prosseguir com o caso estava a ser perseguido também pelos seus companheiros a mando do presidente que o acusava de traição. Entretanto o terrorista palestiniano continuava a atacar usando de forma inversa as dez pragas lançadas sobre o Egipto que se encontram no Livro do Êxodo na Bíblia.

Tendo morto dois dos terroristas libertados (sempre os homens errados) a situação do protagonista aos olhos do presidente americano era insustentável. Inicialmente ele pensou serem quatro os terroristas libertados mas quem atacava era um quinto terrorista que lhe foi propositadamente ocultado. Quando tomou conhecimento dele e da detenção dos outros dois terroristas que ainda estavam vivos, o agente para o terrorismo tinha ideia da perigosidade e perturbação do terrorista palestiniano.

O terrorista preparava-se para o último ataque que iria ser o mais sangrento perpetrado. Era também a última das dez pragas bíblicas: transformar as águas em sangue. Para esse efeito preparara uma arma mortífera para atacar um grande número de pessoas que se encontrava num iate. Apesar de perseguido pelos seus antigos companheiros a mando do presidente, o protagonista da história evita que o terrorista cometa aquele acto hediondo. Consegue abatê-lo antes dos seus intentos mortíferos e depois vira-se para o mentor do terrorista.

Com a ajuda de um outro terrorista que compra e vende informações secretas, chega ao paradeiro do mentor do palestiniano. Por detrás estava um israelita que usara a raiva sentida pelo palestiniano para se vingar pessoalmente do agente por situações passadas. Usando a sua influência, semeou o terror para que o governo americano cedesse a libertar o seu neto (o terrorista que protagonizou esta onda de horror) e quatro outros homens escolhidos ao acaso para causar ruído. O mentor do terrorista não chegaria a concretizar as ameaças, era só para chantagear e perpetrar a vingança com mais eficácia.

Usando um pequeno dispositivo, o amigo do agente fez explodir o apartamento do mentor e assim acabou a história. Abandonado pelo governo do seu país, o protagonista recusou a aceitar os louvores do presidente americano e decidiu partir para um local recatado juntamente com a namorada (primeira vítima do terrorista).

Foi uma obra bastante intensa, tal como eu gosto. Foi bastante positiva, esta leitura. Agora há que ler algo mais calmo como um livro carregado de espiritualidade. Estou a ler sobre premonições e já está a desenhar-se na minha mente a abordagem que vou fazer a esta obra que não tem obviamente uma história.

Sei apenas que empataram a dois

Fora uma noite agitada, quanto mais não fosse por causa da forte chuvada que caiu de madrugada e que me acordou de repente. Agora que estou em casa, nada tem acontecido.

Foi pena eu ter deixado o caderno do outro lado. Este seria um belo sonho para apontar com todos os pormenores mas tal agora já não vai ser possível. Que saudades eu tinha destes sonhos completamente absurdos mas que nos levam a pensar um pouco. Dormir durante o dia tem as suas vantagens. Gosto mais, quanto mais não seja porque a probabilidade de ter pesadelos diminui drasticamente.

Como atrás referi, não vou descrever este sonho com grandes pormenores. Se fosse um pesadelo, a esta hora, ainda me estaria a lembrar dos pormenores mais sórdidos mas estes sonhos esquecem-se depressa.

O pano de fundo é um jogo entre a Académica e o Beira-Mar. Tinha saído do trabalho ainda de dia mas já não dava para assistir ao jogo. Foi quase no fim do encontro que cheguei ao Estádio Cidade de Coimbra que estava anormalmente cheio. Realmente só em sonhos é que aquele estádio se enche para assistir a um mísero jogo entre a Briosa e o Beira-Mar.

Na altura em que eu cheguei o jogo registava um empate a dois. A maioria das pessoas que assistiam nas bancadas envergava camisolas amarelas…e azuis. Desde quando é que o azul faz parte do equipamento de qualquer uma das equipas envolvidas? Com esta moda de agora os equipamentos alternativos serem da cor que apetece, não me admiraria nada se algum dia isso viesse a acontecer.

Procurava entre a multidão um lugar vago para me sentar a ver o resto da partida. Aquela ala era ocupada por gente de amarelo e azul. Eram jovens e…não pareciam portugueses. Até pensei que a Académica tinha aberto as portas aos estudantes Erasmus.

Continuava a perscrutar as bancadas à procura de um local sossegado para ficar. Foi então que uma jovem me levou pela mão para cima, para junto de uma onda de camisolas amarelas e azuis. Mal olhei para ela. Apenas posso dizer que era loira e falava Espanhol, segundo percebi. Seria espanhola mesmo ou usaria essa forma de comunicar por pensar que era a mais adequada para eu perceber? Nunca cheguei a saber. Apenas soube que o resultado final do jogo não se alterou.

No final a desconhecida jovem deu-me uma saca daquelas transparentes com algo dentro que de início pensei tratar-se daqueles ossos de entrecosto mas que afinal eram daqueles laços de açúcar que vendemos lá no nosso estabelecimento.

Trouxe-os para minha casa que ficava anormalmente perto do Estádio e do local de trabalho (se a realidade fosse como nos sonhos em certas coisas como esta estava eu bem) e dividi o conteúdo da saca com a minha irmã. Empanturrando-me desses doces no meu quarto, assistia ao anoitecer ainda a pensar no dia que acabava de ter.

Uma coisa me intrigava: queria encontrar a jovem mais uma vez. Se me perguntassem a razão, não saberia responder. São as tais coisas que os sonhos inventam só para nos chatear.

Era noite. A lareira da casa de forno estava acesa. A um canto, Paulo Adriano estava sentado também a falar das incidências do jogo. Não tenho a certeza mas no sonho ele ainda alinhava na Académica.

De referir que o amarelo e azul devem ter vindo daquilo que eu imaginei ser o equipamento da equipa adversária da minha no Hattrick. O empate a dois vem daí. O meu jogo no Hattrick da jornada passada terminou exactamente assim.

Recordo-me vagamente de haver uma referência qualquer á Islândia. Não sei em que parte do sonho se encaixa mas na realidade o jogador que colocou a cabeça em água aos meus defesas era islandês. É um dos melhores marcadores da série.

E foi com estes dados que o meu subconsciente tratou de fabricar esta bela embrulhada.

A última semana de férias está a ser ligeiramente diferente

Tal como acontece habitualmente quando estou em casa, pouco há a contar que mereça que se escreva um texto todos os dias.

De referir que esta segunda semana tem sido mais dedicada à leitura do que à escrita. Já me deito um pouco mais tarde e o livro que estou a ler tem uma intensidade que justifica que eu me dedique a ele largas horas por dia.

Acordo também mais tarde, até porque gosto de estar deitada a saborear os sons da Natureza que chegam lá de fora. Em Coimbra não me é possível ouvir com clareza os sons do vento e da chuva que tanto gosto de ouvir enquanto estou confortavelmente debaixo dos cobertores.

Entretanto confirma-se que o gato Léo fica a dormir enroscado num dos sofás. Até aqui tinham-me contado que ele lá ficava mas não acreditava. Uma noite destas, com o candeeiro apagado pensava que fazia festas na Teka mas a textura do pêlo era diferente. Foi então que reparei que aquela não era a Teka, era o Léo. A partir daí considerei normal o Léo dormir ali.

Não tenho saído de casa. O tempo de Inverno não me permite. Se fosse Verão todos os dias saía para fazer uma longa caminhada.

Já se faz a contagem decrescente para a noite de passagem de ano. Ficaremos em casa mas a família foi convidada para jantar connosco ao fim de quatro longos anos de costas voltadas.

Enquanto isso, vou actualizando o blog e lendo este livro que está já a terminar.

Um chato Domingo sem Futebol

Não havendo Futebol, o Domingo perde a sua graça e o seu significado.

Não havendo Futebol, o Domingo nem parece o dia destinado à família. Nem parece Domingo.

Não havendo Futebol, é fácil uma pessoa perder-se no tempo e não saber a quantas anda. Com um bocado de sorte até se esquece que no dia seguinte é dia de trabalho.

Não havendo Futebol, não há do que falar e todo se torna monótono.

O melhor presente de Natal que alguma vez recebi

Estávamos todos à volta do fogão de sala. A Consoada iria ser passada em minha casa juntamente com os vizinhos e a mesa já estava posta. A postos já estava também a árvore de Natal com as suas luzes a brilhar intensamente.

O dia fora passado a receber amigos e familiares que vinham desejar as Boas Festas e traziam os seus presentes. Em troca também levavam outros presentes que comprámos para eles.

Não nos espantámos quando alguém bateu à porta enquanto toda a gente estava sentada à lareira. O meu pai ordenou a quem quer que fosse que estava na rua que entrasse porque a porta não estava trancada.

Ficou tudo espantado e sem palavras. Quem entrava por aquela porta era...a minha madrinha. Vinha de braços abertos e as lágrimas brotavam-lhe dos olhos. Mil e um pensamentos invadiram a mente dos presentes. O que estaria ela aqui a fazer? Aconteceu alguma coisa com a nossa tia que, segundo tínhamos ouvido dizer, se encontrava doente?

Sem palavras ela avançou até à cozinha e abraçou a minha mãe que vinha com o tabuleiro do bacalhau. Depois abraçou cada uma de nós enquanto as lágrimas jorravam. Visivelmente emocionada, a minha madrinha foi dizendo que nós lhe tínhamos feito muita falta ao longo dos quase quatro anos em que estivemos de costas voltadas devido a um desentendimento que surgiu após a morte do nosso primo na Figueira da Foz no já longínquo dia 26 de Dezembro de 2006.

O fim da zanga entre elementos da família que outrora eram bastante unidos foi o melhor presente de Natal que alguma vez recebi. Não há dinheiro nenhum ou presente tão do agrado que valha mais do que este.

De referir que a minha madrinha não vinha sozinha. Com ela vinha também o nosso primo (primo dela, da minha mãe e irmão do falecido que esteve na origem do mal-entendido que durou quase quatro anos). Também com ele as pazes foram feitas.

Com o fim das hostilidades familiares, fica marcada para a próxima sexta-feira (noite de fim de ano) a união de toda a família à mesa, algo que já não acontecia desde a Consoada de 2006.

Foi um momento que irei guardar para sempre na minha memória, este em que a minha madrinha entrou pela porta de minha casa adentro para colocar um ponto final no desentendimento em plena noite de Consoada. Presente de Natal mais bonito não podia haver.

Santa e feliz confusão

Como são incríveis, os Portugueses! Guardam sempre tudo para a própria da hora. Se assim não fosse, não era necessário haver toda esta balbúrdia. Parece que o Mundo vai acabar. Fica-se com essa sensação se olharmos para as ruas a abarrotar de gente e para os estabelecimentos comerciais para onde parece que as leis da selva foram transferidas.

Antes de me deslocar à minha residência oficial enquanto estou a trabalhar para apanhar a minha mochila, ainda fui à feira dos livros em final de edição para ver o que por lá havia. Estive lá longos minutos a observar. Ali o ambiente estava calmo e comprei dois livros- um deles será para ler a seguir ao que hoje comecei a ler na paragem da camioneta. Está prometido. Trata-se de uma obra interessante e indispensável.

Depois desloquei-me ao Pingo Doce da Baixa e constatei que as pessoas andam completamente loucas a fazer compras. Um estabelecimento tão grande como aquele estava saturado de gente. Eram enormes as filas nas caixas e muitas mãos tentavam agarrar os mesmos produtos. Tive de me deslocar lá para comprar uma embalagem dos chocolates preferidos da minha irmã e para comprar daquelas bolas de chocolate que se penduram nas árvores de Natal.

Saindo da loja e deslocando-me para casa constatei que as ruas registavam um anormal aglomerado de gente. Nos passeios era fácil esbarrarmos com outras pessoas. Tornavam-se pequenos para tanta gente ali a passar ao mesmo tempo.

Na estrada havia uma afluência excepcional de trânsito e os automobilistas davam mostras de ter a tolerância pelas ruas da amargura. Eram inúmeras as buzinas que se faziam ouvir com indícios sonoros de impaciência.

Depois de almoçar, havia que retomar o caminho de volta a Anadia. De mochila ás costas segui a pé para casa. Já há muito que não fazia isso.

As férias correm bem, correm sempre bem

Nem acredito que estou de volta ao prazer supremo! Estes últimos dias serviram para fazer o que gosto, principalmente escrever e ouvir música.

Devido ao frio que se torna mais intenso na minha aldeia, não tem dado para fazer longas sessões de leitura. Talvez para a próxima semana.

Tenho-me fartado de aturar os meus gatos que são tratados principescamente. Feijoa e Teka ficam na sala de jantar, uma em cada sofá, aproveitando o calor do fogão. Quando a sala arrefece, a Teka vai ter com os meus pais à cama deles. Ultimamente, sentindo-se injustiçado, Léo também adoptou o comportamento de vir ter á sala e também se vir enroscar num dos sofás. A Feijoa não restou outra alternativa senão escolher o sofá grande para dormir o seu merecido sono.

Os últimos dias, como referi, foram passados quase na totalidade a escrever numa tentativa desenfreada de deixar o blog actualizado antes de regressar novamente ao trabalho. Irei estar algum tempo sem um computador próprio para mim porque vou cá deixar o meu portátil que só funciona quando é aquecido com o secador de cabelo. Agora nem a fogueira faz com que ele ligue à primeira. Vou aproveitar os saldos de início de Janeiro para comprar um computador novo para continuar os meus trabalhos. Até lá tenho de me governar com o computador da ACAPO que tem algumas limitações e não dá para fazer de tudo por falta de software.

Hoje tirei o dia para fazer arrumações no meu quarto que já não era arrumado desde quando eu comecei a trabalhar. Sem ter sequer tempo para vir a casa e estando desocupado, tornou-se complicado arrumá-lo. Hoje o dia foi dedicado a essa desagradável tarefa.

Mudei o leitor de CD’s para uma cadeira na sala e ali o pus a tocar enquanto procedia á tarefa de tirar os objectos para a rua e de varrer o chão. Encontrei imensas coisas que andavam desaparecidas. Sempre encontro tesourinhos quando faço limpezas. Com a presa uma pessoa atira sem cuidado com as coisas e depois esquece-se de onde as meteu.

Depois de aspirar o chão, há que proceder à espinhosa tarefa de retirar todas as coisas de cima dos móveis para limpar o pó. Como eu odeio fazer isso! Estas tarefas ainda demoram mais porque sempre me distraio com alguma coisa que encontro. Desta vez foi com um livro que decidi que iria ser o próximo a ser lido. Cheirava a urina de rato mas eu limpei-o com um pano húmido e coloquei-o a secar junto ao fogão da sala que estava aceso. Malditos ratos que só dão prejuízo. São os ratos e a humidade, dois grandes problemas de difícil resolução dada a situação geográfica da minha casa.

E finalmente o quarto está limpo e arrumado. Agora talvez tenha ainda tempo de escrever alguns textos. Amanhã, se não chover, irei a Coimbra buscar umas coisas que me estão a fazer falta e comprar algumas prendas de Natal.

Duas merecidas semanas de férias

Eu já merecia estas duas semanas de descanso. Na altura das festas ainda sabem melhor porque posso passar todos os momentos na companhia da família e amigos sem me preocupar com mais nada.

Confesso que já estava a saturar em termos mentais. Já estar a trabalhar há mais de quatro meses sem descanso e com muito pouco tempo disponível para fazer o que mais gosto estava a ser complicado para mim. Já estava no limite das minhas capacidades anímicas.

Agora aproveitarei estes dias acima de tudo para descansar e fazer aquilo de que mais gosto. Está um pouco de frio. Dormir até mais tarde no quentinho das cobertas será uma das formas de carregar baterias.

Outro dos objectivos passa por actualizar o blog que tem andado um pouco negligenciado em parte devido ao facto de dar imenso trabalho ligar o computador. Irei escrever parte dos textos em falta noutro computador e aproveitar a Internet à discrição para pesquisar o que for preciso e assim colocar tudo em dia.

Ler e ouvir música serão duas actividades primordiais. O meu objectivo é ler dois livros neste período mas tudo vai depender do tamanho e do interesse que tais obras me suscitem.

Os meus gatos (Léo, Feijoa e Teka) que eram dos principais focos de preocupação e muitas vezes entravam nos meus piores pesadelos vão ter uma atenção especial da minha parte. Merecerão todo o carinho e dedicação possíveis. Há que aproveitar para usufruir do prazer que me dão durante estes dias. A partir de Janeiro pouco tempo vou ter para eles ou para a minha família. Entretanto as coisas complicaram-se bastante em termos de transportes e só uma mudança de horário me pode resolver estes problemas. Enquanto isso não acontecer, não posso sequer vir a casa aos domingos e isso será um grande transtorno para mim, principalmente em termos psicológicos.

Agora não quero pensar no que há-de vir de menos agradável. Estou de férias. Estou de volta ao meu mundo!

“A Chama Imensa” (esmiuçamento)




Tal como prometi, aqui vai o esmiuçamento do livro de um dos meus ídolos. Tratando-se de Ricardo Araújo Pereira, o termo “Esmiuçamento” não poderia ser mais adequado. Voltemos acima, troquemos então “impressões pessoais” por “esmiuçamento”. Querem ver? Já está.

Este livro não é mais que uma compilação de artigos que o benfiquista ferrenho Ricardo Araújo Pereira foi publicando no jornal “A Bola”. Alguns já estão desprovidos de actualidade mas a piada não se esgota por isso.

O mais conhecido membro dos Gato Fedorento não poupa Pinto da Costa ao seu sarcasmo e ironia. Muitas vezes o nome do eterno presidente do Porto é substituído por termos como “o indivíduo que está suspenso por dois anos por corrupção activa” e ainda “o dirigente que convida árbitros para sua casa nas vésperas dos jogos para tomar café”. Pinto da Costa e os portistas Miguel Sousa Tavares e Rui Moreira são as vítimas preferenciais destes divertidos e bem conseguidos artigos.

O artigo que mais piada me causou foi um que tinha como pano de fundo um jogo entre o Benfica e o Sporting. Na altura a turma de Alvalade estava extremamente mal classificada no campeonato. Como os artigos já foram escritos há tempo, demorei muito tempo para perceber qual o adversário do Benfica. Quando me apercebi que Ricardo Araújo Pereira estava a falar do Sporting, foi um fartote de rir. Entre outras coisas, o texto falava da motivação e da emoção que uma equipa do meio da tabela sentia quando vinha jogar ao grandioso Estádio da luz.

Os casos dos túneis também foram esmiuçados de uma forma bastante cómica e inteligente. Os jogadores do Porto naturalmente foram colocados como os maus da fita, nomeadamente Fernando que terá pontapeado a entrada do túnel e os castigados Hulk e Sapunaru. Hulk é muitas vezes referenciado nestes textos pelo seu nome de baptismo- Givanildo- um nome bastante cómico por si só e bastante feio, no meu entender. Ele próprio terá desgosto de se chamar assim e por isso lhe chamam Hulk.

As escutas do “Caso Apito Dourado” também foram outro tema em destaque. Numa dessas escutas o árbitro Augusto Duarte (o mesmo que foi tomar café a casa do presidente do Porto antes de um jogo) referia-se ao Sporting de Braga como “o meu Braguinha”. Foi por essa razão que Ricardo Araújo Pereira passou a adoptar esse termo carinhoso para designar a turma minhota que competiu com o Benfica pela conquista do título na época passada.

Em suma, foi uma leitura bem agradável e divertida, tal como eu previ que fosse. O Desporto aliado ao humor são uma óptima combinação para me dar prazer na leitura. Quando esses momentos me são proporcionados por Ricardo Araújo Pereira, tornam-se ainda mais agradáveis.

Esta confusão dá cabo dos meus nervos

Ainda bem que dentro de dias vou de férias! Antes disso, vou ter de aguentar com toda esta azáfama, toda esta confusão, todo este stress e todo este desassossego que me põe completamente os nervos em franja.

A loja está a abarrotar de coisas que me dificultam a passagem e me impedem de trabalhar como deve de ser. As pessoas têm igualmente pouco espaço para se movimentarem. Que nervos! Às vezes circular dentro da loja quando se entra ou se sai é um degredo autêntico. Estou farta disto!

Depois são os inúmeros bolos-reis, coroas, cacetes de rabanadas e afins. É tudo ao mesmo tempo. Naturalmente que uma pessoa como eu se passa com tanta exigência e tanta falta de tolerância. Estou que nem posso. Um dia mais nesta casa nestas condições e expludo de vez!

Em quinze minutos a que não assisti

O Porto venceu o CSKA de Sófia por 3-1 num jogo que apenas servia para cumprir calendário. O único aliciante da partida tinha a ver com a perspectiva de se marcar o golo trezentos no Estádio do Dragão desde que foi inaugurado. Refira-se ainda que, por distracção minha, não assisti aos primeiros minutos da segunda parte, curiosamente os mais emocionantes.

O Porto dominou a primeira parte de um jogo que esteve pouco intenso mas o primeiro remate perigoso foi protagonizado até pelo jogador Número Vinte e Quatro do CSKA.

A partida estava tão parada que eu me entretive a conjecturar sobre outros factos exteriores ao jogo mas que tinham a ver com ele. Um desses factos tinha a ver com o director desportivo da equipa búlgara. Emil Kostadinov regressou assim à cidade do Porto. Quem não se lembra dele? Eu pelo menos comecei a rebuscar na memória lembranças desse excelente avançado. Por estes dias estará a fazer anos sobre um jogo escaldante entre o Porto e o Boavista. Eram sempre jogos intensos. Num desses jogos, apitado pelo árbitro Jorge Coroado, foi arremessada uma garrafa de vinho daquelas verdes normais. Por pouco não acertou em Kostadinov. Provavelmente era um presente dos adeptos boavisteiros para ele.

Depois de recordar memórias antigas, a minha atenção foi desviada para o avançado actual dos dragões. Por que raio chamam “Bigorna” a Walter? Olhando para ele constatei que a alcunha talvez tenha a ver com as fortes parecenças físicas com o personagem da novela “Chamas Da Vida” que também atendia pela mesma alcunha e que era um bandido que estava preso a quem foi incumbida a missão de receber Lipe e Xavier quando estes foram finalmente colocados atrás das grades. Não sei se é essa a razão da alcunha de Walter mas parece-me a mim que sim.

Otamendi demonstra cada vez mais que é um central goleador. Num lance de alguma felicidade, o argentino apontou o primeiro golo do jogo aos vinte e dois minutos. Foi o golo trezentos da história do Estádio do Dragão.

Também reparei que, para além de serem ministrados treinos intensivos aos jogadores, também a preparação física da equipa médica do porto não é desprezada. A boa forma demonstrada por eles na corrida desenfreada para assistir Belluschi demonstra isso mesmo. Nada de grave aconteceu ao argentino, pois já estava a marcar um livre que o guarda-redes adversário defendeu.

O guarda-redes do CSKA e os ferros da baliza foram os responsáveis por ao intervalo o Porto só estar a vencer por 1-0.

Durante o intervalo, não estando para aturar anúncios, mudei a televisão para a RTP 1 onde estava a dar uma interessante reportagem sobre um tratamento pioneiro para corrigir anomalias cerebrais. Um dos casos concretos apresentado era o de um senhor com a sua qualidade de vida bastante degradada devido à Doença de Parkinson. O doente foi acompanhado pela equipa de reportagem antes, durante e depois do tratamento. A qualidade de vida deste homem foi devolvida quase na totalidade e a reportagem terminou com o Senhor Abel alegremente a tocar acordeão como antes fazia no rancho da aldeia. Quando me dei conta, já o jogo ia muito adiantado na segunda parte. Constatei que o marcador já estava em 2-1. Enquanto me distraía a ver a reportagem, a partida conhecera uma animação que não teve ao longo da primeira parte. É sempre assim.

Ruben Micael marcou então o segundo golo do Porto- ele sempre de pontaria afinada nas competições europeias. Já o golo do CSKA foi marcado pelo Jogador Número Sete que dá pelo nome de Delev. Pelo meio ainda houve tempo de Falcao desperdiçar uma grande penalidade. Foi, sem dúvida, um quarto de hora bem animado. E eu que não assisti a isto!

Bem, assisti ao terceiro golo do Porto já quase no final- um grande golo apontado pelo jovem colombiano James Rodriguez. Foi um belo final de jogo.

Thursday, December 30, 2010

Escrevendo o meu nome no Google

Disseram-me que é deveras interessante ver os resultados que se conseguem no Google se pesquisarmos pelo nosso nome. Há gente que descobre as coisas mais incríveis. Vamos cá experimentar!

Disseram-me há coisa de uns três anos que ainda conseguiam encontrar vestígios das minhas antigas e gloriosas páginas se pesquisassem por certas palavras-chave. Certamente que o meu nome não era uma delas. Provavelmente essas pessoas que me disseram isso andavam a procurar qualquer tipo de material sobre Desporto Adaptado.

Bem…comecemos! Trabalhar no Banco Privado Português não é bem a minha praia. Como odeio a formalidade e todas as coisas lineares como a Economia, a Gestão e todas essas coisas desagradáveis.

Esta sim sou eu. É o meu Facebook. Pois….

Tantas fotografias e nenhuma é minha para já. Foi seguindo uma das imagens que encontrei a opinião de uma homónima minha, imagine-se, sobre umas tais pulseirinhas do sexo. Ainda por cima a senhora é Secretária de Estado da Educação. Nada mau! Não me importava.

Segundo ainda as imagens, não foi no Judo que me notabilizei. Se eu praticasse desportos de luta partia aquilo tudo. Apesar de gostar de bicicletas, com muita pena minha, não fui eu que estive nesta prova em Mira.

Depois há ainda uma homónima minha que ia dar um espectáculo, Eu também não tenho jeito para dar espectáculos, a menos que sejam espectáculos involuntários.

E depois do meu Facebook, agora aparece por aqui o meu Twitter.

Esperem, este é o melhor: uma médium que se expressa através da pintura? Boa! Se calhar inspirou-se no livro do Stephen King a ver se resultava.

Para terminar em beleza, fiquei a saber que até há uma escola no Brasil com o meu nome. Estou-lhes muito gratos, acho que não precisavam de demonstrar assim todo o respeito e admiração que têm para com a minha pessoa mas pronto…já que insistiram…pena não me terem chamado para o evento. Era da maneira que ganhava uma viagenzita ao Brasil de borla e tudo. Se fosse nesta altura do ano até saberia melhor.

Por falar em viagem, termina aqui a minha viagem bem interessante pelo Google pesquisando pelo meu nome. Experimentem também! Verão que se vão surpreender.

Wednesday, December 29, 2010

Diplomas na mão

Fui hoje finalmente buscar os meus diplomas à secretaria da ESEC. Como o curso era bietápico, tive direito a dois diplomas- um do bacharelato em Comunicação e outro da licenciatura em Comunicação Social.

Enquanto segurava os diplomas nas mãos questionei-me sobre a utilidade deles. Dada a minha situação actual, não valeu de nada ter-me esforçado arduamente para os conseguir. Ao contrário do que muitas das minhas colegas pensam (é com grande revolta que as ouço dizer isto quase todos os dias) estudar no Ensino Superior não é fácil. Inclino-me talvez a pensar que elas é que tiveram juízo ao não prosseguir os estudos. O resultado é o mesmo: estou onde elas estão e no meu caso ainda estou pior do que elas porque elas têm sempre a hipótese de progredir na carreira.

Se para uma pessoa sem deficiência o Ensino Superior requer grande dedicação, para quem tem necessidades especiais a situação ainda se complica mais. De facto poderia ter tirado melhores notas do que aquelas que tirava mas a certa altura abriu-se uma outra porta na minha vida- a do Desporto- e comecei a ser bem sucedida nessa área. Mesmo assim tirava notas ainda melhores do que muitos dos meus colegas que hoje estão a trabalhar na área. Isso revolta-me. Havia disciplinas em que tirava acima de catorze. O que me complicava a vida eram as cadeiras práticas. Naturalmente as armas não eram as mesmas dos meus colegas mas fiz o melhor que pude.

Houve uma época em que o curso se tornou predominantemente prático e eu desanimei um pouco. Depois para complicar as coisas disseram-me que para ser animadora de rádio não era preciso vir para ali estudar. Na altura pensei mesmo em desistir mas decidi ir até ao fim.

A cadeira de Matemática também me deu um bocadinho de trabalho. Tive de ficar um ano a fazer essa maldita disciplina porque não podia ingressar no quarto ano que dava direito à licenciatura sem ter concluído todas as cadeiras dos três anos de bacharelato. Houve males que vieram por bem. Esse foi o melhor ano da minha vida até à data. Tendo mais tempo livre, aproveitando a crescente ascensão na minha carreira desportiva com a participação em provas internacionais e em estágios, dediquei-me mais arduamente ao Desporto dentro e fora dos recintos desportivos. Foi impulsionada por todos os êxitos que fui tendo que nasceu por brincadeira a melhor das minhas obras ao cimo da Terra- uma página na Internet sobre Desporto Para Deficientes Visuais. Quando a coloquei online jamais fazia ideia de onde aquilo ia chegar. Surpreendi-me quando em Outubro de 2000 recebi um telefonema da Rádio Vaticano de Roma. Pensei tratar-se de uma brincadeira mas foi mesmo a sério. Também me fui apercebendo que esta era única página em língua portuguesa sobre esta vertente do Desporto que estava a ser negligenciada inclusive pelas instâncias que tinham o dever de o dar a conhecer.

No quarto ano surgiu um novo alento no curso. Desconhecia que havia uma cadeira de Guionismo. Ao ter algumas aulas fui-me fascinando. Foi uma das minhas disciplinas favoritas do curso e gostava ainda hoje de me aprofundar mais nessa área aproveitando o facto de eu gostar de escrever, ter alguma criatividade e ter pouca mobilidade e autonomia para ser uma jornalista convencional. Agora com a minha situação actual, cada vez vejo mais a escrita como a saída profissional mais viável para mim. Ainda sonho voltar a fazer rádio mas os preconceitos das pessoas impedem-me de ao menos lhes mostrar que é possível eu desempenhar o meu trabalho como outra pessoa qualquer. Se possível até gostava de fazer as duas coisas. Isso era o prazer supremo. São duas coisas de que gosto imenso.

Ao longo destes anos de curso recordo o facto de quase nunca ter mexido num computador antes de ter ingressado na ESEC e ter uma cadeira de Informática. Foi então que passei a aproveitar todas as horas livres que tive nos primeiros tempos para ir para as salas de Informática treinar com os computadores. Em pouco tempo já tratava os computadores por tu e se hoje não tenho qualquer tipo de problemas a resolver as questões mais complicadas da Informática, devo-o a esse facto. Foi com os erros que fui aprendendo, através da curiosidade e da vontade de explorar as máquinas. Só assim me foi possível acompanhar os meus colegas nas aulas de Informática.

Quando surgiu a Internet tive alturas de sair das instalações da escola por volta das dez da noite, até porque havia que fazer pesquisas para trabalhos. Para o de História principalmente que foi o responsável por muitas das saídas tardias da escola.

Passados três anos já conseguia construir sem problemas uma página web decente e muitas das vezes recorria mesmo à escrita de linguagem HTML à mão. Não havia nada que eu não conseguisse fazer com um computador. Numa ocasião cheguei à sala de Informática e todos os computadores estavam ocupados. Por acaso aquele onde eu tinha os meus trabalhos estava livre e desligado. Ia para o ligar e disseram-me que ele estava avariado e que já por ali tinha andado o professor a ver se o arranjava. Teimosa como sou, resolvi ligá-lo. Estava a dar um erro qualquer. Já não me lembro do que lhe fiz. Só sei que deixei os alunos que estavam na sala de boca aberta ao tê-lo posto a funcionar sem problemas. Se bem me lembro, o computador esteve ligado comigo lá a trabalhar até cerca das oito ou nove horas da noite. E não se queixou.

Agora que seguro finalmente os diplomas nas mão, vou recordando as vicissitudes dos tempos de estudante e temo que eles não me sirvam de nada para melhorar as minhas condições actuais de vida. É revoltante ter andado a sacrificar-me tanto para nada.

Tuesday, December 28, 2010

Coreia do Norte prepara-se para comprar mais uma parte da dívida portuguesa

Depois da Venezuela, da China, até de Timor, se terem oferecido para liquidar a dívida portuguesa estamos em condições de informar que também a Coreia do Norte se interessou em ajudar Portugal.

Não. Não foi através do famoso site Wikileaks que tivemos conhecimento desta fantástica notícia. Os serviços secretos norte-americanos pelos vistos não detectam sites manhosos. Já eu, recorrendo a uns métodos pouco claros, posso aceder a informação ultra-secreta.

Na linha das boas relações que o Governo de José Sócrates tem com líderes de países pouco do agrado dos Estados Unidos, também na Coreia do Norte foram encetadas conversações com vista a planos de cooperação entre os dois países.

Tais planos passam por uma maior cooperação económica e empresarial, pela aquisição de novos e sofisticados equipamentos para as nossas Forças Armadas e pela compra de uma considerável parte da dívida portuguesa.

Sendo assim, Portugal está bem lançado no combate a esta crise que faz os cidadãos temerem pelo seu futuro. Sendo assim o futuro será risonho. Ao pedir ajuda a mercados alternativos, mesmo que para isso se tenha de afastar dos países alegadamente civilizados como os Estados Unidos, Portugal joga um trunfo importante em relação à Grécia e à Irlanda que não arriscam esse tipo de cooperação e por isso não resolverão os seus problemas económicos tão rapidamente como nós.

Não se vê um boi à frente

Pingo Doce sem açúcar

Estávamos nós a preparar-nos para o nosso jantar de Natal quando nos fomos apercebendo que entravam à última da hora clientes com carrinhos. Também reparámos que eles se dirigiam sem hesitações para as prateleiras do açúcar.

Os últimos que vieram não foram bem sucedidos. Saíam de carrinhos vazios. Inexplicavelmente o açúcar tinha acabado. Qual seria a causa para este fenómeno?

Durante o jantar havia quem brincasse com o fenómeno da falta de açúcar e ironizava-se com o nome do supermercado. Faltava o açúcar? Viria certamente mais. O açúcar não desaparecia assim da face da Terra.

Ouvindo as notícias, constatei que a falta de açúcar era um dos principais temas da actualidade. Todos os estabelecimentos comerciais estavam com falta deste bem de primeira necessidade.

Segundo percebi, alarmados com os rumores do racionamento de açúcar, os consumidores correram a abastecer-se em grandes quantidades. Estava assim explicado o intrigante facto de virem pessoas com carrinhos de compras a abarrotar apenas e só de sacos de açúcar. Aqueles já terão açúcar para o ano todo.

O porta-voz dos distribuidores de açúcar desmentiu de pronto os rumores do corte no fornecimento de açúcar e prometeu que a situação seria normalizada nos próximos dias. Agora o que farão algumas pessoas com as despensas cheias de sacos de açúcar? Provavelmente haverá muito boa gente que se vai aproveitar da ruptura de Stocks para revender o produto. Tratando-se de cidadãos portugueses não me admiraria nada que isso acontecesse.

De referir que nos dias que se seguiram ainda faltou açúcar nas prateleiras mas a situação foi gradualmente voltando à normalidade. Para a história fica este insólito acontecimento. O Pingo Doce esteve então cerca de dois dias menos doce.

O primeiro jantar de trabalho digno desse nome



Jantar de 2007


Jantar de 2010

Realizou-se este sábado o nosso jantar de Natal. Tratou-se do meu primeiro jantar de empresa digno desse nome. Refira-se que em 2007 compareci no jantar de Natal da Piscina de Celas mas não era funcionária de lá (com muita pena minha) e já tinha data marcada para me despedir.

Recordo que na altura foi a professora de Ginásio de lá com quem eu me dava extremamente bem que me incentivou a participar. Não vejo a hora de voltar a ter colegas de trabalho com tanto em comum comigo. Esta professora, tal como eu, era exageradamente apaixonada pela prática desportiva. Aliás, havia muita gente assim por lá e era por isso que ali me sentia tão bem. Se hoje me surgisse mais uma oportunidade para voltar para lá, eu não pensava duas vezes e muito menos olhava para trás. Sentia-me ali como peixe na água e chorei muita lágrima ao pensar que me tinha de ir embora e não queria.

Aquele jantar correu extremamente bem e diverti-me imenso. Agora as coisas são um pouco diferentes. Estou num local de trabalho onde choro muita lágrima só de pensar que hei-de ali ficar naquele local sem acessibilidades decentes, sem um ambiente propício a eu me sentir bem e com muitas privações pessoais ainda por muito tempo.

Antes que eu me perca, até porque já estou com as lágrimas nos olhos de recordar aquele jantar de há três anos, valeu pelo convívio e pela espontaneidade de uma colega nossa que não tem papas na língua e que fazia rir toda a gente com conversas mesmo descabidas para aquele local. Ela é assim e por isso eu lhe acho tanta piada. Ela é demais! Já não aguentava mais de tanto me rir. De vez em quando mandávamo-la calar mas era pior a emenda que o soneto e nós também nos queríamos divertir um pouco enquanto esperávamos longos minutos pela comida.

Este convívio teve a curiosidade de terem marcado presença mais ex-funcionários do que propriamente actuais colaboradores. Não deixou de causar alguma estranheza.

A qualidade do atendimento no restaurante foi muito criticada por quem, habituado a conviver com a falta de tolerância e a exigência dos clientes diariamente, se vinga quando veste a pele de cliente. Temos de facto uma excelente escola em matéria de reclamações e exigência de qualidade.

A falta de bebidas foi um dos motivos de tanto se reclamar. Eu não bebi vinho mas a qualidade dele era fraca. Eu até achei o bacalhau com natas bastante bom e a carne também não estava má. Já da salada de fruta me posso queixar. O ananás parecia ter estado muito tempo fora de conserva e em contacto com o ar. A salada de fruta parecia ela própria feita já há alguns dias.

O ponto alto da noite foi a indispensável troca de prendas. Sabia de antemão que algumas pessoas tinham oferecido para troca umas prendas manhosas na esperança de calhar a homens. Uma dessas prendas, como a foto documenta, calhou-me a mim que é quase a mesma coisa. Quando desembrulhei a prenda que à sorte tirei do saco encontrei uma pequena caixa cor-de-rosa. No seu interior estavam umas cuecas de fio dental e um isqueiro. Foi um riso. A minha colega que de início animou a festa vestiu as cuecas por cima da roupa e colocou-se em cima de uma cadeira para que todos a vissem e ouvissem e começou a fazer as palhaçadas do costume. Para quem pensa que ela já estava com uns copitos a mais, desengane-se. Por incrível que pareça (e para nossa surpresa) ela não toca em bebidas alcoólicas. Por brincadeira sempre fui adiantando que ela com os copos seria uma pessoa extremamente melancólica. Com um bocado de sorte seria uma pessoa normal, se bem que haja alguma dificuldade em definir o que se entende por “uma pessoa normal”.

No final da noite uma colega levou-me a casa. Ainda apanhámos um susto pois em sentido contrário um carro que vinha em alta velocidade por pouco não colidia connosco.

Demorei um pouco a aquecer os pés e a adormecer mas não haveria hora para acordar.

“Porque Não Pediram A Evans” (impressões pessoais)



Mais uma emocionante história destas a que Agatha Christie me tem habituado ultimamente. Na verdade eu não quero outra escritora para me proporcionar estes momentos de suspense e incerteza quando estou a ler uma obra.

No outro dia constatei com alguma tristeza que já não havia na Box mais livros desta colecção. Eu que tencionava adquirir quantos pudesse independentemente de estar ou não a trabalhar. Espero que a colecção das Edições Asa volte a estar disponível porque estou viciada nestes livros.

Sobre esta obra em particular, tenho a dizer que não foi protagonizada por Hercule Poirot ou Miss Marple. Tal como na obra “Um Brinde À Morte” o protagonista é um desconhecido nas andanças da investigação criminal.

O protagonista está calmamente a jogar golfe com um amigo quando, ao recuperar uma bola perdida, encontra um moribundo que terá caído de um penhasco que antes de morrer se limitou a perguntar porque não pediram a Evans. Não pediram o quê? Quem era Evans? Isto e muito mais foi o que Bobby Jones e a sua amiga Frankie quiseram saber quando se puseram a investigar este caso por conta própria ao aperceberem-se de algo errado que os levou a concluir que a identidade do homem que morreu não era a que constava da identificação oficial feita alegadamente por familiares que reconheceram uma foto que a vítima trazia no bolso.

No dia da tragédia, Bobby tinha um compromisso religioso e deixou outro indivíduo (Roger) a guardar o corpo. Roger trocou a foto da cabecilha da organização criminosa pela foto de outra mulher que também pertencia ao gangue que o veio a reconhecer como sendo seu irmão através dessa fotografia.

Nesta obra, tal como aconteceu por exemplo em “Anúncio De Um Crime” Agatha Christie transforma os culpados em vítimas e as vítimas em culpados para nos confundir.

Através de um método pouco ortodoxo, Frankie estabelece-se em casa dos familiares de Roger por desconfiar que este estaria implicado no crime. Na verdade não se enganou mas a história conheceu muitos avanços e recuos até lá chegar. Ao se integrar no ambiente da casa, Frankie depressa está tentada a ilibar Roger do crime e a implicar um visitante que por lá aparece- o Dr. Nicholson- por simplesmente o ter achado estranho e não ter, de maneira nenhuma, simpatizado com ele.

A esposa de Nicholson aparentava ser uma mulher terrivelmente assustada e submissa ao marido. Ao conhecer a mulher do médico especialista na reabilitação de toxicodependentes e pacientes de doenças mentais, Frankie não fazia ideia de que ela era a mulher que se encontrava na foto que fora trocada do bolso do falecido por Roger.

Bobby veio a conhecer a mulher do médico uns dias mais tarde após mais uma investida à sua clínica para investigar o caso. Nessa altura já estavam na posse de dados que confirmavam que a identidade da vítima havia sido adulterada e já havia sido falhada uma tentativa de eliminar Bobby que milagrosamente sobreviveu a uma dose mortal de morfina. O autor do envenenamento fazia-se transportar no carro de Nicholson. Como Nicholson tinha acesso a drogas, tudo indicava ser ele o culpado. A mulher confessou a Bobby que desconfiava que o marido a queria matar porque estava apaixonado pela esposa de Henry que era o irmão de Roger e que cada vez mais se estava a tornar refém do vício da morfina.

A partir do relato de Moira Nicholson, passou a não haver dúvidas na cabeça dos protagonistas (e dos leitores) sobre a identidade do culpado. Mas em Agatha Christie nem tudo o que parece é.

Pelo meio ainda há a morte de Henry atribuída a suicídio pelo sofrimento causado pela dependência da droga. A rapidez com que Nicholson chegou ao local do crime não abonou nada a seu favor.

Quando Moira desapareceu e Bobby a tentou procurar, caiu numa cilada e foi parar a uma casa onde o fizeram prisioneiro. Atraída por um alegado bilhete de Bobby, Frankie depressa se encontrou também no mesmo local e nas mesmas condições. Quando olharam para o seu carcereiro, Bobby e Frankie pensaram ter a confirmação que tinham acertado na identidade do criminoso mas uma conversa sobre orelhas fez lembrar a Frankie que as orelhas de Nicholson eram quase imperceptíveis e que aquele homem que os detinha e ameaçava não era ele.

Depressa se aperceberam que era...Roger- um excelente actor e falsificador. Fora ele quem matara o irmão e que ao logo da história foi falsificando documentos e disfarçando-se. Nicholson nada tinha a ver com esta história. Era apenas uma vítima dela e o bando apenas se queria também ver livre dele.

Mas quem era então o cabecilha do bando? Por incrível que pareça, os papéis estavam invertidos. A cabecilha era...a esposa de Nicholson- a tal que confessou estar a morrer de medo do marido para atrair as atenções para ele e deixar os elementos do seu bando em paz.

Ao longo da investigação, Bobby e Frankie constataram com alguma inquietação que neste caso surgiam muitas referências ao caso do milionário John Savage que alegadamente se suicidou por pensar que sofria de cancro. É este caso a chave para todo o enredo da história. Algo que parecia ser secundário era afinal de extrema importância.

John Savage conheceu a criminosa que agora dava pelo nome de Moira durante uma viagem e rapidamente ficou atraído pela sua delicadeza e simpatia que não faziam antever o espírito assassino da mulher.

Sendo um homem muito rico, Moira aproveitou-se desse facto para engendrar um plano para lhe sacar a fortuna. Foi aí que pediu ajuda a Roger que tinha fama de falsificador. Disfarçado de Savage e aparentando grande perturbação, Roger redigiu um testamento em que deixava toda a sua fortuna à sua amiga e o resto seria para instituições de caridade. Como testemunhas desse testamento escolheu um velho jardineiro da casa com mais de setenta anos e quase cego e a cozinheira que não primava pela inteligência. Estranhamente, a criada para todo o serviço que era uma mulher de grande astúcia foi preterida. No dia seguinte, Gladys Evans- a empregada que ficou de fora na assinatura do testamento- encontra o genuíno John Savage morto no quarto onde alegadamente dormiu. Toda a gente pensou ter-se tratado de suicídio mas na verdade fora morto por Roger que se fizera passar por ele na véspera.

O passo seguinte de Bobby e Frankie consistia em encontrar a empregada Evans que na verdade...trabalhava em casa dos pais de Bobby. Entretanto casara e alterara o seu apelido para Roberts.

Ao descobrirem esse coincidente facto, arrancaram a toda a velocidade em direcção à pacata aldeia onde Bobby vivia e onde Alan foi morto. Ao chegar a casa, Bobby encontrou Moira à porta. A empregada já a tinha reconhecido.

Moira atraiu os dois jovens para um café nas imediações e tentou envenená-los novamente pondo algo nos cafés enquanto os jovens foram atraídos à porta por ela que afirmou que Roger ali estava. Frankie desmascarou-a.

A pergunta do homem que foi atirado do penhasco por Roger estava respondida. Porque não pediram à Evans para ser testemunha do testamento? Porque Evans era inteligente demais e facilmente depreenderia que algo estava errado. O homem que foi atirado do penhasco também buscava uma explicação para o caso e ia-se encontrar com Evans transportando uma fotografia de Moira no bolso para que fosse identificada. Sabendo das suas intenções, Moira mandou Roger segui-lo e eliminá-lo antes que todo o plano fosse desmascarado por Evans (Roberts) e Alan- a primeira vítima mortal e que desencadeou a complexa investigação.

O próximo livro que vou ler foi comprado hoje. Trata-se de um livro escrito por uma das minhas grandes referências, senão a maior no ramo da escrita criativa. Tendo-me esquecido de trazer outro livro de casa, comprei “A Chama Imensa” de Ricardo Araújo Pereira. Vai ser certamente uma leitura agradável e divertida.

Sunday, December 26, 2010

Se o dinheiro acabar no Mundo



Farta de ouvir todas as manhãs sempre as mesmas notícias alarmantes sobre dificuldades económicas, pus-me a imaginar no que aconteceria quando o dinheiro acabasse definitivamente em todo o Mundo.

Antes de terem sido criadas as notas e as moedas, os nossos antepassados usavam o sistema de troca directa. Todas as transacções efectuadas envolviam a permuta de produtos. Numa aldeia trocava-se milho por trigo, tomates por alfaces, maçãs por laranjas e por aí em diante. Assim, cada um trocava directamente aquilo que tinha em demasia por outro produto que não abundasse na sua horta ou pomar pelo produto de um vizinho que não tinha esse produto mas que tinha outro em demasia.

As transacções internacionais também funcionavam assim. Na altura dos Descobrimentos, os Portugueses iam às Índias abastecer-se de seda e outros tecidos e de especiarias que trocariam na Europa por outros produtos. Depois inventou-se a moeda e tudo mudou. Para pior? Talvez. Se hoje ainda funcionasse o regime de troca directa, não haveria uma crise como a que prolifera um pouco por todo o lado e talvez a criminalidade não fosse tão elevada. Provavelmente uma grande percentagem dos crimes cometidos têm como móbil o dinheiro ou bens materiais que valem uma grande soma dele quando vendidos. Muitas vidas seriam, por isso, salvas e seriam poupadas à extrema violência pessoas mais vulneráveis como os idosos que são frequentemente vítimas de assaltos com recurso aos tratos mais desumanos.

Uma pergunta está agora a atormentar o meu espírito: como é que o dinheiro está assim a desaparecer? Para onde é que ele está a ir? Como foi destruído? Provavelmente caiu em mãos erradas que o estão a reter e a multiplicar por uma pequena minoria dos cidadãos. Só assim se explica que a crise não afecta minimamente certas pessoas que continuam a comprar artigos de luxo com ainda mais voracidade que em anos de prosperidade económica.

Muito dinheiro deve também estar a circular em meios obscuros como as organizações de crime organizado, os traficantes de drogas ou armas e os falsificadores. Alguém retira o dinheiro dos meios legais e o transfere para esses meios sujos onde é difícil de controlar ou aceder. Essa pode ser, no meu entender, uma explicação plausível para a crescente falta de dinheiro no Mundo.

O chamado dinheiro de plástico, nomeadamente os cartões de crédito e débito, também serão responsáveis por esta situação. A crise latente dos bancos terá a ver com a falta de liquidez das dívidas contraídas por empresas e particulares. Muitas pessoas gastam mais dinheiro do que aquele que têm e não pagam as prestações dos seus empréstimos.

A debilidade económica dos bancos- que me leva hoje a reflectir sobre a escassez do dinheiro- é uma situação preocupante para a economia mundial. Se os bancos estão sem dinheiro, quem o pode ter para o disponibilizar. Talvez as economias paralelas ou os grupos do crime organizado mas a esses ninguém pode pedir dinheiro para solucionar a crise.

Daqui a largas dezenas de anis, com alguma imaginação à mistura da minha parte, prevejo que gradualmente se volte ao sistema de troca directa. Quem se sustenta com o que a terra produz sente menos os efeitos da crise e pode até vender ou trocar os seus produtos com outras pessoas que também cultivem o suficiente para se alimentarem.

A antevisão de um retorno à troca directa não é de todo disparatada. Hoje em dia já há alguns estabelecimentos de troca de produtos usados. De roupa, livros e demais objectos que nos deixam de ser úteis mas que ainda podem servir para outras pessoas. Será este um sinal do retorno ao regime de transacções dos nossos antepassados?

O sketch deste Natal

A cena passa-se em qualquer local onde esteja um aglomerado considerável de gente. Pode ser numa rua, num supermercado, numa paragem de autocarro ou noutro local qualquer onde esteja sempre a passar gente.

Em grande plano há alguém que declama um poema de Natal que fala de paz, amor, harmonia, fraternidade...essas coisas todas de que se ouve falar com mais insistência nesta época do ano. A acompanhar, como som de fundo, temos uma música instrumental de Natal bem calma e que inspira harmonia. Ao som da música, a pessoa vai declamando com grande ênfase o poema. Enquanto isso acontece, ao fundo, duas pessoas começam a discutir cada vez mais alto e quase a ameaçarem chegar a vias de facto. Fica uma maravilha! O contraste entre a acalmia e a discussão é espectacular.

Posso assegurar que tem imensa piada, pelo menos eu achei quando ouvi, ao som de uma harmoniosa melodia de Natal, duas pessoas a discutirem em altas vozes, acusando-se mutuamente de uma série de coisas. Sem disfarçar uma gargalhada confrontei uma das intervenientes na discussão com o facto de estar a passar aquela música e elas estarem a discutir.

Ao longo do dia, sempre que me lembrava desta cena que se deu de manhã bem cedo, não deixava de me rir e imaginava que com outra pessoa a recitar um poema de Natal que remetia para a paz e a harmonia ficava um sketch brutal.

Se calhar, tendo sido uma cena espontânea, teve mais graça mas julgo que a versão encenada também poderá ter o seu encanto.

Maldito nevoeiro

Ultimamente têm havido sucessivos adiamentos de jogos de Futebol devido ao nevoeiro. Na Liga dos Campeões o jogo entre o Zilina da República Checa e o Spartak de Moscovo, salvo erro, já estava interrompido devido a este fenómeno atmosférico.

Aqui no nosso burgo existe um estádio onde é normal os jogos não começarem, serem adiados ou interrompidos porque o nevoeiro não deixa jogar. Não há época futebolística aqui em Portugal em que um jogo em casa do Nacional da Madeira não tenha de ser adiado ou interrompido por falta de visibilidade.

Agora eu pergunto: se sabiam que havia imenso nevoeiro por vezes naquela zona, por que autorizaram a construção do estádio ali? É que quase sempre ali há nevoeiro. Já deviam saber isso. Não havia outro local para se construir o recinto?

Deve ser um grande transtorno para as equipas adversárias do Nacional terem de ficar mais um dia ou dois na Madeira até se realizar o jogo. Numa altura em que a maioria dos clubes portugueses não nada propriamente em dinheiro isso deve causar mossa.

Coitada da Naval que teve de ficar três dias na Madeira à espera de concluir o seu jogo na Choupana devido ao nevoeiro. Foi um jogo que contribuiu para o compêndio de situações memoráveis do Futebol Português e para o “Jornal do Incrível” do Maisfutebol. Um jogo que demora três dias a concluir é obra.

Aconselha-se a partir de agora que o Nacional opte por determinar dois recintos desportivos diferentes para realizar os jogos em casa. Se houver nevoeiro na Choupana, imediatamente há que mudar de armas e bagagens para outro recinto. Garanto que não deve causar menos transtornos do que ficar três dias na Madeira à espera que o nevoeiro di

Cá e lá

O Benfica apurou-se com grande dificuldade para a Liga Europa. Desde a derrota com o Hapoel que já se sabia que a Liga dos Campeões estava fora de hipótese. Para além de ter de ganhar o seu jogo, o Benfica tinha de esperar pelo resultado do outro jogo do grupo que opunha o Lyon ao Hapoel. Veio daí a emoção.

O Benfica começou com várias tentativas para resolver o jogo bem cedo mas nenhuma foi concretizada. O Schalke 04 inaugurou mesmo o marcador aos dezanove minutos por intermédio do espanhol Jurado. Como no outro jogo subsistia o empate a zero, a continuidade do Gloriosos nas competições europeias não estava em causa.

Este ano estão a cometer-se erros defensivos que não se viam na época passada. Não sei o que andam a fazer os nossos defesas, em que estão a pensar. Que degredo!

O guarda-redes alemão que uma vez fez um brilharete contra o Porto negou o golo a Carlos Martins com uma espectacular defesa.

Saviola ainda introduziu a bola na baliza antes do intervalo mas estava em posição irregular.

Ao intervalo o Benfica perdia por 0-1 mas ainda beneficiava de o outro jogo ainda estar empatado a zero.

Começou a chover com grande intensidade no Estádio da Luz mas não se vislumbravam golos para as nossas cores. Em contrapartida, o Schalke ia marcando mais um golo.

Do outro jogo chegavam boas notícias: o Lyon marcava um golo que tranquilizava o Benfica. Por ironia do destino o autor desse golo foi...Lisandro Lopez- um jogador de quem nunca na vida se esperava aplaudir um golo seu. As andanças do Futebol são assim e hoje festejou-se efusivamente um golo do avançado argentino que se notabilizou ao serviço do Porto.

A festa durou pouco tempo porque o Hapoel marcou o golo do empate e o guarda-redes do Schalke 04 acabava de negar o golo do empate do Benfica a Cardozo. Mesmo assim o Benfica ainda continuava nas competições europeias, mais precisamente na Liga Europa.

Enquanto Ruben Amorim tentava mais um remate num lance algo confuso, o Hapoel dava a cambalhota no marcador e colocava o Benfica fora das competições europeias. Para além da chuva, um balde de água fria foi despejado pelas cabeças dos adeptos do Benfica que não viam maneira de se dar a volta ao resultado no Estádio da Luz e esperavam agora que o Lyon voltasse a empatar. Seria mais fácil.

Aimar falhou um golo que parecia certo antes de o Schalke marcar o segundo golo. Agora não havia tempo. Estávamos a dez minutos do fim. Só o golo do Lyon nos podia salvar da eliminação.

A cinco minutos do fim, quando os adeptos do Benfica já tinham trocado de clube passando a torcer pelo Lyon, Luisão marcou o golo. Já não se acreditava em milagres neste jogo porque o tempo escasseava.

O Estádio da Luz quase veio abaixo...com o golo do empate do Lyon que colocava novamente o Benfica na Liga Europa. Ia ser uma tremideira até ao fim.

Antes de terminar a partida David Luiz de livre ainda atirou ao poste. O jogo no Estádio da Luz terminou com a derrota do Glorioso por 1-2. Havia que esperar pelo final do outro jogo para se fazer a festa. Isto era evitado.

O outro jogo terminou empatado e o Benfica segue assim rumo à Liga Europa.

Jogo dramático

O Porto venceu o Vitória de Setúbal por 1-0. O golo foi marcado por Hulk de grande penalidade num jogo com um final dramático.

O Porto exerceu um domínio avassalador na primeira parte. Diego, guarda-redes dos sadinos, foi adiando o golo sucessivamente com vistosas defesas. Também houve excesso de pontaria de jogadores como Belluschi à barra.

Aos quarenta minutos foi então assinalada uma grande penalidade que deixa algumas dúvidas. Hulk não falhou.

A segunda parte foi completamente dominada pelo Vitória de Setúbal. Aos quarenta e sete minutos Zeca abriu as hostilidades e desferiu aquele que foi o primeiro remate dos sadinos em todo o jogo.

A partir daí a baliza de Helton foi sistematicamente posta à prova e o guarda-redes brasileiro teve imenso trabalho. Recordo-me de um potente remate de Cláudio Pitbul ao qual Helton se opôs com grande dificuldade.

Já perto do final, Fucile (que já tinha um cartão amarelo) derrubou Henrique na área de rigor e o árbitro assinalou a grande penalidade que daria o empate se fosse convertida. Aqui o juiz da partida inventou e, já que não podia assinalar mais nada senão o castigo máximo, teve de puxar pela imaginação.

Para começar, livrou Fucile de mais uma expulsão (o uruguaio este ano é raro acabar um jogo sem ver um ou dois cartões amarelos). Otamendi viu o cartão amarelo pelo seu companheiro de equipa.

Na primeira tentativa de marcação da grande penalidade Jailson não falhou. Mas este empate não servia para as contas do Porto. Nada melhor do que mandar repetir. Por acaso o mesmo jogador falhou. Se tivesse marcado novamente, talvez o árbitro mandasse repetir mais uma vez.

E ainda se queixam os portistas de arbitragens de outros jogos! Esta foi no mínimo habilidosa.

Monday abroad



O atalho que dava para o cemitério

Desta vez acordei em casa, na minha cama. Do quarto da minha irmã que também estava em casa vinha luz. Ao menos podia-me tranquilizar com o facto de tudo estar calmo, que é algo que não tenho oportunidade de verificar quando acordo sobressaltada em Coimbra devido a um pesadelo deste género.

A história conta-se em poucas palavras. Havia obras na estrada habitual que tomamos para Anadia. Eu tinha de ir a pé. A alternativa era uma espécie de labirinto cheio de atalhos e mais atalhos onde qualquer pessoa facilmente se perdia.

Vendo-me perdida sem saber por onde ir, alguém me indicou um dos inúmeros atalhos que compunham o labirinto como sendo o correcto. Julgo que até foi o meu pai.

De início nem me apercebi onde estava. Sabia apenas que tinha colocado um pé em cima de uma tábua que oscilou à minha passagem e me dificultou o equilíbrio. Nem estava a reparar no que se estava a passar. Só quando olhei com mais atenção é que constatei com algum horror onde tinha vindo parar.

Dois ou três homens de uniforme azul e coletes reflectores abriam uma sepultura e dela tinham retirado um caixão com uma idosa ainda bem conservada. A senhora era extremamente parecida com a minha antiga senhoria e envergava uma indumentária parecida com o seu roupão castanho. O rosto é que estava uma tonalidade arroxeada. Junto a um monte de terra estava um monte de flores murchas e a tábua em que eu inicialmente coloquei os pés era a tampa do caixão que estava a servir de ponte a um desnível que havia.

A imagem era aterradora. Diziam que tinham de proceder à trasladação dos restos mortais da senhora para Leiria.

Se estivesse em Coimbra, podia contar com uma noite mais agitada do que a que tive. Nada estava a acontecer. Toda a gente dormia tranquila.

George Michael vs Boy George

Eis dois cantores com muito em comum que hoje decidi juntar neste espaço. Ambos são britânicos, ambos tiveram sucesso em bandas antes de se lançarem em carreiras a solo, ambos são homossexuais e gostam também de confusões com a Lei.

Comecemos então com a mítica canção de George Michael que me causou tantos dissabores numa frequência de Inglês:



A seguir chega a canção de Boy George que me inspirou a fazer isto:



A minha canção favorita de George Michael:



De Boy George não tenho uma canção favorita mas lembro-me perfeitamente desta:



Para mim quem ganha o confronto directo é George Michael devido à grande balada "One More Try". De referir que o prémio é um uniforme de detido com o número 666.

Wednesday, December 22, 2010

“Money” (impressões pessoais)




Quando comecei a ler este livro pensei que fosse mais um livro para descontrair e que iria ser fácil falar sobre ele. No entanto, à medida que a leitura foi avançando, constatei que haveria algo de interessante para abordar tendo como pano de fundo esta obra escrita pelo inglês Martin Amis.

Este livro é extenso mas aparentemente fácil de ler devido à linguagem acessível do narrador que é ao mesmo tempo o personagem principal. A linguagem é tão acessível que é frequente se recorrer ao calão e ao vernáculo. Uma colega minha não narraria as suas tropelias melhor. Qualquer semelhança entre o relato das aventuras deste John Self e as tropelias de qualquer cidadão comum não é pura coincidência.

John Self (aqui o nome já nos remete para algum simbolismo) é um indivíduo que trabalha na realização de polémicos anúncios de publicidade e que é burlado por um americano que lhe promete rios de dinheiro mas que não passa de um falsário.

John é um indivíduo cheio de vícios, portanto o dinheiro queima-lhe nas mãos, como se costuma dizer. Está sempre bêbado, frequenta locais pouco recomendáveis e envolve-se sempre em confusão. Deleitei-me com as histórias das suas visitas a bares em que o punham na rua sem que ele se lembrasse do que tinha feito para os donos do estabelecimento estarem a agir assim apesar de ele acenar com prestigiados cartões de crédito e notas de grande valor.

Enquanto John esbanjava dinheiro que não lhe pertencia e acumulava dívidas sem o saber, o burlão manobrava nos bastidores para que o inglês se perdesse cada vez mais no mundo do álcool e da prostituição de luxo. Enquanto isso prometia-lhe sucesso no seu filme que se chamava “Dinheiro Sujo” ou “Dinheiro Limpo”. Para o efeito conluiou-se com alguns dos actores mais famosos e contratou outros para se relacionarem socialmente com John Self.

Enquanto John se perdia no Mundo obscuro ia recebendo telefonemas misteriosos de alguém que o seguia e lhe relatava o que ele tinha feito já embrenhado no álcool. O episódio do bar gay é delicioso. Na verdade quem lhe telefonava era o burlão que o queria gozar. Quando finalmente John se encontrou com o homem misteriosos do telefone e lhe deu uma tareia veio a verificar-se que se tratava do indivíduo que lhe extorquiu tudo.

Quem o acabou por salvar pagando a viagem de retorno a Londres foi a sua namorada que era uma interesseira. Quando foi trabalhar em profissões duvidosas nos Estados Unidos, a antiga namorada de John amealhou dinheiro e não deixou de o proteger das autoridades e dos credores.

Em Londres John passou a viver uma vida modesta na qual passou a trabalhar honestamente e passou a ser um ser melhor.

Martin Amis- o autor desta obra- é também um personagem dela. É vizinho de John e convive com ele. Martin e John têm comportamentos opostos. John leva uma vida de risco enquanto que Martin leva uma vida regrada, John é apegado ao dinheiro e aos bens materiais enquanto que Martin se interessa pela cultura. Não conheço a personalidade deste escritor inglês para aferir do objectivo de criar um personagem contrário a ele. Se foi mesmo para haver um contraste entre os dois, a ideia está muito bem conseguida. Talvez John seja o que Martin gostaria de ser ou talvez seja mesmo o que Martin é. Volto a referir que não conheço o escritor em causa, senão interpretaria melhor o objectivo do antagonismo entre as duas personagens.

O mesmo acontece com uma personagem que sofreu uma mutação, digamos assim, das características de Martin para as de John. Trata-se do actor Spunk Davis que inicialmente era descrito como alguém desinteressado do dinheiro, que entregava os seus lucros a instituições de caridade e que apenas se interessava pela elevação espiritual. Depois passou a ostentar a riqueza e a ficar como todas as estrelas de cinema. O seu comportamento passou a ser mais aproximado ao de John e a afastar-se das características de Martin.

Da leitura deste livro surge a velha máxima de que o dinheiro não traz felicidade. Nota-se que à medida que as personagens vão tendo dinheiro perdem os valores enquanto seres humanos. John a certa altura compara-se a um robô. Não há melhor para descrever a transformação negativa que o dinheiro incute nas pessoas.

Por vias conturbadas, esta história acaba por nos trazer esta mensagem: o dinheiro só traz problemas. Apesar de extensa, esta obra proporcionou uma leitura agradável e descontraída para no final nos transmitir uma mensagem séria. Dou nota positiva a este livro, apesar de se afastar um pouco dos que mais me fascinam. Esses seguem dentro de momentos com mais uma empolgante obra de Agatha Christie. “Porque Não Pediram A Evans” é o prato para os próximos dias.

Tinha quatro anos quando se deu a tragédia de Camarate

Ainda não está provado se este fenómeno se deve ao problema que tenho mas pensa-se que sim. Parece que este fenómeno me acompanha quase desde que nasci. Consiste em me interessar por um tema específico e o dominar tão bem que qualquer especialista ao meu lado é um autêntico amador.

Devido ao meu problema (aí os médicos são unânimes) comecei a falar e a ter a imaginação muito desenvolvida por volta dos seis meses mas comecei a andar muito tardiamente- quase com três anos.

Serve esta pequena introdução para referir que um dos primeiros temas que dizem que eu dominava era a morte de Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. A primeira coisa que despertou o meu interesse, a título de curiosidade, foram os palavrões. Hoje digo poucos mas por volta de um ano de idade não articulava duas palavras sem que uma fosse do mais puro vernáculo. Não me lembro dessa fase mas desta lembro-me vagamente e inclusive há alguns traumas que hoje guardo desse tempo.

De facto algo se passou comigo naquela altura porque não sou indiferente aos documentários que normalmente a televisão passa por esta altura do ano. Vejo documentários sobre outros acontecimentos e nenhum me causa a mesma sensação que causa este sobre a queda da avioneta do Primeiro-ministro de Portugal em Camarate. Fico arrepiada ao recordar aquilo e, até há bem pouco tempo, me limitava a dizer que foi por eu ter apanhado uma espécie de trauma quando a minha avó e a minha mãe acompanharam e comentaram os acontecimentos. Eu nessa noite lembro-me de ter ficado com uma espécie de medo. Fiquei tão assustada que inventei desde logo uma espécie de papão ou de monstro a que inexplicavelmente chamei de Zapla. Ainda hoje fico sobressaltada de forma inconsciente sempre que me ocorre assim vinda do nada essa palavra insignificante à mente. Lembro-me perfeitamente que o Zapla nasceu na noite em que se deu a tragédia de Camarate.

Depois do medo deve ter surgido a minha curiosidade. Provavelmente nos dias que se seguiram à tragédia fui absorvendo toda a informação que pude. E assim ia eu para o Hospital de Aveiro. Não sei ao certo se foi nesse ou no ano seguinte que fomos operadas aos olhos. Sei que era lá que as pessoas se deleitavam a ouvir-me falar da tragédia que vitimou Sá Carneiro. A mesma miúda reguila que abria todas as portas que encontrava e vasculhava o que lá havia, que apanhava todos os papéis nos consultórios, que corria aquilo tudo de uma só penada sabia o nome de todos os passageiros que iam naquele pequeno avião e o que faziam. Agora lembrei-me que, se fomos operadas nesse ano, foi antes de se dar a tragédia. Provavelmente frequentávamos as consultas após a operação. Faz todo o sentido.

Trinta anos passados sobre a tragédia, ainda não se chegou à conclusão se se tratou de um simples acidente de aviação ou de um brutal atentado que por acaso nem se destinava a Sá Carneiro mas sim...a Soares Carneiro que era o candidato a Presidente da República nas eleições que se iam realizar dentro de dias. Hoje quem ouve Freitas do Amaral falar, fica sem a mínima dúvida quanto à origem da tragédia. Freitas do Amaral ainda vai escrever mais um livro sobre este assunto. Ele que afirma ser um acaso ainda cá estar para contar a história. Se não tivessem trocado os planos e não tivessem ido para Setúbal a ordem de Sá Carneiro em vez de irem para o Porto, as vítimas seriam ele e Soares Carneiro. Agora em jeito de brincadeira talvez há trinta anos, se me pedissem a opinião, só pelo simples facto de me ouvirem, estes políticos que foram discutindo o assunto anos a fio tivessem chegado a alguma conclusão.

2010- Terceiro ano mais quente

Hoje é dia 3 de Dezembro de 2010 e está um frio que mal se suporta. As temperaturas desceram vertiginosamente, recomenda-se cautela a quem vai sair à rua como eu. Eu nem sei como encarar o frio que faz na rua. Preparo-me para o choque térmico.

Não é que dentro de casa esteja imenso calor. Na rua é que dizem que há gelo e neve. As temperaturas máximas prometem subir pouco e as mínimas estão poucos graus acima de zero.

Na rádio ouço uma notícia que, perante este cenário, não deixa de ter a sua piada. Segundo especialistas, 2010 foi considerado um dos três anos mais quentes dos últimos cento e sessenta anos. O quê?!!! Depois de chegarem à rua hoje, certos especialistas irão mudar radicalmente de ideias. Certamente o estudo não foi feito a contar com os últimos dias e muito menos esta manhã fria entrou nas contas.

Ouvindo a noticia depois com mais atenção, o estudo teve como base os dias do ano até ao final de Outubro. Cá me parecia! Não me recordo de qual foi o primeiro dos três anos mencionados mas tenho ideia que não foi no século XX. Sem surpresa o outro ano mencionado foi o de 2005. Concordo em pleno. Lembro-me de ter ido uns dias em Agosto para Mira para fugir ao calor e regressava por volta das sete da tarde ainda com um calor insuportável no autocarro e um cheiro intenso a incêndios que lavravam por todo o lado. Talvez tenha sido o ano em que mais vezes frequentei a praia, especialmente a de Mira.

Surpreendentemente não vi ali mencionado o tórrido ano de 2003 que também me lembro de ter sido um ano bem quentinho. Houve ali um dia ou dois em que as temperaturas máximas em Coimbra chegaram aos quarenta e dois graus. Foi o célebre ano em que o Governo, sempre preciso em matéria de números, afirmou que apenas tinham morrido quatro pessoas vítimas do calor enquanto que outros dados afirmavam terem perecido para cima de um milhar de pessoas.

Este ano houve de facto uns dias bem quentinhos mas em contrapartida hoje temos um dia em que eu só não fico em casa debaixo dos cobertores porque não posso. Neste momento estou a fazer um grande esforço mental para me preparar para transpor a porta do prédio.

Rússia e Qatar- os grandes vencedores

Aguardava-se com grande expectativa a chegada do momento em que iriam ser revelados os nomes dos países que organizariam as próximas edições do Campeonato do Mundo de Futebol. A Rússia irá organizar o Mundial de 2018 e o Qatar terá a responsabilidade da organização do Mundial 2022.

Pela corrida à organização destes dois eventos estava a concorrer uma candidatura conjunta dos dois países da Península Ibérica mas os senhores que tinham a responsabilidade de escolher descartaram-na.

Terá a crise que alegadamente assola os dois países contribuído para o fracasso da candidatura? Provavelmente foi um factor determinante. Hoje em dia acredita-se mais numa qualquer agência de rating sedeada nos Estados Unidos do que se acredita em Deus. Estas agências das quais só muito recentemente ouvimos falar nos noticiários parece que têm como finalidade arrastar o nome e a honra de ancestrais pátrias como Portugal e Espanha pela lama. Estes senhores lembram a comunidade internacional a todo o instante que não se deve confiar nestas duas nações.

Os senhores da FIFA com a responsabilidade de votar pensam: “Portugal e Espanha? 2018?2022? Mas ainda existirão por essa altura enquanto países soberanos e independentes? Não serão já dois países de Terceiro Mundo? Se fosse para organizar um Mundial num país de Terceiro Mundo, continuaríamos em África. Como foi bonito o último Mundial em África! A festa, a cor, a alegria, o som ininterrupto das vuvuzelas...”

Posto estas reflexões, afastaram desde logo estas possibilidades. Da mesma maneira afastaram a candidatura de Londres. Escolheu-se a Rússia por ser um dos poucos países no Mundo que continua com uma economia crescente e onde a prática futebolística também está a crescer. Um país grande, o país do Faizulin, do Artem Dzuba e do Arshavin tem de organizar o Mundial.

Quanto à atribuição do Mundial 2022 ao Qatar a história foi diferente. Fascinados com a quantia oferecida para os subornar, os senhores da FIFA não tiveram dúvidas. Ainda a beliscarem-se de tão incrédulos que estavam na presença de tanto dinheiro pensaram: “IH TANTO DINHEIRO! É mesmo o país que precisávamos para realizar o tão almejado Mundial de proporções grandiosas. Com este dinheiro até um estádio todo em ouro se vai construir, com um milhão de lugares cobertos e balizas de marfim. Votemos todos no Qatar!”

Enquanto os países europeus contam os tostões, a Rússia cresce economicamente e o Qatar esbanja dinheiro. Para além de pensar nas monumentais obras que há-de erguer, neste momento agentes desportivos do Qatar já estão a aliciar atletas quenianos e etíopes para representarem este país nos Jogos Olímpicos de 2012. A um desses atletas foi oferecido um autocarro que serve para testar o petróleo especial que se produz por lá. Com isto o autocarro anda quase tanto como um Fórmula 1 e a qualidade do treino do atleta sai melhorada.

Os três trincos

O Sporting venceu os franceses do Lille por 1-0. O golo do Sporting foi apontado pelo defesa-central Anderson Polga e foi muito contestado pelos jogadores do Lille.

Parece que Paulo Sérgio encarou este confronto a contar para a Liga Europa com bastante apreensão. Não deixei de reparar que os três jogadores que compunham o meio-campo leonino eram jogadores com características mais de contenção. Os jogadores em questão eram Pedro Mendes, Maniche e André Santos.

Apesar de estar a jogar alegadamente com três trincos no meio-campo, o Sporting não conseguiu nos minutos iniciais travar o jogador Túlio de Melo do Lille que obrigou Rui Patrício a aquecer.

Anderson Polga só marca golos a contar para as competições europeias. Tem três golos em jogos oficiais com a camisola do Sporting e todos nas competições organizadas pela UEFA. Dois dos golos foram apontados ao Dínamo de Kiev e o terceiro foi apontado neste jogo contra o Lille. Antes do tento que foi muito contestado pelos franceses por alegada mão de um jogador do Sporting antes do cabeceamento fatal do brasileiro, Polga já tinha cabeceado à barra quando ainda estavam decorridos doze minutos do jogo. Dezasseis minutos depois o campeão do Mundo pelo Brasil em 2002 acertou no alvo.

O Sporting ainda teve a oportunidade de fazer o segundo golo mas o guarda-redes francês defendeu para canto o remate de Yannick.

Os minutos que antecederam o intervalo foram de algum desnorte por parte dos jogadores do Sporting que, apesar de estarem a ganhar, se mostravam bastante quezilentos. Esperava-se ansiosamente pelo apito do árbitro para que fossem para o balneário esfriar um pouco as cabeças.

Na segunda parte o Lille entrou determinado em mudar o rumo do jogo. Notava-se claramente uma outra disposição do lado dos franceses. Foram algumas as oportunidades que os jogadores do Lille tiveram. Túlio de Melo era um dos mais inconformados.

Liedson e Vukcevic ainda tiveram a hipótese de fazer o segundo golo para o Sporting. O montenegrino só teve pontaria para acertar na barra.

E assim o Sporting com uma mentalidade de quem teme o adversário em demasia vence apenas por 1-0. Não deixou de valer três pontos mas a exibição não foi nada do outro mundo.

Erros, equívocos, decisões precipitadas, acções a quente...

Se me pedissem para caracterizar a minha vida até à data, diria que toda ela foi completamente feita e desfeita de erros, equívocos e decisões menos correctas. Com tudo isto, aqui estou eu num beco sem saída.

A situação que agora estou a viver resulta de más decisões tomadas por mim e de alguma inocência da minha parte em não resistir a pressões dos outros que se aproveitam por vezes da minha fragilidade e dos meus problemas para me moldarem a todo o custo a minha vida.

Nesta altura encontro-me fortemente decepcionada porque não soube esperar por uma oportunidade que pudesse surgir para refazer a minha vida e voltar a ter prazer em fazer alguma coisa.

O que se passou foi o seguinte: estou empregada num supermercado sem perspectivas de progredir na carreira ou de vir um dia a passar para uma outra área mais condigna com a minha formação académica. O facto de eu ter os problemas que tenho impede que tenha objectivos tal como a maioria das minhas colegas ali dentro têm. Até gosto do trabalho mas não me vejo a fazer isso o resto da vida porque sofri muito para ter uma licenciatura. Também o Ensino (especialmente a componente prática) é bastante desgastante para quem tem problemas. À custa de excelentes notas em disciplinas teóricas como Guionismo e outras do mesmo género consegui ter êxito nos estudos. Sofrer tanto para agora ficar o resto da vida ali é uma coisa que me deixa triste só de pensar que tal pode vir a acontecer.

Há tempos surgiu a hipótese de fazer o tão almejado estágio profissional num local onde eu já estive. Da primeira vez que lá estive as coisas não correram bem principalmente porque o meu estado de saúde se agravou e, com isso, perdi inúmeras coisas na vida que me eram fundamentais para viver feliz. Prevendo o que ia acontecer decidi vir-me embora. Desta vez estaria disposta a ajudar porque sempre adorei participar em projectos e iniciativas que pudessem fazer felizes as pessoas com deficiência. Poderia dar ideias para iniciativas, tal como cheguei a dar durante os curtos seis meses em que lá estive, divulgar as actividades da instituição como fazia e muito mais. Como iria fazer o estágio profissional teria um salário que me permitisse ter outras condições de alojamento sem ter de estar a dividir quartos com alguém que danificasse as minhas coisas ou tivesse comportamentos prejudiciais à minha saúde. Poderia ainda requisitar livros da biblioteca bem apetrechada que lá existe e poderia retomar o Desporto apenas e só para manutenção. Em suma iria ter vida para além do trabalho, coisa que não tenho actualmente e me está a deixar completamente desolada.

Ali teria igualmente tempo para escrever, tal como eu fazia em 2004. Na altura em que fui operada toda a gente dizia que eu escrevia muito bem. Gostava que essas mesmas pessoas vissem como eu escrevo hoje. Escrevo certamente de maneira diferente. Eles poderiam averiguar se escrevo melhor ou pior do que nessa época. Estive quase dois anos sem escrever, até que o mundo dos blogues me recuperou o ânimo para escrever. Que eu escrevo de maneira diferente dessa época não tenho dúvidas, se o meu talento continua intacto depois do que eu passei só as pessoas que conheciam o meu trabalho anteriormente poderão opinar sobre isso. Já me entusiasmava em lhes mostrar o que tenho andado a fazer mas o facto de eu estar neste emprego que não me oferece saídas profissionais nenhumas, que me impede de passar um dia decente com a minha família e com os meus gatos, que me impede de desenvolver convenientemente os meus projectos de escrita e que me tira o tempo para praticar Desporto e participar em outras actividades impediu que se concretizassem os meus intentos.

Quando recebi o mail a confirmar que não tinha sido escolhida e que as pessoas escolhidas integraram os estágios de imediato deixou-me completamente desolada. Não é todos os dias que aparece uma proposta de estágio profissional para uma pessoa com necessidades especiais e com licenciatura. Ainda por cima num local que eu tive pena de deixar na altura mas que teve de ser devido aos problemas que estava a ter. Não estou arrependida de ter saído de lá. Apenas teve de ser por não haver condições para continuar. Pensei bastante antes de ter decidido sair de lá mas as constantes más notícias vindas dos Covões que inclusive me fizeram pensar no suicídio assim o determinaram. Hoje iria para lá continuar aquilo que deixei e tentar ajudar com mais afinco. Como agora passei a ter outro objectivo que passa por fazer carreira na escrita, talvez me pudessem ajudar. Nesta altura nem sei o que fazer, a quem recorrer. O tempo que este trabalho me rouba para procurar ajuda e dedicar-me ao que eu gosto de fazer de outra maneira impede-me de dar o passo em frente que falta. Talvez ali conseguisse.

Hoje arrependo-me de ter cedido à pressão de pessoas que quiseram a todo o custo empregar-me onde eu estou e culpo-me por não ter esperado alguns meses por esta proposta. Tenho um amigo meu que recusou esta proposta de trabalhar no supermercado. Ele também é licenciado, curiosamente no mesmo curso do que eu, mas o sonho dele sempre foi dar formação na área da Informática. Hoje ele dá aulas de Informática numa instituição. Recusou este emprego, ouviu desaforos mas resistiu e hoje está a fazer o que sempre sonhou. Eu, à primeira tentativa de pressão, lá tive de aceitar. Colocaram-me alegadamente sem alternativas. Este erro, este equivoco e esta decisão tomada sem pensar hoje está a arruinar a minha vida.

Graças a este equívoco, sinto que estou a perder a minha identidade, aquilo que me caracteriza. Há muito que deixei de ter prazer na vida. As pessoas dizem-me que há que conservar um emprego que é hoje em dia um bem precioso. Dadas as circunstâncias da vida hoje, sou obrigada a aguentar isto mas não deixo de sentir mágoa por ter cedido à pressão exercida por duas pessoas naquela tarde de Novembro do ano passado. Continuaria em casa mas não perderia os meus rendimentos e as minhas regalias em termos de saúde. Há que notar que sofro de uma doença progressiva que consiste em as células do cérebro que comandam a visão morrerem progressivamente até que não exista comunicação visual entre os meus olhos e o meu cérebro. Se a minha saúde sofre um revés como sofreu naquela altura como será?

Quem esperou dois anos por um emprego (ou por um estágio profissional como é o meu caso) também esperaria por uma proposta como esta que surgiria alguns meses depois. Se eu adivinhasse, nem que me tivessem encostado uma arma à cabeça naquela tarde eu teria aceitado. Esta decisão precipitada está a acabar com a minha vida. Simplesmente isso. Não tenho tempo nem para me alimentar convenientemente. Chego a casa exausta e não dá para fazer nada. Há dias em que chego com a cabeça feita em água. Não vale nada esforçar-me, dar o máximo, se depois o problema que eu tenho me impede de progredir para além de simples ajudante que não ganha mais do que o salário mínimo, que gasta mais de vinte e cinco euros de duas em duas semanas para nem vinte e quatro horas estar com a família, que se levanta de madrugada às segundas-feiras para estar às nove horas no emprego e que tem de apanhar um táxi (quando os há junto à Rodoviária) e por vezes nem às nove horas chega, que tem de pagar aos trinta euros de Internet quando em casa a tinha quase de borla e que passa mais de doze horas por dia num ambiente hostil onde não se sente bem. Começo a ficar completamente desmotivada, até porque não encontro soluções para alterar este estado de coisas.

Este erro, este equívoco, esta decisão precipitada está a arruinar-me cada vez mais. A vida não é só trabalho e os dias que passo naquele ambiente, sem a minha família e amigos, sem as coisas de que gosto e sem o meu espaço protegido estão a arruinar-me. Acaba de se esgotar a minha esperança de alterar este estado de coisas.