Saturday, April 30, 2011

“O Mistério do Túmulo de Colombo” (impressões pessoais)



Esta é mais uma obra que me agradou ler. Para além da história em si, também foi uma oportunidade de relembrar aspectos da vida de Cristóvão Colombo e mergulhar nos seus mistérios.

Baseado em factos verídicos que se prenderam com o assalto aos túmulos de Colombo em Santo Domingo e em Sevilha, o espanhol Miguel Ruiz Montañez inventa um romance misterioso e interessante sobre o que aconteceu.

O investigador espanhol Andrés Oliver e os seus dois colegas da República Dominicana partem em busca do mistério que rodeia estes roubos e a própria vida de Colombo.

Quem estaria por detrás dos roubos? Quais as suas motivações? A história conhece avanços e recuos com os vilões a passarem a colaboradores dos protagonistas, os colaboradores dos protagonistas a passarem a vilões e novamente a serem passados para bons da fita.

Os três investigadores começam em Santo Domingo com os intelectuais do país, continuam a investigação em Sevilha, onde Altagracia encontra documentos dentro de um monumento de Colombo que depois são roubados pelos perseguidores, prosseguem em Génova onde encontram inúmeros documentos no castelo, numa passagem secreta, e depois vão até Miami onde se reúnem com o milionário americano Richard Ronald.

Andrés desconfia que o americano esteja por detrás dos roubos mas o americano convence o espanhol que está do seu lado para desvendar o mistério. Para que Andrés confie nele, Ronald mostra-lhe fotos dos intelectuais dominicanos que foram professores de Altagracia. Desiludida com o comportamento dos seus compatriotas, especialmente da sua mentora Dona Mercedes, Altagracia regressa a Santo Domingo, enquanto que Andrés e Edwin seguem com a equipa de Ronald para o Panamá para resgatarem a nau La Vizcaína, afundada durante a quarta expedição de Colombo ao Novo Mundo. Nessa nau estava qualquer coisa que os documentos não revelavam.

Com a ajuda dos protagonistas, elementos da equipa de Ronald descobriram a nau sob grande intempérie. Quando se preparavam para trazer a arca que encontraram no seu interior para terra, dá-se um violento tiroteio. Inúmeras pessoas morrem, inclusive Edwin e muitos colaboradores de Ronald. Como o americano foi ferido, depreendeu-se que os mentores dos ataques foram os intelectuais dominicanos.

Os protagonistas voltam às origens, onde tudo começou, na República Dominicana. Ao longo das investigações, os protagonistas ficam intrigados com a quantidade de referências à Catedral Primaz da América e resolvem investigar lá. O instinto de Altagracia é mais uma vez de extrema utilidade. No subsolo da Catedral existe praticamente outra luxuosa catedral construída por Richard Ronald com tudo o que conseguiu arrecadar de Colombo. Foi ali construído um túmulo majestoso. Richard Ronald apareceu para os enfrentar e para os capturar. A alegada ajuda não passou de uma armadilha.

Os intelectuais dominicanos também estavam presentes e foram atingidos a tiro pelo americano. Afinal eles colaboraram também com Ronald porque ele prometeu dignificar a imagem e memória do Descobridor, tal como ele merecia e os três académicos reivindicavam.

Afinal de contas, Ronald era mesmo o mau da fita e os intelectuais dominicanos estavam a agir de boa fé, sem desconfiar no tipo de aliança que os unia a Ronald.

Colombo passou a ser aclamado como um herói e o Mundo inteiro passou, desde esses episódios da recuperação dos seus restos mortais, a dar ao Descobridor o tratamento merecido pelos seus grandiosos feitos.

A ficção portuguesa agora volta a estar na minha agenda de leitura nos próximos dias.

Óculos partidos




Tal como as últimas noites, também esta foi mal dormida. Da intensa actividade onírica registada durante as escassas horas de sono, recordo este sonho com mais nitidez.

Cheguei a casa numa noite tenebrosa. As janelas da sala junto ao meu quarto estavam abertas e o candeeiro estava aceso. Tinha de estar porque eu estava lá. Pareceu-me ouvir na rua um pássaro nocturno, daqueles que os antigos dizem que agoiram desgraça. Ignorei o que ouvi e fui para a outra sala trabalhar um pouco no computador.

Em poucos minutos tinha a extensão em que o computador está ligado a arder. Em pânico tive de a desligar à pressa mas os meus óculos caíram ao chão. Pelo barulho que fizeram quando tocaram no solo, imediatamente depreendi que se tinham partido.

Quando lhes peguei, verifiquei que era a lente do olho que não vê que estava partida. Só mais tarde reparei que a lente do outro olho estava estalada e se preparava para partir também em mil fragmentos. E agora?

Por incrível que pareça, dentro do próprio sonho, desejava acordar, ver os óculos intactos e constatar que tudo não passou de um pesadelo.

A solução foi usar uns velhos óculos de quando era criança que a minha mãe ainda usa para ler e escrever enquanto não tinha uns óculos novos.

Mais um sonho que não oscila muito no tempo e no espaço. Já no outro dia tive um sonho que se passou mediante um espaço de tempo de cerca de vinte ou trinta minutos. Aqui penso não distar mais de uma hora.

Tal como desejei no sonho, acordei e verifiquei que os óculos estavam intactos.

Lesionou-se gravemente a festejar o golo

Este é um sonho bastante curioso e muito estranho. Um craque italiano de nome Enrico Rizzoli organizou um jogo particular com alguns amigos. Eram tudo pessoas famosas, das lides oníricas, pois não existem na realidade.

O jogo teve a curiosidade de ser realizado...numa estrada previamente cortada ao trânsito. Nada de um estádio confortável e de bancadas a abarrotar de gente.

Aquele jogo era um grande acontecimento mundial, disputava-se por volta da uma da tarde e eu não podia ver por estar a trabalhar. Apesar disso, colegas minhas que tinham almoçado do meio-dia às duas informaram-me que se tinha passado algo no jogo mas não me souberam explicar o que era.

Fui para a minha terra nessa noite e, já em casa, verifiquei que os noticiários abriram com a notícia desse jogo. Era, de facto, muito importante.

O italiano estava em estado crítico, em coma mesmo, depois de ter caído mal ao mergulhar para o asfalto, esquecendo-se que não se atirava para relva fofa, ao festejar o seu golo. A imagem dele deitado no asfalto em muito se assemelhava à de um qualquer ciclista após uma queda.

Via-se nas imagens que o jogador estava inanimado e havia um grande aparato na tentativa de o socorrer.

Até tinha corrido o boato de que ele tinha morrido mas tal não era verdade. Ele estava no hospital com prognóstico bastante reservado.

Lembro-me vagamente de fazer uma viagem nocturna num autocarro da TRANSDEV em que passámos por um outro autocarro da mesma companhia que estava estacionado. Penso que essa viagem foi a caminho de casa, antes de ver as notícias, mas não tenho a certeza onde isto se enquadra no sonho.

O jogo dava em diferido a seguir ao noticiário. Era uma oportunidade para as pessoas que perderam o evento como eu o poderem ver na íntegra. O problema é que o meu pai queria ver um filme ou uma novela, como sempre.

Até estava uma note com uma temperatura agradável. A porta da sala que dá para a rua estava aberta e o candeeiro de dentro estava aceso. O meu pai foi para a rua. Ele demorou-se. A minha mãe procurava-o mas não o encontrava. Lembro-me que quando éramos pequenas se deu uma cena semelhante.

Acordei. Ando completamente em baixo ainda por causa destas indecisões.

P.S. 1: O nome que o meu subconsciente arranjou para o protagonista resulta de uma associação curiosa de dois nomes que me passaram pelos olhos nos últimos dias. Nicola Rizzoli é um árbitro italiano que provavelmente apitou um jogo das competições europeias a que eu assisti. Enrico D’Albertis foi um italiano de Génova que mandou construir um castelo na mesma cidade onde os protagonistas do livro que ando a ler descobriram documentação escondida de Cristóvão Colombo.

P.S. 2: Por coincidência, dois dias depois deste sonho, o jogador do Liverpool Jamie Carragher chocou com um colega de equipa durante um jogo com o Arsenal e ficou inanimado. Todo o aparato que ali se gerou foi em tudo semelhante ao deste sonho. Voltarei a este assunto mais tarde!

Depois do sofrimento, a alegria

Devido ao fuso horário da Rússia, o Porto jogou primeiro com o Spartak de Moscovo e voltou a vencer categoricamente por 2-5. Os golos foram marcados por Hulk, Rodriguez, Falcao, Guarin e Ruben Micael

Destaque para o autor do primeiro golo do Spartak; o jogador que marcou este golo é um velho conhecido nosso de quem há muito não tínhamos notícias. Já vai longe o jogo com o Sporting em que ele, envergando a camisola quarenta e com cara de miúdo, entrou mesmo em cima do apito final do árbitro. Coitado! Hoje ele foi titular e fartou-se de remar contra a maré. Não era o Bale do Tottenham mas em matéria de carregar sozinho com a equipa às costas andou lá perto. Outra coisa que mudou parece que foi o número na camisola. Parece que ele agora enverga a Camisola Vinte E Quatro. A confirmar. De referir ainda que o caceteiro Fucile se lesionou gravemente por ter caído mal num lance com o nosso amigo. Este facto arrancou-me um largo sorriso. Que bom, vamo-nos livrar do quezilento jogador uruguaio até ao fim do Campeonato. As canelas dos jogadores adversários estão mais seguras e as mães dos juízes da partida estão mais descansadas porque a sua honra e integridade não são mais postas em causa pelo Jogador Número Treze do Porto.

Isto foi o resumo do que se passou na fria Moscovo. Agora as coisas aquecem para outras duas equipas portuguesas que usam as mesmas cores de equipamento do Spartak. Especialmente o Braga ainda tinha de fazer algo porque aparentemente era a equipa portuguesa com a situação mais difícil. Só que...os benfiquistas nasceram mesmo para sofrer pelo seu clube.

Na Holanda, Gaitan já remata à baliza. Alguns minutos depois, há uma entrada assassina do Jogador Número Quarenta E Sete do PSV sobre Salvio. O árbitro só lhe mostra amarelo, talvez por olhar para ele e constatar que ele é apenas um miúdo. Um miúdo que entrou determinado a magoar. Provavelmente teria essas indicações porque Salvio foi o melhor jogador do Benfica na primeira-mão. Foi um lance que provavelmente terá decidido o futuro do Glorioso noutras frentes em que está envolvido, pois Salvio é provavelmente o jogador que mais falta faz nesta equipa. Teve de abandonar as quatro linhas e a lesão é grave. O que aquele jogador foi fazer! Lembrei-me da ocasião em que o guarda-redes belga, antes de um jogo contra Portugal, pediu aos colegas que inutilizassem Cristiano Ronaldo logo nos minutos iniciais do jogo. Este fez exactamente isso. Por sua auto-recriação ou porque alguém o mandou, o que é certo é que o estrago para este jogo e para os próximos do Glorioso foi imenso. Que raiva!

Enquanto que o guarda-redes do PSV sai aos pés de Saviola, o Dinamo de Kiev quase marcava em Braga. Seria um balde de água fria.

O Jogador Número Quinze do PSV remata por cima da baliza de Roberto. Na jogada seguinte, o Jogador Número Vinte E Dois marca o golo para os holandeses. Estamos ainda com seis minutos de jogo.

O Benfica responde. Coentrão quis tanto adornar o lance, que acabou por fazer um passe ao guarda-redes.

Começo a pensar que estes jogadores do PSV estão a agir de forma maldosa de propósito. O autor do golo do PSV agora entra de forma completamente despropositada sobre Gaitan que fica caído fora do campo. É o que eu digo, eles estão a entrar a matar sobre os nossos melhores jogadores. A equipa de arbitragem tem de fazer alguma coisa, nem que para isso tenha de meter aí uns quatro na rua e o PSV acaba o jogo com a derrota por inferioridade numérica. Eles não se comportam e estão a arrasar com os nossos melhores jogadores.

Enquanto que em Braga o Dinamo de Kiev ameaça marcar, na Holanda o PSV marca mesmo por intermédio daquele que está a ser o melhor jogador em campo- o Jogador Número Nove. Só fica a faltar um golo aos holandeses para se colocarem à frente na eliminatória. Ao que isto chegou! A culpa é do árbitro que deixou estar em campo um caceteiro que subtraiu ao Benfica de forma bárbara a sua melhor unidade.

Tudo complicado para o Braga, Paulo César vê vermelho directo ainda na primeira parte. Enquanto isso, o PSV continua a atacar por intermédio do Jogador Número Vinte E Dois. O Jogador Número Nove do PSV continua a fazer estragos. Não lhe dar uma dor de barriga súbita! Sim, porque os jogadores do Benfica não vão entrar-lhe às pernas como fizeram certos colegas de equipa do referido artista ao melhor jogador do Glorioso. No Benfica não há esse comportamento.

Cardozo ensaia o remate de longe, desta vez sai sem perigo. Mais uma entrada dura do jogador Marcelo do PSV sobre Saviola. O árbitro exibe o cartão amarelo ao jogador brasileiro.

Roberto volta a cruzar-se com o Jogador Número Vinte E Quatro do PSV, aquele que marcou um golo na primeira-mão sem saber ler nem escrever porque o espanhol lhe ofereceu a bola. Desta vez Roberto fez uma excelente defesa a remate deste jogador. Ainda o mesmo jogador remata ao lado.

Na sequência de um livre, o Braga cria muito perigo. Na Holanda, os Benfiquistas suspiram de alívio com a marcação do golo. O seu autor é Luisão que aparece a finalizar na área depois de um livre a penalizar uma falta sobre Carlos Martins. É para isso que serve o capitão de equipa!

O intervalo surge com o PSV a vencer o Benfica por 2-1 e com o Braga empatado em casa a zero com o Dinamo de Kiev.

Já na segunda parte, Lima poderia ter marcado o golo da equipa minhota mas o guarda-redes ucraniano opôs-se com uma grande defesa. Alan remata por cima agora. O Braga entra determinado em seguir em frente na Liga Europa e em fazer história.

O amigo do Roberto (é mais o Roberto que deve ser amigo dele)- o Jogador Número Vinte E Quatro do PSV faz mais um remate. Entretanto em Braga Alan volta a falhar mais uma oportunidade de golo.

O Jogador Número Nove do PSV que se chama Lens aproveita alguma desconcentração na defesa do Glorioso e remata ao lado. Na resposta, o guarda-redes do PSV defende um remate de Gaitan.

Marcelo carrega César Peixoto na área de rigor e o árbitro assinala grande penalidade. É melhor não fazer a festa, é o Jogador Número Sete do Benfica que já se apoderou da bola para marcar...para falhar, que é o mais certo. Eu não confio nele. Já aqui disse por várias vezes que não concordo em ser ele a marcar as grandes penalidades. Vi o Saviola contra o Porto a marcar este tipo de lance decisivo com mais confiança e convicção. Parece que a criaturinha não deixa os outros marcarem, é incrível. Se ele falha...

Bem, desta vez o Cardozo não falhou. Até admira e ainda bem. Se ele falhasse, podia já estar a contar com uma espera de adeptos para lhe darem uma sova. Às vezes é o que lhe apetece fazer. Aliás, parece que ele só funciona à base de ameaças, insultos e vaias. Veja-se o monumental jogo que ele fez em Alvalade depois de ter sido fortemente assobiado no jogo com o Hapoel! Agora voltou outra vez ao mesmo.

Lima volta a falhar um golo certo para o Braga. Gaitan também remata sem perigo à baliza do PSV.

O guarda-redes do Dinamo de Kiev volta a negar o golo aos jogadores do Braga. Desta vez foi a Hugo Viana. Carlos Martins também tenta alvejar a baliza do PSV mas o remate sai por cima.

Em Braga o Dinamo de Kiev quase marcava. Na Holanda há um choque entre Cardozo e o Jogador Número Vinte E Cinco do PSV. Os dois estão no relvado como se estivessem na praia. Falta ali o refresco e o guarda-sol.

Lima volta a falhar mais um golo certo. O avançado brasileiro anda mesmo com azar. Acabado de entrar, Hélder Barbosa também remata ao lado da baliza do Dinamo de Kiev.

Ambos os jogos chegam ao fim com duas igualdades. Enquanto que em Braga se registou um nulo, na Holanda registou-se uma igualdade a duas bolas entre o PSV e o Benfica.

Nas meias-finais, Braga e Benfica vão encontrar-se e o Porto terá de medir forças com os espanhóis do Villarreal.

Tanto barulho!

Hoje tive de me deslocar aos Covões. Desta vez iria ter ma consulta de Fisiatria. Era a primeira vez que ia ter este tipo de consultas e por isso também deveria andar nervosa e ansiosa. A juntar aos nervos que já trazia pela indecisão laboral, deve ser por isso que estou que nem posso. Parece que levei uma tareia. Estes últimos dias foram de loucos!

Mandaram-me estar por volta das oito da manhã nas consultas externas. Foi por isso que me levantei mais cedo e saí para a rua para apanhar o autocarro. Cheguei por volta das oito menos um quarto às consultas externas.

A certa altura apareceu uma senhora já de idade com umas roupas cor de laranja. De início não percebi o que ela vinha ali fazer mas presumo que seja alguma voluntária que tinha por objectivo ordenar as pessoas e tirar as respectivas senhas. A tarefa não se afigurava nada difícil porque os Portugueses são desorganizados por natureza e arranjam sempre complicações onde não as há.

Ainda por cima aparecem ali pessoas que parece que nunca viram nada ou nunca viveram civilizadamente. Destaque-se a Mulher Do Casaco Azul E Blusa Florida Por Fora Das Calças que usou um tom de voz demasiado elevado para chamar outra pessoa. Tal comportamento desajustado levou algumas pessoas a rirem-se e algumas afirmaram mesmo que a referida criatura se esqueceu onde estava e pensou estar no campo a chamar os animais ou as vizinhas da aldeia. Ainda me ri mais. Uma senhora a meu lado questionou o que eu já venho a questionar aqui há anos, o facto de só nos rirmos do mal. E ela ria também porque a criatura andava para a frente e para trás a chamar outra pessoa aos berros.

Depois de me inscrever no balcão, fui-me sentar numa cadeira na sala de espera. Já não me lembrava de estar ali. Desde que o pavilhão de Oftalmologia passou a ser à parte, não tenho esperado ali. Já sabia que as pessoas ali fazem imenso barulho e é necessário mandá-las calar aos berros. Elas estão um ou dois minutos caladas. Findo esse tempo, logo os decibéis sobem novamente para níveis incomportáveis. Muito barulho faz tal gente!

Há uma nova lista de chamada a ser lida, o barulho ensurdecedor de vozes abafa a chamada e é preciso mandar novamente calar aquela gente toda com dois berros. Como eu me estava a divertir só a observar o incrível fenómeno! E, à partida, grande parte das pessoas ali não se conhecem. Imaginem se acaso se conhecessem. Então ninguém aguentava aquilo. É demais!

Eram quase onze da manhã quando fui chamada. Notava-se o desgaste dos últimos dias e a médica reparou nisso. Foi me marcada uma consulta para acompanhamento psiquiátrico e nada mais havia a fazer enquanto não tivesse a minha vida resolvida.

Apanhei o autocarro de volta mas ainda fui almoçar. Havia que aproveitar a fome que me assolava. Nos últimos dias não sentia fome. A comida enfastiava-me. Acabei por ir à Telepizza onde encontrei um velho amigo meu.

Tinha em vista entrar no trabalho às duas horas mas perdi o autocarro e não me aventurava a ir a pé nas condições em que ainda estava. Como tinha a falta justificada para todo o dia, resolvi tentar descansar um pouco, a ver se as palpitações não me incomodavam, se o meu coração ansioso dava tréguas. Acabei por descansar um pouco e as dores de cabeça passaram um pouco.

E Ronaldo lá marcou

Depois da larga vantagem conseguida por 4-0 na primeira-mão, ao Real Madrid pouco mais restava que não fazer uma espécie de jogo-treino e impedir que os seus jogadores mais influentes com cartões vissem um segundo cartão amarelo que os colocasse fora das meias-finais.

Logo aos quinze segundos, Cristiano Ronaldo já aparece caído no relvado. Também Bale (lembram-se dele?) aparece caído na área mas o árbitro nada assinala. Aliás, este jogador do Tottenham já no jogo da primeira-mão me pareceu um jogador interessante. Vamos ver se não estamos na presença de um craque! Agora passou por dois jogadores do Real Madrid que não são uns jogadores quaisquer. Temos craque, sem dúvida nenhuma.

O Tottenham volta a reclamar uma grande penalidade por falta de Xabi Alonso sobre Luka Modric. Parece-me que houve mesmo falta e os ingleses tiveram mesmo razão para protestar.

Ronaldo inventa mais uma jogada individual que ele próprio conclui ao lado da baliza de Gomes. Na resposta, a bola sai por cima da baliza de Casillas rematada por um jogador do Tottenham.

Já é a terceira vez que os ingleses reclamam grande penalidade! Irra! Se fossem todas assinaladas, o Tottenham poderia a esta hora estar a discutir ainda a eliminatória. Entretanto o Real Madrid começa a carregar e Gomes tem de se aplicar.

Agora há um golo invalidado ao Tottenham. O autor foi...Bale. Não podia ser outro. Começo a gostar deste jogador e, de facto, não o conhecia. Agora os jogos internacionais dão por TVCabo e os resumos dão tarde de mais para quem trabalha, logo não estou tão por dentro do que se passa no Futebol Internacional como há uns dez anos atrás. Este jogador é um achado!

Ricardo Carvalho vê amarelo e falha o próximo jogo que será apenas e só contra o Barcelona.

Casillas agora tem de se aplicar um pouco mais. Há um remate do Jogador Número Nove do Tottenham a que Casillas responde com uma enorme defesa. O Tottenham parece que ainda quer discutir o jogo apesar de a diferença no resultado ser enorme.

O intervalo chega com um nulo no marcador mas quem deveria estar a vencer, no meu entender, era o Tottenham e Bale já merecia um golito.

A segunda parte chega com o golo do Real Madrid apontado por Cristiano Ronaldo. O guarda-redes brasileiro que é só conhecido por Gomes, até porque o seu nome próprio é um pouco invulgar (ninguém se chama Heurelho, só mesmo no Brasil é que é permitido colocarem estes nomes às crianças que elas terão de carregar para o resto das suas vidas), facilitou muito a vida ao madeirense.

Com a eliminatória resolvida, o Tottenham começa a rematar mais à baliza. O primeiro remate vai por cima. Defoe depois proporciona uma grande defesa a Casillas.

Do outro lado Gomes também brilha. Mal entrou, Kaká já colocou o seu compatriota a trabalhar.

Defoe tenta novamente sem perigo. Este jogador e Bale parecem ser os únicos que alvejam a baliza de Casillas na segunda parte. Eu diria que Bale incomodou o jogo todo. Já na primeira-mão foi assim. Deve ser mesmo o estado normal dele. Luís Freitas Lobo é que diz que ele é capaz de fazer jogos espectaculares e outros em que mal se vê. Se calhar devo ter tido a sorte de assistir a dois jogos em que ele acordou bem disposto e lhe apeteceu dar uma de craque, até para fazer inveja a certo craque que ainda choraminga do facto de Messi ser o melhor do Mundo. Ninguém terá mais hipóteses enquanto o argentino estiver a jogar. Qualquer dia institui-se o prémio de quem é o melhor jogador do Mundo a seguir a Messi. Isto quando uma equipa de cientistas americanos altamente qualificados conseguir provar através de árduo trabalho de experiências em laboratório que Messi é acima de humano. Como isso jamais vai acontecer, Ronaldo, Bale e outros contentam-se a ver o argentino do Barcelona a erguer o troféu.

Marcelo tenta o chapéu a Heurelho Gomes (muita piada acho eu a este nome!). Seria um golo fenomenal, caso a bola entrasse.

Van Der Vaart remata por cima da baliza da sua antiga equipa. O mesmo desfecho tem um livre que Granero pediu muito a Kaká para ser ele a marcar.

O jogo chega ao fim com a vitória do Real Madrid por 1-0. O Tottenham não merecia sair daqui em branco e muito menos com uma diferença de cinco golos. O culpado desta situação foi Peter Crouch que foi expulso de forma infantil bem cedo na primeira-mão. Sem um elemento logo contra o Real Madrid, o Tottenham cedo se viu condenado a ficar pelo caminho. Destaque para Bale que não merecia este desfecho pelo muito que trabalhou nos dois jogos.

Thursday, April 28, 2011

Estrada de sangue

Este pesadelo só deve encontrar paralelo com aquele que tive em Março de 2007 e que continua a figurar como sendo o pior que tive ao longo de toda a minha vida (ver texto “Foi horrível”). Também o ano passado cheguei a ter outro pesadelo (em Junho, penso eu) que também não se ficou atrás. Este ainda hoje me acompanha, especialmente a imagem da estrada e o som dos gritos da minha mãe a implorar que me afastasse dali.

Comecemos a narrar este sonho que até começou algo inofensivo e se veio a transformar nisto que ainda hoje, alguns dias passados, me arrepia só de relembrar. O facto de me ter deitado por cima da roupa e de ter tido um sono agitado devido à febre podem explicar isto. Deu para incomodar e muito.

Sonhei que a minha irmã tinha comprado uma casa assombrada do estilo do hotel do livro do Stephen King. Aquilo era simplesmente...o Coimbra Shoping.

Agora estou sentada na sala a fazer zaping à televisão. Num dos canais dava aquela imagem fixa com música de antigamente. Noutro canal dava uma novela com muitas crianças como protagonistas. Havia um bebé que estava completamente nu e o protagonista era um miúdo aí com uns dez anos que envergava uma camisola do Benfica do Aimar. A cena passava-se numa escola onde uma terceira criança de nome Ricardo chorava, alegadamente, por ter de mudar de escola e ter de deixar os seus amigos.

Voltei a mudar de canal. Ali davam provas desportivas variadas. Havia uma prova de Ciclismo-Tandem em que Carlos Ferreira (tinha trocado o Atletismo pelo Ciclismo) e o seu guia caíram, levantaram-se e venceram. Então já havia equipas tandem em Portugal? Tinha de começar a andar de bicicleta a todo o custo.

Agora começa a parte crítica deste sonho! Encontro-me na casa de forno onde a minha mãe conversava com a Senhora Justina. Penso que elas estavam a depenar frangos. A luz estava apagada. Envergava o meu velho fato de treino verde e uns chinelos azuis-bebé que já não tenho. Andei com eles rotos até à última e era assim que eles também estavam no sonho. Este pormenor dos chinelos é incrivelmente importante. Já vão ver!

A conversa foi interrompida por um barulho típico de viaturas a chocarem. Alguns segundos depois já se ouviam as ambulâncias e demais viaturas que possuem alarme. Na realidade não seria tão rápido, o socorro às vítimas, mas isto é um sonho e ainda bem que o é, apesar de ter um realismo impressionante.

O acidente era acima de minha casa, junto ao campo onde costuma estar a madeira e onde se deu o incêndio em 2008. Os veículos envolvidos eram uma camioneta branca de caixa aberta conduzida por um homem de meia-idade e um carro vermelho em que seguiam duas mulheres, alegadamente mãe e filha. A ocupante mais nova chamava-se Márcia. Não conhecia nenhum dos envolvidos.

Por curiosidade, fui ver o acidente que terá sido provocado por lama e pedaços de madeira que terão resvalado para a estrada. Estranhei o facto de estar ali apenas e só um carro de bombeiros daqueles dos incêndios que largava imensa água. Em contacto com sangue, essa água inundava a estrada numa espécie de rio vermelho. Um cenário que antevia o pior.

Sentia a água a entrar pelos buracos dos chinelos e a molhar-me os pés. A sensação era incrivelmente real. Já tinha os pés submersos naquele charco horrível. Vendo o que se estava a passar, a minha mãe gritou-me de uma forma quase histérica para que saíssemos dali e nos fôssemos embora imediatamente. Aquela imagem aterradora e os gritos de desespero e súplica da minha mãe ainda hoje me causam arrepios. Parece mesmo que vivi aquilo intensamente, as sensações eram reais e isso é que impressiona. Aquele final de tarde, o aparato de um acidente, a água a invadir os meus pés desprotegidos, os gritos lancinantes da minha mãe...

A senhora mais velha das que ocupavam o veículo ligeiro saiu amparada pelos bombeiros na direcção da berma da estrada contrária a minha casa. Apesar de já ser quase noite, pude ver que se tratava de uma senhora de cabelos brancos Dava sinais de estar algo nauseada, pronta para se desfazer em vómitos.

A outra ocupante do mesmo veículo, uma mulher que aparentava ter cerca de trinta anos, saiu da viatura logo de seguida, exibindo o sobrolho aberto e a sangrar abundantemente. O sangue que era visível na estrada jorrara dali e parecia mais em contacto com a água.

Do condutor da camioneta não há registo mas parece que nem ferimentos sofreu. O carro vermelho é que estava destruído. Apesar de todo o aparato, de toda a sangria, houve apenas feridos ligeiros a registar.

Depois de ter os pés molhados pela água sangrenta que corria na estrada, vá-se lá saber por que saltei o muro da eira e não entrei pelo portão. Se era para não molhar os pés, então era tarde de mais. Um pormenor; hoje em dia, é impossível saltar aquele muro porque tem grades em toda a volta. No sonho não tinha e por isso foi possível saltar.

Quando saltei, a eira estava cheia de galhos e de lenha. Quase me magoava. Fiquei ali parada. A ambulância do INEM passava para baixo com as luzes ligadas mas sem alarme. Imediatamente a seguir à passagem da ambulância com as vítimas daquele acidente, ia havendo outro acidente no mesmo local. A estrada tinha ficado mais molhada e mais perigosa.

Fui então para casa. Observava a Feijoa enroscada num saco de farinha.

Acordei aliviada por nada daquilo se ter passado na realidade mas a crise de ansiedade dominava-me. Eram cinco da manhã. Pouco ou nada dormi. Não tinha febre mas os sintomas de dias anteriores ainda se faziam sentir. Atribuo isto aos nervos e à ansiedade crescente por todas as indecisões da minha vida. O medo de chegar ali e as coisas correrem mal é imenso.

O impossível

Esta é a jornada onírica que antecede provavelmente o dia mais difícil de trabalho. Não me sentia bem, com todo o tipo de problemas que incomodam e mais alguns. Os sintomas eram muito dispersos e começava a ter febre sem que algum desses sintomas o pudesse causar. Aguardem!

Sonhei que era o meu último dia de trabalho e também que era o dia do meu aniversário. Que mau sinal, se acaso eu ainda não tiver mudado até essa altura.

Tive de discutir com duas colegas minhas. Nunca mais me davam o bolo e eu tinha o autocarro para apanhar.

Quando cheguei a casa, havia uma terrível notícia à minha espera. Uma idosa da minha terra conhecida por Ti Anunciação (mais uma que na realidade já faleceu há anos) tinha morrido carbonizada porque ninguém a socorreu de uma fogueira descontrolada que ela própria acendeu. Já é a segunda vez no espaço de pouco tempo que sonho com idosas que morrem queimadas e que na realidade já morreram. Aqui há dias tive oportunidade de relatar aqui um sonho parecido. A curiosidade é que estas idosas já falecidas foram vizinhas. Que significará isto?

Agora passemos a coisas mais agradáveis, mas não menos estranhas. Imagine-se que havia um jogo de Futebol Feminino em que uma das jogadoras se chamava...Sérgio. Bem, hoje em dia tudo é possível.

Mais estranho ainda era o facto de as jogadoras terem de jogar com uma espécie de capas, semelhantes às usadas na Bandeira Humana de 2006. As atletas estavam indignadas por não as terem deixado jogar com equipamentos funcionais.

O meu pai e o meu vizinho, que estavam a ver aquilo na televisão na sala de minha casa, mudaram de canal e aí já estava a dar um jogo de Futsal. Para mais logo estaria marcado um jogo entre o Benfica e o Porto.

Nem sei como acabei esta jornada de trabalho. Faltavam dez minutos para sair, tinha acabado de sair uma fornada de pão quente. O calor do forno e do pão estavam a incomodar-me bastante e estava a ver que me dava alguma coisa.

A minha chefe queria que eu saísse mais cedo mas eu ainda etiquetei o pão, apesar de já não estar a ver bem o que estava a fazer.

Quando cheguei à rua, fiquei um pouco melhor e esperei o autocarro. Nada de me pôr a pé nestas condições. Quando cheguei a casa tinha 38,3 de febre. Nada se fez. Estavam servidos os condimentos para a terrível noite que passo a relatar no texto a seguir. Mais um pesadelo não recomendável a pessoas sensíveis. Alguns dias passados, aquela imagem e aqueles gritos da minha mãe não me largam.

Chegarei um dia a ter o meu próprio automóvel?



Estava a ouvir rádio e chamou-me a atenção um dos muitos anúncios de automóveis em que são mencionadas todas as novas funcionalidades e tecnologias adicionais do veículo.

Para além do GPS, e de uma coisa que se chama tonton que eu ainda não percebi para que serve, agora há veículos com sensores de estacionamento e com sensores que reconhecem os sinais de trânsito, bem como a proximidade de outros veículos. Isso é uma maravilha!

Comecei a reflectir; será que um dia os automóveis irão evoluir em termos tecnológicos tanto que seja possível a uma pessoa deficiente visual ter o seu próprio veículo e assim evitar muitas complicações com as vicissitudes de se ter de sujeitar aos transportes públicos que não chegam a horas e que cada vez mais estão em greve?

Se há carros que nos dizem através de sistema de voz onde vamos, se eles reconhecem os sinais da estrada, se se afastam dos outros veículos e estacionam sozinhos, que mais faltará? Muito pouco para que eu e outros amigos meus deficientes visuais possamos ver, finalmente, concretizado o sonho de nos deslocarmos sem restrições. Seria óptimo! Falta é o dinheiro para adquirir um veículo assim mas presumo que haverá ajudas, tal como existem nos casos dos veículos adaptados a deficientes motores. Se calhar o obstáculo daqui a uns anos é que passará a ser normal os automóveis serem todos assim.

Com ou sem ajuda, não me importava nada de ter um carrito para ir onde me apetece. Nem que eu tenha oitenta anos quando passar a ser possível nós termos o nosso carrito. Com o rumo que as coisas levam, talvez tenha de esperar menos. Uns dez, no máximo vinte anos para concretizar o sonho.

Como o sonho e a esperança não morrem, há que sonhar e esperar por veículos mais desenvolvidos que só nos transportem onde quer que nós vamos através de indicações computorizadas previamente escolhidas por nós através de software de voz. E boa viagem!

Descompressão antes das decisões da Liga Europa

Porto e Benfica jogaram ambos com duas equipas que lutam pela manutenção e mostraram que, com as classificações na Superliga já alcançadas e com o pensamento já na Liga Europa, há que descomprimir e jogar sem riscos.

O Porto venceu o Portimonense por 3-2. Como já se sabe que ganharam o Campeonato, a turma de André Villas-Boas cumpriu apenas os serviços mínimos perante um Portimonense que ainda está na luta pela manutenção.

A primeira parte foi bastante monótona. Segundo os sábios comentadores da TVI que transmitiu o encontro, a apatia dos jogadores do Porto devia-se, imagine-se, ao facto de ainda estar sol e calor à hora do jogo e os Excelentíssimos Senhores Jogadores do Porto já não estarem habituados a jogar nessas condições. De rir! Mais valia estarem calados! Evitavam de cair no ridículo. A verdade é que, naturalmente, não valia a pena os jogadores se estarem a cansar em demasia porque havia uma longa viagem até à Rússia para fazer. Apesar da grande vantagem com que o Porto parte para a segunda-mão, nunca se sabe o que ainda poderá acontecer. Dizem que o Spartak é uma equipa muito forte em sua casa e as hostes portistas já estarão avisadas para isso. E se houvesse uma lesão num jogador influente? Como é que era? Estes jornalistas...

A segunda parte foi bastante diferente. Foi nesse período que foram conseguidos os cinco golos que a partida teve e poucas mais oportunidades houve. Vieram, portanto com a pontaria afinada.

Hulk inaugurou o marcador, Ruben empatou para os algarvios na sequência de um lance de bola parada, Falcao voltou a dar a vantagem ao Porto mas o Portimonense voltou a empatar por intermédio do Jogador Número Oitenta E Dois. Maicon marcou finalmente o golo da vantagem. O central brasileiro anda muito goleador. Já na passada quinta-feira marcou um dos golos com que o Porto venceu por 5-1 o Spartak de Moscovo.

O Benfica não jogou ao sol mas voltou a apresentar uma equipa de reservas muito pouco rodada perante a Naval de Carlos Mozer que fazia ali o jogo da época para fugir da zona de descida.

Bem cedo a Naval se superiorizou no jogo e materializou esse domínio no golo apontado por Bruno Moraes. Júlio César, titular neste jogo, não fica isento de culpas.

Depois do golo da Naval, o Benfica tentou correr atrás do prejuízo e chegou também ao golo que também foi marcado por um avançado brasileiro. O autor do golo foi Alan Kardec. Foi com um empate a uma bola que se chegou ao intervalo.

Na segunda parte houve um festival de oportunidades desperdiçadas pelo Glorioso. Com as entradas de Aimar e Salvio, foi notória a melhoria na qualidade do Futebol praticado mas as oportunidades eram escandalosamente desperdiçadas.

Quem não marca sofre e o Benfica teve mesmo de sofrer o segundo golo da Naval em jogada individual de Marinho.

Foi uma jornada de poupança em que os dois primeiros classificados do campeonato, sem nada a perder, nem a ganhar, se limitaram a gerir o esforço e o plantel a pensar na jornada europeia.

Parai-mo

Estou a ficar sem paciência absolutamente nenhuma para certas coisas. A principal é a deslocação aos domingos de comboio até à minha terra. Para quando a vinda de autocarro às sextas-feiras à tarde? E nunca mais mudo de local de trabalho e de funções.

Com o que aconteceu, ainda mais enervada fico com a continuação deste impasse. Espero que com o reconhecimento do local de trabalho as coisas se resolvam.

Tem razão a minha prima quando diz que gosta mais de viajar na primeira carruagem que é a que tem a máquina do comboio e a casa de banho. A partir de hoje, também eu vou viajar sempre nessa por causa das coisas. Nessa vai sempre gente. Mesmo que o comboio esteja na linha quatro, nem que tenha de andar um quilómetro para entrar nessa carruagem. Só não quero é que se repita o mesmo episódio de hoje.

O comboio estava na linha quatro e eu entrei na carruagem que estava mais perto. Esta levava apenas três pessoas que saíram antes de mim. Fiquei eu sozinha na carruagem.

Disse eu que o comboio não parou bem onde costumava parar, que mal parou no apeadeiro e que o anúncio da paragem se deu quando o comboio já estava parado. Depois pensei melhor e constatei que não vi a placa com o nome da estação porque simplesmente estava na última e não na primeira carruagem. A paragem foi curta porque não saiu ninguém ali.

Quando vi que o comboio tinha passado a estação, não me restou alternativa, se não sair no Paraimo que era a próxima paragem. Fui para junto da porta e tive de sair ali. Não havia ali ninguém.

De referir que nunca na vida estive em tal sítio. A estação até é um pouco parecida com a de Mogofores. Tive de telefonar a um táxi para me vir buscar. Já tive de pagar mais, pois.

Para a próxima já sei o que tenho de fazer; vou na carruagem onde está a máquina. Espero sinceramente que esta tenha sido a última vez que venho de comboio. Se houver próxima já sei o que fazer para evitar estas chatices que só me enervam ainda mais do que eu estou.

Reconhecimento

Já começo a ficar impaciente com o constante adiamento da minha mudança de local de trabalho há muito prometida. Já era para ter sido há mais de um mês e, a partir daí, têm vindo a adiar constantemente por surgirem imprevistos de última hora.

Tudo isto me deixa ansiosa, nervosa, apreensiva, com medo de não estar à altura, de não conseguir fazer alguma coisa. Adiar isto por mais um dia que seja é prolongar a minha angústia e o meu sofrimento.

Esta mudança também vai implicar novas alterações na minha rotina e tirará um peso de cima de mim que é o dos transportes. Estando perto de onde eu vivo, passo a ter mais tempo livre para fazer o que quiser, para conciliar as minhas actividades. São quase duas horas que se perdem a esperar autocarros. Levantando-me à mesma hora, tenho ainda tempo de fazer alguma coisa.

Depois há ainda a questão dos fins-de-semana e dos feriados que já não vou fazer. Para quem está longe de casa, isso é ouro sobre azul. O Verão vem aí e vou poupar muito dinheiro com as caminhadas até à paragem da camioneta. Nunca mais me livro dos comboios ao domingo e do dinheiro que tenho de pagar a táxis da estação para minha casa. Com os fins-de-semana livres também irei ter oportunidade de participar noutras actividades da ACAPO. Sinceramente, sinto falta de fazer algo diferente de vez em quando.

Todas estas regalias são encaradas com um entusiasmo moderado por ter medo de falhar em alguma coisa. É disso que tenho medo e este medo e esta ansiedade já duram há um mês.

Surgiram notícias precisamente no dia em que eu acordei nervosa por ver os dias a passarem sem notícias. À tarde havia que reconhecer o local de trabalho. Não fiz o reconhecimento do percurso por a zona já me ser familiar. Os bastidores da loja e a famosa escada onde muita gente normovisual caiu eram os pontos a abordar.

Saí uma hora mais cedo para ir ter à ACAPO. Apesar de estar imenso calor, fui a pé até lá. Comi à pressa uma salada de atum e apanhei o autocarro para baixo juntamente com as técnicas da ACAPO.

Chegámos lá e o chefe da loja mostrou-nos os bastidores do estabelecimento. A temível escada afinal tem os degraus marcados nas pontas com metal. Para mim é uma maravilha. As pessoas normovisuais, por incrível que pareça, costumam ter mais quedas e acidentes do que nós. Eu não me lembro de ter caído num chão molhado. Em contrapartida, vi uma monumental queda de uma colega minha que quase se magoou gravemente. Ali com aquela escada deve ser a mesma coisa. É uma escada normal, até está marcada nas pontas como eu gosto e tudo. Tanta coisa e afinal a montanha pariu um rato. Eu por causa das coisas até comprei uns sapatos com solas de borracha. Contando os degraus e, naturalmente, andando com cuidado, farão o resto.

Cheguei ao meu gabinete. Sim, vou ter um enorme gabinete só para mim. Ninguém me vai chatear. Parece-me a mim que o espaço é enorme mas por agora está vazio. Não vejo a hora de começar!

Depois de fazer mais uma vez o percurso e de conhecer o resto das instalações, apanhei sozinha o autocarro para cima e voltei a pé para o trabalho. Foi mais meia hora.

De referir que resolvi vir a pé novamente para baixo do trabalho. Com tudo isto já levava cronometrada mais de uma hora e meia de caminhada

Nota dez para as equipas portuguesas

Para este final de tarde, estava marcada mais uma jornada de Liga Europa que se esperava ser positiva paras as três equipas portuguesas que ainda disputam os quartos de final da competição. Veremos o que esta maratona de Futebol nos reservou!

Os três jogos vão dar em simultâneo, o que se afigura de dificuldade acrescida para mim. Nada que não se resolva! Começo então pelo Estádio do Dragão, com o colombiano Guarin já a rematar com perigo à baliza do Spartak de Moscovo.

Na Luz há um remate perigoso de um jogador do Benfica que a mim me pareceu o Maxi Pereira.

Com cinco minutos de jogo, o Braga já perde com o Dinamo de Kiev. Assim vão as três partidas das três equipas portuguesas. Feito um ponto de situação nos estádios, continuemos a relatar tudo quanto interessa e não interessa.

Há a registar um remate ao poste de Saviola a passe de Salvio. Enquanto isso, Varela também tem uma oportunidade de marcar o golo do Porto mas falha.

Sobre aquele remate ao poste de Saviola, Paulo Sérgio da Antena 1 tece o seguinte comentário:
- “Há pouco não cabia nem uma fatia de fiambre entre a bola e o poste no remate de Saviola”
A gastronomia sempre ligada ao Futebol, uma tradição que terá atingido o ponto de rebuçado (não saindo do mesmo campo semântico) com Pinto da Costa e a sua frutinha, os seus rebuçadinhos e o seu café com leite.

Voltando ao que estamos a fazer, o Benfica está a dar espectáculo. Dá gosto ver o Glorioso jogar assim. A contratação de imensos jogadores argentinos pelo menos proporciona o tal Futebol artístico que leva muita gente a perder o amor ao dinheiro e a comparecer aos jogos.

Agora o ponto da situação é o seguinte: Helton nega o golo a um avançado brasileiro do Spartak, Salvio remata à baliza do PSV com perigo e o Braga chega ao empate na Ucrânia através de um autogolo de um adversário. Este golo conseguido fora poderá ser decisivo. Uma maravilha! De referir que vamos com treze minutos de jogo.

Só aos vinte minutos é que o PSV começa a colocar as garras de fora através de remates consecutivos à baliza. A jogada do avançado sueco Berg causou alguns embaraços.

O Benfica continua a rendilhar a sua excelente exibição na primeira parte. Cardozo remata de longe, rasteiro e ao lado. O mesmo protagonista, depois de uma magnífica jogada colectiva, tem outra oportunidade mas o guarda-redes adversário defende para canto. O Benfica já devia estar a ganhar por uns dois ou três golos. Até é um crime não haver golos para o nosso lado!

O Benfica está mesmo a ter azar. Gaitan desperdiça mais uma oportunidade, enquanto que Cardozo chega a introduzir a bola na baliza da equipa holandesa mas é-lhe assinalada posição irregular.

Já começava a tardar o golo do Glorioso mas Aimar marcou finalmente o golo que já merecíamos. Para não se ficar atrás, o Porto marca o seu primeiro golo exactamente ao mesmo tempo do nosso por intermédio de Falcao. Estávamos com trinta e sete minutos de jogo.

Na Luz há um remate muito venenoso de Salvio e no Dragão, Falcao falha o seu segundo golo no jogo.

O Jogador Número Oito do Benfica já merecia este golo pelo muito que tem feito neste jogo e o Benfica merecia claramente estar até a ganhar por mais de dois golos.

O intervalo chega então com o Benfica a bater em casa o PSV por 2-0, o Porto também vence o Spartak de Moscovo por 1-0 e o Braga empata na Ucrânia com o Dinamo de Kiev a uma bola. Até ver, está tudo a correr de feição às equipas portuguesas.

O relato da segunda parte das partidas começa com um cabeceamento de Cardozo por cima a cruzamento de Gaitan. O mesmo jogador volta a tirar outro cruzamento com o mesmo desfecho. Desta vez foi Saviola a cabecear e não Cardozo.

Grande golo de Salvio! Que belo tratamento que deu na bola! Está de longe a ser o melhor jogador do Benfica. Senhor Luís Filipe Vieira, antes de pensar em gastar dinheiro em reforços para a próxima época, trate de accionar o direito de opção sobre este jogador, que é para esses invejosos do Norte não se chegarem à frente, como têm feito noutras ocasiões. Vale bem a pena qualquer dinheiro gasto neste jogador. É o melhor jogador do Benfica neste momento e mais nada.

O PSV responde com um remate rasteiro à figura de Roberto. Na equipa holandesa, o Jogador Número Oito viu um cartão amarelo.

No Dragão, há a destacar um remate perigoso de Silvestre Varela por cima da baliza do Spartak.

Berg continua a criar perigo e a obrigar Roberto a aplicar-se. O Benfica responde com um remate de Saviola por cima.

Já no Dragão, Hulk, de livre, envia a bola à trave. Na recarga a bola vai por cima rematada por Fernando.

Com mais um jogador em campo porque Shevshchenko foi expulso, o Braga tem um remate perigoso mas sem consequências.

Nos outros jogos, enquanto que Saviola desperdiça mais um golo, Varela faz o segundo golo do Porto.

Na Luz, Cardozo remata com força para defesa do guarda-redes do PSV que se volta a aplicar no cabeceamento de Luisão resultante do canto.

Há um livre que passa por todos os jogadores que estão na área. De referir que esse livre resultou de uma falta do Jogador Número Catorze do PSV sobre o jogador com o mesmo número na camisola do Benfica que é o Maxi Pereira. Ele viu amarelo e não joga no próximo jogo.

No Dragão assistem-se a dois golos num curto espaço de tempo. O central brasileiro Maicon aproveita um frango do guarda-redes do Spartak e os russos reduzem imediatamente a vantagem dos portistas.

Não nos podemos rir dos frangos dos outros. Afinal de contas, temos o maior especialista do Mundo a dar frangos. Pode-se mesmo dizer que os frangos de Roberto são os únicos com cocorocó. Vinha um jogador da linha lateral em passo de corrida. Vinha do banco de suplentes. Tinha acabado de entrar. Roberto desviou a bola para a frente e esse jogador que vinha a posicionar-se, imagine-se, apanhou a bola sem saber como. Estava a escassos segundos em campo, o tempo que ele demorou a chegar à área. Se perguntarem ao Jogador Número Vinte e Quatro do PSV como é que ele marcou o golo, talvez ele não possa explicar. Vinha a entrar, simplesmente isso. Roberto reabriu a capoeira que pareceu estar fechada algum tempo.

James também coloca o guarda-redes do Spartak a trabalhar com um remate perigoso desviado para canto. Entretanto o guarda-redes do PSV também se aplica quando lhe enviaram a bola rasteira.

Falcao faz o quarto golo para o Porto e o seu segundo no jogo. Entretanto, galvanizado pelo golo que lhe caiu do Céu, o PSV cria perigo no Estádio da Luz.

Agora dá-se o inverso da marcação dos primeiros golos de Porto e Benfica nesta jornada europeia. Falcao marca primeiro o golo do Porto e faz o hattrick e Saviola marca mais um golo para o Benfica que é o quarto.

Os jogos chegam ao fim com os seguintes resultados: Porto 5-Spartak de Moscovo 1, Dinamo de Kiev 1- Braga 1 e Benfica 4- PSV 1. Pode-se dizer que tudo esta bem encaminhado para que tenhamos as nossas três equipas portuguesas nas meias-finais da Liga Europa. Estará em perspectiva um confronto ente o Braga e o Benfica. À outra equipa que não é portuguesa será o Villareal que esmagou os holandeses do Twente e irá medir forças com o Porto. Só uma catástrofe impedirá o confronto ibérico.

Ainda teremos a segunda-mão destes jogos para a semana mas penso que nada se irá alterar. As equipas portuguesas merecem mesmo nota dez pelo que fizeram hoje.

Wednesday, April 27, 2011

“Você Acredita Em Deus? ” (impressões pessoais)



Começo a abordagem desta pequena obra de forma diferente. É a primeira vez que conheço pessoalmente o autor de algum livro que eu leio.

Esta história começou há uns dias atrás enquanto esperava a camioneta em Anadia. Um senhor já de uma certa idade abeirou-se de mim e perguntou-me a que horas era a camioneta ou se havia ligação para o comboio. Era bom, era, haver ligação para o comboio!

Ele queria chegar a tempo da abertura de algumas livrarias. Ainda não eram nove da manhã. Trazia um saco com livros que tentava vender nas lojas e começou a explicar que tinha de os vender ele mesmo porque as editoras cobravam bastante sobre os direitos de autor.

Resolvi colaborar e comprar-lhe um. Lembrei-me que também gostaria que alguém comprasse o meu livro se acaso o vendesse assim directamente. Foi então que o senhor me começou a explicar a temática do livro.

Por instantes pensei que ele fosse de alguma seita religiosa. Leria o livro na mesma. Gosto sempre de perceber o ponto de vista de pessoas de religiões diferentes. Não faz mal nenhum aprender um pouco só a título de curiosidade, tal como eu faço. Sou muito aberta nessas questões de abordar o sobrenatural mas sou muito céptica quanto a crer em tudo ou em parte do que leio ou do que me dizem.

Ele ia-me explicando as temáticas abordadas na sua pequena obra. A certa altura disse-me que abordava ali uma questão que sempre me intrigou. Por que é que os animais adivinham a morte das pessoas? Nunca cheguei a perceber isso.

Depois começou a falar da forma pouco convencional como curava algumas doenças. Imediatamente me comecei a lembrar de um sonho que tive há tempos e que relatei neste espaço. Era um sonho de uns brasileiros e de curas alternativas, não me lembro que título dei a esse post.

Estive ali uns bons vinte minutos a conversar com ele e a fazer-lhe perguntas. O meu interesse era genuíno, motivado pela curiosidade que nutro por esses temas do Desconhecido.

O homem afastou-se. As livrarias já deviam estar abertas e eu fiquei com dúvidas quanto à doutrina professada pelo meu interlocutor.

Como estava quase a terminar o livro que estava a ler, resolvi que esse que comprei ao próprio autor seria o próximo a ser lido e assim fiz.

Com o decorrer da leitura, depreendi que se tratava de um espírita ou de um médium. Ainda me interessei mais pela matéria abordada.

Desde logo li algo que vem de encontro ao que eu penso também e já tive aqui oportunidade de reflectir nisso. Deus e Jesus Cristo não têm religião. Segundo a minha óptica que passo a repetir, as diferentes religiões que existem no Mundo foram fruto de umas quantas interpretações diferentes da Bíblia por parte do Homem. Um dia destes prometo ler a Bíblia na íntegra. É uma lacuna que reconheço que me falta para estar mais à vontade para abordar esta temática. A novidade nesta obra é que parece que Deus não gosta que o Homem professe uma religião. Esta tese é sustentada no facto de se travarem muitas guerras em nome da religião e no facto de as igrejas serem regidas por interesses económicos e materiais. É verdade, o Vaticano é riquíssimo. Qualquer dessas seitas religiosas evangélicas exige aos seus membros o pagamento de uma percentagem do que ganham. Deus gostaria disso? O dinheiro compra o Céu? Acho que não, senão só os ricos é que lá estariam.

A teoria da reencarnação ganha cada vez mais adeptos, recolhem-se cada vez mais provas e testemunhos da sua veracidade mas eu ainda tenho dúvidas, apesar dos testemunhos impressionantes que li nesta pequena obra. Segundo esta teoria, Deus dá tantas oportunidades ao mesmo espírito para se purificar através da reencarnação num corpo diferente, quantas as necessárias para aprender com os seus erros.

As explicações para a homossexualidade, para as doenças e deficiências e para as provações que muitas pessoas vivem ao longo da sua vida têm a ver com os erros que o espírito cometeu em vidas passadas num corpo de carne e osso. É possível que assim seja mas é muito discutível. A homossexualidade e a não-aceitação do corpo têm a ver com a reencarnação precoce do espírito num corpo com o sexo oposto ao que possuía na vida imediatamente anterior. O espírito não se esqueceu dos comportamentos que tinha e por isso se sente tentado em mantê-los. Deus castigou essas pessoas assim porque eram homens que maltratavam as mulheres ou eram mulheres que maltratavam o sexo oposto.

A mesma ideia assenta na questão das doenças e das deficiências. Deus dá um corpo imperfeito ou doente a quem no passado cometeu graves erros. Não é a primeira vez que oiço falar nisso. Lembro-me de um seleccionador inglês de Futebol (agora não me estou a recordar do nome) que defendeu exactamente isto numa entrevista e as suas palavras causaram imensa polémica. Esse mesmo seleccionador foi igualmente criticado por recorrer aos serviços de uma profissional do oculto e de a ter levado para o estágio da equipa. Bem, eu na altura tive a mesma sensação que tive hoje. Se Deus realmente é tão bom e zela pelo bem-estar dos seres na Terra, por que razão existem pessoas a sofrer como eu por serem deficientes? Esta é a minha pergunta habitual. Uma das explicações é esta. Resumindo; devo ter sido uma pessoa da pior espécie no passado. Só pode ter sido isso. Disse um pastor evangélico há uns bons anos atrás, quando eu fui a essa igreja por curiosidade com uma amiga minha que a professava com a mãe e as irmãs, que eu era uma das reencarnações do Diabo. Como eu me ri na altura! Ele disse isso porque não conseguia entrar dentro de mim como entrava nas outras pessoas. Fosse lá o que fosse que ele aplicava para que centenas de pessoas ficassem estendidas no chão daquele auditório, ficando curiosamente apenas eu e a minha amiga de pé, eu era imune a isso e ainda hoje estou para saber o que eles fazem às pessoas para que elas estrebuchem no chão e caiam desordenadamente em cima umas das outras. É uma imagem de que não me esqueço, imensas pessoas estendidas no chão depois de terem caminhado na direcção do pastor de mãos erguidas.

Sobre a reencarnação e a paga dos erros do passado, uma coisa que me impressionou neste livro foi o capítulo que fala das crianças deficientes que nasceram no Biafra nos anos sessenta. Segundo o autor do livro, esses corpos eram portadores dos espíritos dos nazis alemães que fizeram todas as atrocidades e mais algumas. Não haveria maior castigo para essas pessoas do que nascer num país sem meios de sobrevivência. Faltou dizer ali que o pior para eles mesmo era terem reencarnado negros, eles que proclamavam a superioridade da raça ariana.

Nem só em corpos humanos reencarnam os espíritos. Os animais também são portadores de um espírito. Normalmente Deus transforma em animal aquele que no passado maltratou os animais. Quanto mais atrocidades cometeu o espírito no corpo anterior, mais o animal que possui o mesmo espírito vai sofrer. Comecei a pensar no facto de, apesar de pertencerem à mesma espécie, os cães ou os gatos são únicos em termos de características. Houve uma altura em que havia cerca de dez gatos em minha casa. Todos eles, perante a mesma situação, reagiam de forma diferente. As manifestações de carinho eram diferentes e os hábitos eram diferentes. E por que é que nos afeiçoamos àquele gato e não a outro? Estou-me a lembrar da Juju. Por que é que aquela gata era tão especial para mim, havendo mais lá em casa? Estará a reencarnação a explicação possível para isso? Desde o primeiro instante que ela correu para mim e se pendurou nas minhas pernas. Havia ali mais quatro gatos e mais nenhum correu para mim. Senti a sua perda mais profundamente do que a de outro gato? O que foi ela para mim no passado ou eu para ela?

Lembrei-me também do Mong- um gato extremamente hostil, cujos olhos quase agoiravam quem se fixasse neles. Seria aquele um espírito mau, daqueles que no passado só fizeram mal? E o Ju? Lembram-se do Ju? Era algo semelhante ao Mong mas, lá está, teve as suas provações ao longo dos seus seis curtos anos de vida. Terá Deus atribuído o corpo do Ju a algum espírito que maltratava barbaramente os animais e o castigou com toda a espécie de provações que um animal possa ter, inclusive a morte às garras de um outro gato? E que fez o Ju em vidas passadas ao seu carrasco para se virem encontrar nesta vida e ajustarem contas? Estarão os mesmos gatos agora a encontrar-se de novo noutras circunstâncias (o outro gato morreu atropelado escassos dias depois da morte do Ju) ou Deus ainda não atribuiu forma corpórea a esses dois espíritos? Imaginava-os muitos anos antes, até séculos antes, sob forma humana a esgrimirem forças um com o outro por causa de terras ou por causa de mulheres. Terá acontecido o contrário; o outro que veio a este Mundo sob forma do gato preto e branco terá sido morto pelo espírito que reencarnou no Ju? Dava um livro, esta minha dissertação.

Por falar em animais, chego então com alguma ansiedade ao capítulo esperado da premonição da morte por parte dos animais, mais propriamente cães e aves. Lembro-me que, na véspera da morte da minha avó, eu e a minha irmã estávamos no quarto onde dormíamos com ela. Agora a minha irmã dorme nesse quarto sozinha. Não sei precisar se a minha avó estava presente mas sei que eu e a minha irmã conversávamos normalmente. Tínhamos um cão preto e branco chamado Dick (o tal que povoa as memórias de infância da minha prima). Debaixo da janela do nosso quarto, o cão emitiu um uivo estridente e assustador. A minha irmã assustou-se. Nunca antes ouvimos o cão uivar assim. No dia seguinte, a minha avó morreu. Alguém perguntou se o cão tinha dado sinal. Sem perceber o que aquela pessoa queria dizer (tinha doze anos na altura) relatei o episódio do uivo do Dick. Alguns meses depois, em Agosto, toda a gente em casa ficou alarmada porque o Dick voltou a uivar, tal como há seis meses atrás aquando da morte da minha avó. Na manhã seguinte, a minha vizinha bateu bem cedo à nossa porta para dizer à minha mãe que fosse buscar o cão que estava caído numa terra perto da estrada. Não havia hipótese de o cão sobreviver porque estava com a coluna esmagada. Teve de ser abatido a tiro. Afinal de contas, ele adivinhou a sua própria morte. Nada mais aconteceu. A minha teoria para este fenómeno era outra, principalmente em relação às aves de rapina; já lhes poderá estar a cheirar a carne morta, não sei como. Quanto aos cães, até á leitura deste livro não tinha explicação e buscava-a por curiosidade. Segundo esta obra, quando um espírito se prepara para deixar o corpo que o acolheu, aparecem outros espíritos a rondar o local onde ele está. Uns aparecem para encaminhar o espírito que se prepara para viver uma existência fora de um corpo e outros enganam-no. Os animais conseguem detectar essas presenças e emitem sinais.

Sobre o abandono do corpo por parte dos espíritos, achei curiosa a explicação dada para o facto de, muitas vezes, os moribundos apresentarem melhoras justamente quando estão para morrer. Tenho ouvido falar nisso em relação às pessoas que morem de cancro. Em mais nenhuma situação ouvi falar nesse fenómeno. Dizem que isso acontece porque o espírito quer partir sem que assistam à sua partida. Quer partir mais à vontade. Ao constatarem que o doente está sossegado e apresenta melhoras, os familiares abandonam o leito e assim deixam caminho livre para o espírito partir em paz. De referir ainda que o espírito não está em paz se os vivos acendem lanternas nos cemitérios ou vestem luto pelos que já partiram. Já tinha ouvido qualquer coisa sobre as lanternas e os espíritos mas não sei precisar já como era. Tinha a ver com levar as lanternas para casa, parece-me a mim.

A parte das terapias alternativas não me fascinou por aí além. Só achei piada às cápsulas de unha de gato que curam os tumores. Por brincadeira pensei em cortar as unhas à Feijoa e vendê-las a um qualquer estabelecimento de produtos naturais para fazer as ditas cápsulas. Ela tem as unhas grandes, magoa as pessoas com elas, assim ponho-as a render.

A obra que se segue também está envolta em algum mistério e suspense. Será um pretexto também para eu relembrar a matéria dos Descobrimentos.

Temendo ser a próxima vítima

O clima no meu sonho era de medo e desconfiança. Um serial killer implacável andava pelas redondezas a matar pessoas de forma indiscriminada.

O medo de sair à rua era enorme e nem em casa as pessoas pareciam estar em segurança, pois ele poderia entrar a qualquer momento e cometer mais um crime.

Eu entrei nessa histeria colectiva. Trancava todas as portas e janelas de casa, tentando proteger-me a mim própria e aos meus. Como o critério do assassino para escolher as suas vítimas era bastante alargado, por assim dizer, ele parecia que não tinha critério, eu tentava entrar na sua mente e pensar no que o levava a escolher a pessoa X e não a pessoa Y. Por mais que pensasse, não chegava a nenhuma conclusão.

Mudemos agora de assunto! Esta é uma parte do sonho tantas vezes repetida. Não, isto já foi sonhado esta noite. Não tenho a culpa de isto se repetir tanta vez.

Corria por estradas e caminhos perto de minha casa. Estava-me a preparar para provas nacionais e até internacionais. Era bom, era! Não me importava que o tempo voltasse atrás e voltasse a viver essas sensações. Só tenho os sonhos para me avivarem estas experiências agradáveis que perdi há alguns anos.

Equipava-me em locais escuros e não muito limpos. Como um amigo meu que não conhecia já tinha conseguido mínimos para provas internacionais, eu também queria muito consegui-los mas não tinha grandes esperanças em relação a isso. Foram muitos anos sem treinar ao mais alto nível.

Esse mesmo amigo participou num festival de canções na Figueira da Foz que também dava acesso ao Festival Eurovisão. No mesmo festival, eu gostava imenso de uma canção cantada por um grupo composto aí por umas quatro pessoas.

Estava indignada; o mesmo artista levou a mesma música a dois festivais. Isso era batota! Contava este episódio à minha mãe e, ao mesmo tempo, olhava para cima do telhado. Gatos passeavam-se por cima das placas. Não dava para ver quem eram.

Tudo resolvido

Pode-se dizer com cem por cento de segurança que o Real Madrid já passou às meias-finais da Liga dos Campeões. A vitória conseguida no seu estádio por expressivos 4-0 diante do Tottenham não deixa margem para dúvidas.

Cristiano Ronaldo iniciou a partida muito activo em termos de remates á baliza dos ingleses, mas foi na sequência de um remate de Di Maria que Adebayor finalizou para golo na marcação desse canto. Estávamos apenas com quatro minutos de jogo e o caudal ofensivo da equipa treinada por José Mourinho era impressionante.

Instantes depois, o avançado do Tottenham Peter Crouch via o primeiro amarelo. Um cartão visto bem cedo não era nada bom sinal, tal como se veio a confirmar apenas uns minutos depois. O gigante avançado inglês nem devia ter saído de casa.

Enquanto Marcelo abria as hostilidades quanto aos seus remates, ainda antes do quarto de hora, Peter Crouch viu o segundo amarelo. A julgar pelas jogadas que motivaram as duas admoestações, ainda por cima num curto espaço de tempo, ao avançado inglês devia apetecer de tudo menos jogar.

Só na sequência de livres e de iniciativas individuais de Bale é que o Tottenham ameaçava com perigo a baliza de Casillas.

O Real Madrid continuava a criar bastante perigo e quase marcava o segundo golo. Entretanto Pepe viu o cartão amarelo da praxe e já não irá alinhar no jogo da segunda-mão.

Depois de rematar á baliza, Di Maria reclamou que um adversário jogou a bola com a mão em plena área. Já é a segunda vez que os pupilos de Mourinho reclamam grande penalidade. Na primeira situação reclamou-se que Ricardo Carvalho foi carregado pelas costas.

Ronaldo parece ter arranjado um amigo para a vida neste jogo. Trata-se do croata Vedran Corluka. A conversa entre ambos parece ser interessante e não se largam nem por um segundo. É normal que o jogador do Tottenham queira a todo o custo ter a camisola de Ronaldo no final do jogo e por isso não dá hipóteses a mais ninguém de chegar sequer perto dele. Deve ser isso!

O intervalo chega com a equipa de Mourinho a vencer apenas por 1-0 num jogo em que poderia estar a vencer por mais sem qualquer tipo de escândalo. Ninguém mandou a Peter Crouch deixar a sua equipa tão desprotegida com a sua expulsão.

Cristiano Ronaldo inicia a segunda parte tal como iniciou a primeira, a rematar á baliza do brasileiro Gomes. O Real Madrid entrou a carregar fortemente o Tottenham.

Depois de uma fase em que os remates dos jogadores do Real Madrid esbarravam invariavelmente na muralha defensiva vestida de negro, o Jogador Número Três do Tottenham- o tal do Bale- rematou perigosamente á baliza defendida por Casillas. O perigo do lado inglês vem sempre deste jogador.

À margem do jogo chega este apontamento curioso; o treinador adjunto do Tottenham encontra-se suspenso pela UEFA por se ter envolvido em quezílias com o nosso amigo Genaro Gattuso. Há que tempos que não ouço falar dele! Confesso que até tenho saudades. Que bom receber notícias dele e constatar que ele não mudou nada! Para quê? Ele que ganha imensos amigos por onde passa...ou então não.

Como presumo que o Gattuso deve estar estirado no sofá a assistir à partida, continuemos a narrar o que por lá se passa, agora com a marcação do segundo golo por parte do Real Madrid, novamente apontado por Adebayor. Entretanto até dá pena ver Bale a tentar sozinho remar contra a maré. É mais um remate perigoso do irrequieto jogador do Tottenham.

Adebayor poderia ter feito o hattrick se Gomes tivesse deixado. É incrível! O Tottenham está a perder por 2-0 e está a recuar perigosamente no terreno. Mas eles defendem o quê???!!!! Só se quiserem perder por poucos mas acho eu que era melhor tentarem marcar um golo. Era mais seguro porque estão a jogar fora e um golo poderia ser importante. Mas não, acamparam ali e isso pode ser fatal.

Que golaço de Di Maria! Depois de mais uma defesa de Gomes a remate de Ozil, de ângulo extremamente reduzido, o antigo jogador do Benfica faz levantar as bancadas do Santiago Bernabéu. É o terceiro golo para o Real Madrid!

O quarto golo tem a assinatura milionária de Cristiano Ronaldo. O madeirense conseguiu alvejar a baliza de Gomes com um remate de meia distância.

Apesar de Pepe também ter tentado o golo nos descontos e de Ronaldo ter rematado pela décima terceira vez (!!!) no encontro, o resultado não se alterou. O Real Madrid segue em frente para as meias-finais da Liga dos Campeões, apesar de ainda se ter de deslocar a Inglaterra para o jogo da segunda-mão na próxima semana.

Monday, April 25, 2011

Casamento, tempestade e captura de cães

Antes de começar a narrar, devo alertar que as lembranças deste sonho são um pouco vagas.

O meu pai tinha ido a um casamento. No final dessa tarde, parece que os convidados do casamento usavam a estrada que passa à minha porta para regressarem. Mais uma vez, passavam comboios na estrada que era atravessada por uma linha ferroviária, imagine-se.

Apesar de ainda não ser de noite, eu corria a toda a pressa para o meu quarto sempre que ouvia a aproximar-se o som de um veículo prestes a passar. Manias!

Agora encontro-me à janela de um edifício que só pode existir em sonhos. Lá em baixo vê-se um estádio com a iluminação artificial acesa e assisto da janela a umas provas de Atletismo com imensos atletas a competir ao mesmo tempo.

A pista estava toda molhada. Estava a chover imenso. Subitamente a tempestade agravou-se consideravelmente. Rebentou uma trovoada descomunal. Eu filmava o fenómeno natural com o meu telemóvel. Por incrível que pareça, quando eu ligava a câmara, a intensidade dos relâmpagos e dos trovões diminuía consideravelmente. Quando a desligava, voltavam a ribombar trovões assustadores e o Céu ficava iluminado como se fosse dia por relâmpagos medonhos. Trovoada teimosa, esta! De referir que a pista ficou às escuras e nem sinal dos atletas que ali andavam. O cenário a que assistia da janela era desolador.

Entretanto tomei conhecimento de que os cães que nasceram nas imediações de minha casa foram todos capturados. Bastou dar-lhes uma bola para eles brincarem. Só não levaram a mãe deles porque ela estava quase cega dos dois olhos, imagine-se. Para os mais distraídos e para quem só agora acompanha o meu blog, devo referir que a mãe desses cães foi brutalmente morta no passado mês de Janeiro.

Acordei. Estava algo confusa. A intensa actividade onírica daquela noite deixou-me um pouco cansada.

“Trevas Sobre China Lake” (impressões pessoais)



Este é o livro que até agora lidera os livros que já li em 2011 e conseguiu destronar “A Festa Das Bruxas” da enorme Agatha Christie.

Adorei este livro! É o máximo que posso dizer. A história é intensa e imprevisível. Teve tudo o que eu gosto num bom livro. Meg Gardiner está de parabéns com este thriller em que a personagem principal tinha algo de autobiográfico da própria autora. Tal como a autora, a personagem era advogada e vivia em Santa Barbara.

Foi nessa localidade que nasceu uma seita religiosa como muitas que nascem, na realidade, nos Estados Unidos. A seita “Os Eleitos” ameaçava a população com a chegada próxima do Apocalipse e com a necessidade de combater o mal para se salvarem no dia do Juízo Final.

A seita retratada no livro manifestava-se em funerais de vítimas de SIDA e em cerimónias fúnebres de homossexuais empunhando cartazes ofensivos e entoando palavras de ordem. Lembro-me que, na realidade, nos Estados Unidos, há uns tempos atrás, existiu uma seita religiosa assim que até chegou a ser processada pelos familiares de uma estudante por se terem manifestado no funeral dela. Se não estou enganada, era a mesma seita cujo seu líder ameaçou queimar exemplares do Alcorão aquando da passagem de mais um aniversário do 11 de Setembro. Lembro-me desses factos agora, que leio isto e encontro semelhanças.

A protagonista da história encontrava-se no funeral da mãe de uma amiga que morreu com SIDA por práticas de vodu. Evan não gostou de ver a mãe da sua amiga e os restantes familiares enxovalhados pela seita e confrontou o líder.

Quando regressou ao carro, a protagonista tinha um panfleto da seita e constatou que a autora do mesmo era a sua ex-cunhada que se tinha convertido. Como o seu irmão era piloto, era ela quem tomava conta do sobrinho de seis anos porque a mãe (a autora do panfleto) os tinha abandonado.

Intrigada, resolveu ir ao local de culto da seita para abordar a cunhada. Deparou-se com uma cena no mínimo rocambolesca em que um homem foi morto por...um camião carregado de abóboras para o Halloween. Tudo o que dizia respeito ao Halloween era repugnante para “Os Eleitos” que, em vez de socorrerem a vítima, desataram a destruir as abóboras que eram símbolo de Satanás. A cena arrancou-me alguns sorrisos.

Alarmada com o fanatismo da seita a que a cunhada se converteu, Evan resolve ir à base de China Lake colocar o irmão a par de tudo o que está a acontecer. Pelo caminho, Evan depara-se com um homem que estará sempre presente, de forma inexplicável, onde quer que ela se encontre.

Em China Lake, “Os Eleitos” liderados pela esposa de Peter, tentaram raptar o sobrinho da protagonista que viria a ser detida juntamente com o seu irmão e pai da criança em causa. Uma monumental campanha de vingança e de despeito estava por detrás do comportamento da seita. A esposa de Peter nutria uma paixão doentia por Brian, o irmão de Evan, que nunca lhe ligou nenhuma. Usando a seita e arrastando a mãe da criança para lá, ela que era fortemente influenciável e algo inocente, o objectivo era ficar com o filho do homem que amava de forma mórbida.

Para além de ameaçarem com o Apocalipse, a seita fazia por provocar os sinais da sua chegada para assim assustarem os habitantes e fazê-los aderir ao grupo. A proliferação da raiva era um desses métodos. Eles possuíam um autêntico laboratório de criação de animais raivosos, na sua maioria, cães cruzados com coiotes. O homem que foi atropelado pelo camião das abóboras era cirurgião plástico e padecia de raiva. O médico era homossexual assumido e o seu companheiro, que também era médico, tinha sido assassinado por membros da seita para roubar botox com o objectivo de fazer armas biológicas.

Peter foi assassinado e o seu corpo queimado em casa de Brian que viria a ser preso como principal suspeito da morte do pastor.

O fanatismo da seita era incrível. Com o pretexto de estarem a ser vigiados pelos satélites norte-americanos que estão ao serviço da besta, os membros da seita comunicavam entre eles presencialmente. O uso de telemóveis, da Internet ou de cartões magnéticos estava proibido. Nos dias de hoje é quase impossível viver sem telemóveis ou sem Internet.

A certa altura, questionava se Brian também não pertenceria a uma seita com ideias contrárias às da professada pela sua ex-mulher. Isto porque “Os Eleitos” viam-no como um servo de Satanás mas isso talvez se devesse simplesmente ao facto de pertencer à Força Aérea norte-americana. Eu é que pensava que havia um segundo grupo contrário ao de Peter que estivesse também a agir de forma maldosa e que terá sido responsável pela morte deste.

Voltando ao fanatismo da seita, de destacar este episódio curioso do uso daquela espécie de pistolas de controlo de Stock nos supermercados para detectar o número da besta que é o 666 em quem pretende entrar nos seus locais de culto. Como trabalho no ramo e vejo coisas dessas todos os dias, não pude deixar de esboçar um sorriso de cada vez que via uma. Lembrava-me desse episódio.

“Os Eleitos” continuavam a fazer as suas maldades que por vezes roçavam o cómico, à protagonista e chantageavam o seu irmão que estava preso porque queriam um míssil para destruir Santa Barbara e assim representar o Apocalipse. A acção estava agendada para o Halloween. “Os Eleitos” queriam castigar as pessoas por assinalarem a data de Satanás.

Descobriu-se que Peter também estava infectado com raiva. Quem o matou foi o homem que sempre aparecia ao lado de Evan para a ajudar e que agia como agente duplo. Não pertencia à seita mas colaborava com eles no roubo de armas às forças de segurança norte-americanas. Desapareciam armas que eram fornecidas à seita e era ele que as roubava. Cheguei a desconfiar do amigo de Brian e também o culpei de ter morto Peter.

Depois de muita acção e muitas reviravoltas, deparamo-nos com a cena quase final de Brian entregar um míssil desactivado aos membros da seita em troca do filho que entretanto tinha sido raptado juntamente com a mãe que entretanto tinha abandonado “Os Eleitos”. O míssil havia sido roubado de um museu. Avisados e salvos pelo homem que “ajudava” Evan, os membros da seita conseguiram escapar. À protagonista cabia agora encontrar o seu namorado que também foi raptado e colocado numa espécie de laboratório nuclear de onde desapareceu, o sobrinho e a mãe deste.

Através das mensagens encriptadas nos desenhos que a cunhada foi deixando, a protagonista e o irmão chegaram a uma outra casa que desconheciam que também era usada pela seita. Ali guardavam um autêntico arsenal de armas. Era ali que estava Jesse, o namorado de Evan. Junto a ele estava uma bomba pronta a explodir.

Seguiu-se o ajuste de contas final entre a família da protagonista e os membros da seita liderados pela esposa de Peter. Era notória a desorganização do grupo nos momentos finais. O episódio da discussão em torno de um ponto ou uma vírgula mal colocada na Bíblia é bem elucidativo da forma como nascem diferentes religiões ou seitas e, dentro da mesma seita, nascem células diferentes. Isto vem reforçar a minha crença de que a religião é o Homem que a faz consoante a interpretação da Bíblia. Neste caso tínhamos dois elementos da mesma seita, estando um deles a usar o grupo para fins de vingança pessoal, e ambos acabam de costas voltadas por não concordarem com o que dizem as Sagradas Escrituras.

A líder da seita continua a não desistir de resgatar a criança que foge com a mãe. O tiroteio acaba por apressar a explosão da bomba e tornar o cenário apocalíptico mesmo. Brian é alvejado a tiro e Jesse saca de uma arma para atingir mortalmente o membro da seita que discutia com a sua líder.

Entretanto Jesse que é deficiente motor oferece-se para levar Brian ao hospital num jipe que não é adaptado e ordena a Evan para recuperar o sobrinho que entretanto continua com a mãe que tenta fugir à louca que os persegue e ao fogo que está cada vez mais perto.

Enquanto salva o filho, a esposa de Brian é apanhada pelo fogo. O mesmo acontece com a líder da seita que a perseguia mas o corpo da mulher má nunca foi encontrado. Foi uma pena a esposa de Brian ter acabado assim mas se calhar a sua morte é vista como uma remissão dos erros que cometeu e que levaram à insegurança do próprio filho.

Os protagonistas acabam felizes com o desaparecimento de parte dos membros da seita.

A abordagem que vou fazer ao livro seguinte vai ser um pouco diferente. Aguardem para ver. Uma coisa posso garantir, a temática continua a incidir sobre as crenças.

Bagagem esquecida

Esta é mais uma história inventada pelo meu subconsciente para me moer o espírito enquanto eu durmo.

Regressava de camioneta a casa numa sexta-feira à noite como nos tempos em que andava a estudar.

Mais uma vez, a minha colega de estimação e mais outra colega que agora não me recordo quem era também vinham comigo no mesmo autocarro.

Com elas vinha um rapaz alto, loiro e muito bonito que vestia todo de preto. O seu nome era Peter e tenho uma vaga ideia de dizerem que ele era suíço.

Ele meteu conversa comigo durante a viagem e tornámo-nos mesmo muito chegados um ao outro. Estava a ser tão interessante, a conversa, que saí do autocarro sem pedir ao condutor que abrisse a bagageira para tirar o meu velho saco preto que usava quando estudava e que tinha sido ali colocado quando embarquei em Coimbra.

Quando a camioneta arrancou, vi o que tinha feito e fiquei alarmada. Nada havia a fazer. O autocarro já ia longe virado a Águeda.

O sonho agora muda de rumo. Lembro-me de jogar Futebol no velho campo do liceu de Anadia. Estava uma bela tarde de Sol e o mesmo rapaz do autocarro também me acompanhava ali.

Porto Campeão mas sem Luz

No dia em que o Porto se sagrou campeão no Estádio da Luz, tal como os benfiquistas temiam, tem-se assistido a episódios inéditos que vão ficar para sempre gravados no Grande Compêndio Das Histórias Hilariantes E Insólitas Do Futebol Português.

Antes desse apetitoso jogo marcado para essa noite, houve um Guimarães-Sporting para a luta do terceiro lugar que terminou com uma igualdade a uma bola.

A equipa de Manuel Machado entrou muito mal no jogo, dando a iniciativa ao Sporting que também não estava a jogar por aí além. Apenas estava a fazer um pouquinho mais porque o adversário o estava a consentir.

O Sporting adiantou-se no marcador através da cobrança de uma grande penalidade algo duvidosa que foi convertida por Matias. A turma de Alvalade chegou ao intervalo em vantagem. Podia-se dizer que o resultado era justo.

Destaque no Guimarães para a titularidade de João Pedro. O jovem brasileiro não estava a fazer nada por aí além, no entender da equipa técnica, e foi substituído pelo também brasileiro Edgar ainda antes da meia hora de jogo. O Jogador Número Quarenta E Dois do Guimarães reagiu muito mal à substituição, pegou numa bola e pontapeou-a com violência contra o banco de suplentes da sua equipa. Logo ali levou uma reprimenda por parte dos responsáveis vitorianos. Só não levou um par de estalos porque parecia mal estarem-lhe a bater em público.

Mas para quê estarem a castigar o pobre do Joãozinho? Ele simplesmente se estava a mostrar aos responsáveis da equipa que, por acaso estava a jogar contra a sua. Como recentemente até houveram umas eleições e tudo, e estas até ficaram marcadas por actos de selvajaria, e como o comportamento que ele teve até é bastante normal entre os jogadores do Sporting quando são substituídos, o pobre do Joãozinho simplesmente está a fazer pela vida e já mostra que está a aprender com afinco a “mística” daquele clube que nem juízo ganha.

Com as substituições efectuadas pelo seu treinador, o Guimarães entrou para a segunda parte empenhado em alterar o resultado.

A defesa do Sporting esteve muito segura nesta partida e foi adiando o golo do adversário o mais que pôde. Só nos minutos finais é que o Guimarães chegou ao golo que já merecia por intermédio de João Paulo.

O prato forte da jornada estava agendado para o Estádio da Luz. Cabia ao Benfica evitar a todo o custo que o Porto não festejasse o título no seu estádio.

No Benfica, Jara jogou no lugar de Cardozo e Airton jogou a lateral-direito, imagine-se. Por que raio é que o nosso treinador tem sempre de inventar qualquer coisa sempre que joga com os tripeiros? Não percebo!

O Porto colocou-se em vantagem logo nos instantes iniciais do jogo por intermédio de Guarin. Roberto, que parece estar a voltar aos tempos que o notabilizaram pela negativa no início da época e que talvez tenham sido decisivos na perda do título, teve imensas culpas no lance. O espanhol é mesmo um fiasco.

O Benfica ainda empatou na cobrança de uma grande penalidade por Saviola a castigar uma falta de Otamendi sobre Jara. E por que raio é que também não é sempre o Saviola a marcar as grandes penalidades? Os falhanços de Cardozo também ajudaram ao fracasso da conquista do campeonato. Saviola tem mais segurança e mais calma. O Cardozo quando parte para a bola já vai com uma sofreguidão e a fervilhar que Deus me livre.

Ao intervalo, com um empate a um golo no marcador, Jorge Jesus tirou os argentinos Aimar e Jara e fez entrar César Peixoto e aquele jogador de quem eu não gosto nada que se chama Óscar Cardozo.

O paraguaio, no seu pior, viria a ser expulso. Não percebo por que é que este jogador tão indisciplinado, que só joga bem quando quer, ainda não foi vendido à primeira colectividade de caceteiros que mostrasse interesse nos seus préstimos. Para o lado do Porto, Otamendi também foi expulso. O Benfica poderia ter aproveitado a superioridade numérica se aquela criatura não voltasse a equilibrar o número de jogadores em campo com um lance completamente despropositado, como aliás, são sempre os lances infelizes protagonizados por ele. Mais valia ter ficado o Jara ali a jogar os noventa minutos!

No Benfica ainda há a registar a lesão de Airton que nem sequer devia ter jogado ali, na minha opinião, mas eu não sou treinadora do Glorioso.

De grande penalidade, Hulk apontou aquele que foi o golo do título. Estavam contentes, os portistas, pelo gozo que dava festejar o título em casa do mais directo rival, só que...

Após o final do jogo, apagaram-se todas as luzes e o sistema de rega foi accionado. Este episódio jamais será esquecido pelos adeptos do Futebol e figurará como um dos mais insólitos a que se assistiu. Refira-se que este jogo esteve envolvido noutra polémica também a roçar o anedótico. Os responsáveis do Benfica proibiram os adeptos do Porto de entrarem com toda a espécie de objectos que os identificassem. Essa medida colocou os portugueses com um rasgado sorriso na cara de tão hilariante que foi.

Era para evitar distúrbios? Não é por trazerem as camisolas azuis e brancas vestidas, envergarem os cachecóis ou empunharem as bandeiras que vão deixar de causar problemas. Eles quando estão infiltrados nas claques dos outros clubes, com as camisolas dessas colectividades envergadas, são tão ou mais perigosos do que se envergassem a sua própria pele. Veja-se o que aconteceu em Braga ou em Paços de Ferreira recentemente. O próprio presidente do Benfica reconheceu que os actos de agressão foram obra de jagunços, adeptos de outra equipa infiltrados. Essa equipa era o Porto. Mesmo completamente nus, os adeptos do Porto serão sempre os mesmos.

Penso que, apesar de tudo, o Porto venceu bem esta edição da Superliga. O Benfica entrou muito mal e aqueles pontos perdidos nas jornadas iniciais foram fatais. Quando o Benfica se encontrou finalmente, o Porto continuava na senda da regularidade e não mais escorregou para permitir a nossa recuperação. Porto e Benfica são as duas melhores equipas portuguesas mas o Porto manteve sempre o nível exibicional alto do princípio ao fim.

P.S.: O Vitória de Guimarães rescindiu o contrato com o atleta João Pedro em virtude do acto de indisciplina por ele protagonizado no jogo frente ao Sporting.

Comboios e água

Relatemos pois mais umas quantas cenas fabricadas pelo meu subconsciente em mais uma noite de intensa actividade onírica.

Sonhei que a minha bicicleta estava na rua. Peguei nela para a esconder, para que não voltasse para o mesmo sítio. Ainda tentei dar uma volta com ela e consegui ir até à estrada.

Tive de recuar. Na estrada passavam...comboios. Há que tempos que não sonho com isto! Normalmente quando sonhava com comboios na estrada ou com movimento anormal de carros, era sinal que viria a ter febre nos dias seguintes. Depois, como fui operada às amígdalas, passei até anos sem saber o que era ter febre.

Tinha de esperar que os comboios passassem. O movimento “ferroviário” durou até ao final da tarde. Estava sentada (adivinhem onde) na eira da minha vizinha à espera da passagem de mais um comboio.

Quando finalmente avistei as luzes de um comboio, imediatamente saquei do telemóvel para o fotografar, mas a eira estava toda inundada e o telemóvel escorregou-me das mãos e foi parar á água.

Todo encharcado, o telemóvel naturalmente deixou de funcionar. Isso foi por alguns momentos. Depois já funcionava mas sem software de voz e depois, voltando-o a ligar mais uma vez, já funcionava correctamente, a tempo de fotografar o comboio já a afastar-se.

Acordei. Esperava que o dia fosse calmo.

P.S.: E não falhou. Passados dias apanhei febre.

Sunday, April 24, 2011

Infância no campo

Grande parte das minhas colegas de trabalho não vive propriamente na cidade. Quase todas são provenientes das zonas rurais.

Uma colega minha estava no turno de fecho e eu, para reinar com ela, disse-lhe que ela já levava meio-dia de trabalho no campo e que já tinha as batatas todas semeadas. É que ela gabava-se de se levantar no Verão às cinco e meia da manhã e cuidar das lides do campo.

Ela olhou para mim e riu-se dizendo que as batatas daqui a mais estavam em ordem de arrancar. Eu fiquei estupefacta com a minha nabice em questões de agricultura. Eu que até venho da aldeia e fui sempre criada no campo e nos pinhais.

Eu salientei esse aspecto e disse que, quando ia para as terras com a minha mãe e com as outras pessoas que trabalhavam para ela, era só para fazer travessuras e para arreliar o espírito a quem vinha farto de trabalhar.

Ela afastou-se e eu comecei a recordar fragmentos dessa infância passada no campo, com o Sol a queimar a pele e com a erva verde e fofa a beijar-me os pés.

Eu lembro-me de algumas das nossas travessuras infantis quando íamos para o campo. A minha mãe tinha uma terra que alugou durante muitos anos que ficava bastante longe de nossa casa. Agora, se lá passar a pé, tenho uma vaga ideia de onde isso fica mas não sei o sítio exacto. A paisagem entretanto foi modificada com o crescimento do lugar até ali. A maioria das casas que ali se encontram foram construídas por emigrantes que ganharam a vida nos Estados Unidos.

A minha mãe chamava àquela terra Boiça. Na maioria das vezes, ficávamos com a nossa avó em casa para não irmos chatear quem estava a trabalhar mas, principalmente quando fazia bom tempo, e quando as pessoas que vinham ajudar os meus pais traziam outras crianças, nós lá íamos. Era um longo caminho.

Lembro-me de haver por lá um extenso manto verde onde corríamos até nos cansarmos, de haver um cômbaro que subíamos na boa (principalmente eu) e depois tinha medo de o descer. Na maioria das vezes tinha de pedir a chorar que me tirassem lá de cima ou simplesmente vinha aos rebolões ter cá abaixo.

Com outros miúdos mais ou menos da nossa idade, era uma festa no campo. Levávamos recipientes que enchíamos de água e de terra para fazermos construções, corríamos pela erva verde ou pela terra e arremessávamos pedras ao poço.

Quando estávamos sozinhas, eu e a minha irmã, o passatempo de arrumar pedras ao poço era o mais atractivo. A nossa mãe avisou-nos que não nos queria à beira do poço, apesar de o muro ser bastante alto. Uma parte tinha já desmoronado e nós nem sequer nos aproximávamos. Limitávamo-nos a ficar junto ao poste, a apanhar os primeiros pedregulhos que encontrássemos e a arrumar à água. Quando as pedras batiam na água, ela salpicava e fazia barulho. Nós achávamos piada e continuávamos com a brincadeira. Claro que eu escolhia sempre os pedregulhos maiores para arrumar à água. Enquanto os arremessava, morria de excitação para ver o barulho que faziam e a água que levantavam.

Muitas vezes o nosso companheiro de aventuras era o Bruno- o neto da Senhora Justina. Antes de ele emigrar com os pais para os Estados Unidos, acompanhava a avó nas jornadas pelo campo. Ele trazia brinquedos que levávamos para o campo e ali nos entretínhamos. Guardo fragmentos dessas recordações em terras e pinhais que agora já não me lembro onde ficam. A última vez que brincámos juntos foi, salvo erro, num carreiro que ficava perto de casa dele mas já não me lembro bem. Já foi há muito tempo.

Numa terra que fica aí a cem metros de minha casa, que muitas vezes serve de cenário em muitos dos meus sonhos, não sei a que propósito, vivi uma das mais arriscadas aventuras. Há um pequeno riacho junto a essa terra, foi construída a ponte que serve de estrada onde passam os carros e que divide as duas margens.

Aquilo era perigoso. Um passo em falso e caíamos ao rio. Eu olhei para o fundo, numa bela tarde de Primavera em que o rio levava pouca água ou nenhuma, e vi algo verde a brilhar. Era uma garrafa vazia de detergente. Para a resgatar, tentei descer de costas mas não calculei bem a altura. Caí desamparada de costas no solo, em cima de um molho de mato que milagrosamente estava lá colocado. Tive cá uma sorte! Depois tinha medo de subir pela outra parte que era mais baixa e que ia dar ao mítico cenário dos meus sonhos que é a terra da minha vizinha. Quer-se dizer, não tive medo de descer ali mas tinha medo de subir pelo outro lado. Boa!

Para o fim guardo uma história saborosa. Num pinhal que eu não me lembro onde fica, os meus pais e outras pessoas andavam a roçar mato ou algo assim. Eu e a minha irmã andávamos lá. Ah, antes de continuar, o passatempo favorito nos pinhais, principalmente o meu, era tirar as tigelas da resina dos pinheiros. Às vezes levava uma grande quantidade delas para casa. Juntava-as num monte e levava as que podia. Muitas vezes eram mais as que ficavam espalhadas no pinhal do que as que eu levava para casa. Havia-as de plástico e de barro laranja. Essas eu lembro-me que eram pesadas.

Se calhar naquele final de tarde não devo ter encontrado tigelas de resina nos pinheiros, pois foi a outra actividade que me dediquei. O pinhal estava enlameado. Devia ter chovido nos últimos dias. Naquela tarde de Sexta-feira não estava a chover. Era Primavera ou Verão. Sei apenas que havia lama viscosa no chão.

Tínhamos levado uns bonecos de plástico, alguns foram coloridos mas já estavam desbotados e outros já lhes tínhamos sumido com as roupas. Eram uns poucos. As árvores eram frondosas. A ideia peregrina de besuntar os bonecos com lama e os arremessar através das árvores deve ter sido minha, só pode. Eu é que tinha essas ideias brilhantes. Eu brincava com bonecos de uma forma peculiar. Enquanto que a minha irmã brincava com bonecos de uma forma mais feminina e maternal, digamos assim, eu usava os mesmos bonecos alinhados como se estivessem na escola, enfiados em cadeiras que virava ao contrário a fazer de comboios e autocarros e...a praticar...”Desporto”. Naquela altura, sem o saber, o Desporto já povoava a minha vida. Arremessava os bonecos para o enorme tanque cheio de água por cima das videiras ou, simplesmente os mergulhava lá com as mãos a imitar Natação. Depois secava-os ao Sol. Uma vez a minha vizinha tinha umas coisas para colocar no lixo. Eu, como sempre vasculhei qualquer tralha que encontrasse com uma avidez incrível, levei um tubo com uma substância castanha para casa. Lembrei-me de besuntar um boneco plástico com essa mistela depois de o ter tirado do tanque. Aquilo era bronzeador. Acreditam que nunca mais saiu? Hoje procuro à venda um bronzeador tão bom como esse e não encontro. Ora bolas!

Bem, tudo isto serve para enquadrar a nossa aventura no pinhal naquela tarde. O que basicamente fizemos foi uma variação daquilo que acabei de mencionar. O princípio era o mesmo. Não percebi por que se tinha de besuntar o boneco antes de o atirar para longe por cima das árvores. Essa agora...

Depois de besuntados de lama, os bonecos eram atirados para longe. Tinham era de passar por cima das árvores que se mostravam frondosas naquela altura do ano. Nós atirávamos os bonecos e depois recuperávamo-los. Só que, como não vemos bem, demorávamos uma eternidade. Recuperado o boneco, voltava a ser besuntado e voltava a ser arremessado.

Chegou-se o ocaso e faltavam alguns bonecos. Lá andaram os meus pais a resmungar, a ameaçar bater-nos a procurar os bonecos que eram difíceis de encontrar por serem da cor da terra. A Senhora Justina acabou por achar um boneco meu mas faltava um da minha irmã. Andaram à procura dele até ser noite cerrada. A minha irmã chorava, a minha mãe queria-nos bater, a minha avó tentava acalmar as hostes…

A noite caiu e foram canceladas as buscas, por assim dizer. No outro dia de manhã, bem cedo, passaram umas pessoas de Vila Nova e acharam o boneco. Ainda não eram oito da manhã de um Sábado quando bateram à porta para entregar em minha casa o boneco com uma espessa camada de lama a cobri-lo.

Resumindo e concluindo, éramos terríveis mas pode-se dizer que fomos criadas na rua, ao ar livre e isso fez de nós umas pessoas saudáveis. Pode-se dizer que, naquela altura, experimentei ainda alguns laivos de felicidade.