Wednesday, September 01, 2010

Rabobank na Volta a Portugal (sonho que se torna realidade)

Passava uma prova de Ciclismo à minha porta com as principais equipas do pelotão internacional. Havia uma banca com bandeiras de vários países. Eu pensava que elas eram para vender e já tinha escolhido a bandeira holandesa para apoiar os ciclistas da Rabobank. Apanhei uma enorme decepção ao saber que as bandeiras não estavam para venda.

Zé Azevedo ainda corria e arrastava-se na cauda do pelotão juntamente com um ciclista belga outrora famoso (Tom Steels- esse já era normal arrasta-se ultimamente). Zé já definhava, apesar dos incentivos da multidão que não se cansava de gritar o seu nome a plenos pulmões. Envergando um equipamento azul, Zé acabou por se deitar no chão extenuado e queixando-se de dores nas pernas. Estava exausto e não aguentava mais. Ia desistir.

Depois da passagem de toda a caravana velocipédica, um vasto comboio de ciclistas belgas e holandeses surgiu a pedalar a ritmo de passeio, envergando fatos de treino e não o equipamento conveniente. Era a equipa Rabobank toda em peso, para meu desgosto. Mandei-os parar. Só conhecia um- o Lars Boom. Os outros eram-me perfeitos estranhos. Queria-os apresentar à minha mãe mas não sabia o nome de nenhum.”
(ver texto “O calor já faz das suas”)

Sempre desejei que um dia alguma das equipas da Rabobank participasse na nossa Volta a Portugal. E logo tinha de ser este ano, quando eu não tenho grande tempo para os seguir. Primeiro estive de férias e agora tenho de regressar ao trabalho. Nem sempre as coisas correm como nós queremos.

Tem estado imenso calor por cá e eles devem sofrer bastante. Regra geral, as temperaturas na Holanda são um pouco mais baixas. Pobres miúdos!

Bem me parecia que ontem vi camisolas da Rabobank no pelotão. Até me belisquei para ter a certeza de que não estava novamente a sonhar. Vendo televisão mais de perto em casa, tive a certeza de serem realmente ciclistas da Rabobank. Mas seriam da equipa principal ou da Continental? O mais provável era serem da Continental. Afinal de contas, são esses que costumam vir aqui às provas. À Volta ao Algarve, por exemplo. Vem daí até a ligação que tenho com alguns elementos dessa equipa que me ajudaram até nos momentos mais difíceis em 2005.

Por se tratar da nossa principal prova velocipédica, também podia ser uma segunda linha da equipa profissional. Não viriam aqueles que estiveram no Tour com certeza mas viriam outros que provavelmente irão à Vuelta. Só queria saber quem era um que constituía essa equipa.

Estava eu a expressar o meu desejo de saber quem era pelo menos um deles, quando logo foi satisfeita a minha vontade…da forma que eu não desejava. Anunciaram que tinha havido uma desistência por parte de um ciclista da Rabobank- o “Cohen Ver…melt…furt” (assim mesmo). Estes jornalistas…e conseguiram-me baralhar o sistema. Fiquei a saber que era a equipa Continental que ali estava mas…da forma como leram o nome do ciclista fiquei com a sensação de não saber de quem se tratava. Depois de muito pensar, lembrei-me daquele miúdo que já faz parte da Rabobank quase desde que nasceu. Aos anos que eu de lá o conheço! Primeiro era júnior e depôs quando atingiu idade suficiente integrou e integra ainda a equipa Continental. Por acaso era quase o único que eu conhecia ali. Aquela equipa de um ano para o outro sofre uma razia completa. Há quem suba para a equipa principal e quem ande por ali nas equipas pequenas ou a fazer triatlo como um que por lá passou há uns anitos. Há lá de tudo um pouco. Ciclistas muito bons e que são grandes craques e outros que não terão o mesmo talento. Tempos houve em que a Rabobank não sabia o que fazer a tanta qualidade. Como não podiam todos integrar a equipa principal, iam para a concorrência. Outros iam para as equipas pequenas ganhar rodagem como o Ten Dam e depois regressavam feitos craques.

Então os ciclistas que estavam a alinhar na Volta a Portugal eram os seguintes:
Joeri Adams (ilustre membro da célebre família Adams…ou então não…que ganhou a vida a vender chicletes nos anos oitenta)

Jetse Bol (um nome fácil de pronunciar pelos jornalistas portugueses)

Remco Boers (este é-me totalmente desconhecido)

Brian Bulgac (ele é holandês?!!!)

Martijn Keizer (deste lembro-me, até pelos dois Martijn’s que havia na altura na Rabobank- este e o Maaskant que agora está na Garmin ou lá como se chama isso agora)

Ramon Sinkeldam (outro que eu não conheço)

Tom-Jelte Slagter (em anos anteriores costumava haver tanto Tom e tanto Thomas por aqueles lados, que este passou a ser logo o Tom-Jelte por causa das confusões)

Boy Van Poppel (de todos, este e o Coen são os que eu conheço melhor, este miúdo era um craque no ciclocrosse há uns anitos atrás e penso mesmo que foi campeão do Mundo júnior)

Coen Vermeltfoort (lê-se Cun Vermeltfort, senhores jornalistas seguidores da escola de Fernando Maciel- o que foi feito desse mito?- e de Fernando Eurico que treme todo sempre que vai fazer a cobertura de jogos a países de Leste)

Bem…ao menos o jornalista que estava a fazer a cobertura da Volta no sábado sempre leu o nome do ciclista da Rabobank da mesma maneira. Só que…o ciclista que desistiu até nem era aquele. O raciocínio foi o seguinte: estava em último, já estava quase a meia hora de distância do camisola amarela e ainda só íamos aí na terceira ou quarta etapa, o que é que ele andava ali a fazer? Com tanto calor, ainda por cima.

Eu, que não gosto de ver ciclistas da Rabobank atrás, logo manifestei a minha insatisfação normal de adepta incondicional. Lembrei-me que na Volta a Portugal de 2003 (a mesma em que Jesus Manzano e a sua turma não passaram da primeira etapa) havia um ciclista holandês, que por acaso nunca alinhou na Rabobank, chamado Bjorn Cornelissen que se andou a arrastar em último até ao dia em que apanhou um desarranjo intestinal devido a água que lhe deram na berma da estrada e desistiu. Teríamos então o Bjorn Cornelissen, versão 2010 a vestir de laranja e azul.

Com mais frieza pensei que, para se andar a arrastar assim, é porque algum problema tinha de haver. Volto a repetir que tem estado imenso calor. Calor de mais para os holandeses. Como se trata de ciclistas da Rabobank com imenso azar com quedas, este ciclista talvez tenha caído.

Se caiu ou não, não sei. No fim dessa etapa vi com os meus próprios olhos um outro ciclista da Rabobank no chão. Foi aquela queda que envolveu o César Quitério. Se calhar, por acaso e para mal dos pecados dos jornalistas, o ciclista que caiu daquela vez até deveria ser o Coen.

Ah…agora lembrei-me que antes de ser preparado o sprint final houve um ciclista da Rabobank a tentar uma fuga perante o meu entusiasmo. Já que uns se andavam a arrastar lá atrás, que até já havia desistências, que os jornalistas estavam a classificar a participação da Rabobank com adjectivos muito negativos, tinha de vir alguém a tentar algo. E quem seria? Os jornalistas nunca o identificaram, ou então consultaram os seus apontamentos e viram que se enganaram…Agora lembro-me que na altura o jornalista apenas referiu que ia um ciclista holandês da Rabobank a tentar uma fuga. Que tinha de ser holandês porque não criam que fosse o chefe de fila- o Joeri Adams- que era belga a tomar partido numa dessas iniciativas. Pois não era o Joeri Adams, não senhor. Alguém andou a trocar ciclistas. Para chatear um pouco vou dizer que o ciclista que tentou a fuga (que eu nem faço ideia quem era) foi também o ciclista que afirmaram ter desistido e por duas vezes. Muitos amigos arranjou aquele miúdo no seio dos jornalistas da RTP! Embirraram mesmo com o rapaz. Era o último…e se desistisse os jornalistas evitavam de dizer o nome dele mais vezes. Para nomes difíceis já basta a constituição de uma equipa que por lá anda cheia de ucranianos. Esses nem eu sei soletrar.

Este blog vai algumas semanas atrasado. Mais desenvolvimentos sobre este caso nos próximos textos.

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