Monday, September 27, 2010

Na berma da estrada

Quando estou largo tempo sem ir a casa costumo ter destes pesadelos bem intrigantes. Já me preocupei mais com eles do que agora mas não deixo de ficar nervosa quando acordo deste tipo de sonhos.

Era um domingo à noite e a minha mãe preparava-me as coisas para no dia seguinte eu partir para mais uma semana de trabalho. A minha farda fora colocada em cima do baú como de costume e outras roupas estavam também por lá. Algo naquela noite me fazia sentir melancólica. Era uma sensação de tristeza, de vazio. Uma sensação de que ia acontecer algo, tal como senti num outro pesadelo atrás mencionado neste espaço. (ver texto “De Gritos”).

Um primo meu deslocou-se de motorizada a minha casa não sei a que propósito e prometeu que me dava boleia no dia seguinte. Esse primo é irmão daquela minha prima de quem eu costumo contar as suas tropelias. Tal como a irmã, também ele não regula bem daquela cabeça.

A minha mãe ouviu o motociclo a trabalhar mas depois deixou de o ouvir e logo uma estranha apreensão se apoderou da nossa família. Aquela noite estava medonho mas a minha mãe percorreu a estrada à procura do meu primo sem nunca o ter encontrado.

No dia seguinte bem cedo, fui á rua com a minha mãe. Um monte de terra, lenha, entulho ou lá o que era estava junto à porta da eira e alguma parte estava tombado para a estrada. Do lado oposto, na berma da estrada, e com a cabeça na direcção do portão jazia de braços abertos o nosso primo. Vestia de branco e a sua expressão era aterradora. Alegadamente foi contra o montículo que lá estava e teve um acidente.

Quando a minha mãe deu a notícia da morte do meu primo para dentro, todas nós irrompemos a chorar. Ainda bem que acordei mas aquela imagem de alguém vestido de branco morto na estrada perseguiu-me e há-de me perseguir durante algum tempo, digo eu.

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