Tuesday, September 07, 2010

A saga de se comprar o passe




Ver texto “O 5 que era 6”

Logo via que me tinha de chatear, tal como da outra vez! Isto de não ter tempo de tirar o passe não dá com nada. É por essas e por outras que estou farta disto. Dificilmente continuarei a trabalhar. Não tenho horário para tratar das minhas coisas. Assim é complicado.

Levantei-me tão cedo para nada, tal como aconteceu no mês passado. Por causa das coisas, apanhei um 7 que sempre é um número inconfundível para mim. Apesar de o autocarro ir dar uma grande volta, sempre era melhor do que me voltar a enganar.

Mas estava escrito que tinha de me chatear e ainda mais do que no mês passado. Chego ao local de carregar o passe e deparo com um papel na porta fechada a dizer que, de 15 de Julho a 31 de Agosto ou lá quando é, o estabelecimento irá abrir às nove da manhã e encerar às cinco da tarde. Pedem muitas desculpas por qualquer incómodo causado aos clientes. Isto nem com desculpas lá vai. Proferindo uma série de palavrões, arranquei a toda a velocidade a pé até lá acima. Já tinha de vir por aí fora à hora do almoço e com um calor de rachar. Se não houvesse autocarro, lá tinha de fazer os dois percursos a pé quando devia estar a descansar da dura manhã de trabalho. Já tinha de almoçar à pressa e não me alimentaria convenientemente. Só chatices. Isto tem de acabar!

Comendo uma sandes e um pacote de batatas fritas à pressa, lá consegui apanhar um autocarro que vinha para baixo. Deveria ter saído na paragem antes do Estádio mas acabei por sair mesmo no Estádio. Assim tive de dar uma volta enorme. Estava Sol e a minha visibilidade nesses dias ainda é pior que se fosse totalmente escuro.

Lá comprei o passe e retomei o caminho de volta ao local de trabalho. Estava um calor de morrer. Passava pela estação dos pequenos comboios que vão para a Lousã, havia imensas pedras no meio do caminho. Algumas rolaram por debaixo dos meus pés e lá tive de ir ao chão, batendo com o joelho noutras pedras que ficaram por baixo.

Antes que alguma das poucas pessoas que passavam por ali me viessem perguntar o que se passava, imediatamente me levantei e tentei seguir o meu caminho como se nada tivesse acontecido.

O joelho parecia que queimava de dor. Mesmo assim tentei ir o mais rápido que pude. Como se não bastasse, o calor era insuportável. Tinha sempre de procurar a sombra o mais possível para me abrigar. Aquele trajecto pareceu não ter fim.

Enquanto caminhava, o joelho ia inchando e doendo mais. Como iria trabalhar naquela tarde? Iria ser um sacrifício.

Cheguei finalmente ao local de trabalho e mostrei as mazelas à minha colega antes de regar o joelho com água fria para acalmar o fogo. Reparei que havia um pequeno golpe provocado pelas pedras no chão.

Trabalhar foi um sacrifício. Foram provavelmente as horas mais sofridas dos meus quase seis meses de trabalho. Pensava se não teria algo de mais sério. Nem dava para dobrar a perna. Quando me tive de baixar para ir buscar uns rolos de sacos para a fruta, tive de dobrar a perna e aí as dores tornaram-se insuportáveis. A sorte era que já faltava pouco para eu sair. Um dos gerentes da loja aconselhou-me a ir ter com a colega da caixa onde se vendem os medicamentos e a comprar algo para aplicar ali. Foi o que eu fiz.

A perna ficou no estado que as fotos documentam.

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