Wednesday, June 29, 2011

Tágides Praia

Aproximam-se as férias. Onde as curtir? Na praia, pois claro. Quando não se tem praia, por enquanto, o nosso subconsciente trata de inventar uma, nem que seja num local onde não existe nenhuma. Quando criaram uma praia artificial em Mangualde, também podem criar uma em Alverca para o pessoal ir a banhos e se refastelar ao sol até ficar com a pele tostadinha.

Antes de irmos oniricamente para a praia que só existe em sonhos, convém começar a narrar a actividade onírica pelo início.

Sonhei que um primo nosso padecia de uma rara doença que fazia com que os órgãos do seu corpo morressem lentamente um a um e tivessem de ser extraídos. Já lhe tinham extraído os dois olhos e o seu coração também tinha sido substituído por um de plástico.

Ele estava cego e nós incitamo-lo a ir aprender Braille para a ACAPO. Os nossos familiares aceitavam incrivelmente bem o infortúnio que lhe bateu à porta.

Depois destas estranhas incidências, vamos para os não menos estranhos momentos de pura desbunda na praia de Alverca à qual deram o nome de Tágides Praia. O que o meu subconsciente vai buscar!

A praia estava a fazer furor. Digamos que era um local cool, um local da moda. Nunca tinha ouvido dizer que ali houvesse praia…e na realidade até nem há. Havendo, era mesmo de ir toda a gente a correr para lá para ver o estranho que era. Sim, a praia era estranha.

Curiosa como sou, quis lá ir dar uma saltada só para ver o ambiente, a temperatura da água, a espessura da areia e o movimento.

Meti-me num comboio, percorri a pé umas ruas estreitas, movimentadas e povoadas de vendedores, umas ruas mesmo típicas de praia, e lá cheguei ao meu destino.

Quando cheguei à praia, verifiquei que o céu se apresentava de uma tonalidade bem cinzenta e bem escura, apesar de o Sol brilhar intensamente. Era estranho. A água do mar apresentava-se sempre muito agitada, com enormes ondas, tipo as que uma vez apanhei em S. Martinho do Porto. Ali era mesmo o estado normal do mar.

Outra característica da praia que me chamou a atenção teve a ver com a intensidade do vento. Algumas rajadas mais fortes levantavam areia a alturas impressionantes.

Eu falei dessa praia aos meus amigos e conhecidos. Sempre que podia, dava uma escapadela até lá. Era diferente.

Aprontei-me para mais uma tarde de Sol, coloquei bronzeador e refastelei-me na areia. A certa altura comecei a ouvir gritos estridentes, uma intensa algazarra, movimento de pessoas que desmontavam à pressa as suas barracas e chapéus e coisas que voavam. As pessoas que estavam mais à beira-mar eram as mais agitadas.

Segundos depois, levantou-se uma onda monumental que transportava consigo uma enorme torrente de areia que se entranhou no meu corpo besuntado. Era sempre assim naquela praia. Era por isso que algumas pessoas gostavam tanto de lá ir, de sentir a adrenalina, a agitação, a Natureza em fúria.

A intensa paixão da minha irmã

Como fui eu sonhar com isto? Isso é que eu não entendo. Foi um sonho completamente despropositado, engraçado e surpreendente. Viajemos então até ao mundo das intrigas amorosas, do romance, da paixão impossível, do amor platónico, do desgosto amoroso, das confidencias em voz baixa às melhores amigas, dos segredos, dos risinhos quase pueris, da alegria inexplicável, das coisas que se fazem sem lógica nem sentido…

Devo dizer que sonhei com muitas coisas mas a lembrança desta parte do sonho ofuscou tudo o resto que deveria também ser interessante. Bem, temos aqui um belo de um sonho, com potencial para ser o sonho mais disparatado do ano.

No meu sonho a minha irmã estava perdidamente apaixonada por um rapaz chamado Pedro que não se assemelhava a ninguém que eu conheço na realidade. Todos os dias, por volta das sete da tarde, lá ia ela até á capela da terra para assistir a um misto de festa e de culto religioso.

Ali estava também o rapaz por quem ela estava perdidamente apaixonada que no entanto parecia não reparar nela.

Notava-se que a minha irmã estava a ter cada vez mais cuidado com a aparência. Estava uma vaidosa de primeira. Nem imaginam o tempo que ela demorava só para se preparar para ir à capela. Andava mesmo irreconhecível, desleixada, completamente na Lua. Parecia uma adolescente a viver o seu primeiro amor.

Certa tarde, ela não teve qualquer tipo de pudor ao vestir uma ousada mini-saia, pintou os lábios com um provocante batom encarnado e foi até ao sítio do costume acompanhada por mim e por uma amiga dela.

Apesar do forte investimento em chamar a atenção do seu apaixonado, Pedro continuava a ignorá-la. Completamente destroçada, ela descia a ladeira a chorar copiosamente. Eu e a amiga dela íamos ouvindo os seus infindáveis lamentos. Já era noite escura e aparentava estarmos em Novembro ou Dezembro.

Enquanto caminhávamos, eu recordava a minha própria paixão intensa mas o meu caso em nada se assemelhava ao dela. Para começar, eu não estava com a pessoa amada todos os dias, tal como a minha irmã tinha oportunidade de estar. Por essa razão, não havia desprezo nem ressentimento.

Ao menos eu e o rapaz de quem gostava ainda éramos bons amigos. Foi assim até que a distância venceu e nos separou.

Desordem e destruição

Ver texto “Óculos Partidos”

Acordei extremamente alvoroçada e confusa. Eram cerca de três e meia da madrugada e já levava bem a minha conta em ternos de sonhos para esta noite Acho que já chegava de arrelias e inquietações!

Sonhei que navegava na Internet lá em casa com um dos meus computadores portáteis. A certa altura, o computador começou a deitar fumo e desligou-se automaticamente. Todos os dispositivos USB se encontravam como que colados por força de terem derretido com o calor. Tirá-los iria ser impossível.

Tive de desligar tudo a correr antes que fosse electrocutada. Foi aí que os meus óculos caíram ao chão e se partiram, tal como da outra vez em que também sonhei que eles caíram ao chão precisamente porque tive de desligar a extensão do computador a correr porque ele estava-se a incendiar.

Neste sonho que trago para hoje, esmagava os estilhaços dos óculos com os dentes e cuspia-os para o chão, tendo o cuidado de não deixar nem um pedacinho na boca. O azar é que eles estavam sempre a surgir entre os meus dentes.

Sem óculos não podia fazer nada. E agora? Tive de pedir uns emprestados. Na realidade, os óculos que estão partidos são aqueles que a minha mãe usa para ler ou assinar. Ainda no outro dia reparei nisso e lembrei-me do sonho que tivera anteriormente. Como os óculos partidos da minha mãe se encontravam ao pé do computador, presumi que este fosse um caso em que um sonho se concretizou ao contrário. Às vezes acontece.

Sentada no sofá da sala, no mesmo espaço onde decorreu a parte do sonho que acabei de narrar, teimava com a minha irmã que um primo nosso não tinha morrido, pois ainda há pouco tempo havia passado lá por casa. Por sua vez ela afirmava que não foi ele que lá foi. Na verdade, esse meu primo já morreu no longínquo ano de 1996 vítima de acidente. Ainda no outro dia o mencionei também num post sobre um cão que tivemos que não nutria especial simpatia por ele.

No preciso momento em que decorria a troca de argumentos em torno da morte do meu primo, passava na estrada uma ambulância a fazer grande alarido. A minha irmã comentou:
- Mais um que não deve ir nada bem!

Nessa noite parece que havia um qualquer arraial e havia grande movimento na estrada.

Foi nessa altura que acordei. Provavelmente a ambulância terá passado por aqui e eu ouvi-a em sonhos. É normal.

Voltei a adormecer. Desta vez sonhei com viagens de autocarro, com uma garrafa de bebida que eu ameaçava emborcar de um só trago e com uma série de peripécias das quais não tenho uma lembrança nítida.

Lembro-me também de ter sonhado com uma forte trovoada que ameaçava destruir tudo. Só no fim do temporal passar é que reparei horrorizada que o modem estava ligado e já tinha sido danificado. Eu, que sempre sou tão cuidadosa em matéria de deixar computadores e outros aparelhos desligados por causa da trovoada, fui-me esquecer de verificar dessa vez.

O despertador tocou. Quando acordei tive a sensação de estar ainda mais cansada do que quando me deitei.

André Villas-Boas segue as pisadas de Mourinho

Não me causou grande surpresa a saída de André Villas-Boas para o Chelsea, dada a memorável época conseguida pelo Porto.

Ao longo da época passada, o meu benfiquismo não me impediu de dar mérito às vitórias do Porto e à mestria táctica do seu treinador. Recordo a brilhante segunda parte que o Porto conseguiu no Estádio da Luz, conseguindo virar a seu favor uma desvantagem que muitos julgavam impossível de alcançar. Foi um verdadeiro recital de inteligência táctica que André Villas-Boas demonstrou nesse e noutros jogos. Sendo ainda um jovem, tem todas as potencialidades e ferramentas para ser ainda melhor do que Mourinho.

Por mais que Pinto da Costa o quisesse blindar das propostas mais tentadoras vindas do Estrangeiro, e por mais que o técnico nutrisse amor verdadeiro pelo clube para o qual trabalhava, seria muito difícil segurar o jovem técnico em Portugal. O nosso País não tem a mesma capacidade financeira nem o mesmo poderio competitivo de outros campeonatos por essa Europa fora. Com tantas equipas de topo a quererem os seus préstimos, a saída era mais do que certa.

Penso que André Villas-Boas irá singrar no Chelsea porque possui talento para vencer e porque o Chelsea tem outro poderio financeiro para conseguir os melhores jogadores do Mundo sem qualquer tipo de dificuldade. Resta esperar e ver se alguns dos valores seguros da jornada vitoriosa do Porto também acompanharão o treinador, apesar das cláusulas de contrato proibitivas para qualquer clube. Para Abramovich não há impossíveis.

Quem quer que agora venha a ser o novo treinador dos dragões, vai ter uma pesada herança. Penso que dificilmente o Porto conseguirá o alto nível exibicional a que habituou os adeptos na época passada.

“Danúbio” (impressões pessoas)




Certamente que os leitores mais assíduos deste meu humilde espaço já terão sentido a falta das minhas habituais dissertações sobre as obras que vou lendo. Muitos terão pensado, lá no seu íntimo, que eu agora não tenho mais tempo para ler.

Pois bem, a razão pela qual demorei tanto a ler esta obra prendeu-se com o facto de esta ser classificada por mim como uma grande seca e não haver pachorra para a ler de uma só penada, tal como faço com alguns livros. Basta ler dois parágrafos deste livro para logo me chegar o sono. Acho que nunca li um livro que me tenha despertado tão pouco interesse como este.

O tema do livro até seria interessante, caso fosse abordado de uma outra forma. Com este senhor italiano é o degredo. É que não há a mínima possibilidade de lhe seguir o raciocínio, por mais que se tente e por mais que se esteja com atenção. Aborda cada assunto que não é para ali chamado para a crónica de viagens que deveria ser esta obra.

Mas o público está lá interessado no que ali se passou em mil seiscentos e tal ou se naquela casa nasceu alguém de quem nunca ouvimos falar, um filósofo qualquer? Depois este escritor foi influenciado por outro, que por sua vez teve influências de outro ainda. Chega-se ao final do parágrafo e já nem se sabe de quem é que ele está a falar. É incrível!

Atenção, pelo que li, este senhor dá aulas! Se ele divagar tanto a dar a matéria como divagou nesta obra, a taxa de reprovação nas suas aulas deverá ser elevadíssima. Os alunos não devem lá pôr os pés, e os que ainda têm coragem de comparecer, aproveitam esses momentos para colocarem o sono em dia. É que, por mais que se tente seguir o raciocínio deste senhor, a certa altura temos de nos perder irremediavelmente.

Mesmo quando ele estava a narrar a sua estadia na Antiga Jugoslávia teve de inundar a sua narrativa com pormenores e divagações que a tornaram intragável. Mesmo eu que muito percebo de assuntos relacionados com aquelas paragens estava positivamente a Leste.

Foi com alívio que, mais de um mês depois de ter iniciado a enfadonha leitura desta obra, vi aproximarem-se os derradeiros parágrafos que me pareciam cada vez mais longos e monótonos. Não é habitual demorar tanto tempo a ler um livro mas era impossível passar cinco minutos que fossem a ler esta obra.

Recomendo vivamente a leitura deste livro antes de deitar. É um bom remédio para combater as insónias e se cair redondo na cama para só acordar no outro dia de manhã ao som do despertador. Com um bocado de sorte, o sono provocado pela leitura deste livro será tão profundo e pesado, que nem o despertador se irá ouvir.

Está bom de ver que esta leitura não foi do meu agrado. Obras como esta não fazem o meu género mas às vezes há que variar um pouco. Foi provavelmente o livro mais maçador que li até hoje. Deve haver quem goste destas divagações e descrições infindáveis de coisas do passado que, no meu entender, não haveria necessidade de serem chamadas para ali.

Agora quebremos a monotonia e vamos ler algo diferente e que certamente vai ser lido mais rapidamente. Trata-se de “Anjos E Demónios” de Dan Brown.

Dormir a sonhar

Este é um sonho com muitos e variados assuntos. Desde logo começa com algo no meu computador do trabalho que não me estava a agradar nem um pouco.

Na rádio era transmitido um concerto. Um dos convidados era um antigo colega de liceu que na altura não dava muito nas vistas, mas que agora cantava fado de Coimbra com uma voz límpida e cristalina. Dava gosto ouvi-lo.

Agora vem a parte mais importante deste sonho. Percorria todos os dias ou todas as semanas um trajecto que não conhecia. Segundo a minha intuição, ainda hei-de passar por um local com aquelas características brevemente.

Junto a um cruzamento, aguardava que viesse a carrinha da ACAPO para me vir buscar. Naquela tarde tinha estado a dormir. Ainda estava nesse estranho torpor enquanto percorria as ruas e sentia o cheiro a saliva da baba do meu casaco. Isso é que foi uma sorna!

Nem reparei que estava no meio da estrada. Procurava a passadeira ainda a dormir. Houve mesmo um velho que se fazia transportar numa bicicleta cor-de-rosa que me gritou para eu sair do meio da estrada. Eu lá me arredei e esperei a carrinha.

Chegou aquilo que eu pensei ser a carinha da ACAPO. Entrei mas algo me parecia estranho ali dentro. Por mais que olhasse para quem lá ia, não conhecia ninguém. Isso estava-me a intrigar um pouco.

Olhei então para trás. O que vi deixou-me desconcertada, pois enganei-me na carrinha. Na parte de trás da viatura, três pessoas de aparência latino-americana encontravam-se acamadas num ambiente que mais parecia uma sala de Cuidados Intensivos ambulante. Onde eu mme vim meter!

Na ACAPO preparava-se um qualquer evento. Muitas pessoas preparavam roupas glamorosas. Sempre avessa a esse tipo de coisas, eu protestei que iria assim mesmo como estava e ponto final.

Para terminar, lembro-me também de estar a assistir em minha casa a longos resumos de Futebol Inglês e de haver um certo mal-estar provocado pela presença de uma ninhada de cães.

Nas calmas

Como ontem fomos para Mira, este foi o segundo fim-de-semana seguido sem ir a casa. Tal como aconteceu no passado Domingo, este dia também seria aproveitado para descansar e recarregar baterias para mais uma semana de trabalho.

Dormir até tarde, navegar na Internet e simplesmente estar sem fazer nada a ouvir música eram actividades agendadas para este dia em que só saí de casa para ir comer algo à Telepizza.

Lagoa de Mira (fotos)












Sardinha e broa na Lagoa

Soprava um vento desagradavelmente frio enquanto alguns de nós aguardávamos a chegada do autocarro da Câmara Municipal de Mira que nos havia de transportar para mais esta actividade por terras gandaresas. Temia-se que o tempo não estivesse de feição para um dia agradavelmente bem passado ao ar livre.

O autocarro chegou. Vinha apinhado e foi uma ginástica enorme conseguir que todos tivessem lugares sentados. Lá seguimos em direcção a Mira numa viagem agradável.

O ponto de paragem foi o Sítio do Cartaxo, junto a uma enorme lagoa de águas muito azuis. Chama-se assim porque ali é o habitar natural de uma ave bastante rara no Mundo a que se dá o nome de cartaxo. Ao longo do dia, toda a gente estava a prestar atenção ao cantar de um qualquer pássaro, na expectativa de ouvir o canto de um cartaxo.

Caminhámos um pouco. Estava um belo dia de Sol. Que bom que estava para passar o dia na rua! Ao ar livre, assistimos aos ensinamentos de quem sabe sobre a arte de cozer broa tradicional. O vídeo está acima e é muito interessante. Foi pena já não ter apanhado aquela parte de alguns se aventurarem a amassar. A memória do telemóvel estava cheia.

Enquanto a broa cozia no enorme forno a lenha, caminhámos até aos moinhos. Era lá que se fazia a farinha para a broa que se acabou de confeccionar. Vimos um moinho em plena actividade e percorremos um caminho de muito difícil acesso para ainda encontrarmos um velho moleiro que tinha acabado a sua faina num outro moinho.

Seguiu-se nova caminhada até ao sítio onde a broa e as sardinhas estavam a ser preparadas para o nosso repasto. Tal como eu, muitas pessoas ficaram curiosas acerca de uma nova forma de confeccionar a sardinha. Consistia em colocar as sardinhas numa telha, com massa da broa, temperadas com azeite e alho. Iam ao forno e depois estariam disponíveis para quem quisesse provar. Havia igualmente carne para quem não gostasse de sardinha ou simplesmente para quem quisesse e salada com tudo a que se tinha direito.

Sentámo-nos à mesa. O vento não deixava que os utensílios se mantivessem no seu lugar. Eu entornei um copo de bebida precisamente porque este tombou com o vento. Já havia um enorme pedregulho a segurar a toalha de papel na mesa e algo também pousado para os guardanapos não dispersarem.

Durante o almoço aproveitámos para conversar e, naturalmente, para ir saboreando sardinha e broa quente. Que maravilha! O único óbice era o cheiro à sardinha que ficaria depois entranhado em tudo o que tocássemos.

Toda a gente aguardava ansiosamente as sardinhas na telha. Eu também queria provar essa iguaria. Elas chegaram finalmente. É incrível como não sabem à sardinha assim temperadas! É curioso.

Aquele molho que fica depois na massa da broa que depois também fica cozida é uma delícia. Fartei-me de comer disso até mais não poder.

A tarde foi passada ao sol a passear um pouco e a conversar. No final, novamente no Sítio do Cartaxo, todos nós entoámos em coro a famosa canção “Eu Ouvi O Passarinho”.

Com o cheiro da sardinha entranhado no corpo, regressámos a casa. Foi um dia bem passado, apesar do intenso vento junto à Lagoa.

Monday, June 27, 2011

As escadas de Abrantes

Cada noite de sonhos que vivo, cada surpresa que apanho.

O facto de algumas coisas me passarem pela frente durante o dia leva o meu subconsciente a recriar cenários e situações completamente desconcertantes. Desta vez escolheu Abrantes como palco de mais uma versão de um dos sonhos mais recorrentes que tenho. Estou a falar daquele tipo de sonho em que tenho de subir escadas sem qualquer tipo de corrimão ou segurança, muito íngremes e com o vácuo a ameaçar à medida que subimos.

Por incrível que pareça, esses sonhos decorem com edifícios que deveriam ter infra-estruturas compatíveis com pessoas com deficiência. Lembro-me de as próprias instalações da ACAPO só serem acessíveis através de escadas de madeira e inclusive, de a própria casa da presidente da ACAPO de Coimbra não ser nada acessível. Esse sonho foi um dos mais comentados do meu blog. Foi mítico.

O que estaria reservado desta vez em Abrantes? É o que passo a descrever.

Fora uma noite de intensa actividade onírica da qual só resta esta história. E mais não é nada pouco.

Sonhei que ia participar numa acção de formação ou em algo desse género. A minha vontade de participar era pouca ou mesmo nenhuma. Foi bastante contrariada que me desloquei até lá. Previa que aquele evento fosse, como se diz em bom Português, uma grande seca, um frete, uma grande chatice.

Parece que aquilo era para me darem um louvor qualquer de bom comportamento, imagine-se. Eu bem-comportada? Só mesmo em sonhos. Eu nunca me porto bem e muito menos sou reconhecida pelas minhas virtudes, pois modestamente não as possuo. Reconheço isso com toda a frontalidade.

Para termos acesso ao local onde ia decorrer o evento, havia que subir, subir, subir até mais não poder. Era quase uma escalada. O prédio não tinha elevador mas tinha inúmeros andares. O nosso destino, por azar, era no último. Ora se não tinha de ser!

O espaço era escuro. À medida que subíamos, esfumava-se a pouca claridade que vinha da entrada do rés-do-chão. Se algum dia me fazem entrar numa coisa dessas, eu desando com quanta velocidade tiver dali para fora e só paro na estação de comboios ou na Rodoviária lá do sítio. Nem que esteja no Estrangeiro.

A escada era de madeira castanha, íngreme, irregular e apenas com uma fina e frágil corda que deveria impedir, à partida, as pessoas de se estatelarem lá em baixo. Pois...

A escalada (sim porque aquilo já não era subida, era escalada mesmo, pelo menos corda não faltava...) parecia não ter fim. À medida que íamos subindo, íamos tomando cada vez mais consciência do perigo e o medo já era intenso. Eu já não estava a achar o mínimo de piada àquela escada que já estava a inclinar para fora de tão íngreme. Mal cabia um pé num degrau, só para que conste.

Para complicar as coisas, já não se via a ponta de um chavo ali e éramos muitos. Qualquer deslize e íamos todos parar lá abaixo. Já estávamos a uma altura considerável do chão. O pânico começou a apoderar-se de nós. Já se ouviam gritos de pavor.

A certa altura, aí no décimo andar do edifício, a escada deixou de ter a tal corda. Ficámos horrorizados. E agora? Aquilo ia acabar mal. O abismo esperava-nos lá muito em baixo.

O inevitável aconteceu. Eu desequilibrei-me e voei na imensa escuridão. Seguiram-se todos os outros que estavam comigo e...a própria escada que se partiu positivamente em duas.

Ia em queda livre quando acordei sobressaltada. Depois voltei a adormecer e a sonhar com outras coisas. Quando o despertador tocou já custou mais acordar.

Dois dias normais

Eis dois dias em que nada de especial há para contar.

Tanto em termos de trabalho, como em termos de sonhos, nada de relevante se passou.

No trabalho parece que as coisas me estão a correr melhor agora depois de uma fase menos boa em que eu quase desesperei. Agora dá gosto levantar-me todas as manhãs e ir trabalhar.

Vejo que está tudo controlado, tudo a andar. Que alegria!

“Policy Of Truth”- Depeche Mode (Música com Memórias)

Sonhei uma destas noites com aquele cão que marcou a minha infância…e pelos vistos a da minha prima.

Neste texto recordo o dia em que ele foi atropelado. Um dos temas que me lembro de ter passado na rádio nesse dia foi este. Agonizando, Dick uivava ao som desta música. Para não o ouvir, a minha mãe saiu de casa virada ao lugar.



Dick era um cão preto e branco, de porte médio mas com ar ameaçador. Andava quase sempre à solta e muitas vezes passava longos períodos sem vir a casa. O meu vizinho afirmava tê-lo visto a atravessar a Estrada Nacional. Ironia do Destino, acabou por ser atropelado a cem metros de casa, na madrugada de 10 de Agosto de 1989, quando não havia movimento na estrada.

Certa vez, andávamos nós na escola primária, o cão desapareceu. Desta vez demorou mais tempo a regressar. A minha mãe já tinha perdido a esperança em o encontrar vivo. Uma noite a minha irmã rezou à Rainha Santa para que o cão aparecesse. Na noite seguinte, um temporal como há muito não se via assolou a nossa terra. Terá sido isso que salvou o Dick de ficar preso na toca dos coelhos onde estava. Sem que ninguém contasse, o cão apareceu. Era da cor do barro e apresentava-se bastante débil por ter estado muitos dias sem comer. Foi a partir daí que a minha irmã ficou devota da Rainha Santa e ainda hoje lhe reza.

Outra história que se recorda do Dick tem a ver com a morte da minha avó. Nessa noite ele uivou à janela do nosso quarto. Foi por isso que todos lá em casa entraram em pânico quando ele voltou a uivar, desta vez para adivinhar a sua própria morte.Com a coluna quebrada, em extrema agonia, Dick teve de ser abatido.

Ainda há tempos achei piada ao facto de a minha prima recordar que tinha medo de passar por ele, apesar de ele nunca ter feito mal a ninguém. Apenas ameaçava e cultivava um ódio de estimação por um nosso primo que o provocava. Certo dia, estava a motorizada do meu primo estacionada à nossa porta. O cão vinha do lugar, olhou fixamente para o meio de transporte do meu primo e rosnou de raiva. Fartei-me de rir.

A Natureza anda estranha

Não é só em sonhos que a Natureza e o Clima andam estranhos. Provavelmente os sonhos que ando a ter com fenómenos naturais extremos reflectem as reflexões que vou fazendo sobre algo que está a acontecer e que eu não sei o que é mas sei que, daqui para a frente, haverá a tendência para as coisas piorarem.

Tenho notado que já nem chove aqui como antigamente. Os dias cinzentos que adivinhavam a queda de chuva a qualquer momento passaram à história. Agora andamos na rua sem nos preocuparmos com nada. O Céu está azul e sem nuvens. No espaço de cinco minutos, fica tudo escuro quase como se fosse noite e uma intensa tromba de água desaba impiedosamente sobre nós, acompanhada de trovoada estridente.

O curioso é que este fenómeno se dá sensivelmente à mesma hora, lá para o final da tarde. Lembro-me que quando andava no liceu, o professor de Geografia mencionou que devido a um qualquer fenómeno, chovia sempre à mesma hora no Equador. Eu lembro-me de me ter rido disso. Assim eles já sabiam com o que contavam. Nós aqui em Portugal também iremos passar a saber que por volta das sete da tarde irá chover, dê lá por onde der. Como o clima está a mudar!

Agora não é só na Islândia que os vulcões adormecidos há centenas de anos resolvem acordar. Há um vulcão no Chile que ameaça provocar um caos na aviação e outro na Eritreia que já estava adormecido também há muito e resolveu despertar furiosamente. Mas por que estão tantos vulcões a despertar ao mesmo tempo? Que se está a passar no interior do nosso Planeta?

Os noticiários não têm falado de outra coisa ultimamente que não de uma tal bactéria que já matou dezenas de pessoas na Alemanha. Não será essa bactéria também fruto das alterações climatéricas? Não terão sido criadas condições ambientais para a sua mutação? Eu já não digo nada. Estão a aparecer por cá fenómenos muito estranhos. Não admira que surjam novos seres impulsionados por tudo isto.

Onde iremos parar? Como travar todas estas loucuras da Natureza? Já surgem notícias de malária em Portugal. Atenção que não foram pessoas que a trouxeram de África. Há indícios de que o agente da doença encontrou condições propícias para se desenvolver aqui. É o que eu digo, Portugal quase parece um país tropical. Para além de chover sempre à mesma hora, agora temos condições para o desenvolvimento da malária e tudo.

O 11

meu pai que vai viajar.

Lá por casa era grande a azáfama. Aparelhavam-se meias e sapatos de lã. Iria também para a Islândia? Pelo meio apareceram também uns sapatos meus de Inverno.

As ruas de Coimbra iam, a pouco e pouco, sendo tomadas pelo cair da noite. Foi nessa altura que eu e a minha mãe reparámos que a maioria dos autocarros agora não passavam de carruagens isoladas das antigas automotoras da Linha da Lousã.

Fizemos alta ao 11 que era mesmo uma pequena carruagem cinzenta. Ficámos a saber que o grupo que eu tinha criado no Facebook era alvo de investigação por alegadas práticas de bruxaria e espiritismo usando gatos e música estranha. Que engraçado!

Fizeram-me mesmo umas perguntas sobre o meu interesse por práticas do sobrenatural. Eu afirmei que, apesar de ter imensa curiosidade na abordagem desses assuntos, nunca tive oportunidade de frequentar espaços onde essas práticas decorrem.

Quem sabe um dia!

Tempo seco e quente atrai incêndios

Tem estado calor mas nada que se compare ao ambiente completamente seco, quente e esquisito deste sonho.

O meu sonho revestia-se de uma certa melancolia, de uma crueza impressionante e de algo que eu não sei descrever. Num final de tarde, o Céu revestia-se de tonalidades azuis e encarnadas. Não havia uma ponta de verdura nas proximidades de minha casa, só vegetação amarela e seca. O calor, mesmo àquela hora era insuportável. Quase não dava para se estar dentro de casa e na rua então nem pensar em estar.

A Terra parecia estar em brasa. Já não chovia há imenso tempo. Meses ou anos, com toda a certeza. Era grande a preocupação. Estava-se no limiar da sobrevivência.

Eram cerca de oito da noite quando a luz faltou de forma inexplicável. Não havia indícios de trovoada, o Céu estava limpo, apesar de a temperatura estar quente e abafada.

Fomos para a rua ver o que se passava. Apesar de toda esta secura, até estava um belo final de tarde, com o Céu sem nuvens e com umas bonitas tonalidades azuis e alaranjadas. Mas algo ali não estava bem. Toda a gente sentia isso. Eu sentia-o também.

Olhámos na direcção da casa dos nossos vizinhos de cima. A cor laranja apoderava-se do horizonte. Aquilo já não eram nuvens. Era fogo que se dirigia de forma voraz e ameaçadora para baixo. Estávamos perdidos. Sem água, como o travar?

O terror apoderou-se dos meus pais, de mim e dos meus vizinhos. Ninguém nos poderia acudir. O clima de tristeza e apreensão era impressionante. O calor tornou-se mais intenso e doentio.

Olhei para o lado da ponte. Horrorizada reparei que também daquela direcção se aproximava outro incêndio. Dali a nada as duas frentes de fogo iriam juntar-se, cercar-nos e morreríamos ali.

Acordei aliviada por me encontrar sossegadamente deitada na cama. Já não é a primeira vez que tenho um sonho semelhante. Lembro-me de uma versão em que também estávamos assim rodeados de fogo, com muita gente que corria de um lado para o outro, como se fosse o fim do Mundo. O sonho terminava comigo e a minha mãe agarradas uma à outra a gritar enquanto assistíamos ao aproximar rápido das chamas que surgiam de um lado e de outro.

Este sonho foi interpretado como uma recriação do subconsciente de um incêndio que ocorreu ali durante a noite de 27 de Agosto de 2008. Os incendiários colocaram duas frentes, uma ao pé da minha porta e outra em Vale do Boi. Dava a sensação de que qualquer uma delas poderia chegar às nossas casas. Isso não aconteceu mas vivemos ali momentos de grande apreensão.

Sonhei igualmente com uma reportagem de investigação criminal que já tinha visto antes e que era medonha. Eu tinha medo de a ver novamente. Tudo aquilo para se chegar à conclusão de que fora a própria esposa a assassinar o marido de forma hedionda.

Goalball e Boccia

Levantei-me bem cedo e extremamente bem-disposta.

Não fui a pé até ao Pavilhão. As pernas ainda me doíam do esforço da véspera. Apanhei logo um autocarro assim que cheguei à paragem e cheguei aos Combatentes pouco depois das sete da manhã. Ainda era extremamente cedo.

Procurei um local para tomar café e ali ficar a fazer um pouco de tempo. Quando achei que já eram horas, dirigi-me ao Pavilhão para depois ser encaminhada até onde iria decorrer o Goalball.

Estava ansiosa por ver como agora eram os jogos, se eram mais competitivos e espectaculares do que no tempo em que jogava.

Pelo que me deu a entender, agora as equipas estão mais competitivas e equilibradas. Já não haverão goleadas do calibre daquelas que nós sofríamos. Há campeonatos regulares e bem organizados e há um misto de juventude e de veterania em todas as equipas.

Eu ia assistindo aos jogos que apresentavam indecisão no resultado até ao fim enquanto olhava pelo abastecimento do congelador das bebidas.

Também constatei que há grande equilíbrio entre a equipa do Porto e a equipa do CAC. Esses jogadores do Porto sempre foram bons no tempo em que o Boavista tinha Goalball. Tinham tanto de bons jogadores como de barulhentos.

As equipas de Lisboa sempre foram uns colossos. Também qual era a equipa que não era uma equipa de craques ao lado da nossa? As pessoas aqui não se interessam por Desporto. Chega-se o fim-de-semana e abalam logo no primeiro autocarro que encontram. Alguns jovens nem às aulas assistem com empenho nos cursos de formação. No meu tempo tive de me zangar com algumas pessoas que não estavam ali a fazer nada. Só prejudicavam quem realmente queria aprender e só queriam o dinheiro ao fim do mês. Praticar Desporto seria mais um frete. Aliás, eu sou apologista da obrigatoriedade de aulas de Educação Física nos cursos de formação da ACAPO. Era da maneira que se poderiam angariar mais atletas.

Ganhou a equipa do Porto depois de um bem disputado jogo com a equipa do CAC que terminou empatado. Devido à diferença de golos, os nortenhos levaram a melhor.

Seguiu-se o almoço. Esqueci-me de referir que as refeições eram na cantina da ESEC- um local que me é tão familiar. As funcionárias já não me viam há muito e por isso fizeram uma grande festa. Agora tenho só uma hora de almoço e não posso ir lá almoçar como fazia quando trabalhava em Celas.

Para a parte da tarde estava agendada a minha ida para a Boccia. Estava ali uma boa oportunidade de assistir ao vivo a essa modalidade desportiva que tantos títulos tem dado ao Desporto Adaptado Nacional. Só pela televisão assisti a resumos de Boccia. Iria ter oportunidade de ficar a perceber mais um pouco desse Desporto.

Dirigi-me ao Pavilhão da Académica na companhia de alguns elementos da equipa de arbitragem de Boccia. Uma jovem demonstrava a sua tristeza por não ter tido oportunidade de assistir ao Goalball- algo que ela tinha curiosidade em ver. A mesma curiosidade sentia eu em relação ao Desporto que ela conhecia mas iria ter a sorte que ela não teve de assistir pela primeira vez ao vivo a Boccia.

Sentei-me, saquei do telescópio que uso para ver ao longe e comecei a seguir os jogos que se estavam a desenrolar. Eu já sabia as regras básicas de Boccia. Ganha quem mais se aproximar da bola branca. Não sabia era que também eram os jogadores a arremessar a bola branca.

Ao longo do tempo em que assistia aos jogos, uma dúvida assolou-me. Vi uma bola vinda da equipa adversária tocar numa bola de uma equipa que estava perto da bola branca e fazer com que a bola resvalasse para longe. Se isso acontecer, como se processam os resultados? A minha interlocutora disse que bastava uma situação destas para alterar um resultado. Ali valia tudo. Se calhar era aí que estava a espectacularidade do Boccia. De um momento para o outro as bolas poderiam mudar de posição. Para além de ser uma questão de pontaria e de precisão, também seria uma questão de sorte.

Foi naquele espaço que ocorreu a Cerimónia de Encerramento. O Boccia foi o último evento a terminar. Seguiram-se imensas fotografias de grupo, os habituais discursos de despedida e a promessa de um novo evento desta envergadura em 2012 noutra cidade.

Ficamos então à espera. Vamos ver se para os próximos Jogos de Portugal a ACAPO de Coimbra já esteja representada. Esperemos que sim.

Depois de levantar o meu certificado, fui para casa sem jantar porque tinha medo de não ter autocarro para ir para casa.

Foram dois dias felizes, como já há muito não tinha. Estava mesmo à espera de algo assim para recarregar baterias para mais uma árdua semana de trabalho.

Reviver estes momentos de novo e sem contar

Foi na quarta-feira à tarde que recebi um telefonema da ACAPO a perguntar se eu estaria interessada em participar numa prova de Ciclismo que iria decorrer em Coimbra. Mas é claro que estaria interessada! Até me estava a admirar de os Jogos de Portugal serem em Coimbra e de nós não termos ninguém no evento. É que há muito que o Desporto foi extinto nesta delegação, infelizmente.

Fiquei radiante com a hipótese de vir a participar no evento mas já me tinha inscrito também como voluntária. O facto de o meu equipamento de Ciclismo também ter ficado em casa também me preocupava mas não era por isso que iria deixar de participar.

Tudo se resolveu. Contactei o responsável dos voluntários e informei-o do que se estava a passar. Quanto aos equipamentos, a delegação de Lisboa iria emprestar-nos. Quanto ao facto de já não treinar há muito tempo, nada podia fazer. Ia assim. O que contava era participar.

E chegou o grande dia. Já não me lembrava dos rituais que se tinham de seguir antes das provas. Desde 2008 que não sei o que isso é. É desde essa altura que eu não treino em condições. Depois arranjei emprego e ainda ficou pior em termos de disponibilidade para se treinar. Apenas se dão umas caminhadas e pouco mais.

Juntámo-nos aos nossos companheiros por volta do meio-dia. Depois tivemos de levantar as acreditações e almoçar. A prova estava marcada para as duas e meia da tarde. Seria ao pé do meu antigo local de trabalho. Já estava a ver as minhas antigas colegas, reparando que havia bastante movimento, curiosas como são, a irem ver do que se tratava e a verem-me lá.

E chegou o grande momento da partida dada por Rosa Mota, a quem tinha acabado de contar aquele mítico sonho. A minha guia era uma rapariga de Lisboa que certamente iria estranhar ser guia de uma atleta (ou de uma ex-atleta) mais pesada.

Lá começamos o calvário pelo circuito. Eu bem gostaria de voltar aos meus velhos tempos mas estou velha e com os joelhos muito danificados de anos de actividade desportiva sem acompanhamento médico adequado e de uma queda que dei há quase um ano e que foi aqui relatada. O meu joelho esquerdo, quando chega à noite, apresenta mais do dobro do seu tamanho. Quando trabalhava no pão ainda era pior do que agora, que estou sentada todo o dia.

Estava-me a custar não poder dar mais mas não podia fazer milagres. Houve uma altura em que eu simplesmente fechei os olhos e tentei esquecer o cansaço, as dores nas pernas e a sede que já sentia. A minha companheira queria desistir quando só faltava uma volta para o fim mas eu não deixei. Já que tínhamos chegado até aqui, havia que continuar para depois ainda sermos classificadas. Nem que chegássemos lá com mais de meia hora de atraso.

Assim foi. Fui última mas não esperava outra coisa em virtude das circunstâncias. Em 2002 ou 2003 não teria dificuldade em vencer isto e inclusive em ficar à frente de alguns homens. Agora as minhas capacidades são bem mais limitadas e tenho também mais anos e mais quilos em cima.

Mesmo assim lá conseguimos uma medalha e o aplauso efusivo dos que ainda resistiam à beira da estrada para nos ver chegar. Valeu a pena. Já nem podia com as pernas mas estava contente por ter feito esta prova. Incitaram-me a voltar a treinar mas tal não depende de mim. Gostaríamos de abrir novamente o Ciclismo na nossa delegação mas serão precisos guias e isso é difícil de arranjar.

Há que reabrir o Desporto urgentemente aqui. Há que pensar numa maneira de tal acontecer. A mim pouco resta que não seja o Desporto de manutenção. O Ciclismo e as caminhadas seriam interessantes.

Foi uma longa tarde de espera pela Cerimónia de Abertura que por acaso se deu quando algumas provas já tinham começado. Estava prevista uma festa memorável.

No fim de jantarmos, fomos para as imediações do Estádio Cidade de Coimbra onde aproveitei para conversar com antigos companheiros e adversários. Foi bom revê-los. Já há imenso tempo que não os via. Lamento não ter visto os meus antigos companheiros do Atletismo mas as provas foram em Leiria e eu não fui até lá. Realmente achei estranho as provas serem em Leiria, quando Coimbra tinha uma pista de Atletismo.

Tinha, disse bem. Nem a euforia e a emoção de estar a participar novamente numa Cerimónia de Abertura conseguiram ofuscar a tristeza que senti ao ver a pista completamente destruída. O local onde passei grande parte da minha vida estava agora com enormes crateras e com areia por todos os lados. É mesmo triste. Já não entrava ali há três anos e jamais me passou pela cabeça aquilo estar assim tão degradado. Foi por isso que as provas foram em Leiria!

A noite era de festa e havia que aproveitar. Depois do desfile e da Cerimónia de Abertura, seguiu-se o concerto de Mickael Carreira. Apesar de não fazer de todo o meu género musical, não deixei de me divertir e até de trautear algumas músicas.

Este dia memorável chegava ao fim. Tudo pareceu um sonho mas a minha indumentária, os adereços que trazia e a medalha no bolso da mochila eram bem reais.

Havia agora que descansar. Amanhã haveria um novo dia pela frente em que eu vestiria agora a pele de voluntária e estaria, por assim dizer, do outro lado.

Thursday, June 23, 2011

O presente

Que estranho!

Sonhei que o meu pai tinha sido operado ao estômago ou ao fígado. Estava a convalescer e disse-me que um senhor da minha terra tinha algo para me oferecer. Insistia imenso para que eu aceitasse o que quer que fosse. De referir que na outra semana, quando eu fui a casa, esse senhor apareceu lá para ajudar o meu pai com uns leitões que era para serem assados e comidos no outro dia.

O meu pai estava a tornar-se teimoso e chato para que eu fosse ter com esse senhor para ele me dar algo que tinha para me dar. Como já não suportava ouvi-lo sempre com a mesma ladainha, desloquei-me até junto de uma das janelas da minha vizinha que dão para o meu quintal. De lá, supostamente do quarto onde o meu vizinho dormia quando era pequeno e de onde costumava atirar lápis, canetas e marcadores para nós apanharmos, o amigo do meu pai passou para as minhas mãos um conjunto de canetas, um…biquíni e um telemóvel dos antigos sem ser a cores e sem multimédia.

O telemóvel era da Vodafone e trazia um cartão em separado que se inseria na parte lateral do aparelho para se ter acesso à Internet.

Vesti o biquíni preto estampado com desenhos coloridos que tinha acabado de me ser oferecido. Dava a sensação de me estar um pouco curto e apertado.

Fui para a praia, ou melhor não saí da minha porta. A estrada estava transformada numa impressionante corrente de águas revoltas.

Fomos a banhos devidamente equipados e vestidos para o efeito. Eu envergava, como atrás referi, o biquíni que me foi oferecido pelo amigo do meu pai. Toda a gente lamentava o facto de a água estar fria. A minha irmã dizia ao meu vizinho que a água estava espectacular e mergulhou. Eu mergulhei de seguida na direcção da ponte. O biquíni afinal tinha-se ajustado ao corpo com a água.

Lamentava não ter trazido a bola para as “férias”. Mas aquilo não era à porta de casa? Podia ir lá dentro busca-la mas isto é um sonho.

A minha irmã ordenou que saíssemos da água porque ela estava a ficar bastante revolta. Eram os carros que continuavam a passar na estrada e levantavam enormes quantidades de água. Eu assistia ao espectáculo à porta da minha eira.

Acordei. Estas estranhas aventuras tinham terminado.

Campeonato de bebida

Sonhei com coisas muito estranhas. Que novidade! Fruta que se tinha de levar…a Leiria…de autocarro, provas desportivas na mesma cidade e muito mais. Só lendo o que a seguir passo a relatar.

Nas provas de Atletismo que decorreram na cidade do Lis houve uma atleta numa prova de fundo que venceu com uma vantagem enorme sobre as suas mais directas adversárias.

Refira-se que no final das provas os atletas sentavam-se numa cadeira no centro do relvado para se emborracharem com toda a espécie de bebidas alcoólicas.

Eu também me encontrava na extensa fila para provar as bebidas mas estava quase na hora…de ir para as aulas. Prometi voltar mais tarde ao mesmo local. Não poderia perder este evento. Pois é, nos sonhos eu gosto muito de bebidas alcoólicas. Elas sabem-me mesmo bem. Já na realidade eu não ligo muito a essas coisas. Bebo cerveja e pouco mais.

Não sei em que contexto, um marroquino relatava as suas experiências místicas com os sonhos. Ora se o protagonista não tinha de ser marroquino! Essa é que eu não entendo, por mais que puxe pela cabeça. E o engraçado é que isso só acontece de há cerca de um mês para cá. São os sonhos em que entram marroquinos e são os sonhos de casas sujas, desarrumadas, com água no chão…

Voltando ao ponto onde estava antes de divagar, o marroquino contava para quem o quisesse ouvir que teve experiências místicas e de quase-morte enquanto sonhava que Alá e outros seres divinos o chamavam. Depois ainda contou outras histórias bem curiosas relacionadas com o sobrenatural mas não me consigo lembrar do que se tratava.

Agora a acção desenrola-se no sítio do costume, isto é, na estrada junto à eira da minha vizinha. Estava quase a anoitecer quando a minha mãe estava de regresso a casa com o seu enorme rebanho de cabras. Eram imensas e de todas as cores. As crias eram mais do que as cabras adultas.

Passou um carro na estrada e o enorme rebanho dispersou. Pensei que o veículo tivesse atropelado um cabrito amarelo mas parece que ele estava são e salvo na berma da estrada. Terá saltado por cima da viatura.

Que surpresas reservaria o dia de hoje? Algumas.

“OLHA QUE CAIS!”

Estas viagens de que passo a falar são somente viagens ao mundo dos sonhos, claro está. Também, em todo o caso, não fui eu que fui viajar, com muita pena minha.

Por onde começar? A minha irmã foi até à…Islândia na companhia de …Bruno Nogueira e de um indivíduo chamado Paulo que padecia de diarreia crónica. É a loucura! O meu subconsciente fez uma recolha de alguns vídeos que estive a ver no Youtube e mesclou tudo aqui neste sonho.

Consta que a minha irmã também terá regressado de lá com uma terrível gripe e o meu vizinho aguardava ansiosamente em minha casa que ela chegasse.

Ah, afinal sempre vou fazer uma viagenzita mas é só até ali abaixo e vai haver estrilho. Querem apostar?

Numa tarde de Sol, passava eu pela Moita. Ia tão distraída que galguei um enorme monte de areia amarela. Alguém que passava pelo local ainda gritou:
- OLHA QUE CAIS!

Tarde demais. Já estava eu com o nariz enterrado no monte da areia, que até me consolei.

Regressemos ao passado através de uma viagem onírica! Mais uma viagem. Esta leva-me aos tempos de liceu e a uma cena bem hilariante. Antes de narrar esta parte, convém explicar que quando andávamos no liceu de Anadia, eu e a minha irmã tínhamos ordem para usarmos as escadas dos professores que sempre eram menos confusas do que as dos alunos.

Neste sonho eu simplesmente subi pelas escadas dos alunos e desci quase de gatinhas pelas dos professores. As pessoas riram às gargalhadas porque eu fiz isso de seguida. Digamos que fui dar a volta. Quem lá andou ou ainda anda, pode compreender o quão hilariante foi a situação, atendendo ao facto de eu não ter parado em nenhuma sala de aulas ou algo do género. Simplesmente subi por um lado e desci pelo outro.

Numa espécie de refeitório, a minha irmã ajudava uma jovem mãe com filhos de aparência nórdica a alimentar as crianças. Comia-se sopa. As crianças aparentavam estar realmente esfomeadas, com ar de quem já não comia há uns três dias. Nós admirávamo-nos de aqueles miúdos não fazerem birra à hora da refeição, principalmente quando têm de comer sopa, que é algo que os miúdos detestam. Aqueles regalavam-se. Notava-se que estavam a adorar.

O sonho não podia acabar sem a indispensável parte em que entram excrementos. Já tem sido habitual. Estava eu na casa de banho de minha casa, junto ao lavatório…com uma pen. A certa altura a tampa do dispositivo USB caiu para dentro da sanita mas iria ser complicado recuperá-la. A sanita estava toda borrada, mesmo nojenta.

Estava eu a pensar numa estratégia para recuperar a tampa da pen quando o despertador me salvou desse árduo e nojento expediente. Salvou-me desse contratempo mas não me iria salvar com certeza do imenso trabalho que iria ter pela frente neste dia. Valha o facto de este ser bem mais limpo.

A crise chegou e tudo mudou

Peço a todos os que estejam por aí, e também àqueles que não costumam estar mas só vieram até cá dar uma fugaz espreitadela, que vejam este documentário até ao fim. Sei que ele é longo mas vale a pena, até para compreenderem aquilo que eu quero transmitir.



Parece que esta reportagem não tem assim tantos anos, no entanto parece que já passou uma eternidade. Agora a realidade da Islândia é a que está descrita abaixo. Não fossem os cartazes com caracteres e frases completamente imperceptíveis e a aparência pouco latina dos manifestantes e ia jurar que isto se passou em Portugal. Ali não haverão os “Homens da Luta”. Quem está a empunhar o megafone até é uma mulher, também um dos indícios de que não estamos em Portugal. No Norte da Europa as mulheres sempre estiveram mais activas em movimentos sociais do que nos países da Europa Latina.



Se viram o documentário que acima coloquei, não deixa de ser curiosa a entrevista feita a um polícia que não tinha armas nos seus objectos de defesa. Somente um bastão e uma bisnaga de gás-pimenta que nunca teve necessidade de usar porque a Polícia só existia naquelas paragens para controlar o trânsito e pouco mais. Os cidadãos islandeses eram muito pacíficos e detestavam confusão. O bastão daquele polícia, em quinze anos de actividade profissional, jamais foi utilizado.

Veja-se a forma como esta manifestação está a ser reprimida pelas forças da autoridade. Pode-se dizer que aqueles bastões estão novinhos em folha e foram agora estreados no costado daqueles manifestantes. Como devem magoar, assim lustrosos e a cheirar a novo! Ainda magoarão mais nas costas de quem nunca apanhou um açoite na vida porque tudo corria bem e não havia necessidade de usar a força.

Esta carga policial concorre ferozmente com a que dizem que houve em Viseu, salvo erro, num dia destes. Que eu saiba, não é José Sócrates que governa aqui e a carga policial acontece na mesma. O que está a governar nos dois países é a crise e a instabilidade política e social. É isto que gera estas reacções. Mesmo num país tranquilo isto acontece, quanto mais em Portugal que sempre foi um país que atravessou dificuldades.

Passaram poucos anos entre a elaboração destes vídeos. É incrível! Como tudo mudou assim tão depressa! Assim de repente, estão a ocorrer-me algumas questões bem pertinentes: Será que os Islandeses ainda continuam a confiar uns nos outros? Continuarão eles a deixar as portas de casa abertas e os carros destrancados quando saem? Os bebés ainda continuarão a ficar tranquilamente na rua a respirarem ar puro para ficarem mais fortes e saudáveis? Aqui para nós, acho que estes comportamentos já passaram à história.

A crise chegou e tudo mudou.

Ser aquilo que não sou

Hoje em dia temos de fazer muitos sacrifícios e abdicar de muita coisa só para conseguirmos um emprego ou mantermos aquele que temos actualmente.

O mundo do trabalho, cada vez mais competitivo e cada vez menos humanizado, exige que nos empenhemos a fundo naquilo que temos de fazer, nem que para isso tenhamos de abdicar daquilo que somos enquanto seres humanos, daquilo que nos distingue individualmente dos demais da nossa espécie.

Já aqui tive oportunidade de falar, logo quando soube que ia mudar de funções, da maneira mais formal como tinha de vestir no local de trabalho. É com bastante sacrifício que tenho de cumprir essa regra, apesar de me rever e de me identificar numa imagem mais desportiva e menos formal. Quando chego a casa logo mudo de indumentária para algo mais de acordo com o que eu gosto de vestir, para um estilo mais desportivo.

Agora vieram-me dizer que tinha de apaparicar muito os meus interlocutores, dar-lhes muita conversa, muitos beijinhos e abraços e por aí fora. Mas como, se eu sou uma pessoa tão fechada e que tem sempre fugido do contacto humano? Como vou eu fazer isso, se nem eu gosto que sejam assim para mim?

Mudar a imagem exterior, com mais ou menos sacrifício, ainda dá para mudar. Mudar a minha forma de ser com os outros é quase impossível e colide mesmo com aquilo que espero dos outros. Tive já experiências de pessoas que aparentaram no passado ser muito carinhosas e afáveis para comigo mas chegou-se a um ponto em que vim a descobrir que tudo não passava de falsidade e hipocrisia, de algo que eu mais abomino num Ser Humano.

Para mim a frontalidade e a rectidão sempre foram valores preservados. Não serei mal-educada com alguém que mereça ouvir um bom sermão mas também não vou passar a mão pela testa ou usar falinhas mansas. Simplesmente me limitarei a fazer o meu trabalho.

As relações humanas sempre foram um obstáculo para mim, fruto do que foram os meus primeiros anos de vida e fruto de uma predilecção minha pelo isolamento e pelo mundo aparte que criei e onde me sinto segura.

Para mim o que interessa é fazer o meu trabalho na perfeição. Quanto ao resto, vou tentar fazer o meu melhor mas não posso mudar a minha maneira de ser, quando eu até tenho grane dificuldade em compreender quem sou e como sou.

O voto

Mais uma vez, realizaram-se umas eleições em Portugal em que a abstenção foi bastante elevada. Eu não contribuí para esse número, pois meti-me ao caminho a pé e lá fui cumprir o meu dever cívico, pelo qual muita gente lutou e outros tantos parecem menosprezar essa luta pela democracia que tanto custou à geração de Abril de 1974.

Se as coisas não correm bem em termos políticos no nosso País, a culpa também é dos eleitores que abdicam de contribuir para a decisão de quem os vai representar e andam um pouco ao sabor dos outros, por mais errados que eles julguem que estão.

Daqui a uns tempos, o Governo que for eleito vai impor novas leis que vão desagradar a alguns cidadãos. Logo eles saem para a rua a reclamar contra essas hipotéticas medidas com as quais discordam. A primeira pergunta que a Comunicação Social deveria fazer ao manifestante mais fervoroso e mais exaltado era se acaso foi votar nas últimas eleições. Eu queria ouvir a resposta. Se há mais de quarenta por cento de pessoas que não foram votar, provavelmente as manifestações futuras estarão cheias desta gente que nada fez para alterar o rumo político de Portugal e agora exige que o Governo eleito lhes satisfaça os seus intentos.

Se acaso me apanhassem um dia a protestar contra o Governo hoje eleito, eu diria a quem me quisesse ouvir que estou de consciência tranquila, pois fui votar hoje. Não tenho a culpa se o meu partido não foi o escolhido pela maioria para governar o País. Aí o problema já não é meu, é também de quem vota sempre nos mesmos ou não vai votar. Não há a coragem para apostar em ideias novas, em experimentar novas forças políticas. Já sabem que certas forças políticas foram nefastas no passado e continuam a acreditar nelas. Como são teimosos e masoquistas, os eleitores portugueses!

A democracia que tanto custou aos nossos antepassados infelizmente está a perder-se. Hoje toda a gente está em casa sentada no sofá à espera do resultado de umas eleições legislativas nas quais não participou e apenas espera que os outros tenham decidido por si. Daqui para a frente se verá no que isto vai dar mas não auguro grande futuro ao Governo hoje eleito.

Para não estragarem as férias

Portugal venceu a Noruega apenas e só por 1-0. Mais uma vez Cristiano Ronaldo não jogou nada que se visse e voltou a ser vaiado pelos portugueses que perderam o seu precioso tempo a deslocarem-se ao Estádio da Luz para ver os seus ídolos a arrastarem-se positivamente em campo.

Só mesmo com muita sorte é que Portugal venceu o jogo. A Noruega mostrou-se mais aguerrida do que nós e lutou sempre muito, coisa que a maior parte dos nossos jogadores nem sequer pensou em fazer. Para quê?

Aquele Jogador Número Sete da Noruega (o Rise mais novo) deu bem que fazer a meia equipa portuguesa mas ninguém parecia disposto a travá-lo, sob pena de distender um músculo e depois já não poder ir para férias num qualquer destino paradisíaco à vontade.

E dizem os craques que tiveram uma época muito desgastante. Nos tempos que correm, os jogadores noruegueses já jogam em Inglaterra e em Itália, tal como alguns dos nossos craques. O desgaste deveria ser para todos mas viu-se no Estádio da Luz os noruegueses a correrem e os portugueses a arrastarem-se. Era uma diferença abismal entre o empenho do Jogador Numero Sete da Noruega e o Jogador Número Sete de Portugal que tinha a responsabilidade de dar um pouquinho mais pelo seu Pais como forma de retribuir o apoio que alguns compatriotas ainda lhe vão prestando. Depois queixa-se de ser assobiado e de alguns portugueses não o apreciarem e apreciarem o Messi.

Deixai-os ir para férias reflectir sobre o péssimo empenho e falta de motivação para os jogos da Selecção. Para a próxima época, se eu fosse a Paulo Bento, sentaria algumas das estrelas da companhia no banco só para eles verem o que era bom. Quem sabe assim certas atitudes mudariam.

De referir que o golo de Portugal foi apontado por Hélder Postiga que por acaso está imune a estas minhas críticas. Ele sempre se tem empenhado com a camisola da Selecção.

Tuesday, June 21, 2011

“Bom Dia, Bom Dia”- Ilda de Castro (Música com Memórias)

Desde já lamento não ter achado esta música no Youtube. Seria óptimo para as pessoas que não sabem do que falo se contextualizarem. Mesmo assim não deixo passar a oportunidade de recordar algo que esta música me faz lembrar.

Penso que esta música faz parte do primeiro álbum de Ilda de Castro, pelo menos que eu tenha conhecido na altura. Estávamos em inícios dos anos noventa, mais ou menos por esta altura do ano em que acordávamos já com o Sol a entrar através da janela que ficava aberta.

O meu pai ligava o rádio todas as manhãs na Antena 1 e costumava passar quase sempre essa música. Na altura ainda não havia sido inventado o conceito de “música pimba” e, no meu ver, esse conceito fez com que alguma música portuguesa deixasse de passar nas rádios nacionais. Hoje eu penso que é completamente inconcebível este tipo de música passar na Antena 1 ou na Renascença mas na altura lembro-me de ter acordado muitas manhãs ao som desta canção.

Nesse mesmo álbum, Ilda de Castro interpretava também uma versão de uma canção antiga de António Calvário que se chama “Regresso”. Na altura não gostava nem um pouco dessa música mas quando ouvi a interpretação de Ilda de Castro passei a adorar a original e as muitas versões que foram feitas. Inclusive tenho lá um CD com uma tuna académica também a cantar isso e está espectacular.

Como gostava imenso dessas duas canções, adquiri na altura a cassete da Ilda de Castro que hoje há-de estar guardada algures lá em casa. Já não passo cassetes. Sinal da evolução tecnológica.

Barcos híbridos e pen partida

Isto ainda será efeito do memorável passeio de barco de há dias? É que já lá vão quase duas semanas. Bem, isso só demonstra que gostei imenso dessa actividade, o que não é mentira nenhuma.

No meu sonho visitávamos um local com águas de um azul algo artificial, onde havia imensos barcos.

Nós quisemos experimentar essas embarcações que tinham a particularidade de, em escassos minutos, nos levar a paragens longínquas como à Croácia e à Albânia.

Enquanto nos preparávamos para a viagem, eu não escondia o meu entusiasmo por ir finalmente ter a possibilidade de navegar em Alto Mar.

Para meu desagrado, a viagem foi curta. Foi só uma pequena demostração. Que pena! E eu que tinha as expectativas demasiado altas…

Agora vem a parte mais dramática. Aqui não tenho a menor dúvida de que isto espelha a minha obsessão com o trabalho e o medo de errar ou fazer algo que não deva.

Tinha uma pen com uns ficheiros muito importantes para o meu trabalho mas sentei-me sem querer em cima dela e entortei-a. Enfim…

Fiquei pior que estragada com a eventual perda dos documentos mas lá consegui dar um jeito à pen, experimentar no computador e, para meu alívio, tudo estava em ordem. Ainda bem! Como fiquei contente!

Tirar a pen toda torta da entrada USB é que foi o cabo dos trabalhos. Acordei na tentativa frustrada de conseguir.

Semana complicada, tal como eu previa

Nada mais me tem ocupado a mente que não seja o trabalho e as suas incidências. É que não tenho mesmo cabeça para mais nada e até para o trabalho estou a começar a perder a paciência.

Tudo porque tenho-me esforçado imenso, dado o meu melhor e ao fim de contas, terei de fazer tudo de novo. Isso está-me a consomir o espírito ate ao limite.

O meu mal é que sou ainda mais exigente comigo própria do que as outras pessoas são para comigo. Tenho sempre a sensação de que poderia fazer mais, de que algo que corre menos bem é culpa minha, quando parte do que acontece não o é na realidade.

Depois entro numa onda de stress que já nem sei onde me enfiar. Mais uns dias e dou em doida com tudo isto!

Monday, June 20, 2011

Super Aguaceiro

“Se calhar dormiram lá em casa todos ao molho”

Esta é a história de alguém que se deitou a dormir a sesta e acordou completamente a Leste, como se costuma dizer. Por vezes isso acontece. Quando era criança, lembro-me de duas ou três ocasiões em que me aconteceu algo semelhante.

O protagonista deste momento hilariante é o meu pai. Havia a Festa da Mocidade lá na terra, aquilo a que vulgarmente se chama Festa das Almas. O meu vizinho aproveitou a ocasião para convidar uns colegas de trabalho e, para o efeito, comprou um leitão já assado. Nós também fomos convidados e comparecemos ao almoço.

Como terão oportunidade de ver no vídeo que irei apresentar no post a seguir, a tarde voltou a ser marcada por um forte temporal. Como começou a trovejar, o meu pai foi dormir para o quarto, desligando a televisão.

Eu também estava no meu quarto a ler porque nada se podia fazer com aquela trovoada. Eram cerca de nove da noite quando finalmente deu para ligar o computador. O meu pai acordou nesse instante. Vendo –me passar de pijama, calculei que ele ia extraviar nas horas. Assim foi mas ainda foi mais divertido do que eu pensava.

Tendo percebido ruído de vozes vindo do exterior, o meu pai abriu a janela e observou que os carros que havia visto antes de ir dormir ainda lá estavam. Intrigado, veio para fora a questionar o facto de aquelas pessoas ainda lá estarem:
- Ai, ai ai, mas o Abreu e aquela malta ainda ali estão?!!!! Se calhar embebedaram-se todos e dormiram lá ao molho. Então ontem os carros estavam no mesmo sítio…Que miseráveis!

Irrompeu um coro de gargalhadas. A minha irmã entrou no jogo e ainda atalhou que tinha havido karaoke e eles tinham vindo ver. O meu pai não podia com tal acabar. Aquela gente bebeu até não poder ir para casa.

Vendo que eu estava ali, e para gargalhada geral, o meu pai ficou muito admirado e perguntou por que e que eu ainda não me tinha ido embora. Intrigado, foi ver as horas.

- NOVE E VINTE?!!! AI, AI, AI, e está tão escuro? Mas que raio é isto? Que dia é hoje?

Dissemos-lhe que ainda era Domingo. E convencê-lo de que não estávamos a gozar? Teimoso como ele é…

Foi então que o meu pai olhou para a roupa que trazia e ficou muito admirado por estar a dormir com a roupa de Domingo. Ainda mais espantado ficou.

Escusado será dizer que estivemos o resto da noite a rir de cada vez que recordávamos esse episódio bem hilariante. Se acaso ele tivesse tido a ideia de ir ter com o pessoal a casa do meu vizinho, teríamos ali um bonito espectáculo. Devia ser rir até mais não poder.

Barcelona vence Liga dos Campeões



Tal como eu esperava, o Barcelona derrotou o Manchester United por 3-1 e tornou-se assim Campeão Europeu. Mal posso esperar pelo jogo da Supertaça no próximo mês de Agosto só para ver o resultado do confronto entre as duas equipas que estão a praticar o melhor Futebol da Europa. Vai ser memorável.

Alguns portugueses questionaram o facto de Nani ter ficado no banco, tendo sido substituído por Park. Foi uma mera substituição táctica com o objectivo de travar as investidas atacantes de Messi e seus companheiros. Nani entrou quase no final do jogo e afirmava-se lá por casa que o resultado poderia ter sido outro com o extremo português em campo desde início.

Eu não sou da mesma opinião. Quem tem Messi tem quase meia equipa. Este ano Ronaldo nem pode sonhar com o título de melhor jogador do Mundo. O troféu virá outra vez para as mãos de Messi merecidamente.

Destaque-se para o último jogo da carreira do guarda-redes Van Der Saar que sai assim pela porta maior que o Futebol deve ter, tal como uma carreira recheada de êxitos merece. Vai deixar saudades mas a carreira de desportista é muito efémera.

Também estranhei o facto de o capitão do Manchester United ser o Vidic, quando há por ali jogadores mais experientes que possuem a mística do clube. Estou-me a referir a Ryan Giggs. Ele não deve ser o capitão. Eu não sei quem é o capitão do Manchester United mas depreendi que era alguém que estava no banco ou que estava ausente. É um pouco estranho um estrangeiro ainda jovem estar a envergar a braçadeira de capitão de uma equipa como o Manchester United.

E assim chega ao fim mais uma época futebolística. O que fazer agora durante quase dois meses?

Sunday, June 19, 2011

Caldas da Rainha, Famões, Bruno Gama e Rosa Mota

Confesso que estava ansiosa por passar estes apontamentos deste sonho para o Word para depois serem publicados na Internet. Já há imenso tempo que não tinha um sonho como este. Um sonho que me faça acordar realmente bem-disposta, feliz, com um sorriso nos lábios e cheia de força para enfrentar tudo o que surja nesse dia.

Não me vou alongar muito em mais comentários, até porque este sonho e bastante longo e com peripécias incríveis. É muita a ansiedade em passar rapidamente para a sua descrição.

Por onde começar? Talvez pelo fim. Acordei confusa e com um enorme sorriso nos lábios devido a tanta confusão, tanta loucura e tanto disparate. Afinal Famões ainda fica mais para Sul do que as Caldas da Rainha.

Não me consigo lembrar ao certo de como tudo começa. Sei que era um Sábado e tínhamos combinado sair. Parece que eu e a minha mãe viajávamos no carro da minha madrinha juntamente com ela própria.

Por incrível que pareça, rumaríamos a Norte para…Famões. Lembro-me de termos andado lentamente na retaguarda de uma ambulância branca com uma risca vermelha. Depreendi que talvez transportasse um idoso para uma consulta ou para uma sessão de Fisioterapia.

Rodávamos dentro da localidade. As casas eram quase todas baixas. O branco e o amarelo predominavam e as ruas pareciam desertas. Estava um belo dia de Sol, com um Céu azul espectacular.

Parámos junto a uma casa branca e entrámos num café vazio e mal iluminado. À porta estavam dois ou três idosos. Imediatamente observei que a população dali era já bastante envelhecida. Já quando viajávamos de carro dentro da localidade só encontrámos pessoas a pé que aparentavam ter mais de sessenta anos.

A televisão no café estava ligada e dava o noticiário da uma da tarde que conseguíamos ouvir perfeitamente por causa da ausência de barulho dos clientes.

A certa altura passava uma reportagem sobre…Bruno Gama. Mas onde foi o meu subconsciente buscar isto? O jogador do Rio Ave parece que se ia transferir para um grande clube europeu de forma surpreendente. As raízes futebolísticas dos seus irmãos eram ali mencionadas.

Estava extremamente esfomeada. A viagem havia sido longa. Mandei vir um bolo com bastante creme mas logo a minha mãe me censurou dizendo que iríamos almoçar dali a nada.

Parece, se bem me lembro, que a minha madrinha sacou de uma enorme fatia de presunto. Mal tinha acabado de comer o bolo e já atacava também aquele petisco. Apesar do contraste entre o doce e o salgado, aquele presunto estava-me a saber lindamente. Comecei então a elogiar a minha madrinha, pois aquilo veio do talho dela. Foi o melhor presunto que comi em toda a minha vida.

Entretanto na televisão anunciava-se algo para depois do Telejornal daquela noite. Então já não ia dar o Festival Eurovisão? E o Festival acabava antes das oito e meia?

Saímos do café e fomos percorrendo novamente aquelas ruas desertas. Se existir uma localidade como aquela na realidade, onde ficará? No sonho agora era identificada como sendo…as Caldas da Rainha. Espantoso! Ainda há pouco aquilo se chamava Famões.

Se acordei depois de todas estas peripécias, foi de forma pouco nítida. Outra hipótese para explicar o que agora passo a narrar foi eu ter sonhado que acordei. Às vezes acontecem esses episódios de se sonhar que se sonha e depôs se acorda ainda dentro do sonho. Deve ter sido mesmo isso que aconteceu. Através dos estores corridos quase até cima, dava para ver que estava quase a amanhecer. Pensava na loucura de sonho que tinha tido- tudo isto que acabo de descrever para trás.

Afinal continuava mesmo a sonhar e o disparate ainda agora estava a começar. Olhando para o chão, constatei que ele estava todo molhado. De onde terá vindo esta humidade? Seria água ou qualquer outra coisa? Talvez a garrafa da água ou do chá verde que ficou encostada á mesa de cabeceira se tenha entornado mas era suposto ela estar tapada.

Agora vem a parte mítica deste sonho. Encontro-me junto à entrada do Estádio Cidade de Coimbra. O estádio ainda não havia sido preparado para o Euro 2004. Estava como antigamente.

Era também um Sábado. Ia lá passar apenas. Nem estava a contar em treinar.

Falava à entrada com umas raparigas desconhecidas sobre a Selecção Nacional e as opções de Paulo Bento para os jogos que se avizinham. Comecei a dizer mal de Carlos Queirós. Nem nos sonhos o largo. Para me vir apoiar nesta árdua tarefa de denegrir a imagem do antigo seleccionador nacional, berrei por uma antiga colega de liceu que não era propriamente conhecida pela sua paixão pelo Desporto mas que estava ali na casa de banho do balneário antes de um treino de corrida de manutenção.

Foi ela que me disse que agora Rosa Mota mantinha a forma ali em Coimbra. Envergando uns calções azuis e uma camisola amarela, a campeã olímpica veio ter comigo e cumprimentou-me efusivamente.

Não vinha preparada para treinar mas elas insistiram e acabei por acompanhá-las. Ia no meio. Éramos três e percorríamos ruas iluminadas que eu não conhecia. Estava a anoitecer.
Era questionada por que tinha deixado os treinos. Eu respondi que agora trabalhava e raramente saía a horas. Elas incitaram-me a vir ter com elas que treinavam por ali todos os finais de tarde. Eu disse que bem gostaria de as acompanhar mas por vezes não tinha hora de sair.

Elas quiseram saber o que tinha eu feito ultimamente e eu mencionei a viagem que havia feito recentemente (ainda nessa noite) às Caldas da Rainha e a …Famões. O facto de não ter encontrado nem um jovem nas ruas daquela localidade foi mencionado. Contei-lhes também que cheguei bastante tarde dessa viagem.


Por incrível que pareça, não estava a sentir a menor dificuldade em as acompanhar na corrida. Não me sentia cansada. Nem parecia que não treinava há imenso tempo.

Quem nos abandonou foi a minha antiga colega de turma. Fiquei eu e Rosa Mota em amena cavaqueira. O Atletismo, como não podia deixar de ser, foi o tema dominante da nossa conversa. O abandono da competição, as memórias dos meus treinos de musculação, e os mínimos que não consegui por muito pouco em 2003 foram temas abordados. Sentia-me incrivelmente bem naquele final de tarde. A felicidade invadia-me.

Agora sim, o despertador tocou. Não haveria dúvidas de que desta vez estaria acordada e ainda a relembrar todas as peripécias que se passaram nesta noite incrível de sonhos.

P.S.: Alguns dias mais tarde, tive oportunidade de contar todas estas peripécias oníricas àprópria Rosa Mota.

Pouco trabalho e pouco que contar

Estes últimos dois dias têm sido algo sossegados em termos de trabalho. Por aqui há dias com imenso trabalho e dias em que é uma pasmaceira pegada, como aconteceu ontem e hoje.

Deixem estar que para a semana será esperado muito trabalho, muita confusão e muita chatice. Isto é só uma pausa para o que aí vem.

Fora do trabalho, destaque-se o aparecimento de uma borbulha de acne de proporções gigantescas que me estava a incomodar imenso. Eu consegui exterminá-la antes que ela desse comigo em doida.

Acordei com esta música na cabeça

Em movimento

É incrível como os sonhos têm tido umas sequências engraçadas. Repare-se neste:

Tudo começa no meu quarto lá em casa. Na rádio passa uma música francesa que não existe na realidade. Já há muito que não ouvia aquela música mas o locutor teimava em traduzir a letra da canção e em dar indicações sobre a intérprete. Como isso me enervava! Bem, ele acabou por dar uma informação que eu desconhecia- a cantora era de origem…marroquina. Mas por que raio têm havido tantas referências a marroquinos nos meus sonhos? Ainda se sonhasse com islandeses, era fácil de compreender.

Continuava no meu quarto, com os estores corridos como sempre, a ouvir essa rádio de êxitos e a pensar num tal de Zoran. Ora aí está outro facto que tem aparecido ultimamente nos sonhos. Vejo isto como um certo retrocesso, pois no passado é que conhecia muitos.

Comia uns bolos que se esmigalhavam imenso. Ao fim e ao cabo, eram mais as migalhas no chão do que a porção de biscoitos comidos.

A minha irmã veio ter comigo ao meu quarto para me perguntar se eu estaria interessada em fazer uma viagem a Roma ou lá o que era. Na rádio que ainda estava a ouvir havia um anúncio a essa viagem.

Era dia de festa na minha terra. Em grande parte dos meus sonhos é sempre dia de festa na aldeia. Por que será? Desta vez a crise veio limitar um pouco as comemorações. Essa foi boa!

Na estrada havia um movimento considerável. Não, desta vez não há a presença de gatos ou de cães. Até é para admirar.

A minha prima apareceu à minha porta conduzindo um estranho veículo. Era uma espécie de helicóptero amarelo, da cor daquelas máquinas que costumam consertar as estradas. Não era um helicóptero porque aquela coisa andava apenas em terra, apesar de ter asas. Tratava-se de um veículo topo de gama que o seu pai conseguiu comprar a um preço simbólico por já ser bem antigo.

Encantadas com aquela estranha viatura, eu e a minha irmã convencíamos o nosso pai a adquirir também uma igual. Não necessitava de carta de condução e, além disso, tratava-se de um veículo fechado, o que seria uma maravilha quando chovesse. Não foi preciso fazer muito esforço para o convencer. Ele também ficou apaixonado por aquela coisa amarela ali estacionada. O pior era mesmo o dinheiro. Eu e a minha irmã dissemos que ajudávamos a pagar parte do veículo porque também seria para nos transportar a casa quando chegássemos para o fim-de-semana. Ele ficou entusiasmadíssimo.

No mesmo local, ao portão da minha eira, apareceu depois uma pessoa que eu julgava conhecer. No entanto, à medida que eu me ia aproximando cada vez mais dela, ela ia recuando. Que estranho. Eu ia cumprimentar a criatura com ar amistoso e ela afasta-se. Acabei por desistir dos meus intentos quando percebi que afinal não era quem eu pensava inicialmente. Tratava-se de alguém completamente desconhecido e bem estranho.

O indivíduo chamava-se Ivan e apenas ia passar aqueles dias de festa em casa de uma familiar da minha terra que ainda era sua tia ou sua prima. Ele deixou ficar junto ao muro um álbum de fotos estranhas e algo intrigantes que logo nos aprontámos a ver.

Lembro-me de uma sequência de fotos presente nesse estranho álbum onde era demonstrada a falta de brio da sua tia em relação às lides domésticas. Ora aí está outro tema muito presente nos meus sonhos de há sensivelmente um mês a esta parte. Não entendo por que tanto sonho com falta de higiene em casas desde que comecei a trabalhar ali.

Nessas fotos via-se como, ao longo dos dias, a mesma passadeira ia ficando cada vez mais imunda a ponto de já não se distinguir a sua cor original.

Dou por mim agora a percorrer o pequeno trajecto entre a minha casa e a casa dos vizinhos. À porta destes, a minha mãe conversa animadamente com o meu vizinho sobre a festa. Parece que ele era mordomo.

Ela perguntava-lhe se este ano não havia quermesse. Ele disse que não porque não haviam conseguido apoios suficientes para tal. Eu fiquei aborrecida porque sempre havia um sorteio de uma bicicleta e este ano, não havendo a quermesse, não haveria o dito sorteio.

Bicicletas havia no barracão do meu vizinho mas eram muito velhas. Uma delas tinha o quadro prateado e alguns fios soltos. Agora preparem-se para o que aí vem! É simplesmente inacreditável!

Foi a minha mãe quem trouxe a bicicleta para a eira da minha vizinha e, imagine-se, conseguiu ligar todos os fios. Essa é boa!

Depois de pronta, colocámos então a bicicleta na direcção de minha casa. Eu fui dizendo que faltavam ali duas rodinhas atrás para eu aprender a andar. É muito raro nos sonhos eu não saber andar de bicicleta.

Mais uma vez, o despertador teve de tocar quando me preparava para começar a andar. É sempre a mesma coisa!

Friday, June 17, 2011

Isto é matemático

Basta eu passar um fim-de-semana sem ir a casa para logo o meu subconsciente se começar a alterar e me deixar num profundo estado de nervos quando acordo de certos sonhos.

Ultimamente tenho sonhado com trabalho, trabalho e mais trabalho. Nem de noite estou descansada! Irra! O pior é que sempre me esqueço de fazer algo importante. É cá um stress…

Quando não sonho com trabalho, tenho de sonhar com animais maltratados ou mesmo mortos. Para hoje temos um gato meio esverdeado que andava lá por casa. Ele já era bastante velho e houve gente da minha terra que o esfolou e o amanhou como se ele fosse um coelho ou um cabrito. A minha mãe contava-me essa história na casa de forno. Eu ouvia e não continha a minha revolta para com as pessoas que têm a coragem de maltratar os animais.

A Feijoa a o seu irmão Raider- que morreu atropelado em 2005- ainda eram pequenos e fugiram para a estrada. Eu corri atrás deles mas já vinha lá algo a apitar. Eram os Bombeiros ou a Polícia que invadiram o meu quintal. O que quereria aquela viatura?

Lembro-me de a certa altura também ter sonhado com o gato Léo. Foi uma noite agitada, mal dormida e stressante. Estava sempre a acordar.

O meu subconsciente deve fazer umas contas secretas aos dias que passo sem colocar os pés em casa e diz-me que é altura de regressar. Agora ainda haverá mais uma semana pela frente. Só sexta-feira regressarei, se não perder o autocarro e depois estarei dois fins-de-semana seguidos sem regressar à terra. Nem me quero lembrar dos pesadelos que vão haver!

Aveiro-Ílhavo 22-05-2011












O reacender dos sonhos

Tivemos sorte. O dia apresentava um belo Céu azul e as temperaturas estavam bem convidativas para se passar um belo dia ao ar livre. Melhor não poderíamos ter para o nosso passeio de barco à vela pela Ria de Aveiro.

O Sporting Clube de Aveiro acolheu-nos para esta actividade que eu tanto tinha curiosidade em viver. Como tenho vindo a dizer, desde há algum tempo que adoro o ambiente aquático e todas as actividades ali desenvolvidas.

Dividimo-nos em grupos para assim ser mais fácil nos organizarmos nos barcos. Antes de iniciarmos o passeio de barco, ouvimos algo sobre navegação em geral e mais particularmente navegação à vela.

Tivemos de esperar largo tempo até chegar a nossa vez. Aproveitámos para conversar um pouco e apanhar sol- actividade que aprecio muito, pois agora são escassas as oportunidades que tenho de andar na rua por razões profissionais.

Estava ansiosa por me ver dentro de água e estava a ver o tempo a passar mais lentamente. Ao fim de uma ou duas horas de espera, foi a vez de o meu grupo embarcar nesta aventura.

O ancoradouro tinha uma espécie de ponte de madeira que ameaçava desmoronar com tanta gente que ali passava. Somente uma corda nos impedia de cair à Ria. Fui ajudada a atravessar com alguma apreensão. Comecei-me a lembrar de sonhos em que divisões de casas e prédios têm essas cordas apenas como segurança e às vezes nem cordas há. Relembre-se aquele famoso sonho da casa de um casal amigo. Eles por acaso também estavam presentes, saliente-se.

Uma sensação nova e interessante foi a de ter de fazer o transbordo de um barco para o outro. Fomos quase para o meio da Ria num barco a motor e só depois passámos para o barco à vela. Tenho visto na televisão ou lido alguns episódios em que alguém troca de barco. Imaginava que fosse complicado e arriscado especialmente para uma pessoa como eu. Afinal não foi assim tão complicado.

Nem imaginam o quanto me agrada andar de barco e sentir a frescura da água! Ao longo da viagem fomos ouvindo os monitores, experimentado a navegar e fazendo perguntas. Eu logo perguntei se seria viável uma pessoa deficiente visual praticar vela. Podemos praticar vela desde que tenhamos como acompanhante alguém normovisual. Não quereria praticar vela como Desporto, apenas como lazer, como forma de sentir esta liberdade intensa de cada vez que ando de barco ou simplesmente ando na água.

Comecei a ouvir contar histórias de navegações feitas à noite. Comecei-me a lembrar de “Os Lusíadas”, dos feitos dos nossos navegadores, de Colombo e do meu sonho de navegar em Alto Mar durante a noite à luz das estrelas. Deve ser espectacular. Sonhei com isso há muitos anos atrás e relembrei esse meu desejo com algumas leituras e também com estas histórias que hoje vou ouvindo. Este não foi o único dos meus sonhos que seria invocado no dia de hoje.

A nossa experiência de navegação chegava ao fim. Que pena! Estava a ser tão agradável… Agora havia que juntar toda a gente para a entrega simbólica de diplomas e para os indispensáveis discursos finais e fotos de grupo.

Ílhavo seria o nosso próximo destino. Foi ali que realizámos o piquenique e era ali que se encontrava o navio Santo André, agora transformado em museu e que iríamos visitar.

Ver um navio por dentro era também uma das minhas curiosidades. Imaginava que um navio fosse quase tão confortável e acolhedor como uma casa. Essa imagem surge-me essencialmente da literatura. Seria realmente assim?

De facto dava a sensação de estarmos numa qualquer fábrica de peixe. Havia utensílios e locais para preparar o bacalhau para ele vir com alta qualidade para as nossas mesas. Todos os aposentos deste navio em muito se assemelhavam a uma qualquer academia ou instalação industrial com um refeitório, uma cozinha, quartos com camaratas…

Fascinei-me essencialmente com uma sala ampla e vazia que me disseram que servia para salgar o bacalhau depois de cortado. Aquilo era imenso e disseram-me que por vezes vinha cheio do melhor amigo dos portugueses até ao tecto. Não admira, portanto que o bacalhau esteja em vias de extinção!

As escadas que davam para a parte superior do navio eram íngremes em demasia e bastante estreitas. Subir, sobe-se sempre. O pior é descer. Ouvia eu as explicações dadas para cada objecto existente na sala do leme do navio. Não ouvia com a atenção devida porque pensava em como haveria de descer aquelas escadas. Lá teria de ser de gatinhas. Fui também constatando que não era a única a preocupar-me com as escadas. Era audível o burburinho de comentários em relação a como se desceria dali para fora.

Só me esqueci vagamente das escadas quando alguém perguntou para que servia certo objecto que encontrou. Foi-lhe explicado que se tratava de uma cúpula preta que servia para ver o mar e os outros barcos nas terras do Norte da Europa nas alturas em que o Sol era tão intenso que dificultava a visibilidade. Isso acontecia durante o Verão.

Foi aí que me lembrei de outro sonho que tenho e que consiste em visitar um país do Norte da Europa- provavelmente a Noruega- durante o Verão só para ver o Sol a altas horas da madrugada quando é suposto aqui ser de noite. Isso sempre me fascinou.

A visita chegou ao fim. Sempre a resmungar, tive de descer a escada de costas. Foi um alívio quando coloquei os pés em terra firme. Os degraus estreitos tinham acabado.

Muito se atrasa tal pessoal na conversa! Muito tempo demoram certas pessoas a despedir-se! Foi já com algum atraso para algumas pessoas que tinham de apanhar transportes para Espinho ou lá para onde era que iniciamos a viagem de regresso.

Ainda houve tempo para pararmos na Costa Nova para saborearmos as bolachas americanas e outras guloseimas. Foi nessa altura que toda a gente fez contas às queimaduras solares, tal como os intervenientes numa batalha fazem aos ferimentos de guerra. Até parecia que tínhamos estado na praia. Toda a gente apresentava um escaldãozinho para testemunhar este dia agradavelmente bem passado.

Seguimos com as nossas actividades dia 18 de Junho em Mira, certamente com algo mais para relatar.