Tuesday, March 27, 2007

A noite que não deveria ter acontecido

E eis que o Desporto surge na sua mais profunda crueldade, aliado a um destino imutável e sinistro.

E assim acontecem certos episódios lamentáveis em noites negras, tenebrosas, que pura e simplesmente deveriam ter sido saltadas no calendário para que o Destino não as marcasse como datas funestas, inesquecíveis pelas piores razões.

Como em tudo na vida, também o Desporto é feito de sorte, azar, destino, casualidade…sei lá. Como em tudo, também o Desporto vive da tristeza e da alegria, da vida e da morte. Infelizmente falamos em morte quando nos referimos a acontecimentos desportivos. Mas porquê?! Porque é que um local onde se realiza um evento desportivo e onde tudo deveria ser alegre se tem de vestir de luto e chorar a morte de um atleta vergado a um fim que o atraiçoou quando estava, precisamente a celebrar a vida através daquilo que ele mais gostava: a prática desportiva.

Na Bélgica, provavelmente ninguém teria dado conta que aquela noite de 25 de Novembro escureceu triste, mais negra que o habitual. O frio cortava de uma forma arrepiante. Não eram só de frio os arrepios que se faziam sentir. Algo de sinistro iria acontecer.

O velódromo enchia-se de gente. Era naquele palco que iria decorrer mais uma jornada dos “6 Dias de Gent” em Ciclismo de Pista. Aparentemente o clima era de festa, tudo estava normal, mas o Destino manobrava na escuridão daquela noite e conspirava para que a morte fosse a atracção principal daquela jornada desportiva. Com as suas vestes negras e tenebrosas, os seus chifres pontiagudos e o seu odor extenuante, ela apareceria para arrasar com mais uma festa de celebração do Desporto na sua plenitude.

Será impossível fugir da morte? Não haverá qualquer indico, qualquer sinal de alarme que impeça o Ser Humano de ir ao encontro dela? Há pessoas que pressentem que o seu fim está a chegar, mas pouca importância dão a isso. É toda a crueldade da morte a fazer das suas. Se indícios houvessem de que algo trágico iria acontecer naquela noite, o que levaria Isaac Galvez a fazer a sua prova como se nada se iria passar? Como é sedutora a morte! Como é pérfida!

O espanhol Isaac Galvez- conceituado atleta com vários títulos no seu palmarés- preparava-se “normalmente” para mais uma prova de muitas que fez ao longo da sua gloriosa carreira de ciclista. Com ele seguia um outro atleta - o belga Dmitri de Fauw. Entre eles, algures na pista, seguia uma sombra negra e ameaçadora que trabalhava clandestinamente para fazer funcionar toda a sua máquina destruidora da vida humana.

Foi essa criatura horrenda, diabólica, venenosa que juntou aqueles dois atletas na mesma trajectória e provocou a colisão frontal entre ambos. Depois de terem chocado um com o outro, os atletas caíram cada um para seu lado. A sombra mortífera que seguia Isaac destinou para ele um embate violento com o tórax numa das barreiras que protegem a pista, precisamente contra consequências graves das quedas. Maldito Destino!

Também foram as forças obscuras que pairavam sobre o velódromo naquela noite que empurraram todas as equipas de socorro para o local onde se encontrava caído o outro atleta envolvido naquela terrível queda e que pareciam impotentes aos apelos deste para que rapidamente se dirigissem para o ciclista espanhol que se encontrava em estado grave.

Mas nada havia a fazer. Uma grave hemorragia proveniente de qualquer fractura torácica acabou com a vida de Isaac Galvez e encheu de lágrimas e gritos de horror toda a assistência que ali estava para desanuviar de uma semana de trabalho ou, pura e simplesmente, celebrar a paixão que cultiva pelo Ciclismo.

O atleta partiu de forma inglória. Todos os títulos e medalhas que conseguiu na sua grande devoção pelo Desporto não valem a vida que lhe foi arrancada de forma tão abrupta enquanto praticava Ciclismo. A Espanha e todo o mundo do Desporto choram agora a perda de um homem e de um atleta que no velódromo da vida não conseguiu vencer a morte.

Todas as notícias que tirei naquela madrugada deixaram de ser relevantes. Como atleta não me conformo como é que o Desporto pode ser tão cruel ao ponto de ser um dos veículos privilegiados para roubar vidas de forma tão prematura.

Era um domingo de chuva e de Futebol. A Académica deslocou-se ao sempre difícil terreno do Sporting de Braga e perdeu por quatro bolas a duas. Um jogo com seis golos é sempre um espectáculo de louvar. Naturalmente que eu preferia que a Briosa marcasse mais que o adversário. Paciência!

Na outra actualidade, o sanguinário Augusto Pinochet encontra-se à beira da morte. Ele que foi a causa da morte e da desgraça de muita gente. O ex-ditador já passou dos noventa anos. É caso para dizer: vaso ruim nunca quebra.

Situação do dia:
Dois jogadores do Olhanense entraram em campo com o mesmo número. A equipa algarvia tinha dois números 26 em campo.

Bacorada do dia:
“Ele pode morrer quando quiser.” (Como se viu neste texto, não é quando se quer que se morre.)

Não sou a única a falar em kazaques

Eu julguei não estar a ouvir bem. Ou então estava mesmo a sonhar. Tinha adormecido e estava a ouvir algo que nem queria acreditar.

Adormeci com o rádio ligado na Antena 1. Lá fora não parava de chover. E não é que Luís Filipe Barros estava a falar de kazaques e de Kazaquistão! Meio acordada, meio a dormir ia ouvindo de forma muito vaga o que o apresentador de “Ondas Luisianas” ia falando de um realizador daquelas paragens e gozando com ele.

Acordei completamente com tudo aquilo que estava a ser inacreditável. Ninguém fala naquelas criaturas, a não ser no Ciclismo. Por acaso eu uso e abuso de falar neles pelos motivos por demais conhecidos. Ouvir outras pessoas falarem de kazaques e até os caricaturarem é estranho para mim.

E se Luís Filipe Barros tivesse presenciado os jogadores kazaques a aquecer no relvado do Estádio Cidade de Coimbra? E se tivesse visto três jogadores a aquecer para entrar em campo? A fazerem mil e um malabarismos que foram interrompidos por um inoportuno aguaceiro. E se os visse a fugir da chuva como o Diabo foge da Cruz?

Na segunda hora do programa, Luís Filipe Barros mudou de assunto e eu dormi naquela noite com a pulga atrás da orelha, como se costuma dizer.

Lembrei-me que um amigo meu me tinha dito que o “Ondas Luisianas” dava em repetição a partir das cinco da tarde. À hora marcada, lá estava eu com o rádio sintonizado na Antena 1 para ouvir bem acordada Luís Filipe Barros a falar de kazaques.

A conversa começou com um realizador daquelas paragens que elaborou um filme com um título muito extenso. Criatividade kazaque no seu mais profundo esplendor! Luís Filipe Barros foi buscar algumas declarações do tal Borat para fazer um programa engraçado e ia respondendo com humor àquilo que o kazaque dizia.

Ah! Esse tal Borat parece que queria vir aqui a Coimbra ver o jogo da sua Selecção contra a Selecção de Todos Nós. Parece que não o deixaram vir. Diz que foram os americanos.

Foi naquela madrugada que eu descobri que não sou a única pessoa fora do Kazaquistão que fala no pessoal de lá. Pelo menos há mais um. Se eu gostava de ir visitar um dia o Kazaquistão? Penso que é um país onde não se passa nada. Provavelmente haverá lá coisas engraçadas para descobrir, mas nunca ouvi dizer a ninguém que tivesse lá passado umas férias de sonho ou que pretenda ir de viagem para lá.

Ainda sonho com um certo habitante de lá, mas o cenário é sempre o mesmo: a cidade de Coimbra.

Como disse, choveu muito durante toda a noite. O tempo estava algo instável. Caminha-se a passos largos para a recepção ao Inverno.

Em casa nada mais se faz senão escrever alguns textos para o blog. Foi isso que aconteceu também naquele sábado.

O Beira-Mar perdeu em casa com o Belenenses por 1-2. Cadê Jardel?

No derbi da cidade do Porto, os dragões levaram a melhor sobre as panteras. O Porto venceu o Boavista por 2-0 e mantêm-se de pedra e cal na liderança do Campeonato.

Foi quando assistia a esse encontro pela televisão que o telefone tocou. Era um primo nosso que vive na Figueira da Foz com uma voz irreconhecível e algo debilitada que falava com a minha mãe. Este telefonema deixou a minha mãe preocupada com o futuro dele. Com razão!

Bacorada do dia:
“Amanhã, hoje à noite…” (Quando??!!!!)

Os jogos começam-se a ganhar no início

O desafio antevia-se difícil para o Glorioso. Há muito que os encarnados não venciam em casa dos rivais da Segunda Circular. Mas nunca se sabia o que noventa minutos de Futebol poderiam proporcionar.

As emoções mal tinham começado e já os corações benfiquistas começavam a palpitar mais alto. Ricardo Rocha que está a fazer a melhor época desde que passou a vestir a camisola do Benfica, fez gelar Alvalade ao apontar um golo logo nos primeiros minutos do encontro.

O Sporting nunca mais se encontrou. Empolgado pelo golo madrugador, o Benfica caminhou para uma exibição segura e marcou um segundo golo por intermédio de Simão- a quem os lagartos não perdoam o facto de agora representar o eterno rival.

O Benfica conseguiu assim uma importantíssima vitória contra um adversário directo na luta pelo título. Valeu o facto de ter conseguido um golo logo nos primeiros minutos do encontro.

Mais uma vez, os comentadores de rádio demonstraram todo o seu “carinho e dedicação” para com Carlos Bueno. Para eles, o uruguaio era o culpado principal da derrota, a julgar pela maneira como o criticavam. Bueno era o culpado do Sporting ter perdido, era o culpado da mudança de cor da gravata de Paulo Bento e até era culpado da chuva torrencial que caía lá fora. Esses comentadores chegaram mesmo a afirmar que na Liga de Honra também havia jogadores lutadores.

Merecia descansar um pouco e aquele feriado vinha mesmo a calhar. Já tinha saudades de dormir até tarde no quentinho da minha cama. E foi com muita tranquilidade que passei aquele dia.

Quando cheguei a casa ainda na véspera perdi um fraco de gotas que caiu no chão do meu quarto e rolou para sítio onde eu nunca mais o vi. Sorte que tinha lá um suplente em casa.

Como estava em casa, aproveitei para escrever mais alguns textos para o blog. Seriam para colocar no dia seguinte.

Bacorada do dia:
“Paulo Bento com a sua gravata azul alface.” (Com a pressão da derrota nem a gravata escapou.)

Despedida com lágrimas, tal como a chegada

Quem diria que, em apenas três semanas, a vida de uma pessoa pudesse mudar tanto! Quem diria que as lágrimas que chorei três semanas antes têm o significado oposto das que eu choro agora. Quem diria que a chegada e a partida fossem regadas com as minhas lágrimas.

E eis que chega a hora de me despedir da Piscina. Estou um pouco atrasada, o fim-de-semana é prolongado devido ao feriado de 1 de Dezembro. Passo pela sala interior para ir buscar a mochila com as coisas que devo levar para casa. Despeço-me de toda a gente com a esperança de um dia voltar.

Saio para a rua, atravesso todas as passadeiras e semáforos até chegar à paragem. Ainda mal abandonei o local e já uma lágrima nostálgica me assola. Terei mudado tanto em apenas três semanas?

Recordo aquele dia em que pisei as instalações da Piscina pela primeira vez. Os meus olhos vinham arrasados. Punha dúvidas quanto ao sucesso desta experimentação. Temia o meu futuro próximo.

Muita coisa mudou nestes quinze dias. Dei por mim a ser mais paciente, mais tolerante, mais delicada. Ao me ver a reagir de uma outra forma, senti em mim algo a mudar.

A convivência e o contacto com muita gente ao longo destes dias fez-me crescer interiormente. Só os outros poderão fazer essa avaliação. Eu sinto em mim uma pequena mudança.

Despedi-me da Piscina naquela tarde. Não foi um adeus. Hoje eu estou em condições de dizer que foi um até breve.

Era uma manhã de Sol, frio e Céu azul. Pode-se dizer que estava um dia bonito. A manhã começou com os preparativos para a viagem até casa.

Já se fazia sentir o feriado e o consequente prolongar dos dias de descanso. O autocarro ia a abarrotar de gente.

Aquele dia custou a passar. Era o último dia na Piscina. Julgava eu. Estava morta por dormir em casa no quentinho até ser de tarde. Que bom!

Na cantina uma rapariga partiu um copo. Que novidade! Incrédula, a estudante ainda perguntou:
-"Fui eu??!!!!!!"
Os vidros do copo partido espalharam-se por todo o lado e alguns andavam mesmo debaixo dos meus pés. Tive de andar com o máximo de cuidado possível.

Encontrei a minha prima no autocarro. A tarde iria custar a passar.

E finalmente chegou a hora de ir até casa. O trânsito estava um caos. Estava a ver que o autocarro não chegava a tempo e, uma vez dentro dele, temia que não chegasse a tempo de apanhar a camioneta. A confusão reinava no autocarro e na Rodoviária depois.

A camioneta estava atrasada. Ainda bem! Não era a única. Muita gente se questionava sobre o paradeiro dos seus transportes. A confusão era mais que muita.

Já dentro da camioneta liguei para casa a anunciar a minha chegada. Ninguém atendia o telefone. É sempre a mesma coisa! Enfiam-se na cama às seis da tarde, agora que têm televisão no quarto.

Tentei novamente e a minha mãe atendeu desta vez. Em vez de perguntar se estava tudo bem, mandou-me um sermão. Os seus berros infiltravam-se nos meus ouvidos como alfinetes. Perguntou porque é que eu não tinha avisado que vinha e disse que o meu pai já estava na cama. Tinha um pé meio lesionado. Eu fui dizendo que o meu telemóvel anda a pedir reforma e que não estava a funcionar bem.

O meu pai veio-me buscar à paragem e lá estava eu no quentinho do meu quarto a dormir até ao outro dia bem tarde.

Situação do dia:
Era o caos no trânsito num final de tarde em que toda a gente se preparava para gozar um fim-de-semana prolongado. A fila de veículos era impressionante e movia-se em marcha lenta. Uma senhora que esperava o autocarro na paragem como eu pôs-se a conversar com alguém que ia dento de um dos automóveis que estavam na fila. O carro movia-se e ela ia atrás. Assim foi até uma certa distância. Estava a ser cómico. Mas o melhor ainda estava para vir. Um outro veículo que também se encontrava preso na fila "morreu" no preciso momento em que tinha de arrancar. Foi de morrer a rir.

Bacorada do dia:
"Vão para o Benfica azul." (Como???!!!!!!!!!!!!!!!!)

A Natação do Gregório

Eram sete da manhã. Gregório acordou sem a ajuda do seu despertador. Com um esticão enérgico saltou da cama. Sentia-se optimamente, cheio de vigor, de vitalidade, com uma energia inesgotável.

A sua noite fora povoada de sonhos de cariz erótico, não admirava toda aquela pujança logo àquela hora da manhã. Ele que costumava ser um molenga para se levantar. Sentia-se com uma virilidade que nunca sentira antes, uma força vinda do desconhecido.

Chamou Belarmina, sua mulher, que dormia a seu lado e acordou sobressaltada com o abanão do marido. Ela acordou estremunhada, julgando que havia qualquer azar. Naquele momento a mulher de Gregório estava a sonhar que a sua casa andava a arder depois de ter sido assaltada por cinco larápios com capuzes negros que lhes cobriam a cara e os transformavam em seres medonhos.

Sentada na cama, já com os olhos bem abertos, Belarmina foi confrontada com o desejo de Gregório em ir dar umas braçadas à piscina. Belarmina nem queria acreditar. O marido a ir praticar exercício físico?!! Que bicho lhe teria mordido? Ele que tinha o sedentarismo e a ociosidade como modalidades desportivas favoritas. Fora campeão distrital de ociosidade ao se manter sentado num sofá a olhar para a televisão durante duas semanas sem ininterruptas.

Os outros desportos apreciados por Gregório eram a gastronomia, o levantamento do copo, a pesca (de preferência sentado numa cadeirinha de praia) e aquele outro desporto que dizem que até os bichinhos gostam.

Natação? Estaria ele maluco? Ele insistiu com a mulher para que lhe preparasse o material. Não sabia dos calções que costumava levar para a pesca na Pateira de Fermentelos. Chinelos? Levou os de quarto. Tinha uns outros mas eram muito frios. Levou a toalha de praia ainda com alguns grãos de areia, recordação das férias passadas que tiveram lugar na Costa Nova.

Enfiou tudo num saco de compras da mulher. Ah! A touca era a que a mulher usava quando ia tomar banho e não queria molhar o cabelo. O que é que faltava mais? Óculos? Foi pedir as solas de um burro ao vizinho da frente.

Para além de ter acordado com um vigor impressionante, Gregório também acordou com desejos. Pediu a Belarmina que lhe fizesse papas de sarrabulho. Para o pequeno-almoço! Ele que só costumava tomar um copinho de leite e duas torradas com manteiga Becel.

Benzendo-se muito e falando sozinha, a mulher de Gregório foi preparar a comida. Ele verificava se tinha tudo em ordem para a Natação.

Gregório resolveu ir a pé. Sentia-se realmente bem. Cantava, assobiava, sorria para os transeuntes, lançava piropos às meninas que nem sempre achavam piada e lá ia ele feliz da vida sem motivo aparente.

Eram cerca de dez da manhã quando a criatura deu entrada nas instalações da piscina e pediu uma entrada livre. Como não tinha declaração médica, não o deixaram entrar. Ele ficou fulo e resolveu entrar à força. Queria nadar e mais nada.

Estava possesso o homem. Ninguém o conseguia deter na sua fúria. Como louco, arrombou a porta de vidro da Piscina e atirou-se lá para dentro sem querer saber se se atirou para a parte mais funda.

Quase se afogou. Na verdade, ele nem sabia nadar! Deu-lhe na ideia ir praticar Natação assim sem mais nem menos. Foi mesmo o caso típico de ter acordado bem disposto uma manhã e apetecer-lhe ir para a Piscina.

As pessoas que lá estavam ficaram incrédulas com a cena e algumas almas caridosas retiraram Gregório da parte mais funda. Como ele se tinha atirado à água vestido e calçado, a Piscina teve de encerrar por algumas horas. É que os seus sapatos estavam sujos de terra e de um presente de cão que ele pisou junto ao centro comercial.

Foi precisamente junto ao centro comercial que eu o encontrei. Já com a roupa mudada, o indivíduo ali estava parado a olhar para as montras. Provavelmente estava a cobiçar qualquer presente para oferecer à sua Belarmina pelo Natal.

Ao contrário do personagem da minha história, a minha noite foi algo agitada porque algumas pessoas resolvem fazer barulho a horas em que os outros devem descansar.

Sonhei com coisas completamente inacreditáveis. Senão vejamos: Havia uma impressora na sala de multimédia da ACAPO. Até aí tudo bem, não fosse o caso de daquela impressora saírem peças de barro. Eu estranhei. Estava à espera de qualquer coisa que eu tinha mandado imprimir em papel como toda a gente.

Encontro-me agora a ver um jogo de Futebol na televisão em que o Porto vence por muitos. Por incrível que pareça, o jogo é para a Liga dos Campeões. Só à sua conta, o argentino Lucho González já leva seis golos marcados nesse jogo.

E vamos ao sonho mais cómico que me fez rir nessa manhã quando encontrei o protagonista. Um colega nosso que é muito revoltado e tem um comportamento que nos afasta dele. Não diria um comportamento, diria antes uma particularidade. Como eu dizia, esse nosso colega que diz que é uma toupeira de alta escala, zangou-se com uns...kazaques que desandaram a fugir dele num carro. Furioso e sem medir as consequências, o meu colega pega no primeiro carro que encontra de uma fila de automóveis que estavam estacionados. Eu e uma amiga minha metemo-nos à pressa no carro para evitar que ele seguisse. A cena passava-se nas ruas de Anadia.

A barafustar muito, com é seu hábito, o meu colega conduzia o automóvel de forma desordenada. Nós gritávamos que nem histéricas que ele ia bater. Estava quase de noite, mas eu ainda via perfeitamente os outros carros. O “nosso” carro tanto se encostavaa a uma berma como à outra. Depois acabou mesmo por bater na traseira do carro da frente. Acordei a rir. Um pitosga daqueles a conduzir! Era demais!

Estava um belo dia de Sol, Céu azul e uma temperatura fria, mas agradável. Estava bom para os cães andarem a passear na rua. Muitos foram os que encontrei.

Nada se registou no autocarro nem na cantina. Até admira!

Na aula de Holandês continuamos a falar sobre comida. Isso é para termos apetite para o jantar ou para o “avondeten”.

Bacorada do dia:
“Queria um pacote de batatas fritas Cheetos” (Não sabia que aquilo também eram batatas fritas! Sempre pensei que fossem rolos de queijo com mais qualquer coisa.)

Para que é que eu falei em lesões?

O tempo registou significativas melhorias. Apesar de a chuva se ter ido embora, isso não significou que as condições meteorológicas me agradassem particularmente. Começa-se a sentir algum frio que nos faz lembrar que o Inverno se aproxima a passos largos.

Era uma tarde em que não chovia e em que o frio começou a apertar. Ao ver assim o tempo, comentei com os meus colegas da Piscina que era um risco treinar assim. O risco de lesões aumenta quando o tempo está mais frio.

Mas quem me mandou falar em lesões? Não sabia estar calada? É que eu tinha mesmo de me lesionar naquele treino. E as provas estavam aí.

O frio fazia-se sentir na pista do Estádio Cidade de Coimbra. Todos os atletas comentavam que começava a ficar agreste para se treinar. Somos desportistas de corpo inteiro e não podemos parar só porque está o tempo com frio ou com chuva. Se houver alguma lesão, ela é fruto daquilo a que se chama ossos do ofício.

O treino nestas condições consistiu em 30 minutos de corrida. Os primeiros vinte foram de aquecimento. Já fiz mais cinco minutos de corrida de aquecimento de propósito por causa do frio. Já para não haver problemas. Os restantes dez minutos foram dedicados a acelerações de 200 metros.

Enquanto eu corria, tive de saltar por cima de qualquer objecto que um outro atleta arrastava pela pista. Terei colocado mal o pé no chão?

Ao último de quatro piques de 200 metros, senti uma intensa dor numa coxa que me impedia de andar com normalidade. E agora para ir para casa? Terminei o treino um pouco mais cedo e fui para casa. Sempre cheguei a casa com dificuldade. Fui indo devagar pela rua acima. A minha preocupação agora era se ficaria a cem por cento para as provas de dia 8 que seriam as primeiras da época.

O gelo resolveria o problema juntamente com qualquer pomada que eu aplicasse na zona lesionada. Depois fui descansar. Já nada havia para fazer naquele dia. O frio também apertava.

O barulho fora de horas regressou às imediações da janela do meu quarto. São sempre os mesmos! Chegam da noite já bem bebidos e começam a disparatar a horas impróprias. Desta vez eram cinco da manhã.

O tempo melhorou. Como tenho vindo a referir neste texto, o frio começou o seu reinado e havia que sair à rua prevenida.

Nada de relevante se passou da parte da manhã na experimentação. A funcionária que lá estava antes arranjou um novo emprego e agora é um senhor que faz o turno da noite que também a substitui de manhã.

Depois do almoço aquele semáforo que foi tema de um texto anterior impediu que eu apanhasse o autocarro a tempo de não chegar atrasada. Ainda tentei correr atrás do autocarro mas ele já lá ia. Havia que esperar pelo próximo.

Foi neste dia que se realizou o sorteio para mais uma eliminatória da Taça de Portugal. O sorteio ditou que o Benfica recebesse o Oliveira do Bairro. Vai ser uma romaria de bairradinos ao Estádio da Luz. A pretexto de estar presente um clube da região, toda a gente vai visitar a Catedral e encher uma dezena de autocarros disponíveis para o efeito.

O Sporting desloca-se à Madeira para defrontar o União e o Porto recebe em casa o Atlético. Tudo jogos fáceis. Digo eu. Não irá ser assim. A surpresa surge de onde menos se espera.

Menos sorte teve a Académica que vai ter de receber o Vitória de Setúbal num embate entre duas equipas da Superliga. Vai prometer!

A tarde também se passou sem incidentes, a não ser o que eu vou narrar a seguir.

Foi bastante combalida que regressei do treino e isso fez com que recolhesse à cama mais cedo.

Situação do dia:
Um miúdo armou-se em super-herói, mandou-se das escadas e acabou por dar uma valente cabeçada do outro lado, na parede.

Bacorada do dia:
“Tenho aqui uma perna a vibrar, tenho um bolso no telemóvel.” (Um dia, todos os telemóveis terão bolsos como o dela.)

A rotina do mau tempo

A rotina iria regressar de novo, tal como acontece a cada segunda-feira. Tenho sempre de me levantar bem de madrugada, ouvir folclore, tomar um banho, ir para a paragem, apanhar autocarros…

Todas as segundas-feiras são a mesma coisa. Pouco ou nada muda.

Diz que ia haver novo temporal. Ultimamente tem sido assim. Na passada sexta-feira o temporal apareceu à hora marcada. Agora ainda não havia sinais dele. A chuva ameaçava cair, mas nada de alarmante.

Logo bem cedo o diabo do Mong já se apresentava no terraço para comer. Antes tinha encontrado um dos seus irmãos e deu-lhe uma tareia.

Até Coimbra coreu tudo dentro da normalidade. Dentro do autocarro raciocinei que, se saísse antes de o autocarro dar a volta, eram minutos ganhos. Assim fiz.

A chuva começava a ser intensa e o autocarro metia água. Numa travagem mais brusca houve duas ou três criaturas que experimentaram, justamente, o chão molhado do autocarro amarelo.

À vinda do almoço uma senhora ia colocada junto à porta de entrada. Com a sua presença, a porta era incapaz de fechar. A chuva caía fortemente lá fora.

A tarde foi passada de forma normal. A chuva era uma presença constante. Estava excelente para eu ir para a aula!

Tirei 17,6 no teste de Holandês. Algumas distracções fizeram com que a nota não fosse melhor. Recorde-se que naquele dia cheguei atrasada ao teste por me ter enganado no caminho Era o meu primeiro dia de experimentação. Como o tempo passa!

E chegou ao fim o primeiro dos últimos dias da minha experimentação na Piscina de Celas. Cada vez gosto mais de lá andar. Sinto algo a mudar em mim. Estou a crescer por dentro.

Situação do dia:
Na tentativa de ganhar alguns minutos, não saí junto aos centros comerciais e resolvi fazer o percurso até à Piscina a pé. Ia então por um passeio estreito que me era desconhecido. Havia poças da água no chão e eu não as queria pisar. Ia com extremo cuidado. Um miúdo passou por mim também com uma enorme mochila e empurrou-me para a água. Fiquei furiosa!

Bacorada do dia:
“Já podemos desligar tudo desligado.” (Não.)

Slava "arrasa" Mong


Foi com muito custo que o nosso blog conseguiu convencer Slava a prestar declarações. Rigoroso como é no que diz respeito à informação, este espaço não perdeu oportunidade de ouvir um dos alegados mártires às garras e aos dentes de Mong. Numa gravação repleta de filtros para não ser identificado Slava não poupa o irmão negro.

A foto que conseguimos de Slava está de modo a que não seja reconhecido. Mong pode aparecer a qualquer instante e a nossa conversa pode ser interrompida. Tivemos de fazer um enorme esforço para transcrever esta entrevista para linguagem cuidada. O recurso ao mais profundo vernáculo e o emprego de mimos pouco abonatórios dirigidos a Mong dificultaram -nos bastante a vida. Como este é um blog que prima pela boa educação…

Questionado sobre o que se passava entre os três irmãos Slava sempre foi adiantando que só tem um irmão e que este se chama Léo. Para ele Mong é “bastardo, um filho da mãe, uma peste ruim.” Para ele a relação com o gato dos diabos não merece o mais profundo respeito. O gato mais pequeno chega mesmo a desejar que Mong seja atropelado por um camião enorme.

Sobre a tremenda luta entre Léo e Mong da passada semana, que originou a fuga do gato cinzento, Slava afirmou ter ouvido qualquer coisa “mas não estava para encarar de frente com aquele ordinário”. Slava poderia naquele momento ter ajudado Léo. O temor ao gato negro paralisa-o completamente e “nada haverá a fazer face à crueldade de um gato fabricado pelas forças do mal”.

Slava admite tomar medidas urgentes a fim de se proteger contra as constantes investidas de Mong. Prefere não revelar o que tem andado a fazer após a dramática morte de Max “uma referência importante”. É que a sinistra presença de Mong ameaça ao dobrar de cada esquina.

De referir que Mong, ao ter conhecimento desta entrevista prestada por Slava ao nosso blog, lhe deu uma macro-super-mega-hiper-tareia. A partir desse dia, Slava nunca mais foi visto.

O Domingo começa sempre com algumas novidades sobre o que se passa no mundo velocipédico. Alexnder Kolobnev que representou a Rabobank na época que agora terminou irá representar- ao que tudo indica- a CSC.

Passando para os actuais atletas da Rabobank, Óscar Freire volta a ser notícia pelo azar que não pára de o perseguir. O sprinter espanhol sofre agora de problemas de coluna que lhe causam vertigens e dores de cabeça e que o impedem de realizar o seu treino com normalidade. É o que eu digo! Uma ida à bruxa como faz o outro seria aconselhável ao tricampeão mundial.

No Futebol o Porto derrotou o Belenenses no Estádio do Restelo por 0-1. Hélder Postiga marcou o golo solitário dos dragões.

Na Figueira da Foz o Sporting também venceu com alguma dificuldade a equipa da Naval. Nos últimos minutos de jogo, um remate bem conseguido de Ronny deu três pontos aos leões de Alvalade.

O contentamento regressou a casa com Léo que se veio colocar ao lume. Slava também por lá andava. Tudo parecia em paz. No entanto, esta harmonia foi logo quebrada quando dos quintais ou de cima das placas se ouviu a voz estridente de Mong. A voz do perigo.

No “Gato Fedorento” passou uma cena que me fez recordar um episódio passado nos meus tempos de liceu. Era aquela cena em que agrediam um professor com bolas de papel. Muito eu me ri! Lembrei-me daquela aula de História do meu oitavo ano. A professora marcava faltas a lápis aos alunos que se portavam mal e ameaçava que “se o aluno não se portasse impecavelmente até ao final da aula, a falta não lhe era retirada”. A mesma docente tirava minutos de intervalo consoante o mau comportamento dos alunos. Havia um intervalo só de cinco minutos. A minha turma andava terrível e os minutos sonegados de intervalo já eram mais que os que o intervalo tinha. Resultado: a professora de Francês (que era a aula que íamos ter a seguir) não viu os alunos e foi-se embora. E os alunos numa sala no mesmo andar a cumprir o castigo da aula de História. Noutra ocasião ficámos sem intervalo por causa de uma cena parecida com a que foi retratada no “Gato Fedorento”. Por acaso eu na altura estava a olhar para a professora e ri-me com a pontaria dos meus colegas que atiravam bolas de papel do fundo da sala. A professora expunha a matéria. De repente, uma bola de papel acertou-lhe mesmo dentro da boca. Retirando furiosamente o pedaço de papel enrolado da boca, a professora de História anunciou que teríamos de passar o intervalo no interior da sala de aula. A aula seguinte nesse dia era também naquela sala. A aula de História só terminou quando a outra professora chegou.

Estava assim terminado o fim-de-semana que foi curto- como sempre acontece. Iria ser mais curta esta semana. Dia 1 de Dezembro era dia da Restauração. Menos um dia de experimentação num local que eu aprendi a gostar.

Situação do dia:
Léo e Slava eram a nossa alegria naquele momento. Mong era o único que podia estragar aquele ambiente. Por acaso pensei no que seria se ele aparecesse. Não tardou muito a aparecer em cima da gaiola das catatuas. Não querendo que Léo e Slava fugissem apavorados de medo, a minha mãe pegou numa vassoura e tratou de espantar o gato preto. Parecia que estava a espantar uma bruxa ou mesmo o diabo.

Bacorada do dia:
“Quaresma está numa excelente forma. Ele é responsável por grande parte dos golos do Belenenses.” (Está em tão boa forma que joga por uma data de equipas ao mesmo tempo.)



O amigo Alex

Preocupado com a situação incómoda do Glorioso na tabela classificativa depois da derrota em Braga, Alex resolveu ajudar como podia. Como bom benfiquista que é, resolveu realizar o sonho que muitos jogadores têm- marcar um golo que ajude o clube a alcançar os objectivos.

O central do Marítimo foi o terceiro jogador num curto espaço de tempo a marcar um autogolo num jogo com o Benfica. Steven Caldwell do Celtic de Glasgow e Ricardo do Beira-Mar foram os outros dois jogadores que mostraram todo o seu benfiquismo.

Depois da péssima exibição em Braga o Glorioso recebia a turma insular no Estádio da Luz. Não se esperava outro resultado que não a vitória, sob pena de se atrasar ainda mais na corrida ao título.

O Glorioso venceu por 2-1. Depois do já referido golo de Alex na própria baliza, o Marítimo assustou com um monumental golo de Marcinho. Um golo que valeu bem o dinheiro dispendido na compra do bilhete. O mesmo jogador acabou por ser expulso. Mas Katsouranis acabou com o sofrimento de seis milhões de corações (incluindo o meu) e marcou o segundo golo que deu três preciosos pontos na luta pelo título.

O Porto iria jogar no dia seguinte com o Belenenses. Um jogo aparentemente fácil.

O Sol regressou depois de alguns dias dominados por mau tempo constante. Estava à porta mais um fim-de-semana passado em casa.

Léo fugiu para casa da vizinha e teimava em não regressar, apesar da insistência da minha mãe. O pavor a Mong falava mais alto. Mong que continuava a sua luta cruel com Slava.

E assim se passou um dia sem história.

Bacorada do dia:
“O ENTER serve para fechar???!!!!” (Depende.)

Sunday, March 04, 2007

E um belo dia o centro comercial veio abaixo

Enquanto a noite era de chuva, no meu sonho havia um belo dia de Sol e Céu azul. Sabia bem andar na rua. Fazer compras deveria ser agradável. Só que...

O centro comercial era imponente. Era um prédio enorme e parecia gozar de grade robustez. Eu andava por ali a vaguear e a fazer umas reportagens quando olhei e vi o prédio todo reduzido a escombros e uma nuvem de pó à volta.

As causas do incidente eram estranhas. O dia estava agradável, o Sol brilhava num Céu com uma luminosidade azul nunca antes vista. Ali reinava a desordem. Eu tentava averiguar o que se teria passado, mas não havia uma explicação lógica.

Continuava a andar por ali muita gente que se divertia tanto como eu com aquilo tudo. Eu não deixava de me rir ao olhar para aquele monte de entulho que poucos minutos antes era uma das capitais do consumo.

A realidade era outra. Nada de Sol nem Céu azul. O mau tempo era constante e prometia não nos largar. Aliás, Coimbra estava em alerta amarelo.

Havia que trabalhar. O temporal não serviria de desculpa para não se fazer nada. Talvez para afastar as pessoas de saírem para a rua e virem nadar um pouco.

Mas o autocarro leva sempre mais gente quando chove e transforma-se num lugar sem lei, onde o "salve-se quem puder" manda mais que o bom censo.

E pontualmente à hora marcada ele aí estava. O tão esperado temporal chegou. Não se via nada na rua. Tudo estava coberto por uma só nuvem que engolia tudo. O vento uivava com força, a chuva caía com grande intensidade e a rua foi ficando deserta. Eu fiquei boquiaberta com a intensidade daquela intempérie. Era incrível! Via-se ainda menos do que se estivesse de noite.

E agora para ir almoçar?!! Já chovia menos e a visibilidade era mais nítida. Tinha mesmo de sair para a rua.

Encontrei a escola toda alagada em água. Já nem sabia onde devia pôr os pés. Regressei para assistir ao temporal através do vidro. Estava um dia como nunca vi igual!

Nem me atrevi a ir treinar. As provas são já dia 8 de Dezembro, mas eu não tenho a culpa de o tempo estar assim. Nessa tarde de mau tempo encontrei dois dos meus colegas na ACAPO que ainda não tinha metido água. Até admira!

Não deu o "Gato Fedorento". Resolvi começar a ler "A Bruxa de Portobello" de Paulo Coelho. O fim-de-semana chegou rápido.

Bacorada do dia:
"A África do Sul é um continente..." (Também já ouvi dizer o contrário, que a África era um país rico em recursos naturais.)

Alerta negro

O outro dia fiquei a pensar que antigamente não se ouvia falar tanto em catástrofes naturais que destroçavam Portugal com uma voracidade digna das tempestades tropicais.

Que eu conte este ano, já são umas três ou quatro vezes que se fala em temporais de grande monta. Em Outubro uma violenta tempestade varreu o nosso País de Norte a Sul, deslocando e destruindo tudo o que encontrou pelo caminho.

Na passada Sexta-feira fomos invadidos por chuva, vento forte e trovoada que ameaçavam arrasar com a cidade e obrigavam as pessoas a ficar onde estavam.

Agora está prevista mais uma monumental tempestade. Alguns distritos estão em alerta amarelo e outros estão em alerta laranja. Eu pouco percebo dessa linguagem cromática, apenas me guio pelo alerta negro das nuvens que carregam o Céu e anunciam que vai chover não tarda.

Parece que o temporal irá ser violento e chegará sensivelmente à hora de almoço. Vai ser lindo vai.

Para o distrito de Coimbra estava instalado o alerta amarelo. Logo pela manhã já chovia, mas foi por volta das três da tarde que o vento e a chuva forte fizeram a sua aparição. Mais um treino estragado!

O treino foi realizado, apesar desse alerta amarelo de temporal. Só quando eu já estava em casa e já não tencionava sair à rua é que começou o temporal a sério.

Fora as condições meteorológicas, houve um sonho daqueles muito estranhos. Tinha de atravessar um rio por cima de uns fios suspensos no ar. A certa altura o fio desprendeu-se e eu fiquei presa lá em cima a gritar e a morrer de medo de cada vez que olhava para baixo.

Havia mais um dia de experimentação pela frente. A segunda semana está quase no fim. As viagens de autocarro é que...bem uma série de pessoas não sabe como se passa uma senha numa máquina dos autocarros. Parte dessas pessoas entram nas paragens dos estabelecimentos de saúde.

E depressa chegou a hora do almoço, visto que tudo correu dentro da normalidade. Que bom! Que maravilha! Quando chegámos a Tovim havia outro autocarro que estava para sair e nós passámos para lá. Devia ser assim todos os dias!

Não é todos os dias (mas é quase) que há louça partida na cantina. Desta vez foi um copo. Mais um!

Para além de não saberem lidar com a máquina das senhas no autocarro, algumas pessoas parecem também não saber lidar com a sua própria higiene íntima. Ia um idoso para o hospital com um desodorizante altamente biológico e à base de produtos naturais- urina.

O ambiente na Piscina estava calmo. O tempo não convidava a sair de casa. Para não dormir na parada enquanto não chegava ninguém, pus-me a observar umas fotos que existiam na galeria do computador e que eram exibidas quando ele entrava em stand by. Qualquer pormenor me chamava a atenção. Cães, gatos, pássaros, paisagens...tudo servia para ocupar o tempo livre que ali tinha sem nada para fazer.

O treino acabou por ser condicionado pela chuva. Consistiu em quinze minutos de aquecimento e em exercícios na pista interior. Apesar de tudo, o treino teve a duração de uma hora.

O Braga tinha uma difícil deslocação a Sevilha para defrontar o detentor da Taça UEFA do ano passado e vencedor da Supertaça europeia. Ao intervalo os arsenalistas perdiam por 1-0. De referir que este golo foi marcado por Fabiano que já representou o Porto.

No final, o resultado saldou-se em duas bolas a zero para o Sevilha. Nada ainda está perdido para o Braga.

E com o tempo ruim lá fora, deitei-me naquela noite. Mal sabia eu o sonho que iria ter.

Situação do dia:
Uma aluna da escola tinha uma chave com uma fita azul que facilmente se confundia com as chaves dos cacifos masculinos. Outro aluno confunde a cor da sua carteira.

Bacorada do dia:
"Quando eu olhei, já o quarto árbitro estava a levantar a bandeirola com o tempo de compensação." (Agora o quarto árbitro também tem bandeirola e até assinala os minutos de compensação e tudo. Muito me contam.)

A tensão arterial pode aumentar ou...subir

"É como a tensão arterial que pode aumentar ou subir." Esta frase foi uma das bacoradas de textos anteriores. Na altura o comentário que eu fiz foi que quando a tensão aumentava, a culpa era dos hábitos alimentares e, quando a tensão subia, os motivos já eram outros.

Foi de um desses motivos de subida de tensão arterial que tratou o sonho que eu passo a descrever. Quando acordei, quase tinha um ataque de hipertensão aguda. Mas também descia ao constatar que aquilo não se tinha passado e, afinal, até fazia rir.

Era um consultório médico onde os profissionais de saúde usavam umas batas semelhantes às utilizadas nas operações. Tínhamo-nos deslocado a esse consultório para uma consulta relacionada com a Saúde no Trabalho ou algo do género. Todos nós que estamos em formação na ACAPO aguardávamos a nossa vez.

Havia um vidro que separava a sala onde éramos examinados do exterior. Na sala de espera a televisão estava ligada. Para além de nós, outro grupo barulhento e desordeiro aguardava também por consultas. Eram os kazaques.

Como se isso não bastasse, a televisão estava tão alta que se ouvia lá dentro. Estava a dar um noticiário e eles eram os protagonistas de uma das reportagens exibidas.

Os médicos tentavam, incrédulos, medir-me a tensão arterial. É que o aparelho estava-se a passar com os números exibidos. Em alguns momentos quase rebentava a escala.

Os médicos apontavam os números e já estavam passados comigo. Eles não sabiam que a causa da subida da tensão arterial era aquele pessoal que estava lá fora. Se eles se calassem...

Eu não tenho a certeza, mas quase que posso garantir que foi nesse dia que fui jogar no Euromilhões com os números que eu me lembrava que tinham entrado no sonho.

Eu já não me lembrava que tinha tido este sonho. Lembrava-me vagamente do do centro comercial que há-de ser descrito num dos próximos textos. Ao escrever este texto, estou-me a lembrar que algumas das coisas sonhadas se realizaram dois meses e uma semana depois do sonho.

O tempo naquela Quarta-feira estava encoberto. Outra cena da porta de saída do autocarro não abrir! Se eu não tivesse mais que fazer...

A Piscina voltou a fechar para tratamento à água. Por essa razão tudo andou muito calmo.

E mereço palmas! Desta vez não me perdi, apesar de estar a chuviscar e de estar mais escuro que no outro dia. Cheguei à aula sem sobressaltos. Uma aula que abria o apetite, pois ainda se continuava a falar em comida.

Era a vez do Sp0orting jogar com o Inter de Luís Figo para a Liga dos Campeões. De referir que o resultado foi exactamente igual ao da primeira-mão. Igual não porque o Inter venceu desta vez por 1-0. Foi a mesma coisa. O Sporting venceu em Alvalade por 1-0 e eles venceram em San Ciro por 1-0 também.

O tempo voa depressa. Já me encontrava a meio de uma semana ainda com muito que contar.

Situação do dia:
No autocarro ouvia-se sempre o mesmo telemóvel a tocar de forma insistente. Em vez de ficar irritada, eu já me ria. Devo alertar que isto passou-se mesmo, mas tem contornos de anedota. A idosa proprietária do telefone móvel que já ia a pôr cabelos em pé a muito boa gente atendia o telemóvel mas, ou não ouvia, ou a transmissão da mensagem não era a melhor. Sempre que o telemóvel tocava e ela atendia ia dizendo:
-"Ó Zé, olha que eu vou no autocarro e não te ouço..."
Passado pouco tempo, o telemóvel começava novamente a tocar e ela repetia o mesmo discurso, que ia no autocarro, que não ouvia, que ele não gastasse dinheiro...Já a perder a paciência, a mulher ligou para o tal Zé e gritou para ele e para toda a gente do autocarro ouvir:
-"OLHA QUE EU VOU DENTRO DO MACHIMBOMBO E NÃO OUÇO!"
Se assim esta história já é cómica, resta dizer que ela não acaba aqui. Para isto ter mais piada saliente-se que quem ligava para a senhora não era o Zé. Ela passou o tempo todo a fazer figuras tristes.

Bacorada do dia:
"Ò senhor, é aqui que é a Mák Donald. Não é?" (Parapapapa! I'm hatin'it!)

Semáforos e paragens




Na Solum existem duas paragens de autocarro- uma de cada lado da estrada, como tem de ser. O problema é que existe um semáforo para peões que nos impede de apanhar o autocarro.

Isto chega a ser ridículo e hilariante. O autocarro na paragem e nós do outro lado, como se tivéssemos todo o tempo do Mundo à espera que o semáforo abra. Quando isso acontece já nós perdemos o autocarro e temos de esperar pelo seguinte que não sabemos quanto tempo demora.

Não é fácil controlar o impulso de correr pela passadeira fora com o sinal vermelho, mas há o risco de ser atropelada e- a isso- prefiro perder o autocarro, apesar de a tentação de correr atrás do autocarro ser muita.

Quem teve a ideia de colocar ali as paragens junto àquela passadeira nunca anda de autocarro ou nunca tem pressa, senão via logo que as paragens ali dão mau resultado.

O semáforo ali está bem. A estrada é bastante movimentada e podia haver acidentes graves. Acho é que eles deviam ser mais rápidos a responder quando as pessoas lhes carregam para atravessar para o outro lado da rua para apanhar o autocarro.

A manhã era de chuva. Reparei que todas as paragens de autocarro tinham a mesma publicidade com o mesmo slogan: "eu fiz as contas". Já não me lembro de que era a publicidade. Não apontei. Penso que era a um banco ou a algo relacionado com qualquer produto financeiro.

Ainda continuava com os mesmos problemas que me assolaram ontem e decidi que naquele dia não haveria treino, até porque era noite de Liga dos Campeões.

Durante todo o dia o trabalho correu bem. Nada de asneiras da minha parte tenho aqui registado. Ainda bem!

Mais uma viagem de autocarro e mais um sarilho. Desta vez era o condutor que não queria abrir a porta de trás para o pessoal sair.

Ao contrário do que eu referi num texto anterior, Porto e Benfica não vão jogar com o Arsenal e com o Manchester United respectivamente. Fiz confusão com a jornada seguinte. Mais um efeito secundário do atraso considerável que este blog leva. Com a pressa e a ânsia de recuperar tempo faço dessas confusões.

Então o Porto deslocou-se a Moscovo e derrotou o CSKA por 0-2. Só quando eu cheguei a casa é que a turma azul e branca resolveu marcar golos.

Na Luz o Benfica recebia o Copenhaga- a equipa mais fraca do seu grupo. Se o Benfica não vencesse esta equipa era uma vergonha. Aqueles dinamarqueses nem sabiam como se tratava uma bola. Era redonda demais para os pés demasiado quadrados de alguns. O Jogador Número Oito deles então era um craque! Eu nem sei como é que os grandes emblemas não andam atrás dele. Atenção! Quando eu falo em grandes emblemas, refiro-me aos clubes que lutam para ser os piores do Mundo e os que praticam pior Futebol à face da Terra.

O Benfica venceu facilmente o jogo por 3-1 e conseguiu pelo menos o apuramento para a Taça UEFA. Miccoli esteve em grande ao apontar dois golos. Léo apontou o outro golo.

Passando para outro jogo de outra natureza, no "Um Contra Todos" José Carlos Malato passou o tempo todo a enganar o concorrente.

E assim se passou mais um dia recheado de aventuras e peripécias. Eis uma delas:

Situação do dia:
No andar de cima da Piscina existe uma máquina de tirar água. Ao lado existe um caixote do lixo para depositar os copos utilizados. Não sei como é que eu fiz isto. O certo é que eu desmontei o caixote do lixo todo. Se quisesse fazer de propósito não era capaz. Tive de andar a ver como é que o punha novamente como estava e demorei alguns minutos até conseguir. Eu sou assim!

Bacorada do dia:
"Foi apanhado à porta de um discoteca de Zagabri com um copo de cerveja numa mão e um cigarro na outra." (E deve ter sido neste estado que ele lhe disse como é que se chamava aquela cidade. Só pode! Para quem não percebeu, e por incrível que pareça, ele está-se a referir a Zagreb.)

João Pinto ainda causa estragos para os lados da Luz

A notícia caiu que nem uma bomba para os lados da Luz. José Veiga é acusado de irregularidades aquando da saída de João Pinto do Benfica para o Sporting. O homem forte do Futebol do Glorioso já se havia demitido na sequência de arresto aos seus bens.

Os factos remontam ao longínquo ano de 2000. De partida para o Campeonato Europeu de Futebol que se ia disputar na Bélgica e na Holanda, o então craque do Benfica fez parar o país futebolístico ao anunciar que ia abandonar o Glorioso. Os adeptos encarnados ficaram incrédulos e os mais fanáticos choraram mesmo a partida do seu menino de ouro.

Portugal conseguir uma excelente participação no Europeu sob o comando de Humberto Coelho. João Pinto destacou-se individualmente e, ao chegar a Portugal, decidiu que o seu futuro passaria pelo lado contrário da Segunda Circular.

É essa polémica e chocante transferência que agora faz José Veiga andar na mira da Polícia Judiciária.

Recorde-se que no passado Sábado a actual equipa de João Pinto derrotou o Benfica por 3-1. Não apontei quem marcou os golos do Braga, mas tenho ideia de que um deles foi marcado por João Pinto.

Léo não voltou a aparecer e a minha mãe continuava a questionar o que teria acontecido. Todas as manhãs o gato costuma estar no terraço para tomar a primeira refeição do dia. Porque não apareceu?

Regressei a Coimbra para a segunda semana na Piscina. Estava-me a adaptar aos poucos ao novo ambiente em que estava inserida. Mesmo os miúdos que tiravam a paciência a um santo estavam a ser fáceis de aturar. Ia-me habituando.

Pelo caminho encontrei uma casa protegida por uma estranha rede às riscas. E cheguei a Coimbra e àquela selva que é o autocarro. É uma selva tal que um homem já se estava a sentir mal naquela confusão toda. Ao sentir-se mal, o senhor provocou a subida vertiginosa da grulhada. Começa bem isto!

Cheguei a horas à Piscina, apesar da confusão. O fim-de-semana já lá ia e tinha de começar com o trabalho.

Na rua passou por mim uma rapariga de mangas cavadas em finais do mês de Novembro. Só calor!

Andava com alguns problemas do foro digestivo. Tinha de ir almoçar. Na cantina o ambiente estava animado. Alguém fazia anos e os colegas cantavam-lhe os parabéns ruidosamente.

Até admira não ter aqui nada registado que tivesse ocorrido no autocarro. A tarde também decorreu sem incidentes. Só o aparecimento daquele objecto que mencionarei na “Situação do dia” merece registo.

Como não estava muito bem, o treino foi condicionado. Rolei devagar durante trinta minutos antes de fazer alongamentos. Foi uma hora de treino suave num dia em que não estava a chover.

Deitei-me cedo a julgar que a noite ia ser longa. Adormeci tranquilamente.

Situação do dia:
Apareceu na Piscina uma régua daquelas para desenhar as letras que tinha um pequeno grande defeito: não tinha a letra “F”.

Bacorada do dia:
“Não há provas ao Sábado porque há provas.” (Só se for em simultâneo.)

Sou mau, sou terrível, sou uma peste...sou o Mong


A madrugada já ia alta quando eu fiz uma pequena pausa no meu habitual trabalho das madrugadas de Sábado para Domingo para ver o que se estava a passar na rua. Na rua é como quem diz...no terraço.

Ouvi algum gato a rosnar e pensei que era o Slava. À entrada da porta para a cozinha Mong estava escondido como quem espera o momento certo para atacar. O meu pai tinha-se levantado e correu o gato Léo que se refugiou no interior da cozinha para se proteger dos ataques ferozes do irmão. Com a ajuda de um cabo de vassoura, o meu pai enxotou o gato cinzento dali para fora.

Apesar das tentativas do meu pai Léo encolhia-se ainda mais. Sabendo do que se passava, eu pedi ao meu pai que deixasse ficar o gato. Sabia que ia haver confronto quando Léo regressasse ao terraço.

Mong é um gato temido. Nem o Ju conseguia ser tão sinistro. A sua cor negra faz dele um gato digno de ser propriedade de uma bruxa. Valeria uma fortuna se acaso fosse disputado por essas profissionais das ciências ocultas. Substituía mesmo um cão feroz na guarda da porta.

Ainda o gatinho negro cabia na palma de uma mão, já minha mãe dizia quando soavam os gritos de discussões entre Max, Ju e outros gatos de fora:
“Quando cresceres hás-de chegar para eles todos e dar uma tareia no gato amarelo (gato enorme e imbatível que vinha do lugar)”

Mong cresceu, tornou-se um gato adulto. Não cobriu de tareia o Ju, o Max e o gato do lugar que vinha para os deixar feitos num oito. Parece que ele se dava bem com o Ju que já agredia o Léo. Com o Max não sei. No final da sua vida andava sempre com o Slava. Onde estava um, estava outro. A sua agressividade é agora cruelmente descarregada nos seus irmãos Léo e Slava que fazem o que podem para o evitarem.

Naquela madrugada Mong mostrou toda a sua maldade diabólica. Intimidado pela vassoura que o meu pai empunhava apenas para o mandar para a rua, Léo regressou ao terraço. Mong estava escondido entre a porta e uma arca. Quando Léo saiu, o diabo negro caiu-lhe em cima.

Desesperado, Léo tentou subir pelo pau da gaiola das catatuas. Mais ágil, Mong saltou e já esperava o irmão quando este subiu. Num golpe enérgico e brutal, Mong atirou-se a Léo que ficou à sua mercê sem reagir. Apesar de o gato cinzento ser maior, o negro é mais ágil. Nem o Ju era tão ágil.

A discussão prosseguiu em cima das placas e no palheiro. Eu estava pasma com os golpes terríveis do Mong.

Léo andava assustado e foi-se refugiar na lenha, mas Mong parecia estar em todo o lado à espera dele. Numa das vezes em que o gato cinzento tentou regressar a casa, o nosso cão correu atrás dele. Não lhe queria fazer mal mas ele assustou-se e desapareceu.

A minha mãe estava arrasada porque ele estava sempre em casa. Algo aconteceu. Léo não costuma fazer esse tipo de coisas.

No Ciclismo há a registar a queda grave que sofreu o ciclista australiano Paul Crake. O atleta nunca mais poderá levar uma vida normal. Sofreu algumas fracturas na coluna vertebral. É o lado negro do Desporto a mostrar-se.

No Ciclo-crosse, Sven Nijs também anda com algum azar. Teve uma avaria que o impediu de coleccionar mais um triunfo. Antes isso que uma queda aparatosa como a do australiano Paul Crake.

Laurens Ten Dam afinal ficou na Unibet .com. Apesar do interesse mútuo no regresso à Rabobank, o ciclista ficou onde estava.

Também houve Futebol e a preparação de tudo para uma semana de rotina. As aventuras em autocarros prometem continuar.

Bacorada do dia:
“Para darmos a extensão a um ficheiro carregamos na tecla TXT.” (Juro que passei os olhos atentamente pelo meu teclado e não encontrei essa tecla em lado nenhum.)

Caçadores


Os sonhos com os meus gatos ocorrem, geralmente, no final de cada semana. A ida para casa leva o meu subconsciente a me brindar com alguns sonhos e pesadelos que me deixam na dúvida se estarei acordada ou a dormir. Aqui fica mais um exemplo.

A tarde estava nublada. Ou então já estava a escurecer. Ia outra vez para a Moita. Muitas vezes vou eu a tal terra em sonhos! Desta vez era diferente o meu estado de espírito. Pressentia algo. Dava a sensação até que estava triste e a paisagem dominada pela cor cinzenta denunciava isso mesmo.

Ia sozinha. Parece que ia ao lar visitar o meu primo. Outra situação surreal! Subia as Pedras Albas. Ia em direcção à Moita. Numa das terras verdes que existem nesse local vi alguns carros parados com reboques e atrelados. Andavam à caça.

Um dos caçadores chamou-me. Fiquei com um pouco de medo do que pudesse acontecer. Não conhecia ninguém ali. O caçador disse que esperaria que eu voltasse para me levar até casa.

Encontro-me a fazer o caminho inverso e no mesmo local. Já está escuro e sinto uma certa apreensão. O grupo de caçadores e eu dirigimo-nos em direcção a minha casa.

Em minha casa a luminosidade é maior. É no mesmo dia mas parece que o tempo voltou para trás. O céu apresenta a mesma tonalidade da que apresentava no início do sonho. Via-se perfeitamente na rua. Os sonhos são assim.

Os caçadores encontravam-se na rua a comer, a beber e a conversar sobre caçadas. O gato Léo passeava pelo quintal. Um dos caçadores desferiu-lhe um tiro a uma distância ainda considerável. Depois correu a apanhá-lo.

Apesar de o gato ainda apresentar sinais de vida, o caçador meteu-o junto às suas peças de caça e disse que iria fazer uma deliciosa refeição com ele. A minha mãe e eu ficámos inconformadas.

Acordei e suspirei de alívio por tudo isto se passar apenas num sonho. De facto, algo aconteceu a Léo. Mong foi o seu caçador.

Nada de relevante se passou num Sábado em que a minha mãe tinha preparado tripas para a minha chegada. Os textos para este blog ocuparam-me a tarde toda.

Ao final da tarde, Porto, Académica e Benfica entraram em campo. Os jogos dos clubes grandes foram marcados para aquele dia porque havia uma jornada de Liga dos Campeões a meio da semana. Ambas as equipas jogavam contra adversários vindos de terras de Sua Majestade.

O Porto defrontou a Briosa e venceu por 2-1. O golo da Académica foi marcado pelo avançado colombiano Nestor Alvarez.

Menos sorte teve o Benfica que se deslocou a Braga e perdeu por 3-1. Sem comentários!

Situação do dia:
Andava perita em entornar coisas. Comecei logo de manhã a entornar leite. Depois entornei água gordurosa das tripas que escorria de um prato excessivamente inclinado. Como não há duas sem três, também derramei café.

Bacorada do dia:
“Um ficheiro serve para guardar as pastas lá dentro.” (Tenho pena do computador dela.)

Diário de um autocarro amarelo


Existe uma música pimba que diz “se o meu carro falasse, tinha muito que contar…”.
Acredito, mas vou mais longe e imagino como seria se os autocarros que percorrem a cidade de Coimbra escrevessem um diário ou um blog como este. Aqui fica a semana de um autocarro resumida na primeira pessoa, no seu diário.

Segunda-feira, 6 de Novembro de 2006
Inicia-se mais uma maldita semana. Os estudantes regressam de fim-de-semana e o trânsito na rua está um caos. Parar e arrancar não me faz nada bem à saúde.

Terça-feira, 7 de Novembro de 2006
As pessoas metem-se à estrada com uma falta de cuidado impressionante. Foram duas as criaturas que se atravessaram no meu caminho e me obrigaram a um esforço suplementar de travões.

Quarta-feira, 8 de Novembro de 2006
Duas mulheres passaram toda a viagem a falar em doenças. Noutra paragem entrou uma terceira mulher que falou num funeral. Será possível que as pessoas guardem esse tipo de conversas quando estão no meu interior? Começo a ficar farto!

Quinta-feira, 9 de Novembro de 2006
Observo a cara de indignação das pessoas sempre que paro em Tovim.
São expressões de desalento que os rostos exibem sem disfarçar. Que posso então fazer?

Sexta-feira, 10 de Novembro de 2006
Os estudantes estão de regresso a casa para mais um fim-de-semana. O movimento foi caótico e eu vinha carregado de sacos e malas até mqis não poder.

Sábado, 11 de Novembro de 2006
O cheiro a castanhas assadas faz-se sentir um pouco por todo o lado. As pessoas andam mais descontraídas e não há tanta confusão. Toda a gente se prepara para um magusto passado no conforto do lar.

Domingo, 12 de Novembro de 2006
Estou no meu merecido descanso. Amanhã começa mais uma semana caótica. Que irá acontecer nos próximos dias?

Isto e muito mais poderia escrever um autocarro no seu diário. Agora eu vou relatar o que se passou neste dia em que os episódios passados dentro, precisamente, dos autocarros dominaram.

Sexta-feira, 17 de Novembro de 2006
A noite foi dominada por aqueles sonhos típicos de quando o fim-de-semana está próximo. O primeiro sonho tem como palco a ACAPO. O pessoal ameaça ir-se embora como forma de protesto por não se terem realizado algumas actividades.

Para não variar num dia como este, sonhei com um gato que tinha sido atropelado. Foi parar ao quarto dos meus pais como o Ju quando sofreu semelhante acidente.

O terceiro sonho passava-se numa praia. Voava sobre ela. Por fim aterrei no mar que estava calmo e a sua água tinha uma temperatura bem agradável.

A manhã estava mais fria que o habitual. A partir de agora a temperatura descerá a pique a caminho do Inverno. Agasalhei-me bem e parti rumo a mais um dia de trabalho antes de um merecido fim-de-semana.

A recepção da Piscina tem uma coisa boa. Tem vista para a rua através do revestimento em vidro. Parece que aquele vidro nos permite ver tudo quanto se passa na rua, mas da rua não se vê o que se passa lá dentro. Assim sabemos em primeira-mão como está o tempo. Naquele dia as imagens que surgiam eram quase apocalípticas com chuva e vento que prometiam arrasar a cidade.

A chuva abrandou e fui almoçar. O autocarro teve de travar porque alguém se meteu à estrada de repente. Três raparigas que iam lá atrás caíram com a travagem e começaram-se a rir. Eu dei com o joelho no banco. Até vi estrelas. Era já a segunda vez naquele dia que era vítima de cacetadas no autocarro. Prometia.

O mau tempo regressou em força. Agora a trovoada completava o cenário. Não podia ir treinar naquelas condições. O presidente ligou para a ACAPO preocupado com uma hipotética inundação. E no dia seguinte havia assembleia.

Muita gente ficou retida nas instalações à espera que o temporal passava. Apesar de viver perto, não me atrevia a ir para casa naquelas condições. A tempestade era digna de um pesadelo medonho.

E assim chegou ao fim a minha primeira semana de experimentação na Piscina. Uma semana em que fiz várias descobertas e vivi emoções fortes.

Situação do dia:
O autocarro começou por se atrasar. O meu guarda-chuva caiu para o pé da porta. Quando o fui para apanhar dei com a cabeça no vidro. Também precisava de acordar.

Bacorada do dia:
“ «Os Meus Documentos» é o Bilhete de Identidade, o Cartão de Contribuinte...” (O Certificado de Piadas Secas...)



Complexidade humana

Como é complexo o Ser Humano! A sua mente é o mistério mais bem guardado que poderá existir em tudo o que faz parte da Natureza. As suas reacções, sentimentos, emoções e comportamentos são estranhos até para ele próprio.

Eu própria desconheço o meu interior e questiono a proveniência dos meus sentimentos mais íntimos. Há dois rapazes à face da Terra (se calhar até há um terceiro, mas apenas me vou concentrar nestes dois) por quem nutro um sentimento muito especial. Perdi ambos, engolidos pela distância que nos separa. Dificilmente irei voltar a ver qualquer um deles. A não ser que aconteça algo de que não estarei à espera. O que me causa estranheza e uma certa admiração é a minha reacção às lembranças que tenho de cada um deles.

Ainda a viver a influência dos dias anteriores, eis-me só no meu quarto. A luz está apagada, a música vai marcando o rumo dos meus pensamentos e recordações, viajo sem destino pelo interior de mim própria. A viagem é ao desconhecido e cada pormenor capta a minha atenção.

Recordo duas noites- uma em Agosto de 2001 e outra em Junho de 2006. Duas noites que jamais esquecerei porque foram marcantes e isso está-se a sentir nesta noite em que eu as recordo. Em comum existe o facto de haver uma festa com música, dança e animação. Ambas marcam o términos de um evento desportivo e em ambas vivo emoções fortes.

Chamar a isso amor, paixão…não sei! O interessante é que as recordo de uma forma completamente oposta. Talvez tenha mesmo a ver com o que eu sinto pelos dois protagonistas destes momentos inesquecíveis.

A primeira festa, recordo-a com saudade. Gostaria que tudo voltasse atrás e que voltasse a estar naquele local e com o rapaz que jamais esquecerei. Tudo o que eu mais queria era voltar a vê-lo. Não é muito difícil. Só não aconteceu esse reencontro porque o Destino separa-nos de uma certa forma, apesar de eu tentar não perder o contacto virtual com ele. Posso apenas dar-lhe a minha amizade, apesar de ser- sem dúvida- mais profundo o que sinto por ele.

O simples facto de estar a escrever este texto e de o recordar, já me humedece os olhos. Não penso nele em mais nenhum lugar ou momento. A imagem que eu tenho é a daquela noite a dançar comigo, como se o tempo não tivesse avançado desde essa data. Nada de imaginar um reencontro no futuro- que é uma das coisas que eu mais desejo. Não sei qual seria a minha reacção se o voltasse a ver. Seguramente iria sentir uma enorme emoção. Nem quero pensar! Arrepia-me.

É mais recente o episódio passado também numa noite em que se dançava. Não tive qualquer tipo de contacto com aquele rapaz que me enfeitiçava de uma certa forma. A dançar era irresistível. Ainda tentei puxá-lo para a dança mas, por estranho que pareça, fiquei-me apenas pelas intenções. Contemplava-o a ele e aos colegas e tirava algumas fotos que agora guardo religiosamente. São apenas registos físicos daqueles momentos. As imagens que ficaram na minha mente, recordo-as hoje com sorrisos.

Não existe a nostalgia que sinto quando recordo a outra pessoa. Foi apenas alguém que me atraiu de uma forma diferente. Mais superficial, digo eu. O engraçado e, ao mesmo tempo estranho, é que não recordo apenas os momentos em que o avistei. A minha imaginação funciona a mil à hora quando o menciono. Já aqui referi num texto anterior que me imaginei a percorrer com ele aquela rua onde sempre vou parar quando me engano no caminho. Ao som de qualquer música que se ouve na penumbra, muitas mais situações povoam as minhas fantasias, o meu mundo misterioso.

E assim correu o tempo naquela noite de mistério e fantasia. Por incrível que pareça, uma noite normal das minhas.

Como tinha chegado do Estádio e apanhei chuva e frio, demorei a adormecer. Começa a estar mais frio e eu sem aquecimento. Aliás, toda aquela noite choveu.

Cheguei bastante cedo à Piscina, apesar do ar ensonado. Alguém cantava a “Oliveira Da Serra” para animar um pouco um dia marcado pela chuva forte que, a espaços, fazia a sua aparição.

Assim se passou a manhã até que chegou a hora de ir almoçar. O autocarro que me leva até à cantina tem o péssimo hábito de parar em Tovim para fazer horário- o que provoca a indignação das pessoas que se querem despachar como eu. O ritmo do autocarro não é, seguramente, o das pessoas que trabalham ou que têm de passar pelo hospital e passam ali uns bons dez minutos a secar.

Um senhor esfregava os pés no chão do autocarro quando entrou e eu ia a sair. Provavelmente também pisou acidentalmente um presentinho como eu ontem. Agora irá também preencher um Euromilhões? E eu que queria a sorte só para mim!

O sempre concorrido almoço na cantina, entre o habitual episódio que adiante contarei, teve outro episódio insólito:uma rapariga veio contra mim quando me preparava para tirar a garrafa da água de dentro da mochila.

Na televisão anunciam um forte temporal para as próximas horas que se irá também abater na Região Centro com grande intensidade. Mais um. Este ano são só temporais, inundações, ventos que arrastam telhados... Antigamente não havia destas coisas. Penso eu.

A tarde passou sem sobressaltos. Nada de relevante que eu pudesse registar ocorreu. A chuva regressou quando eu ia a entrar para a Piscina e não mais voltou a cair.

E o autocarro voltou a parar. Não sou só eu que acho aquelas longas paragens uma seca. Com o tempo assim, lembrava-me que aqueles dez minutos faziam falta para o treino com condições climatéricas adequadas.

Tive sorte. A chuva apenas apareceu no final do treino que foi dedicado à resistência com quarenta minutos de corrida, com três acelerações de cinco minutos. Isto para alem dos alongamentos que perfizeram uma hora certa de treino. Foi nessa altura que a chuva regressou.

Estava terminado aquele dia. Na tranquilidade do meu quarto deixei os meus pensamentos voar.

Situação do dia:
Um copo partiu na cantina. Mais um! As empregadas também devem ter pensado o mesmo porque comentaram que, a continuar assim, qualquer dia não haveria copos que chegassem. A solução passará por copos de plástico, ou descartáveis. Assim já não se registam “baixas”.

Bacorada do dia:
“Temos aqui setubalenses, portanto vivem na cidade de Setúbal.” (Deviam ser de onde? Do Porto?)

Pintainhos amarelinhos aos saltinhos, tão encharcadinhos

Eu mal via a hora de me dirigir ao Estádio Cidade de Coimbra para ser voluntária em mais um evento desportivo e (ainda mais curioso) num evento em que participam kazaques. Aliás, era esse último aspecto que me provocava um certo friozinho ansioso. Estava em pulgas!

Na véspera andaram a ligar para uma série de sítios a notificar-me para comparecer no local da realização do jogo. Como o meu telemóvel era aquele tijolo que se sabia…quando liguei o aparelhómetro à electricidade vi todas aquelas mensagens e transbordei de alegria. Voltar a ver kazaques (mesmo que não fosse aquele que eu queria) causava-me uma sensação estranha.

Até à hora do jogo tentei abstrair-me de tudo o que poderia encontrar. Não era uma tarefa fácil. Uma carrinha de uma empresa com as cores do Kazaquistão (azul e amarela) fez-me pensar que aquilo era o modesto autocarro deles. Estava a ver mal.

As condições climatéricas tornaram-se adversas. Lembrei-me dos dias em que decorreu o Mundial de Ginástica Acrobática em que os dias de chuva, trovoada e vento dominaram. Divertida, pensei que aquilo era obra e engenho dos kazaques, não me perguntem porquê.

Com a chuva a ameaçar estragar a noite, passei por casa antes de ir para o Estádio. O vento prometia destruir os guarda-chuvas e eu trazia um que me emprestaram. Fui comer qualquer coisa e trocar o guarda-chuva. Trazia uma camisola vermelha. Foi uma coincidência enorme!

Concentrámo-nos todos junto à porta VIP, tal como estava combinado. Poucos minutos depois, o “exército verde” já estava nos andares de cima a postos para a sua missão. Foram-nos entregues umas t-shirts verdes. A minha camisola de baixo era vermelha, como atrás referi. Sem querer já estava com as cores nacionais.

Antes ainda de sermos distribuídos pelos lugares onde iríamos ficar, foi tempo de reencontrar velhos conhecidos e de partilhar histórias de outras missões e já que se falava em kazaques…

Fomos divididos em pares e distribuídos pelas bancadas. O objectivo era ficar uma pessoa que já tinha participado em formação do Euro 2004 e uma pessoa que ali estava pela primeira vez. Fiquei com uma jovem que fazia a sua estreia e, para minha surpresa, dirigimo-nos a um dos sectores das bancadas. E agora?!! Eu pensava que ia prestar auxílio na parte da Comunicação Social. Nas bancadas não tinha experiência nenhuma. A minha companheira também não. Ia ser lindo! A sorte é que só tínhamos de lidar com portugueses. Kazaques só no relvado.

Não dava para ir para outro lado e senti um certo temor. A confusão e o receio de não ser capaz de desempenhar as minhas funções intimidavam-me. Previa-se a maior enchente de sempre no Estádio Cidade de Coimbra e a luta por lugares abrigados da chuva seria um problema para o qual nos alertaram.

Ainda faltava algum tempo para que o jogo se iniciasse. A música na instalação sonora era variada e fazia com que o tempo passasse ainda mais depressa. Pouco a pouco, o azul e amarelo das cadeiras (que estavam a favor dos visitantes) foi sendo substituído pelo verde e vermelho das bandeiras e cachecóis dos portugueses.

À medida que iam chegando os espectadores, fui tendo uma ideia para localizar as cadeiras onde as pessoas se sentariam. Para quem não sabe, os números em Braille escrevem-se com um símbolo específico a preceder as letras. Foi assim que localizei as cadeiras. Era o mesmo método. Bastava raciocinar e ligar o número à letra. Ficou resolvido o meu problema. A partir daí, tudo começou a correr bem.

Melhores ficaram as coisas quando a selecção do Kazaquistão entrou no relvado para os exercícios de aquecimento. Já não sei qual era a música que tocava, mas tenho ideia que era um qualquer tema brasileiro. Incrivelmente eles também começaram a dançar todos em conjunto e agarrados uns aos outros. Se a minha colega se mostrava surpreendida, eu sabia que eles eram assim. Estava era longe de imaginar que eles pudessem dançar durante o aquecimento.

Foi a histeria total quando a Selecção de Todos Nós pisou o relvado para aquecer. A música foi ofuscada pelos aplausos das pessoas que quase enchiam o Estádio, apesar de ainda haver muita gente para entrar. Nós continuávamos a encaminhar quem tinha mais dificuldade em encontrar o seu lugar.

Já com as equipas no balneário a prepararem-se para o desafio, passou uma música altamente dançável. Fiquei com pena de os kazaques já ali não estarem. O espectáculo ia ser bonito. A dança era talvez a única forma de os elementos do Kazaquistão darem espectáculo e arrancarem aplausos. O Hino Nacional foi entoado de forma arrepiante. O jogo ia começar.

Ficar nas bancadas até foi bom. Se tivesse ficado lá em baixo não assistia àquela cena e não teria oportunidade de ver o jogo, como aconteceu. Eu não estava a contar de ver o jpartida. A preocupação era com a instalação do público. Depois veríamos o encontro de forma tranquila.


Os “amarelinhos” eram inofensivos e Cristiano Ronaldo causava sensação de cada vez que a bola lhe chegava aos pés. Simão voltou a marcar aos desgraçados dos kazaques, depois de ter já marcado um golo num jogo particular contra o mesmo adversário realizado há uns anos atrás. Se bem me recordo, esse jogo foi em Chaves.

A equipa visitante quase nunca causava perigo. Um minuto com a bola em seu poder e já se viam bocejos nas bancadas. Cristiano Ronaldo era o despertador que soava alegremente para o público saltar das cadeiras.

A equipa kazaque, que vestia de amarelo, assemelhava-se a uma ninhada de inofensivos pintainhos que se deslocavam na relva à procura da protecção materna. Não sei o que é que eles me lembravam assim. Era engraçado!

Começou a chover e eu estava a observar o aquecimento de três jogadores que se exercitavam de uma forma original. Nunca vi nenhum jogador aquecer assim. Eram verdadeiros números circenses que eles faziam com a bola. Equilibravam-na em todo o lado, menos nos pés. Assim era aquele estranho aquecimento que a chuva interrompeu. E eu que me estava a divertir! É que eles foram para o banco. Até parece que naquela terra não chove! Da maneira que eles correram…

O jogo terminou com a vitória fácil de Portugal por 3-0. Simão marcou dois golos e Cristiano Ronaldo marcou o restante. Quanto ao Kazaquistão, foi macio demais para os nossos jogadores, A dançar e a fazer malabarismos podem ser superiores, mas a jogar Futebol... O treinador holandês Arno Pijpers tem um árduo trabalho pela frente.

Uma coisa é certa. Com eles por perto só há alegria e diversão. Dançam, fazem malabarismos e contagiam quem os vê…menos a jogar Futebol.

Quando toda a gente saiu de forma ordeira do lugar de onde assistiu à vitória portuguesa, voltámos novamente a reunirmos no andar de cima. Deram-me os parabéns porque soube dar a volta a um problema no meio daquela confusão toda e saí-me bem.

A chuva marcou presença no meu regresso a casa. Ia satisfeita. Tudo tinha corrido bem. Nada de anormal se passou. Digo isto por causa de um sonho que tive com um jogo da Selecção. Aquele do guarda-redes que comeu demais. E a comida era rancho naquele dia na cantina.

Aquele dia iria sempre ser marcado pelo jogo e pela ansiedade que isso me provocava. O tempo estava nublado mas ainda não chovia. Nada fazia prever que tudo fosse diferente à medida que ao dia avançava.

O autocarro chegou atrasado, como sempre. Começo já a ficar farta dos atrasos dos autocarros. E logo quando eu tenho mais pressa ainda se atrasam mais.

A chuva e o vento fizeram-se sentir com uma intensidade impressionante. E lá se ia o jogo! Por mais que nos protegêssemos, acabaríamos por apanhar uma molha monumental. Desprevenida, tive de pedir um guarda-chuva emprestado. O pior era o vento que ameaçava desfazê-lo. Na paragem do autocarro, um colega meu (também com um guarda-chuva emprestado) via-se e desejava-se para o segurar.

E assim se passou um dia aguardado com grande expectativa e que fez despertar em mim sentimentos e recordações não muito distantes.

Situação do dia:
Ia tão bem pelo passeio fora quando pisei daquelas coisas indesejáveis e mal cheirosas- dejectos de cão. Para seguir a sabedoria popular que diz que esse tipo de coisas traz dinheiro, fui jogar logo no Euromilhões.

Bacorada do dia:
“Vou fazer um auto-retrato com a cara do Filipe.” (Temos artista!)

Porque é que estas coisas só me acontecem a mim?

A célebre pergunta foi retirada de uns quaisquer desenhos animados que eu via na infância mas, logo bem cedo, pensei nela naquele dia.

Ainda antes das oito da manhã já estava na paragem do autocarro. Tinha de ser. Na paragem onde se apanhava o autocarro para o percurso inverso, não paravam de passar desses veículos amarelos.Uns a seguir aos outros, os veículos amarelos de grande porte lá iam recolhendo as pessoas ali à espera. Quanto à paragem onde eu me encontrava, nem um autocarro por lá passava.

È sempre assim. Se eu estivesse do outro lado da estrada, na outra paragem, o corrupio de autocarros seria na paragem onde eu me encontro. Gostava imenso de saber porque é que essas coisas acontecem. Será apenas uma sensação psicológica?

Também acontece outro fenómeno proveniente das paragens dos autocarros. Prende-se com o facto de passarem todos os autocarros e mais alguns, menos aquele de que estamos à espera. Se estamos- por outra ocasião- na mesma paragem à espera de outro autocarro, já aparecem dois ou três autocarros que esperávamos no outro dia. É demais!

Quando fui alomoçar- e como são os primeiros dias na Piscina- uma senhora da Associação de Natação de Coimbra costuma-me acompanhar até à paragem. Foi por isso que optei por sair ao meio-dia. Ela não foi de autocarro naquele dia. Foi com outro senhor que nos deu boleia até à Solum. Já não sei a que propósito é que surgiu a conversa, mas a senhora levantou a mesma questão que eu havia levantado algumas horas antes, enquanto esperava desesperadamente que o autocarro chegasse. Porque é que estas coisas só me acontecem a mim?

No entanto ela deu mais exemplos. Ah! Se calhar foi por ter ido ao banco e a fila não andar nada. Foi isso! Ela vinha do banco e indignava-se pelo facto de as outras filas andarem mais depressa do que a onde ela se encontrava.

Depois falou noutro local onde também é frequente termos essa mesma sensação: quando vamos fazer compras a qualquer superfície comercial. Na hora de pagar as compras, escolhemos uma fila onde está menos gente, mas as pessoas que se encontravam na fila mais concorrida despacharam-se primeiro. Já me aconteceu vezes sem conta no Pingo Doce. Alguém com um carrinho enorme de compras para todo o mês coloca tudo em cima do balcão. Eu vou para outra fila onde estão duas ou três pessoas com duas ou três coisas para pagar. O que acontece incrivelmente é que tem sempre de ocorrer algo que atrasa. Ou a caixa avariou, ou a pessoa que estava à minha frente não tinha dinheiro trocado, ou queria algo que não encontrava, ou faltou mesmo o dinheiro na caixa…enfim! Quando olho, já a pessoa com o carrinho das compras desapareceu e está agora a encaixar todos os produtos na pouco espaçosa mala do seu carro. Eu continuo a esperar e a questionar: porque é que essas coisas me acontecem a mim? Para reflectir!

E lá tinha eu de madrugar. Tinha de ser! O frio é que já se faz sentir sem piedade de mim, de me ter de levantar agora mais cedo e estar ali a perder a paciência por causa de um autocarro.

Foi um pouco acidentada a viagem até Celas. O autocarro chegou tarde e ia completamente a abarrotar de gente que se foi acumulando nas paragens. Em dois locais diferentes por onde passámos, duas pessoas meteram-se à estrada de forma arrepiante. As pessoas apanharam dois valentes sustos. Estava dado o mote para toda a gente falar de doenças, acidentes e funerais.

Finalmente cheguei ao meu destino. Fazia-se notar a algazarra dos miúdos da escola. O barulho subiu de tom quando na rua foi avistado Luiz Felipe Scolari a passar com alguns elementos da equipa técnica da Selecção de Todos Nós. Os meninos correram que nem doidos pela rua só para verem o seleccionador nacional bem de perto.

No mesmo local, alguns minutos depois, também passou uma idosa que caminhava toda curvada. Era incrível a forma como ela caminhava por ali. Chegava a meter impressão.

Na escola reinava a animação entre alguns estudantes. A música que ouviam a isso obrigava. Um computador portátil reproduzia a canção do Noddy e de outro saíam os acordes de uma música que a Ágata canta juntamente com o José
Malhoa, cujo título se me varreu da memória.

Divertida fiquei eu depois de saber a ementa para o dia seguinte. Comecei a imaginar se, por acaso, os kazaques comessem na cantina como no Mundial. Era mais barato e acessível a eles. Um dos pratos é que devia ser óptimo para quem tem um jogo para efectuar na noite a seguir. Era rancho. Eles deviam adorar!

Foi ainda com as recordações de quem encontrei na cantina há uns meses atrás que fiz a viagem de regresso à Piscina. A viagem foi também feita de pequenas peripécias. Alguém terá caído lá atrás. Ouviu-se uma certa algazarra. Quando eu ia para sair dei um autêntico murro de forma involuntária a uma senhora.

A tarde foi dedicada a aprender algo mais sobre o funcionamento da Piscina. O preço das entradas e os respectivos códigos mereceram a minha atenção. Também aprendi a registar as escolas que frequentam as instalações.

As selecções nacionais de Portugal e do Kazaquistão tinham de treinar no palco do jogo, por esse motivo não houve treino. Fui até à ACAPO ver a correspondência. Depois fui para casa.

Enquanto esperava pelo início do jogo particular entre Portugal e a Sérvia, ia ouvindo música. A minha mente voava. A vinda dos kazaques a Coimbra avivou as minhas recordações e fez-me percorrer o mundo da fantasia. Enquanto o CD tocava, pensava naquele rapaz que passou por aqui sem que eu fizesse algo para me comunicar com ele. Imaginava tudo aquilo que não fiz e mais ainda. A imagem da tarde de ontem em que eu percorri aquela rua juntou-se com a imagem dele. A minha mente fabricou uma cena imaginária em que eu o guiava por aquelas ruas. Aquelas imagens davam-me uma enorme felicidade.

Por lapso, ou porque talvez a minha mente estivesse noutro lugar, não apontei nada acerca do jogo da Figueira da Foz. Recordo apenas que Portugal venceu a Sérvia e Hugo Almeida fez uma excelente exibição na sua terra natal.

Situação do dia:
O frio apertava no final de tarde. Na Piscina o meu colega ligou um termoventilador. Logo um cheiro a esturro invadiu a recepção. Umas meninas que esperavam pelas suas aulas de Natação reclamaram de uma forma algo cómica.

Bacorada do dia:
“É como a tensão arterial que pode aumentar ou subir.” (Quando a tensão arterial aumenta os maus alimentos são os principais responsáveis, quando a tensão sobe os motivos já são outros.)