Tuesday, September 28, 2010

“Aproveitem A Vida” (impressões pessoais)



Ver texto “António Feio- a luta chegou ao fim”

Sempre admirei a força e a coragem de António Feio na sua luta contra um cancro do pâncreas em fase terminal. No dia da sua morte, tive a oportunidade de referir aqui isso mesmo. Não é qualquer pessoa que vê a sua irmã que tanto ama sucumbir a uma doença muito semelhante e viver a vida de uma forma tão positiva e decidida como o actor viveu.

Quando soube que ia sair para o mercado esta obra, logo me apressei a adquiri-la e os meus sentimentos em relação àquilo que foram os últimos meses de vida de António Feio saíram reforçados após a sua leitura.

António Feio era um homem divertido e com gosto pela vida. Vivia-a intensamente e sabia aproveitar ao máximo as coisas boas que ela tinha para lhe oferecer. Fazia o que gostava e tinha realizado parte dos seus sonhos. A descoberta de uma doença grave fê-lo vacilar um pouco mas nunca perdeu as suas características. Até aos últimos dias da sua vida foi sempre encarando a doença com optimismo, de tudo tentando para reverter o irreversível.

Foi um homem que muito lutou ao longo da vida e a sua luta intensificou-se também contra o sofrimento e a morte. Eu pessoalmente não seria capaz de encarar aquela enorme adversidade como ele a encarou e isso é uma virtude ao alcance de poucos.

O seu livro é um testemunho importante para quem vive com adversidades de vários tipos, especialmente para quem vive o drama do cancro. As linhas que escreveu perdurarão na memória colectiva por longas décadas.

Fica então aqui registada, mais uma vez, a minha admiração para com este homem que nos deixou mas cuja sua mensagem jamais morrerá.

A antiga equipa do Barisic



É nestas alturas que eu sinto que o tempo passa e que já estou realmente velha. O repórter da SIC, a certa altura referiu-se ao facto de o Rapid de Viena- a equipa que estava a jogar contra o Porto no Estádio do Dragão- jogar de azul e vermelho. Dizia ele que não seria de espantar se na segunda-mão a equipa austríaca entrasse em campo de verde e branco. Mas onde é que eu já vi isto?

Foi nessa altura que me lembrei que o Rapid de Viena jogou há muitos anos atrás contra o Sporting para a Taça UEFA. Se não me falha a memória, eliminou mesmo o clube de Alvalade mas não tenho a certeza. Como eu disse, já foi há imenso tempo. Foi aí em 95 talvez.

Em Alvalade o Rapid de Viena jogou exactamente com um equipamento idêntico ao que utilizou neste jogo com o Porto- calções azuis e camisola encarnada. Na segunda-mão usou um equipamento idêntico ao do Sporting mas com calções brancos. Digamos que se tratava de um equipamento igual ao do Celtic de Glasgow.

Lembrando-me desse confronto com o Sporting, imediatamente me lembrei de um dos meus “crominhos” (jogadores com origem na Antiga Jugoslávia de quem eu gostava imenso). Bem, a história deste é algo curiosa. Para dizer a verdade, ele até tinha nacionalidade austríaca mas era de origem eslovena ou croata, já não me lembro.

Ora a imprensa portuguesa, assim que sai o sorteio das competições europeias, começa logo a dar destaque aos jogos dos adversários das equipas portuguesas a cada jornada do campeonato. Eu não conhecia o Zoran Barisic (pelo nome deveria ser um balcânico) mas esta história aguçou-me a curiosidade. Lembram-se de Luís Suarez no último Mundial contra o Gana? Quando vi esse lance, lembrei-me deste artista e quando o jogador do Gana falhou a grande penalidade mais ainda.

Aqui o nosso amigo Barisic também mostrou os seus dotes de guarda-redes e tirou uma bola de dentro da baliza. Tal como na África do Sul, também o jogador adversário falhou a cobrança da falta e o jogo terminou empatado. Naquele tempo não havia Internet e ninguém imaginaria que uma coisa chamada Youtube algum dia transmitisse as imagens dos lances mais insólitos que se passavam nos relvados de todo o Mundo. Havia que esperar pelos jogos com o Sporting para ver quem era aquele jogador.

Lembro-me que no jogo da segunda-mão ele, sendo o médio da outra equipa, se foi meter com aquele poço de força que era o Oceano. E conseguiu que o internacional português e agora Seleccionador Nacional sub-21 fosse ao chão e provasse do veneno que habitualmente servia os adversários. Pouco sensibilizado com a raridade de tal feito, o árbitro brindou o jogador austríaco com um cartão amarelo. Mais uns pontinhos na minha consideração que aquele jogador passou a ter. Para além de ser o jogador que tira bolas da baliza com a mão cometendo grandes penalidades que os outros falham, também passou a ser lembrado como um dos poucos jogadores que consegue mandar o Oceano ao chão.

Alguns anos mais tarde, já com acesso à Internet vim a descobrir que o Barisic já vivia há muitos anos na Áustria. Como curiosidade refira-se, se não me falha a memória (tinha isso apontado mas não sei onde param os cadernos), que ele tinha formação ou trabalhava mesmo em algo ligado com electricidade.

Passemos então a este jogo que o Rapid de Viena perdeu categoricamente por 3-0! Não há muito para dizer, a não ser que o resultado peca por escasso, dadas as oportunidades criadas pelos dragões.

Rolando marcou o primeiro golo aos vinte e cinco minutos, Falcão apontou o segundo golo após defesa incompleta do guarda-redes do Rapid a um remate de cabeça e o terceiro golo foi uma verdadeira obra-prima de Ruben Micael.

Refira-se ainda que ficou por marcar uma grande penalidade por falta do Jogador Número Vinte e Cinco do Rapid sobre Hulk.

Nada mais há a apontar neste jogo.

Tornam a nossa vida mais complicada do que já é

Para além de termos cometido o “crime” de termos nascido diferentes, ainda carregamos com as “culpas” até ao último dia das nossas vidas. Crime? Sim porque parece que merecemos um castigo duro, uma enorme provação a cada dia da nossa existência. O crime que cometemos é justamente esse: simplesmente existir e estar num Mundo que não foi pensado para nós. Nós simplesmente o tentamos invadir e as outras pessoas, essas sim merecedoras de ali viver, tentam-se defender das verdadeiras ervas daninhas que nós devemos ser.

Tentamos adaptar-nos como podemos a um Mundo cheio de barreiras, obstáculos e portas fechadas. Tentamos vencer todos eles mas há sempre contratempos, principalmente porque as tais pessoas perfeitas que vivem num Mundo perfeito nos impedem de ir mais além.

De nada vale trabalharmos se, ao mínimo erro, nos vão cair em cima e nos culpar de coisas que definitivamente seria impossível sermos responsabilizados. Isto começa a cansar-me. Custa acordar a cada dia e pensar se hoje não serei humilhada, magoada ou abordada de forma menos digna por alguém que teve a sorte de nascer com duas pernas, dois braços, dois olhos saudáveis, dois ouvidos bem calibrados para ouvir aquilo que querem e aquilo que deveriam ouvir em certas ocasiões, uma boca que, apesar de servir às vezes para dizer disparates, serve para falar de forma compreensível quando calha e uma mente aparentemente sã quando não é povoada por pensamentos pérfidos, maliciosos e retrógrados.

Já temos muitos obstáculos para vencer, muitas barreiras para ultrapassar do ponto de vista quotidiano. Há imensas coisas que ainda precisam de ser adaptadas, apesar de a tecnologia ter evoluído muito para dar resposta às nossas necessidades. Há as barreiras arquitectónicas que são impeditivas de acedermos sem restrições a qualquer local onde desejamos ir e há as piores- as barreiras sociais.

São estas últimas que fazem com que nos neguem pura e simplesmente o direito pleno à cidadania. Olham para nós e logo começam a colocar questões que nos intrigam profundamente. São coisas sem sentido, coisas que surgem apenas nos seus pensamentos retrógrados. E quem paga somos nós que temos de aguentar todos os dias situações que nos deixam completamente na lama psicologicamente.

Este sim é o grande obstáculo que é difícil de ultrapassar. É por isso que eu cada vez gosto menos de viver em Portugal. Aqui as pessoas olham com desconfianças infundadas para nós e isso não é bom. Isso simplesmente impede que vivamos a nossa vida como qualquer cidadão normal. Quando trabalhamos, eis que vem alguém tal como veio hoje remeter para mim as culpas de algo que era impossível eu ter feito. Enfim!

Monday, September 27, 2010

Na berma da estrada

Quando estou largo tempo sem ir a casa costumo ter destes pesadelos bem intrigantes. Já me preocupei mais com eles do que agora mas não deixo de ficar nervosa quando acordo deste tipo de sonhos.

Era um domingo à noite e a minha mãe preparava-me as coisas para no dia seguinte eu partir para mais uma semana de trabalho. A minha farda fora colocada em cima do baú como de costume e outras roupas estavam também por lá. Algo naquela noite me fazia sentir melancólica. Era uma sensação de tristeza, de vazio. Uma sensação de que ia acontecer algo, tal como senti num outro pesadelo atrás mencionado neste espaço. (ver texto “De Gritos”).

Um primo meu deslocou-se de motorizada a minha casa não sei a que propósito e prometeu que me dava boleia no dia seguinte. Esse primo é irmão daquela minha prima de quem eu costumo contar as suas tropelias. Tal como a irmã, também ele não regula bem daquela cabeça.

A minha mãe ouviu o motociclo a trabalhar mas depois deixou de o ouvir e logo uma estranha apreensão se apoderou da nossa família. Aquela noite estava medonho mas a minha mãe percorreu a estrada à procura do meu primo sem nunca o ter encontrado.

No dia seguinte bem cedo, fui á rua com a minha mãe. Um monte de terra, lenha, entulho ou lá o que era estava junto à porta da eira e alguma parte estava tombado para a estrada. Do lado oposto, na berma da estrada, e com a cabeça na direcção do portão jazia de braços abertos o nosso primo. Vestia de branco e a sua expressão era aterradora. Alegadamente foi contra o montículo que lá estava e teve um acidente.

Quando a minha mãe deu a notícia da morte do meu primo para dentro, todas nós irrompemos a chorar. Ainda bem que acordei mas aquela imagem de alguém vestido de branco morto na estrada perseguiu-me e há-de me perseguir durante algum tempo, digo eu.

O árbitro não era português e o Benfica venceu

Depois de mais uma derrota por 2-1 no recinto do Guimarães, o Benfica estreava-se na liga dos Campeões com uma equipa aparentemente acessível- o Hapoel de Tel Aviv.

Quem inaugurou o marcador para o Glorioso foi Luisão com um invulgar remate à entrada da área. Invulgar porque o central brasileiro raramente marca golos assim. É mais normal v~e-lo a subir num lance de bola arada e a marcar de cabeça, aproveitando a sua elevada estatura.

Neste jogo o Jogador Número Nove do Hapoel já me estava a colocar numa pilha de nervos. Se eu estivesse a assistir ao jogo no Estádio da Luz, não se dmirasem se eu saltasse da bancada, invadisse o relvado e desse um par de estalos ali no caramelo. E ainda falam de certos jogadores portugueses! Este é mil vezes pior. Sempre a cavar faltas, sempre a atirar-se para o cão e sempre a protestar. Seria, portanto um jogador que se adaptaria facilmente ao Futelbol cá do sítio. Olegário Benquerença iria gostar de um jogador assim, digo eu.

Numa das vezes o istaelita pedia cartão amarelo para Fábio Coentrão alegando que ele lhe desferiu um cotovelo no rosto. Fitas!

E finalmente Roberto está a mostrar-se seguro. Até está a sair-se bem. Pode ser que o períodod de adaptação já tenha passado e agora o guarda-redes espanhol mostre finalmente aos adeptos por que razão foi contratado.

E se roberto está cada vez em mmelhor forma e cada vez mais entrosado com os restantes elementos da defesa, Cardozo tarda em se reencontrar com as boas exibições. O avançado paraguaio foi simplesmente um elemento a menos, uma aut~entica nulidade. Imacientes, os adeptos assobiavam-no cada vez mais ruidosamente.

Foi de sua autoria o segundo golo com que o Benica venceu a equipa vinda de istael. Quando apontou o seu golo, Cardozo levou o dedo indicador aos lábios num gesto de mandar calar os adeptos. O resuultado foi uma assobiadela como jamais se ouviu no Estádio da Luz para um jogador do Benfica. Até ao fim do jogo, o Jogador Número Sete do Benfica foi brindado com apupos sempre que tocava na bola. O que vale é que ele tocava na bola raramente. Estava a jogar mesmo mal.

Do outro lado, a equipa adversária tinha um avançado que também era do piorio em termos de comportamento. Cardozo e o jogador do Hapoel estariam bem um para o outro. O jogador istaelita não parou de barafustar, de se atirar ao chão e de pedir cartões para os adversários durante todo o jogo. Ainda na primeira parte foi brindado com um cartão amarelo. Nem assim se calou. Estava para ver o que ele fazia se acaso Cardozo também o mandasse calar. Que duelo tão emocionante, o de dois jogadores com feitios complicados.

Foi uma vitória importante para o Glorioso que se encontra já na frente do grupo. Vamos a ver se a senda das vitórias também se estende ao campeonato mas com estes árbitros que temos por cá é complicado. Contentemo-nos com as vitórias nas competições europeias e assim ganharemos a Liga dos Campeões que ninguém nos inpede.

Mais motivada e mais feliz

Depois da consulta da semana passada que culminou com a minha mudança de secção da Fruta para a Padaria, uma nova vida surgiu para mim no interior do meu local de trabalho.

Alturas houve ao longo destes seis meses em que me senti fortemente desmotivada, só não desistindo por consideração às pessoas que depositaram grandes esperanças em mim e porque as portas da empresa teriam sempre de ficar abertas para a eventualidade de outra pessoa deficiente visual vir a ser ali integrada. Se assim não fosse, teria desistido na hora.

Ponderei fortemente não renovar o meu vínculo mas havia grande vontade das pessoas em querer que eu continuasse. Fiquei sem saber o que fazer, embora a minha vontade fosse não continuar. Havia problemas demais e havia um desgaste psicológico enorme que me estava a deixar esgotada.

Com a mudança de posto de trabalho, parte dos problemas que eu sentia passaram a fazer parte do passado. Esta mudança deveria ter sido feita logo de início, uma vez que as funções desempenhadas no meu actual posto de trabalho são mais adequadas a deficientes visuais. Tenho vários amigos meus que também trabalham em supermercados e todos estão a embalar pão que é o que eu faço agora e sempre foi o que gostei mais de fazer. Mas as coisas desenvolveram-se de outra maneira e eu senti que para ficar teria de enveredar por outro caminho, por mais tortuoso e arriscado que fosse. Assim cumpri o meu primeiro contrato na Fruta sujeita a toda a espécie de riscos e mais exposta às quase intransponíveis barreiras mentais das pessoas.

Muitas vezes a frustração era bem evidente. Interrompiam o que eu estava a fazer para me pedir ajuda, eu não podia ajudar, muitas vezes as pessoas não compreendiam e tratavam-me mal e eu deixava de fazer o meu trabalho. Raro era o dia em que saía com a sensação de dever cumprido. Não por que eu não me esforçasse e não desse o máximo. Era a sensação de impotência. Gostaria de poder ajudar mas as minhas limitações não me permitiam. Aliado ao facto de ainda sermos encarados de uma forma não muito positiva pela sociedade, todos estes factos contribuíam para que não me sentisse bem e questionasse a cada dia que passava o que andaria ali a fazer.

Agora raramente estou em contacto com as pessoas. Ainda estou mas na maior parte do tempo estou nos bastidores, por assim dizer, a embalar o pão. Faço o meu trabalho tranquilamente sem ninguém que me perturbe e isso nota-se no meu rendimento. Tenho terminado as minhas tarefas a tempo e horas. Como é bom sair e deixar tudo feito! É mesmo motivante. Muitas vezes acabo o meu trabalho e ainda tenho tempo de ajudar as minhas colegas a desempenhar outras tarefas, na medida das minhas possibilidades.

Por tudo isto, pode-se dizer que ganhei uma nova vida, um novo alento. Em suma, voltei a sorrir, algo que há uns meses atrás julgava impossível.

Saturday, September 25, 2010

“O Misterioso Caso De Styles ” (impressões pessoais)



Descobri há pouco tempo a maravilha que é ler um romance policial escrito pela sua figura mais emblemática- Agatha Christie. Esta é a segunda obra que leio dela e foi tão emocionante como a primeira.

Neste enredo Poirot tenta descobrir quem envenenou Emily com estricnina. As minhas suspeitas iniciais foram sempre para Alfred (o jovem marido da vítima) e não me enganei, apesar de ao longo da obra a escritora nos ir pregando rasteiras.

Depois de os detectives terem praticamente considerado Alfred inocente, as minhas suspeitas recaíram primeiro em Mary (mulher de John) e em Lawrence depois. Cynthia também era uma forte possibilidade, uma vez que lidava com venenos.

Também existia um médico que poderia ter sido o autor do crime, numa parceria com Mary. Eles eram grandes amigos mas esse médico era acusado de outros factos que nada tinham a ver com aquele crime em particular.

Por instinto ou por qualquer outra coisa, incluí na minha lista a antiga empregada Evie que era a verdadeira cúmplice de Alfred. Juntos arquitectaram um plano para que outros fossem incriminados e depois inocentados. John foi uma dessas pessoas. Quando ia nessa parte do livro fiquei incrédula. John jamais poderia ter assassinado a madrasta.

Fingindo um ódio exacerbado por Alfred, Evie na verdade estava envolvida nesta história juntamente com ele. Planeavam herdar todo o dinheiro de Emily e ir para bem longe.

Foi uma leitura bem interessante. Já tenho aqui mais cinco livros desta colecção para ler. Vou tentar arranjá-los todos enquanto estiver a trabalhar.

O jogador que sangrava do nariz e a morte da minha antiga professora de Português

Que bom é descansar, dormir até mais tarde sem se pensar em ir trabalhar! Deixar-se surpreender pelas maravilhosas partidas que nos prega o nosso subconsciente, tal como se ele fosse um daqueles ovos de chocolate com surpresa lá dentro.

Para hoje temos carros da polícia a procura de cães, jogos de Futebol sempre parados devido a problemas físicos de um mesmo jogador e a notícia da morte da minha antiga professora de Português e antiga directora de turma dada em circunstâncias muito pouco ortodoxas.

Comecemos por aquilo que é mais recorrente nos meus sonhos- veículos daqueles com semáforos azuis a brilhar e sereias a tocar. Desta vez eram carros da Polícia e procuravam a numerosa comunidade de cães que anda ao pé de minha casa. Estava a ser difícil localizá-los. Era noite cerrada e uma vasta patrulha percorria os pinhais à procura das cadelas e das suas crias, como se de temíveis criminosos se tratassem.

Domingo é dia de Futebol. Não se passa sem um joguinho, nem que seja através de um sonho. Este jogo tinha uma particularidade muito estranha. Estava sempre interrompido porque um jogador estava sempre caído no chão e a sangrar do nariz. Em alguns dos casos julgo que estava mesmo inanimado. A equipa que representava alinhava de calções verdes e camisola branca e jogava contra o Marítimo. O jogador era de um país de Leste e discutia-se imenso o que se passava com ele.

Se isto já é um pouco disparatado, então passo a relatar algo ainda pior. Numa bela manhã de Sol, nas imediações de minha casa, passeava-me num veículo estranho que fora construído artesanalmente. Era uma espécie de cadeira de rodas que continha pneus de atrelado e parecia feita de madeira. Numa guinada mais insistente de minha parte, um dos pneus soltou-se, atravessou toda a estrada e foi parar ao pequeno riacho que fica junto a minha casa. Levantei-me e tentei recuperá-lo mas a tarefa era complicada. O rio ia cheio e havia toda a espécie de obstáculos.

Estava eu a congeminar uma ideia para recuperar a roda quando um desconhecido me chama e me confronta com uma notícia: a minha antiga professora de Português e antiga directora de turma havia morrido há cerca de umas duas semanas vítima de um cancro fulminante. Eu não nutria grande simpatia pela minha professora de Português, bem pelo contrário, mas não deixei de ficar chocada com tal tragédia.

Acordei. Já chegava de tantas horas a dormir.

Grandes golos, grandes momentos

Nem vale a pena eu comentar este jogo. As imagens falam por si e os golos também.

Friday, September 24, 2010

Escola de provadores de vinho

A nossa equipa de reportagem…ou melhor…a nossa equipa de coscuvilheiros anda por aí. Agora que se aproxima o início das aulas, resolvemos pôr pés ao caminho e ir visitar escolas com particularidades bem curiosas.

A Escola de Provadores de Vinho situa-se algures no Centro de Portugal. Disseram que não queriam que se soubesse a localização exacta porque se trata de uma entidade particular, com um grupo muito seleccionado de alunos e docentes. Resumindo, não querem que as pessoas de fora metam o nariz no que se passa ali dentro. Mas nós vamos insistir, oh se vamos!

Após alguma relutância em nos receber, a directora deste “estabelecimento de ensino” Madalena Ortigosa combinou uma visita guiada ao edifício e convidou-nos amavelmente para assistirmos a uma das primeiras aulas ali leccionadas pelo professor Bruno Pinheiro.

Assim ficou combinado. Assistiríamos a essa aula e falaríamos com o professor e alguns alunos para sabermos quais os motivos pelos quais escolheram este curso e os seus objectivos para a vida futura. E longe estávamos nós de pensar em assistir a uma aula tão hilariante.

Inaugurada a 17 de Setembro de 2005, este estabelecimento lecciona cursos com equivalência ao décimo segundo ano. O curso único que se lecciona é o de provador de vinho, de uma forma pomposa, chama-lhes degustadores de néctares espirituosos. É que não se trata apenas de vinho, todo o tipo de bebidas são experimentadas por jovens maiores de dezoito anos. Claro que a maior parte das bebidas a degustar são vinhos vindos de diferentes partes do Mundo.

Com uma ponta de sarcasmo, alguém à entrada da escola teceu o comentário malicioso de que ali se estudava para se ser um alcoólico compulsivo. Será?

O dia da visita chegou finalmente. Madalena Ortigosa veio receber-nos com um sorriso rasgado no rosto. Vestia um fato composto por umas calças e um casaco castanho e usava também uma blusa cor de vinho. Mesmo a calhar por causa das nódoas. Isto se quisermos continuar com aquilo a que em bom Português se classifica de “bocas foleiras”. Se ela ouvisse, punha-nos na rua certamente.

Logo à entrada da escola, chamou-nos a atenção uma enorme escultura em pedra que representava um homem com as pernas arqueadas erguendo na mão direita uma garrafa de vinho e na mão esquerda um cacho de uvas. Explicou-nos a nossa anfitriã, numa voz muito arrastada que aquela era uma representação do deus Baco. Intrigadas, algumas pessoas continuaram com os comentários despropositados (ou muito a propósito) e questionaram se no tempo de Baco já haveria garrafas.

Entrámos num espaço amplo. Era um átrio onde havia vários quadros antigos com a temática das vindimas. Havia também fotos da inauguração da escola em que os brindes de grupo e as garrafas de vinho com os rótulos virados para a objectiva se faziam notar.

Passámos por um corredor pouco iluminado e um cheiro a vinho inundou-nos as narinas. Parecia que estávamos a entrar numas caves ou coisa parecida. Parecia cheirar mesmo a mosto. Ao percorrermos o espaço, íamos notando que os nossos sapatos se colavam ao chão. Só depois, numa zona onde uma janela indiscreta nos deixava ver alguma coisa, notámos que ali se entornava vinho no chão. Ao pé de uma porta havia mesmo estilhaços de uma garrafa e de dois copos. Um tabuleiro castanho ficara teimosamente em pé atrás de outra porta que estava encostada para trás. Foi por essa porta que entrámos e demos de caras com o professor Bruno Pinheiro a misturar um vinho muito escuro com cerveja, por acaso sem álcool.

- O que está a fazer?- perguntou um dos nossos elementos.
- Estou a ver se consigo enganar os alunos- respondeu prontamente o “docente”.
- Estes alunos são novos, nem sabem o que os espera por aqui. Primeira aula, primeira borracheira.

Esperámos até que três dedicados e ansiosos alunos ocuparam o seu lugar numa sala pequena. Traziam apenas pequenos blocos de apontamentos e uma caneta. Para quê trazer mais alguma coisa para aquelas aulas?

Sofia Soares estava ansiosa para que a aula começasse. Perguntámos à jovem de vinte anos o que a levou a optar por este curso. Ela não soube responder.

Sentámo-nos ao fundo da sala e ficámos a observar Bruno Pinheiro alinhar seis copos em cima de uma pequena mesa de madeira. Depois alinhou várias garrafas. Eram imensas. Aquilo era para beber tudo? Não, que ideia! Quem pensar o contrário está a cometer um grave pecado mortal. O da soberba?

Bruno Pinheiro enche o copo até abarrotar com o conteúdo de uma garrafa que parecia ser de vinho do Porto mas que não tinha rótulo e ordenou:
- Ruben, tens aqui este copo de vinho. Quero que o bebas todo de um só trago e digas depois a que sabe.
- Mas oh professor, não é só para molhar a boca e cuspir como fazem os que eu vi na televisão? – perguntou incrédulo o aluno.
- NÃO! Aqui o copo bebe-se até ao fim e nada de deitar vinho para o lixo. A Lena detesta que estraguem vinho!

Ruben Falperra, o dedicado aluno bebeu o líquido acastanhado existente no copo de um só trago, tal como o seu mestre mandara fazer.
- Então!
- Há quanto tempo guardam aqui esta garrafa?- perguntou Ruben- já tem montes de borras.
- Que ideia!- respondeu o professor- este vinho é de boa qualidade.
- Não duvido- disse o aluno- mas esta garrafa já está por aqui há mais de cinquenta anos.

Um professor normal, ficaria orgulhoso por o aluno mostrar os seus conhecimentos na frente de estranhos mas Bruno Pinheiro ficou um pouco agastado com a observação do seu discípulo. Em silêncio, pegou noutra garrafa que parecia ser de um vinho esverdeado e ordenou:
- Sofia, faça favor de beber este vinho até ao fim!

Sofia engoliu com dificuldade o precioso líquido do copo. Terminou com uma careta horrível.
- BAAAH!
- O que foi?- perguntou Bruno Pinheiro com ar agastado.
- É horrível!- disse a aluna quando se restabeleceu do sacrifício.
- Este vinho? Não diga disparates!
- Mas é. Quer provar ou já provou?
Para grande espanto de todos, Bruno Pinheiro pegou na garrafa e bebeu o resto num só trago. Em nenhuma ocasião do processo lhe faltou o fôlego. Depois sentou-se e abriu com dificuldade uma garrafa de vidro castanho.

Houve um silêncio quase sepulcral na sala. Sérgio Vicente olhava fixamente para o amontoado de garrafas em cima da mesa. Qual delas iria provar?
- Sérgio, tenho aqui um vinhinho que chegou lá dos lados de…não me lembro e também não interessa.- Encheu o terceiro copo e poisou a garrafa muito afastada do local de onde a tinha retirado.

Sérgio olhou para o copo antes de beber. Depois lá cumpriu o ritual de beber tudo de um só trago e contar ao docente o que sentiu.
- Isto é vinho?
- Disseram-me que sim…- confirmou hesitante Bruno Pinheiro.
Sérgio calou-se. O seu silêncio era o de alguém que está a meditar sobre algo.

- A Clara?- perguntou o professor.
- Disse que ia chegar atrasada porque tinha de ir tratar de documentos que faltam para a matrícula- justificou Ruben.
- O Diogo?- perguntou Bruno novamente.
- Apanhou a bebedeira ontem e hoje ficou sem condições de vir à aula.- justificou novamente Rubem.
Bruno ficou furioso.
- Pois, e depois os néctares servidos aqui sabem a madeira, ao vinagre, a choco…claro! Estragam o paladar a beber cerveja…
- Mas oh professor, isso nessa garrafa aí ao canto por acaso também não é cerveja?- perguntou sarcasticamente a Sofia.
- É mas esta cerveja não tem nada a ver com a cerveja das tascas por aí. É uma cerveja requintada vinda da Boémia.
- Pois…-insinuou a Sofia, arrependendo-se de repente da “boca foleira” que ia mandar.- Ora deixe cá provar essa maravilha!

Sofia levou a garrafa da cerveja à boca como se fosse beber um néctar divino. Fez uma careta mas continuou heroicamente a beber o que quer que fosse aquilo. Quando terminou, os seus olhos mostravam um brilho estranho. Parecia fortemente embriagada mas assim tão de repente? A aluna sentou-se com alguma indecisão na sua cadeira.

Bruno Pinheiro preparava-se para apanhar uma garrafa de vinho cujas letras do rótulo quase não eram decifráveis quando Madalena Ortigosa entrou na sala arrastando muito as pernas. Na mão trazia uma garrafa de forma triangular que parecia estar a beber avidamente.
- Isto é maravilhoso! Um verdadeiro néctar dos deuses.- proferia ela já com a voz bastante alterada pelos efeitos do álcool. Bruno quis tirar-lhe a garrafa para provar mas ela segurou-a como quem segura um tesouro valioso.
- Chega Lena! Deixa os alunos também provarem esse vinho ou lá o que seja essa mistela!
- Mistela?!! Volta a chamar mistela ao meu licor especial e voa uma garrafa dessas porcarias que aí estás a dar aos teus alunos. Os meus só bebem licores finos. Nada de vinhos recolhidos das tascas da aldeia.

Proferindo estas palavras, Lena pega numa vulgar garrafa de vinho daquelas que não faltam às refeições dos portugueses e arremessou-a na direcção de Bruno. Como a directora estava mais bêbada que o próprio Baco, a garrafa saiu directamente pela janela aberta. Ouvimo-la estilhaçar-se lá em baixo, num som algo remoto.

Esquecido o incidente, a aula decorreu e os alunos já estavam visivelmente alcoolizados. Bateram à porta. Era uma equipa de reportagem de um canal televisivo online. Iriam eles filmar o resto daquela aula? Que degredo!

O repórter queria um ou dois alunos para fazer uma reportagem sobre a prova dos vinhos. Sérgio Vicente foi o aluno escolhido para fazer a dita peça jornalística. Com os olhos brilhante de embriaguez, o aluno olhava fixamente a fila de garrafas colocadas em cima da mesa onde haviam estado as trazidas por Bruno Pinheiro. Desta vez as garrafas tinham bom aspecto e estavam devidamente seladas. Foi aberta uma e um copo foi colocado com um pouco de vinho na frente de Sérgio.

O aluno examinou o copo e logo constatou com indignação que este não estava cheio. Logo protestou:
- Oh chefe, a casa faliu ou quê? O copo tem de ser a deitar por fora.

O repórter alegou que o copo do provador de vinho teria de ter apenas o suficiente para ele o poder degustar e depois deitar fora. Bruno interrompeu:
- Aqui não se deita nada fora! O vinho tem de ser provado e degustado como deve ser. Ora essa! Deitar o vinho fora? Mas somos ricos?

O repórter fez sinal para que ele se calasse e continuou a sua reportagem com a abertura de outra garrafa que despejou em pequena qualidade noutro copo limpo. Sérgio protestou novamente:
- Já disse que este vinho soube a pouco!

Já a ponto de perder a paciência com o professor, a directora e os alunos que estavam piores que os seguidores de Dionísio, o repórter fez mais uma tentativa com um vinho branco embalado num pacote idêntico aos do leite.
- Isto sabe a prata de chocolate. Estou a ser sincero! Isto tem ar de ter estado guardado algures num sótão ou coisa parecida.

O repórter sorriu com a prestação do aluno escolhido, embora não fosse isso que ele deveria ter dito. Quanto ao facto de mal se perceber o que ele dizia, nada se podia fazer a menos que se esperasse que a bebedeira passasse.

O nosso trabalho estava terminado. Era hora de sair. Passámos pelo mesmo corredor estreito e pegajoso. Alguém quase caiu ao colocar um pé em cima de uma garrafa que rolou. O nosso colega caiu e ficou imundo. Quase se colou ao chão de tão viscoso que estava. Ao levantar-se olhou para dentro de uma sala pequena. Debruçada em cima da mesa, Madalena Ortigosa permanecia ainda segurando com estranha firmeza para uma pessoa no seu estado a garrafa que insistia ser só dela. Aquela pomada devia ser realmente boa!

Sempre por 2-1

A quarta jornada da Liga Zon/Sagres abria com um sempre emocionante jogo entre o Guimarães e o Benfica. Depois da primeira vitória no Campeonato diante do Vitória de Setúbal, havia grande esperança de que o Glorioso continuasse na senda dos bons resultados.

Quando liguei o rádio na Antena 1, uma sensação arrepiante percorreu o meu espírito. O jogo era no Estádio D. Afonso Henriques em Guimarães- local onde Fehér perdeu a vida. Tal como nesse fatídico dia 25 de Janeiro de 2004, o jogo era arbitrado por Olegário Benquerença e relatado por Fernando Eurico. Duas coincidências! Apenas as condições climatéricas não coincidiam com as dessa noite. O calor é intenso e nada da chuva diluviana que caía em Guimarães na noite da tragédia.

Foi o Jogador Número Vinte e Nove do Guimarães a inaugurar o marcador. Edgar trazia assim de volta o fantasma das derrotas encarnadas. O Benfica reagiu mas Olegário Benquerença estava uma sombra daquilo que foi no último Mundial disputado na África do Sul. Alguma coisa há para os árbitros lá fora serem dos melhores do Mundo e aqui em Portugal terem actuações completamente desajustadas e que fazem qualquer adepto, por mais calmo que seja, perder a cabeça e só pensar em lhe fazer uma espera num beco escuro para lhe dar uma tareia.

Ainda antes do intervalo, e alguns lances polémicos não assinalados pelo árbitro depois, Saviola empatou o jogo para alegria dos adeptos encarnados. Eu festejei efusivamente esse golo mas o Guimarães haveria de vencer o jogo. Esse maldito resultado de 2-1 que tanto persegue o Benfica.

Rui Miguel que havia falhado um golo quase certo, acabou por decidir o jogo com um belo golo.

No final do encontro era grande a indignação pela infeliz actuação do representante da arbitragem portuguesa no último Mundial. Se o melhor árbitro português é capaz de cometer estas enormes falhas, imagine-se os outros. O que lhe terá passado pela cabeça? Ou pelos bolsos, quem sabe?

Thursday, September 23, 2010

Como estar no Porto de manhã tendo camioneta às três da tarde

Nem nos sonhos me deixo de preocupar com a falta de transporte e as horas a que devo ou não chegar a onde tenho de ir.

Acordei por volta das três e meia da madrugada em sobressalto por ter tido um pesadelo qualquer com algo que estava a dar num noticiário que estava a ver. O certo é que nem cheguei a ver nada.

Quando voltei a adormecer, as preocupações oníricas foram de outra índole. Tinha de estar no Porto por volta das dez da manhã para uma entrevista de emprego ou algo assim. O problema é que só tinha camioneta às quinze horas. Era domingo e não havia mais transportes. Lá tive eu de esperar numa bem confusa Rodoviária.

Quando entrei no autocarro, vinha um velhote atrás de mim e perguntou se ia para Portimão. Fiquei confusa. Não queria, de maneira nenhuma, enganar-me.

Acordei quando percorria em viagem algumas ruas desconhecidas.

Tuesday, September 21, 2010

Carros especiais para Portugueses

Ia eu a descer a rua num final de tarde e deparo com um carro em cima do passeio. Olhem que novidade! Ali naquela zona é normal haver carros em cima do passeio. Chego mesmo a ir pelo meio da estrada, sujeita a ser atropelada só porque os senhores automobilistas estacionam ali os seus fiéis veículos.

Desta vez o carro estava completamente de esguelha. Nem estava no passeio, nem no meio da estrada. A porta do lado do condutor estava aberta e um indivíduo conversava com outras pessoas, também elas paradas no passeio a obstruir a passagem, como se estivesse sentado na esplanada.

Reparem bem, era um carro que até nem era nada pequeno, de cor escura, com as portas abertas, estacionado mais ou menos na forma diagonal no passeio e havia ali um pequeno grupo de pessoas em que se incluía ainda o condutor do veículo. Tive de contornar o carro e as pessoas que ali estavam. Não fui pela estrada porque assim tinha de ir mesmo pelo meio mas fui por uma zona térrea. Claro que comecei a barafustar com o homenzinho e mostrei-lhe o grande desvio que tive de fazer. Ele pediu-me desculpa mas eu nem quis saber. Continuei a discutir, até porque por aquele passeio abaixo havia à vontade uns dez carros ali estacionados indevidamente.

Poucos metros abaixo existe uma rotunda que é um perfeito degredo. Sinceramente não sei por que colocaram ali semáforos para peões. Para a esmagadora maioria dos automobilistas que ali passam, aqueles semáforos servem apenas para enfeitar. Por detrás até há um jardim e tudo. Há artistas que param quando o semáforo para peões está vermelho e arrancam como se estivessem a acelerar para uma prova do Rali de Portugal quando o semáforo fica verde para se poder atravessar na passadeira. Enfim…

Se os automóveis fossem seres providos de sentimentos, deviam sofrer imenso com os seus donos. Provavelmente até haveria um estudo dos muitos que agora se fazem por aí em que os automóveis portugueses eram os mais deprimidos e insatisfeitos da Europa. Se tivessem a capacidade de se vingar, os popós fariam com que os Portugueses sofressem também com os seus caprichos e teimosias.

Como esse dia nunca há-de chegar infelizmente, talvez a Tecnologia se encarregue de conceber uns automóveis especiais para os Portugueses perderem certos costumes. Começando pelos estacionamentos, o carro do futuro simplesmente se recusa a ser estacionado de qualquer maneira e em qualquer lado. Simplesmente não consegue andar nos pavimentos dos passeios e tem uns sensores que detectam portas. Num raio de trinta metros em relação à entrada de um edifício, não se consegue fazer com que o carro fique ali. Lá tem o tuguinha de andar a pé, que até se consola. E então é vê-lo protestar se acaso encontra carros que ainda não possuem os meios tecnológicos estacionados junto às portas ou em cima do passeio. Era bem feito!

Este carro teria também grande dose de responsabilidade cívica. Em qualquer passadeira, tenha ou não semáforos, o carro anda quase ao ritmo do de uma pessoa a pé. Se acaso os outros carros que seguem atrás continuam a acelerar, azar o deles porque vão bater e pagam as consequências. No caso de a passadeira ter semáforo, o carro possui uns sensores que travam a viatura imediatamente e só é possível removê-la dali quando o semáforo para peões fica vermelho.

O melhor destes veículos está guardado para o fim. Se pensa sair à noite e enfrascar-se até à alma, pode contar desde já em ficar a pé. Junto ao volante há um sensor que detecta se a pessoa que se senta no lugar do condutor consumiu álcool ou não. Dormem dentro do carro, os bêbados, que sempre é melhor do que andar na estrada a ver os semáforos todos verdes, independentemente da cor real que apresentam, e causar graves acidentes.

Talvez estes veículos nunca cheguem a existir mas, caso isto fosse posto em prática, seria um excelente castigo para quem não se lembra de andar na estrada ordeiramente.

Com a cabeça na Lua

Que eu sou muito distraída já toda a gente sabe, mas quando tenho algo em mente o nível de desconcentração sobe para mais do dobro.

Estes dias têm sido de loucos e ando muito desconcentrada. Não sei onde coloquei a bolsa com as pilhas e o cabo do meu mp3. E agora para trocar as músicas? Querem ver que quando eu sair amanhã vou ter de ir à Worten ver se há algum igual! E eu que tenho tanto que fazer…Sei apenas que estive com a bolsa na mão enquanto esperava pela consulta nos Covões. Estive a trocar as pilhas ao mp3, eu lembro-me. Resta ir ver se ficou na mochila da roupa.

Isto não é o pior. E esquecer-me da farda em casa? Já há largo tempo que me habituei a chegar da terra à segunda-feira com a mochila da roupa. Levo-a para o trabalho porque já não dá para a ir levar a casa e a farda vai dentro dela. Como já era quarta-feira, não levava a mochila da roupa, apenas a das minhas coisas e foi por isso que me esqueci da farda. Lá tive de pedir outra. Que remédio!

No dia em que troquei da Fruta para a Padaria e em que me encontro cheia de esperança de que a minha vida corra melhor daqui para a frente, acabei por encontrar a bolsa do cabo e das pilhas do mp3 na mochila da roupa onde também estava a farda. Para não me voltar a esquecer dela coloquei-a junto à mochila.

Eduardo mãos de manteiga

E continua o nosso triste fado nesta campanha de apuramento para o Euro 2012. Pior que a nossa defesa depois deste jogo só mesmo a de San Marino, para que a vergonha nacional seja bem visível.

Agostinho Oliveira realizou algumas alterações em relação ao jogo contra o Chipre. Sílvio entrou para lateral-direito para substituir Miguel, Miguel Veloso actuou como lateral-esquerdo no lugar do lesionado Fábio Coentrão e Tiago substituiu Danny. Logo na defesa há, na minha opinião, algumas considerações. Seria melhor manter Miguel a lateral-direito e Sílvio avançaria para lateral-esquerdo. Assim Miguel Veloso entraria para o meio-campo onde Queirós/Agostinho Oliveira continua a insistir em Manuel Fernandes que não tem ritmo de competição, em Raul Meireles que pouco jogou devido ao impasse em redor da sua transferência e hoje em Tiago que é outro sem ritmo competitivo. E João Moutinho? Ele que tem feito um início de época espectacular. Não percebo por que hoje nem saiu do banco. Assim não dá, meus senhores!

Portugal até nem entrou mal mas um tremendo erro de Eduardo (que também está irreconhecível) permitiu que o Jogador Número Dezoito da Noruega marcasse o golo da vitória. Esse jogador foi para mim o melhor em campo, sempre a incomodar os nossos jogadores. E ele que ainda actua lá pela Noruega!

Manuel Fernandes ainda tentou aplicar uma das suas famosas ameixas mas o remate saiu ao lado.

O jogo chega ao intervalo e Eduardo é focado como o protagonista deste desaire parcial. Não pude deixar de notar um facto curioso: na instalação sonora do estádio passava o tema de Cat Stevens “Father And Son”- um tema completamente descabido de se passar num estádio de Futebol, digo eu. Pelo menos é um pouco…esquisito.

Por falar em avançados noruegueses, e um pouco á margem do jogo, lembrei-me daquele mítico jogador do Rosemborg que só não vestiu a camisola do Benfica porque Vale e Azevedo entendeu que ele não tinha condições psicológicas para aguentar a pressão de jogar no Glorioso. Segundo aquele inesquecível presidente, o jogador chorou que nem uma Madalena e fez xixi nas calças. Muito eu me ri com essa história. E não é que o artista estava cá em Portugal a representar a selecção no Torneio do Vale do Tejo e houve jornalistas que lhe foram perguntar se isso foi verdade? Parece que os jornalistas da RTP hoje também se lembraram dele e informaram que com trinta e sete anos de idade ele ainda marca uns golinhos no escalão principal da Noruega.

Na segunda parte Portugal levou alguns sustos, especialmente do autor do primeiro e único golo do jogo. Hugo Almeida ainda introduziu a bola na baliza nórdica mas o golo foi bem anulado por fora de jogo.

E já lá vão cinco pontos perdidos em dois jogos e outros tantos golos sofridos. É mesmo uma tristeza!

Já há muito que precisava de um dia assim

Apesar do tempo horrível que fazia lá fora, este foi um dia memorável.

Não fui trabalhar porque tinha o atendimento psicológico na ACAPO e pedi para me alterarem o horário por força destas consultas. Recorde-se que para a tarde deste dia estava marcado um encontro com uma amiga que não via há alguns anos, apesar de mantermos contactos regulares.

De manhã, depois do atendimento, estive a conversar simplesmente com os meus amigos. Algumas pessoas iam pasmar se acaso testemunhassem as nossas conversas e constatassem que o nível é completamente diferente e para melhor. É este o meu grupo, são estas as pessoas com quem me identifico e não aquelas com quem partilho a mesa do refeitório diariamente. Entristece-me não conseguir falar com elas assim.

Ali não se falou na vida alheia, não se lançaram boatos para o ar e muito menos se infestou o ar com palavrões e obscenidades. Também as dizemos, é claro, mas há horas e locais apropriados para isso. Se estiver alguém desconhecido, falamos baixo ou simplesmente nos calamos. Também ali há pessoas como algumas das minhas colegas mas com essas também não me dou. Recuando atrás neste blog, mas mesmo muito atrás, aos primórdios mesmo, pode-se constatar que passei tempos complicados por causa de algumas pessoas que gostavam de armar intrigas.

Ali falava-se de livros, de música, do que fizemos ou não fizemos…A esta hora as pessoas que ainda têm paciência para ler isto perguntam: o que sabem os deficientes visuais de livros? Muito. Já lá vai o tempo em que os cidadãos deficientes visuais eram excluídos de usufruir da literatura. Com as novas tecnologias tudo mudou e hoje é possível converter um livro digitalizado num ficheiro áudio que será lido em qualquer leitor de mp3. Isso foi óptimo! Hoje todos podem viver as emoções de uma boa história literária, tal como eu ainda faço através da leitura normal dos livros. Um dia quando não me for mais possível ler a negro, optarei por esse sistema. Por agora gosto de saber como as palavras são escritas, como as frases estão estruturadas, como é feita a pontuação. Em suma, aprendo com os mestres.

Chegámos a discutir qual seria o melhor livro de Paulo Coelho. Cada pessoa ali tinha uma obra de eleição diferente. A minha é “A Bruxa De Portobello”. Ali na conversa nem reparámos que a chuva lá fora ameaçava engrossar e estragar a minha tarde, pelos vistos.

Volttei ao Centro de Emprego porque me esqueci, no meio de tanta confusão gerada na véspera, de alterar a morada. Como tinha de acompanhar a minha amiga e ela a mim, não custou nada ir lá resolver aquele pequeno problema.

Ainda estive bastante tempo à espera que a minha amiga tratasse dos seus assuntos. Estive lá tanto tempo, que um senhor do Centro de Emprego me veio perguntar o que é que eu ali estava a fazer há tanto tempo porque já algumas pessoas que entretanto chegaram depois de mim já estavam despachadas.

Como prometido, lá fomos entregar o meu currículo ao tal órgão de Comunicação Social onde eu gostaria imenso de trabalhar ou de fazer o estágio profissional.

Depois disso, sentámo-nos numa esplanada e ficámos simplesmente a conversar sobre o passado, o presente e o futuro. Conversas normais entre duas amigas que se encontram pessoalmente alguns anos depois.

O meu futuro foi muito abordado. Na medida do possível e da disponibilidade que tenho actualmente, tentarei fazer alguma coisa. Este blog faz parte do meu projecto imediato de vida. O outro blog onde eu guardo os meus melhores trabalhos e os vou dando a conhecer também é uma ferramenta importante. Com o tempo tudo se vai arranjando e para já há que tentar conciliar a escrita com o meu actual emprego. Muitas vezes é difícil mas tenta-se.

E assim se passou este dia! Um dia que serviu para recarregar baterias para um regresso ao trabalho, a uma nova função, e para me reacender a esperança de que tudo pode mudar novamente na minha vida.

Reconhecimento sentido




Soube por uma amiga minha que a minha antiga senhoria faleceu na semana passada. Já era uma senhora quase com noventa anos e que já estava algo debilitada pela idade avançada. Apesar de esta morte ter sido encarada como fazendo parte da lei natural da existência humana, não deixei de a sentir como se de um familiar meu se tratasse.

De facto eu gostava da senhora. Era uma avozinha muito simpática e atenciosa. Estou-me a recordar agora de, numa noite fria quando eu até já estava a dormir, ela vir e me cobrir com mais um cobertor, tal como a minha falecida avó fazia. Na altura assustei-me mas achei o gesto de uma ternura inigualável.

É com emoção e com sentido reconhecimento por todo o bem que esta senhora me fez que recordo estes momentos com ela passados. Como em sua casa albergou muitos utentes da ACAPO, esta senhora era presença habitual em alguns eventos da nossa instituição. Tinha-nos como se fossemos seus netos e essa ligação perdurava mesmo muitos anos depois de termos deixado de viver com ela.

Nunca deixou de me mimar com a sua sopa e outras deliciosas iguarias. Chegava muitas vezes ao meu quarto e tinha em cima da mesa um prato de arroz doce ou qualquer outra sobremesa. Era adorável!

Se o Céu é de facto o lugar para quem faz o Bem, de certeza que ela está em Paz também pela fé que tinha. As pessoas não podem ser eternas, todos nós sabemos mas a perda de alguém que tanto fez por mim não me é indiferente.

Fica aqui o meu reconhecimento por tudo quanto a minha antiga senhoria fez e que descanse em Paz!

P.S.: Quando cheguei a casa, procurei de imediato este pequeno boneco que ela me deu com tanto carinho. Resolvi traz~e-lo para aqui para que a senhora esteja sempre presente.

Saturday, September 18, 2010

Livros emprestados

O regresso às aulas está aí e os pais fazem o que podem e o que não podem para manter equilibrado o orçamento familiar que por esta época sofre um forte rombo.

Estava a ver as notícias quando me deparei com o depoimento de uma mãe desesperada que demonstrava a sua indignação pelo facto de os manuais escolares estarem sempre a mudar de uns anos para os outros e não servirem, portanto, para os seus outros filhos que andavam um ou dois anos mais atrasados do que a irmã.

Imediatamente me recordei de como foram os meus primeiros tempos de entrada no Ensino Preparatório. Eu e a minha irmã entrámos ambas para o quinto ano e o problema até nem foi o dinheiro para se comprar livros. Nós tínhamos subsídio. Como em tudo o que diz respeito às questões da deficiência, as respostas nem sempre surgem no momento em que são necessárias. Ainda hoje é assim. Portugal pouco evoluiu, no meu entender, em relação a questões sociais que envolvem um certo desconhecimento e uma certa desconfiança.

Tal como eu ouço hoje histórias de que os alunos deficientes visuais se deparam com dificuldades em obter os manuais a tempo e horas, já naquela altura era assim e ficou-se sem saber o que fazer, se comprar os livros convencionais, se esperar por livros adaptados, apesar das contra-indicações da técnica que os desaconselhava pelo facto de isso nos limitar o acesso á informação na nossa vida futura. Se queríamos ler um jornal ou uma revista, não haveria uma especial para nós. Em boa hora proferiu essas palavras. Hoje eu leio de tudo e é algo que me dá grande prazer.

A minha mãe ficou sem saber o que fazer. E se comprasse os livros e depois viessem os livros especiais para nós? A solução foi precisamente pedir alguns emprestados que por acaso eram iguais ou pouco diferiam.

Uma das pessoas a quem se pediram os livros tinha duas filhas. Era um senhor que trabalhava na serração perto de minha casa, com quem a minha família tinha cultivado uma grande amizade. Também as duas irmãs (uma mais velha do que a outra) partilharam os livros e foi assim que eles chegaram a minha casa e ainda serviram para mim. Se dessem para mais alguém, acho que aqueles livros ainda voltariam a ser emprestados mais uma vez.

Apesar de aparentemente a minha irmã ver um pouco melhor do que eu, tal facto não se reflecte na leitura. Passo a explicar: aparentemente vejo menos do que ela porque o meu campo visual é mais reduzido mas basta ter auxiliares de visão para conseguir ler todo o tipo de publicações e usar o computador sem qualquer tipo de software adaptado. Ampliar não é solução para mim. Já a minha irmã beneficia se ampliarem o que ela vai ler. Isto é um aparte para que se tenha uma noção do quão complicado é definir o método ideal para pessoas com baixa visão, mesmo que as causas da deficiência sejam as mesmas.

Com isto tudo quero dizer que era eu quem estudava por aqueles livros que já antes foram usados. Eles não eram todos iguais. Lembro-me que o livro de Inglês do quinto ano era do filho da minha professora da escola primária, sendo o do sexto ano da mesma andada de livros que serviu também para as filhas do senhor do escritório da serração estudarem.

Também me lembro de ter aproveitado igualmente um ou dois livros do meu vizinho. O de Estudos Sociais foi de certeza. Resumindo, no quinto e sexto anos, a minha mochila transportava livros em segunda mão, coisa que hoje é impossível de acontecer.

A minha irmã teve grandes dificuldades porque não se conseguia adaptar a ler nesses livros normais e passou uns primeiros tempos difíceis. Resta dizer que os livros adaptados chegaram aí em finais do segundo período e nem eram iguais. Isto para já não falar na questão prática. Como um livro era constituído por vários volumes, era também difícil localizarmo-nos. Continuei a andar com aqueles que já tinha. Era por aí que estudava.

Quando entrámos para o liceu, a ideia de livros especiais para nós foi completamente abandonada e assim a minha mãe pôde comprar uma andada de livros para cada uma de nós.

Foi importante para mim ter havido a feliz possibilidade de os livros não diferirem de uns anos para os outros. Pensem nisto, senhores governantes!

Daqui para a frente

6 de Setembro, também um dia 6 e também uma consulta de Oftalmologia pode ditar o meu futuro no meu actual emprego.

Já é habitual estar ansiosa nos dias que antecedem estas consultas. Há sempre o risco de haver alguma evolução no meu estado clínico. As coisas estavam controladas em Janeiro. Agora comecei a trabalhar, a fazer trabalhos pesados e não sei se já me prejudiquei. Ao longo destes seis meses tenho andado com medo de fazer aquilo que me é contra-indicado e vir a sofrer qualquer dano.

O receio de já ter prejudicado a minha saúde pairava no ar, até porque os olhos me vão doendo em algumas ocasiões. Ainda na passada semana tive um dia em que estava a ver que tinha de me deslocar ao hospital. Felizmente, com uma boa noite de descanso, tudo se resolveu.

Chegada a minha vez de ser atendida, logo coloquei o médico a par da mudança que desde Março se operou na minha vida com o emprego que não tinha na altura. Contei-lhe que carregava pesos e questionei-o sobre os riscos que corria. Ele desaconselhou-me a continuar com essas funções e perguntou-me qual era a alternativa. A alternativa era ir para a Padaria embalar pão sobretudo. Essa actividade seria o ideal para fazer face às minhas limitações.

Em relação à minha situação clínica tudo estava normal. Ainda bem! Quando isso acontece é um peso que me tiram dos ombros. Era o desfecho que eu esperava na melhor das hipóteses. Posso continuar a trabalhar agora de forma tranquila e sem aquela pressão e aquele medo que sempre me perseguiram ao longo destes seis meses.

Trouxe comigo um papel que poderia mudar tudo daqui para a frente.

Quando uma pessoa está com o espírito livre de qualquer preocupação, tenta sempre resolver todos os problemas que tem. Foi por isso que aproveitei para ir ao Centro de Emprego pedir informações sobre a viabilidade ou não de fazer ainda o estágio profissional.

Quando se trata de situações excepcionais, as pessoas tendem a desconhecer as excepções às leis. Havia quem dissesse que eu não podia fazer o estágio profissional por já me ter licenciado há mais de três anos. Isso era absurdo. A verificar-se, não fazia sentido, uma vez que nem todas as empresas aceitam pessoas deficientes nos seus quadros. Imediatamente expliquei que me fartei de enviar candidaturas espontâneas para diversos órgãos de Comunicação Social entre 2001 e 2004. Dessas inúmeras abordagens, apenas obtive resposta de uma e, logo por azar, não me foi possível fazer o estágio nessa altura por coincidir com o agravamento da minha situação clínica. Não era justo pagar toda a vida por tudo o que aconteceu nesse ano de 2004. Já me mentalizei de que até ao resto dos meus dias assim era, para meu castigo.

Se acaso se viesse a confirmar que não podia fazer o estágio profissional, iria até onde me fosse possível para demonstrar o quão absurda era essa lei da data da licenciatura para pessoas com deficiência que nem sempre são aceites no mercado de trabalho sem desconfianças muitas vezes infundadas.

Resolvida esta questão, apesar de estar empregada, reinscrevi-me e assim desbloqueei a minha situação que estava a impedir que concretizasse o meu sonho de ao menos por uma vez fazer algo na minha área.

Para o dia seguinte iria pedir ajuda a uma amiga minha que me prometeu ajudar a ir a um órgão de Comunicação Social onde ela já trabalhou e onde eu desejo agora trabalhar.

Avizinha-se um dia bem interessante. Não a vejo praticamente desde que acabámos o curso. Mal posso esperar para a voltar a encontrar!

Terão as cadelas comido as duas gatas?

Era domingo. Estranhamente Teka e Feijoa ainda não tinam aparecido para comer e já eram mais de duas da tarde. A ausência das gatas estava a intrigar toda a gente lá em casa. Era estranho desaparecerem logo as duas.

E ainda dizem que os Portugueses não têm jeito para escrever textos de terror ou de natureza criminal. Quem diz isso é porque não conhece a minha mãe e desconhece o seu incrível poder imaginativo para toda a espécie de perigos. Se temos de ir a um local desconhecido, logo a minha mãe faz um filme incrível de tudo o que nos pode acontecer e nem aos pormenores se poupa.

Só assim se percebe a ideia macabra que lhe passou pela cabeça. Já há muito que anda nos arredores de nossa casa uma cadela enorme que desconfiamos ser da vizinha de cima mas que esta nega pertencer-lhe. Essa cadela transporta agora consigo um número indeterminado de crias esfomeadas que ninguém conseguiu apanhar a tempo.

Também já disse aqui que também anda ali pelas imediações uma outra cadela muito bonita que tem muitas semelhanças com um cão de raça Labrador. De noite ninguém consegue dormir com tudo a ladrar. Para dar de comer a um tão numeroso grupo de cães, a minha mãe está a fazer um grande esforço.

Na madrugada anterior houve grande alarido de cães. Coimo as gatas não apareciam, a minha mãe logo pensou que as cadelas apanharam as duas gatas, logo as duas para servirem de manjar às pequenas crias. Mas logo as duas?

Esta ideia era um pouco rebuscada, até porque aquela cadela anda por ali há anos e nunca fez mal aos gatos. Agora com as crias tudo poderia mudar realmente mas…os cães comem os gatos?

Segundo a teoria da minha mãe, bastava a cadela sangrar as gatas para os pequenos cãezinhos as repartirem entre si. As duas gatas, logo as duas. A ideia era muito degradante e punha-nos nervosas.

Já a remoer o espírito com os seus próprios pensamentos mórbidos, a minha mãe foi para a rua e desatou a chamar:
- TEEEEKAAAAA!

Ouvi saltar de cima da gaiola um gato. Seria o Léo? Para meu alívio era a Feijoa. O intenso odor à palha denunciava que estivera a dormir no sobrado até horas tão tardias. Agarrei-a ao colo a transbordar de felicidade por a voltar a ver inteira. Quando a vou a poisar no chão, olho para o fundo de um balde preto daqueles de colocar os cachos quando se vindimam e vejo a Teka lá sentada. E a minha mãe pela rua a chamá-la.

Foi um tremendo susto que apanhámos e que não deixou de ter um desfecho que nos causou alguns sorrisos. Assim como desapareceram, num espaço de um minuto, lá estavam as duas gatas a comer no terraço sem sinais de violência.

Friday, September 17, 2010

Temas cantados por muita gente e por boas causas

Tudo começou no Reino Unido em finais de 1984. Um grupo de cantores britânicos liderado por Bob Geldof e Midge Ure resolveu gravar este tema de solidariedade.



Os Estados Unidos contra-atacam e gravam esta música em Janeiro de 1985 tendo como objectivo combater a fome na Etiópia.



Já é sabido que na América Latina se copia tudo o que chega da América do Norte. Eu já soube para que foi esta música mas já não me recordo. Provavelmente era para ajudar os países dessa zona que viviam momentos conturbados em termos políticos e sociais.



E aqui em Portugal? Bem, cumprindo uma velha tradição lusitana de se copiar tudo o que vem de lá de fora, eis que os artistas nacionais que faziam furor na década de oitenta também se juntaram. Fome em África? E nós que até tivemos um passado colonial no Continente Negro. Ajudemos então Moçambique!

Vamos caçar, Teka?




Estava eu no terraço a conversar com a minha mãe quando me pareceu ter ouvido ratos. Imediatamente me lembrei das minhas recordações que guardo numa velha mala onde os roedores já fizeram grandes estragos no passado.

Como a Teka estava presente, deitada num saco da farinha, imediatamente me apressei a retirar tudo o que estava em cima da mala para a abrir e lá colocar a gata a caçar. Tinha medo que os ratos fossem visitar o meu pequeno baú onde eu guardo as minhas lembranças dos meus tempos felizes em que eu era atleta. Lá estão guardadas fotos desses tempos em que eu apareço com os meus amigos que nunca mais verei e algumas lembranças com eles trocadas. Guardo ainda aquelas cartas que recebia como resposta a outras que enviava a clubes de Futebol ainda nos meus tempos de liceu. Não quero por nada estas coisas danificadas.

Disse aqui num texto escrito há uns dias atrás, não sei a que propósito, que um dia haveria de pegar nas minhas cassetes e ouvi-las. Ora aí estava uma bela oportunidade para o fazer só que não tinha grande tempo.

Depois de muito esforço, lá consegui abrir a mala. O passo seguinte foi incomodar a gata Teka e colocá-la dentro da mala para ver se ela conseguia detectar os roedores.

Já não se fazem gatos como antigamente! Como as fotos documentam, Dona Teka caçou muito, oh se caçou! Após farejar por momentos o interior da mala, a gata preta e branca deitou-se ao fresco em cima das cassetes e ali passou o resto da tarde.

Quando a vimos deitar, fartámo-nos de rir.

Wednesday, September 15, 2010

“As Esquinas Do Tempo” (impressões pessoais)



2010 será recordado, aconteça o que acontecer ainda, pelo ano em que grandes vultos da Cultura Portuguesa desapareceram de entre nós. De imediato nos lembramos de José Saramago mas também Rosa Lobato de Faria foi uma perda irreparável.

Por alturas do seu falecimento comprei este livro nos Correios em Anadia mas só agora tive oportunidade de o ler e assim recordar um estilo único de uma escritora incomparável. Já tinha lido outra obra dela e recordava-me de ter sido uma leitura bem agradável pela maneira simples como a escritora narra os factos. É capaz de prender o leitor, mesmo que o que esteja a narrar pouco interesse.

A história presente neste romance é bastante curiosa e muito interessante. Sempre me interessou esta temática de outras encarnações, viagens ao passado e tudo o mais que vá para além da compreensão humana. É também uma história cheia de coincidências intrigantes que deixam o leitor a reflectir um pouco sobre a sua existência e a existência de todos os que o rodeiam.

Margarida Saldanha tinha por coincidência o mesmo nome da sua bisavó e as suas irmãs tinham também os mesmos nomes das irmãs da sua bisavó. Os seus antepassados viviam numa enorme casa em Vila Real que, por incrível que pareça, albergou Margarida Saldanha aquando uma visita desta a Vila Real. Margarida pernoita num quarto que a perturba profundamente, especialmente devido à presença de um quadro em que está representado um homem parecido com o seu namorado Miguel. Na manhã seguinte Margarida Saldanha acorda em 1908 e ocupa o lugar da sua bisavó Margarida Mendonça que também viajou no tempo e estava agora encerrada no convento de Chelas para fugir ao Marquês de Pombal que perseguia a família Távora.Fiquei algo surpreendida com o que se passava nos conventos naquela época.

Esta passagem, no meu entender, está algo confusa e só mais à frente é que eu percebo que Margarida Saldanha viajou no tempo e ocupou o lugar de Margarida Mendonça que também desapareceu no mesmo quarto. Como Margarida Saldanha apareceu deitada nessa mesma cama, não houve problema.

O homem do quadro também se chama Miguel, é sobrinho do noivo de uma das suas irmãs e, tal como acontece no século XXI, também naquela época ambos vivem apaixonados e chegam a ter mesmo casamento marcado. Mas Miguel morre vítima de acidente rodoviário e Margarida regressa novamente à nossa época. Margarida Mendonça ocupa novamente o seu lugar e casa com Júlio.

Quando Margarida regressa, depara-se com o pedido de casamento de Miguel. Confusa com o que lhe aconteceu, conta tudo o que passou ao seu noivo que a compreende. Entretanto Miguel tem uns amigos italianos- Giuliana e Fábio. Giuliana é uma criatura vinda do futuro que está a viver fora da sua época também.

O mais intrigante é que Margarida vai encontrando pelas ruas pessoas parecidas com as que encontrou na sua viagem ao passado e fica assustada. Tentativa de explicar aquelas sensações que temos de conhecer certas pessoas de algum lado sem nunca as termos visto? Um assunto a reflectir, sem dúvida.

Também não era esta



Já aqui estou farta de dizer que me lembro de o Elton John estar bem situado no Top Nacional mas...definitivamente não era com esta música. Estranhamente, até porque se trata de outra música do Elton John, nunca mais a ouvi, se é que alguma vez a ouvi sem ser no top.

Falavam grego e também vestiam de azul e branco

Eu nem acho palavras para descrever este resultado do jogo inaugural da Selecção Nacional na fase de apuramento para o Euro 2012.

Para além de ser um resultado fora do vulgar (empate a quatro bolas) a exibição dos nossos atletas foi um verdadeiro desastre. O adversário era…Chipre. Os nomes gregos e o equipamento parecido terão causado em alguns portugueses um sentimento estranho e desagradável. Esperem…dizem-me que os jogadores até nem são os mesmos, logo não há desculpa mas…todos os portugueses ainda se recordam com amargura do jogo da final do Euro 2004 com a Grécia e…os cipriotas fazem lembrar nitidamente os Gregos.

Bom, o que eu acho verdadeiramente é que esta história dos castigos a Queirós está a ir longe de mais. Para mim Queirós só tem um caminho a seguir- o da porta da rua. Não faz lá nada. Está desactualizado, desaprendeu, parou simplesmente nos inícios da época de noventa.

Quem comandou a equipa neste jogo foi Agostinho Oliveira mas foi o Seleccionador Nacional quem convocou os jogadores e deu todas as indicações. Então Portugal entrou no Estádio D. Afonso Henriques com o seguinte onze: Eduardo, Miguel (depois da renúncia á Selecção por parte de Paulo Ferreira foi ele titular, embora eu ache que desde há muito tempo que João Pereira merece ser convocado), Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Fábio Coentrão, Manuel Fernandes (?????), Raul Meireles (completamente sem ritmo), Danny, Nani, Quaresma e Hugo Almeida.

É estranho João Moutinho não ser titular. Ele está a ser um dos melhores médios neste início de época. Parte do sucesso que o Porto está a ter nesta fase a ele o deve. Enfim…

Portugal começou a perder logo aos três minutos. Nada melhor para acalmar o péssimo ambiente que se vive nos bastidores e que, naturalmente, é transportado para as quatro linhas.

Konstantinou, aquele barbudo avançado cipriota, já há muito que é conhecido por cá. Lembro-me de um jogo em que só ele criava perigo para as cores cipriotas. A defesa nacional já devia estar avisada e devia ter visto esses vídeos de há uns anos atrás. Apesar de estar mais velho e de ter uma barba horrível, Konstantinou continua a ser um jogador mortal quando lhe oferecem oportunidades de marcar um golo.

Aqueles cipriotas em termos de beleza…são um degredo. Fazem lembrar aqueles atletas gregos dos primórdios das Olimpíadas. Os barbeiros para aquelas bandas devem ser uns tipos miseráveis. Não aparecem fregueses para aparar aquelas barbas, nem para cortar aqueles cabelos longos. Konstantinou então é daqueles que nem quer saber de ajudar os barbeiros a viver melhor.

A meio da segunda parte deu a sensação de que Portugal iria partir calmamente para uma goleada mas não sei o que se passou nos minutos finais. Tal como aconteceu no início do jogo, os cipriotas marcaram dois golos num curto espaço de tempo e deram assim cor ao escândalo. Um escândalo em tons de azul que promete uma fase de apuramento bem negra enquanto se brinca nos bastidores daquilo que é a Selecção de Todos Nos.

Perdido, cansado e preocupado



Li a notícia um pouco por alto, por isso não sei bem o que se passou com Óscar Freire em mais uma etapa da Vuelta. Aliás, a notícia estaca muito pouco desenvolvida.

Pelo que percebi, o sprinter espanhol da Rabobank não conseguiu acompanhar o ritmo do pelotão ficando muito para trás. Para além de o terreno acidentado não ser o melhor para desenvolver todas as suas reconhecidas qualidades velocipédicas, Freire ainda teve de se debater com problemas respiratórios- se o ciclista da Rabobank fosse outro (outro que aliás já não faz parte da Rabobank actualmente) seriam de índole digestiva, os sintomas.

Freire agora só quer recuperar depressa deste percalço e espera que não tenha um dia como este no Mundial de estrada que ele espera voltar a vencer.

Sunday, September 12, 2010

Lembram-se do que já foi esquecido por mim

Já não me lembrava desta música.

Adivinhava chuva

Sempre que há uma mudança nas condições climatéricas, os meus olhos costumam doer bastante. O olho direito, que sofreu mais intervenções cirúrgicas é o que mais sofre sempre que o clima se altera. Se antes ficava mais tempo a dormir quando os olhos me doíam, agora tenho de ir trabalhar de qualquer maneira.

Nessa madrugada acordei, provavelmente a toque de algum pesadelo, e comecei ainda meio a dormir a esfregar o olho direito. Esfregar os olhos é coisa que nunca faço porque já andam muito massacrados, muito irritados por gotas e tratamentos.

Parecia-me que algo tinha entrado para o olho, uma pestana ou algo do género, quando o esfreguei. Voltei a adormecer e sentia o olho a picar enquanto sonhava.

Acordei com o olho a lacrimejar e com intolerância à claridade. Estava tramada para ir trabalhar! Tinha de ir, que remédio.

Se alguma coisa estava realmente dentro do olho, essa coisa saiu mas o olho ficou bastante vermelho e irritado. Estava a ver que tinha de ir às urgências dos Covões. Dada a irritação do olho e do nariz, pensei que estava a ter o início de uma conjuntivite.

Como havia chovido abundantemente à hora do almoço, talvez esta irritação do olho se devesse à alteração do estado do tempo.

Depois de uma boa noite de descanso, no dia seguinte o olho estaria operacional, sem dores e sem vermelhidão. Ainda bem!

Wednesday, September 08, 2010

Top 3 das minhas canções favoritas de Zezé Di Camargo e Luciano

Foi complicado fazer isto porque eu adoro quase todos os temas desta dupla. Se não tenho dúvidas quanto à minha música favorita deles, estive muito indecisa em relação às que ocuparam o segundo e terceiro lugarar.

Cá vou tentar: em terceiro lugar há este tema que teve a participação de Joanna:


em segundo lugar gosto deste tema:


E finalmente a minha canção favorita de Zezé Di Camargo e Luciano é esta (creio que fazia parte de uma novela qualquer mas não tenho a certeza).

Contrariedades



Como os sonhos por vezes são surpreendentes! Neste iremos ter a saga de um dia de trabalho...com a minha irmã e uma visita a casa de familiares paternos muito estranhos.

Comecemos pelo autêntico inferno que foi aquele dia de trabalho com a minha irmã. Felizmente ela não trabalha comigo na realidade, senão tínhamo-nos de chatear como aconteceu aqui.

Ela estava-me sempre a criticar e eu a dizer-lhe que era assim que se fazia. Chegou ao ponto de tirar os sacos das pêras e das maçãs que eu tinha colocado à venda para as colocar à maneira dela. Já estava mesmo farta daquilo e resolvi dar-lhe uma carga de porrada.

Passemos a outro sonho que nada tem a ver com este! Já estava a escurecer quando a minha mãe, assim do nada, me desafiou para irmos a Vila Nova a casa dos meus tios que tinham chegado de França. Já que o meu pai não fala para eles por teimosia, eis que a minha mãe resolveu lá ir e me levar com ela.

Não me apetecia ir lá. Já estava mesmo tarde. Era um final de tarde agradável e até soube bem a caminhada.

Entrámos numa casa que já não é a primeira vez que aparece nos meus sonhos. Aliás, aquela rua que eu identifico como sendo Vila Nova é uma representação onírica da localidade. Tem algumas semelhanças, mas também tem muitas diferenças.

Estavam uma série de pessoas já idosas à lareira. Não reconheci nenhuma. Se eram os meus tios, estavam muito alterados pelo longo tempo sem os ver. Pela casa circulava um gato de um cinzento acastanhado. Não era aquele cinzento como o do Léo. As riscas e os desenhos é que pareciam iguais aos do Léo.

Disseram que o gato se chamava Martin e havia outro parecido também que não me lembro de como era o nome.

Fazia festas ao gato quando acordei. Cada vez que mexia no Léo hoje lembrava-me do gato do sonho. A sensação era a mesma.

Um Brinde À Morte (impressões pessoais)



Isto é imperdoável! Sendo eu uma grande fã de literatura policial, este é só o primeiro livro que eu leio de Agatha Christie, considerada a grande especialista deste tipo de literatura.

Para primeiro livro, fiquei encantada e vou agora adquirir mais, caso continue a trabalhar. É um vício ler romances policiais e tentar adivinhar quem foi o culpado do crime.

Neste caso houve um envenenamento num restaurante chique durante uma festa. Cianeto foi colocado no champanhe de Rosemary que era uma mulher perversa e muito mesquinha, que tinha um caso amoroso com um famoso político que era casado, tal como ela.

Rosemary herdou uma avultada fortuna de um familiar que deixaria à sua irmã Iris se acaso morresse. Iris estava apaixonada por Tony que também namorou a sua irmã e não era visto com bons olhos pela família. Foi Tony que eu coloquei no topo dos suspeitos numa primeira fase da leitura da obra. A lista estava assim ordenada nessa altura: Tony por Rosemary descobrir o seu alegado passado obscuro e a sua identidade, Sandra (mulher de Stephen que era o amante da vítima) por ser loucamente apaixonada pelo marido e não permitir dividi-lo com mais ninguém, Stephen por temer um escândalo provocado por Rosemary que ameaçava contar que eram amantes caso ele seguisse em frente com a ideia de a deixar, Ruth (secretária de George que é o marido da vítima) por ser apaixonada pelo patrão, George alegadamente por ciúmes mesmo sem os demonstrar, Iris para ficar com a fortuna da irmã e Victor (primo da vítima) por dinheiro.

Victor não estava presente no restaurante no dia do crime, pois embarcara para a América do Sul. Victor era um falsário de primeira classe, um criminoso profissional. Sua pobre mãe dizia sempre que o seu filho era enganado por outros e implorava que o ajudassem. Coloquei-o em último porque alegadamente ele não estava presente mas por alguma razão o incluí.

Pensava que Tony queria fazer mal à irmã de Rosemary mas acabou por ser ele quem descobriu as pontas soltas deste crime. É que George foi também envenenado e as suspeitas passaram a recair sobre Iris. Na minha lista de suspeitos, Sandra e Stephen passaram para os primeiros lugares e Tony deixou de figurar por ser um agente infiltrado para desmascarar Victor e o seu grupo. Sendo agente infiltrado, Tony deixou-se prender sob identidade falsa e esteve perto de Victor. Para disfarçar, Tony assustou Rosemary ameaçando que a matava para ela não perturbar as suas investigações.

A segunda taça de champanhe envenenada que foi indevidamente consumida por George destinava-se a Iris e Tony chegou lá fazendo uma experiência de troca de objectos em cima de mesas com os seus colegas que investigavam também o caso. No restaurante, enquanto os clientes dançavam, a carteira de Iris caiu ao chão e o empregado, não sabendo de onde ela era, colocou-a no lugar de George. Quando regressaram da dança, Iris e George trocaram de lugar e calhou a George o veneno que se destinava à cunhada. A partir dessa descoberta, a preocupação de Tony foi sempre a de proteger Iris de quem quer que fosse que lhe quisesse fazer mal.

O assassino era Victor para ficar com a herança que seria, à morte das primas, para a sua mãe que lhe entregaria depois todo o dinheiro sem problemas. De facto Victor estava no restaurante desta vez. Então temos que o primeiro crime foi perpetrado por Ruth a mando de Victor de quem ela começava a gostar e o segundo crime foi perpetrado pelo próprio Victor que se encontrava no restaurante disfarçado de Pedro Morales e acompanhado por uma loura. A pretexto de atender uma chamada, Victor ausentou-se e vestiu-se de empregado. Assim foi fácil servir os convidados e envenenar o copo da prima. Ruth ainda tentou matar Iris mas Tony foi a tempo de a salvar.

Foi muito boa esta obra! Se continuar a trabalhar, prometo fazer colecção destes livros.

Roberto redime-se

Há histórias inacreditáveis no mundo do Futebol. É por isso que este Desporto é tão fantástico.

Os adeptos benfiquistas passaram a semana a criticar Roberto pela triste exibição que fez na Madeira em que foi o culpado maior do desaire do Glorioso. Ao longo da semana muito se falou de Roberto não alinhar frente ao Vitória de Setúbal e ser Júlio César o titular. A quantia astronómica que Roberto custou também foi posta em causa e discutida até à última por todos os que gostam de Futebol.

Chegou a hora do jogo com o Setúbal. Júlio César aparece como titular da baliza encarnada e Roberto senta-se no banco de suplentes. O argentino Salvio também fazia a sua estreia. Mas...

Num erro incrível de Maxi Pereira, Júlio César derruba o jogador adversário e o árbitro não tem outra alternativa senão marcar grande penalidade contra o Benfica e exibir o cartão vermelho a Júlio César. Ora quem tem de entrar? Roberto, pois claro. Gelam os corações benfiquistas.

Salvio só esteve pouco mais de vinte minutos em campo no seu jogo de estreia. Foi sacrificado por Jorge Jesus para permitir a entrada do guarda-redes suplente.

E lá está Roberto entre os postes encarando Hugo Leal que se preparava para cobrar o pénalti. Perante um coro de assobios a si dirigido pelos adeptos do Benfica que não perdoam a forma como Hugo Leal abandonou o clube, o médio do Setúbal aponta o castigo máximo mas...Roberto defende espectacularmente. Rebenta um estrondoso aplauso para o espanhol.

O Benfica até já estava a ganhar quando este lance aconteceu. Cardozo havia marcado logo no início do jogo.

Foi a primeira vitória do Benfica por 3-0. Como é fantástico o Futebol! Roberto quase queimado na fogueira da Luz é agora idolatrado e todos os seus pecados foram esquecidos. Volta a ser um dos melhores do Mundo.

Ai Deus do Céu

As pessoas que não têm qualquer tipo de deficiência não imaginam o quanto algumas atitudes irreflectidas da sua parte podem magoar-nos. Mal fazem ideia do quanto nos custa conviver com determinadas situações e determinadas abordagens completamente descabidas que nos fazem.

Já nos basta os obstáculos que temos de enfrentar na nossa vida quotidiana e as pessoas ainda nos fazem sentir pior. Sei que não fazem isso por mal e que tais abordagens apenas demonstram alguma ignorância da sua parte em relação a outros seres que se tiveram de adaptar a uma realidade diferente.

Estava tão bem disposta e logo me estragam o dia com perguntas sobre a minha deficiência. Trabalhando num local onde passa muita gente, de diversas culturas e origens, com formações académicas diversas, de meios diferentes e com diferentes pontos de vista há sempre alguém que cai na tentação de fazer comentários ou perguntas.

Uma das razões pelas quais não gosto de estar ali é precisamente a exposição que tenho aos comentários e perguntas das pessoas, para além de por vezes não as poder ajudar devido à minha falta de visão. Se nessas alturas pudesse fugir dali...por vezes apetece-me até agredir certas pessoas, dar-lhes uma resposta mais ríspida mas mandam as regras da casa que não posso agir dessa forma. Lá tenho de esboçar um sorriso amarelo e responder a contragosto ao que me perguntam.

Já me aconteceu de tudo por causa dessa gente que não sabe como agir quando encontra alguém com deficiência. Já houve uma pessoa que começou a pregar o seu fanatismo religioso. Isso comigo não pega. Se estivesse na rua até dava uma lição de religião a essa senhora. Ela iria fugir e, tal como o outro da outra vez, ficaria a pensar que eu era uma das encarnações do Diabo.

O normal é perguntarem-me simplesmente o que eu tenho nos olhos ou por que é que eu tenho os olhos vermelhos. Lá respondo que é por causa das gotas que tenho de colocar sempre por causa do glaucoma. Muitas, acertadamente, ainda vão dizendo que eu nem devia estar ali a trabalhar porque podia apanhar uma infecção nos olhos e há até quem confunda os meus olhos queimados por anos e anos a colocar gotas com conjuntivite. Há também quem me pergunte se já fui ao médico e quem me mande mesmo lá ir o quanto antes. Mas esta criatura...

Chega ao pé de mim e pergunta-me assim sem mais nem menos se eu era cega. Num local onde havia mais pessoas à volta. Apeteceu-me mandar-lhe com a caixa de plástico que trazia os vegetais que estava a repor em cima da cabeça oca daquela criatura. O esforço que eu fiz para me conter.

Ela exclamou com ar de quem tinha visto um OVNI :
- AI DEUS DO CÉU! E trabalha em vez de estar em casa com uma reforma.

Enfim...tenho de aturar estas coisas. É triste mas é a nossa realidade. É mais um obstáculo que temos de ultrapassar e este poderia ser evitado se as pessoas se consciencializassem do que lhes fica bem e do que não fica.

A casa de banho dos japoneses

Ouvi hoje de manhã na M80 (tinha de ser) que os japoneses (também tinha de ser) inventaram uma casa de banho muito à frente. Acabam-se de vez os constrangimentos de algumas pessoas se sentirem desconfortáveis em serem pressionadas a urinar para o frasquinho sem por vezes terem vontade.

É que a casa de banho dos japoneses realiza análises clínicas de toda a espécie e mede também a tensão. É só virtudes!

De manhã ao acordar, a pessoa que se preocupa com o seu peso, entra na casa de banho e logo o placard da parede lhe diz quanto perdeu de peso ou quanto ganhou em relação a ontem à noite quando se deitou. Provavelmente o placard também a avisa, analisando a urina, de que precisa de beber ainda mais líquidos por estar desidratada.

Por enquanto só aparecem os dados escritos no painel mas, dadas as reivindicações da comunidade deficiente visual que certamente irão surgir, o painel acabará também por ser falante. Aparecerá a informação escrita e falada.

O engraçado disto tudo é a seguinte situação: um bêbado entra numa casa de banho dessas modernas e chama o Gregório. Logo o painel se insurge contra ele aos berros.
- BEBA ÁGUA, SEU ALCOÓLICO! VAI PARA CASA NESSE ESTADO, QUE VAIS VER O QUE TE ESPERA, SUA ESPONJA DE M...E NADA DE SE METER À ESTRADA SEU BÊBADO, SENÃO VAIS DIRECTO PARA O XADREZ, QUE ATÉ TE CONSOLAS!

Passado e presente

É incrível como se faz uma viagem no tempo através do nosso subconsciente! Os sonhos por vezes são bem disparatados mas eu prefiro rir-me quando acordo destes sonhos bem surpreendentes a ter que acordar preocupada porque tive algum pesadelo.

Regressei ao passado através de uma viagem onírica. Há uns quinze anos atrás, fazia umas gravações muito parvas, em que contava histórias completamente disparatadas a que achava muita piada e me desmanchava a rir. Por vezes saíam-me assim umas gaffes também muito cómicas. Cheguei a ter um cardápio onde as registava mas não sei onde isso anda agora. As cassetes com esses momentos ainda continuam guardadas. Um dia destes hei-de ir buscar algumas para passar num qualquer gravador que funcione ainda. Naquele tempo não havia blog para registar os meus disparates, nem Internet para os partilhar.

Então eu fazia uma gravação em que o protagonista era o Zeca...ou a Teka, o que tinha mais fundamento por ser a minha gata.

Sei que me ria a bandeiras despregadas e já quase não se entendia o que eu dizia. Não tinha perdido qualidades. Se eu tivesse um gravador a funcionar, gostaria de um dia destes tentar fazer isso a ver como saía. Muitos anos depois, haveria de haver algumas diferenças.

Agora a minha realidade é bem mais respeitável. Trabalho numa grande superfície comercial e o meu subconsciente trata, por vezes, de me aliviar essa realidade que não me é de todo agradável.

Ora bem, o meu patrão de certeza que não vai ler isto, até porque ele não tem o endereço desta coisa. É ele o protagonista deste sonho.

Estávamos num estranho edifício que não era nada agradável para uma pessoa como eu. Havia tempo limitado para se subir para o patamar de cima que, ainda por cima, tinha uma espécie de porta giratória. Eu, atrapalhada, ia largando algumas coisas no chão. Uma delas foi uma pequena pilha do meu mp3. O meu patrão colocou-lhe um pé em cima e estatelou-se no chão.

Fomos para dentro da loja só fazer disparates. Abríamos embalagens de batatas fritas e coisas do mesmo género. Provávamos e colocávamos a batata frita trincada, a goma mastigada e tudo o mais dentro da embalagem. Felizmente na realidade não fazemos isso.

Porto e Sporting na Liga Europa

Parecia impossível mas o Sporting lá deu a volta a um resultado negativo obtido em sua casa e foi à Dinamarca vencer por 0-3. Evaldo, Nuno André Coelho e Yannick foram os marcadores dos golos da reviravolta.

O Porto já estava praticamente com os dois pés na fase de grupos da liga Europa e só tinha de cumprir calendário praticamente. Foi um jogo cheio de golos, o que é sempre de louvar.

Hulk foi a grande figura. Após o período atribulado que viveu nos últimos dias pela morte de uma familiar, o avançado brasileiro apontou um Hattrick.

O Marítimo foi a única equipa a ficar pelo caminho.

E o sonho é realidade

Foi um jogo épico, o que se jogou em Sevilha nesta terça-feira. O Braga teve de sofrer muito para tornar real o sonho da Liga dos Campeões. Um resultado tangencial por 3-4 garantiu a passagem para os mais conceituados palcos da Europa futebolística.

Os arsenalistas traziam já um golo marcado da primeira-mão que lhes dava uma grande tranquilidade para gerir o jogo à sua maneira. Matheus marcou um segundo golo na eliminatória que à partida colocava o Braga com um pé na Liga Milionária.

Lima saiu do banco para marcar os outros três golos bracarenses e fazer explodir os corações dos adeptos que foram receber a equipa de madrugada ao aeroporto em apoteose.

O Sevilha ainda ameaçou roubar o sonho ao Braga mas era quase impossível. Eles bem tentaram mas é bem real a presença do segundo classificado da Liga Portuguesa na Liga dos Campeões.

Tuesday, September 07, 2010

Temas mais ou menos esquecidos dos ABBA

Encontrar esta à primeira julguei ser tarefa difícil. Uma das minhas favoritas.



Este tema é muito bonito mas nunca o ouvi passar na rádio. Até posso estar distraída mas...


Esta ainda passava mas perdeu-se no tempo.


Parece que ninguém conhece esta e é uma pena para essas pessoas. mal sabem o que perdem.


não tem a espectacularidade da outra mas...


Tema ao nível do anterior


Um tema tão engraçado e não teve assim tanto êxito


Alguém por acaso conhece isto?


Dois temas que conheço apenas de um CD que comprei quando ainda andava a estudar.




Para finalizar, continuo sem perceber por que razão o grupo se separou depois de editar o álbum "The Visitors". para mim foi o melhor, pena não ter conseguido o mesmo sucesso.