Thursday, September 24, 2009

Vamos a ver se é desta

Como certamente se terão apercebido, quase um ano depois volto a postar algo neste espaço.

Apesar da longa ausência de posts neste blog, não estive parada e concebi alguns textos para outros espaços do mesmo género que entretanto abri.

Foram várias as tentativas que fiz para voltar a escrever no meu velho blog com mais assiduidade mas o facto de estar agora na aldeia e quase nada se passar tem ditado o pouco movimento criativo por aqui.

Ainda pensei fazer deste espaço um local onde daria a conhecer ao mundo da blogosfera as minhas criações fotográficas. Aliás, foi nesse sentido que o meu último post foi preenchido com um conjunto de fotos que já havia tirado há tempo mas que se revelaram curiosas dado ser raro acontecer este fenómeno natural, no meu entender.

Após o treino de ontem à tarde, estava eu a tomar o duche retemperador de forças e senti uma vontade irreprimível de voltar a escrever no meu primeiro blog. Certamente a esse facto não foi alheio o sonho que descrevi. Aquele da música que eu cantava.

Vamos a ver se é desta que volto a escrever ou a postar aqui algo de curioso que gostaria de partilhar com quem por mero acidente encontra este blog. Não será com a mesma assiduidade e empenho que tinha quando estava em Coimbra mas vou tentar fazer um esforço.

Aguardem e dêem-me nas orelhas se acaso o blog ficar tanto tempo ou mais sem dar sinal de vida como o espaço de tempo que terminou ontem.

As Tricaninhas

Esta é mais uma curiosa história onírica. Mais uma como muitas outras que aqui tenho relatado e que muito deliciam os meus leitores, digo eu.

Bem, aqui no conforto do meu quarto costumo dormir com o rádio ligado na Rádio Botaréu para me fazer companhia. Nesta noite não foi excepção.

Depois de mais um pouco de leitura do livro que eu ando a ler neste momento que é “O Talentoso Sr. Ripley” de Patrícia Highsmith, fui dormir. Lembro-me que, tal como tem acontecido desde aquele susto que eu levei do meu pai a bater com força à minha janela porque tinha o candeeiro aceso, acordo ao mínimo barulho e com ar assustado. Penso até que pergunto quem anda por ali alto. São apenas os cães que dormem na eira.

Pelas seis da manhã costumo ter o despertador a despertar para ouvir aquelas duas horas de música tradicional portuguesa até ás oito. Por vezes desligo o despertador deixando-me estar e tenho dias em que apenas coloco o rádio com o volume um pouco mais elevado e continuo a dormir, ouvindo no entanto algumas músicas que fazem com que tenha uma espécie de sonho lúcido. Foi o que deve ter acontecido hoje. De certeza.

A certa altura passava uma música sobre as Tricannhas da Beira-Mar ou algo do género. O cenário do sonho era o meu quarto e estava na minha cama a ouvir a rádio. Começava a amanhecer e o Sol estava alaranjado, emoldurado por um esplêndido Céu azul. Nunca tinha visto um amanhecer assim! Era natural que tivesse vontade de cantar.

Estava a tocar na rádio a canção das Tricaninhas (ouvia-a enquanto sonhava, para o meu sonho foi transportada). Comecei a cantar bem alto, pouco me importando se os meus pais estavam a dormir ou não. E era incrível como sabia a letra toda! Eu que nunca me passou pela cabeça cantar sequer essa canção. Apercebia-me de que estava a fazer barulho mas não tinha a certeza se estava a ser ouvida. Cantava cada vez mais alto.

Foi então que a minha mãe me chamou e começou a discutir. Aquele não era o quarto dela. De maneira nenhuma. Enquanto discutia, agarrava-me com uma certa frieza.

Acordei confusa e sem saber se realmente tinha ou não feito barulho. Já não é a primeira vez que sonho que canto uma canção enquanto sonho e a ouço na rádio. Julgo que houve ocasiões em que não foi necessário ouvir a canção para sonhar com ela ou a cantar. (ver texto “Quando o coração chora…eu triunfo”).

Novas e funcionais instalações

Mais uma autêntica balbúrdia com que o meu subconsciente me brindou nesta madrugada de Sábado em que se ficaram a conhecer as novas séries do Hattrick e em que a minha mente é povoada pelo estágio de duas semanas no Pingo Doce.

Consta que recebi um telefonema da técnica de inserção da ACAPO dizendo que tinha de lá estar no dia seguinte para se discutirem mais pormenores sobre a experimentação. Regressava à ACAPO depois do mês de férias e fiquei completamente atónita com o que vi.

Quase sem aviso mudaram de instalações. As antigas, bastante elogiadas por todos por não terem escadas nem obstáculos para os deficientes visuais, haviam sido substituídas por outras completamente incríveis.

O edifício era velho e em tudo se assemelhava ao sobrado cá de casa. Até o pormenor de se colocar uma escada de madeira para se subir não escapava. Comecei a olhar para cima, para aquilo que seriam os gabinetes das técnicas, e logo me começou a dar qualquer coisinha má. Para se subir havia uma escada de madeira muito velha, na qual faltavam alguns degraus e os restantes estavam tortos ou ameaçavam partir assim que fosse lá colocado um pé.

Como nunca fui de me calar, com um pé na frágil escada de madeira e os olhos no buraco escuro, comecei a discutir lá para cima. Fui dizendo que assim não podia ser, que na ACAPO não havia já moral para se falar da falta de acessibilidade e das barreiras arquitectónicas quando as havia dentro das suas instalações, que já não podiam falar da escada da ACAPO de Lisboa, que o Paulo Leitão iria partir a escada e magoar-se á primeira oportunidade que tivesse para entrar…

Como tinha mesmo de ir lá falar com a técnica, com um salto consegui içar-me lá para cima mas estava na eminência de me escorregarem as mãos e estatelar-me lá em baixo. Com as mãos apenas apoiadas na superfície superior do edifício e os pés no vácuo, pedi a alguém que me ajudasse a içar lá para cima. Tentaram mas eu era e sou pesada demais.

Com um bocado de jeito lá consegui chegar mas era um desassossego olhar para baixo. Berrei a plenos pulmões que fechassem aquela porta antes que tivesse vertigens e me desequilibrasse. Como ninguém atendeu ao meu pedido, fechei eu a porta para não me chatear.

Lá dentro dos gabinetes estava alguém que nada tinha a ver com aquela história- um rapazinho que eu conheço e que estava desmaiado dentro de um dos gabinetes. Acordei a rir-me do perfeito disparate que foi aquele sonho.