Monday, October 31, 2022

“E Todavia” (impressões pessoais)

 

No outro dia, aquando da morte de Ana Luísa Amaral, andava desesperadamente á procura de livros dela. Não sabia que tinha este.

 

Foi com Ana Luísa Amaral que aprendi que um poema não deve estar amarrado àquela rigidez da métrica ou da rima. Esta autora em particular faz poemas variados, com linguagem mais simples ou mais complicada, conforme a sua disposição. Com versos livres ou estruturados.

 

Já há muito que se perdeu o rigor do poema. Na minha opinião, deve-se deixar a alma do poeta solta, sem amarras ou barreiras, sem rigores ou espartilhos. A fluidez do poema deve ser livre.

 

Neste livro isto acontece. Quem há bem pouco tempo não gostava de poesia agradece.

 

“Expedição oriente” (impressões pessoais)

 

O meu sonho sempre foi viajar, de preferência , de barco. Esse sonho tornou-se mais intenso com a leitura de “os Lusíadas”.

 

Ler um livro que relata viagens por mar para mim é simplesmente delicioso. Infelizmente, o tempo de sonhar com grandes viagens por mar esfumou-se quando perdi a visão. Agora viajar ou não já não me importa. Quando ainda via sonhava viajar para absorver cores e paisagens. Agora não vejo nenhuma motivação para grandes viagens. Talvez o ambiente de estar num barco. Ainda no outro dia senti um cheirinho daquela adrenalina ao realizar um dos meus sonhos que era percorrer o Douro de barco.

 

Ao longo de muitos anos fui sonhando e imaginando como seria a vida dos marinheiros portugueses naquelas longas viagens que deram novos mundos ao Mundo. Devia ser fantástico mas também arriscado. Adoraria ver as ondas do Mar de noite e as estrelas no Céu. Que bonito seria assistir ao amanhecer em Alto Mar!

 

Este livro transportou-me para essa magia que perdi lá atrás. Com ele voltei a imaginar locais longínquos e fantásticos. Já que não posso mais sair daqui, por que não sonhar com outras paragens, imaginar ambientes, pessoas e paisagens a partir do que os outros escrevem e que eu vou lendo?

 

Um livro que nos faz sonhar e viajar sem sair de casa.

 

Sunday, October 30, 2022

“os Anos” (impressões pessoais)

 

Este ano o Prémio Nobel da Literatura foi para a escritora francesa Annie Ernaux.

 

Apenas tinha lido um único livro dela. Agora leio a sua autobiografia.

 

Confesso que gosto da maneira como esta senhora escreve. É uma boa contadora de histórias sem filtros e sem pudor. Já tinha constatado isso no outro livro que li em que ela narra a sua paixão por um amante mais novo e estrangeiro. No fundo, também seria uma obra autobiográfica, uma vez que ela tinha uma relação com um homem russo.

 

Ela percorre o seu álbum de fotografias e as fotos servem de mote para ela narrar os acontecimentos da sua vida e o que se estava a passar também no Mundo nessa época.

 

Tendo nascido  em plena guerra, a autora viveu o maio de 68, a ascensão do feminismo e a luta contra a penalização do aborto, as mudanças tecnológicas e a era do consumo, as convulsões sociais após o 11 de setembro…

 

Tenho a impressão que esta autora começou já tarde a sua carreira literária mas foi ainda bem a tempo de arrecadar o prémio Nobel da Literatura em 2022.