Friday, June 29, 2007

Em busca de Artem Dzuba

Ver texto “Possível só em sonhos”

Naquela madrugada o meu subconsciente andou particularmente activo. O meu cérebro pouco deve ter descansado. Já vão ver as confusões oníricas em que eu me meti. Voltava um personagem deste blog e de alguns dos meus sonhos mais estranhos- o russo Artem Dzuba, Jogador Número Quarenta do Spartak de Moscovo.

No dia em que sonhei isto não tinha um computador para escrever o texto referente ao sonho, como sempre faço quando tenho oportunidade para isso. O remédio foi escrevê-lo por tópicos, tentando desenvolver o mais possível.

Tinha de começar por algum lado a descrever outro sonho confuso que envolveu gente que eu conheço, familiares, colegas e...Artem Dzuba. Nem o sonho era sonho sem a presença desse miúdo russo.

Na altura comecei o sonho pela parte em que se realizava um jogo entre Portugal e a... Ucrânia. Para disparatar, o referido Artem era...guarda-redes. Na vida real ele é russo e até é avançado. Nos dias que antecederam essa partida de Futebol, a selecção dele estagiou num complexo desportivo que existia, imagine-se, perto de minha casa. Deve ser aquele que eu ando sempre a dizer que mando construir lá se um dia me calhar o Euromilhões. Se os outros sonhos se realizam, gostaria imenso que este também se realizasse. Não é a primeira vez que sonho com a parvónia do meu burgo fortemente urbanizada com centros comerciais, discotecas, centros desportivos e afins.

Agora incrivelmente, a cena passa-se em casa da minha madrinha (por acaso a minha família e a dela desentenderam-se agora por causa da casa do nosso primo que morreu o mês passado na Figueira da Foz). Ainda era na casa velha onde a minha tia ainda tem os seus animais. Ouvi dizer que o Artem estava com o meu primo lá. Eu disse à minha mãe para lá irmos, mas ela disse que não estava ninguém ali. Eu fiquei a pensar que ela não queria ir lá por andar zangada com a minha madrinha. De facto, e após várias insistências em chamarmos, ninguém apareceu. Dei o tempo por mal empregue, pois tinha lá ido de propósito para o ver.

Sempre atrás do Artem, viajei com a minha mãe (imagine-se!) para...Moscovo. A cidade apresentava um aspecto rude. Havia um monte de entulho no chão. Subi com a minha mãe a um monte de ferros velhos e enferrujados. O objectivo era ver se via o...Artem. O estádio iluminado e com uma relva bem verde contrastava com a paisagem daquela cidade. Apesar de as luzes estarem acesas, ninguém se encontrava no interior daquele complexo desportivo.

Deixem estar que agora vem aí disparate do bom, apesar de isto ser um sonho e de tudo ser permitido nas representações oníricas. Bem, o disparate maior foi mesmo lá atrás com a minha mãe-de forma incrível- a acompanhar-me em busca do Artem. Comparado com o que atrás se relatou, isto até é menos disparatado, digamos assim.

Todos nós regressámos à pequena sala de aulas da ACAPO. Todos e mais alguns. Eu nem sabia onde me sentar e acabei sentada numa das pontas da mesa com mais gente. Estávamos todos colados a todos. Estavam ali todos os meus colegas, amigos, conhecidos e mais um Rui que eu não conhecia. Por acaso agora na formação anda um Rui que eu não conheço. É curioso!

Como ainda havia mais alunos ali a frequentar as aulas, e havia muita gente ligada à música, alguns iam para a sala de multimédia e cantavam...fados. Para minha tristeza, levavam sempre o Artem para lá. Estava passada com a situação. É que nem podíamos sair dali ao intervalo para não perdermos o lugar. Na outra sala continuavam a cantar fados e eu chateava-me. Nem pensavam em ir ao intervalo. Também aquela sala rebentava pelas costuras de gente que não queria perder assento nem por nada.

Regressámos à confusão da nossa sala. Como atrás referi, estava sentada numa das pontas da mesa, de costas para a porta. A meu lado estava, imagine-se, a esposa do Presidente da ACAPO-Centro. Agora é que eu me lembro disso.

Entretanto prosseguia a cantoria do outro lado, para mal dos meus pecados. E eu estava mesmo atenta ao que se passava na minha sala? Claro que não!

O relógio de pulso tocou. Eram seis da manhã. Faltava ainda meia hora para me levantar. Aquele ainda não era o despertador “oficial” para me levantar. Virei-me para o outro lado e voltei a sonhar com as mesmas cantorias, até que uma se sobrepôs às outras. Era a do telemóvel a anunciar que eram horas de me levantar e de acabar com todo aquele circo.

Resta dizer que, ma altura em que o telemóvel tocou, o sonho já metia estranhas apostas e tudo. Era um colega meu que me contava, à noite, na rua e com muito frio o que se passava do outro lado. Fiquei na dúvida se era mesmo o Artem que ali estava se era o rapaz que eu amo e que também adora música. Lamentava-me perante o meu colega por não poder ajudar aquele rapaz de Leste como devia por culpa de algumas pessoas que resolveram dividir a turma. Só eu o podia ajudar por ter algumas bases em línguas eslavas.

Rindo como só ele sabe, o meu colega foi revelando o teor das estranhas apostas que proliferavam na sala onde tinham aulas. Umas estranhas aulas, diga-se. Nós com aulas a sério e eles com cantorias e apostas em que tudo servia. Disse-me o meu colega que até um caixão serviu de aposta.

Perguntei-lhe pelo Artem. Obtive como resposta o toque do telemóvel. Fiquei chateada porque me apetecia estar naquele diálogo eternamente. Um dia frio esperava-me na vida real. Nada de Artem que vem do frio.

Depois de estar bem acordada lembrei-me que adormeci a ver o “Um Contra Todos”, na altura em que uma concorrente que dava aulas de Português a estrangeiros disse a Malato que os russos eram os estrangeiros que mais depressa aprendiam a nossa língua. Isso fez com que imaginasse as aulas de Português Vernáculo que iria dar ao Artem. Para terem uma ideia, a primeira aula seria sobre nomes feios que se usam chamar a árbitros cá no burgo.

Como acontece todas as manhãs, coloco um CD como banda sonora de me preparar para mais um dia de trabalho. Nessa manhã calhou a Romana. O CD estava sujo ou riscado.

Estava também a cortar uma unha de um pé que já estava enorme e cortei-a até fazer sangue. Eu sou assim!

A manhã de trabalho foi perfeitamente normal.

Quando o autocarro 29 passou na paragem, dei conta de que estava a decorrer uma qualquer discussão. A selva a funcionar ali. Mas nem é preciso ir no 29 para se passar pelo hospital e para ver a azelhice das pessoas a lidarem com senhas de autocarro.

A tarde foi pouco movimentada. Reza a crónica que só tirei duas senhas. Estava fraquinho. È o tempo que não ajuda.

Na farmácia tinha medo de passar num sítio. As obras ainda continuam.

O treino foi feito de forma condicionada e apenas teve a duração de 45 minutos. Vinte e cinco dos quais foram passados a correr de forma contínua. Foram quase nove, as voltas que dei a uma das pistas de fora. Depois foi só fazer alongamentos e ir embora antes que arrefecesse.

Cheguei a casa e fui procurar algo para comer. Para minha surpresa encontrei os queijos que eu julgava ter levado para a minha terra.

Doíam-me os dentes e fui-me deitar cedo. Antes ainda vi um pouco de televisão.

Situação do dia:
E ainda dizem que eu sou toupeira! Vejam esta que nem conhece o material dela. No balneário houve uma rapariga que me perguntou se eu sabia de quem eram umas sapatilhas cinzentas dentro de um saco preto. Eu que sou toupeira disse que eram de uma rapariga que se tinha ali equipado. Na verdade, quem falava comigo era a própria dona das sapatilhas.

Bacorada do dia:
“Ou é dos Winom, ou é dos The Cure.” (Por mais voltas que dê à cabeça, não me consigo lembrar de qualquer sucesso que os Winom tenham cantado.)

.

Isto já parece o sonho do hospital

Ver texto” A tensão arterial tanto pode aumentar, como...subir”

Todos os anos temos de fazer exames médicos por causa do Desporto. Isto para precaver que algo de grave e fatal aconteça.

Como o Centro de Medicina Desportiva de Coimbra fechou (mais uma das maravilhosas coisas que o nosso Governo se lembrou de fazer), temos agora de nos deslocar a Penacova para esse fim. Se os governantes que têm a má sorte de nos governar soubessem os transtornos que causam com isto...

Para já tive de sair uma hora mais cedo do meu precioso trabalho. Se os governantes não gostam de trabalhar há mais quem goste.

Estive largos minutos à espera do autocarro que me levasse até à ACAPO. Cheguei lá bastante atrasada. Podiam-me ter ido buscar à Piscina, mas estava sem bateria no telemóvel e não deu para combinar isso.

E lá fomos virados a Penacova, já atrasadíssimos, com a tarde a cair. Havia lá algum movimento. Nada de Kazaques.

Cumprimos as formalidades de preenchimento de alguns formulários com a nossa história clínica- aquilo a que se chama anamnese- e íamos conversando. Tinha uma lesão num pé, resultado do demolidor treino da passada quarta-feira. Havia que me queixar ao médico.

O meu colega foi primeiro que eu à consulta. No interior da clínica estava quente, a contrastar com o frio que começava a fazer-se sentir na rua.

Chegou a minha vez de entrar. No consultório, as mesmas personagens do sonho que envergavam vestes verdes. Tal como nessa ocasião, era um casal de clínicos. Depois de me medir e pesar (tenho 1.57 metros de altura e peso 57kg) fiz um electrocardiograma. Estava tudo na mais perfeita normalidade.

O resto também estava tudo bem. Só um pequeno pormenor, a tensão mínima estava um pouquinho elevada. Apesar disso, os médicos disseram que tal se devia a um pouco de ansiedade típica de quem vai submeter-se a testes médicos, mais quando eu tenho uma pequena mazela num pé que no final o médico me disse que se deveu ao frio. Agora tenho de ligar esse pé. A lesão não me impede de treinar.

Eu cada vez me impressiono com a capacidade que tenho em realizar alguns dos meus sonhos que tenho durante a noite. Eu não sei ao certo quando é que eu tive aquele sonho no hospital que na altura me deixou apreensiva e a pensar que algo me iria acontecer. Estou sempre a pensar na situação do meu problema nos olhos que me tem causado alguns dissabores. É incrível!

Aquela segunda-feira foi marcada pela chuva e o frio que se fizeram sentir durante a madrugada. É a minha sina. Pode não chover durante os outros dias, mas à segunda-feira de manhã, quando eu não quero a chuva para nada, começa a chover para me chatear.

O frio era tanto que andava alguém a passear com um cão bem agasalhado. O animal andava munido de roupa quentinha. A dona parece que também.

A manhã foi calma. Nem da selva do autocarro 29 tenho algo registado. Estava a ler um livro e aí desfiz uma dúvida que causou uma enorme discussão numa das nossas aulas (ver texto “Suplente ou sobresselente”). Na altura questionava-se sobre o termo mais correcto. Afinal a palavra “sobresselente” existe. Vi-a escrita num livro.

Na cantina havia uma fila infernal. Reza este apontamento que eu cheguei atrasada. Regressei num autocarro que cheirava abundantemente a sopa.

Da parte da tarde nada houve de relevante. Apenas saí mais cedo para ir a Penacova.

Já não deu para treinar. Fazia muito frio e já era bastante tarde.

Acabei por adormecer. Quando começava o debate sobre o tema da moda- o aborto- simplesmente desliguei a televisão. Os sonhos que iria ter valiam mais que qualquer discussão sobre esse tema que até já chateia.

Situação do dia:
O Natal já passou há mais de um mês. Apesar disso, em certa rádio local ainda foi possível ouvir a já célebre canção “A Todos Um Bom Natal” do Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras.

Bacorada do dia:
“Para entrar numa sub-opção de opção...” (Difícil de perceber.)

Os afilhados de Maradona

Analisei com atenção os plantéis das equipas de Futebol dos principais campeonatos, após os imprescindíveis reajustes do mercado de Inverno.

Fiquei impressionada ao verificar que havia uma imensa quantidade de jogadores brasileiros de nome Diego a alinhar por aqui.

Já se sabe que os brasileiros têm a mania de baptizar os seus filhos com os nomes das celebridades da moda. E enquanto são só as celebridades a inspirar os pais e mães do País Tropical, as crianças estão muito bem.

Dar o nome de Diego a um filho em meados dos anos oitenta não foi indiferente ao facto do argentino Diego Armando Maradona encantar o mundo do Futebol com as suas jogadas impossíveis.

Diego Armando Maradona foi o jogador que se sabe que foi. Um predestinado na arte de bem jogar Futebol. Independentemente da vida menos própria que levava fora dos relvados “El Pibe” era daqueles futebolistas que valia a pena pagar o preço de um bilhete e ver os seus jogos. Simplesmente genial!

Ao darem o nome de Diego aos seus filhos, os pais brasileiros estão a alimentar o sonho de um dia os seus rebentos virem a ser aqueles futebolistas de excepção como o foi o craque argentino.

O primeiro passo para o sonho dos seus pais já está dado: os jovens Diegos são futebolistas e escolheram Portugal para iniciarem ou prosseguirem as carreiras que os seus progenitores auguram ser auspiciosas e cheias de triunfos, tal como sucedeu com o jogador que lhes emprestou o nome.

Só que Diego Armando Maradona só há um no Mundo. Todos estes jovens brasileiros que actuam em modestos clubes portugueses intitulados Beira-Mar, Nacional da Madeira (nesse existe mesmo um outro Diego que até é guarda-redes e é suíço), Desportivo das Aves, Vitória de Setúbal, Gil Vicente ou mesmo Sporting de Braga sonham ser craques. Muitos já o conseguiram e tentam agora outros voos. Os outros esperam crescer um pouco mais para chegarem onde chegou o ídolo dos seus pais.

De certeza que no Brasil existirão ainda mais jovens da idade destes futebolistas a quem os pais deram o mesmo nome de craque, mas que nem sequer conseguiram que as portas do Futebol se abrissem.

A madrugada daquele domingo invernil foi passada a actualizar o blog. Muita coisa havia para ser feita neste meu espaço de reflexão e de criatividade que em mais lado nenhum eu consigo explanar. A partir deste dia, este espaço tornou-se um pouco mais combativo e outras opções se abriram. A principal delas foi ter a possibilidade de alinhar os textos em categorias, tornando a vida dos que querem ler determinado tipo de textos mais facilitada.

Voltemos ao Futebol: depois de afastar o Vitória de Setúbal da Taça de Portugal, a Briosa voltou a receber em casa a equipa sadina. Desta vez os setubalenses vingaram-se e venceram por 0-1. O golo foi apontado por Binho, um jogador que já vestiu a camisola negra da Académica. É assim o Futebol!

Afinal é verdade que o Paulo Adriano regressou a Portugal para representar o Guimarães. Ontem perguntámos ao pai dele que nos confirmou a notícia que eu ouvi da boca de adeptos da Académica no decorrer do jogo particular entre a Briosa e o Dínamo de Bucareste.

O Guimarães perdeu, mas não sei se o nosso amigo já terá jogado este fim-de-semana, uma vez que chegou já a meio da semana que passou. Da minha parte só me resta desejar tudo de bom ao Paulo nesta nova fase da sua carreira.

O Sporting marcou passo, mais uma vez, ao empatar com o Boavista a uma bola.

Era noite cerrada e o gato Mong sem aparecer em casa. Quer-se dizer que passa mais um fim-de-semana sem lhe pôr a vista em cima.

A semana que aí vem será marcada por Futebol fora e dentro das quatro linhas e por sonhos, uns que se realizam e outros que uma pessoa tem a sorte ou o azar de ter durante a noite. Nestes casos é mais a sorte, visto não serem pesadelos.

Bacorada do dia:
“Novo é a primeira opção do menu abrir.” (As pérolas de cariz informático davam, elas próprias um bom blog.)

Wednesday, June 27, 2007

Eu e os egípcios

Este é mais um sonho que merece ser aqui relatado, apesar de ser um pouco pequeno. Os sonhos, dizem os especialistas, mais não fazem do que recontar o real da vida de uma pessoa. Pois bem, este espelha um medo que eu tenho: o de ser constantemente perseguida na rua.

Se eu vou na rua e alguém insiste em vir sempre no meu encalço, já fico apavorada ao pensar nas intenções que essa pessoa poderá vir a ter para comigo.

Nos sonhos continuo também a ter medo de perseguições, embora leve sempre a melhor sobre os meus perseguidores. Há situações também em que eu morro de medo em sonhos e que pouco me incomodam na realidade. Estou a falar de tempestades com muita trovoada e de cadáveres.

Mas vamos ao nosso sonho, que é o que interessa para aqui. Era mais um fim-de-semana passado na minha terra. Como acontece inúmeras vezes, aproveito para ir treinar na estrada. Nesse dia resolvi fazer um daqueles treinos até ao Rio de Vila Nova. O dia estava a caminhar para o seu final de tarde. O Céu já estava algo nublado.

Já vinha no caminho inverso. É o caminho mais difícil, pois há uma subida bastante íngreme numa zona chamada Lapa das Fitas. Mais ou menos nessa zona, um carro cinzento andava muito devagar ao meu lado e, às vezes atrás de mim.

Fiquei logo apavorada! Ali nem existem casas, apenas pinhais e mais pinhais. A intenção daquelas criaturas não era boa!

Aquele veículo era conduzido por quatro egípcios que depois desandaram e foram à sua vida. Obviamente que eu continuei a correr em direcção a minha casa.

Chegada ao meu destino, qual não é o meu espanto quando vejo o veículo dos desconhecidos estacionado à minha porta. Fiquei passada, mas o carro estava ali sem ninguém.

Entrei e o que vi deixou-me mais espantada ainda. Os forasteiros confraternizavam animadamente com os meus pais e outros familiares meus. Fiquei chateadíssima!

Fiquei, no entanto, aliviada por eles não me quererem fazer mal. Apenas me conheciam e não tinham a certeza onde se situava a minha casa, por isso me seguiam por instantes.

Só eu é que não lhes achava piada e não falava com eles. O resto dos presentes numa festa qualquer estava maravilhado com a sua presença e com as histórias que eles contavam.

Não estava tanto frio como no dia anterior. Ainda bem! Havia mesmo um Sol radiante a brilhar.

A tarde desse dia foi passada a elaborar mais uma série de textos para o blog. Consta que não tenha ido treinar, nem para o Rio, nem para coisa nenhuma.

Nessa noite houve mesmo uma pequena festa lá em casa para assinalar o aniversário do meu vizinho completado na passada quinta-feira. Não consta que tenha aparecido gente estranha na festa.

O Glorioso fez uma curta deslocação ao Estádio do Restelo para defrontar o Belenenses. O resultado saldou-se na vitória do clube da maioria dos portugueses por 1-2. Simão e Luisão foram os autores dos tentos encarnados.

O gato Mong não apareceu em casa, mais uma vez.

Situação do dia:
No jogo entre o Belenenses e o Benfica, o guarda-redes Costinha por pouco não comprometia perigosamente a sua equipa ao executar um estranho pontapé em rosca.

Bacorada do dia:
“Se lhe desse uma trombone.” (Tocava um requiem...)

Fffffffffff

E lá tocou o despertador. Logo agora que eu estava tão bem no quentinho dos cobertores! Mais um dia de trabalho se avizinhava. Era sexta-feira. Ainda bem!

Com extrema moleza, levantei-me e desliguei o telemóvel que estava a despertar. Tive um arrepio. Ainda mal tinha colocado os pés no chão e já estes começavam a arrefecer. Devia estar um frio horrível!

De facto era isso que estava a acontecer. Os termómetros deviam estar a registar valores negativos mesmo naquela manhã de finais de Janeiro.

E lá tinha eu de sair à rua com a temperatura assim tão baixa. Por todo o lado, o frio era o tema de todas as conversas. Cada um se protegia dele como podia e melhor sabia. Mas estava assim tanto frio ou nós é que já não estávamos habituados a ele? È mais a segunda hipótese. Passou-se de um clima anormalmente quente para a época para o frio intenso que sempre costuma existir no Inverno. Não houve uma descida gradual da temperatura.

No trabalho, de modo nenhum aquecíamos. Dizia-se que “estava um calor esquisito.” Na rua então nem pensar em estar. Corríamos o risco de congelar. De arrepiar mesmo!

Nem pensar arriscar em treinar com um frio destes! Se na quarta-feira a temperatura estava mais alta e congelei...Assim que cheguei a casa, comi qualquer coisa e fui logo para debaixo das cobertas ouvir o relato de um jogo em que o Porto perdeu com a União de Leiria por 1-0. Adormeci e não me voltei a preocupar com as baixas temperaturas que se faziam sentir na rua.

Fora o frio intenso que se fazia sentir, mais nada de muito relevante se passou. Andava tudo um pouco tristonho, murcho até por causa do frio. Eu então fazia de tudo para me acomodar.

Da parte da manhã, uma menina chorava porque se tinha esquecido do fato de banho em casa. Se fosse eu, dava graças a Deus por já não me ter de despir naquela manhã de bater o dente. Por mais que dentro do balneário esteja quente. Pior! Vimos de lá quentes e levamos um choque ao sentir todo aquele frio.

A única coisa que andou quente foi o mercado futebolístico que se aproxima a passos largos do seu fecho. E foram boas as notícias para mim, senão vejamos: o Beira-Mar contratou o jovem sérvio Borko Veselinovic. É o segundo jogador oriundo dos Balcãs que o clube aveirense contrata. Muito bem! Assim é que eu gosto.

Também interessado num jogador dessas paragens está o Glorioso. Eu estou muito zangada porque o meu caríssimo clube quer trocar o Karyaka pelo Derlei (de quem eu não gosto). Agora o Benfica parece estar interessado também no montenegrino Purovic.

Igualmente interessado no mercado de Leste está o Braga. Irá buscar novamente o Delibasic? Para mim o Delibasic é muito melhor que o Marcel. Eu vou mais longe e afirmo que ele nunca deveria ter saído do Benfica, que o Glorioso deveria mesmo tê-lo comprado ao Maiorca. É um jogador sem sorte, este montenegrino! É uma pena!

E o Derlei assinou mesmo pelo Benfica nesta noite escura e fria. No entanto, o russo Karyaka não aceitou servir de moeda de troca neste negócio.

Para terminar, basta referir que não me apeteceu levantar com o frio que estava para ver mais um episódio de “Paixões Proibidas”.

Situação do dia:
Num dia tão triste, tão frio e tão murcho, a única coisa que consegui arranjar foi esta: uma senhora, no autocarro, por pouco não se sentou no chão. Acho que ela se queria sentar num banco daqueles individuais.

Bacorada do dia:
“No ficheiro está o Ambiente de Trabalho.” (Outro preciosismo digno de verdadeiros craques em Informática.)

Monday, June 18, 2007

Aquele dominglo (texto escrito dias depois da morte de Miklos Fehér)

Manda a tradição quem no último domingo de Janeiro, Vale de Avim acorde ao som de foguetes e de música de gaiteiro. Este ano o gaiteiro era composto por músicos do lugar que andavam de porta em porta num clima de folia, apesar da chuva que teimava em cair.

Era um domingo igual aos outros, a festa pouco me dizia. Passaria essa tarde como todas as tardes de domingo- no quarto a ouvir os relatos de Futebol. Tudo normal! Os jogos terminariam com o cair da noite, sem nada de novo. Apenas o trivial das tardes e noites de domingo: vitórias, empates, derrotas, bolas que não entram por azar, grandes penalidades por assinalar, toques ou lesões mais ou menos graves. Nada que não aconteça a cada fim-de-semana.

A tarde chegava ao fim. Ainda se ouviam os foguetes e as músicas animadas no lugar. Daí a nada iria terminar a romaria. O tempo de chuva e de frio iria obrigar os foliões a recolher aos cafés do lugar para assistir a mais um jogo de Futebol. Um simples jogo de Futebol. Nada mais. Quando a bola começasse a rolar, um coro desafinado de vozes exaltadas iria discutir as incidências desse jogo que se previa que terminasse sem casos que não fossem os típicos das discussões do costume.

Eu estava no meu quarto. Ia ouvir o relato de mais um Guimarães-Benfica. Ao mesmo tempo, lia algumas revistas enquanto o temporal lá fora se tornava cada vez mais forte, mais medonho. Pairava no ar algo estranho. Era impressão minha! Estava apenas ansiosa. Era da ansiedade. Preparava-me para dar um novo rumo à minha vida. Era natural sentir-me assim.

Os minutos passavam. E o Benfica que não marcava! Mais um mau resultado! Voltava à minha leitura, sem nunca tirar os sentidos do que se passava em Guimarães. O repórter dá conta de uma substituição que se adivinha no Benfica. Ia entrar Miklos Fehér. “Já lá devia estar!”- resmunguei eu mais uma vez. Era sempre assim quando o resultado não agradava e José António Camacho teimava em deixar o avançado húngaro esquecido no banco de suplentes. Mal sabia eu que seria a última vez que desejava a entrada de Fehér em campo e que acreditava que ele iria salvar o Benfica, como naquele jogo com os belgas para a Taça UEFA.

O jogo caminhava rapidamente para o final. Ainda ia entrar o Andersson no Benfica. O repórter comentou que era o último jogo que o médio sueco ia fazer com a camisola do Benfica. Ultimo jogo- essas palavras soaram a algo que hoje me custa explicar. De repente larguei a revista que estava a ler. Sentia algo estranho. Algo que me deixou alerta. Era como se alguma catástrofe, algo de muito ruim estivesse para acontecer. Era a ansiedade, eram os nervos, o golo não aparecia. Não ia acontecer nada de mal. Era eu que estava impaciente e receosa da mudança.

Queimavam-se os últimos cartuxos de um jogo que parecia terminar empatado. Mais dos pontos perdidos! A voz estridente do repórter grita, finalmente, o golo encarnado. Ergo as mãos ao ar e grito efusivamente. Até a chuva lá fora parece ter acalmado. “Quem marcou? Foi o Fehér?”- voltava eu ao meu habitual monólogo sempre que ouço Futebol. Afinal foi o Fernando Aguiar, mas o Fehér é que fez o primeiro remate.

Novamente pego na revista e recomeço a ler. Apesar do golo, estava preocupada com algo. Era o medo de encarar uma vida nova? O jogo estava agora nos descontos. Era anunciada a amostragem de um cartão amarelo a Fehér. Um cartão amarelo, nada de extraordinário num jogo de Futebol em que, não haver cartões, já +e um feito raro nos dias de hoje. Poucos segundos mais tarde, o repórter fala, com alguma apreensão e algum embargo na voz, de um jogador do Benfica que cai no relvado. O outro repórter diz que se trata de Miki Fehér e alerta, quase aos gritos, que a situação é grave pois, de onde ele estava deu para ver que o atleta tinha perdido os sentidos.

Seguiram-se relatos de cenas de extrema tristeza. Jogadores e treinadores choravam compulsivamente. Não tinham acabado de perder a Liga dos Campeões, nem tinham acabado de ser despromovidos. Choravam a dor de perderem um companheiro. Uma derrota sempre se recupera na próxima vez, a vida é só uma e perdê-la é algo irreversível. Nem estava a acreditar no que estava a ouvir. Jamais imaginaria acontecer uma coisa dessas. Sei que estas coisas acontecem. Acompanhei as notícias da morte de Marc-Vivien Foe e de outros atletas. Nunca pensei que acontecesse algo aqui e muito menos com um jogador do Benfica.

Continuava incrédula a ouvir o que se passava naquele estádio em Guimarães. Beliscava-me e esfregava os olhos na esperança de que aquilo não passava de um pesadelo. Iria acordar, olhar em redor e verificar que nada se tinha passado. Não! Não estava a dormir. Estava bem acordada e gritava para mim própria: “Não fazem nada? E se ele morre?” Ainda pensava que se tratava de uma queda de tensão arterial ou qualquer coisa que depois iria passar, porém, continuava mais intenso aquele pressentimento de perigo. O jogo terminara ali. Ninguém queria mais saber do jogo. Esqueceu-se o resultado. Havia uma dura batalha contra a morte que se tinha de vencer.

Corri para a sala a acender a televisão. A chuva e o vento faziam lembrar algo que entristecia e, ao mesmo tempo, assustava. Ainda não se falava em morte, apenas numa situação clínica bastante grave. Nas rádios, as pessoas estavam emocionadas. O tom triste, quase de choro, tomava conta das suas vozes. Médicos especialistas em patologias do coração tentavam explicar as razões da tragédia. Que estávamos a testemunhar. Nem eles encontravam explicações. Apenas se mostravam receosos pela vida de Fehér.

Passaram-se quase duas horas desde o momento em que Fehér caiu no relvado frio e molhado de Guimarães. As imagens eram repetidas e comentadas. O sorriso de Fehér que arrumava o cartão no bolso. Os seus olhos brilhantes não davam a entender que, poucos segundos mais tarde, estivesse ali inanimado com toda a gente a chorar à sua volta e milhares de pessoas a aguardar um milagre, a notícia de que afinal tudo não passou de um susto. A notícia chegou. Vinda das trevas, trazida por uma coruja surgida do temporal. A morte venceu a batalha e Fehér deixou-nos para sempre.

Não estava a acreditar! Aquela noite não estava a acontecer. Perguntava-me a mim mesma porque é que a vida tem de ser assim. Porque é que a morte surgiu assim, sem aviso, num recinto desportivo, num local onde se promove a vida saudável e a alegria.

Reflectia. Afinal também sou desportista e receio sempre que me aconteça algo de grave. Custava-me a aceitar a partida de alguém tão jovem, com tantos planos, tão cheio de vida, tão alegre. Lembrei-me da letra de uma canção dos Trovante e aí achei uma explicação possível para esta morte. Dizem esses versos que Deus leva os que mais ama. Também diz o povo que os bons morrem cedo e que os mais chegam aos cem anos. Sertã que Deus chamou Fehér para junto de Si porque o amava?

É a vida! Temos de a aproveitar e vivê-la com tudo o que ela tem de bom. Não adianta haver guerras e conflitos no Desporto ou em qualquer outra actividade. Devemo-nos lembrar que a vida é muito mais importante do que qualquer resultado desportivo.

Zé e os outros

Para essa noite do dia em que passam três anos sobre a trágica morte de Miklos Feher (ver texto seguinte) estava marcado um jogo particular entre a Académica e o Dínamo de Bucareste (próximo adversário do Benfica na Taça UEFA). A equipa romena tem feito vários jogos de preparação em solo português para preparar o embate com o Glorioso marcado para o próximo dia 14 de Fevereiro.

A entrada para assistir ao jogo era grátis. A noite estava fria, mas havia que aproveitar para observar um pouco destes romenos que nos calharam em sorte.

Estava pouca gente no Estádio Cidade de Coimbra. O frio afastou as pessoas do Estádio. Acomodei-me numa das bancadas cobertas, tal como fez toda a gente.

Algumas pessoas comentavam o mercado de transferências. Ouvi uma conversa por alto que me intrigou. Parece que Paulo Adriano vem jogar para o Guimarães. Sertã verdade? Não acrdito!

Falava-se igualmente de arbitragem enquanto o jogo não começava. Um colega meu disse-me que do Dínamo de Bucareste só conhecia o Zé Kalanga.

Logo aos primeiros toques na bola se percebeu que o jogador angolano Número Onze era a figura central da noite. Os seus calorosos dribles e o seu perfume africano aqueciam a noite fria em Coimbra. Era o delírio nas bancadas sempre que o Zé de Angola tocava no esférico. Ninguém lhe ficava indiferente.

É incrível como algumas pessoas que ali estavam desconheciam os números de jogadores da Briosa. Eu sei-os todos de cor porque estive lá a estagiar e conhecia-os todos.

O jogo prosseguia. Para além do show dado pelo angolano Zé Kalanga, também o guarda-redes que eu não sei quem é, apesar de não me ser estranho, parece ter qualidades. Outro jogador interessante é o Número Dez da equipa.

A Académica chegou ao golo por intermédio de Filipe Teixeira. Poderia ter vencido por mais se Gyano não tivesse falhado um golo certo. Por acaso o Rapaz da Camisola às Riscas é húngaro e também enverga a camisola 29. Em dia de aniversário da morte de Feher isso não passou despercebido aos adeptos nas bancadas.

Momento alto foi a saída de Zé Kalanga do jogo. Ninguém lhe ficou indiferente. Os adeptos já relatavam um eventual encontro entre Zé e Mantorras. Quando Zé saiu (debaixo de um ruído infernal) destacou-se uma voz dizendo: “Obrigado por seres assim!”

Depois da saída de Zé, as bocas iam direitinhas para Sonkaya. Este jogador tinha duas velocidades que aplicava no seu jogo bem pesado e pastoso. Era devagar e lentamente. Os adeptos, no final do jogo, queriam-lhe ir pedir a camisola porque estava pouco transpirada, como nova.

O jogo terminou. Venceu a Briosa por 1-0. O Benfica não terá grande dificuldade em seguir em frente na Taça UEFA.

Havia que regressar a casa. Atravessei a rua na companhia de romenos. Mais adiante um grupo de portugueses fazia figuras tristes na rua falando alto, usando o vernáculo para se expressar. Fui caminhando lentamente até casa para não os alcançar. Deviam estar com os copos!

Choveu durante a madrugada. Eu ouvi. De manhã já estava a temperatura gelada dos últimos dias.

Parece que o investimento espanhol no Beira-Mar está a ser positivo. Se isso implicar a vinda de jogadores de Leste para cá, por mim podem comprar os clubes todos. Vukasin Devic, defesa-central é a mais recente aquisição do clube aveirense.

A manhã- que já estava bem fria- foi marcada por uma pequena avaria na porta de entrada. Enquanto reparavam a avaria sofremos na pele as agruras do frio. Que mau!

Quando saí passaram duas camionetas amarelas e vermelhas na rua. Pensando que era o autocarro, corri desalmadamente. Toupeira dum raio!

Na escola todo o conteúdo de um gabinete estava no meio da rua. Deviam estar a limpar ou mesmo a fazer qualquer tipo de obras.

Tal como aconteceu já no outro dia (ver texto “Se eu mandasse no Futebol”) comecei a pensar que, se me calhasse o Euromilhões, comprava o jogador do Dínamo de Moscovo que se sabe para oferecer por aí aos clubes nacionais. Aliás, só compraria jogadores de Leste. Nada de brasileiros ou argentinos.

Tudo isto veio a propósito do que se diz. Que Derlei pode vir para o Benfica por troca com o Karyaka. Eu não quero que o Karyaka vá embora. O Derlei pode vir, mas o Karyaka tem de ficar e mais nada. Traziam o Derlei da Rússia e também, como eu disse atrás, o Artem Dzuba do Spartak de Moscovo. Emprestavam-no ao Braga que quer contratar outro jogador de Leste. Já fica com um. A não ser que o Braga queira o Delibasic de volta. O Benfica emprestava esse russo ao Braga durante o que resta do Campeonato e ainda ficava com opção sobre o Delibasic novamente que não devia de ter saído do Glorioso. Que coisa mais complicada esta! Não estou a inventar. Há negócios assim confusos.

Na paragem onde ia apanhar o autocarro de regresso ao trabalho, fui a recuar para trás e pisei um casal de idosos que logo se queixaram.

Voltando ao mercado de transferências, o Porto contratou o colombiano Renteria. Sinceramente nunca ouvi falar de tal jogador. Não conheço!

A tarde foi repleta de pequenas estórias engraçadas. Para além da que servirá como “Situação do dia” outras duas merecem destaque.

Era a primeira vez que aquele jovem entrava nas instalações da Piscina. Naturalmente não estava familiarizado com a localização dos balneários. Dei-lhe uma chave de um cacifo azul (masculino). Passado um instante ele veio dizer que a chave não funcionava. Estranhámos porque ninguém mais se tinha vindo queixar de que o cacifo não abria. Podia ter avariado naquele momento. Demos-lhe outra chave e ele veio na mesma dizer que o cacifo azul não abria. Logo na mesma altura vieram alertar que andava um homem em tronco nu no balneário feminino a dizer que o cacifo não abria. Por sorte nenhuma senhora se encontrava lá.

Uma menina de uma escola entrou aos gritos a dizer que não queria ir para a água. Ninguém a conseguia deter. Ela fugia e gritava. Não insistiram com ela, senão era pior e podia acontecer alguma coisa. Enquanto os colegas foram para a água, uma das auxiliares da escola foi com a menina para a rua para ela se acalmar. Até doía o coração de a ver gritar!

E assim se passou mais uma tarde fria. O jogo entre a Académica e o Dínamo de Bucareste faria o programa de mais uma noite. Antes ainda passei pela ACAPO e revi os meus colegas.

Situação do dia:
Quando regressei do almoço vi um saco do Euro 2004 encostado ao caixote do lixo. Fiquei a olhar para ele a pensar que era o meu. Mas eu trouxe o saco hoje para a Piscina? Não é costume. Peguei nele. Era leve demais para ser o meu. Afinal o saco era do meu colega que tinha ido dar umas braçadas. Parece que foi a irmã que também foi voluntária no Euro 2004 que lho deu. Só depois me lembrei que nem sequer ia treinar nesse dia por causa do jogo.

Bacorada do dia:
“Não se pode pôr um ficheiro dentro de uma pasta, mas pode-se meter uma pasta dentro de um ficheiro.” (Ai é?!!!)

Em Tovim

Depois de ter saído da ACAPO, apanhei o autocarro para ainda ir para a Piscina da parte da manhã.

Assim que entrei, notei qualquer coisa no ar. O ambiente estava pesado dentro da viatura. O condutor falava com a Rapariga da Camisola Azul que parecia ir muito chateada. Fiquei atenta ao que se passava ali.

Ela não disfarçava o seu descontentamento. Tentei saber o que se passava. Parece que o nosso amigo Gregório ia num dos lugares perto dela e estava a ser indelicado para com aquela estudante que se ia matricular. Estava mesmo a ofender a moça. É demais aquela criatura! Só sabe ser indelicado, meter-se com as pessoas quando não deve e quando as pessoas não estão minimamente interessadas em lhe passar cartão.

E a Rapariga da Camisola Azul continuava a mostrar a sua indignação para com o comportamento sempre indevido de mister Gregório- que apanhou aquele autocarro porque sim, porque a sua mulher o chateou em casa e porque tinha de ir não sei onde chatear não sei quem. Não digo que ele tinha de ir fazer não sei o quê porque aquela criatura não faz nada de útil na vida. Só faz disparates atrás uns dos outros. É um ser do mais repugnante que há! Ninguém gosta dele. Nem a sua mulher que só casou com ele para não ficar solteira e porque tinha inveja de todas as suas amigas serem casadas e ela não.

O artista começa o dia a dar uma longa caminhada pela cidade. Bem cedo começa a apoquentar pessoal que vem de directas. Pergunta como correu a noite, se a seguir ainda vão para as aulas e por aí fora.

Depois toma um reforçado pequeno-almoço. Raramente bebe leitinho ou cafezinho com doces e bolachinhas. É logo uma refeição à homem mesmo.

Depois regressa à rua para fazer disparates e armar confusão. Certo dia abriu uma enorme cratera num passeio para ver se alguma gaja boa caía lá dentro. A vítima acabaria por ser uma pobre velhinha que ia a passar, movendo-se com o auxílio de uma canadiana e com extrema dificuldade.

É visto com frequência a entrar sem dizer “bom dia” e sem pedir licença na sala de espera para as consultas das grávidas. É o único homem na sala e a sua presença causa, naturalmente, grandes transtornos às futuras mamãs.

Já tem sabotado autocarros, automóveis ligeiros, motos e até bicicletas (é o que ele faz mais).

Foi ao Futebol um dia destes e, em vez de torcer por alguma das equipas ou de chamar nomes ao árbitro, insultava as pessoas que estavam nas imediações de onde ele estava. Deu-se uma confusão tão grande que foi necessária a presença do corpo de intervenção para sanar aquele burburinho.

Já tem rebentado pneus e depósitos de certas carrinhas de transporte escolar só para raptar a mesma funcionária. Parece que Gregório tem uma paixão assolapada por essa rapariga, de quem se diz que tem uns lindos olhos. Ele também acha e é por isso que não a deixa em paz. Quem não gosta é Dona Belarmina que tem sempre o rolo da massa e a colher de pau atrás da porta para cada vez que ouve dizer que o seu caríssimo marido anda pela rua a assediar as mulheres. Ora isso acontece todos os dias e a toda a hora.

Certo dia Gregório andava “à caça” pela rua. Viu duas estudantes bem produzidas e tratou de entrar em acção. Trancou a perna a uma delas e elas caíram as duas no passeio empedrado e lustroso. Como traziam saias curtíssimas, esfolaram os seus delicados joelhos. Gregório desculpou-se que ia a olhar para o ar e nem as tinha visto. Logo se ofereceu delicadamente para “lhes ir desinfectar as feridas”. As meninas não gostaram, até porque ele metia a mão em partes do corpo que nada tinham a ver com as zonas lesionadas. Quem ia a passar na rua era o seu cunhado (irmão de Belarmina) que logo foi bufar para a irmã o que Gregório tinha feito. Escusado será dizer que houve molho quando ele chegou a casa.

Hoje ele ia no autocarro a fazer a enésima vítima. Pobre Rapariga da Camisola Azul! Gregório continuava a assedia-la com conversas porcas mesmo. Inadequadas mesmo para um transporte público.

O condutor do autocarro disse à moça que, se o indivíduo a continuasse a chatear, que pararia o autocarro mesmo fora da paragem e que o punha na rua. A estudante sempre foi dizendo ao condutor que, por enquanto, ainda não havia necessidade de recorrer a esse método.

Rapidamente o autocarro chegou a Tovim (local de prolongada paragem). A rapariga saiu do autocarro para tomar um pouco de ar. Estava passada com a presença inadequada daquela criatura.

Gregório saiu imediatamente atrás dela e o condutor saiu em auxílio da nossa amiga que estava com medo do que ele pudesse fazer.

Foi nessa altura que um indivíduo, do outro lado da rua, o chamou. Vinha a sair do outro autocarro visivelmente etilizado. A Rapariga da Camisola Azul suspirou aliviada quando o viu atravessar para o outro lado. O condutor entrou novamente no autocarro.

Pouco depois o veículo amarelo e branco seguiu o seu curso sem mais incidentes.

Gregório e o seu amigo ficaram em Tovim observando o autocarro a afastar-se. Ficaram a combinar uma jantarada à base de feijoada para essa mesma noite. Belarmina não podia saber que depois iriam para locais pouco apropriados.

Regressei depois no mesmo autocarro. Reparei que a Rapariga da Camisola Azul ia novamente comigo. Que coincidência! Olhei-a. Ela parecia dormir num sono tranquilo, sem mais ninguém que a apoquentasse.

Eu também peguei no sono durante o tempo que o autocarro esteve parado em Tovim. Gregório e o seu camarada já lá não estavam. Ainda bem!

Reza aqui o meu apontamento que tive uma noite em que, não sei porque motivo, senti medo. Medo de quê? Do escuro? Não sei o que se passou. Não me lembro.

Amanheceu um radiante dia de Sol, mas com algum frio. Prometem que as temperaturas vão descer ainda mais. Como irão ver em textos seguintes, isso vai-se verificar.

Fui mais tarde para a Piscina. Logo se passou o tempo e a hora de ir almoçar chegou. Como referi, adormeci no autocarro e nem dei pela sua longa paragem em Tovim. De facto aquela história contada no início do texto foi uma adaptação minha de uma outra que eu presenciei no autocarro.

Foi uma tarde movimentada e com muito trabalho para mim. Graças a Deus! Havia de ser assim todos os dias!

Mal cheguei à Piscina, atendi um alemão louro, a puxar para o ruivo...muito bonito. Não entendia Português e pouco sabia de Inglês. Demorei a entendê-lo.

Recebi alguns recados para transmitir aos principais responsáveis da Piscina. Houve uma altura em que eu tive de tirar quatro senhas ao mesmo tempo. Era um teste ao meu desempenho. Tinha medo que algo falhasse, mas correu tudo bem. Exibi as quatro senhas como se de um valioso troféu se tratasse. Fiquei feliz por ter conseguido!

Nessa tarde concluí a leitura do livro “A Quarta Aliança” do escritor espanhol Gonzalo Giner. Foi um dos livros que me marcou. O primeiro capítulo desta obra é algo que me inspira a fazer um guião. Seria interessante passar a cena inicial desta obra para cinema ou novela. Aliás toda a obra seria interessante para esse efeito. Eu falo só da parte inicial porque estou a ler e estou a visualizar os passos daquele personagem que se prepara para atear fogo à sua comunidade, mata duas pessoas de forma brutal e depois foge enquanto olha para trás e vê a sua comunidade envolta em chamas. Tudo por causa de um medalhão herdado de um seu antepassado que o trouxe da Terra Santa e que pertenceu a uma descendente directa de Isaac.

O facto de a história alternar entre o passado e os nossos dias também é interessante. Sempre adorei histórias escritas assim. A forma como está escrita empolga. Ajuda aqui a perceber o que está em causa.

Foi o primeiro livro que li sobre Templários. Muitos outros se seguirão. Ainda bem que a revista “Sábado” nos proporciona estes livros para lermos de forma gratuita. De louvar esta atitude.

Ainda voltando ao livro, apenas há que fazer um reparo. Os dias do ano de 2004 não coincidem com os dias em que calharam na realidade. A seguir irão ver que o dia 25 de Janeiro, por exemplo, dia tragicamente marcado pela morte de Feher calhou a um domingo. Portanto o dia 23 de Janeiro não podia ter sido a uma quinta-feira, como o livro relata. Um mal menor numa excelente obra literária.

Comecei a ler o segundo livro desta colecção: “O Códice Secreto” de Lev Grossman.

Quando me dirigia para o treino vi nuvens negras no Céu, apesar de já estar a anoitecer. Alguns pingos de chuva caíram. Estava na recepção o funcionário da ACAPO e eu disse-lhe que estava, e passo a citar-me a mim própria “a chover torrencialmente”.

Afinal consegui treinar normalmente. Estava era bastante frio! O treino consistiu em trinta minutos de corrida com quinze minutos de aquecimento (aquecer era preciso naquela noite bem gelada) e os restantes quinze alternados de três em três minutos entre corrida rápida e corrida normal. A restante meia hora foi dedicada a alongamentos e alguma ginástica.

As minhas mãos estavam geladas e dormentes após a conclusão da corrida. Não acredito que tenha congelado! Foi isso que aconteceu mesmo. Não se podia andar na rua já.

Depois de ter terminado o treino é que constatei que tinha uma lesão num pé. Espero que não seja nada de grave.

Situação do dia:
A tarde na Piscina foi, até à data, a mais movimentada. Também foi a que proporcionou, até agora, o episódio mais divertido que se passou comigo. O Rapaz da Camisola Vermelha (infelizmente não é o original) entregou a chave e saiu apressadamente para a rua. deixando ficar o cartão. Eu então encetei uma furiosa perseguição para lhe devolver o documento. Só o fui apanhar quase junto aos centros comerciais. A missão foi cumprida. Regressei ao meu posto com um sorriso nos lábios pela minha atitude.

Bacorada do dia:
“Apareceu o Windsor ou lá o que é...Não gozem...Preciso que me dê umas aulas de Inglês.” (Não precisa. Para além de demonstrar os seus conhecimentos de Inglês, também sabe um pouco da cultura de Terras de Sua Majestade.)

Vou reclamar


Com a “Revolução dos Cravos” que devolveu a liberdade aos Portugueses, parece que se abriu uma tampa de um recipiente quase a rebentar. Tudo saiu cá para fora. Mesmo aquilo que não devia.

Hoje o Povo Português usa e abusa da liberdade que lhe foi dada e comete alguns (para não dizer muitos) excessos. Protesta por tudo e por nada, com ou sem razão, por coisas sérias ou por coisas mesquinhas.

Ontem e hoje assisti a comportamentos excessivos (na minha opinião) de pessoas que viveram durante a época salazarista e que pensam que agora fazem tudo e dizem o que lhes apetece.

Começamos com uma avozinha que levantou a sua voz na Piscina contra o facto de a terem mandado trocar de calçado no corredor para entrar na sala onde as crianças trocam de roupa. São regras e são para toda a gente cumprir, para que todas as condições de higiene estejam reunidas.

Pela forma como a senhora reagiu a essa imposição, até parece que a minha colega lhe teceu um insulto gravíssimo. Nem imaginam a discussão que foi. Eu pergunto: essa senhora nos anos sessenta teria aí uns vinte ou trinta anos. Como é que ela conseguia abafar o seu ímpeto reaccionário?

Pior mesmo foi o deplorável comportamento de uma senhora da mesma faixa etária numa das caixas do Pingo Doce, já perto da hora do fecho do hipermercado. Não sei qual foi o motivo da discórdia porque apanhei o confronto a meio. Só sei que a mulher estava a pedir o nome à funcionária e a ameaçar. A funcionária sempre foi dizendo que “a partir do dia 1 de Fevereiro ela não poderia protestar muito porque os sacos das compras iriam passar a ser pagos”. Depreendi que o motivo da acesa discussão fosse algo relacionado com os sacos.

Calhei a sair do Pingo Doce ao mesmo tempo que ela. Ouvi-a ainda a “rezar” e fui subindo as escadas colada a ela para tentar ouvir o que ela dizia entre dentes. A criatura tecia ameaças e rogava pragas à jovem que a atendeu no Pingo Doce. Entre outras coisas ela ia dizendo que lhe iria fazer a vida negra. Ia a bufar mesmo. Era da maneira que aquecia uma noite que se colocou bem fria.

Hoje cheguei a casa e a lâmpada do meu quarto fundiu-se. Antes de ir treinar, fui ao agente Philips que fica na minha rua comprar duas lâmpadas para colocar quando regressasse.

Não esperava demorar-me tanto como me demorei. A culpa foi de outra (eu até acho que era a mesma do Pingo Doce, mas sou toupeira) criatura que veio para lá com uma retórica por causa de um electrodoméstico que eu estou na dúvida se era um frigorífico ou se era um microondas. Tenho uma ténue ideia de que era um microondas.

Parece que a criatura tinha mandado o aparelho para reparar mas não havia peças para ele naquela altura. O conserto demorou mais. Acho que foi isso. A criatura deixou o senhor da loja passado e ameaçou fazer um protesto junto de entidades superiores. Disse que o comportamento da loja era inadmissível e por aí fora. Até a mim já doía a cabeça só de a ouvir. Tão chata! Se fosse ao senhor colocava-a na rua com um potente pontapé no traseiro. E eu ali à espera que ela acabasse o rosário que parecia equivalente a mil e um terços.

Se eu fosse à mulherzinha fazia uma carta mesmo para Eindhoven (sede-mãe da Philips) a protestar contra o comportamento de uma sua filial em Coimbra. Em Holandês Vernáculo e cheio de ameaças. Ia ser bom, ia.

A minha vontade era também a de lavrar um protesto contra os funcionário da loja pelo simples facto de estarem a aturar a criatura e não atenderem as pessoas. A demora já era considerável. Quem ia escrever para Eindhoven agora era eu a protestar contra os protestos que certa criatura teima em fazer. Tive tanta pontaria que tive a pouca sorte de a encontrar por duas vezes à minha frente em estabelecimentos comerciais. Sempre a protestar e a ameaçar os funcionários.

Mais uma manhã em que o frio e as nuvens marcaram presença. Uma manhã cujo único incidente digno de registo foi a fuga de uma criança muito pequenina que já se ia a meter à estrada, aproveitando a porta aberta. Eu corri para a ir buscar, mas já ia uma funcionária do infantário ao qual ela pertence no seu encalço.

Incidentes na cantina são o prato do dia. O prato, o copo...até tachos e panelas como hoje sucedeu. O barulho de louça a cair foi estridente. As coisas de alumínio fizeram imenso barulho e as coisas de vidro ou de barro partiram simplesmente.

Cheguei à Piscina e ouvi as notícias. No mercado de transferências Ricardo Rocha já partiu para Inglaterra rumo ao Tottenham. Fala-se de um jogador bem conhecido de Fernando Santos para o substituir: o italiano Bruno Cirilo que joga no AEK de Atenas.

Algures no Norte, o proprietário de uma loja fez um apelo curioso aos larápios que lhe assaltaram o estabelecimento: ou devolvem o material roubado, ou vão lá buscar o resto. Não entendi o que ele quer com isto.

A tarde foi calma demais. Quando saí, deparei-me com um belo pôr-do-sol que vou partilhar com todos através da foto que acompanha este texto.

Apesar da demora provocada pelo incidente que serve de mote para este texto, ainda deu para treinar. O treino já tinha de ser obrigatoriamente mais curto, logo deveria também ser mais duro. Assim aconteceu.

Afinal enganei-me! Até teve mais um quarto de hora que, por exemplo, o treino de ontem. Comecei por dar cinco voltas à pista para aquecer. Depois seguiram-se alongamentos e dez séries de sessenta metros. Os tempos registados foram os seguintes:

12.43
11.97
11.81
11.75
11.81
12.00
11-91
12.03
12.25
11.93

Depois de alguns alongamentos e de uma volta para descomprimir, acabei um dos treinos mais produtivos desta época desportiva. Estava bastante satisfeita com o meu desempenho neste treino, com a agravante de ele poder ser prejudicado pelas baixas temperaturas que se faziam sentir. Não foi.

Em casa esperava-me um servicinho daqueles que eu detesto fazer: mudar lâmpadas. Tinha de o fazer apenas com o ecrã da televisão a iluminar. Tirei tudo de cima da mesa e coloquei-me descalça lá em cima para chegar ao casquilho. Tirei também as meias para não escorregar.

A lâmpada escorregou-me das mãos e eu ia caindo. Também saltava para cima da cama repleta de todo o tipo de coisas. Por sorte a lâmpada não partiu. Nessa altura bati o meu recorde de palavrões. De certeza.

Depois de muito esforço, já tinha luz no meu quarto. Podia ir descansar, que bem merecia.

Situação do dia:
De regresso à Piscina o autocarro saltava muito. Parecia um todo-o-terreno que participava no Lisboa-Dakar. Para o ano será este um dos veículos candidatos a participar. De certeza! Estilo não lhe falta. Eu já estava a ver a hora em que o autocarro dava um salto de tal maneira que dava também duas piruetas no ar e caía direito na estrada. Já não achava tanta piada se ele caísse ao contrário. Estava a ver a cara de pânico do pessoal, especialmente dos mais velhos. Estava também a ver que o autocarro não chegaria direito ao seu destino.

Bacorada do dia:
“Os icibergues...” (Os quê??!!!!!!)



Os verdadeiros tesourinhos deprimentes


Não havia nada para fazer em mais uma noite de domingo. Para cúmulo debatia-se o Aborto, ou melhor a IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez) que é a forma politicamente correcta de designar aquilo a que (aqui na minha santa terrinha) popularmente chamam “desmancho”, “botadela de barriga” ou mais eufemisticamente “maneira mais rápida de criar um filho”.

Chamem o que chamarem ao acto de matar um Ser Humano em gestação, isso já me chateia e eu tento fugir para longe cada vez que esse circo nos é servido nos media.

Refugiei-me na escuridão do meu quarto, onde nada havia para fazer, enquanto esperava que aquele falatório acabasse e começasse o “Gato Fedorento”. O meu rádio não lê CD’s por estar com um problema. Foi então que decidi sacudir o pó a algumas cassetes áudio que tinha na estante e que continham coisas variadas. Era uma espécie de recordações de anos idos em que eu comentava algumas coisas e inventava histórias engraçadas das quais me ria profundamente. Hoje não entendo nada daquelas conversas da treta. Com os anos perderam o contexto e os protagonistas foram apagados da minha memória e substituídos por outros.

Ali estavam os instrumentais e separadores usados nesses projectos de programas cómicos que só tinham piada para mim. Desde Junho de 1995 e até Janeiro de 2000 fazia dessas gravações em que lia “Os Maias” em homenagem à minha professora de Português (criatura por quem eu não morria de amores).

Um velho tema de Leandro & Leonardo estava entre as minhas piadas acerca de um episódio passado anos antes e que conduziu à detenção do Presidente do Marselha Bernard Tapie. Esse episódio veio à baila por causa de um jogador russo que alinhava no Alverca à data da gravação. Jogou contra o Marselha naquele jogo em que Tapie ordenou que se desse um chá com efeito tranquilizante aos jogadores do CSKA de Moscovo.

Tirei outra cassete à sorte. Esta continha um debate feito entre os alunos da nossa turma sobre a co-incineração. Um assunto mais sério. Outra ainda continha uma gravação completa de 6 de Julho de 1997. Uma gravação em que eu mostrei os meus horríveis dotes musicais ao tocar uma flauta daquelas que se levam para as aulas de Educação Musical no Preparatório. Parece que a tinha encontrado e resolvi tirar-lhe o pó de dentro.

Outra cassete ainda continha, apenas e só, alguns temas musicais para um pequeno filme que fiz para o Atelier de Televisão. Tinha vários temas. Um deles era uma excelente música da espanhola Rosana intitulada “Contigo”. Não foi usada nesse filme mas é uma das minhas favoritas. Convém referir que quando entreguei o trabalho final ao professor troquei as cassetes vídeo e entreguei-lhe o filme sem músicas. Foi pena porque ele estava um espectáculo. Lembro-me que começava com o tema “Everyday I Love You” dos Boyzone e terminava com um tema do alemão Sasha cujo título não me recordo. Tinha ainda o tema da Fafá de Belém “Entre A Luz E A Escuridão” e um outro tema mais ritmado que eu não sei quem canta e que se chama “My Heart Goes Boom”. Este último tema era a banda sonora de uma cena já gravada ao anoitecer ao pé do Pingo Doce, naquela rua. Eu percorria a rua entre as luzes dos carros que já estavam acesas e ia colocar uma carta (que na vida real não passava de apontamentos) ao marco do correio que lá existe. Estava demais o filme que foi completamente idealizado e protagonizado por mim. Apenas contou com a ajuda de uma colega e do técnico de montagem da escola. Um dia ainda o passo para formato digital. Adoro aquilo!

Eu não sei ao certo quantas cassetes áudio tenho. Apenas passei algumas. O debate sobre o aborto terminava e o “Gato Fedorento” ia começar. Se eles vissem ou ouvissem os “Tesourinhos Deprimentes” que eu para aqui tenho...

Terminado o “Gato Fedorento” tratei de arranjar as coisas para rumar a Coimbra no dia seguinte. E se os meus “Tesourinhos Deprimentes” estão em cima de uma estante e não dentro de uma arca como os deles, esperem que ainda não viram nada. Nem eu!

Foi também de dentro de uma arca- de onde julgava que nada de extraordinário pudesse sair, para além de confortáveis camisolas de lã- que saíram aquilo a que eu chamo, não “Tesourinhos Deprimentes”, mas sim “Tesourinhos Lamentáveis”. Revolvi o fundo da minha arca da roupa e retirei de lá uma camisola branca. Qual não foi o meu espanto ao verificar que a camisola só tinha uma manga e vinha cheia de lã de outras cores! A outra manga estava feita em pedaços à conta dos dentes pequenos, mas destrutivos, dos ratos. Nem imaginam o quanto eu fiquei nervosa!

Dei um berro pela minha mãe que acordou sobressaltada e assustada a pensar que era outra coisa. Afinal já não era cedo e a minha vontade de ir dormir desapareceu naquele instante. Toda uma arca de camisolas quentes estava danificada.

Retirei tudo de lá de dentro a um ritmo possesso. Estava furiosa e maldizia o criador de tão prejudiciais seres como os ratos.

Como tenho estado desempregada e tenho estado em casa ao longo de dois anos e o ano de 2004 foi passado, em parte, em Miranda do Corvo (para onde não levei muita roupa porque ia comprando alguma e existia lavandaria) e no hospital onde só o pijama era preciso, não remexia no fundo daquela mala. Em casa vestia a roupa do armário que é a que já não serve para sair.

Vivo em pleno campo e os ratos são frequentes ali. Além disso, o meu quarto fica fechado durante a semana e eles fazem o que bem lhes apetece. Se eu lá estivesse todos os dias eles seriam menos ali porque se assustariam com luzes acesas até de madrugada e rádios ligados, nalgumas vezes com o volume bem elevado. Os melhores gatos que tínhamos para caçar morreram e hoje são apenas três que não fazem mais nada senão comer ração e andar à bulha.

O resultado de tudo isto é um monte de camisolas esburacadas atiradas para o chão com alguma mágoa. Como são horríveis os ratos!

Já me deitei bastante tarde por causa dessa brincadeira e tinha de me levantar bastante cedo para ir até Coimbra. Pouco dormi. A cena da roupa roída não me saía da cabeça.

O Céu estava bastante nublado. Ia na camioneta, achei as nuvens tão engraçadas e tirei a foto que acompanha este texto.

Depois de ter saído daquela selva que é o autocarro 29 à segunda-feira de manhã, submeti-me às agruras da chuva gelada que caía na rua sem dó nem piedade das pessoas que foram surpreendidas e não traziam chapéu.

Cheguei à Piscina. Ia para me sentar numa cadeira daquelas que deslizam e ela fugia-me. Ia caindo. Começava bem a semana de trabalho para a minha pessoa! E continuou sob o signo do disparate.

Enganei-me no código de uma escola. À segunda-feira as escolas que têm aulas têm nomes parecidos e que suscitam bastante confusão. Uma coincidência. Também o computador andava demais a registar os cartões. Em vez de ler os códigos de barras, escrevia uns caracteres estranhíssimos. E assim se passou mais uma manhã de segunda-feira.

Na escola havia uma circulação anormal de gente. Haveria certamente algum evento.

O Céu ameaçava desabar sobre quem andava na rua, mas escapei de molha certa.

Ao contrário do que aconteceu da parte da manhã, a tarde decorreu dentro da normalidade. Nada a dizer sobre o assunto.

Foi ainda sob a ameaça de chuva que decorreu o primeiro treino desta semana. Rolei durante meia hora. Os primeiros quinze minutos foram para aquecer e os segundos repartiram-se entre cinco minutos rápidos, cinco de corrida normal e outros cinco de corrida mais rápida. Dez voltas dadas a uma pista de fora.

Não chovia e eu pude concluir o apronto com os já indispensáveis alongamentos. Ao fim de uma hora fui tomar banho.

À porta do Pingo Doce estava um cão. Iria fazer compras? Que tipo de produtos compraria? Alimento para cães?

Quem sabe se o animal não teria mais civismo que certas pessoas que lá estavam à mesma hora e que discutiam e mandavam vir, prejudicando as pessoas que estavam atrás (ver próximo texto sobre esse assunto).

Por falar em discutir. Parece que nas imediações da minha casa havia também uma acesa discussão em que o uso frequente do vernáculo atroava os ares daquela noite fria de Janeiro. Noite em que me sentia completamente exausta e fui dormir mais cedo. O frio era muito também.

Situação do dia:
Mais uma história daquele autocarro em que eu não tenho outro remédio senão apanhá-lo para Celas. A certa altura nem conseguimos mover sequer um braço. Tive o azar de me calhar em sorte como companheiro de viagem um velhote que ia, certamente, para o hospital. O velho nada fez. Eu é que saía primeiro que ele e ele não se conseguia arredar, até porque estava muita gente encostada à porta da frente. Eu também iria sair pela frente. Impossível sair por trás. Com a minha tralha às costas, era impossível mexer-me ali. Ia então a sair, desequilibrei-me, caí para cima do velhote e agarrei-me a ele com toda a força. Vejam lá! Agarrar-me a um velhote aí de uns oitenta anos. Ainda se fosse um homem todo bonzão!C

Bacorada do dia:
“Eu gosto é quando é Alf 4.” (Eu também adorava ver o Alf. O Alf 4 já não vi.)

Eu tinha uma fé que Mantorras ia marcar

Falar de Pedro Mantorras é falar de alguém muito querido no seio da família benfiquista.

O avançado angolano sempre foi muito acarinhado pelos adeptos praticamente desde que chegou. Houve mesmo quem o comparasse com Eusébio, o “Pantera Negra” e depositasse grandes esperanças nos seus golos milagrosos.

Só que a vida pregou uma grande partida à nova pérola africana do Benfica. Uma maldita lesão num dos joelhos comprometeu bastante o seu desenvolvimento enquanto jogador e colocou mesmo em risco a continuação da sua auspiciosa carreira.

Mantorras não se deixou fintar por esse Destino cruel e lutou bastante para continuar a fazer aquilo que gostava. O prazer de jogar a bola está-lhe nas veias. Seria uma pena esse prazer ser destruído assim.

Ao fim de uma longa paragem, Mantorras regressou aos relvados. Foi aplaudido como nunca e assim passou a ser a partir dessa altura. O jogador não terá o mesmo rendimento. Muito se tem dito e escrito a esse respeito. O facto de estar no banco e entrar já com os jogos a terminar leva a pensar que é isso que acontece. Até porque o jogador, assim utilizado como “arma secreta” acaba por ser decisivo para a equipa. Os seus golos nos finais das partidas acabaram por ser de importância extrema para a conquista do título na época 2004/2005.

O jogador mortífero regressou este domingo num jogo a contar para a Taça de Portugal. A vítima foi a União de Leiria que já contava com um prolongamento. O jogo estava empatado a uma bola.

Não sei o que tinha. Estava ansiosa para que Mantorras entrasse para resolver um jogo que estava difícil. Via os minutos a passar e nada de Fernando Santos colocar o angolano em campo para trazer outro perfume ao futebol do Glorioso.

E Mantorras entrou com o jogo já a caminhar a passos largos para o final. Haveria ainda tempo para um golo que permitisse ao Benfica seguir em frente na Taça de Portugal? Com Mantorras já a bailar na área podia haver um milagre. Algo me dizia que sim. Que Mantorras iria resolver isto.

Pouco tempo passou. O jogo estava no final e o coração encarnado explodiu. Foi Mantorras, o autor do golo. Pois claro! Não podia ser outro.

Eu adivinhei que o jogador angolano iria marcar naquele jogo. Não me perguntem porquê. O meu sexto sentido dizia-me isso.

Foi um domingo marcado pela Taça de Portugal. Mas nem só de Futebol viveu este domingo. Antes andei a ver as novidades em termos de equipas holandesas de Ciclismo para 2007.

De entre inúmeras novidades destaco a transferência de Alain Van Katwijk para a Van Vliet e a passagem do nosso amigo Frank Kwanten para director desportivo da Crolstone. Equipa que já não tem nas suas fileiras Dick Dekker. Que pena! Agora onde é que o encontro?
Julian Smink (amigo do Alain) ainda não tinha arranjado equipa. A Van Vliet (equipa que costuma abastecer a Rabobank Continental) perdeu imensos ciclistas e fez uma equipa quase do zero. Ah! Sebastiaan Langeveld foi mesmo para a equipa principal da Rabobank, apesar de ainda ser bastante jovem.

Mas foi mesmo a Taça de Portugal que marcou um domingo desportivo às direitas. Num jogo que opôs a Briosa ao Leixões Dame foi expulso.

O mercado também continua agitado. Diz-se que o croata Ivan Klasnic pode ser reforço para o Benfica. Vamos a ver! Seria bom o Glorioso ser reforçado por um jogador de Leste para não ser só com brasileiros.

O Lisboa-Dakar chegou ao fim. Parece que o francês Sebastien Loeb foi o vencedor e que os portugueses se portaram lindamente. Quanto aos nossos representantes que se meteram à aventura ao volante de uma choça velha gentilmente cedida pela Transdev- Centro, o objectivo foi cumprido. O veículo foi deixado algures no deserto e os jovens regressaram a casa sãos e salvos. Tal como da primeira vez em que estiveram em África, eles chegam cheios de histórias engraçadas para contar.

Para o ano está prometida a nossa participação com cinco choças velhas da Transdev- Centro, um expresso da Rede Expressos, uma camioneta que se encontra há anos estacionada numa oficina da Moita e que já está comida pela ferrugem, dois dos piores autocarros dos SMTUC que circulam pela cidade e (novidade) uma carrinha de transporte escolar de um estabelecimento de ensino da Região Centro. Este último veículo será conduzido por duas funcionárias de escolas da região que se queiram candidatar a mais esta aventura. As interessadas só conhecerão o resultado da selecção no dia 30 de Dezembro de 2007 à boa maneira lusitana. Os pilotos dos restantes veículos serão escolhidos de entre os atletas que se portarem pessimamente ao longo do ano de 2007.

E assim foi passado mais um domingo. Novas aventuras e desventuras esperam por mim e pelos que me rodeiam ao longo de uma semana em que o mercado futebolístico volta a estar em destaque.

Situação do dia:
Durante a semana as histórias curiosas sucedem-se e eu apenas tenho conhecimento delas quando regresso a casa. Há em Janeiro uma festa chamada Santos Mártires ou Calvos (estou na dúvida). O meu vizinho faz uma excursão para lá, independentemente de o evento calhar ao domingo ou a outro dia da semana. Parece que há lá uma feira onde se vende de tudo. O meu vizinho comprou duas enormes sacas com figos secos. Ainda por cima, parece que uma delas não era para ele. Tinham-lha mandado trazer. O meu vizinho chegou a casa e colocou as duas sacas em cima da mesa do terraço. Quando foi, no dia seguinte, para ir levar uma das sacas a quem lha mandou trazer constatou com assombro que as sacas tinham desaparecido. Ainda perguntou à mãe se ela as tinha guardado. Esta respondeu que nem sequer as tinha visto. Roubaram-lhe as sacas dos figos. Terão sido os larápios dos vizinhos de cima.

Bacorada do dia:
“Faço Errar e depois?” (Winrar)

Um combustível chamado música

Fim-de-semana é sinónimo de ir até casa. A não ser que tenha provas desportivas, passeios, festas ou outro tipo de eventos que me façam ficar por Coimbra. Não foi este o caso. Lá tinha eu de colocar a mochila às costas e meter-me ao caminho.

Depois de apanhar a camioneta até Anadia, há que ir a pé até Vale de Avim. São ainda uns seis ou sete quilómetros que tenho de fazer sempre que o dia está de feição, como era o caso. Assim poupa-se algum dinheiro em viagens de táxi.

Tive naquele dia de Sol de Janeiro uma ideia luminosa...quer se dizer...sonora. E se eu fosse a ouvir música pelo caminho? Era uma boa solução para ir aproveitando o tempo, de modo a que o percurso pareça menor.

Assim fiz! O tempo realmente pareceu ter passado mais depressa. O caminho passava por mim sem que eu me desse conta que tivesse passado.

No entanto, a estrada mais estreita da Moita obrigava a precauções extraordinárias. Tinha de estar mais atenta ao trânsito para não ser surpreendida. Quando pressinto a passagem de um veículo, tenho de me encolher o mais que posso junto ao muro.

Já trazia os pés molhados de pisar nas ervas junto ao cemitério da Moita. E que importava isso? Ia na boa e nada nem ninguém me conseguiria deter.

Junto ao local onde esteve a estátua do Poeta Cavador tive de parar. A pilha chegou ao fim do seu tempo de vida. A música parou e eu também

Feita a troca de pilha, aguardava-me mais cerca de meia hora de caminho até casa. Havia combustível para isso. A música fazia-me andar.

O dia estava fantástico e convidava mesmo a dar uma volta. No meu caso era uma volta necessária porque tinha de ir a pé para casa.

Foi um dia sem história. Tal como acontece durante o fim-de-semana, aproveitei para redigir alguns textos para o blog. Nada mais!

Situação do dia:
Num dos dias desta semana a minha mãe surpreendeu o gato Mong a dormir...na estrada. Que continue que é seguro e confortável.

Bacorada do dia:
“Para simplicificar...” (Complica-se ainda mais.)

Tuesday, June 12, 2007

Alentejo 2057

Amareleja- 9 de Agosto de 2057.

São cerca de duas da tarde. Naquela paisagem amarelada pela intensa seca que se tem feito sentir não se sente um único ruído. As árvores já murchas de sede abanam as suas folhas secas através de uma brisa abafada que torna o calor ainda mais sufocante.

Nem um ser vivo passa por ali. Apenas as plantas testemunham o intenso inferno em que esta região se transformou, de há uns anos a esta parte, quando os termómetros foram estabelecendo diariamente novos recordes de temperaturas máximas.

Nesse dia, um novo recorde foi estabelecido. O termómetro registava uns incríveis 54.7 graus centígrados. Meu Deus! Onde será que isto vai parar?

O local onde, em tempos, existiu uma antiga fonte está agora transformado num buraco que os meninos desconhecem para que serve. Para eles serve para jogar ás escondidas nos poucos dias em que o calor dá tréguas.

São bem idosos, os habitantes da Amareleja dos anos 50 do século XXI. Os jovens emigraram ou deslocaram-se para oLlitoral á procura de uma vida melhor e, sobretudo, de melhores condições climatéricas.

Há muito que a terra não produz um único grão. Os animais morrem todos os anos de fome e de sede. A água chega do Norte (sobretudo do Douto Litoral) em enormes recipientes e é armazenada em divisões frescas e enormes arcas frigoríficas. Destina-se à Agricultura, á higiene e ao consumo diário de pessoas e animais.

Que dar a comer a bois, cabras e ovelhas? Chegam enormes carregamentos de cereais vindos de outras paragens. Há muito que foi decretado o estado de calamidade na região.

Não muito longe da vila alentejana, arde há seis dias um incêndio como não há memória em Portugal. O vento abafado e o calor sem tréguas alimentam aquele inferno vivo que já tirou a vida a 80 bombeiros e consumiu uma pequena aldeia. Dirige-se agora para outra e ninguém consegue fazer nada. Não existem recursos hídricos nas proximidades.

Dizem que o fogo foi provocado por uma trovoada seca que se abateu sobre a região. Tem sido normal nos últimos tempos este tipo de tempestade que tem uma curta duração, mas que destrói sem dó nem compaixão o que levou anos e trabalho a construir.

Um celeiro desapareceu sem deixar rasto naquele fatídico dia 3 de Agosto de 2057. António Estorninho era o seu proprietário e lá guardava tudo o que era necessário para fazer face à seca. Enormes recipientes com água, milho, trigo e aveia desapareceram num espaço muito curto de tempo.

Nem uma gota de chuva caiu durante o temporal. Apenas um calor abafado e um Céu anormalmente negro com um sol incrivelmente escarlate anunciavam a desgraça.

O Céu deixou de ser azul para as bandas do Alentejo. Ganhou um tom alaranjado. Um tom de fogo infernal.

A vila parece dormir a sesta naquele forno sem fim. As suas casas brancas, com as paredes comidas pela seca, albergam as poucas pessoas que ali resistem ao calor e que se procuram proteger como podem.

Dona Lurdes tenta descansar um pouco. Fazer o quê com quase cinquenta e cinco graus de temperatura? Uma ventoinha a grande velocidade irrompe no silêncio em que mergulhou a sua casa, há anos transformada num braseiro.

O telemóvel toca. É o seu filho que emigrou para a Holanda em 2021. Diz à mãe que os diques da cidade onde vive rebentaram com a força das inundações que há seis dias fustigam o País. Algumas vilas e mesmo cidades estão intransitáveis.

Acontece a mesma coisa na Hungria, Eslováquia, Polónia, Áustria e noutros mais países do Norte e Centro da Europa.

As autoridades austríacas classificaram mesmo esta inundação como sendo a pior de sempre. Não há registo de um fenómeno tão devastador no País. Contabilizam-se já 2100 mortos e milhares de pessoas continuam desaparecidas. Os prejuízos materiais são mais que muitos.

Dona Lurdes ouve estas coisas horrorizada. Se a água mata e destrói noutras paragens, ali a falta dela está a acabar com todos os seres vivos da região. A sua sementeira de trigo morreu de sede e os seus bois morreram desidratados um dia destes em que o calor não se podia aguentar. Que restava a Dona Lurdes?

Com lágrimas nos olhos, discou o número da filha que vivia em Caminha. Foi para lá porque não aguentava as altas temperaturas no Sul. Com voz de desespero implorou para que a filha a deixasse passar unis dias em sua casa, até que a temperatura baixasse,

Idalina, a filha de Dona Lurdes ouvia a mãe emocionada e imediatamente atendeu ao seu pedido. Por ela correria agora mesmo para a Amareleja e resgataria sua mãe das agruras do calor e da seca.

Imediatamente se pôs ao caminho para apanhar a temperatura mais baixa quando percorresse já as estradas do Sul, onde o alcatrão derretido pelo intenso calor dificulta a circulação. Pelas suas contas estaria de noite em pleno Alentejo.

Dona Lurdes enfiou vagarosamente os seus poucos pertences num enorme saco de viagem. Ia chorando por se ver obrigada a fugir da terra onde sempre viveu, devido ao enorme braseiro em que a incúria do Homem a transformou. Ela reflectia e ia pensando no futuro da sua terra, no futuro do Planeta inteiro. Meu Deus! O Homem está-se a destruir a si próprio e aos seus semelhantes.

Enquanto pensava, grossas e quentes lágrimas rolavam do seu rosto e caiam imóveis sobre os lençóis da cama que estava prestes a deixar feita até ao dia em que pudesse regressar. Se é que algum dia pudesse regressar à sua Amareleja do seu Alentejo amado.

Voltemos ao nosso presente. Estamos em Coimbra e é dia 19 de Janeiro de 2007. O termómetro da farmácia do centro comercial terá avariado? Andará passado da tola? Já marca quinze graus e pouco passa das oito da manhã.

O dia está agradável. O Céu até está azul e tudo. Mais uma vez, acordei a rir e não me lembro de quê. Já é a segunda vez esta semana que isto me acontece!

De manhã na Piscina fui a tirar a carteira de um aluno de um cacifo e caíram uma data de chaves com a força. A carteira estava trilhada. Lá tive eu o trabalho suplementar de arrumar todas aquelas chaves no sítio. O resto da manhã decorreu sem incidentes de monta considerável.

Tivemos sorte em Tovim. Mudámos para o autocarro que ia à frente do nosso e que estava prestes a seguir. Isso levou a que eu me despachasse. Era bom que isso acontecesse todos os dias!

Na cantina (que novidade!) voltou a haver um copo partido.

Os autocarros estavam com vontade de contribuir para que eu me despachasse. Depois de não ter demorado em Tovim, o autocarro ainda parou mais à frente de onde estava a paragem. Menos uns metros que eu tinha de andar, logo menos tempo dispendido, logo me despacharia ainda mais.

Cheguei cedo! A tarde iria ser tranquila.

De regresso a casa, outro autocarro fez questão de não parar na paragem. Se calhar porque ela não estava no sítio por causa das obras. Obras essas que eu, sem querer, boicotei. Passei por cima de um passeio acabadinho de arranjar. Os trabalhadores começaram a discutir comigo e eu segui como se nada fosse.

O treino, esse sim, foi repleto de situações rocambolescas. Para começar, esqueci-me dos calções. Apenas vesti as calças de treino sem eles por baixo. Vesti a camisola ao contrário também. Distracção a toda a prova.

Não acendem as luzes todas daqueles corredores. Umas raparigas que passavam ao mesmo tempo que eu pelo corredor escuro assustaram-se com a minha presença. Mas sou assim tão horrível?!!

O treino começou com quatro voltas de aquecimento concluídas em 11.52.10 minutos. Depois de alguns alongamentos fiz três acelerações de um minuto com cinco minutos de intervalo entre elas.

Depois de mais alguns alongamentos e de uma volta de descompressão, dei por terminado um apronto que durou uma hora e dez minutos, mais o tempo que andei á procura do cronómetro que ficou em cima do banco.

À saída avistei duas ambulâncias junto à Igreja de S. José. O que terá acontecido? Nem fiquei ali especada. Fui directamente para casa. Estava á porta mais um fim-de-semana.

Situação do dia:
Já tinha almoçado e preparava-me para arrumar o tabuleiro no carrinho. A certa altura senti o tabuleiro deslizar das minhas mãos. Era a empregada que o puxava pelo outro lado. Mais um valente susto!

Bacorada do dia.
Antes de antigamente era um ano…” (Alguém percebeu esta frase?!!!)

Ir à farmácia com estas obras faz-nos mesmo doentes

As obras nas ruas de Coimbra irritam-me! Apesar de serem um bem necessário para a manutenção das ruas da cidade em óptimas condições, os grandes transtornos por elas causados enervam.

Na Avenida Humberto Delgado decorrem obras que nunca mais têm fim á vista. A paragem do autocarro foi desviada e existem buracos de um perigo incrível para quem vê mal e chega do trabalho ao anoitecer.

E para ir à farmácia?!! A estrada tornou-se irreconhecível e cheia de obstáculos. Volto a recordar que era de noite!

Tive de ir quase a rastejar e com as mãos no chão poeirento. Tive mesmo de me sentar no chão para saltar um degrau no passeio que eu julgava mais alto. Foi demais. É que eu arriscava-me a ir à farmácia aviar uma receita de gotas para os olhos e iria acabar por comprar qualquer coisa para as escoriações e esmurradelas se eu caísse por ali fora.

Estas obras deixam-me doente!

Se o termómetro estava certo, Coimbra já registava uma temperatura de 13 graus ás oito e um quarto da manhã. Nem parece que estamos em Janeiro. Não é nada normal registarem-se estes valores. O Céu veste-se de um cinzento claro. Nem chove, nem faz frio.

A manhã de trabalho decorreu normalmente. Parece que houve, no entanto, um problema qualquer com o computador. Nada de muito grave.

No autocarro é que havia alguém que não estava calmo. Aliás, era na rua e não dentro do autocarro. Era na paragem. Parece que uma passageira deixou ficar a carteira dentro de um autocarro. Desesperada, mandava parar todo o veículo que fosse amarelo e branco. Nada da carteira! Lá ficava ela, com o desespero estampado no rosto, à espera que outro autocarro passasse e lhe tivessem guardado a carteira. Acontece!

No Alentejo são as ambulâncias que têm acidentes graves. O resultado do sinistro saldou-se mesmo em alguns mortos entre doentes que eram transportados para consultas. Isto fez-me lembrar um acidente que eu presenciei há sensivelmente um ano atrás aqui mesmo em Coimbra.

Uma ambulância com riscas azuis vinha com toda a velocidade nas ruas da Baixa. Tinha bastante urgência em passar. Outra ambulância com uma risca vermelha vinha devagar. O seu destino era uma clínica ali perto, onde iria levar um doente de volta a sua casa.

Os dois veículos cruzaram-se na rua. Para dar passagem á ambulância da risca azul, a ambulância da risca vermelha galgou o passeio e atropelou uma rapariga que vinha a sair do trabalho. Os gritos dela chamaram-me a atenção e corri para o local, onde acorreu também imensa gente ávida de espectáculo. É assim a natureza humana! Parece que a ambulância pisou com a roda traseira o pé da moça. O curioso foi que a mesma ambulância que lhe causou o ferimento foi a mesma que a transportou ao hospital.

Vale e Azevedo também estava na ordem do dia. Deixem adivinhar o motivo: mais um processo em que o ex-presidente do Glorioso se encontra envolvido com réu. Adivinhei! Não aceito propostas para consultas. Desta vez o advogado está a ser vítima de um arresto de bens. Em causa está uma moradia adquirida na Grã-bretanha. Só falcatruagem!

A tarde de trabalho passou calma e sem nada a assinalar de relevante.

O treino também não teve grande história. Apenas andei a rolar durante trinta minutos e fiz os alongamentos da praxe durante outros trinta. Nada mais!

Nessa noite passava na televisão um programa sobre as mudanças climáticas no nosso planeta. Nem a propósito! Parece que daqui a cinquenta anos Portugal vai viver sob seca intensa, especialmente no Alentejo e Algarve onde as temperaturas quentes se vão tornar quase insuportáveis.

Por falar em altas temperaturas, em África os nossos pilotos que participam no Lisboa-Dakar continuam a percorrer o deserto naquele veículo que toda a gente que lê este blog sabe.

Situação do dia:
Sabem qual é o cúmulo da infracção ás regras da estrada? É um idoso de canadianas a atravessar lentamente a passadeira quando o semáforo ainda está vermelho. A referida criatura foi premiada com a buzinadela do dia emitida através de um táxi.

Bacorada do dia:
“O senhor ainda não pôs a gaita a tocar!” (Expressão tipicamente lusitana que quer dizer bastantes coisas, algumas delas bastante maliciosas. Neste caso apenas significava que o condutor do autocarro ainda não tinha ligado o sinal sonoro que anuncia as paragens)

Monday, June 04, 2007

Rio-me de cada coisa!

É impressionante como só nos rimos do mal. Eu então sou demais nesse capítulo. Arreganho-me toda se cai alguma coisa e parte, se alguém se estatela no chão, se alguém faz algum disparate...

Dizem os entendidos que nós rimo-nos daquilo que é estranho para nós. Eu devo então ser uma criatura do mais estranho que há. Uma criatura para quem tudo é estranho.

Rir-me de situações embaraçosas é mais forte que eu e, por mais que eu evite rir-me, sempre me vou rindo com cada vez mais intensidade. Rio-me dos outros e rio-me de mim mesma. Dos meus disparates.

E pergunta o eventual leitor que se dá ao trabalho de consultar o meu blog: a que propósito vem isto agora? Apeteceu-me. Tenho de inventar alguma coisa para preencher este texto.

O que fez com que o tema hoje fosse o riso foi, imagine-se, mais um copo que partiu na cantina. Se nos rimos do que é estranho, eu não me deveria rir já de loiça partida na cantina. Já é habitual. O que é certo é que me ri. De tal maneira que até me engasguei porque estava a beber água.

E nem pensem que fui só eu que vibrei com o som estridente do copo a partir. Houve um forte aplauso na cantina e também algumas risadas. Mas que piada tem um copo a partir? Eu também não sei. Rio-me até mais não poder e não sei explicar porque me rio.

Das coisas boas o pessoal como eu normalmente não se ri. A desgraça é o maior veículo de humor. Eu sou assim e muita gente também é.

Se eu fizer um esforço e me recordar das coisas que me fizeram rir na vida, constato que quase todas têm a ver com desgraças dos outros ou minhas. Ora reparem:

Ia a atravessar a passadeira ao pé da Residência dos Combatentes. Houve um carro azul que parou para eu passar. O motociclo que ia atrás desse carro não travou a tempo e a motoreta quase se enfiou pela traseira do automóvel. O resultado foi uma queda aparatosa do motociclista. O dono do carro perguntou ao dono da moto se ele se tinha magoado. Ri-me imenso. Quando regressei estava o dono da mota a tentar dar-lhe um jeito para prosseguir.

A situação mais insólita que vi durante uma aula e que me fez rir mais foi esta: a aula era no auditório da ESEC que estava às escuras para vermos uns diapositivos com imagens para interpretarmos. O aparelho que serve para reproduzir os diapositivos estava apoiado num tripé que, por sua vez, estava em cima de um degrau. A professora acabava de colocar mais uma imagem para analisarmos, mas o aparelho caiu no chão sem que ninguém lhe tocasse. Mais: ficou a fazer um barulho estranho. O auditório ficou completamente às escuras e a professora deu um grito bem histérico para que acendessem as luzes depressa. Eu fui às lágrimas de tanto me rir. Chegou um técnico dos recursos audiovisuais e um colega meu disse que tinha sido ele que tinha deitado aquilo tudo ao chão porque a comida lhe tinha caído mal.

No mesmo ano, na sala de computadores, uma professora que ia aos arames com os telemóveis que tocavam na aula ensinava pacientemente algo a uma colega nossa. O tom calmo dela durou até tocar um telemóvel. Ela logo se alterou radicalmente e começou aos gritos e ia para começar a dizer que destruiria o telemóvel que estava a tocar. Só que um colega meu disse-lhe que o telemóvel que tocava era o dela. Embaraçada e sem saber o que dizer, ela desculpou-se dizendo que se esqueceu de desligar o aparelho. Risada geral dos alunos e um pouco de troça.

Da ESEC passamos para uma sala de aulas, também ela com computadores. Desta vez a cena passa-se na ACAPO. A aula decorria normalmente quando ouvimos uma coisa esquisita e muito cómica. Tinha sido uma colega nossa que tinha espirrado. Parece que a aula acabou por ali. Ninguém aguentou mais de tanto rir. Eu estou em condições de garantir que nunca me ri tanto na vida. No dia seguinte fui fazer exames médicos para o Desporto e todos os músculos abdominais estavam duros e doridos. Perguntaram-me o que se passou e eu disse que foi de me rir até à exaustão.

Nos últimos Campeonatos Nacionais de Atletismo em que e estive presente ia a lançar o disco. Era mais gente a lançar e eu trazia uma camisola preta para não arrefecer. Quando era a minha vez de lançar tirava a camisola. A certa atura tirei-a e tive tanta pontaria que a coloquei logo em cima de todos os discos que eu ia para lançar. À hora de lançar não aparecia nenhum. Era estranho! Eu comecei a discutir com os juízes, a dizer que algo se passava. Fui a levantar a camisola e lá estavam os discos debaixo. Foi demais em termos de riso!

Em 2004 tínhamos uma gatinha chamada Teka. Na atura ela cabia na palma de uma mão, mas o seu efeito destruidor era impressionante. A minha mãe tinha um pano em cima de uma mesa com várias coisas que se partiam em cima. O pequeno animal prendeu uma das suas pequenas garras no pano e derrubou tudo o que lá estava que se desfez em cacos e causou um som estridente que se ouviu na rua. A minha mãe ficou pior que estragada. Eu ria porque tudo aquilo havia sido causado por um animal tão pequeno.

Por falar em gatos: outro episódio que me ocorreu agora teve como protagonista o gato Slava. Esse gato andava muito bem no terraço. Viu chegar o meu pai, assustou-se e subiu a toda a pressa pelo pau da gaiola das catatuas. Só que desequilibrou-se e mergulhou de cabeça na tigela da água que estava lá em baixo para eles beberem. Todo encharcado subiu novamente, mas as patas molhadas e escorregadias não ajudavam muito. Fui às lágrimas!

Cansada de ver as minhas molas da roupa desaparecerem e as pessoas deixarem, por vezes, a minha roupa molhada em cima do tanque para ficarem com elas, prometi vingança. Se acaso apanhasse em flagrante roupa a enxugar com as minhas molas, iria tomar medidas. Esse dia chegou a 7 de Junho de 2001. Na véspera tinha colocado umas peças de roupa interior a secar, mas adormeci de noite e não as fui apanhar. No outro dia de manhã encontrei a minha roupa espalhada pelo chão e alguma tinha mesmo voado com o vento para parte incerta. Furiosa, resolvi ir ver onde estavam as minhas molas. Para azar da criatura que mas tinha tirado, encontrei-as a segurar a roupa dela. Aí estava uma oportunidade de me vingar. Era agora ou nunca. A roupa consistia num toalhão de praia, num fato de banho, nuns óculos de piscina e em baixo estavam uns chinelos. Não fiz mais que mergulhar o toalhão no tanque que estava cheio de água. Ele ficou a escorrer e a pesar toneladas. Não o torci de propósito. Estava a ver que o cordão da roupa ia abaixo. Também não o ia torcer. A água escorria para o chão. Foi precisamente onde a água escorria que coloquei “a molhar” o fato de banho e os óculos. Os chinelos foram escondidos do lado de trás do terraço. Como se não bastasse, escrevi um bilhete que também coloquei junto à roupa que estava a “molhar”. No bilhete eu dizia que daquela vez tinha sido assim e que para a próxima fazia pior. Pior, entenda-se, era pegar na toalha molhada e andar a limpar o chão do terraço com ela. Ainda estive para fazer isso. Aconselhava a pessoa a vir falar com quem lhe emprestasse molas, ou então havia muitas à venda no Pingo Doce. Eu pensava que a destinatária da mensagem seria uma estudante. Longe de mim esperar que fosse pescar “peixe graúdo”. Estava eu no quarto muito descansada quando as...empregadas da limpeza me bateram à porta. A dona do toalhão que estava suspenso com as minhas molas veio ter comigo. Com medo trouxe companhia. Disse que eu era ruim e vingativa porque lhe molhei a roupa e lhe escondi os chinelos. Nesse dia toda a gente, inclusive a responsável pela Residência, ficou a saber que nem só as estudantes eram as responsáveis pelo desaparecimento das coisas. Toda a gente se riu só de imaginar a cara dela quando contava apanhar a sua roupa seca para ir dar mais umas braçadas na piscina e encontrou a roupa ainda mais molhada que estava. Foi o meu dia de glória e de gargalhadas também.

Haverá certamente outras situações que me fizeram rir a bandeiras despregadas. Algumas já aqui foram relatadas neste blog. Outras ainda serão relatadas num futuro não muito distante.

Talvez porque me levantei mais tarde não senti assim tanto frio. O tempo continuava cinzento. Como acontece todas as quartas-feiras fui até à ACAPO.

Ainda fui até à Piscina no tempo que ainda me restava. À ida para o almoço ainda passei por sono no autocarro.

Na ESEC a rádio da escola estava no ar com um programa de música e entrevistas. De referir que essa rádio começou com a nossa turma. Também tivemos um jornal que era o “Cem Censura”.

Não estive particularmente feliz naquela tarde de trabalho. Dois jovens tinham um cartão cada. Eu atrapalhei-me e ia a passar duas vezes o mesmo cartão e deixava o outro por passar. E assim continuei a errar. Há dias assim!

Como nos dois dias anteriores corri atrás do autocarro, o condutor admirou-se de eu estar a horas naquele dia e não ter corrido.

As obras continuavam naquela paragem que estava até fora do sítio. Andavam a soldar. A luz lilás do aparelho cortava a escuridão que já se fazia sentir.

Ainda fui ver o meu mail. Recorde-se que no passado fim-de-semana não o consegui abrir. Que susto! Lá estava tudo direitinho.

O que não estava nada direito foi o meu esquecimento do guarda-chuva. E se chovesse?

Apesar do adiantado da hora ainda deu para ir treinar. Apesar de ter tido apenas 50 minutos de duração, o treino acabou por ser mais produtivo do que o do dia anterior. Corri numa das pistas de fora durante trinta minutos. Os primeiros quinze minutos foram apenas de aquecimento. Depois os restantes 15 foram repartidos entre cinco minutos de corrida rápida, cinco de corrida normal e novamente cinco de corrida rápida. Foi cansativo mas valeu a pena. Depois de terminar o treino com os imprescindíveis alongamentos, fui tomar um banho reconfortante. De referir que fui a última a sair do balneário e, por conseguinte, tive de apagar as luzes.

Estava assim terminado mais um dia extenuante. A cama e o descanso esperavam-me.

O Lisboa-Dakar está a chegar ao fim, mas os nossos pilotos continuam algures ainda por Marrocos. Hoje avançaram alguns quilómetros e rumaram a outras paragens.

Bacorada do dia:
“É para registar este caderno?” (Cartão.)

Tempo útil

É incrível como por vezes se desperdiça o tempo tão desnecessariamente. Aprendemos aquando da nossa Formação na ACAPO que devemos gerir bem o tempo, mas uma coisa é a teoria e a outra é a prática.

Nesta sessão de treino que passo a narrar, passei mais tempo a fazer de tudo e mais alguma coisa do que a treinar. Parecia que andavam forças ocultas a impedir que treinasse em condições.

Comecei por deitar a garrafa da bebida em cima do banco e por ir dar cinco voltas de aquecimento. O aquecimento durou 15.33.53 minutos. Até foi rápido.

Acabei a corrida e andei uma eternidade à procura da minha garrafa. Não sabia já em que banco a tinha deixado. Se calhar alguém lhe tinha deitado um casaco para cima ou ficou tombada atrás de um saco de equipamento de alguém que chegou entretanto.

Não a vi e fui ao balneário ver se ela lá estava. Voltei para fora e voltei a procurá-la por alguns instantes que se prolongaram demais. Encontrei-a e fui fazer alguns alongamentos. Já estava a arrefecer e a chuva ameaçava cair.

Acabados os alongamentos tinha de mudar o calçado e fazer uns piques. Lá tive eu de voltar ao balneário para ir buscar os sapatos de bicos. Mais uns minutos que se perderam!

A garrafa sumiu outra vez. Mais tempo perdido a procurá-la. Que treino tão produtivo! Já chovia. Toca de ir novamente ao balneário buscar o casaco impermeável.

E finalmente consegui fazer o treino de velocidade debaixo de chuva. Seguiram-se mais alongamentos. Tinha de me despachar porque já estava a ficar demasiado tarde.

O treino teve uma hora de duração efectiva, mas quase que até aposto que nem 50% teve de tempo útil. O tempo que eu passei a procurar coisas e a apanhar coisas esquecidas acabou por fazer falta.

É assim! A pressa e a vontade de me despachar acabam sempre por me condenar a atrasar-me ainda mais. Foi demais naquele dia! Espero agora que tal situação não se repita, senão estou tramada com tanto tempo desperdiçado a andar de um lado para o outro.

O estado do tempo em nada diferia do dia anterior. Ameaçava chover a qualquer instante.

Ia no autocarro para mais um dia de trabalho. Desta vez parecia que nada se iria passar. Estava a pensar nisso quando um estrondo na parte traseira me fez acordar para a realidade. As coisas de uma rapariga tinham caído para o chão e andavam espalhadas por debaixo dos bancos.

A Piscina esteve encerrada da parte da manhã para tratamento. Isso significou que o trabalho não foi muito.

À tarde as coisas estiveram normais. Destaque para os alunos de uma escola que demonstravam toda a sua alegria por irem para a Piscina cantando afinadamente o tema do “Gato Fedorento”. Gostei de ouvir! Sim senhor!

Era já o segundo dia consecutivo em que corria desalmadamente atrás do autocarro. Que pontaria!

Na paragem havia obras. Todo o cuidado era pouco. Um pé num buraco ou um escorreganço em areia e era a morte da artista.

Já sei porque é que tinha pressa em treinar! Tinha de ir ainda ao Pingo Doce. Ah! Fui lá mesmo a correr.

E sem stress cheguei a casa. Agora estava nas calmas. Devo-me ter deitado cedo como sempre. O frio começava a apertar.

No Lisboa-Dakar os nossos pilotos ainda continuam de férias em Marrocos. Parece que de lá não saem tão cedo. Mal o Sol começa a aquecer, a choça velha que os transporta começa a escaldar e a deitar um fumo intenso. Assim eles não podem prosseguir.

Situação do dia:
Regressou a loiça partida à cantina. Que novidade! Desta vez eu participei activamente. Alto aí! Não pensem que fui eu que parti a louça. Eu ia partindo um copo também, mas não parti. Quando fui entregar o tabuleiro num dos carrinhos senti que a funcionária o puxava para trás. Parece que um tabuleiro tinha caído no chão e a louça que lá estava tinha partido toda.

Bacorada do dia:
“Isto hoje nem amanhã!” (Expressão típica de impaciência.)