Saturday, September 18, 2010

Daqui para a frente

6 de Setembro, também um dia 6 e também uma consulta de Oftalmologia pode ditar o meu futuro no meu actual emprego.

Já é habitual estar ansiosa nos dias que antecedem estas consultas. Há sempre o risco de haver alguma evolução no meu estado clínico. As coisas estavam controladas em Janeiro. Agora comecei a trabalhar, a fazer trabalhos pesados e não sei se já me prejudiquei. Ao longo destes seis meses tenho andado com medo de fazer aquilo que me é contra-indicado e vir a sofrer qualquer dano.

O receio de já ter prejudicado a minha saúde pairava no ar, até porque os olhos me vão doendo em algumas ocasiões. Ainda na passada semana tive um dia em que estava a ver que tinha de me deslocar ao hospital. Felizmente, com uma boa noite de descanso, tudo se resolveu.

Chegada a minha vez de ser atendida, logo coloquei o médico a par da mudança que desde Março se operou na minha vida com o emprego que não tinha na altura. Contei-lhe que carregava pesos e questionei-o sobre os riscos que corria. Ele desaconselhou-me a continuar com essas funções e perguntou-me qual era a alternativa. A alternativa era ir para a Padaria embalar pão sobretudo. Essa actividade seria o ideal para fazer face às minhas limitações.

Em relação à minha situação clínica tudo estava normal. Ainda bem! Quando isso acontece é um peso que me tiram dos ombros. Era o desfecho que eu esperava na melhor das hipóteses. Posso continuar a trabalhar agora de forma tranquila e sem aquela pressão e aquele medo que sempre me perseguiram ao longo destes seis meses.

Trouxe comigo um papel que poderia mudar tudo daqui para a frente.

Quando uma pessoa está com o espírito livre de qualquer preocupação, tenta sempre resolver todos os problemas que tem. Foi por isso que aproveitei para ir ao Centro de Emprego pedir informações sobre a viabilidade ou não de fazer ainda o estágio profissional.

Quando se trata de situações excepcionais, as pessoas tendem a desconhecer as excepções às leis. Havia quem dissesse que eu não podia fazer o estágio profissional por já me ter licenciado há mais de três anos. Isso era absurdo. A verificar-se, não fazia sentido, uma vez que nem todas as empresas aceitam pessoas deficientes nos seus quadros. Imediatamente expliquei que me fartei de enviar candidaturas espontâneas para diversos órgãos de Comunicação Social entre 2001 e 2004. Dessas inúmeras abordagens, apenas obtive resposta de uma e, logo por azar, não me foi possível fazer o estágio nessa altura por coincidir com o agravamento da minha situação clínica. Não era justo pagar toda a vida por tudo o que aconteceu nesse ano de 2004. Já me mentalizei de que até ao resto dos meus dias assim era, para meu castigo.

Se acaso se viesse a confirmar que não podia fazer o estágio profissional, iria até onde me fosse possível para demonstrar o quão absurda era essa lei da data da licenciatura para pessoas com deficiência que nem sempre são aceites no mercado de trabalho sem desconfianças muitas vezes infundadas.

Resolvida esta questão, apesar de estar empregada, reinscrevi-me e assim desbloqueei a minha situação que estava a impedir que concretizasse o meu sonho de ao menos por uma vez fazer algo na minha área.

Para o dia seguinte iria pedir ajuda a uma amiga minha que me prometeu ajudar a ir a um órgão de Comunicação Social onde ela já trabalhou e onde eu desejo agora trabalhar.

Avizinha-se um dia bem interessante. Não a vejo praticamente desde que acabámos o curso. Mal posso esperar para a voltar a encontrar!

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