Friday, October 27, 2006

Destino de cão



Não invejo em nada a vida dos animais, principalmente a dos cães. Apesar de o cão ser um animal de extrema utilidade para o Ser Humano, este não o sabe respeitar nem lhe dá o tratamento que ele merece.

Mas não é só o Homem que faz com que a existência canina se torne tão dramática. Os próprios cães são cruéis para com os seus semelhantes e não hesitam em os matar friamente.

Foi o que aconteceu com o cão da minha prima que já havia sido abandonado numa casa pelos donos. Depois de andar perdido pelo lugar, encontrou alguém que exagerava até no amor que nutria por ele. A minha prima sempre tratou aquele animal com um príncipe.

Ontem ela andava arrasada: os cães ferozes de uma vizinha soltaram-se e encetaram uma luta com o cão que estava acorrentado. Desferiram-lhe ferimentos até ele se soltar na ânsia de fugir e ir morrer alguns metros à frente. Foi o marido dela que o encontrou. Ela não se conforma com a perda do seu fiel amigo.

Outra história de cães deixou a minha mãe com uma réstia de esperança de que o cão que desapareceu de nossa casa tomou um rumo feliz. Era um pastor-alemão a quem chamávamos Rex (ver foto). De Agosto a Fevereiro ele andou pela nossa porta. Depois desapareceu sem deixar rasto.

A minha vizinha vinha na rua em Anadia e um pastor-alemão veio ter com ela com ar afável. Seria o Rex? Ela pensa que sim. Outro cão não viria a correr para ela daquela maneira. Parece que o cão está gordo e bem tratado como estava quando andava por aqui.

O nosso cão não se pode aturar por vezes. Morde, magoa, suja e estraga a roupa com os seus dentes afiados. É, no entanto, um sortudo porque tem a sorte de gostarmos imenso dele e de o tratarmos bem. Afinal todos os cães merecem que a sorte não os abandone.

O dia em nada se assemelhava ao da véspera. O Sol havia regressado e a tonalidade do Céu voltava a ser azul.

No Futebol de Praia, Portugal defrontou a Itália. Na selecção transalpina havia um jogador com o nº 7 que parecia o Gattuso. Tinha os cabelos compridos, a barba por fazer e usava o seu excesso de ímpeto e a sua manha para levar a bom porto os seus intentos.

Já no futebol jogado nos relvados, arrancou oficialmente a época em Portugal com a Supertaça Cândido de Oliveira que costuma opor o vencedor do Campeonato ao vencedor da Taça de Portugal. Como o Porto não podia jogar sozinho, a não ser que jogassem titulares contra suplentes, o jogo foi entre o vencedor do Campeonato e da Taça e o finalista vencido da Taça que foi o Vitória de Setúbal. Os portistas venceram por 3-0 e arrecadaram o primeiro troféu da época. O jogo ficou marcado por excelentes golos.

Thursday, October 26, 2006

O labirinto da Moita



Deitei-me um pouco mais cedo do que tem sido habitual ultimamente. Ainda ia dar um filme e o “Gato Fedorento” prometia dar a horas impróprias. Estão cada vez pior na RTP. Dão as coisas interessantes a horas que uma pessoa não pode ver e os filmes- muitas vezes de terror- é que dão em horário nobre. Felizmente criou-se o “Provedor dos Telespectadores” e eu tenciono escrever, mostrando a minha indignação por essas e mais coisas que acho que deviam mudar. Por exemplo, acho que nos telejornais deviam colocar alguém a traduzir as citações de pessoas não portuguesas em vez de se recorrer à legendagem. É que as pessoas deficientes visuais e as pessoas que não sabem ler perdem o essencial da notícia.

Planeei levantar-me cedo e ir até Anadia buscar os catálogos de futebol que me faltam. Depois esperaria o autocarro para Coimbra para ir a casa buscar um frasco de gotas. Como no último dia de aulas não levei chave, acabei por as deixar lá ficar.

Não estava a contar com a mudança brusca de tempo que se ia fazer sentir durante a madrugada. Acordei bruscamente ao som da chuva que caía impiedosamente na rua. Lembro-me que estava a sonhar que brincava com o gato Mong. Ele que tinha desaparecido temporariamente!

Com a chuva diluviana que estava, tornou-se impossível sair de casa. Desliguei o despertador e deixei-me ficar na cama. Estou de férias e agora deito-me e levanto-me mais tarde. Além disso, sabe bem estar na cama e ouvir a chuva a cair. Que bom!

Adormecia e acordava e a chuva não dava tréguas. Parecia que cada vez chovia mais. Esses planos de sair de casa talvez influenciaram o conteúdo dos meus sonhos. Eis um sonho que tive nessa manhã de Agosto que mais parecia uma manhã de Dezembro:

Apesar de ter sonhado algumas coisas antes que não me lembro bem do contexto, vou começar o sonho a partir do momento em que eu lhe acho uma sequência- se é que os sonhos têm alguma sequência lógica. Por acaso este não tem nenhuma. A minha mãe mandou-me ir à costureira buscar uma roupa da minha irmã. Começa bem! Eu nunca lá vou. Fui lá há uns anos e espetei uma valente queda porque existe lá um degrau muito enganador e bastante grande. Apanhei um medo terrível de lá ir.

Inicialmente ia à costureira que fica em Vale de Avim, mas aconteceu uma coisa que dificilmente acontecerá na realidade, apesar de não ser impossível de acontecer. Por mais que seja distraída, nunca me irei desleixar a ponto de ir parar alguns quilómetros à frente do meu destino inicial. Estava a anoitecer e eu ia caminhando em direcção à Moita. O trajecto era tal e qual como é realmente. Percorria aquele caminho com ar algo feliz. Até dava a sensação de ir a cantar. As imagens eram vagas e eu percorria o trajecto de forma ligeira. Escurecia cada vez mais e não sentia medo, apesar da pouca visibilidade que existe naquele local. Algo se tinha passado para estar assim tão feliz.

Foi incrível quando eu caí em mim e reparei que já ia quase ao fundo do lugar da Moita. Quem conhece as localidades que estou a referir admirar-se- á como foi enorme a distracção e pensará que enlouqueci ou algo mais. Tudo não passou de um sonho um pouco estranho. Imaginem onde eu ia? Ao pé do chafariz. Fiquei espantada com o meu comportamento e não tive outro remédio senão voltar para trás. Era noite. As luzes iluminavam aquela zona. Como foi possível fazer aquilo? O espanto era grande e ia sorrindo. A noite estava agradável e fazia agora o caminho inverso. Mais uma vez, ia distraída com os meus pensamentos que eram bons. Estava, de facto, em estado de graça.

A certa altura houve alguém que me perguntou pata onde é que eu ia. Assustei-me e estremeci. Era uma idosa que mal dava para distinguir as feições na escuridão. Daí a momentos estava no lugar que esta foto mostra. Apesar de a foto já ter mais de dez anos, este local está na mesma ou quase. Havia a estátua do Poeta Cavador e podemos seguir por aquela estrada. Passei lá a pé no outro dia e parece que tiraram de lá a estátua. Não faço ideia onde a puseram nem porque motivos a removeram dali. Isso também não interessa para esta história.

Centremo-nos no caminho. Na realidade, aquele atalho vai dar mais adiante. Eu conheço bem aquilo. É por ali acima que se estende a famosa Feira da Moita que se realiza a cada dia 25 de cada mês.

Porém, no sonho aquele espaço estava algo modificado. Não tinha mesmo nada a ver com o que é na realidade e isso fez com que eu me admirasse bastante. Nem sei como descrever o que havia ali. A cena já se passava de dia. Parece que era de manhã e o Sol já brilhava intensamente. Encontrava-me às voltas por ali sem saber que rumo tomar. Ouvia grande animação num local. Parece que o objectivo era chegar até lá. Só que havia tantos caminhos, tantas entradas que era fácil uma pessoa se perder. Como era possível estar perdida num local que eu conheço bem? Havia ali uma espécie de átrio comum a muitos prédios. As portas e as entradas eram muitas e de vários tipos. Por mais que andasse, ia sempre dar ao mesmo sítio. Apesar desta adversidade, até me estava a divertir ao mesmo tempo que pensava no que aquele espaço se havia transformado.

Resolvi perguntar a alguém por onde devia seguir. A pessoa indicou-me um dos atalhos. Segui por lá, mas não valeu a pena. Fui dar novamente ao local onde eu estava que parecia ser o centro do labirinto autêntico que era aquele espaço recentemente construído. De facto esse prédio existe na realidade, só que fica uns metros à frente. Não faço ideia nenhuma para que seja. Tenho um dia de perguntar. No sonho as suas paredes brancas e cinzentas com mármores e azulejos eram imponentes.

O barulho e a animação chamavam por mim, mas eu não encontrava a porta que dava para lá. Isso queria eu! Entrar, estar com aquele grupo animado que não conhecia. Continuava a experimentar atalhos, caminhos, seguia pela esquerda, pela direita, ia em frente e ia dar teimosamente ao mesmo sítio. Seria possível?!!

Mais incrível foi o desfecho do sonho. Numa das minhas voltas por aquele local em que fui dar invariavelmente à mesma porta, esta abriu-se. Constatei que afinal era lá dentro que era a festa ou lá o que era aquilo. Dois rapazes vieram à porta sorridentes e com ar de quem se estava a divertir imenso. Um deles era louro e vestia camisola amarela e calças pretas. O outro chamava-se Luís e vestia de ganga. Não os conhecia, mas ficámos ali sem entrarmos a rir não sei de quê.

Eu não sabia que havia Futebol de Praia! Era o “Mundialito”. Este ano não era na Figueira da Foz, era na Praia da Rocha em Portimão. E lá estavam todos os craques portugueses e brasileiros a mostrarem que são os favoritos.

A chuva não dava para mais. O remédio era ficar toda a tarde a escrever uns textos e a ouvir música.

Situação do dia:
Muito vagabundo é tal gato! Estou a falar do Mong. Aquela peste negra! Com o tempo mau como estava, ainda se atreveu a ir para as terras. A minha mãe veio trazê-lo a casa por duas vezes. Andava numa terra a que chamam a Bessada a estorvar quem trabalhava.

Tuesday, October 24, 2006

Marcelo Caetano

Parece que se comemoram cem anos sobre o nascimento de Marcelo Caetano. A programação televisiva teve de se associar à efeméride.

Esteve a dar um documentário sobre a vida e obra do homem que foi destituído do Poder aquando do 25 de Abril.

Ora e que sei eu sobre esse período da nossa história? Apesar de ainda não ser nascida naquela altura, sei que Salazar foi substituído por Marcelo Caetano em 1968 ou 69. De início essa mudança fez sonhar os portugueses que desejavam a democracia.

A continuação das práticas habituais num país governado de forma autoritária levou à revolta e assim se fez o 25 de Abril.

Pouco sei de política. É algo que não me interessa e nunca me interessou.

Saber um pouco da nossa história recente e das pessoas que fizeram parte dela é algo que me fascina bastante. Só assim poderemos compreender o que se passa no presente.

E encontrava-me tranquilamente a ver aquele documentário, querendo saber mais alguma coisa sobre Marcelo Caetano e sobre como era Portugal antes de acontecer a "Revolução dos Cravos".

O dia havia sido passado de forma tranquila. Afinal não choveu! Tanto alerta! Tanta tomada de precauções!

Tal como na véspera- e aproveitando o facto de estar de férias- estive a ultimar uns textos.

Cuidado!! Vem aí um valente temporal

Logo agora que eu estava a pensar dar uma saltada à praia é que o boletim meteorológico fala em mau tempo e em alerta. Ouvi dizer que vem por aí uma valente tempestade. Mas estamos em Agosto!

Como o tempo estava mau, a solução foi ficar em casa a fazer uns trabalhos que já deviam ter sido feitos. Uma das coisas que estive a fazer nesse dia foi a actualizar o blog.

Bacorada do dia:
"Temos encomendas para países do Báltico, nomeadamente para a Sérvia." (que os portugueses eram maus a Matemática já se sabia, a Geografia já é uma grande novidade.)

Sunday, October 15, 2006

Blanco amarelo

Eu não disse que se devia ter cuidado com o ciclista espanhol? Pois foi. David blanco nunca havia vestido a camisola mais apetecida durante a Volta. O importante foi ficar com ela no final ao fazer um estupendo contra-relógio.

Na penúltima etapa, a Duja - Tavira esteve em todas as frentes: venceu a camisola da Montanha por ricardo Mestre e venceu a etapa por Krasimir vasiliev. nesse dia o já veterano Carlos Pinho vestiu a camisola amarela e foi com ela que partiu para aquele contra-relógio. Cândido Barbosa poderia arrebatar a liderança e vencer assim a competição que tanto sonha vencer. Só que Blanco não esteve com meias medidas e fez um contra-relógio perfeito de forma a deeisxar a concorrência pregada à estrada.

E assim terminou mais uma Volta a Portugal em que não venceu um portugês. David Blanco tem todo o mérito de ter sabido espetrar pelos últimos dias para jogar os seus trunfos.

Aproveito o facto de estar em casa para fazer algumas coisas pendentes. Actualizar o blog e guardar alguns trabalhos de forma mais segura são algumas das tarefas que me ocupam estes dias de Berão.

Melão com presunto

Eu não sabia que melão com presunto era uma delícia. Quando ouvia falar que isso era bom, não podia disfarçar um certo risinho de gozo. Alguma vez a combinação de dois sabores opostos dá alguma coisa de jeito? Enganei-me.

Apareceu nessa tarde uma colega nossa. Tinha-me levantado tardíssimo porque todos os dias me andava a deitar de madrugada. Ela e a minha irmã resolveram partir pedaços de presunto e juntar a pequenas fatias de melão. Resolvi provar, até porque ainda não tinha comido. Aquilo era realmente uma delícia! O doce e o salgado formam um sabor agradável. Fartei-me de comer daquele petisco e fiquei sem fome para jantar.

No arraial a música pouco diferia. Todos os grupos de baile tocam os temas que agora se ouvem mais: José Malhoa, Tayty, Quim Barreiros, tudo o que anda na berra e que convide a um pé de dança.

Situação do dia:
Enquanto tocavam o famoso tema do Juannez "La Camisa Negra", eu levei várias pisadelas e também distribuí algumas. A situação deu origem a que eu inventasse outra letra para essa música. Começaria assim: "Tengo una nodoa negra..."

É dia de festa!

É dia de festa! O cheiro a foguetes rebentados, a algazarra pela rua, as roupas a cheirar a novo, as verduras no chão, tudo indica que o lugar está em festa.

Em nossa casa juntam-se familiares e amigos e come-se o tradicional leitão. Depois quem quiser vai à Missa e à procissão. Este ano não me apetecia mesmo nada ir à Missa. E acabei mesmo por não ir.

A Volta aproximava-se do final e cada dia era decisivo. Na etapa 8 David Blanco mostrou ao que vinha e venceu a etapa. De amarelo vestiu o austríaco que desde o primeiro dia tem dado nas vistas.

À noite era altura de irmos para o arraial dançar um pouco. Desta vez fui vestida de maneira decente. (ver texto "Coimbra Summer Fashion") O tempo em que eu passava horas a experimentar roupa já lá vai. Hoje até detesto moda! Devo estar ainda traumatizada daqueles tempos.

Situação do dia:
Como a dançar não se tinha frio, tirei o casaco que trazia e coloquei-o em cima do muro. Então não é que um indivíduo andava com ele a servir de almofada! Se queria dormir, que fosse para casa! Esperei que ele saísse e fui buscar o casaco.

Bacorada do dia:
"Eu e a tua mulher não andávamos muito bem com o nosso casamento..." (bem apanhada!)

Reencontro no arraial

É sempre bom quando encontramos pessoas que fizeram parte da nossa juventude e que não contamos encontrar. Muitas vezes até nos esquecemos que essas pessoas fizeram parte da nossa vida. As circunstâncias a que estamos sujeitos no dia-a- dia a isso obrigam. Muitas vezes até nos lembramos, sem mais nem menos, de alguns colegas que tivemos no liceu mas depressa voltamos ao que estávamos a fazer e essa lembrança desaparece repentinamente tal como povoou o nosso espírito.

Vem isto a propósito de um encontro que eu e a minha irmã tivemos com um rapaz que andava connosco no liceu, que tem problemas de locomoção e que até era nosso amigo. Cada um de nós seguiu as suas vidas e o contacto perdeu-se.

Naquela noite nós andávamos a vender as t-shirts da ACAPO que o meu pai e a minha irmã não venderam durante o dia. Ele veio sentar-se junto de nós. A minha irmã lembrava-se melhor dele do que eu. Dava-me a sensação de o conhecer. Mas de onde? Depois é que reparei que era ele.

O nosso velho amigo de muitas horas de liceu acabou por ser uma preciosa ajuda para vendermos o nosso produto. A sua capacidade de persuasão era impressionante.

É sempre bom reencontrarmos os velhos amigos que marcaram uma parte das nossas vidas. Ainda me lembro de muitos amigos e colegas de turma dos tempos de liceu. Não me lembro de todos mas, de vez em quando, lá os encontro em qualquer lugar onde não os esperava.

O dia foi passado a preparar tudo para a festa. É uma verdadeira corrida de loucos lá em casa! Coisas para arrumar, comida para adiantar, compras para fazer...

A festa iria correr bem. Pelo menos não estava previsto chover.

Depois do merecido dia de descanso para os heróis do asfalto, a Volta regressou e logo com a mítica subida à Senhora da Graça. De regresso esteve também a rivalidade entre a Milaneza-Maia e a LA- Liberty. João Cabreira representava a equipa nortenha, enquanto que o espanhol Hector Guerra se encontrava do lado de lá. Foram os maiatos a levar a melhor e Cabreira, não só venceu a etapa, como também conquistou a amarela.

Depois de ver mais uma jornada dos Europeus de Atletismo, fui dar uma arrumação ao meu quarto para que tudo estivesse nos conformes para a festa.

Situação do dia:
No Atletismo passou-se uma coisa que me levou, mais uma vez, a pensar que há coisas que só acontecem aos holandeses. O atleta laranja era favorito para uma medalha na prova de 3000 metros obstáculos, mas parece ter comido algo que não se encontrava nas condições mínimas de ser consumido pelo seu frágil organismo. Se calhar pode ser impressão minha. O que é certo é que parece que os holandeses são mais vulneráveis que os outros povos a gastroenterites, indigestões e afins. Se calhar não há lá à venda daqueles comprimidinhos pequenos que agora anunciam por aí. Ou então esgotam depressa, tanta é a procura.

Caminhando

Prometia ser um dia de calor tórrido. Eu e a minha mãe metemo-nos a caminho logo bem cedo para irmos até Anadia. A festa em honra de Nossa Senhora do Ó era já nesse fim-de-semana.

Até ainda estava uma temperatura boa para se caminhar a pé. O Sol é que já queria começar a aquecer demais.

Uma senhora que está a viver no Luxemburgo deu-nos boleia até ao talho da minha madrinha. Chegámos ao pé da Igreja e uma senhora que ia para o Centro de Saúde ofereceu-nos boleia. Até calhou bem porque a minha mãe também tinha de lá ir.

É por esta época do ano que saem as revistas com a apresentação da temporada futebolística que aí vem. Eu gosto sempre de ter essas coisas e até as costumo guardar.

Depois de termos resolvido todos os assuntos em Anadia, fomos a pé para casa. Comprámos pão e lá fomos comendo para ajudar a passar melhor o caminho.

Quando cheguei a casa fui dar uma vista de olhos nas revistas ainda antes do almoço.

Como era dia de descanso da Volta a Portugal, fui dormir um pouco para à noite ir até ao Karaoke.

Enquanto não chegava a minha irmã que havia dito lá para casa que, afinal a colega já não vinha, fui ver o Atletismo com os nossos atletas a nem se portarem mal.

A minha irmã chegou. Jantámos e fomos até casa de uma vizinha para nos acompanhar até ao local da festa. A minha irmã entrou enquanto ela se preparava para a noite. Eu preferi ficar cá fora. A noite estava espectacular e inspirava a escrever qualquer coisa diferente. O Céu estava limpo e cheio de pequenos pontos luminosos que me faziam sentir confortável. A temperatura não podia ser mais perfeita. Tudo naquela noite era pleno de harmonia. Estava a saber bem estar ali na rua sentada.

Sentámo-nos primeiro no muro da capela enquanto o desfile das grandes vozes não chegava. Para abrir as hostilidades foi escolhido um rapaz da terra que foi interpretar um tema bem conhecido de Quim Barreiros.

O desfile de grandes canções continuou. Alguns dos artistas já tinham tomado o seu doping para aclarar a voz: meia dúzia de cervejas.

Mas por onde andaria o meu vizinho? Aquele artista não podia faltar para cantar as suas músicas no Karaoke. Ele lá apareceu e queria que um rapaz emigrante nos Estados Unidos o acompanhasse.

Eu nunca vi um homem tão obeso na minha vida. Ele já era assim antes de emigrar. E logo para onde ele foi viver? Para o país do Fast Food!

Pior que o Fast Food, só mesmo os excessos de álcool que já por lá havia. Como em todo o lado, ali já havia gente a fazer figuras deploráveis.

Situação do dia:
Vinha a pé com um saco de compras que trazia duas garrafas de Coca-Cola e duas embalagens de desodorizante. Cheguei a um certo sítio e reparei que o saco tinha rebentado com o peso das garrafas. Mais adiante, as embalagens de desodorizante rolaram teimosamente pela estrada. Queria apanhá-las, mas elas pareciam fugir de mim. Foi uma cena deplorável dada no meio da rua.

Já cheira a festa

Mais uma noite em que se ouviu o uivar do vento. O dia amanheceria com calor e Céu azul.

Ia haver festa na nossa aldeia e começava a azáfama das arrumações. A minha irmã tinha dito que uma colega viria passar uns dias a nossa casa para assistir ao Karaoke. A minha mãe andava a tentar colocar o quarto dela impecável.

Na Volta a Portugal a Duja- Tavira teve um dia excelente. Ricardo Mestre libertou-se do seu companheiro de fuga Tiago Machado da Carvalhelhos – Boavista e chegou isolado à meta. O percurso englobava duas passagens pela meta final. O ciclista algarvio até teve oportunidade de festejar duas vezes! Para a festa ficar completa, Ricardo ainda se apoderou da camisola amarela indo para o dia de descanso com ela vestida.

Estava a ver o Atletismo no quarto da minha irmã porque o meu pai queria ver a novela quando um carro preto parou à nossa porta. Era o meu primo que está em França que nos vinha visitar. O meu tio vinha com ele.

Enquanto os visitantes bebiam um copo, o Gato Slava surpreendeu toda a gente ao andar constantemente de volta das pernas do meu tio. Ele que nunca o tinha visto. O meu tio disse que lhe tinha desaparecido um gato e eu ofereci-lhe aquele. Ele recusou. Também substituir um gato que desapareceu por um que anda sempre sei lá onde é uma boa escolha.

Aquele gato andava incrível! Eu até o estava a estranhar. Continuava a enroscar-se aos pés das pessoas e deitava-se no chão, convidando a agarrá-lo e a fazer umas festinhas.

Tinha de ir à cidade no outro dia buscar umas coisas, mas nem por isso me deitei cedo.

Situação do dia:
Cadê o ciclista?!!! Quando o percurso das etapas se torna mais selectivo, torna-se também mais complicado acompanhar as incidências da corrida. Os ciclistas repartem-se por pequenos grupos e nem sempre é possível acompanhar tudo ao pormenor. A certa altura, eram tantos os duos, os trios, os quartetos e os grupinhos que os comentadores ficaram baralhados. Aliás, nem outra coisa seria de esperar. As câmaras não chegavam para tantos ciclistas destacados do pelotão. Com tudo isto, os comentadores afirmavam ter perdido o rasto a um atleta da Barloworld (Tiaan Kannemeyer) que eles afirmavam ir no grupo da frente. Logo eu coloquei os meus maléficos neurónios a funcionar e comecei-me a rir. Teria o atleta encontrado uma sombra convidativa para se deitar a dormir a sesta? Se ele fosse um atleta como uns que eu vi uma vez tinha ficado numa tasca a beber um copo. Como eles disseram que o atleta sul-africano se estava a tentar destacar, o mais provável era ele ter-se perdido e enveredado por um atalho que o levaria sei lá onde. As outras coisas que eu imaginei são impublicáveis. A verdade é que pareceu-me ter visto esse ciclista a ser absorvido pelo pelotão juntamente com o Paul. Aliás, eles parecem conhecer-se bem, talvez pelo facto de se entenderem na mesma língua. Os jornalistas estavam tão entusiasmados a seguir o grupo da frente que nem repararam nessa situação

Mong e o vento



O vento começou a fazer-se sentir já a madrugada ia longa, Até uivava!

De manhã o som era outro. Os miados do Gato Mong (ver foto) ecoavam pelas terras e quintais, cortando o vento que continuava a soprar forte. Maldito gato que não me deixa dormir!

Atletismo e Volta a Portugal marcam, mais uma vez o dia. Gustavo César da Kaiku venceu a etapa 5 isolado e conquistou a camisola amarela que continua a mudar de corpo todos os dias.

Mais uma note em que tive de esperar que acabasse qualquer filme para assistir a um imperdível “Gato Fedorento”.

Esperando (e desesperando) pelo "Gato Fedorento"

É incrível como uma estação de televisão que se diz “de interesse público” transmite alguns programas pela madrugada dentro. Está bem que a maior parte das pessoas está de férias e que toda a gente se deita mais tarde. Está bem que o calor intenso impede as pessoas de dormir e que elas precisam de se entreter com alguma coisa, mas transmitirem o “Gato Fedorento” em horário de filme de terror?!!

O que é interessante é que as séries e os filmes com cenas violentas passam antes desses programas que poderiam ter mais audiência, caso fossem transmitidos mais cedo. Não tenho paciência para filmes e séries.

Enquanto espero pelo “Gato Fedorento” vou lendo algo sobre os sonhos. Li um sonho de um senhor que sonhou com uma cidade horrível que respirava em uníssono. O oceano ficava no meio da cidade e respirava horrivelmente. O sonho terminou com o oceano a engolir a cidade e o indivíduo acordou aflito.

O dia estava quente e a Volta a Portugal tinha mais uma etapa para percorrer. O triunfo sorriu ao espanhol Carlos Nozal que chegou isolado à meta instalada em S. João da Madeira. A camisola amarela voltou a mudar de dono e foi conquistada pelo ciclista Lizuarte Martins da Madeinox que vinha na perseguição ao vencedor da etapa.

Portugal conheceu a glória em Gotemburgo através da conquista do ouro nos 100 metros por Francis Obikwelu. Agora resta esperar que o nosso velocista repita a proeza nos 200 metros.

Na Áustria o Glorioso jogava para o acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. O opositor era o Áustria de Viena que não oferecia grade perigo para a baliza defendida por Quim. Aliás, os jogadores da casa pareciam estar mais empenhados em discutir com o árbitro do que em rematar à baliza. Aliás, ouvi dizer que havia ali jogadores com um currículo jeitoso em matéria de confusão com o homem do apito. Mesmo assim o jogo terminou empatado a uma bola- o que abre boas perspectivas para o jogo da segunda mão que se vai disputar no Estádio da Luz. Eu dei graças a Deus pelo facto de o melhor jogador do adversário do Benfica- Roland Linz- se ter transferido para o Boavista. Os golos desse jogador contra o Glorioso ficariam guardados para outra altura. Infelizmente!

E foi o que de mais relevante se passou em mais um dia de férias.

Aprender com quem sabe

Mais um dia de Agosto com bastante calor! Por causa da porcaria do vídeo não posso ir à praia. O que vale é que vai começar também algo que me agrada: Os Campeonatos Europeus de Atletismo. Eu adoro ver Atletismo. É da maneira que se aprende alguma coisa com os profissionais. E que rico professor será o Francis Obikwelu!

Após ter sido impedido no dia anterior de discutir da melhor maneira a vitória na etapa, Martin Garrido venceu a etapa 3 que teve a meta instalada na cidade de Viseu. A camisola amarela voltou novamente para o dorso de Cândido Barbosa.

A noite ficou marcada por mais uma espera pelo “Gato Fedorento”. Enquanto isso ia lendo o meu livro sobre os sonhos.

Situação do dia:
A “Doença das Vacas Loucas” é um flagelo para o qual ainda não existe cura. Não existia até ser descoberto em Viseu um homem que afirma saber curar este mal. O indivíduo com poderes especiais para curar foi descoberto pela equipa de reportagem da RTP aquando da passagem da Volta a Portugal pela cidade de Viriato. O curandeiro afirmou aos repórteres ter bebido água envenenada e ter comido carne de vacas loucas. Um aparte, este homem não sabia dizer os nomes correctos das doenças que afirmava saber curar. Termos como “úrsula” (o repórter até pediu para que repetisse), “hepatitas” e “trabeculosas” foram ouvidos durante a pequena reportagem. Há gente para tudo em Portugal! De referir que o facto de o blog estar desactualizado tem as suas vantagens. Neste caso concreto, foi possível arranjar posteriormente o vídeo. Agradeço imenso à minha colega o facto de mo ter enviado para assim poder escrever esta história bem curiosa com dados mais concretos. É que eu já não me lembrava de metade do que o cidadão de Viseu tinha dito.

Bacorada do dia:
“Foi um problema de despressão nervosa.” (para aqueles lados só aparecem doenças com nomes esquisitos.)

Eu e o Caribe



Na época de Verão, a música que por todo o lado se ouve é bem mexida e vinda de locais exóticos. Em nossas casas também o registo musical que sai de leitores de CD’s e computadores não foge a essa regra.

E lá estava eu de madrugada a ouvir música do Caribe enquanto pesquisava algumas coisas na Internet. E eis que acontece algo de estranho. Uma inacreditável coincidência. Eu até pensei que era efeito do adiantado estado da hora, mas realmente era o que estava a acontecer.

Continuava na minha saga de saber algo mais sobre alguns ciclistas que tiveram uma curta passagem pela Rabobank, se possível, há cerca de nove anos atrás aquando da criação da equipa que agora se designa por Rabobank Continental. Naquela altura- em 1997- a equipa era conhecida por Rabobank Amateurs e incluía muitos ciclistas que, pura e simplesmente, desapareceram do mapa.

Naquela já longa madrugada queria saber mais sobre um antigo ciclista da Rabobank chamado Kasper Nijkamp. Se eu não conhecia, escusado será dizer que ninguém cá em Portugal conhece. Na Holanda também não devem conhecer bem. A não ser que sejam uns entendidos na história da Rabobank.

Mas o que é que este Kasper Nijkamp tem a ver com o Caribe? À partida qualquer associação entre um atleta holandês e uma zona geográfica que ainda fica longe da Europa seria difícil de imaginar. Eu mesma fiquei surpreendida com o que encontrei. Na verdade esse atleta era- imagine-se- oriundo...das Antilhas Holandesas. Era mesmo esse atleta porque os dados coincidiam. O site, para além de ter uma lista de ciclistas caribenhos, ainda tinha uma musiquinha de fundo. O que uma pessoa encontra!

Depois de dormir o habitual sono resolvi aproveitar o facto de o meu pai não estar a ver televisão para ver se o vídeo estava em condições. Como a televisão foi substituída há uns meses atrás e eu não mexi mais no vídeo, queria ver se tudo estava em ordem para ir para a praia e deixar a Volta a Portugal a gravar. Fiquei pior que estragada quando vi que os meus planos acabavam de se desmoronar. Enquanto durasse a Volta não podia ir à praia. Que chatice!

A segunda etapa da Volta que terminou em Lisboa teve um final atribulado com Cândido a ser desclassificado e a perder a camisola amarela para o boavisteiro Manuel Cardoso. A irregularidade cometida pelo ciclista da LA- Liberty impediu o argentino Martin Garrido de lutar pela vitória.

Já era noite e o barulho de arraial fazia-se ouvir. Também se ouviam foguetes. A minha mãe estava já deitada. Eu estava sentada no degrau do corredor que dava acesso aos quartos. Dos seus aposentos ela contou histórias passadas com a minha avó e que metiam porcos e leitões em dias de festa.

A minha avó tinha uma actividade curiosa. Tinha um porco de casta e percorria as casas onde havia porcas com ele. A minha avó saía mesmo do lugar e percorria quase todo o Concelho de Anadia. No dia da festa de Carvalhais, uma senhora de lá teve a infeliz ideia de chamar a minha avó para “prestação de serviços”. Ia a passar a procissão e foram deitados foguetes. O porco teve medo, fugiu e atravessou a procissão descaradamente. O padre ficou furioso e alertou:
- “Ó Marina! Devias ter tido mais cuidado. Então o porco entrou pela procissão dentro!”
A minha avó respondeu prontamente:
- “Procissão?!!! Até pensei que fosse um funeral.”

Outras histórias de porcos e de festas foram contadas, mas não me lembro bem como eram. Fui para dentro procurar um livro sobre sonho para ler até longas horas da madrugada. A noite estava quente.

Situação do dia:
Mas porque é que as coisas que um dia procurámos com tanta insistência não apareceram nessa altura e vão aparecer depois quando procuramos outra coisa? Isso passou-se com uma pasta vermelha onde eu guardava alguns documentos importantes. Há mais de um ano que eu a procurava justamente no sítio onde ela foi aparecer agora. Não a encontrava e ficava a pensar que ela tinha ido para o lixo dentro de uma mochila velha. Quando pensava nesse destino, ficava angustiada porque aquela pasta continha certificados e outras coisas de extrema importância. Naquela noite andava à procura de um livro sobre os sonhos e, qual não é o meu espanto quando meti as mão em cima daquela pasta. Escusado será dizer que fiquei bastante feliz por a ter achado.

Se não fosse o Desporto...

Apesar da excelente temperatura que se faz sentir, os dias continuam a ser passados em casa. Para uns dias tranquilos até é um bom local para se descansar. O problema é que não se passa ali nada de relevante.

Os assuntos dominantes destes dias nestas condições são, inevitavelmente, relacionados com o Desporto. A Volta a Portugal e a pré-temporada futebolística são os temas para hoje.

Na Volta, Cândido Barbosa já veste de amarelo. O ciclista nortenho foi o vencedor da primeira etapa e é o favorito do povo para vencer. É impressionante o apoio que Cândido encontra pela estrada fora. Alex também se encontra bem classificado e promete repetir o feito do seu irmão em 2005.

No Futebol a apresentação do Sp. Braga ficou marcada por um empate a uma bola com o Sporting. O brasileiro Zé Carlos marcou o golo dos bracarenses, enquanto que o tento leonino foi apontado por Carlos Martins.

Mais um dia terminou. Se não fosse o Desporto nada havia para contar.

Volta de volta

A Volta a Portugal 2006 está aí. Mais uma vez, Portugal sai à rua para apoiar os ciclistas debaixo de intenso calor.

Cândido Barbosa é, mais uma vez, apontado como o principal favorito à vitória final. Vladimir não está presente este ano, mas o seu irmão Alex promete fazer lembrar a Cândido que o ano passado a vitória final ficou em sua casa.

Alex e Vladimir impressionam de tão iguais que são. Se calhar nem os pais os distinguiam quando eram pequenos. Um dia destes, os gémeos russos cruzaram-se na estrada e saudaram-se. O momento foi captado pelas câmaras fotográficas. Os irmãos pareciam um só que se via ao espelho. Se não fosse o facto de os equipamentos serem diferentes eu não sabia qual era qual. Como a Natureza é misteriosa e interessante ao mesmo tempo! Como foi possível criar dois seres humanos igualzinhos? Vamos ver se o Alex consegue repetir o que o irmão fez o ano passado.

Para quando uma participação da Rabobank na nossa Volta? Gostaria muito que qualquer uma das suas equipas fizesse parte do pelotão, mas sei que o calendário não permite a realização do meu desejo. Como seria bonito!

O dia foi passado assim a ver o programa de apresentação da Volta a Portugal. Estou em casa e nada de relevante se passa por aqui.

Wednesday, October 11, 2006

Dia de praia

Levantei-me bem cedo. Tinha de pôr os pés ao caminho. Havia muito para andar de mochila e guarda-sol às costas. Não estava frio, mas uma neblina fazia-se sentir. O orvalho da manhã batia-me intensamente no rosto e fazia-me pensar que estava a chover.

Não sabia a que horas era a camioneta para Mira, daí ter ido bastante cedo para baixo. Quando cheguei à paragem reparei que trazia os pés cheios de bolhas de ter caminhado largos quilómetros em chinelos. Afinal a camioneta era só às oito e meia.

Dentro da camioneta tocava a música “Advertising Space” do Robbie Williams que é, por sinal, a minha favorita do cantor britânico. Duas mulheres falavam de miúdos que tinham morrido de acidente nos últimos dias. Um deles até ia a enterrar naquela tarde. Que rica conversa para se começar o dia!

A viagem começou e eu ia aproveitando o tempo a dormir. As pessoas iam entrando e iam comentando que o tempo talvez não estivesse bom para a praia. Que nem a brincar dissessem tal coisa!

Cheguei a Mira e fui logo directa à beira-mar. A areia estava húmida e parecia estar algum frio. Aproximei-me do mar ainda vestida para molhar os pés e ver se a água estava óptima para tomar o primeiro banho de 2006. Apesar de o tempo estar cinzento e de estar algum frio, a água estava uma maravilha. Pousei as coisas, tirei a camisola e toca de me banhar no mar cinza de Mira.

Quando se saía da água é que o frio se fazia sentir. Voltei-me a agasalhar e dormi um sono até à hora de almoçar.

Fui praia acima até me cansar. Da parte da tarde mudo sempre de lugar e fico à entrada da praia. Que bom! O Sol estava a começar a abrir e vinha lá uma bela tarde de praia.

Depois de comer e de me proteger do Sol, peguei num pequeno livrinho antigo e comecei a ler. Demorei duas ou três horas. Finda a leitura, deitei-me ao Sol para trabalhar para o bronze. Voltei a adormecer.

Eram mais de cinco da tarde quando acordei. Daí a nada terminava aquele primeiro dia de praia.

Arrumei as coisas e fui para a paragem para apanhar a camioneta de volta para casa. Depois teria de andar mais uma hora a pé. É assim a vida!

À medida que caminhava, o tempo ia ficando mais escuro. Estava a anoitecer e eu tinha de me despachar. Maldita hora em que vim de chinelos! Se viesse de sapatilhas andava mais depressa e não massacrava tanto os pés.

Cheguei a casa com os pés feitos num oito. Fui tomar um banho rápido enquanto não começava “A Herança”. Tomaria eu ir descansar que me fartei de andar a pé. É assim! Se eu quero praia tenho de me sujeitar a andar bem.

Chegaram as férias!

Pois é! Estou de férias e o calor aperta. Em princípio amanhã irei até à praia para aproveitar os excelentes dias que temos.

Enquanto isso, estou aqui à espera de novas de Lisboa sobre a ida à Holanda.

Fiz um treino de cerca de 25 minutos de corrida apenas para manter a forma. O calor escaldante não permite mais.

Há que procurar as coisas para levar para a praia. Já se sabe como é: quando chega o tempo frio tudo é bem guardado de forma a não incomodar e, por vezes, é difícil ter tudo à mão. Tem sempre de faltar alguma coisa.

Sunday, October 08, 2006

Um dia na praia com Betinha Irritante

A previsão meteorológica para aquele dia de Julho não enganava. Mais um dia em que não se podia estar em casa! O dinheiro não abundava e a família Andrade há muito que pôs de parte passar umas férias em locais paradisíacos como em anos anteriores. Em 2004 as férias foram passadas nas Antilhas Holandesas e em 2005 a República Dominicana foi o destino deste casal residente na zona de Cantanhede.

Mas nem só a crise financeira impedia Gervásio Andrade e sua mulher de irem para longe gozar o merecido descanso. O comportamento de sua filha de seis anos deixava muito a desejar e tornava a vida num inferno, não só aos pais, como a todas as pessoas que tinham o azar de se encontrar com aquela família.

Felisberta era uma menina insuportável. Era mesmo o tipo de criança que nenhum pai e nenhuma mãe sonhava ter. Nem nos piores pesadelos. Por qualquer coisa armava uma birra daquelas que as pessoas de fora ouvem e dá-lhes vontade de esganar a criança. Essa sua característica valeu-lhe a alcunha de Betinha Irritante.

Gervásio Andrade decidiu naquele dia que se previa quente pegar nas coisas e ficar mesmo por Mira. Se a filha se portasse mal sempre poderiam vir para casa a qualquer altura. E acham que a criaturinha alguma vez na vida se portava bem?

Começou logo antes de sair de casa porque cismou que queria levar um biquini encarnado. Na verdade ela nem tinha nenhum dessa cor, mas gritou, esperneou, acordou os vizinhos porque exigia um biquini vermelho. Vá lá, é benfiquista! Para ela se calar a mãe prometeu que quando chegasse a Mira lhe compraria um.

Pelo caminho o pai teve de parar para meter gasóleo no carro. Mais um pretexto para a Betinha começar aos guinchos que o homem da gasolineira teve de exclamar:
- “Se eu quando era miúdo fizesse uma coisa dessas, o meu pai tirava o cinto das calças e não me perguntava quantas é que eu queria.”
Envergonhado, Gervásio arrancou a grande velocidade e esqueceu-se de pagar o combustível. O gasolineiro correu atrás do veículo encarnado até não poder mais. Só desistiu quando se estatelou no chão de tão cansado que estava.

Chegados à praia tiraram as coisas de dentro da bagageira e seguiram a pé pelas escadas. A areia estava um pouco húmida e o tempo estava encoberto. Antes do casal montar a barraca, já a filha a tinha armado e de que maneira. Vira um chapéu-de-sol colorido que estava solitário lá longe quase ao pé do mar. Correu descalça aos guinchos pela areia e foi preciso o pai a ir buscar dando-lhe duas palmadas com a pá no rabiosque.

Gervásio lia descansado o seu jornal. A actualidade desportiva prendia-lhe agora os sentidos. Ao lado a sua mulher tinha pegado no sono. Nem faziam ideia que a sua irrequieta filha já andava novamente à beira-mar a apanhar conchas e pedras e entretinha-se a fazer pontaria às barracas e chapéus que já se encontravam ali àquela hora. Teve tanta pontaria que acertou justamente no joanete do pé descalço de um gorducho que ressonava dentro de uma barraca. Estremunhado o homemtentou levantar-se, mas a sorte da miúda é que ele era lentíssimo a mexer-se.

Depois foi num rádio que ela acertou. Por acaso tocava a música da Floribella. Ela até gosta disso. Dizem que é a altura do dia em que ela está mais sossegada. Ou ela não ouviu bem que música tocava, ou fez aquilo simplesmente para irritar a outra miúda que saiu debaixo do chapéu munida de uma pá a abarrotar de areia. Rapidamente Betinha correu aos prantos praia fora e acordou a mãe que dormia a sono solto.

O pai continuava muito descansado na sua leitura. Foi enquanto Betinha não se lembrou de atirar areia para dentro da barraca. Aí o pai voltou à Terra e mandou-lhe um valente berro que se ouviu na barraca ao lado onde dormia uma senhora muito chique que não queria barulho e mandou calar o Gervásio.

O Sol começava a aparecer e todo o cuidado com a pele era pouco. Gervásio deu à vontade duas voltas á praia atrás da filha só porque ela não queria colocar o protector solar. Foi um calvário! Todas as pessoas que passavam paravam junto à barraca da família Andrade para ver o que se passava para a criança gritar tanto.

Para o almoço o casal foi buscar dois frangos e um pacote enorme de batatas fritas. É que o dinheiro não dá para ir comer ao restaurante. A miúda deu um escândalo tremendo porque queria a parte mais tostada do frango e o pai comeu-a. E quem é que a calava? Já havia reclamações à boca cheia e tudo.

E uma sestazinha? Com uma criança tão enfadonha por perto nem uma pessoa afectada pela doença do sono conseguiria dormir sossegada. E ela com o sono é um diabinho. Chora, guincha até não poder mais, birra por coisas mais absurdas, sei lá....

Foi uma meia hora santa a que se viveu na Praia de Mira enquanto Betinha dormiu a sua sesta. Só que acordou rabugenta e capaz de irritar um santo. Como a comum das crianças queria ir para a água, mas ainda era cedo. E convencê-la? Depois queria um balde encarnado como o de uma miúda que encontrou. Ela e as coisas encarnadas!

Para completar, exigiu um gelado. Já cá faltava o gelado. Obviamente que a mãe não lhe fez a vontade até porque, se houvesse água não havia gelado e se houvesse gelado não havia água para ninguém.

Optou por ir à água. Trazia um biquini verde alface que dava nas vistas. Havia dois senhores que só estavam para molhar os pés. De calças arregaçadas pelo meio da perna, as duas criaturas não sabiam o que eram calções de banho e fugiam de uma onda mais forte que pudesse rebentar. Betinha encheu o seu balde de água e arrumou a um dos senhores que ficou completamente encharcado. O outro fez queixa ao pai da Betinha que logo a tirou da água. Claro que tal retirada não foi pacífica. A criança resistiu, berrou, barafustou, mas quem mandava era o pai que ameaçou que, se ela se portasse mal, iria para casa mais cedo.

Cinco da tarde. Era hora de arrumar as coisas e começar a pensar em ir embora. Betinha queria ficar mais um pouco na praia, mas a senhora da barraca ao lado deve ter ficado saturada de praia só porque teve o azar de estar ao lado de tão irritante miúda.

Outras crianças já se tinham vestido e Betinha avistou ao longe uma menina com uma saia da Floribella. Escusado será dizer que ela armou uma birra tremenda porque também queria uma. Os nadadores salvadores até vieram perguntar ao pai se precisava de alguma coisa, tal era o griteiro que a miúda fazia enquanto apontava para a outra criança que já se afastava.

Pela estrada no caminho de volta para casa, Betinha embirrava cada vez que o pai reduzia a velocidade. A toda a hora queria a música da Floribella e em alternativa gostava também de ouvir os D’ZRT. Se o pai ouvia Tony Carreira, ela logo gritava alto e bom som e lá ia o CD da Floribella pela enésima vez.

Eu não fui à praia. Fiquei a descansar que bem precisava depois do agitado dia que tive na véspera.

Recebi um telefonema de Lisboa por causa da ida à Holanda. Será desta? Tanto tempo a tentar...

Mais um jogo em que o Benfica jogou de forma horrível. Desta vez perdeu por 3-1 com o AEK de Atenas. Fernando Santos não teve um regresso feliz á capital grega. A jogar assim não sei onde o Glorioso vai parar. Nunca vi coisa igual no espaço de tão pouco tempo!

Bacorada do dia:
“Eu estava a ver que o estava a ouvir.” (que confusão!)

Teste para o Guinness

Quatro horas!!!!!!! Não é brincadeira. Antes fosse. Nem no Ensino Superior fiz um teste que demorasse tanto tempo e com tamanho rigor.

Senhores responsáveis pelo Livro dos Recordes, se tiverem oportunidade de ler este texto, façam o favor de mencionar que se fez em Portugal, mais precisamente na cidade de Coimbra, no dia 31 de Julho de 2006 um teste de Português que demorou quatro horas.

Não se esqueçam de frisar que o teste em questão foi feito por cidadãos portadores de deficiência visual, no último dia de aulas e, (por incrível que pareça) não iria contribuir para a nota final dos formandos, visto que esta já há muito que estava decidida através de parâmetros que não podem de modo algum agradar a todos.

O suplício começou mal pusemos os pés na sala de aulas. Entrámos para lá como quem entra para uma verdadeira sala de tortura. A vontade de fazer aquele teste naquele dia era pouca ou nenhuma. E o nosso almoço que tinha ficado marcado para esse mesmo dia? E nós que fizemos tantos planos e tivemos de estar ali a fazer aquele interminável teste.

A explicação para um teste tão longo teve também a ver com a falta de enunciados em Braille. E que culpa temos nós que isso não tenha vindo de Lisboa?

No "intervalo" daquele teste sem fim houve o nosso almoço que já estava marcado há algumas semanas para assinalar a chegada das merecidas férias. Mal sabíamos nós que aquele dia seria o mais difícil de passar de todos os longos meses que tivemos de aulas.

Apesar do clima pesado que se fazia sentir, sempre houve momentos de profunda animação durante o almoço. O momento alto foi o brinde à nossa psicóloga que anda pelas Arábias.

Tivemos de voltar para a sala de aulas. Agora a tarefa era mais do meu agrado. Tínhamos de fazer uma composição que consistia em convencer alguém que vivesse em Inglaterra a vir passar uns dias à nossa terra.

Saímos do teste. Finalmente! Mas nem se pense que íamos ter sossego. É que havia gente a precisar de férias. E era com urgência! Os ânimos andaram ali um pouco exaltados. A essa pessoa que andava pelo corredor bastante nervosa tenho a desejar umas santas férias numa praia paradisíaca para em Setembro vir de cabeça fresca para as aulas. É que assim não dá!

O dia terminou com a festa de aniversário de um funcionário que nos ofereceu bolo e champanhe. Depois de tudo o que passámos naquele dia merecíamos.

Quando cheguei a casa estava de rastos. O cansaço era muito e as dores de cabeça também. O que vale é que no dia seguinte não teria hora para acordar. Afinal estava de férias.

Situação do dia:
Comecei logo de manhã a entrar em stress. Assim que cheguei à paragem constatei que me faltava algo de dentro dos bolsos. Tinha deixado as chaves em casa. E agora? De início pensei que as tinha perdido e fiquei com os nervos em franja. Depois liguei para casa e disseram-me que elas tinham ficado na porta do escritório. Fiquei mais descansada, apesar de não poder entrar em casa para apanhar algumas coisas que se podiam estragar. E de quem foi a culpa disto? Do gato Mong que podia ficar trancado no escritório.

Bacorada do dia:
"Para sinalar..." (isto seria um neologismo.)

Veneberg e a má sorte

Depois de ter assistido a uma vitória do Sporting que já se adivinhava no Torneio do Guadiana, fui para a Internet ver como ia a vida do meu pessoal.

E falava eu no texto anterior de pessoas sem sorte! Durante a minha viagem pelas notícias do Ciclismo encontrei alguém para quem esta época não vai deixar saudades - o Veneberg.

Depois de ter sido vítima de uma grave queda quando um cão invadiu a estrada e que praticamente lhe destruiu os objectivos, o ciclista da Rabobank vê -se agora a braços com problemas de saúde.

Ele que até é um entendido em Psicologia do Desporto não vai, certamente, deixar-se ir abaixo com toda esta onda de infortúnios que lhe bateram à porta e entraram sem licença.

É assim a vida e o Desporto. Umas vezes corre tudo bem e noutras tudo acontece como não deveria acontecer. O curioso é que as coisas más acontecem justamente quando uma pessoa atravessa um óptimo momento na vida.

Depois de ter descansado umas horas e de não ter estudado nada para o teste de Português (para quê!!!??) passei aquele domingo de Sol como os outros: em casa a descansar para aquele dia que valeria por uma semana inteira. Que ideia haver aquele teste justamente num dia em que já estamos sem paciência para nada e só queremos ir para férias descansados.

No seu jogo de apresentação o Porto derrotou a Roma por 1-0. O jogador da Roma quis participar também da festa e resolveu presentear os adeptos azuis e brancos com um autogolo. Já que os avançados não marcavam...

Eu nem me quero lembrar do inesquecível dia que vai ser. Um teste no último dia de aulas foi coisa que eu nunca vi e se me dissessem nem acreditava.

Homenagem a uma pobre mulher

Naquela tarde a aldeia chorou a morte de mais uma das suas habitantes. Olívia deixou para sempre o mundo dos vivos para aquilo que todos esperam- a Paz, a Felicidade e uma Outra Vida com tudo o que a vida na Terra não lhe proporcionou. Nem na forma como passou os últimos dias de vida entre nós.

Há algumas semanas internada, Olívia tomara conhecimento do fim que a grave doença lhe reservara. Lavada em lágrimas e já sem esperança procurava nos familiares um ombro amigo para poder aliviar a angústia que sentia por aquilo lhe estar a acontecer. A dor que sempre caracterizou a sua difícil existência esteve também presente nos últimos momentos.

Mas porque é que a vida é tão cruel para algumas pessoas? Qual a força que comanda um destino tão ruim para algumas vidas? Tentar responder a estas perguntas não se afigura uma tarefa fácil. A vida humana e tudo o que a ela diz respeito é o mais bem guardado mistério que existe.

Olívia foi uma dessas pessoas sem sorte na vida, sem momentos felizes, sem uma oportunidade de mudar o rumo traçado por um destino tão amargo. Oriunda de uma família extremamente pobre onde a miséria e o alcoolismo mandavam, desde cedo esta mulher descobriu que o sonho de uma existência sem sobressaltos era apenas uma miragem.

Mãe de uma filha deficiente, Olívia teve ainda mais dois filhos que deixa agora de forma tão prematura a chorar pelo carinho materno que perderam naquela tarde de Verão.

Mas porque é que a vida é feita de tanta má sorte e tanta injustiça? O que é que esta mulher fez de errado para ter uma existência tão sofrida do primeiro ao último dia? É assim infelizmente o mundo em que vivemos. Por mais que se pense, que se tente achar uma explicação, nenhuma hipótese faz sentido. Nem a Religião, nem a Filosofia conseguem ser coerentes nas soluções que encontram para alguns fenómenos que fazem parte do universo do Ser Humano.

Aqui fica a minha homenagem a uma mulher que sempre tentou buscar a felicidade e só encontrou pela frente barreiras à realização desse desejo.

Sunday, October 01, 2006

Fui dentro

Se mandássemos nos sonhos que temos enquanto dormimos como comandamos o nosso pensamento em vigília, não passaríamos por algumas situações embaraçosas que nos enchem de angústia e nos colocam em dúvida se estamos acordados ou a dormir. E que alívio sentimos quando acordamos e constatamos que tudo aquilo apenas existiu no nosso subconsciente!

Vem isto a propósito do sonho que passo a contar. Como todos os sonhos, este tem uma certa dose de surrealismo e chega até a ser ridículo. Enquanto estava a sonhar não estava a achar piada nenhuma à situação, mas quando analisei o sonho mais a frio percebi que tudo não passou de uma deturpação do que se tinha passado na noite anterior.

Encontrava-me uma noite em casa. Soou um alarme e umas luzes amarelas acenderam-se por toda o lado. Corri para o computador onde tinha umas mensagens esquisitas. Ignorei-as e isso foi fatal. Poucos minutos depois tinha duas viaturas policiais à porta para me virem buscar.

Os semáforos dos dois veículos irrompiam pela noite escura. Levei as mãos à cabeça. Não queria acreditar no que se estava a passar ali. Comecei a chorar convulsivamente. Oh não! Ia para a esquadra de polícia. Tentei convencer os guardas a terem compaixão de mim e pedi desculpas pelo erro cometido. Eles ignoraram as minhas súplicas e empurraram-me à força para dentro de uma das viaturas, fechando-me a porta. Os meus pais e os meus vizinhos assistiam a tudo tristes e imóveis.

Mas afinal que tinha eu feito para me levarem presa? Melhor será falar daquilo que eu devia ter feito, pois disso se tratava. É ridículo, mas foi isso que aconteceu. Simplesmente me faltou alertar a Polícia do alarme que eram aquelas luzinhas que acenderam inicialmente. Na volta não respondi à mensagem. Só em sonhos mesmo!

O carro policial chegou rapidamente à esquadra. Lá dentro as pessoas olhavam-me por detrás das grades. Eu estava profundamente melindrada com a forma como os reclusos me abordavam. Passei por um corredor onde havia celas repletas de presos. Havia tigelas sujas e a comida não tinha bom aspecto. As camas eram uns colchões encardidos sem lençóis nem cobertores.

Acordei aliviada por nada daquilo se ter passado na realidade. Depois lembrei-me que tudo isto aconteceu na véspera. Para comprovar isso basta ler a mensagem anterior: o alarme e a comida esquisita foram dois elementos que passaram da realidade para o mundo dos sonhos. Pensando em tudo isto, agora até me rio.

Não resisti a contar este sonho nas aulas e o formador disse que devo andar preocupada com alguma coisa. Realmente até ando, mas isso é outra história.

Nessa sexta-feira de muito Sol é que foi o teste de ORMT. Tal como os outros, foi facílimo.

Na cantina esperava-me um almoço verdadeiramente...Há tantos anos que lá como e nunca me aconteceu detestar a comida como naquele dia. Para começar, a minha sopa favorita...para eu não comer: sopa de alho francês. É coisa que eu detesto. Como nesta altura do ano existe pouca gente a comer lá, só fazem um prato. Era peixe com batatas cozidas. Que horror! Comi o peixe com pão e deixei as batatas. Era pior que a comida que eu sonhei horas antes que havia na cadeia.

A tarde custou a passar como sempre acontece quando o fim-de-semana se aproxima. Sempre anseio chegar a casa para saber novas dos gatos.

Não havia surpresas desagradáveis em casa. Tudo decorreu sem que nada de anormal se passasse.

Anormal seria o Benfica fazer outro jogo a roçar o disparate. Perdeu com o Corunha por 1-0, mas jogou um pouco melhor. O golo dos espanhóis surgiu de uma falha clamorosa de Moretto que foi titular.

Situação do dia:
Parece que a cena se passou no dia 27. Na véspera, portanto. Andavam os meus pais nas habituais lides do campo quando viram passar a correr desenfreadamente um coelho selvagem. Sabem quem corria atrás dele? O gato Mong. A certa altura perdeu-o de vista e ficou pregado ao chão a olhar para um lado e para o outro.

Bacorada do dia:
“O Tsunami marcou golo na própria baliza.” (ora aí está uma boa alcunha para o Katsouranis.)

Cabeça a fervilhar





Grande dia! O dia do tão esperado teste de Matemática. E era logo à primeira hora para acordar à força. Que violência despertar assim!

Houve um exercício que me deixou a cabeça completamente a fervilhar. Deu-me um ataque de burrice súbita – coisa que é normal quando se trata de números- e andei às voltas para fazer uma coisa que até sabia fazer. Estava tão nervosa, tão chateada, tão despassarada que confundi a folha de teste com a de rascunho e tive de fazer tudo de novo que até me consolei.

Ainda grogue de tanto raciocinar, apanhei um papel do chão e andei a perguntar a todos os meus colegas – um a um- de quem era o papel. Depois de ninguém provar pertencer-lhe, peguei nele e pude constatar que fiz figura de parva. Afinal o papel era...meu. Tratava-se do livro de instruções da minha calculadora.

Pior que isso tudo foi tomar conhecimento dos critérios de avaliação de certos módulos. 60% para o comportamento?!!!! Sem comentários. Que façam o que muito bem entenderem.

Cometi um lapso ao dizer que o teste de ORMT tinha sido naquele dia em que eu andava nas nuvens. (ver texto “Um fenómeno raro”) Uma colega tinha uma consulta ou um exame e no dia 26 de Julho não houve testes. Nem de ORMT, nem de outro módulo! O teste foi na Sexta-feira seguinte. Por isso é que eu escrevi aquelas mensagens todas naquele dia! (ver texto “Roupa branca...até demais.”)

O Porto ia jogar na Holanda contra uma equipa local cujo nome não me recordo. (já ando a perder qualidades). Sei que era uma equipa que vestia como o Nacional da Madeira. Esperem aí...a equipa parece que se chamava Heracles...de Roterdão. Não tenho a certeza. Conheço o Heracles de Salonica, mas- que eu saiba- Salonica fica na Grécia. E que não me falassem em gregos nesse dia. Lembrava-me do outro. Esperem...

Nesse encontro Tarik (ou lá quem foi) quase despiu um adversário num lance mais “picante”. Aliás, os dois jogadores passaram o jogo todo a quezilarem um com o outro.

O jovem Vieirinha foi titular e mostrou a Co Adriaanse que tem valor para ficar no plantel principal. Com pormenores de encher o olho, o miúdo promete ser uma revelação da próxima Liga.

Outro jogador em destaque foi Bruno Moraes. O avançado brasileiro foi o autor do único golo portista. A margem mínima chegou para vencer.

Fui ao Pingo Doce buscar umas coisas. Assustei-me quando o alarme soou. Este episódio viria a dar origem, talvez, ao sonho que tive nessa noite e que vou relatar na próxima mensagem.

Como para a semana terminam as aulas e havia caixas de todo o género de cereais abertas, resolvi improvisar e fazer uma mistela quase intragável.(ver fotos) E que remédio tive eu em comer o meu próprio veneno. O que não mata, engorda.

Estava eu a preparar o “jantar” quando ouvi por alto que não sei quem estava dopado e podia ser desclassificado do Tour. Corri para o meu quarto para ver a notícia. Então não é que se tratava mesmo do vencedor Floyd Landis que foi apanhado nas malhas do doping com excesso de testosterona. Qual doping, qual quê? Excesso de virilidade. Parece que ele é muito macho.

Resumindo e concluindo: parece que a Volta a França 2006 terminou conforme começou. O fantasma do doping ensombrou sempre a competição.

Era finalmente chegado o grande momento. (e que grande momento!) O derbi lisboeta ia começar. Aquele jogo ia ser formidável. O Yannick e o Katsouranis que o digam!

O Benfica estava um verdadeiro disparate a jogar. Parecia impossível estarem a jogar tão mal. Rui Costa então deu o golo a marcar a Yannick e Katsouranis viria a fechar com chave de ouro o compêndio de azelhice.

O Benfica deixou-se humilhar pelo rival da Segunda Circular e perdeu por 3-0 com dois golos do miúdo Yannick e do disparatado Katsouranis na própria baliza, num lance que tem honras de “Situação do dia”.

Situação do dia:
É inacreditável como um jogador faz um balão de tão longe e a bola toma o rumo da própria baliza. A expressão do grego Katsouranis ao ver que o seu corte se encaminhou para a sua baliza diz tudo. É de uma pessoa ficar de boca aberta. Nunca se viu nada assim! A trinta metros da baliza?!!!!

Bacorada do dia:
“O teste de Braille foi por cruzinhas. Não foi?” (não sei como é fazer uma cruzinha em Braille, presumo que seja fazer um “x” ou então assinalar a alínea da afirmação correcta como fizemos.)