Monday, May 31, 2021

“Não Há coincidências” (impressões pessoais)

 

Confesso que não sou grande apreciadora de Margarida Rebelo Pinto. Ela escreve essencialmente romances e eu aprecio pouco ou nada este género de livros.

 

Salvo erro, este é o primeiro que leio desta famosa escritora portuguesa. Penso que também foi o primeiro que escreveu. Vocês certamente pensarão que ler um livro de um escritor é pouco para aferir do seu trabalho. Eu não coloco em causa o talento da autora, apenas não gosto do género de livros que escreve. Afinal de contas, onde está a emoção neste livro? O suspense? A vertigem? O que prende o leitor a uma história?

 

Histórias de amores e desamores? A mim não me dizem nada? Mesmo aquelas intrigas familiares bem á portuguesa dignas de novelas.

 

Vale á autora ter uma linguagem simples capaz de captar diferentes tipos de leitores. De resto, a história é muito fraca para os meus padrões.

 

Na perspetiva de ler livros diferentes, por vezes apanho destes que não fazem o meu género. Isto dá uma bagagem enorme para escrever outras coisas e é neste contexto que encaro estas leituras mais enfadonhas.

 

Já preparo a próxima leitura. Não paro mesmo.

 

37,9

 

Os sonhos em tempo de pandemia têm o seu encanto. Um dia vamos olhar para estes textos e encará-los como documentos históricos dignos de figurar na Torre do tombo. O certo é que vivemos alerta com qualquer alteração dos nosso humores e sensações físicas. O que outrora não valia nada e não era foco de preocupação, hoje é alvo de vigilância.

 

Lembro-me de há dois anos atrás, por esta altura do ano, ter andado mais de uma semana com febre. Andei sempre a trabalhar, nunca faltei, por mais de rastos que andasse. Se fosse hoje, iria certamente a correr para algum lado com receio de ser covid 19.

 

São assim os sonhos em tempos de pandemia, em tempos de incerteza, numa época em que cada um de nós tem de ser vigilante de si próprio mais do que ser dos outros.

 

Sonhei que era madrugada. O relógio ainda não tinha despertado para eu ir trabalhar.

 

Sentia um certo mal estar e não sabia como estar deitada. Ora tinha calor, ora tinha frio. Ainda estava escuro na rua. com ar assustado, logo depreendi que devia ter febre e logo fui procurar o termómetro para medir a temperatura. Em caso afirmativo, o que faria? Faltaria ao trabalho? Eu, que nunca faltei por doença. Somente por cegueira e muitos meses nem isso. Mesmo sem ver fui trabalhar antes da operação que mudou a minha vida.

 

O termómetro apitou. Com ar ansioso, nem queria ouvir o que dizia mas tinha de saber. Por mim e pelos outros que iria contagiar se por acaso estivesse com covid 19.

 

Tinha 37,9 de temperatura. Era muito.

 

O que fazer agora?

 

Foi neste dilema onírico que acordei. O sonho misturou-se com a vigília, pois o cenário era o mesmo. Afinal, tudo estava bem na vida real comigo.

 

“o Seio E o Morango” (impressões pessoais)

 

Leio agora um pequeno livro de contos. Parece um cliché, a primeira aventura literária de alguém que não faz da escrita a sua atividade principal é quase sempre um livro de contos. O indivíduo gosta de escrever umas coisas nas horas livres, vê alguma coisa e logo se inspira. Depois, um belo dia, acorda e pensa que os seus escritos davam um belo livro de contos.

 

Eu também em tempos pensei fazer isso. Não está de todo posto de parte. Acho que tenho material suficiente para tal. O mais complicado é ver onde andam todos esses textos. Alguns publiquei-los aqui mesmo no meu humilde e recatado espaço, outros simplesmente tenho de os procurar. Outros ainda aguardam a luz do dia e outros não vão ser passados para o computador porque estavam a tinta e já não os vou conseguir ler. O que pode acontecer é eu pegar na ideia e escrever algo completamente diferente do original.

 

Divagações á parte, eis um livro escrito por um psicólogo clínico da Marinha brasileira.

 

Os contos neste livro são de índole variada, desde o puramente erótico que dá nome á obra, ao transcendental. Há aqui contos de índole mais filosófica, outros muito estranhos. Pela pequena amostra, o psicólogo escritor de contos é muito versátil.

 

Destaco aqui o conto “o Desenterrado”. Está simplesmente incrível. Quem se iria lembrar de  escrever uma história destas, de um morto fazer todo o retrocesso do dia em que morreu tentando sem sucesso mudar o rumo dos acontecimentos que o levaram á morte.

 

Sinceramente, é um prazer ler livros destes escritores de horas vagas. Destes narradores acidentais que se aventuram no mundo da escrita de livros, mesmo que sejam de contos. Afinal de contas, temos de começar por algum lado.