Thursday, October 28, 2010

“A Morte De Lorde Edgware” (impressões pessoais)



Como facilmente se pode depreender pelo título da obra, este é mais um empolgante romance policial da autoria de Agatha Christie.

Esta é a história de Jane Wilkinson- uma actriz americana que era casada com um homem estranho que era Lorde Edgware. Numa conversa, ela desabafou com Poirot e contou-lhe que precisava de se livrar do marido para se casar com o duque de Merton- um homem de valores muito rígidos e extremamente católico. É aqui que assenta a história.

O marido de Jane aparece morto na sua biblioteca e todas as testemunhas afirmam que a assassina foi a sua esposa porque a viram. Só que Jane tinha um álibi muito forte. Tinha estado numa festa. Por aí a escritora afastou a hipótese de ser ela a assassina.

Havia uma outra actriz- Carlotta Adams- que sabia imitar Jane na perfeição. Terá sido Carlotta então disfarçada que entrou em casa de Lorde Edgware e o matou? E com que intenção? Carlotta também apareceu morta por consumo excessivo de soporíferos.

Ronald, o sobrinho da vítima, e Geraldine, a filha de Lorde Edgware, eram dois dos suspeitos. Eu acreditei que fosse Ronald porque precisava de dinheiro que o tio não lhe queria dar. Ronald foi mesmo detido por ter sido visto com a prima a entrar em casa.

Poirot não se convencia da culpabilidade de Ronald e tentou de tudo para descobrir o verdadeiro culpado. Havia a mãe do duque com quem Jane se queria casar e que afirmava fazer de tudo para que o filho não casasse com a actriz. Poderia ser então a duquesa a matar o marido de Jane usando Carlotta para colocar as culpas em cima da noiva do filho.

Havia uma carta escrita por Carlotta à sua irmã nos Estados Unidos. Com a perspicácia do costume, Poirot reparou que faltava uma página à carta que fora habilmente rasgada para colocar as culpas em cima de Ronald. Por acaso sem a página que faltava depreendia-se que fora o sobrinho da vítima a propor a Carlotta que se fizesse passar por Jane.

Na verdade fora Jane a oferecer dinheiro a Carlotta para se fazer passar por ela mas na festa. Enquanto isso, a genuína Jane Wilkinson iria até casa matar o marido. Fora tudo um plano muito bem arquitectado pela actriz para poder casar com o duque sem problemas. Sendo viúva, não haveria as restrições em ser aceite pelo noivo que haveria se acaso ela fosse divorciada. Jane matou ainda Carlotta ao ministrar-lhe a droga fatal e um jovem que estava presente no tal jantar onde Carlotta foi fazendo-se passar por Jane. Ele descobriu que algo de errado havia com ela, pois Jane era uma inculta e Carlotta tinha aprofundados conhecimentos que fez questão de demonstrar em conversas com os presentes.

Tal como em obras anteriores, Agatha Christie dá-nos a volta. Começa por tornar suspeita a pessoa que realmente é suspeita e depois faz-nos acreditar que jamais essa pessoa é culpada do crime. No livro anterior que li também isso aconteceu.

A ferros

Este foi mais um jogo aparentemente menos conseguido do Sporting depois de um brilharete na Liga Europa contra os belgas do Gent. O adversário foi o Rio Ave e só no final o Sporting garantiu o triunfo por 1-0 com um golo de Abel.

O Sporting até começou o jogo a empurrar o Rio Ave para a sua zona defensiva mas o jogo tornou-se muito pouco fluído um pouco por culpa das inúmeras interrupções para assistir jogadores magoados.

Diogo Salomão chocou contra a vedação e esteve longos minutos a ser assistido fora do campo. Nuno André Coelho sofreu uma lesão ao nível da face e teve mesmo de ser substituído ainda antes do intervalo. Em suma, tudo corria mal aos leões.

Ao intervalo registava-se um nulo no marcador e os adeptos leoninos já demonstravam alguma impaciência.

Na segunda parte então assistimos à incrível pontaria dos jogadores do Sporting aos ferros da baliza defendida pelo veterano Paulo Santos.

O Rio Ave começou muito bem a segunda parte e foi uma sorte parra o Sporting não ter sofrido um golo nesse período.

As duas substituições que o Sporting teve de efectuar tiveram a ver com problemas físicos de Diogo Salomão (ainda a queixar-se de um lance na primeira pare) e Liedson. As três substituições para o Sporting foram todas devido a lesões. Matias Fernandez, um dos que entrou, ficou a contorcer-se com dores no relvado e temeu-se que os leões passassem a jogar com dez jogadores. O chileno lá recuperou.

E começa a demonstração de pontaria exagerada dos jogadores do Sporting! Primeiro foi João Pereira e depois foi Postiga. Ambos remataram aos postes.

Postiga ainda enviou uma bola à trave da baliza de Paulo Santos mas Abel acertou finalmente entre os ferros e deu assim um triunfo sofrido á turma de Alvalade.

No outro jogo envolvendo equipas grandes, o Benfica também venceu pela margem mínima o Portimonense no Estádio do Algarve. O golo solitário foi da autoria de Javi Garcia.

Wednesday, October 27, 2010

Uma espécie de água-pé

Há coisas que me acontecem em sonhos que são difíceis de compreender. Muitas vezes sonho estar a comer frutos secos (castanhas principalmente) e isso causa-me náuseas.

Os tremoços são um outro alimento de que gosto na realidade mas que em sonhos me causa a mesma sensação. Quando chego a casa e vejo lá tremoços, penso duas vezes antes de os meter para a boca se acaso tive recentemente um sonho desse tipo. Depois lá tiro um a medo e ele até me sabe bem. Eu até como imensos, se possível for, mas em sonhos não consigo. É uma aflição sempre que os como.

Neste pequeno sonho estava a comer castanhas cruas e tremoços, tendo ficado enjoada. Então a minha irmã tinha preparado uma bebida avermelhada que parecia groselha e era altamente refrescante.

Tirei um copo para que a sensação causada pelas castanhas passasse. As castanhas são alimentos oniricamente secos e, por se colarem ao céu-da-boca e à garganta, provocam então essa sensação de náusea, de asfixia, de desconforto.

A garrafa dessa bebida era semelhante a uma de Coca Cola de um litro. Penso até que era uma dessas que ela usou para conservar a bebida. Depois desse copo inicial que me devolveu todo o bem-estar perdido, eis que eu simplesmente emborquei o resto da água-pé ou lá o que era a bebida. Estava mesmo a saber bem!

O S. Martinho está aí na realidade. A sua chegada já se faz sentir em sonhos, pelos vistos.

Centro de estágio sim mas com biblioteca também

Estava eu a tentar arranjar um cantinho no meu quarto para arrumar mais um livro quando me surgiu mais uma ideia daquelas que costumo ter de vez em quando. Se me calhassem uns troquitos no Euromilhões não era má ideia fazer também uma biblioteca enorme onde coubessem todos os livros e mais alguns.

Para quem pensa que com isto desisti da ideia de erguer o meu centro de estágio, desengane-se. Ler nos intervalos dos exigentes treinos faz muito bem. Podem crer.

Já estava a ver o meu imponente edifício com tudo de bom a que tivesse direito. Uma piscina olímpica excepcional, um velódromo fresquinho no Verão e com temperatura amena no Inverno, uma pista de Atletismo interior com as mesmas características ambientais do velódromo e uma pista exterior para aqueles que precisam de preparar competições com o clima que vão encontrar.

Depois há um campo de Futebol e um pavilhão para todas as actividades desportivas possíveis e imaginárias, inclusive também serve para concertos de cantores pimba e afins. Isto para ganhar mais uns troquitos porque quanto mais rico se é, mais dinheiro se quer ter.

Ao lado desse haverá então uma enorme biblioteca de fazer inveja a muitas bibliotecas municipais. Não faltaria espaço para arrumar um livro que fosse. Sempre que saísse para o mercado um livro e eu soubesse, trataria logo de o adquirir. Que bom seria não me faltar o dinheiro para isso!

Haveria computadores topo de gama para quem desejasse pesquisar e ler livros em suporte áudio e haveria ainda as enormes enciclopédias tradicionais, aqueles calhamaços enormes pelos quais eu ainda aprendi muitas coisas interessantes. Hoje em dia os jovens nem com um livro desses podem porque basta pesquisar na Internet por aquilo que precisam. Eu própria já faço isso também mas adorava sentir o cheiro do papel. Eu ainda sou do tempo de copiar à mão tudo o que estava na enciclopédia. Lembro-me que me interessei pela Finlândia quando andava aí no meu décimo ano e fui para a biblioteca da escola nas horas livres passar o artigo todo. Eu era assim.

Depois quando fui para o Ensino Superior já tirava fotocópia dos artigos que precisava para estudar. Como as coisas evoluem! Hoje basta ir ao computador, seleccionar o que se quer e já se tem o material para se ler.

Haverá ainda dicionários de todas as línguas e mais algumas, livros dos mais variados quadrantes do conhecimento e as obras literárias propriamente ditas. De um lado haveria os romances lamechas e do outro os romances policiais e os thrillers. Como a biblioteca era minha, esse tipo de livros ocuparia mais de metade do espaço. Ler Stephen King antes de um treino dá cá uma pica…

E agora perguntam: o que era maior, a biblioteca ou o centro de estágio? A essa pergunta não saberei responder mas provavelmente teriam ambos as mesmas dimensões.

Só para consumo externo

Foi mais um resultado gordo, o conseguido pelo Sporting frente ao Gent da Bélgica a contar para a Liga Europa.

De facto é uma diferença abismal, a do Sporting do Campeonato para o Sporting da Liga Europa. Nas competições europeias tudo corre bem e o Futebol praticado é fluído e alegre.

Logo aos seis minutos de jogo, Diogo Salomão fez o primeiro golo após um cruzamento de Postiga que continua a evidenciar um excelente momento de forma.

Este jogo era claramente para Liedson fazer história. Ao marcar o segundo golo do Sporting neste jogo, o “Levezinho” apontou o golo duzentos dos leões nas competições europeias e também o seu vigésimo quinto golo.

Os belgas ainda marcaram um golo depois de uma falha do guarda-redes Hildebrand mas não passaram daí. Só mesmo com ajudas dessas poderiam lograr alguma coisa. Então aquele lateral-direito deles era incrível. Já não se usa uma equipa que participa nas competições europeias possuir um jogador tão fraco. Parece que ele nem regressou para a segunda parte.

Ao intervalo o resultado já estava desnivelado. O marcador estava em 4-1 porque Liedson ainda marcou mais um golo, aos vinte e sete minutos, após uma vistosa jogada de envolvimento e Maniche teve alguma ponta de sorte quando a bola depois de ir à cara do guarda-redes adversário se encaminhou para o fundo da baliza. Maniche foi mesmo um dos mais inconformados da noite, a julgar pelas vezes que rematou.

Na segunda parte surgiu o inevitável golo de Postiga que ultimamente tem marcado alguns golos.

O Sporting ainda falhou algumas boas oportunidades e só por isso não assistimos a uma goleada das antiga

Stojkovic, ilic, Cleo…

Antes de mais, refira-se que já não é com o entusiasmo de outros tempos que anseio pela entrada em campo de uma equipa dos Balcãs. Se fosse há cerca de dez anos atas, andaria o resto do dia ansiosa para que chegasse o momento de o jogo começar. Ainda gosto de ver equipas e jogadores balcânicos em campo mas não com a intensidade de outrora. Os tempos mudam e os meus interesses também.

Envolvendo o jogo a equipa do Partizan, onde actua agora Vladimir Stojkovic, e sendo o jogo em Braga, tinha em mente fazer incidir este meu relato no comportamento do irmão de Vladan no seu regresso à cidade os arcebispos.

Na altura referi neste mesmo espaço o comportamento muito pouco abonatório do irmão mais novo do Vladan, o conflito que arranjou com os adeptos bracarenses e afins. Foi a partir dessa data que, sempre que via um guarda-redes a demorar imenso tempo a apontar os pontapés de baliza, referia que tinha um comportamento à Stojkovic. Isto ainda longe de imaginar que o jovem viesse a jogar numa equipa portuguesa, mais precisamente no Sporting. Achava-o melhor do que o irmão mas nunca o imaginei a ser jogador de clube grande. Conhecendo na altura melhor o irmão, sempre achei que o Vladan passou ao lado de uma grande carreira. Não tinha um feitio tão vincado como o do irmão- em Leça gostavam dele e fez a sua carreira lá- mas penso que foi mesmo puro azar. Ele jogava bem sobretudo contra o Porto, ao contrário de outros que resolvem fazer o jogo da vida deles contra o Glorioso. Ah, entretanto rebusco as minhas memórias e lembro um episódio em que o Vladan, sensivelmente com a idade do irmão, teve um episódio curioso. Fugiu de Ovar e andava toda a gente à procura dele. Lembro-me perfeitamente e na altura fartei-me de pensar se lhe fizeram alguma coisa. O irmão consegue ser ainda mais reguila…mas é um bom guarda-redes, sem dúvida.

Os adeptos do Braga não esqueceram o guarda-redes que agora, de forma polémica, defende as cores do Partizan. Em cada lance em que intervinha, especialmente pontapés de baliza, o irmão do Vladan era fortemente assobiado. Recentemente houve um jogo em Itália que não chegou ao fim. Era o jogo entre a Squadra Azurra e a Sérvia. Os adeptos do Estrela Vermelha parece que hostilizaram aqui o nosso amigo e ele recusou-se a jogar. Foi tal o burburinho que o jogo teve de ser suspenso. Também que deu na cabeça deste miúdo de assinar pelo Partizan, sabendo da rivalidade que existe entre os adeptos do Estrela Vermelha e do Partizan? Está bem que ele veio por empréstimo do Sporting mas acho que havia outras hipóteses. A irreverência falou mais alto.

Na própria equipa, Stojkovic tem um colega que eu me lembro de ter sentido na pele o resultado da rivalidade entre os adeptos dos dois clubes. Sasa Ilic nunca jogou no Estrela Vermelha e penso que jamais faria isso. No entanto, enquanto capitão do Partizan, foi numa ocasião parar ao hospital depois de uma sova que lhe deram os adeptos rivais. Se a memória não me falha (já foi há imenso tempo) num daqueles escaldantes confrontos entre as duas equipas os adeptos arremessavam cadeiras para o relvado. O Ilic foi aconselhar calma aos adeptos, os adeptos invadiram o campo e deram-lhe uma tareia que o puseram no hospital. Seguidamente foi jogar para Espanha, que lá ninguém lhe batia. Agora está novamente no Partizan.

O Stojkovic que se cuide! Ouvi dizer que vai haver dérbi na cidade de Belgrado. Ele que se esconda, que cave um buraco bem fundo onde a fúria dos adeptos não chegue.

Falemos agora de Cleo! Este jogador brasileiro alinhou na nossa Liga de Honra, no Olivais e Moscavide. No início não associava o nome mas logo me lembrei que ele era, de facto, o melhor marcador do Olivais e Moscavide. Os clubes nacionais não o souberam aproveitar, como sempre. É tal o entusiasmo dos sérvios por este jogador, que até já pensam em o naturalizar para assim poder representar a Sérvia. É incrível! Mas será que daqui a pouco tempo os brasileiros dominem o Futebol Mundial? É que não haverá jogadores de outra nacionalidade. Só brasileiros. Seja na Selecção de Portugal ou na de Hong Kong. E a Sérvia que até tinha bons avançados.

Por falar em avançados sérvios, que foi feito do Delibasic? Foi uma pena ele não ter sido mais bem aproveitado no Benfica. Para mim era um avançado espectacular. Lembro-me de um jogo que ele ainda fez com a camisola do Partizan contra o Porto. Lembro-me que ele ainda jogou no Beira-Mar mas penso que se lesionou aí e nunca mais foi visto.

O Partizan tem também um jogador português. Trata-se de Moreira que no Boavista era avançado. Aqui estava a jogar a médio defensivo e estava a ser muito faltoso. Foi por isso que já não regressou para a segunda parte. Foi substituído por um jogador africano chamado…Medo.

Deixemo-nos de assuntos à margem do jogo e passemos ao jogo propriamente dito. O Braga conseguiu finalmente a sua primeira vitória na fase de grupos da Liga dos Campeões. Os arsenalistas venceram por 2-0. Lima ainda na primeira parte marco de livre um belo golo. De referir que este livre resultou de uma das inúmeras faltas de Moreira. Se Jaime Pacheco agora o visse jogar, diria que ainda jogava à Boavista.

Depois de muito falhar e de forma quase escandalosa, Matheus ainda marcou mais um golo para o Braga. O lance nasceu de uma vistosa jogada colectiva.

Próximo jogo que irá merecer a minha apreciação crítica e o meu espírito observador: Sporting- Gent.

Tuesday, October 26, 2010

Duas pequenas histórias envolvendo deficientes visuais e pessoas aparentemente normais

É incrível como algumas pessoas conseguem ser ainda piores do que nós! Haviam era de ter vergonha de terem determinadas atitudes que as levam a fazer figuras bastante deprimentes.

O primeiro caso passou-se quando eu subia a rampa da ACAPO. Já me ia embora. A descer a mesma rampa vinha uma senhora aí com cerca de uns trinta anos. Vinha a correr de forma descontrolada. Pensei que se tratava de uma das técnicas da instituição que teve de voltar atrás a correr por se esquecer de alguma coisa. Quando chegou perto de mim, a Toupeira Dum Raio- que consegue assim ser mais toupeira do que eu- surpreendeu-me perguntando:
- Por aqui vou dar ao fundo daquela rua?
Contendo o riso, eu expliquei:
- Não. Se for por aqui esbarra directamente naquele muro.

Ainda sem fôlego da corrida, a criatura voltou a correr para cima. Segui um pouco mais atrás para observar o andamento dela. Ficou imóvel no passeio sem saber se havia de caminhar para trás ou para diante. Eu ainda lhe gritei:
- Por aqui por esta cortada é que vai dar ao fundo da rua como quer.
Ela continuou a olhar para a cortada como um boi olha para um palácio. Estaria bem pura? É que parece que não. Se eu sabia, nem lhe tinha dito nada. Queria ver ela, com o balanço que trazia de descer a rampa, a ir de encontro ao muro e dar meia pirueta no ar. Ia lá parar abaixo, ó se ia, mas não era da maneira que desejava.

Ainda regressei à ACAPO. Uma amiga minha contou-me uma outra história que passo a partilhar, até para alertar as pessoas que pretendam ajudar os deficientes visuais que nem sempre o podem fazer e que, por vezes, podem até causar-nos um certo embaraço. As pessoas podem sempre ajudar mas há que perguntar primeiro se precisamos de ajuda. Se acaso recusarmos, é porque estamos de facto orientados e não vale a pena as pessoas ficarem agastadas pelo facto de recusarmos ajuda.

Depois também há aquelas pessoas que querem ajudar a todo o custo, chegando mesmo a causar embaraços às pessoas deficientes visuais e depois espantam-se de determinadas reacções. O que esta senhora fez no autocarro à minha amiga é um exemplo que deve servir de conselho para que ninguém volte a repetir a gracinha.

A minha amiga está a estudar de noite numa das escolas secundárias que ficam ali junto ao Dolce Vita. Ela vinha para cima num autocarro. A senhora deve ter a ideia pré-concebida de que todos os cegos que vão num autocarro que passe pelos Combatentes têm forçosamente de sair na ACAPO. Isso já me aconteceu a mim também. Nada mais errado. Felizmente há mais vida para nós para além da ACAPO.

Esta criatura terá visto a minha amiga a falar com o motorista e depreendeu que ela lhe estivesse a pedir para parar mesmo em frente da instituição. Na verdade ela estava a pedir que a deixasse junto à passadeira que ela teria de atravessar para a escola. Quando o autocarro chegou à paragem junto à ACAPO, a senhora desalojou simplesmente a minha amiga do lugar onde ela se encontrava, agarrou nela à força como quem agarra em sei lá o quê e plantou-a em frente da porta para ela sair.

É claro que a minha colega ficou melindrada. Ao facto de ela responder que queria sair noutro local, a senhora interpretou como sendo falta de delicadeza da parte dela. Visivelmente agastada, a mulher sempre foi resmungando que nunca mais ajudava nenhum cego porque eles ainda a tratavam mal. Enfim…Minha senhora, acha que agiu correctamente? Isso jamais se faz. Depois acho que devia perguntar se a pessoa precisava de ajuda. Se ela dissesse que não, não precisava de ficar zangada. Hoje em dia todos nós somos autónomos. Muitos trabalham, outros estudam. Nem sempre se vai para a ACAPO.

Sunday, October 24, 2010

“O Dia Dos Prodígios” (impressões pessoais)



O que dizer desta obra? Devo dizer que não foi muito do meu agrado mas até foi giro ter procedido à sua leitura, quanto mis não fosse pela analogia que fui fazendo entre a vida nesta aldeia e a vida real na minha própria aldeia. Fazer esse exercício vale a pena.

Lídia Jorge, uma escritora algarvia, retrata a vida numa aldeia do Algarve antes do 25 de Abril. Todo o quotidiano da aldeia era narrado a partir do momento em que alguns habitantes afirmavam terem visto uma cobra enorme a voar depois de a terem morto.

A partir daí ninguém se calou com a cobra. Acho engraçado o facto de a descrição desta aldeia e dos seus habitantes se aplicar a qualquer aldeia portuguesa. Enquanto lia, ia fazendo comparações entre o quotidiano desta aldeia e o quotidiano da minha própria aldeia. A diferença não era muita. Havia pontos de encontro onde as pessoas se encontravam e falavam sobre a vida alheia, essencialmente. Normalmente isso acontece na mercearia ou na taberna. Na minha terra há um estabelecimento idêntico a este da Matilde Santiago em que as pessoas se comportam exactamente assim.

Quando o assunto são histórias de alcova, os habitantes da aldeia são implacáveis. Esse comportamento de virem espreitar à porta de casa das Carmas também se aplica ao quotidiano da minha própria aldeia. O Ser Humano do campo sempre teve uma fascinação enorme por se interessar pela vida íntima das pessoas. Naquele caso, a rapariga e a mãe já eram apontadas por toda a gente da aldeia por Carminha Parda ser filha do padre que, por conseguinte, foi afastado da paróquia.

Tal como em todas as aldeias, há sempre um casal com algumas disfunções em termos de relação entre os elementos. Eu comparei Pássaro e Branca justamente aos meus vizinhos de cima que não raras vezes se agrediam e agrediam os filhos. Agora tudo está mais calmo. Por brincadeira se diz que o cinema acabou. A título de curiosidade, uma das alcunhas por que é conhecido o meu vizinho de cima é justamente… “Passarito”. A probabilidade de alguém na minha terra ter lido esta obra é praticamente nula.

Havia ali dois idosos que tiveram imensos filhos mas que viviam sozinhos a recordar as suas vidas. Ambos estavam senis. Na minha terra havia assim um casal de idosos. Ambos já faleceram há uns anos mas eu não sei quem eram os filhos deles. Achava piada porque o velhote falava de uma coisa e a mulher falava de outra. E passavam assim quase todo o dia.

Outro episódio engraçado foi a forma como Carminha Rosa veio a descobrir que o noivo da sua filha tinha falecido. Essa passagem está brutal! Levou o jornal para o local onde tinha a retrete de madeira, também conhecida na minha terra por “cagadeira” e, enquanto defecava, ia passando os olhos pelo jornal. Eu penso que na minha terra já quase não há disso mas ainda me lembro de em pequena ter visto algumas em casa de algumas pessoas. Os meus tios tinham uma e guardavam todos os papéis para se limparem lá. Depois mais tarde é que o meu falecido primo fez uma pequena casa de banho.

Aliás, a escritora não nos poupa a todo o vocabulário que qualquer pessoa da aldeia utiliza. Aquela personagem chamada Jesuína Palha é mesmo demais! Também ela faz lembrar uma mulher que costuma trabalhar no campo lá na minha terra. A falar e tudo.

Será provavelmente a primeira vez que leio um livro e vejo lá aquela palavra tão querida de qualquer habitante das aldeias portuguesas sempre que se encontra com um desarranjo intestinal. Normalmente as pessoas do campo desconhecem a palavra diarreia. Quando vão ao médico ou falam para gente civilizada não podem dizer que estão de caganeira, que isso soa mal. Então dizem que estão “de soltura”- uma expressão bastante curiosa e que já deu azo a um debate entre algumas pessoas na ACAPO. Eu também estava presente e foi um riso. Toda a gente queria chegar a uma conclusão: porque raio as pessoas iam ao médico queixar-se de “soltura2? Acho eu que isso veio a propósito de um colega nosso estar a contar as suas tropelias nos últimos tempos em que se ouviu dizer que ele esteve no hospital com uma intoxicação alimentar. Ora aí está mais um sinónimo para a palavra “soltura”. Há ainda quem vá mais longe e diga:
- Sabe, xôdôtor, ultimamente tenho andado cá cuma sultura, que nem me astrebo a trabalhar. Fui ali à infromeira e amostrei-lhe o romédio que estava a tomar pró castrol…ela inda me mediu a atenção e disse que intrasse pra dentro do cunsultório.

Desde o início da obra que sempre pensei que o destino de Carminha era ficar com Macário e não me enganei. Aquele segundo pretendente era um malvado. Gente que faz mal aos animais não merece o mínimo de respeito.

Homenagem a Raul Solnado no dia do aniversário do seu nascimento



Adoro este sketche!

Sem ter dormido nada de jeito

Sempre que vou a casa, no dia seguinte ando sempre de rastos. A isso não é alheio o facto de se terem de fazer duas viagens que, embora não sejam longas, são sempre cansativas face a tudo o que as envolve. Quem não tem transporte próprio tem sempre complicações com as deslocações.

Normalmente quando a minha mãe me apanha em casa ataca-me com os sus petiscos. Como agora não como nada dessas coisas, a saudade fala mais alto e exagero. Depois apanho desconfortos digestivos que não me deixam pregar olho durante toda a noite.

Como se não bastasse esse mal-estar físico, ainda fui incomodada pelas corujas e pela cadela. Detesto corujas! Elas agora estão mais atrevidas, talvez pela iluminação na rua ser insuficiente e por a luz do meu quarto já não estar acesa de madrugada como estava antes de eu ter vindo trabalhar..

A cadela sempre a ladrar, ainda por cima junto à minha janela, não dava com nada para se dormir tranquilamente, se é que isso ainda era possível. Quando já estava a pegar no sono, eis que a malvada começava a ladrar e era capaz de estar uma boa meia hora sem se calar. Se não estivesse frio, era bem capaz de me levantar e corrê-la dali para fora. Não era preciso muito. Bastava a minha simples presença para que ela se assustasse e fosse para os pinhais ladrar. O mal todo é ela não se deixar apanhar, senão já o veterinário ou alguém a tinha levado dali para fora.

O despertador tocou sem que eu tivesse dormido nada de jeito. O dia ia ser complicado. Apenas bebi um copo de leite por não me apetecer comer mais nada. Como eu sei que estes sintomas passam, lá fui à minha vida.

Novas chatices estavam guardadas para quando chegasse a Coimbra. Não havia táxis para eu ir trabalhar. Tive de estar bastante tempo à espera. Nunca tal me aconteceu. Quando finalmente arranjei um, já havia a consciência de que ia chegar irremediavelmente atrasada. Eu detesto chegar atrasada. Fico cá com uns nervos… Ainda por cima não podia comer mais nada porque o atraso já era muito. Refira-se que só tinha, para mal dos meus pecados, bebido apenas um copo de leite simples.

Também saí mais tarde para o almoço. Nem a minha consciência ficava tranquila se eu não compensasse o tempo perdido. A tarde assim já correu melhor. Que estafa!

Matou-se a porca e mais um cãozinho foi atropelado

Ver texto “Uma noite daquelas”

Mais um dia de folga, mais uma ida até casa. A minha mãe tinha-me ligado na véspera a perguntar o que é que eu queria para o almoço, imagine-se.

Quando cheguei a casa notei que já estava o lume aceso. Foi aí que a minha mãe me disse que tinham matado a porca. É incrível como eu sonhei com matança do porco sem saber sequer que ela ia acontecer no dia seguinte.

Os cãezinhos eram cinco quando cheguei a casa mas ao fim do dia já só eram três. Estava a ouvir música no computador quando ouvi um carro a buzinar intensamente. Eu pensei: “Lá foi mais um cão!” Eu penso sempre isso mas desta vez foi mesmo certo.

Fui à rua ver o que se passava e a minha mãe disse que tinha sido um carro que tinha passado e buzinado ao meu vizinho. Alguns minutos depois ouvi o meu vizinho perguntar:
- Está morto? E onde é que ele está?

A minha mãe também ouviu mas toda a gente sabia que tinha de apanhar mais um cãozito da estrada. Era o quarto a ser vítima do tráfego que é cada vez mais intenso.

O meu pai foi por aí acima para apanhar a infeliz vítima de mais um atropelamento. Ainda nos rimos com a sua displicência. Toupeira dum raio! Eu e a minha mãe, que somos deficientes visuais, encontrámo-lo logo de imediato. Mais tarde ainda nos rimos quando o meu pai disse que não conseguia encontrar o cão porque se dirigiu para um que estava deitado dentro da manilha. Quando chegou perto dele, ele levantou a cabeça. Ressuscitou, querem ver? De facto era igual. Mal empregado cão! Era amarelinho, muito vivo. Morreu em segundos porque o osso da medula foi quebrado.

Pela tardinha apareceu um rapaz para vir tentar agarrar um cão. Conseguiram apanhar o cãozito que foi atropelado da outra vez mas ele mordeu na minha mãe e também mordeu naquele que seria o seu dono. Menos um para os carros matarem!

A cadela não achou piada nenhuma ao facto de os cãezinhos serem cada vez menos e passou a noite toda a ladrar para não deixar dormir ninguém.

Uma das canções bonitas que conhecia mas que

Uma noite daquelas

Quando o despertador tocou e eu finalmente acordei, logo notei a autêntica devastação que ia no meu corpo. Estava gelada, havia transpirado imenso e tremia por todos os lados, apesar de a temperatura até nem estar muito baixa. Sinceramente nem sabia o que tinha mas sabia o que tinha provocado toda esta devastação. Parecia que tinha levado uma tareia e estava mais cansada do que se tivesse enfrentado um árduo dia de trabalho.

Eu até me estava a admirar de não ter os famosos pesadelos acompanhados de crises de ansiedade sempre que estou algum tempo sem ir a casa. Desta vez tardou mas o efeito foi bastante doloroso. Cheguei a pensar como haveria de ir trabalhar nestas condições mas sei de antemão que isto passa. Ando assim um pouco confusa mas isso passa com outra noite de sono, com ou sem sequelas das agitações da noite anterior.

O engraçado é que desde criança que sou assim. Lembro-me de uma ocasião em que este estado durou três dias. Agora não chega a tanto mas ando um dia em que me assusto com tudo e estou sempre á espera que o telemóvel toque a anunciar desgraça.

Antes de me ir deitar ainda li um pouco porque o livro tinha uma passagem algo longa para eu conseguir ler na íntegra antes de trabalhar. Nessa altura tenho pouco tempo para ler. Nessa passagem era narrada a história de um homem que estava a agredir a mulher. Aliás, estavam-se a agredir mutuamente mas ele fez valer a sua força e pisou a mulher toda à boa maneira lusitana. Também se falou de matança de porcos.

Fui-me deitar e acordei por volta das duas e meia da madrugada pela primeira vez. Pela intensidade dos sonhos ou dos pesadelos, até parece que estive a dormir muitas horas e que estava a ver mal o mostrador do cronómetro que me serve de relógio, pois seriam umas duas da madrugada. Estava eu a sonhar com um ser bastante deformado no rosto. Olhar para ele causava impressão. Depois do susto apanhado, descobri a causa e adormeci mais uma vez.

Acordei cerca de uma hora depois vergada a um dos pesadelos da família daqueles que passei a ter ultimamente desde que aquela ninhada de cães vagueia pela minha rua. O cenário de eles serem abatidos a tiro em último recurso assusta-me e deixa-me triste. Já a minha irmã manifesta idênticos sentimentos. A minha mãe diz que a culpa é dela, que devia ter agarrado os cãezinhos um a um de dentro do tubo enquanto não chovesse. Agora com as primeiras chuvas eles não vão para lá e será extremamente difícil apanhá-los. Já foram atropelados três na rua, tendo morrido dois. Um foi apanhado por um casal da minha terra mas a pessoa a quem eles o iam dar já não o quer. Parece que está lá por casa deles.

Em casa matava-se o porco mas quem vinha da rua sujeitava-se a vir sujo de sangue. Não sei o que se passava e lembro-me muito vagamente daquilo que mais me assustava. Nem estava acordada, nem a dormir e só imaginava coisas que me podiam assustar ainda mais.

Quando o despertador tocou, notei que estava de rastos. Felizmente, com o passar das horas e tal como eu previa, fui ficando melhor e todos os sintomas que me acometiam foram desaparecendo pouco a pouco.

Resgatados com sucesso

Uma das situações que acompanhei com bastante interesse nos últimos tempos foi o caso dos mineiros chilenos que ficaram soterrados numa mina de ouro e cobre no deserto de Atacama.

Os trinta e três homens permaneceram mais de dois meses no interior da terra, numa agonia que hoje chega ao fim e com sucesso. Para trás fica a incerteza quanto à sua sobrevivência e uma lição de companheirismo e união dada ao Mundo.

Realce também para a ajuda prestada pelos Estados Unidos nesta operação de resgate. Quando se trata de fazer o Bem, a tecnologia de ponta norte-americana é extremamente útil. Pena é que os Estados Unidos usam toda a sua tecnologia de ponta para a testar em guerras. Se não as há, eles inventam-nas. Aqui foi decisiva para salvar a vida destas três dezenas de seres humanos que corriam o risco de ficar debaixo da terra para sempre a morrer em lenta agonia.

Acompanhei sempre a situação deles pelos noticiários. Via os vídeos que eles faziam e temia pelo futuro deles. Nos vídeos eles cantavam, estavam até animados, enviavam cumprimentos para as famílias… Como seria um vídeo alguns dias depois? Isso preocupava-me. Aquelas pessoas ali sem terem saída, enquanto que de tudo era tentado pelos americanos para os conseguir resgatar.

E chega finalmente o dia. É com alguma emoção que acompanho as imagens da chegada deles, um a um, à superfície. As famílias esperam-nos para os poderem abraçar novamente, algo que talvez não acreditavam vir a fazer.

Uma bonita história de união, força de vontade, abnegação e esperança que teve um final feliz e emocionante.

Que coincidência!

Andava muito bem-disposta nesse dia, não sei porquê. Já há muito que não tinha tal disposição. Então cantava enquanto trabalhava animadamente.

Uma das canções que eu trauteava era esta:


Até aqui tudo bem, não fosse o caso de se ter dado a cena que se deu cerca de meia hora depois.

Fui lá fora repor o pão que tinha embalado e não é que um cliente estava a cantar a mesma música? O senhor pegou num pão da casa, que tem uma tonalidade escura, e começou então a cantar. Eu perguntei:
- Mas será que hoje toda a gente canta isto? É que há pouco eu estava precisamente a cantar essa canção.

O engraçado disto tudo é que esta música nem está na moda, nem nada. Foi memo uma enorme coincidência e nem sequer houve a mínima hipótese de ele me ter ouvido a cantar, dado o tempo que passou entre os dois acontecimentos.

Há coisas incríveis!

Saturday, October 23, 2010

Por falar em islandeses, aqui vai um exemplar dessa espécie

Estava eu por acaso a procurar não sei o quê quando me surgiu esta música. Imediatamente me lembrei deste artista e toca de procurar nos meus ficheiros secretos.

Eu não tenho uma arca de tesourinhos, tenho um sótão inteiro. Para encontrar por lá alguma coisa é o cabo dos trabalhos mas com persistência lá se consegue. Então aqui vai:



A música á interessante e ele também parece cantar bem, o pior é aquele cabelo imensamente comprido para alguém que viva num país tão frio como a Islândia. Eu quando chega o Inverno corto o meu cabelo o mais curto que puder ser e este meu tem uma alta cabeleira de fazer inveja a muitas mulheres. Ele para o secar demora aí uma meia hora, se não for mais. Trabalho tinha a morte estar a ocupar o meu tempo só a cuidar do cabelo. Passa-se uma toalha uma ou duas vezes e já está. O pente é só dar também uma passagem.

Entretanto li um comentário em que se pode ler que ele representou a Islândia da primeira vez que eles foram à Eurovisão. Lá fui eu esvaziar as minhas malas de madeira que são fundas como o raio para encontrar isso. Consegui e é o que interessa. Descubram as diferenças!

O dérbi dos tesos

Por noventa minutos se esqueceram os défices, as dívidas externas, as agências de rating, a concertação social, o apertar do cinto, as greves e tudo mais…ou então não.

Este é o verdadeiro jogo mesmo entre dois países que vivem momentos conturbados em termos sociais. É a crise! Resta saber se na Islândia também há submarinos que têm de ser pagos a todo o custo, nem que os cidadãos não comam, trabalhem cada vez mais e ganhem cada vez menos. Se ali não há submarinos, haverá outra coisa qualquer. Não interessa! Eles que se entendam.

Não admira que os islandeses começassem logo no início do jogo a vaiar aquele português a quem a crise não bate á porta- Cristiano Ronaldo. Ouviram dizer que ele acabava de esbanjar perto de duzentos e cinquenta mil euros numa bomba para a garagem e ficaram roídos de inveja. Eles que correm o risco de chegar um dia a suas casas e não poderem lá entrar mais porque elas foram penhoradas. Enquanto Cristiano Ronaldo presenteia a namorada com artigos de luxo, qualquer islandês terá de vender o que tem e não tem para poder comer e sustentar a família. Nunca pensei que em pleno Norte da Europa houvesse um país assim. Eu pensava que a crise era só para os povos da Europa Latina e afinal eles estão piores que nós. Deus nos livre de chegamos a esse ponto mas para lá caminhamos. Pelo menos as greves e as manifestações já se fazem anunciar.

Mas…isto não era para falar da Selecção? Ah pois era mas…onde é que eu ia mesmo? Cristiano Ronaldo era assobiado…assobiado não que, pelos vistos, eles nem assobiar sabem. Ou então assobiaram tanto ao longo de todo o dia nas manifestações e agora não tinham fôlego. De dia é um modo de dizer. Agora para aquelas paragens deve anoitecer por volta das quatro da tarde, digo eu.

Foi logo aos três minutos de jogo que Cristiano Ronaldo fez os islandeses calarem as matracas e marcou um belo golo de livre.

É impressão minha, ou eu nunca vi uma defesa tão parada? Parece que estão todos a dormir. Esperam que a bola lá chegue e mais nada. Que degredo!

Falemos agora de um pormenor curioso: parece que os bancos de suplentes não estão junto ao relvado. Ainda há a pista de Atletismo a separar. Nunca se viu! Só de megafone é que os treinadores ali se poderão ouvir. Ou então o público vai ao Futebol e comporta-se como se estivesse na ópera, sem fazer barulho nenhum. Outras gentes, outros costumes. Paulo Bento teve de berrar, portanto. Nada de tranquilidade no banco.

O melhor jogador da Islândia era o Número Onze que marcou mesmo o golo que na altura deu o empate aos islandeses que ficaram felizes da vida. Portugal é que tremeu um bocado.

Este jogador não me é estranho. Lembro-me dele a jogar contra alguma equipa portuguesa há uns tempos. Vou mais longe, lembro-me que esse jogador também estava a jogar muito bem nesse jogo e alguém o lesionou. Lembro-me de ele ter saído lesionado. Aqui no burgo, sempre que alguém está a incomodar muito, leva logo uma sarrafada, que é para andar na linha. Não é Faouzi? Por acaso não me lembro de ter sido contra o Porto que ele jogou. Com um bocado de esforço até sou capaz de afirmar que o jogo foi contra uma colectividade portuguesa que vestia de vermelho. A equipa dele alinhava toda de branco.

Mal eu acabava de pensar nestas coisas e já Pepe tentava a sua sorte em matéria de colocar o Jogador Número Onze da Islândia no estaleiro. Ele que afinal joga no Queens Park Rangers e antes jogou na Noruega. Mas em que fase da vida dele é que ele se cruzou com equipas portuguesas? Eu tenho a certeza absoluta de isso ter acontecido e de o terem lesionado por ele estar a dar imenso trabalho.

Na televisão já falavam do muito frio que está. Quando o resultado é negativo, nós somos peritos em arranjar desculpas. Daqui um bocado é a relva que não está ao gosto de Cristiano Ronaldo. Ah e os jogadores que não ouvem o treinador porque os bancos estão para lá da pista de Atletismo, já me esquecia.

Teve de ser o nosso Meireles de longe a marcar um golo que veio acabar com toda aquela choradeira. A Islândia já estava a incomodar imenso, principalmente o elemento que se sabe. Era ele e mais dez. Uma equipa em que estivesse ele e o Faouzi do Guimarães a jogar seria o terror para os adversários. Muitas vezes iriam acabar os jogos em inferioridade numérica devido aos cartões arrancados por faltas sobre estes jogadores. São mesmo chatinhos os dois. Por um lado não gostaria de ver mais estragos causados por ele mas por outro é mal empregado ele se lesionar. Além de ser bem giro, também é um excelente jogador, o que é raro para aqueles lados.

Os comentadores da RTP já comparavam este jogo com o que Portugal realizou em Guimarães com Chipre. Pelo menos o equipamento dos islandeses é igual ao dos cipriotas. Só que há um pequeno pormenor: quando Deus distribuiu a beleza pelos povos, os islandeses estavam nas filas da frente e os cipriotas na de trás. O Konstantinou então faltou à chamada. Esse perigoso avançado cipriota faz lembrar um pouco este avançado aqui, mas as semelhanças ficam apenas no facto de um e outro serem extremamente difíceis de marcar. As semelhanças ficam por aí.

O Jogador Número Vinte da Islândia comete uma violenta entrada sobre Cristiano Ronaldo e vê cartão amarelo. Ele que se deve roer de inveja pelo facto de o madeirense comprar um carro topo de gama e ele andar a contar os trocos para pôr gasolina no dele. Só inveja!

Por falar em crise, um apontamento curioso teve a ver com o facto de os manifestantes terem levado os cartazes com palavras de ordem para dentro do estádio. Faltava era pedirem uns trocos ao milionário Cristiano Ronaldo. Aqui jamais se deixariam entrar desse tipo de tarjas nos recintos desportivos. Enfim…a Polícia se calhar também vê a vida a andar para trás naquelas paragens.

Na Islândia ia entrar um avançado que, esse sim, já marcou dois golos ao Sporting e eliminou a equipa de Alvalade das competições europeias. Não estava a confundir com o outro. Essa eliminatória foi muito falada pelo facto de os suecos terem insinuado que os jogadores portugueses se dopavam. Isto aconteceu porque foi encontrada uma seringa no quarto de Beto e Anderson Polga. As coisas que eu me lembro! E eu que já nem sei o que fiz hoje de manhã….

Pára tudo! Apresento-vos o artista- mor deste jogo. Agora vou cascar noutro. Vai ficar com as orelhas a arder de tanto eu falar nele. É para combater o frio, até lhe faço um favor. Se aquele é o guarda-redes melhor que há na Islândia, como serão os outros? Ele tem uma coisa boa, é podre de giro. No outro dia sonhei com um jogo de Futebol em que olhava para um jogador (era jogador de campo) bastante lourinho, tal como este é. Quando olhei para ele logo me lembrei. Como um homem não pode ter só qualidades, este artista que ainda joga no campeonato da terrinha, num clube com um nome impronunciável mas que é conhecido por PH, é um guarda-redes dos mais fragueiros que já vi. Para começar, ele não suporta nem que lhe toquem. São os adversários a aproximar-se dele e ele a recuar. Nunca vi. Provavelmente algum dia apanhou um susto valente com qualquer lance em que chocou com alguém. Eu não sou psicanalista.

Postiga fez um remate fraquíssimo que até eu defendia mas ele começou a recuar. Para além de ter medo dos adversários e dos colegas de equipa dentro da área, também tem medo da própria bola. É incrível! Porque é que ele não se dedicou ao Atletismo, já que é um desporto sem contacto físico? Realmente com a exibição que fez, se eu fosse o treinador dele, punha-o no final do jogo a dar trinta e cinco voltas àquela famigerada pista.

E foi graças a este artista que Portugal marcou mais um golo. Foi ele que ofereceu o golo a Postiga que lhe tinha feito um passe muito devagarinho alguns segundos atrás.

Isto já vai longo, eu sei. Provavelmente esta será a crónica de Futebol mais longa do Mundo. Acabemos pois rapidamente com isto antes que adormeçam.

Um cêntimo ainda é um cêntimo e uma taça de sopa ainda é uma taça de sopa

O que fariam se perdessem …um cêntimo? Procurariam a preciosa moeda ou deixariam ficar, visto que não se perdeu nada que tivesse importância?

Pois eu perdi um cêntimo e fiquei extremamente chateada. Com os momentos difíceis em que nós estamos a viver, todos os tustos contam. Sou mesmo agarrada e nem vergonha tive quando me perguntaram de que andava eu à procura e respondi que perdi uma moeda de um cêntimo. E achei-a! Se não a tivesse encontrado, provavelmente ficaria a pensar na falta que me fazia.

E se eu fico chateada quando perco uma mísera moeda de um cêntimo, como acham que eu me sinto quando compro uma taça de sopa para o almoço e ela se entorna? Pois bem, para ganhar tempo, coloquei no microondas uma taça com sopa de feijão verde que comprei e outra taça com salmão e grão. Quando vou a abrir o microondas, qualquer coisa entorna para cima das minhas sapatilhas. Ainda por cima.

Quando vi que a sopa se tinha virado, fiquei pior que estragada. Como se não bastasse o desperdício, ainda tive de ir encharcar as minhas sapatilhas com água e assim molhei os pés. As minhas colegas ainda me disseram que afinal ainda tinha sobrado um restinho de sopa no fundo mas mesmo assim…está uma crise desgraçada, temos de poupar.

Friday, October 22, 2010

“Sangue Na Piscina” (impressões pessoais)



Este livro prometia muito mas, na verdade, foi o menos interessante de todos os que li de Agatha Christie. Talvez por o anterior ter sido excepcionalmente interessante, achei este um pouco aquém.

Desde logo ressalve-se o facto de o crime apenas se ter dado no décimo capítulo. Até lá esteve-se a enquadrar as personagens e afins. Isso foi uma eternidade.

Quanto ao crime, a escritora soube-nos dar a volta, à semelhança do que aconteceu na obra “O Misteriosos Caso De Styles”. Inicialmente Gerda, a viúva da vítima, era a culpada mais do que evidente mas com o decorrer do tempo fui mudando de opinião acerca de quem matou John.

Uma das minhas grandes suspeitas foi Lucy para que Edward se casasse com Henrietta. A própria Henrietta também poderia ser suspeita por ciúme de John e Verónica. A actriz Verónica seria também suspeita por despeito. John recusou-se a retomar a antiga relação que ambos tiveram.

Edward tornou-se a certa altura o principal suspeito. Ele, tal como Henrietta, sabia também desenhar a árvore e foi por aí que peguei. Os seus motivos para cometer o crime? Inveja por ele ser o dono do coração de Henrietta de quem ele também gostava. A tentativa de suicídio de Edward veio reforçar as minhas suspeitas mas afinal…

Quem cometeu o crime sempre fora a viúva por ciúme. Henrietta apenas a defendeu por compaixão. O desfecho dado a Gerda foi o mais justo. Uma mulher que matou o marido por se sentir desiludida com o facto de ele, na verdade, não ser aquilo que ela idealizava não poderia ser condenada barbaramente pela justiça. Assim pôs ela própria termo à vida.

Um final sensato!

Thursday, October 21, 2010

Apregoava a sua fé e levou uma tareia

Acordei eram cinco menos um quarto. Estava confusa e algo divertida. A minha vontade era a de me levantar, ir buscar o caderno e apontar o incrível sonho que acabava de ter. De onde é que isto surgiu? Ultimamente o meu subconsciente presenteia-me com cada coisa…

Comecemos então sem mais demoras! Para a próxima é na hora que se aponta o sonho ou pesadelo, nem que isso custe passar o resto da noite desperta.

Ia na rua a caminho de casa quando uma desconhecida se abeirou de mim. Eu disse que não queria saber de nada de religião mas ela insistiu e foi a chatear-me até casa. Era uma senhora aí de uns sessenta e cinco anos, usava uma saia de um azul vivo e tinha o cabelo curto, pintado de um louro artificial. Fazia lembrar a minha falecida senhoria mas ao mesmo tempo também me fazia lembrar uma colega de trabalho.

Quando entrei em casa, a chata da mulher seguiu-me. Tentei fechar o portão mas havia um enorme terço azul pendurado no portão que o impedia de se fechar. Imediatamente gritei para dentro. A minha mãe estava em casa. Nem em sonhos me esqueci do tratamento pouco ortodoxo que a minha mãe dá aos “protestantes”. Numa ocasião chegou mesmo a correr com eles com uns farrapos a arder enrolados em paus de varrer o forno da broa. Por outra vez mandou-os para Fátima rezar. Estavam a dar as cerimónias do Treze de Maio.

Quando a mulherzinha insistiu mesmo em entrar foi o fim. Na casa de forno, junto ao fogão, nem lhe perguntámos quantas é que ela queria. Onde a conseguíamos apanhar, agredíamo-la barbaramente. Eram socos, chapadas, empurrões, pontapés da minha parte…a pobre criatura estava deitada no chão com a saia azul puxada para cima e já com umas vistosas nódoas negras nas suas ancas de pele mimosa e clara. Estava-lhe a pregar um directo naquela cara cheia de pó de arroz quando acordei.

Quando voltei a adormecer, o sonho incidiu sobre os cãezinhos que por lá andam por casa. Um tinha sido atropelado e sangrava do nariz, agarraram um e eu tive uma pontaria tal que consegui logo agarrar três fêmeas para o veterinário vir buscar.

O despertador tocou. Era hora de deixar os cães e as falsas profetas para a noite seguinte, quando eu já cansada de bulir assentar a minha cabeça no travesseiro e fechar os olhos.

A orgia dos funcionários da ACAPO e a teimosia do Léo

Este é mais um sonho deveras parvo. Peço desculpa aos intervenientes mas fui completamente alheia a esta grande partida do meu subconsciente.

Tudo começou com aquilo que seria um normal jantar de grupo num restaurante. Eu gostaria de ir mas não tinha transporte. Disseram-me que aquele convívio era entre pessoal da ACAPO e de outra associação que tinha por finalidade apoiar deficientes autistas. De onde terá surgido isto? Enfim…é com cada uma!

Ao final da tarde disseram-me que afinal o restaurante ficava ali perto. Descendo as escadas que vão dos Combatentes à Rua do Brasil, lá segui atrás dos outros. Ainda jantei com um grupo jovem e animado. Para além das pessoas que conheço na realidade (estavam ali todas), o grupo de desconhecidos era composto, na sua maioria, por jovens que não teriam mais de vinte anos. Parecia ser um grupo bem divertido.

Depois do jantar vim-me embora provavelmente por não haver autocarro para baixo.

Já estava na minha terra. Era uma tarde de sábado, uma tarde de Outono em que o Sol brilhava mas não iria prolongar a sua presença por muito tempo. Disseram-me que o Léo andava na estrada e eu fui buscá-lo.

Estava na casa de forno a ouvir a história que contaram à minha irmã de que houve um autêntico bacanal naquele restaurante e depois sabe-se lá onde. Houvera troca de parceiros e tudo. Eu continuava a dizer que não sabia de nada, pois tinha vindo antes embora. A notícia também a mim estava a surpreender.

Voltei a sair à rua para novamente apanhar o Léo em cima do muro, pronto para voltar novamente para a estrada. E eu que nunca apanhei aquele gato na estrada! Lembro-me que quando ele era pequeno uma vez até estava a dormir no meio da estrada. Imediatamente a minha mãe o correu para casa. Agora parece que ele não frequenta muito a estrada. Agora são mais os cães que são carne para os carros atropelarem.

P.S.: Depois deste sonho sempre fui buscar o Léo quase ao pé da estrada. Estava junto ao portão e eu corri-o para dentro até ele saltar o muro do quintal.

O prometido temporal

Vi nas notícias que Portugal Continental iria estar em alerta amarelo devido ao mau tempo. De manhã quando me levantei já o alerta tinha sido alterado para laranja. Ouvia o vento quase a rugir num quarto que está vago e pensei que lá fora estava um clima bastante agreste.

Quando saí de casa, chovia muito pouco. Estava algum vento mas nada que preocupasse. Devem-se ter enganado ou então o temporal não era para aqui.

Depois da hora do almoço ouvia a chuva a cair no telhado do meu local de trabalho. À medida que se aproximava a hora de eu sair, a chuva e o vento iam ficando mais fortes. Já me estava a enervar, esse temporal que iria esperar pela hora de eu sair para me brindar com uma molha. Com o vento, nem um guarda-chuva vale para nos proteger. E a água na estrada que os carros atiram ao passar para cima de nós? Isso é do pior que pode haver.

Tive sorte. Quando saí apenas estava vento. Nada de chuva. Estava algum frio e tive de estar algum tempo na paragem à espera do autocarro. Temia que começasse a chover de novo mas tal não aconteceu.

Já em casa podia desabar até o Mundo na rua que não me faria diferença. De pés enxutos e quentinhos, deitei-me cedo. Que pena não poder ouvir o som da chuva e do vento lá fora, tal como ouço na minha terra!

Com Moutinho e sem Bendtner o resultado é outro

O Estádio do Dragão assistiu à estreia de Paulo Bento como Seleccionador Nacional. Desde logo ressalvam algumas mudanças positivas na nossa Selecção, a começar pelo resultado que se saldou numa inequívoca vitória por 3-1.

O onze de Portugal foi o seguinte: Eduardo, João Pereira (até que enfim que alguém repara que ele também existe!), Pepe, Ricardo Carvalho, Fábio Coentrão, Raul Meireles (que agora passou a jogar na posição dez no Liverpool), João Moutinho (ora aí está!), Carlos Martins (outro que está em grande forma), Nani, Hugo Almeida e Cristiano Ronaldo.

A Dinamarca jogou algo desfalcada. Desde logo ressalva-se a ausência do carrasco de Portugal nos últimos confrontos entre as duas selecções- o avançado Bendtner. Portugal agradeceu que este jogador extremamente perigoso falhasse este jogo. Iria ser um degredo dos bons. Iria ser pior do que o temporal que se anunciava para essa noite. Ainda bem que ele não jogou!

Melhor jogador em campo? João Moutinho, pois claro. Foi impressionante a performance do jogador do Porto neste jogo. Ganhou quase todas as bolas divididas com os dinamarqueses que estavam irreconhecíveis e desenhou belíssimas jogadas de ataque para Portugal. Toma lá Queirós, que já jantaste! Ah, e cala essa matraca, que foste bem despedido.

Nani apontou dois golos no espaço de dois minutos e deu confiança a Portugal num jogo que até começou sem grandes motivos de interesse.

Cristiano Ronaldo esteve finalmente motivado e empenhado em jogar em prol da equipa. Foi dele o cruzamento que deu origem ao primeiro golo de Nani e foi ele o autor do terceiro golo. Pelo meio ficam remates aos ferros e um espectacular duelo com o guarda-redes suplente da Dinamarca que entrou a substituir Sorensen que saiu lesionado após a marcação do segundo golo de Portugal.

Não havendo Bendtner na Dinamarca para marcar os golos, Ricardo Carvalho resolveu dar uma prenda aos dinamarqueses que até são uns tipos fofinhos e simpáticos e marcou um autogolo.

Na próxima terça-feira Portugal joga com a Islândia- mais uma equipa nórdica que deve ser mais fraca do que a Dinamarca e do que a Noruega.

Tuesday, October 19, 2010

Ninguém quer sofrer nenhum desconforto

Ao ver um anúncio na televisão sobre um medicamento que promete combater a azia em apenas alguns segundos pensei que este seria um excelente tema para se escrever sobre ele. É que já são muitos os fármacos que andam aí pelo mercado que prometem verdadeiros milagres contra toda a sintomatologia desagradável possível e imaginária.

Tudo começou com os vulgares medicamentos para as dores de cabeça. Numa sociedade moderna em que tempo é dinheiro, parar por causa de uma dor de cabeça é uma tragédia. Então inventaram-se os medicamentos que acabam com qualquer dor de cabeça em poucos segundos.

Já havia as famosas pastilhas para os problemas digestivos. Agora é que os tornaram mais rápidos, para que ninguém perca um momento da sua vida que seja com qualquer desconforto de estômago ou intestinos. Há quem diga que esses medicamentos nem se deveriam tomar. Por exemplo, quando se tem uma diarreia ela resulta da resposta do nosso organismo a qualquer invasão estranha. A diarreia surge assim para limpar o organismo dessa invasão. Se vamos tomar um fármaco para que deixemos de padecer de desarranjo intestinal, estamos a travar a purgação do nosso organismo de agentes nocivos e obviamente que isso não nos faz bem.

Toma-se agora medicamentos para as cólicas, para a azia e problemas semelhantes. Se em vez de tomarem desses fármacos as pessoas consultassem um médico para saberem ao menos de onde vem esse grupo de sintomas...ao aliviarem de forma repetida esse desconforto, as pessoas podem simplesmente estar a adiar a resolução de um problema de saúde que pode ser sério.

Há ainda medicamentos para aliviar o cansaço das pernas, para combater as olheiras, para combater tudo e mais alguma coisa. Estou em crer que daqui a cinquenta anos também haverão medicamentos capazes de fazer com que a pessoa não sinta os efeitos da temperatura ambiente. Se está frio ou calor, a pessoa sentirá sempre uma temperatura amena de um dia de Primavera. Daria jeito.

Já existem comprimidos para combater a sensação de fome que normalmente são tomados por pessoas que desejam emagrecer. Esses comprimidos mais tarde serão também utilizados por quem não queira perder tempo a comer antes de ir para uma reunião importante ou para suprir a tão improdutiva hora do almoço. Sim porque a Sociedade do século que vem não se irá compadecer com as necessidades básicas do Ser Humano. Há que trabalhar e pronto.

Por esse prisma também se inventarão fármacos para inibir a produção de urina e excrementos. Tudo para que a pessoa não tenha de deixar o seu precioso trabalho para se deslocar à casa de banho. Não me admiraria nada que as mentes que tanto trabalham para que as pessoas não padeçam de nada se ponham a inventar dessas coisas. E olhem que não sou eu que lhes estou a dar ideias.

Com isto virá a seguir um potente fármaco que mantenha o Ser Humano em constante vigília porque as horas que se passam a dormir e a sonhar com coisas estúpidas são uma perfeita inutilidade e só causam prejuízos avultados na Economia mundial.

Tudo isto vai evoluindo até que lá para o ano 3000 se invente o medicamento milagrosos de nos transformar em máquinas insensíveis à dor, à fome, à sede, ao cansaço, ao frio, ao calor...Com mais um pequeno avanço da Ciência virá um dia um medicamento que nos torne simplesmente imortais.

Prémio Nobel da Literatura para Mario Vargas Llosa

Foi com agrado que ouvi nas notícias que o Prémio Nobel da Literatura deste ano vai para o escritor peruano Mario Vargas Llosa.

Li há cerca de meio ano uma obra dele que até achei interessante, “A Tia Julia E O Escrevedor”. As outras ainda não tive oportunidade de ler.

Segundo fiquei a saber, há muito que o escritor ansiava por esta condecoração que tardava em surgir. Trata-se de mais um gesto de reconhecimento pela sua obra e pela obra de todos os escritores latinos que tanto se dedicam a causas nobres.

Vargas Llosa tem agora novo livro publicado. Agora não me estou a lembrar do título mas certamente irá esgotar em pouco tempo devido ao Prémio Nobel que acaba de lhe ser entregue.

Como apreciadora de livros e como leitora de um dos livros do agora laureado, não pude deixar de assinalar este acontecimento no meu humilde blog.

Não pode ser só óxido de ferro



Os fenómenos naturais estão cada vez mais estranhos e mais vorazes. Foi com grande espanto que vi no noticiário uma catástrofe natural que devastou algumas povoações na Hungria e que ameaça mesmo poluir o rio Danúbio.

Segundo consegui compreender, houve uma enxurrada que irrompeu sobre um armazém de produtos tóxicos e que a partir daí se tornou também tóxica. A lama vermelha atingiu casas e produções agrícolas.

Segundo consta, a tonalidade avermelhada das lamas tóxicas é derivada da sua composição rica em óxido de ferro. Óxido de ferro? Nem sabia que tal substância era altamente tóxica! Tem de haver algo mais tóxico do que isso.

Se o óxido de ferro fosse realmente tóxico, eu e a minha irmã já cá não estávamos há muitos anos. Foi por altura da construção da nossa casa de forno. O chão tinha exactamente a mesma cor das lamas que agora se espalham pelas ruas da Hungria. Nós íamos para lá descalças e achávamos imensa piada ao facto de os nossos pés ficarem daquela cor. Devemos ser também de ferro, não?

Essas lamas têm de ter alguma outra substância mais nociva, ou então há alguma outra substância que se torna corrosiva por qualquer reacção química em conjunto com o óxido de ferro. As minhas desculpas se estou a dizer algum disparate mas Química nunca foi o meu forte.

O que se sabe é que estamos perante uma catástrofe ambiental de consequências ainda imprevisíveis. Se as lamas encarnadas chegarem ao Danúbio, as dimensões da tragédia serão incalculáveis.

Ámália Rodrigues- onze anos de eterna saudade

Parece que foi ontem mas já passaram onze anos sobre a morte da nossa grande diva do fado. Como forma de homenagem, aqui fica um post com algumas das minhas canções favoritas de Amália. Começo precisamente com a que mais gosto- "Não Sei Porque Te Foste Embora".











Comemorar o quê?

Há muito que se vem anunciando uma grande festa à escala nacional para se comemorar o centenário da implantação da República em Portugal.

Quer-se dizer, estamos em crise e ainda se vai fazer uma monumental festa pelas ruas de Lisboa e um pouco por todo o País, com tudo o que é bom e luxuoso para os senhores políticos discursarem brilhantemente e os portugueses esquecerem o que foi dito sensivelmente há uma semana atrás.

Eu até me abstive de ver o noticiário. É que não se ia falar mesmo de outra coisa. As ruas todas cheirosas e enfeitadas, bandas de música e mais mil e um eventos, os políticos de fatinhos engomados e camisas impecavelmente limpas a discursar, a fazer uma retrospectiva muito cor de rosa daquilo que foram cem anos de República, a dar esperança ao povo apesar das medidas de hostilidade anunciadas e a prometer um futuro com mais cem anos de feitos gloriosos. Que mal empregue, este dinheiro gasto nestas comemorações completamente desfasadas da realidade económica que vivemos.

Está bem que a festa já estava programada há séculos mas ninguém recuou uma vírgula naquilo que se ia gastar nela. Os portugueses que, a partir de pouco tempo, vão ser obrigados a apertar o cinto assistem pela televisão a estas cerimónias e só têm de ficar revoltados. O dinheiro há-de fazer falta, deixem estar. Não será certamente a eles porque esses senhores continuarão a viver acima das possibilidades do País onde vivem. Fará falta a todos nós que vamos ter de fazer grandes sacrifícios para pagar os seus luxos e caprichos.

Festejar cem anos de República? Mas há razões para festejar alguma coisa? Mas o que se fez em cem anos pelo bem-estar dos cidadãos portugueses? Todos nós aprendemos nas aulas de História que os momentos que se seguiram à implantação da República foram de bastante instabilidade política. Depois foi o que se sabe. Veio Salazar e Portugal mergulhou numa ditadura que ainda hoje está presente nas memórias, nas mentalidades de algumas pessoas, na maneira de encarar novos projectos...

Tivemos o 25 de Abril mas alguns fantasmas do passado continuam bem presentes. A instabilidade que se sentia nos anos vinte voltou a fazer-se sentir e hoje é um pouco dessa factura que estamos a pagar. Não há orgulho nenhum em festejar cem anos que não correram da melhor forma.

Não sei se seria bom ou mau se acaso vivêssemos numa monarquia. Não é isso que está em causa. O que eu não concordo é com os festejos grandiosos que se fizeram, toda esta fantochada que ocupou noticiários e que não leva o povo a lado nenhum. Quando muito serve para desviar as atenções.

Enquanto se festejava com pompa e circunstância os cem anos da República, muitas famílias portuguesas ainda faziam contas à vida e despejavam as suas carteiras em cima da mesa da cozinha para verificar se o dinheiro ainda chegaria até ao final da semana.

O artista Faouzi

Estava a ser um jogo sem história, este que opôs o Guimarães ao Porto. Dava até vontade de dormir. Estava tudo a correr tão normalmente que até metia dó.

Toscano já tinha falhado uma clamorosa oportunidade de golo para os vimaranenses e Hulk já tinha marcado o golo da ordem que sempre tem de marcar em jogos em que está presente. Desta vez foi aos vinte e nove minutos.

Ao intervalo o Porto tinha mais de cinquenta e cinco por cento de posse de bola e Nilson já se tinha aplicado a fundo para defender um remate de João Moutinho.

A segunda parte começou neste registo, até que houve uma substituição na equipa local que fez tudo em redor alterar radicalmente. Toscano, que havia estado muito perdulário na primeira parte, deu o seu lugar a um jogador que me era completamente desconhecido. Tratava-se de Faouzi, um marroquino de vinte e cinco anos proveniente do WAC de Casablanca.

Abdelghani Faouzi mostrou logo ao que vinha quando, poucos minutos depois de ter entrado, marcar o golo do empate do Guimarães. A partir daí foi um desassossego. Muitos pesadelos deveriam os jogadores do Porto ter nessa noite com o Jogador Número Vinte do Guimarães! Mas de onde é que ele saiu? O jogo alterou completamente, disso não há dúvidas.

Não satisfeito com a marcação do golo, o marroquino estava empenhado mesmo em dar espectáculo. Num curto espaço de tempo desposicionou toda a defesa do Porto e fez com que os jogadores tripeiros perdessem mesmo a cabeça. O primeiro a sofrer as consequências foi o uruguaio Fucile que havia regressado à titularidade para substituir Sapunaru, obrigado a se concentrar na selecção romena mais cedo. Após entrada dura sobre o jogador que marcou o golo do Guimarães, Fucile viu o segundo cartão amarelo das mãos de Carlos Xistra e foi tomar banho mais cedo, se é que ele toma banho. Pelo menos foi esfriar a cabeça para longe.

Por falar em alguém que tem de esfriar a cabeça, após esse lance houve um burburinho imenso e o treinador André Vilas-Boas foi o cliente seguinte das expulsões. Muito exaltado, o treinador do Porto lá teve de ir ver o resto da partida longe do banco de suplentes.

Havia que fazer alguma coisa. Aquele jogador já estava a causar imenso prejuízo. Eles não seriam jogadores do clube liderado por Pinto da Costa se não dessem uma lição àquele jogador do Guimarães. A iniciativa partiu de Fernando que aplicou uma entrada violentíssima sobre o jogador mais incomodativo do Guimarães, aquele que entrou só para lhes estragar a noite. Carlos Xistra foi até muito benevolente com o médio do Porto e só lhe mostrou o cartão amarelo. Faouzi ainda não é aquele talento que os árbitros de todo o Mundo têm ordens para proteger, punindo quem os trave recorrendo a meios sujos.

Faouzi estava caído no chão e o capitão de equipa dos dragões, o guarda-redes Helton, viu mais um dos cartões amarelos provocados por Faouzi. Desta vez Helton acusava o marroquino de perder tempo.

A verdade é que Fernando lesionou mesmo o jogador do Guimarães e só assim alguma ordem entretanto perdida foi restabelecida.

Para a história ficam os primeiros pontos perdidos pelo Porto nesta edição da Superliga.

Monday, October 18, 2010

Silver Pozzoli



Há quanto tempo não ouvia esta música! Até já nem me lembrava que ela alguma vez existiu mas houve uma época, era eu ainda criança, que isto passava muito nas rádios e em festas.

É obvio que na altura não percebia a Língua Inglesa e, por conseguinte, não possuía conhecimentos para criticar quem quer que fosse que, não tendo o Inglês como língua materna, insistia em cantar em Inglês só porque era fixe e assim se poderia ter um sucesso brutal.

Terá sido assim que pensou este italiano. A nossa equipa de bisbilhoteiros resolveu perguntar a gente que ainda é viva, mas cuja memória já apresenta algumas lacunas, o que realmente se passou naquela época e como nasceu este sucesso a que se deu o nome de “Around My Dream”.

Indicaram-nos um local ermo, daqueles que qualquer apaixonado por casas assombradas e coisas antigas gostaria de visitar e ali passar bons momentos. Como em todas as casas antigas que se prezem, também aquele edifício possuía um enorme sótão onde se lá guardaria todo o tipo de tralha. Como em todos os sótãos, também ali encontrámos um enorme baú com ar misterioso e que nos convidava a o abrir e descobrir os seus segredos. Como em todos os baús, também naquele havia imensa tralha comida pelas traças e pela humidade e as folhas a cheirar a mofo, amarelecidas pelo passar dos anos, marcavam a sua presença.

Resolvemos vasculhar o seu conteúdo. Ainda se lembram do que andámos à procura? Com toda esta conversa não admira que se tenham esquecido. Para os mais distraídos e menos prodigiosos de memória, andávamos à procura da história de Silver Pozzoli e do seu sucesso “Around My Dream”.

Numa folha amarela e já rasgada podia ler-se a letra dessa música, a tal que deram ao artista para ele ler. Sim, teve de ser assim porque o nosso galã italiano não deveria ser nenhum prodígio em línguas, a julgar pela amostra. Aquele Inglês é mesmo demais! Ora reparem!

Havia uma cassete VHS que colocada num vídeo que há muito não funcionava teve de dar barraca. Não vimos nada. Foi quando nos pusemos a pensar que o Youtube existia para alguma coisa. É que havia pessoal com coceira por todo o corpo (eu incluída) para ver como seria um cromo destes em pessoa.

Achando a música, logo tive uma valente surpresa. É que Silver Pozzoli era simplesmente um daqueles italianos todos bons. Se calhar o seu sucesso nos tops não se devia propriamente aos seus dotes como cantor, mas aos seus atributos físicos. Tratando-se de um italiano, poder-se-á caracterizá-lo como um verdadeiro Apolo. Já naquele tempo se avaliava a beleza em detrimento do talento artístico. É que espremido aquele êxito não tem mesmo nada. Dá para dançar e nada mais. Se querem aprender um pouco da língua de Shakespeare ouvindo alguma música em Inglês, este tema deverá figurar como uma das últimas escolhas, para não ser desagradável e não considerar mesmo esta música desaconselhável. É que em vez de aprenderem ainda desaprendem. Italiano dum raio!

Agora está na moda os artistas dos anos oitenta renascerem e gravarem novos álbuns. Será que este artista nos vai dar o gozo da sua presença? Estoiramos de curiosidade para ver que aspecto tem hoje e, já agora, se durante estes anos todos se dedicou com afinco à aprendizagem do Inglês. Esperamos para ver.

Não sabia que chovia assim

E lá ia eu a caminho da terra onde me esperava a minha família com uma festa de aniversário. Para o almoço havia carne à alentejana e um bolo de aniversário. Os vizinhos eram os únicos convidados mas também estava prevista a visita de uma amiga.

De manhã preparei tudo para a viagem mas nunca me passou pela cabeça que lá fora o tempo já fosse de Inverno. Realmente olhei pela janela que o Céu estava bastante cinzento mas pensei que fossem apenas nuvens. Tenho pena que dentro de um prédio não se possa ouvir o barulho agradável e por vezes aconchegante da chuva a cair lá fora. Agora a ausência desse som fez com que saísse à rua com a roupa de estação quente que tenho usado.

Quando a chuva me foi molhando pouco a pouco, só pensava em andar ainda mais depressa para a estação. O problema é que as sapatilhas pouco apropriadas a piso molhado estavam escorregadias. Apanhei logo ali a primeira molha do dia e assim entrei no comboio. Até ao meu destino a roupa quase que enxugou mas ainda não estava livre da chuva, bem pelo contrário.

Quando cheguei a Mogofores, deparei com um temporal dos antigos. Para além de chover intensamente, também o Céu estava escuro e o vento soprava com bastante intensidade.

Procurei um abrigo enquanto esperava que me viessem buscar. O que encontrei serviria caso não houvesse vento. Não podia ir mais para lá por haver um gradeamento a impedir. Apanhei uma molha até aos ossos. A minha roupa até fumegava mas novamente a sequei no corpo.

A festa de aniversário (que já era a segunda) acabou por correr bem. Recebi desta vez uma camisola e chocolates dos meus vizinhos. Nada que se pudesse partir como as outras prendas.

Para os que ficaram em casa como eu e não foram aos concertos dos U2







Friday, October 15, 2010

Turismo de catástrofes naturais



Acordei sobressaltada quando eram já cinco e vinte e cinco da madrugada. Havia que dormir pelo menos mais uma horita porque o dia de trabalho prometia ser árduo.

A razão de eu ter acordado tão repentinamente prendeu-se com um sonho em que a protagonista era uma atleta que envergava um equipamento cor de laranja e executava salto com vara. Numa das suas tentativas para conseguir o melhor resultado possível, a atleta não chegou à fasquia e bateu com a cabeça fortemente na parte de baixo da mesma. O resultado foi um golpe profundo na zona da nuca que sangrava imenso e estava a ensopar o colchão.

Depois deste percalço do Desporto onírico, eis que ainda havia uma hora bem produtiva em termos de sonhos. A história começa com uma visita do pessoal da ACAPO a uma outra instituição. Lá vendiam-se objectos em plástico vermelho. Lembro-me que tivemos de descer umas escadas para aceder ao seu interior, mais nada.

A minha irmã estava indecisa se havia de passar as férias seguintes à Indonésia ou ao Haiti. Ela só não queria estar em contacto com população flagelada por catástrofes naturais. Essa agora…

Eu fui-lhe dizendo que, se fosse para a Indonésia, não estaria propriamente a sujeitar-se a zonas de catástrofes naturais. Estava-me a lembrar do tsunami de 2004 que afectou uma região muito específica do arquipélago. Caso ela optasse pelo Haiti, aí sim, havia todo um país em ruínas começando pela capital.

Tocava uma música ambiente no rádio de minha casa, uma melodia em Francês quando a melodia do meu despertador se sobrepôs a essa canção e me trouxe de volta à realidade.

Já cheira a concerto

Como toda a gente sabe, os U2 irão dar este fim-de-semana dois concertos no Estádio Cidade de Coimbra. O trânsito irá naturalmente sofrer com estes eventos.

Logo pela manhã notei a Rua do Brasil algo condicionada. Demorou-se imenso a percorrê-la. Dizem até que amanhã vai encerrar. Que vida a minha, que tenho de ir trabalhar e o autocarro passa por lá!

Ainda falta um dia e cheguei já em cima da hora ao trabalho. Amanhã será pior. E se não há autocarros? Como é que eu faço?

Quando saí, estive na paragem longos minutos na incerteza se ainda havia ou não autocarros àquela hora. A sorte é que não estava sozinha. Bastante atrasado, o transporte sempre chegou. A zona do Estádio está um caos. Provavelmente amanhã ninguém ali vai passar.

Perguntei imediatamente ao motorista se os autocarros iriam fazer os horários normais dos sábados e ele disse que sim. Ainda bem!

Vós não fazeis falta

Foram cinco. Cinco! Uma fartura de golos, os que o Sporting marcou contra o Levski de Sófia a contar para a segunda jornada da Liga Europa.

Depois de algumas notícias de algum confronto entre Yannick e Liedson entretanto desmentidas por responsáveis leoninos, o que é certo é que os dois jogadores ficaram estranhamente ou talvez não no banco de suplentes. Iriam entrar de certeza mas não entraram. Também diga-se de passagem que ninguém mais se lembrou que esses dois elementos não estavam em campo dado o resultado bastante nutrido que o Sporting conseguiu.

Até à meia hora, o jogo não teve muitos motivos de interesse. O Sporting até começou um pouco tremido. Foi precisamente nessa altura que Daniel Carriço apontou o primeiro golo.

O Levski ainda criou perigo na primeira parte, sobretudo quando o Jogador Número Dez apontou dois cantos directos que mereceram aplicação máxima de Rui Patrício. Mas antes do intervalo novo golo surgiria para a turma leonina. Este tento saiu da cabeça de Maniche.

Indo para o intervalo a ganhar confortavelmente por duas bolas de diferença, o Sporting encarou a segunda parte com outra confiança e isso notou-se em alguns jogadores, sobretudo no jovem Diogo Salomão que tinha estado algo discreto na primeira parte. Aos cinquenta e três minutos o substituto de Yannick apontou aquele que foi o golo de estreia pela equipa principal do Sporting. O lance foi bastante confuso mas Diogo Salomão guardará certamente este lance para a posteridade.

Com uma exibição soberba, Hélder Postiga que substituiu Liedson fez questão de lembrar a Paulo Bento que ele existe, é português e joga bem quando calha. Foi dele o quarto golo do desafio. Quatro golos, quatro marcadores portugueses. Ainda antes de ser substituído por Carlos Saleiro, Postiga ainda criou uma situação muito perigosa. A bola foi ao poste.

Debaixo de estrondoso aplauso, Postiga saiu e Saleiro entrou. De Liedson e Yannick, nem intenção por parte de Paulo Sérgio em os colocar no aquecimento sequer. Abel ainda entrou no jogo e Matias Fernandez também. Foi do chileno o quinto e último golo da noite.

Foi um excelente resultado contra um adversário que se julgava difícil. Como portuguesa, adorei este desfecho mas espero que os leões não façam muitas destas no decorrer do campeonato para o Benfica ainda ser campeão. Guardem os golos para as competições europeias!

Liedson e Yannick agora vão ter de trabalhar muito para reconquistarem a titularidade perdida com infantilidades. Com as exibições dos jogadores que os substituíram e com o resultado positivo que se verificou, Paulo Sérgio tão depressa não mexerá no onze titular.

Entretanto noutro confronto ente portugueses e búlgaros também para a Liga Europa, o Porto deslocou-se a Sófia e derrotou por 1-0 o CSKA local. O golo solitário foi apontado por Falcão.

Thursday, October 14, 2010

“Nação Crioula” (impressões pessoais)



Confesso que livros como este não são propriamente atractivos parra mim. Não têm acção, suspense, não prendem…em suma, não dão luta.

O bom destas obras é que nos levam a pesquisar e a conhecer um pouco do que eram os usos e costumes de uma determinada época histórica ou região. Foi isso que aconteceu aqui. Senti curiosidade em saber a história de algumas personagens desta obra baseada em cartas de Fradique Mendes.

Tal curiosidade por estas personagens resulta de já não ser a primeira vez que ouço falar delas. Desde logo começo com Fradique Mendes- o protagonista da obra. Eu pensava que seria alguém com um papel importante na História e talvez na vida política de Portugal. O nome dizia-me muita coisa e não me dizia nada ao mesmo tempo.

Estava redondamente enganada. Consultando a Wikipedia constato que Fradique Mendes não passa de uma personagem fictícia criada por Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Sendo assim, poder-se-ia tratar de um pretexto para Eça de Queirós escrever para si próprio, visto que muitas das cartas deste personagem eram a si dirigidas. Era descrito como um aventureiro e um poeta satânico.

José Eduardo Agualusa, em 1997 fez renascer Fradique Mendes e escrever de forma original esta história colocando-o como narrador da mesma nas suas cartas.

Outro personagem que também me suscitou interesse foi José do Patrocínio. Não era propriamente um personagem desta história, apenas foi mencionado por Fradique Mendes nas suas cartas. O meu interesse surgiu do facto de José do Patrocínio ser um dos personagens de uma telenovela cujo nome não me recordo que passou há cerca de uns meses na RTP 1. Eu não era assídua dessa novela mas, ao andar por ali e o meu pai assistir a ela, sabia mais ou menos a história. A novela era mais ou menos da altura em que se desenrola a acção do livro.

Ao contrário de Fradique Mendes, José do Patrocínio existiu mesmo e foi um dos mentores, se não o principal, da luta contra a escravatura- o chamado Movimento Abolicionista. José do Patrocínio tinha origens semelhantes à amada de Fradique Mendes Ana Olímpia. Também ele era fruto da relação entre uma escrava e um branco e muito lutou pela libertação dos escravos no Brasil.

Mais tarde foi detido por criar um movimento algo radical e violento para restabelecer a monarquia no Brasil. O seu exército era composto por escravos negros libertados e era acusado de provocar todo o tipo de desordens.

Voltando ao livro, o que me prendia mais não era a história em si mas a forma como os factos eram narrados. Achei imensa piada à descrição de Gabriela Santamarinha. Estava brutal!

Gostei de ler esta obra pelo enriquecimento cultural e histórico que me proporcionou e por algumas passagens mais ou menos cómicas e fantásticas.

Cristiano Ronaldo, Bruno Nogueira e outras histórias completamente incríveis

Acordei a meio da madrugada ainda incrédula com o que acabava de sonhar. Nesta incrível passagem onírica, Cristiano Ronaldo conversava animadamente comigo, imagine-se. Todo ele transpirava simpatia e o seu sorriso também me contagiava. Eu que nem gosto dele por o achar demasiado convencido e cheio de manias, agora que o dinheiro lhe subiu à cabeça e que passou a fazer coisas que não são compatíveis com a vida de um atleta. No sonho falava com ele só por acaso, sem nenhuma emoção especial por estar a falar com quem estava.

E cá vai mais uma versão rebuscada do pesadelo que tive há tempos! Desta vez um camião passou pelas imediações de minha casa e atropelou…Bruno Nogueira que ficou prostrado na berma da estrada. Vestia calças pretas e uma camisa azul-turquesa. Ali ficou prostrado e toda a gente demorou imenso tempo a chamar os bombeiros. Só quando o mesmo veículo passou para baixo e atropelou o meu vizinho é que foi pedido socorro mas Bruno Nogueira pareceu reanimar e seguir o seu caminho.

Numa tarde arranjei-me e fui visitar uma localidade da qual não sabia o nome. Essa localidade ficava…dentro de um edifício e lá havia um outro prédio (dentro do mesmo edifício que era a localidade) muito alto. Jamais vi um igual por aqui. Era ali que morava uma colega minha e eu questionava-me como é que ela morava ali nos últimos andares do edifício.

Noutra fase do sonho encontrava-me retida em casa com um estranho problema de saúde. Andava de pijama e tinha a parte inferior do abdómen bem saliente. Estava algo agastada com este problema que inclusive me fazia estar na cama. Além disso, notava na minha boca um sabor azedo. Enfim.

Apesar desse percalço onírico de saúde, ainda ia tomar um banho e arranjar-me para ir a qualquer sítio ao fim da tarde. Só que estava sempre gente a chegar e a bater-me à porta.

Não tardou também a tocar o despertador para acabar de vez com aquela estupidez.

P.S.: No dia em que sonhei com estas coisas, um mesmo veículo passou pelas imediações de minha casa e atropelou dois cãezinhos em simultâneo. Um morreu de imediato e o outro teve de ser abatido pelo veterinário. É curioso como tenho estes sonhos de gente caída na berma da estrada e o que realmente aparece na berma da estrada são cães. Aliás, já cheguei à conclusão de que este tipo de sonhos passou a acontecer desde que há cães nas imediações de minha casa.

O relato que não ouvi e as coisas que não devia ter ouvido

O dia de trabalho a seguir ao meu aniversário prometia ser árduo mas sempre me podia contentar em descansar bastante enquanto ouvia tranquilamente o relato do jogo entre o Schalke 04 e o Benfica. Claro que contava que o Gloriosos ganhasse, naturalmente.

Quando saí, vinha com grande satisfação. Preparei umas bolachas e lá estava eu pronta para uma noite de Futebol. Aí aos oito minutos de jogo, avisam que vai haver um bloco informativo especial. “Que se terá passado?”, pensei eu. Alguma catástrofe? Pior do que isso, era só José Sócrates que ia fazer uma declaração ao País. Que seca! E não dá o relato do jogo do Benfica por causa disso? É inadmissível!

E lá começou Sócrates com o seu rosário de medidas de hostilidade contra a crise em que promete baixar os salários, cortar os abonos de família, aumentar o IVA, congelar os salários da função pública e não sei que mais. Tudo para compensar as despesas com aqueles famigerados submarinos que ainda devemos e nenhum português vê neles utilidade.

Boa Sócrates! Então algumas famílias ficam privadas do abono de família? E as medidas para aumentar a natalidade? Pois…todas as receitas do Estado agora são para pagar aquelas coisas horríveis, os submarinos.

IVA a 23% para que as famílias percam poder de compra? Sem compras não há evolução na economia porque as empresas não escoam os produtos, se não escoam os produtos não precisam de produzir mais e não precisam de tanta mão-de-obra. Vai mais gente para o desemprego sem dinheiro para comprar e ainda por cima com encargos para o Estado. Muito bem! Lá vou eu ter de comprar os livro mais caros.

E enquanto Sócrates manda os portugueses apertar o cinto ainda mais, continua a passear-se num belo carrinho pago pelo Estado, com motorista e combustível pago com o precioso dinheirinho de todos nós que trabalhamos que nem escravos e que nem descansadinhos podemos estar a ouvir o relato do jogo do nosso clube depois de um dia de trabalho, tudo porque Sua Excelência, o Primeiro Ministro, resolveu justamente a esta hora vir chatear com esta conversa fiada.

Acabada a conferência de imprensa estrategicamente marcada para as oito da noite para coincidir com a hora dos noticiários e…do jogo do Benfica que é para a maioria dos cidadãos não se distrair com mais nada, a não ser com o que Sua Excelência e seus pares tinham para dizer, seguiu-se mais um conjunto de reacções de todos os partidos políticos, centrais sindicais, comentadores políticos, económicos e afins. E como estava o Glorioso? Esperava que já estivesse a ganhar por muitos, a julgar pelo domínio que tinha sobre o adversário antes de se perderem as informações devido à conferência do Sócrates.

Já eram mais de nove horas e eu ainda a apanhar uma seca brutal. Odeio Política! Nem ouvi o relato do jogo, nem adiantei uns textos para o blog na esperança que aquele pesadelo de conferência acabasse depressa.

Quando finalmente o cenário político foi desmontado e se passou novamente ao relato do jogo, o Benfica já perdia por 1-0. Que escândalo! Uma equipa que não joga nada. Já no final do jogo o Schalke 04 marcou mais um golo. Quem não marca, sofre.

Enfim…foi uma noite para esquecer. Isto é que vai uma crise!

Apenas vigésima

Decorreu em Itália mais um Campeonato do Mundo de Atletismo do Maxithlon. Apenas uma atleta do nosso clube esteve presente. Augusta Faria marcou presença nos quatrocentos metros barreira mas quedou-se apenas pela vigésima posição com 1.12.69s apenas. A austríaca Maria Metz foi a grande vencedora com a impressionante marca de 1,09.02s.

Segundo a atleta, as razões deste alegado insucesso tiveram a ver com a qualidade competitiva das adversárias e com alguma ansiedade que lhe afectou a concentração.

“A série em que eu corri tinha atletas bastante fortes, apesar de ter dado o máximo, o corpo não respondeu como eu queria”.

Para a próxima época decorrerão os campeonatos da Europa. Qualificam-se os vinte e cinco primeiros. Felisberto Vidigal na velocidade, Tânia Vidigal nos saltos ou mesmo Herlander Saldanha nos lançamentos serão os principais candidatos à qualificação.

Mas eles não são ucranianos?

A equipa do nosso bem conhecido Mircea Lucescu- o Shakhtar Donetsk- deslocou-se a Braga para mais uma jornada da Liga dos Campeões. Desta vez os bracarenses perderam por metade dos golos com que foram derrotados pelo Arsenal.

Atente-se nos nomes dos marcadores dos golos: Luiz Adriano marcou por duas vezes, o terceiro golo foi apontado por um tal de Douglas Costa. Nomes típicos de cidadãos ucranianos, sem dúvida.

Aquele Shakhtar Donetsk é mesmo uma autêntica Babel de línguas e estilos futebolísticos difíceis de coabitar numa mesma equipa. Mircea Lucescu, essa raposa velha, sabe como os fazer falar uma só língua dentro de campo- a da vitória.

Por capricho dos sorteios das competições europeias e por alguns laços que possam existir entre este clube ucraniano e clubes nacionais, têm sido muitos os confrontos ente o Shakhtar Donetsk e equipas portuguesas. Esta equipa sempre teve imensos jogadores brasileiros.

Terei de recuar muitos anos para encontrar esta equipa (da terra natal de Cherbakov) perfeitamente desconhecida e a jogar provavelmente com jogadores ucranianos ou de outras repúblicas que constituíam o antigo bloco soviético frente ao Boavista. Nessa contenda com os saudosos axadrezados, destacou-se precisamente o velho amigo de Cherbakov- um tal de Atelkin- que viria a representar o Boavista mais tarde. Eu tenho uma foto com ele.

Desde há uns anos a esta parte o Shakhtar Donetsk tem ido ao mercado brasileiro reforçar-se, sobretudo do meio-campo para a frente. São muitos os médios e os avançados brasileiros de boa qualidade que a equipa ucraniana possui. Luiz Adriano, Wiliam e Jadson são jogadores que já conheço ali há muitos anos. Salvo erro, o Shakhtar Donetsk tinha apenas quatro ucranianos em campo. E ainda falamos nós dos clubes cá da terrinha!

Falando um pouco do que foi este jogo, o Braga entrou algo lento na partida mas foi dispondo de oportunidades para marcar que falhou. Alguns erros defensivos deram origem aos golos adversários e Pyatov- guarda-redes do Shakhtar Donetsk- esteve extremamente empenhado em não deixar entrar a bola na sua baliza, nem que para isso tivesse de ir com a cabeça ao poste depois de um remate extremamente perigoso dos jogadores do Braga.

Em dois jogos na Liga dos Campeões, o Braga já leva nove golos sofridos na prova. Vamos a ver se estes números são corrigidos nos próximos jogos!