Monday, September 18, 2006

Um fenómeno raro

Tomei conhecimento de que iria acontecer algo que nunca me lembro de ter visto ou- se já vi- foi há bastante tempo: os “Três Grandes” a jogar no mesmo dia e os seus jogos a darem na televisão. Claro que isso só acontece porque dois deles- Benfica e Sporting- vão jogar um contra o outro para o Torneio do Guadiana.

Desde que a TV Cabo dita leis em Portugal que não se assistem, infelizmente para mim que não possuo esses canais, a muitos jogos de futebol na televisão chamada generalista. No último Mundial –se quis estar por dentro da competição - tinha de ficar acordada até altas horas da noite e era quando não adormecia sem ver os tão desejados resumos (ver textos “Uma aventura no estádio versão voluntários da Acrobática”, “Arroz de pombo”, “Chorar de manhã para não fazer figuras tristes à noite”...).

Benfica, Sporting e Porto iam jogar no mesmo dia. Era da maneira que facilmente se podia analisar melhor o actual estado de forma das três equipas, apesar de ser ainda cedo para tirar ilações sobre qual dos conjuntos terá melhores condições para vencer o Campeonato. Mal sabia eu o que iria acontecer ao Glorioso!

Nesse dia -que acordou com tempo algo instável -resolvi ir ver o resultado do envio daquela verdadeira hecatombe de mensagens. Uma delas fez-me levantar o astral bem para cima. Até me esqueci que tinha teste! Fiquei nas nuvens! Sinceramente não estava a contar com aquele verdadeiro catalisador da alma. Só podia ser algo vindo da Holanda.

Claro que o teste me correu bem! Com notícias dessas logo no começo do dia...O teste e o resto das coisas. Foi um dia fantástico em termos de estado anímico. Sentia-me verdadeiramente bem!

Situação do dia:
Como todos nós somos uma cambada de cegos, semi –cegos, invisuais, invisíveis, audiovisuais, pitosgas e...toupeiras usamos relógios falantes. O problema é que- quando estamos ansiosos para sair de um local onde se está a levar uma valente seca- não podemos estar sempre a olhar para o relógio como faz toda a gente. É uma injustiça! Numa aula, perto da hora de saída, houve duas pessoas que tiveram uma tal pontaria que colocaram os respectivos relógios a falar ao mesmo tempo. Estavam afinados. Não me lembro se estavam certos nas horas um com o outro.

Bacorada do dia:
“Tu pareces um silicone” (por incrível que pareça, a pessoa em questão queria dizer “ciclone”).

Roupa branca...até demais

Como é de conhecimento público, sou um autêntico desastre nas lides domésticas. Lavo a roupa à mão e, se ela pudesse fugir, ia para um lugar bem distante onde eu jamais a pudesse encontrar para “cuidar dela”.

Quando há uma nódoa que custa mais a sair, tenho uma solução drástica: exagero na lixívia. Assim a roupa fica “branquinha”. O pior é quando era de outra cor. Foi isso que aconteceu ontem com alguns pares de meias que estavam misturados com roupa difícil de lavar. Quando vi as meias de uma cor algo incaracterística, fiquei passada. E aquelas meias que eram tão bonitas! Ficaram todas manchadas. Agora tenho de as pôr sempre na lixívia até ficarem da mesma cor. Há uns anos fiz a mesma coisa a uma camisola de marca. O truque resultou.

Nem só de lavagem de roupa suja (na verdadeira acepção do termo) viveu aquele dia de sol e calor. O teste de DCPS e alguns acertos de aulas marcaram o expediente.

O teste correu-me bem. Estudei tanto! Se tivesse estudado, não tinha queimado a roupa com lixívia. Não acham?

Por falar em testes, mais um estava marcado para o dia seguinte. Desta vez era de ORMT- aquele tal módulo que não me agrada. Não gosto e pronto! Mas tenho de estudar e até percebo disso. Há muitos anos que ouço falar dessas coisas ligadas às empresas e ao trabalho.

O teste estava-me a preocupar tanto que até resolvi partilhar a minha angústia extrema com alguns amigos. É que me deu uma “lua” irreprimível de escrever para todo e qualquer pessoal de quem eu tenho os contactos. Para muitos deles, já não me lembro da última vez que lhes escrevi. A falta de tempo a isso obriga. Desta vez também não tinha tempo. Tinha de estudar para o teste. Verdade seja dita: só me meti a escrever para o pessoal depois de ler os apontamentos.

Fui para casa a pensar na matéria. Nem ia dormir.

Situação do dia:
Outra cena de parte-parte na cantina. Desta vez parece ter-se escapado um tabuleiro com a loiça suja das mãos de uma funcionária. Como estava pouca gente na cantina e não havia barulho, aquilo fez subir em flecha a escala de decibéis.

Bacorada do dia:
“Litros cúbicos” (a Matemática está constantemente a evoluir à medida que se vão dizendo disparates)

Semana de cão

Última semana de aulas antes da merecida interrupção para férias. Que bom! O pior é que esta vai ser a semana mais complicada que iremos ter. Os testes vão ser todos feitos ao longo destes cinco dias úteis e temos de fazer avaliações. Que stress!

O voluntariado da Ginástica ainda mexe com o meu inconsciente. Ainda sonho com algumas pessoas. Sonhei com uma colega e com os seus amigos. Não me lembro do conteúdo do sonho.

O tempo anda esquisito. Para a semana estará melhor e poderei ir até Mira.

Começou a saga dos testes! Braille era o primeiro módulo onde tínhamos de prestar provas. Eu não estava preocupada com isso. Nem com Braille, nem com os restantes módulos. A avaliação é contínua. Há colegas que estão passados e pensam que os testes vão ser o fim do Mundo. Qual quê? Apenas vou estudar os apontamentos.

O teste de Braille mais parecia um conjunto de perguntas de cultura geral de um qualquer concurso televisivo. Nem um ditado tinha. A avaliação da leitura ficou para o gato comer. Era ridículo um teste de Braille com perguntas de escolha múltipla em que nada ou quase nada havia para escrever. Mas que ideia aquela das gentes de Lisboa!

Esta semana começam as minhas férias desportivas. Como tenho de esfolar o couro a estudar para os testes (nem vou fazer mais nada), não há tempo para treinar.

Mas para lavar roupa já tem de haver tempo. Se não há, arranja-se. O pior é quando ela dá que fazer a uma pessoa como eu que anda ocupada a estudar para os decisivos testes. É que daquelas notas depende muita coisa. Muita mesmo!

E ia deixar de ouvir as notícias de Desporto para estudar para os testes?!! Claro que não! Mais agora que se fala que o Simão pode deixar o Benfica. Que novidade! O que é novo é que ele já não vai para o Liverpool. O destino agora parece que é o Valência.

Situação do dia;
A aula de Informática foi dedicada a procurar números de telefone na página do 118. Um colega nosso andou a procurar números de Coimbra em Lisboa e vice-versa. Depois de tanto disparate e de tanto o pessoal se rir dele, exclamou alto e bom som:
- “Vocês até vão ficar parvos!!!! O professor vai-se surpreender!!!”
O formador foi ver a pesquisa dele. Então não é que tinha posto tudo menos o nome do que pretendia pesquisar? O formador constatou:
- “Pôs tudo menos o nome. Realmente você surpreendeu-me!”
Mas não foi só ele. Isso aconteceu em quase toda a aula. Outro ainda procurava a FNAC do Colombo (ou FINAC com ele disse) em...Coimbra!

Bacorada do dia:
“Higiene picsiológica” (só não sei se se escreve como eu escrevi, ou se é com “x”)

Van Bon: o "Rui Costa" da Rabobank

Não é só o Benfica que faz regressar a casa o seu “filho pródigo”. A Rabobank também vai assistir na próxima época ao regresso de um grande ciclista que deixou sair em 2000: Leon Van Bom.

Foi uma das coisas que sempre me custou- ver o Van Bon a representar outras equipas e a ser campeão nacional o ano passado. Quando soube que ele ia regressar fiquei bastante satisfeita porque é mais um bom elemento que reforça a equipa e que vai ser uma referência para os mais jovens. É um ciclista que conhece bem a tão propalada mística sempre importantíssima em qualquer Desporto colectivo.

A razão pela qual o ciclista holandês pretende deixar a Davitamon-Lotto prende-se com o facto de não ter feito parte das escolhas do Director Desportivo para alinhar no Tour 2006. Assim, Van Bon decidiu regressar “a casa”. No meu entender, ele deveria ter feito isso há mais tempo. Era da maneira que a Rabobank podia-se gabar de ter ganho o Campeonato Nacional por três vezes: Erik em 2004, Van Bon em 2005 e Boogerd em 2006. Isso é que era!

Por falar em campeões nacionais holandeses do ano passado. Quem se diz que também pode vir a representar a nossa equipa é Sebastiaan Langeveld- actualmente ao serviço da Skil-Shimano. Como o ciclista é ainda bastante jovem, resta saber se ele reforça a equipa principal do ProTour ou a equipa Continental. Este miúdo foi campeão nacional de Esperanças o ano passado ao serviço da Van-Vliet- uma das mais antigas equipas do Ciclismo Holandês. É também uma alternativa viável para o ciclocrosse onde só não é campeão por culpa do talentoso ciclista da Rabobank Lars Boom.

Chega ao fim mais uma edição do Tour. Parece que vamos ouvir novamente o Hino Nacional dos Estados Unidos da América para celebrar o triunfo de Floyd Landis que sucede assim ao seu compatriota Lance Armstrong.

A Rabobank teve um excelente desempenho. Foi terceira na Classificação Geral por Equipas. Pelo segundo ano consecutivo, Michael “Chicken” Rasmussen foi o “Rei da Montanha” e venceu uma das etapas mais duras desta edição. Oscar Freire venceu ao sprint duas etapas e Denis Menchov também sentiu o gosto de triunfar. O atleta russo foi o melhor da equipa ao classificar-se em 6º lugar. Foi excelente!

Há que lamentar apenas a queda sofrida por Erik Dekker que não permitiu que ele concluísse o seu último Tour como merecia.

Sunday, September 17, 2006

O "portero" que veio a Coimbra dar festival de canto gregoriano

Eu e os sonhos com situações do arco-da-velha em provas desportivas! Depois da prova de Ciclismo em que entrava gente das mais variadas procedências (ver texto “Sonho e realidade”) e de um jogo de futebol em que um jogador foi expulso durante a entoação do Hino Nacional do seu País por se ter rido (ver texto “Final de tarde inesquecível” ), agora surge outro sonho digno de registo. Está é um pouco confuso mas...

O sonho passava-se, inicialmente no Estádio Cidade de Coimbra onde a Selecção Nacional realizava um jogo particular com uma selecção da América Latina. Não cheguei a saber qual era a equipa. Sei que essa selecção tinha um guarda-redes que se chamava Gonzalez. Do primeiro nome não me lembro.

Esse guarda-redes era até baixo para o posto que ocupava. Alguns colegas eram maiores que ele, mas não foi a altura que fez com que ele fosse o centro das atenções. Foi algo pior. Ele nem devia ter posto os pés no relvado!

A cena passou-se ainda no período de aquecimento (ou nos minutos iniciais do jogo). Não sei bem. O artista deve ter ido para o jogo de barriga cheia- o que não é recomendável e até chega a ser perigoso- e sofreu as consequências. Aliás, aquele indivíduo tinha ar de quem comia bem.

Estava o guardião da equipa adversária de Portugal normalmente na sua área de rigor quando foi chamado a efectuar aquilo a que os entendidos da bola chamam “uma defesa de recurso”. Até se saiu bem. Só que o esforço deu lugar a uma valente indigestão que o fez sentir-se mal ali mesmo.

O público começou a insultá-lo e a brindá-lo com alguns nomes menos abonatórios para a sua reputação que passou a não ser a mesma a partir daquela altura. O “portero” teve de abandonar as quatro linhas. Mas parece que o jogo não prosseguiu porque a equipa só tinha aqueles onze jogadores. Só mesmo em sonho!

Resta dizer que eu estava a assistir a esse jogo junto a uma porta que dá acesso à pista. Por ali sobe-se para as bancadas. Já estava a anoitecer. Estava ali como voluntária e tinha uns papéis tipo senhas na mão. O objectivo era entregá-las às personalidades VIP. Entre esses ilustres convidados estava o conceituado atleta Carlos Lopes. Os outros eram desconhecidos e eu andava atrapalhada porque não sabia quem eles eram.

Os intervenientes no jogo passaram pela zona onde eu estava e deu para reparar que aquele guarda-redes (que entretanto já tinha recuperado) era mais pequeno que os colegas de equipa. Ele saiu debaixo de uma monumental assobiadela e sob um intenso coro de protestos. Houve engraçadinhos que não resistiram à tentação de lhe irem pedir um autógrafo. Talvez para mais tarde recordarem aquilo que era para ter sido mais um jogo de preparação de Portugal e acabou por ser uma outra coisa por culpa daquele atleta.

No dia seguinte toda a Comunicação Social falou daquele assunto tão insólito e a passagem daquele guarda-redes – que até nem era mau - saiu baixada ao ridículo com imagens e textos cómicos daquilo que aconteceu no relvado.

Fui para as aulas e toda a gente me falava daquele jogo e me mostrava o que havia saído nos jornais. Depois a conversa tomou um outro rumo. Bem estranho por sinal! Uma colega foi para a sala de aula com uma conversa bem perversa. Olhei para outra minha colega e reparei que ela tinha pintado o cabelo de uma cor esquisita.

Foi nesse clima confuso que acordei nessa manhã. Era fim-de-semana e deixei-me ficar a descansar. Só de pensar que tinha de passar apontamentos...E depois esquecia-me deles! (ver texto “Morrendo de tédio e de calor”)

Era o dia da apresentação do Glorioso. Como adversário tinha o Bordeaux de França. Um a um os jogadores iam sendo chamados. Simão não foi apresentado. Que significava esse facto? Que ele ia sair desta vez?

Depois de cumpridas as formalidades, o jogo começou com o Benfica a deixar a promessa de brilhar. O Glorioso jogou bem e venceu a turma gaulesa por 3.0. miccoli, Mantorras e Marcel foram os autores dos golos benfiquistas.

Nesse jogo, Paulo Jorge arranjou um amigo. Pegou-se com um jogador do Bordeaux e foram ambos para a rua no mesmo instante. Provavelmente, o jogador que veio do Boavista não poderá alinhar na primeira jornada por causa desse cartão.

Bacorada do dia:
“O cão vai comer arrosso...” (fiquei sem saber se o cão é ou não bem alimentado.)

O homem de Chernobyl

Despertou-me a curiosidade para ver o programa sobre o desastre nuclear de Chernobyl que ia dar naquela noite.

O conteúdo da reportagem consistia em gravações captadas num dos reactores da Central Nuclear que não explodiu. Dali podia-se saber o que se passou no reactor 4 onde a tragédia aconteceu na madrugada de 26 de Abril de 1986.

Três homens encontravam-se a trabalhar no reactor- dois mais jovens e um mais velho. Parece que iam testar qualquer coisa no reactor. O mais velho dava ordens aos outros e tratava-os abaixo de cão. Era um típico habitante da Antiga União Soviética. Um autêntico homem da Sibéria, tão inflexível e rude. Os outros obedeciam-lhe, por mais que achassem que dali poderia resultar o que viria, infelizmente, a acontecer. Para ele as ordens tinham de ser cumpridas e mais nada.

No início da reportagem eu pensei que eles tivessem morrido todos. Estava com uma raiva ao homenzinho que já não o podia ver. Para mim, o culpado da tragédia era ele. Podia não ter feito por mal. Certamente ele não queria que aquilo explodisse e espalhasse a morte pelas redondezas ao longo do tempo, mas as suas convicções e a sua teimosia levaram o reactor pelos ares.

Esse engenheiro tinha já uma longa história ligada à energia nuclear e o seu filho morrera de leucemia devido à radioactividade. Tornou-se então no homem que foi possível ver nas imagens que antecederam a explosão.

Achei impressionante o facto de a pressão ser tanta que fazia saltar as placas pesadíssimas que revestiam o reactor. Nem a ver aqueles estranhos acontecimentos aquele homem se convenceu do perigo que as suas experiências iam causar dentro em breve. Por mais que os outros lhe dissessem para ele fazer aquilo que deveria ser feito, ele fazia o contrário e com o simples premir de um botão, a morte e a desgraça invadiram as imediações da Central de Chernobyl.

O que é incrível é que todos quantos lá estavam dentro vieram a falecer. Só ele- apesar de ter sido o que esteve sujeito a níveis mais elevados de radioacticidade- sobreviveu e foi condenado pelo incidente. Viria a falecer em 1995 vítima de...ataque cardíaco. Morreu de morte natural, portanto, o homem de Chernobyl.

Fui-me deitar naquela noite a pensar como foi possível ele ter sobrevivido e os outros não. São dessas coisas incríveis que acontecem e que fazem com que a vida não seja algo de concreto e tão linear.

A manhã do dia 21 de Julho estava cheia de sol, mas um intenso cheiro a fumo fazia-nos lembrar a todo o instante que o flagelo dos incêndios andava por aí. Afinal era Verão e, infelizmente, esta época do ano também é a época dos fogos florestais.

Cheirava também a fim de semana que prometia sol e tempo quente. Para mim é igual. Esses dois dias são sempre passados em casa a fazer alguma coisa que está em atraso.

A Rabobank está na mó de cima nesta fase da época. Na etapa do Tour foi o primeiro conjunto a pontuar e viu o Boogerd ser 5º na etapa. Depois de um início de época marcado pelo azar, parece que este Tour está a ser bastante produtivo para os nossos atletas que já venceram 4 etapas e lideram o Prémio da Montanha através do dinamarquês Michael "Chicken" Rasmussen. Na geral por equipas no Tour, a Rabobank encontra-se na terceira posição.

Era chegada a hora de partir para mais um merecido fim-de-semana junto da família e...dos gatos. Que andavam eles a fazer. Disparates, senão vejamos...

Situação do dia:
Fiquei a saber que a gata Feijoa dá-se ao luxo de passear na estrada na frente dos veículos e estes andam ao seu ritmo. Parece que o outro dia a minha vizinha assistiu a uma cena hilariante. Aquilo filmado devia ser um espectáculo! Feijoa caminhava pela estrada na frente de uma carrinha de caixa aberta que, para não a matar, andava a passo. Só quando a caríssima gata se lembrou de saltar para o quintal é que a camioneta passou a circular a velocidade normal. Se fosse na cidade, imaginem a fila que se gerava ali e as sonoras buzinadelas que iam soar. É bom que a Feijoa não torne a repetir a gracinha, senão ainda acaba atropelada mesmo. Não é todos os dias que passam na estrada motoristas sensíveis ao comportamento negligente de gatos na estrada.

Bacorada do dia:
"Segunda-feira as revisões são desde o primeiro segundo que entram até ao primeiro segundo que saem." (uma aula sem pontos mortos e sem descanso.)

Já não conhecia a sensação de estar feliz

Há muito que não me sentia tão bem. O tempo cheio de sol e calor até ajudava. Resta saber se já estava de bom humor antes de contactar com certas coisas.

Encontrei na Internet um ficheiro com alguns dados biográficos dos nossos amigos (ver texto “O rapaz da camisola vermelha e seus acompanhantes”). Fiquei sem saber qual deles era o Rapaz da Camisola Vermelha, mas até é melhor prevalecer o mistério para alimentar a fantasia.

Estava mesmo inspirada naquele dia. Já não sabia qual era a sensação de me sentir assim. A inspiração era tanta que me dei ao luxo de imaginar nitidamente uma cena curiosa. Ouviu-se o som de um daqueles aviões que captam focos de incêndio. Eu comecei-me a rir porque imaginei que estava um conjunto de pessoas a fumar na rua e o avião recebia falso alarme de incêndio. Às vezes o fumo é tanto...

A distracção continuou. Engasguei-me a almoçar e, como se isso não bastasse, à vinda para a ACAPO tropecei numa pedra e ia indo ao chão.

Não tenho a certeza, mas penso que o treino foi de bicicleta naquele dia. Agora ando numa fase apenas de manutenção e aproveito para adquirir endurance.

Na televisão ia dar uma reportagem sobre o acidente nuclear de Chernobyl. Fiquei a ver esse documentário até me deitar.

Situação do dia;
A nossa professora estava rouca, afónica, com uma voz tão miserável que eu nem a conheci na sala de multimédia.

Bacorada do dia:
“Um número ao quadrado não se multiplica por 4?!” (mais um exemplo da boa Matemática que temos cá no burgo.)

Gargalhadas à chuva

Acordei sobressaltada. Sonoras gargalhadas vindas da rua interromperam o meu descanso difícil de conseguir devido ao calor abafado. Se contavam anedotas, eu não estava a achar piada nenhuma. Queria descansar e os caramelos não paravam de se rir a bandeiras despregadas mesmo por debaixo da janela do meu quarto. Ouvia-se ao longe o ribombar de trovões e os primeiros pingos de chuva começavam a cair. Os indivíduos despediram-se um do outro. Que bom! O rapaz que mora ali permaneceu na rua, apesar de chover com bastante intensidade. A noite de descanso já estava estragada.

Algumas horas depois nem parecia que tinha chovido ou trovejado. O Sol brilhava radioso e era hora de iniciar mais um dia normal de aulas. Primeiro tinha de enviar umas coisas a uns amigos. Se a Internet estivesse outra vez desligada é que ia ser bonito! Isso não aconteceu e eu meti-me na aventura de comprimir pastas sem nunca ter feito tal coisa na vida. Como é experimentando que a gente aprende, foi assim que aprendi mais uma coisa nova. Saí dali mais rica, mais culta, com algo de novo apreendido. Agora não quero outra coisa. Toca a comprimir tudo o que aparece!

Nada de especial tenho apontado que se tivesse passado nas aulas. Também nem sempre as aulas podem ser como na véspera.

Mais um treino sem história. É só para manter a forma e minimizar os estragos das férias.

Para a história – e ainda bem – fica a quarta vitória da Rabobank em etapas do Tour 2006. Depois de duas etapas ganhas por Óscar Freire e uma ganha por Denis Menchov, Michael “Chicken” Rasmussen venceu uma complicada etapa em alta montanha como ele gosta. Posso estar enganada, mas penso que a Rabobank nunca venceu quatro etapas numa só edição da Volta a França. Só indo ver.

Parece que a ideia de Liedson ser português, tal como Deco, agrada à Federação Portuguesa de Futebol. A carência de pontas – de- lança portugueses capazes de substituir Pauleta pode levar a que se recorra à precipitada naturalização do “Levezinho”.

Para mim, existem alternativas para substituir Pauleta. Hugo Almeida, João Tomás e Derlei (se é que o brasileiro do Dínamo de Moscovo já se naturalizou). Na minha modesta opinião, um jogador que vai passar um curto período de férias de Natal ao Brasil e que demora no regresso alegando problemas familiares não se deve naturalizar, uma vez que tem uma ligação forte com o seu país de origem.

Também já ouvi notícias de que Liedson estava descontente em Portugal e que queria regressar ao Brasil para estar mais próximo do filho recém-nascido. Será que esse jogador irá sentir a camisola de Portugal da mesma forma? Ou será que ele queira mudar de nacionalidade como quem muda de clube?

Bacorada do dia:
“Eu sou muito amiga da minha mãe, mas não tenho filhos dela.” (não percebi.)

Coimbra Summer Fashion

Com a chegada do tempo quente as pessoas vasculham os seus armários de roupa à procura de algo para vestir. Antes de enfrentarem o corrupio de mais um dia igual aos outros, já as pessoas têm a cabeça mais moída que o sal só de pensarem no que hão de vestir naquele dia.

A escolha é difícil. Por vezes torna-se até dramática. Gera-se um conflito interno na mente do indivíduo que fica indeciso entre umas foleiras calças roxas com bolas amarelas ou uns circenses calções encarnados de balão. E que dizer daquele vestido caído em desuso que uma senhora conimbricense resolveu levar para o trabalho ou para as compras no Dolce Vita? Ao menos aproveitasse para comprar uma roupa nova mais decente!

Passa por mim na rua cada criatura com cada traje...Eu até viro a cara para o lado para me rir à vontade. De onde é que o pessoal tira aqueles modelitos? Devem pensar que a rua é uma passerelle e que os outros invejam as suas ridículas fatiotas a ponto de não resistirem em lhas arrancar do corpo.

Vestidos de cores berrantes e modelos insólitos, blusas que deixam parte do tronco a descoberto, calções onde cabem dez pessoas lá dentro (ver texto “Rescaldo da inundação”) e calças com bolas, riscas ou outros desenhos podem ser observadas por toda a parte. O guarda-roupa bastante original dos conimbricenses parece não ter limites.

Eu nem sou assim muito de reparar no que os outros vestem. Se uma pessoa andasse nua eu nada tinha a ver com isso. Simplesmente achei piada a alguns trajes que algumas pessoas tiveram a infelicidade de escolher para saírem de casa.

Já que falamos em trajes insólitos, eu passo a contar uma cena que se passou quando era criança. Se acaso eu tivesse concorrido ao concurso “A Herança”, poder-se ia assistir ao seguinte diálogo entre a minha pessoa e José Carlos Malato aquando da minha apresentação:
Malato – “Considera-se uma pessoa vaidosa?”
Eu – “Nem por isso. Até sou uma pessoa que não liga muito a modas.”
Malato – “É que passar um dia inteiro a escolher a roupa para levar a uma festa não é normal...Segundo a história que tenho aqui...”
Eu (a ponto de me desmanchar a rir) – “Pois...”
Malato (também a ponto de rir à gargalhada) – “Então conte lá como é que foi a história do “vestido de noite”.”
Eu (fazendo um enorme esforço para me manter séria) – “Bom...Tudo se passou no dia da festa da minha aldeia...Tinha os meus 4 ou 5 anos...Lembro-me que o arraial era numa casa que fica em frente à minha e que agora está em ruínas. Na tarde que antecedeu o arraial resolvi vasculhar o armário da roupa do quarto onde eu durmo actualmente e que, na altura, era um quarto de hóspedes. Tirei a roupa quase toda de lá de dentro e experimentei um sem número de peças. Por fim, tomei a decisão de levar uma camisola interior de alças do meu pai para o arraial. Quando avistei as luzinhas coloridas e ouvi os primeiros acordes musicais, atravessei a rua e fui para a festa com a camisola interior que servia de vestido comprido e um casaco meu porque a noite estava fresca. Apesar da tenra idade, já era uma criança precavida com o frio!”
Malato – “E depois o que aconteceu? Calculo que teve um grande sucesso!”
Eu – “Alguém veio avisar a minha mãe para me vir buscar. Depois não me lembro de mais nada.”

Conhecido este episódio, facilmente se chega à conclusão de que não tenho moral nenhuma para criticar a indumentária dos outros. Só que eu agora não faria as mesmas figuras tristes. Nem que me pagassem uma astronómica quantia que desse para viver o resto da minha vida sem me preocupar a contar o dinheiro.

Falei no calor. Naquele dia, por acaso, não estava sol. Parecia um dia de Outono. Não estava frio mas soprava algum vento.

Se eu estava a contar em fazer algo com a Internet, tive de mudar de planos. Por causa de uns voluntários que aqui estão a passar livros e outros documentos, a Internet foi desligada para eles não se distraírem.

O dia foi tão fértil em bacoradas que me é difícil escolher uma. A decisão que tomei foi publicá-las todas e depois repetir uma delas mais abaixo na secção apropriada para o efeito. Às vezes não há bacoradas. Naquele dia o pessoal andava terrível. Deve ser a falta de férias que já anda a fazer estragos. Ninguém escapa. Ninguém mesmo. Nem eu. Sem referir nomes, como é hábito, aqui vão as bacoradas proferidas por todos nós no dia 18 de Julho de 2006:
“Adaptação do Homem ao trabalho e nunca ao Ser Humano”
“Veio uma rabanada de vento...”
“Depois dos apontamentos já não se escreve mais nada”
“É oral? Não é preciso escrever. Pois não?”
“4x4=12”
“3 elevado a 2=-9”

Tinha combinado uma consulta com o psicólogo, mas algo de aborrecido aconteceu e a consulta teve de ser adiada. Dentro daquela pequena sala organizou-se uma reunião improvisada. Vinha aí chatice! Que é que eu fiz desta vez? Que é que se estava a passar? A razão de todo aquele aparato tinha a ver com a reunião que tivemos com o Presidente da Delegação Regional do Centro no passado dia 13. Afinal passou-se alguma coisa naquele dia. (ver texto “Deus queira que aconteça alguma coisa”) Eu é que me esqueci de fazer referência a essa reunião. É o que faz isto andar desactualizadíssimo!

Alguém veio para a rua contar o que se passou e isso foi chato. Uma coisa é certa: eu não fui.

Com tanta gente naquela sala, o ar tornou-se irrespirável. Houve gente que teve de sair antes que se sentisse mal. É impossível e desumano estar ali o dia inteiro!

O treino decorreu novamente no Estádio. Rolei mais tempo, mas sempre a velocidade moderada.

Depois de ver “A Herança” e de ouvir a “Bola Branca”, onde se falou da hipotética naturalização de Liedson, fui dormir. Mal sabia eu que a noite iria ser agitada!

Situação do dia:
Como atrás referi, toda a gente andava disparatada naquele dia. Eu não fugi à regra. Então não é que ia para comer a sopa com...o garfo!

Bacorada do dia:
“É oral? Não é preciso escrever. Pois não?” (mas que pergunta!)

Morrendo de tédio e de calor

Mas para que é que as segundas-feiras existem? Para encherem uma pessoa de tédio. Tomara cá as férias! E está tanto calor! Quando for altura de ir para a praia deve estar frio e a chover. Já estou habituada a ser brindada com esse tipo de sorte. São seis da manhã e o calor já é tanto!

Aquela segunda-feira foi marcada por reuniões e mais reuniões. Imaginem a cena: nós naquele dia escaldante, naquele forno de sala morrendo de tédio. É que aquilo não se recomenda a ninguém. Aquele espaço provoca desidratação, claustrofobia, tédio, depressão, desmotivação, irritabilidade, bichos-carpinteiros e sei lá que mais. É um perigo para a Saúde Pública. Aplicando os conteúdos das aulas que temos tido ultimamente naquele mesmo lugar, aquela sala “não é nada ergonómica”.

A aula de Braille realizou-se, apesar de ter sido interrompida por uma reunião intercalar. É que as grandes decisões para o nosso futuro estão aí e tudo tem de ser bem discutido para nada falhar. O que falha depois é o mercado de trabalho lá fora que não quer saber de nós. Dizia eu que, enquanto a formadora foi chamada para a reunião, ela deu-me um velho livro escolar com um texto para ler. O texto escolhido foi “A Fita Vermelha” de Matilde Rosa Araújo. Lembrei-me que já lera aquele conto há cerca de 16 anos. Como o tempo passa! Se bem me recordo, a escritora relata que teve uma aluna que adoeceu e estava internada no hospital. Ela tinha prometido ir visitá-la naquele domingo, mas faltou à promessa e a aluna faleceu no dia seguinte.

O dia ficou ainda marcado pelo meu regresso aos treinos na pista do Estádio Cidade de Coimbra. Há muito que a época desportiva acabou para mim. Agora há que rolar apenas para manter a forma física. Debaixo de um Sol escaldante rolei cerca de 40 minutos num ritmo não muito elevado.

Em casa estava igualmente uma temperatura insuportável. Se uma pessoa quisesse ter uma noite de sono sem sobressaltos tinha de dormir por cima da roupa da cama ou destapada e com a janela aberta.

Situação do dia:
Francamente! Eu não sei como me classificar. Tive tanto trabalho a actualizar os apontamentos e não os passei para o dispositivo portátil? Foi um domingo perdido a passar apontamentos para isto. E agora? O que é que eu merecia? Que esperasse por mim mesma numa esquina e que me desse uma tareia valente.

Bacorada do dia:
“O primeiro é 1.” (a Matemática, apesar de maltratada, ainda é uma ciência exacta.)

Fresquinhas do Desporto

Na passada semana não deu para tirar as notícias do Ciclismo em atraso. A tarefa ficou adiada para aquela madrugada.

Já se sabia que o mundo do Ciclismo andava numa autêntico reboliço. O início do Tour 2006 foi envolvido num autêntico escândalo que ditou o afastamento dos sucessores naturais de Lance Armstrong. (ver texto “O louco mundo do Desporto”)

Em traços gerais e segundo o que me deu a entender, existe uma investigação a correr em Espanha que envolve o Director Desportivo Manolo Saiz e um tal doutor Fuentes. De seu nome de código “Operacion Puerto” este processo, para além de envolver o técnico da Liberty, envolve muitos ciclistas de nomeada que se viram assim impedidos de iniciar a presente Volta a França.

Jan Ullrich, Ivan Basso e muitos ciclistas espanhóis fazem parte de um rol de envolvidos que promete agitar os próximos tempos velocipédicos. Esses ciclistas que, alegadamente eram “clientes” do doutor Fuentes, tinham curiosos nomes de código que permitiam não serem descobertos tão cedo. Esses nomes eram acompanhados com um ano. Muitos eram de 2003.

Como consequência desta hecatombe que abalou a Liberty, esta mudou a sua identidade para Astana- uma empresa de petróleo, salvo erro, proveniente do...Kazaquistão. De nada lhes valeu a tentativa de mudar de vida. Parte dos seus ciclistas não puderam iniciar sequer o Tour e a agremiação velocipédica viu-se afastada por não ter um número suficiente de elementos para iniciar a mais famosa prova do Ciclismo mundial. Sérgio Paulino viu assim adiado o seu sonho de participar no Tour. O vice- campeão olímpico não é arguido neste processo.

Doping à parte, já sabia que o nosso Erik Dekker tinha desistido do Tour logo nas etapas iniciais. Não sabia, no entanto, a que se deveu o abandono. Uma queda com consequências graves ditou o fim prematuro da última participação do nosso ciclista no Tour. Recorde-se que o Erik anunciou o final da sua longa e rica carreira desportiva para o final desta época. Não merecia terminar assim a sua participação na Volta a França- uma prova em que o ciclista holandês conseguiu muitos momentos de glória. Foi pena o que aconteceu mas são incidências, infelizmente normais no Desporto. O que eu desejo ao Erik é que recupere depressa desse infortúnio.

Depois de dormir umas horas, tive de passar os apontamentos que estavam também em atraso. Os testes finais aproximam-se e há que ter tudo em ordem para poder estudar.

Não sabia que o Paulo Adriano tinha deixado a Académica e tinha ido para Chipre. Foi o pai dele quem nos disse que ele agora ia enfrentar um novo desafio na sua carreira. Espero que ele tenha a melhor sorte do mundo por lá e que prove o seu real valor aos clubes portugueses para poder um dia regressar para jogar num clube grande.

Friday, September 15, 2006

Mondego -Coimbra






Viajando pelo Mondego



O Sol já brilhava prometendo um fim –de – semana bem agradável para ser gozado fora de casa.

O passeio de barco era aguardado com grande entusiasmo. Sabia bem apanhar sol e ar fresco depois de uma semana complicada que custou a terminar. A água do rio seria uma excelente terapia para qualquer inquietação de espírito.

Saí de casa em direcção à paragem do autocarro para me encontrar com a minha irmã e com o restante pessoal. Ia ser um espectáculo aquela actividade ao ar livre!

O autocarro levou-nos até ao Parque Verde junto às margens do Mondego que nos esperava com as suas águas azuis com fios de prata causados pelo reflexo do Sol brilhante.

O pessoal que vinha de Leiria vinha a caminho para embarcar no Bazófias e usufruir das excelentes condições que aquele dia proporcionava. Parece que tudo foi pensado à medida para passarmos uns momentos agradáveis. Como seria uma viagem de barco pelo Mondego?

Ao fim de darmos as boas- vindas aos elementos de Leiria, era chegado o tão esperado momento de embarcar. Com a sensação de que o chão me fugia dos pés, entrei a medo no barco mais famoso da cidade de Coimbra.

O barco arrancou. Foi uma sensação emocionante! Primeiro fiquei de pé, mas rapidamente constatei que havia uma cadeira num local privilegiado onde se pudessem conseguir fotografias maravilhosas. Fui para esse local e apoiei os pés no bordo do barco. Quase que a água me molhava os pés. A paisagem era inspiradora para qualquer pessoa que se metesse a escrever algo. Parecia um sonho lindo! Estava a gostar imenso!

Aquelas águas tão coloridas davam-me uma certa calma e tudo era pretexto para tirar uma fotografia. Mais tarde iria ver quão belas ficaram aquelas imagens. Qualquer uma dava um belo postal ilustrado.

Infelizmente a viagem terminou. Decidi em cima da hora que iria para casa. É que à tarde as actividades estavam mais direccionadas para as crianças e, alem disso, seria mais fácil arranjar transporte.

Antes passei pelo Pingo Doce para comprar uma garrafa de sumo. Foi quando ia a sair que encontrei a minha prima. Após uma breve troca de palavras segui apressada para a paragem.

Cheguei à Rodoviária em cima da hora, mas consegui apanhar a camioneta. Iria para casa arranjar umas coisas.

Nem um gato andava lá por casa quando eu cheguei. Por onde andariam eles?

Ao final da tarde havia um jogo entre o Benfica e o Sion. Na equipa suíça alinhavam dois jogadores portugueses que –curiosamente- já alinharam no clube encarnado: Carlitos e João Manuel Pinto. O Glorioso acabou por perder o jogo por 3-2. Os nossos golos foram marcados por Mantorras e Rui Costa. Os jogadores portugueses da equipa adversária estiveram em bom plano, mas foi um extremo francês que mais deu nas vistas, O homem corria que se fartava. Parecia que tinha sido carregado com pilhas de longa duração.

Um adepto invadiu o terreno de jogo e acabou detido pela Polícia. Saliente-se que este indivíduo vinha vestido.

Situação do dia:
Vinha do Pingo Doce com uma saca com uma garrafa de sumo. O meu telemóvel tocou e, para atender, pousei a saca no chão. Esta rolou para debaixo de um carro que ali estava parado. Foi o cabo dos trabalhos para recuperar a garrafa que teimava em rolar para debaixo do veículo.

Bacorada do dia:
“Caso o jogo comece empatado, tem de se ir a pénaltis.” (sendo assim, antes de começar o jogo os pénaltis já estão garantidos.)

Sempre tenho azar

Prometia ser um dia bastante quente na cidade de Coimbra. Pela manhã já se fazia sentir o calor.

Liguei para Lisboa para saber o resultado da Bolsa da ONCE.O nosso colega acabou por ficar, tal como nós esperávamos, dados os seus elevados conhecimentos de Espanhol.

Também perguntei se havia algo que permitisse ir até ao estrangeiro e poder reencontrar alguém que me é tão especial. Alguém que eu jamais irei esquecer. Alguém em quem eu penso quando a minha vida não me permite sorrir. Fiquei arrasada com a resposta que ela me deu. Essas coisas existem, mas há limite de idades.

Fiquei extremamente triste. Mas será possível que tudo esteja contra mim para me fazer sofrer e não me permitir ter um só momento de felicidade? Será este o meu destino? É por isso que ando triste, nervosa, desmotivada com tudo e mais alguma coisa. Nada me desperta para uma existência pacífica e alegre. Há sempre alguém, alguma coisa, um impedimento que não me permite realizar os meus sonhos que são iguais aos de qualquer outra pessoa que quer dar um rumo à sua vida.

As pessoas vêem-me a chorar e não compreendem o que sinto. Por mais que tentem compreender e até dar conselhos, as coisas não são assim tão fáceis. Não tenho sorte nenhuma com nada mesmo. Nada pode ser feito para mudar esta onda de azar que me persegue praticamente desde que nasci.

Por mais que se fale em auto –confiança e outros conceitos do mesmo género durante as aulas, para mim, isso são meros termos verbais. O que uma pessoa sente no mais profundo da sua alma não pode ser generalizado com conselhos e temos que não individualizam os problemas existenciais de cada um de nós.

Não treinei nesse dia. Já não sei porque foi. Provavelmente a minha irmã disse que vinha ter comigo para tomarmos café. No dia segu8inte ia haver uma série de actividades, sendo a principal um passeio pelo Mondego no Bazófias.

A noite estava bastante agradável e nós ficámos cá fora na esplanada do café a conversar sobre as tormentas que me moem o espírito. Como ela é psicóloga, talvez me possa ajudar.

Muita gente aproveitava o esplendor daquele início de noite para conversar e ouvir música ao relento. Vários leitores de mp3 eram audíveis enquanto conversávamos.

Fui para casa ver um pouco de televisão e ouvir as últimas do Desporto- como é habitual - antes de me preparar para um dia de Sábado diferente.

Bacorada do dia;
“Para fazer a cadeira de Latim vi-me grega.” (fiquei na dúvida se ela estudava Grego para a cadeira de Latim, se Latim para a cadeira de Grego.)

Deus queira que aconteça alguma coisa

Parece que o tempo estava a mudar. Ameaçava vir trovoada. Pudera! Ultimamente o tempo tem estado abafado a adivinhar isso mesmo. Se a chuva invadir novamente a sala de aula será uma festa! (ver texto “E eu não disse que ia chover?”) À falta de pessoas com inquéritos e outras actividades diferentes...

O barulho à hora de almoço na cantina tem sido insuportável. É o Verão e o aproximar de umas merecidas férias que faz com que as pessoas estejam mais faladoras, mais vivas, mais sociáveis.

No Tour de França, Menchov venceu a etapa e deu a terceira vitória à Rabobank. É para os anos em que não ganha nenhuma. No ano passado, salvo erro, conseguímos duas vitórias: uma com o Pieter Weening e outra com o Michael “Chicken” Rasmussen.

Situação do dia:
O máximo que aconteceu numa aula naquele dia foi faltar a luz devido a um forte trovão. E agora para escrevermos os apontamentos? Ai que desgraça!

Bacorada do dia:
6 em cada 4 alunos chumbaram a Matemática.” (os portugueses são maus a Matemática, agora tanto!!!)

Não sei o que se passa comigo

O dia amanheceu com Sol, mas depressa iria ficar cinzento com a continuação das chatices, atritos e acontecimentos desagradáveis entre nós.

Não sei o que se anda a passar comigo. Ando nervosa, intolerante e qualquer coisa me faz perder a compostura.

Desta vez o mo0tivo da discussão- para além do famigerado caso do boné (ver texto “Morrem as pessoas, ficam as dívidas”)- foi um exercício feito numa aula. Ouvi umas bocas que não gostei. Como se isso não bastasse, o meu boné estava riscado e a lente dos meus óculos de sol estava desencaixada. Para agravar, o boné é da Rabobank e- obviamente- tem um significado especial para mim.

Foi com os nervos á flor da pele que fui almoçar. O barulho na cantina irritava-me. Apetecia-me mandar dois berros e mandar aquela gente toda para a rua. A raiva para com aquelas duas pessoas da minha turma crescia. Estava furiosa com a minha colega.

Cheguei ao bar e fui desabafar com a minha amiga. Tive tanto azar que a minha colega ouviu tudo. Na conversa eu dizia que um dia destes lhe dava uma tareia. Claro que não ia fazer nada disso! Estava completamente fora de mim. Ela não apareceu na aula de Braille, mas não desconfiei que fosse por causa daquela conversa inflamada que eu estava a ter no bar.

Para acalmar, estive a ouvir um pouco de...música holandesa.

Mandaram-me chamar. A mim e a uma outra colega. Fiquei surpreendida pelo facto de a terem chamado. O que é que ela tinha a ver com aquele assunto. Seria por ter presenciado a cena do boné?

No gabinete estava a minha colega a chorar e os formadores e técnicos todos com ar ameaçador. A razão pela qual chamaram a minha colega foi que ela é que arrumou o boné debaixo da mesa aquando da disposição da sala para se fazer o trabalho. Tudo foi, portanto, um mal entendido e um conjunto de infelizes coincidências.

Já não era a primeira vez que aquele boné desaparecia e aparecia sem mais nem menos. A colega a quem eu, injustamente culpei, estava junto à entrada e perguntou-me pelo boné. Depois ela encontrou-o num instante . Face a isto, para mim era evidente que fosse ela. Só que nem tudo o que parece é e eu errei. Precipitei-me e arranjei problemas sem remédio. Agora nem nos podemos ver.

Como referi, começo a ficar farta de aulas que só incidem sobre trabalho administrativo (Ver texto “Trabalho, trabalho e mais trabalho”). É algo que não me agrada. Ainda por cima, ninguém tem aparecido para preencher questionários para um qualquer estudo. Assim, aquelas aulas podiam ser interrompidas. Com a excepção da aula que deu origem a mais uma polémica, as outras têm sido todas iguais. Salvam-se as aulas de Braille que nos permitem escrever algo de diferente.

Depois de um treino feito sem disposição nenhuma para tal, ia jogar o Glorioso com os ucranianos. Ucranianos? Eu só lá via brasileiros, romenos...tudo menos ucranianos. O Benfica jogou bem e venceu por 2-0. Os golos tiveram a particularidade de serem marcados por cada um dos gregos do plantel. O treinador da equipa adversária do Benfica é que se viu grego para controlar os nervos. Já vão ver...

No meu telemóvel havia uma mensagem de voz da responsável por dar notícias sobre a Bolsa da ONCE. No dia seguinte iria ligar e saber mais.

Voltei novamente a pegar no mesmo CD de música holandesa que me tinham emprestado e estive a ouvir antes de me ir deitar. As notícias vindas de Espanha povoavam o meu espírito.

Situação do dia:
Mircea Lucescu é um velho lobo do Futebol mundial. O seu comportamento irreverente é por demais conhecido. No encontro –particular, saliente-se – entre a sua equipa e o Benfica o técnico romeno parecia possuído pelo Diabo. Não obedecia às ordens da equipa de arbitragem que o ameaçava expulsar e contestava de forma veemente todas as decisões que eram tomadas. Já a ponto de perder as estribeiras, Lucescu ameaçou que retirava a equipa do terreno de jogo se o empresário que organizou a partida não fosse chamado junto dele. A presença do referido sujeito não foi, no entanto, suficiente para que Lucescu se portasse como um menino de colégio até ao final do jogo.

Não sei o que se passa comigo

O dia amanheceu com Sol, mas depressa iria ficar cinzento com a continuação das chatices, atritos e acontecimentos desagradáveis entre nós.

Não sei o que se anda a passar comigo. Ando nervosa, intolerante e qualquer coisa me faz perder a compostura.

Desta vez o mo0tivo da discussão- para além do famigerado caso do boné (ver texto “Morrem as pessoas, ficam as dívidas”)- foi um exercício feito numa aula. Ouvi umas bocas que não gostei. Como se isso não bastasse, o meu boné estava riscado e a lente dos meus óculos de sol estava desencaixada. Para agravar, o boné é da Rabobank e- obviamente- tem um significado especial para mim.

Foi com os nervos á flor da pele que fui almoçar. O barulho na cantina irritava-me. Apetecia-me mandar dois berros e mandar aquela gente toda para a rua. A raiva para com aquelas duas pessoas da minha turma crescia. Estava furiosa com a minha colega.

Cheguei ao bar e fui desabafar com a minha amiga. Tive tanto azar que a minha colega ouviu tudo. Na conversa eu dizia que um dia destes lhe dava uma tareia. Claro que não ia fazer nada disso! Estava completamente fora de mim. Ela não apareceu na aula de Braille, mas não desconfiei que fosse por causa daquela conversa inflamada que eu estava a ter no bar.

Para acalmar, estive a ouvir um pouco de...música holandesa.

Mandaram-me chamar. A mim e a uma outra colega. Fiquei surpreendida pelo facto de a terem chamado. O que é que ela tinha a ver com aquele assunto. Seria por ter presenciado a cena do boné?

No gabinete estava a minha colega a chorar e os formadores e técnicos todos com ar ameaçador. A razão pela qual chamaram a minha colega foi que ela é que arrumou o boné debaixo da mesa aquando da disposição da sala para se fazer o trabalho. Tudo foi, portanto, um mal entendido e um conjunto de infelizes coincidências.

Já não era a primeira vez que aquele boné desaparecia e aparecia sem mais nem menos. A colega a quem eu, injustamente culpei, estava junto à entrada e perguntou-me pelo boné. Depois ela encontrou-o num instante . Face a isto, para mim era evidente que fosse ela. Só que nem tudo o que parece é e eu errei. Precipitei-me e arranjei problemas sem remédio. Agora nem nos podemos ver.

Como referi, começo a ficar farta de aulas que só incidem sobre trabalho administrativo (Ver texto “Trabalho, trabalho e mais trabalho”). É algo que não me agrada. Ainda por cima, ninguém tem aparecido para preencher questionários para um qualquer estudo. Assim, aquelas aulas podiam ser interrompidas. Com a excepção da aula que deu origem a mais uma polémica, as outras têm sido todas iguais. Salvam-se as aulas de Braille que nos permitem escrever algo de diferente.

Depois de um treino feito sem disposição nenhuma para tal, ia jogar o Glorioso com os ucranianos. Ucranianos? Eu só lá via brasileiros, romenos...tudo menos ucranianos. O Benfica jogou bem e venceu por 2-0. Os golos tiveram a particularidade de serem marcados por cada um dos gregos do plantel. O treinador da equipa adversária do Benfica é que se viu grego para controlar os nervos. Já vão ver...

No meu telemóvel havia uma mensagem de voz da responsável por dar notícias sobre a Bolsa da ONCE. No dia seguinte iria ligar e saber mais.

Voltei novamente a pegar no mesmo CD de música holandesa que me tinham emprestado e estive a ouvir antes de me ir deitar. As notícias vindas de Espanha povoavam o meu espírito.

Situação do dia:
Mircea Lucescu é um velho lobo do Futebol mundial. O seu comportamento irreverente é por demais conhecido. No encontro –particular, saliente-se – entre a sua equipa e o Benfica o técnico romeno parecia possuído pelo Diabo. Não obedecia às ordens da equipa de arbitragem que o ameaçava expulsar e contestava de forma veemente todas as decisões que eram tomadas. Já a ponto de perder as estribeiras, Lucescu ameaçou que retirava a equipa do terreno de jogo se o empresário que organizou a partida não fosse chamado junto dele. A presença do referido sujeito não foi, no entanto, suficiente para que Lucescu se portasse como um menino de colégio até ao final do jogo.

Desporto para Deficientes de mal a pior

Estou extremamente preocupada com o caminho que está a levar o Desporto para Deficientes. Está-se a perder o espírito e a função principal desta vertente desportiva e isso é bastante grave.

Concordo que deva haver Desporto de Alta Competição, mas já fico triste ao saber que os outros atletas –principalmente os que sofrem de incapacidades mais severas e que viam no Desporto um modo de elevar a sua auto-estima- são impedidos de participar em provas.

Vem isto a propósito do calendário de provas dos próximos Jogos Paralímpicos que se vão realizar em Pequim. Muitas provas vão deixar de existir porque- segundo os responsáveis- parece que não são competitivas e não contribuem para o espectáculo. E agora pergunto: será que os atletas estão de acordo com esta política? Se pensarem como eu, muitos atletas em diferentes partes do Mundo estarão profundamente abatidos por lhes ter sido tirada a oportunidade de fazerem algo que os tornaria mais autónomos e com um gosto pesoal em si, apesar dos severos problemas que possam ter.

Lembrem-se, senhores dirigentes, que muitos de nós vivemos fechados num mundo cuja chave se poderá perder para sempre se continuarem com essas ideias assassinas de impedir pessoas tão sensíveis e martirizadas de viver, simplesmente isso.

O meu caso é um exemplo de como o Desporto para Deficientes perdeu todo o humanismo e solidariedade que se deviam sobrepor a todo e qualquer tipo de interesses. Enquanto tive alguma hipótese de fazer resultados, as pessoas eram tudo para mim. Nestes últimos dois anos, nem os meus amigos e colegas fui merecedora de contactar. Se me dessem a escolher entre fazer uma prova para uma medalha e correr apenas para fins de solidariedade, optaria mais facilmente pela Segunda, contando que estaria a viver a mina vida de um modo feliz e que encararia as coisas de uma outra forma.

Mudei muito a partir do momento em que comecei a praticar Desporto. Toda a mágoa e revolta que sentia por não me ser permitido viver como as jovens da minha idade desapareceu. Hoje, impedida de viver, tornei-me uma pessoa sem objectivos de vida. As portas foram-me fechadas e o simples facto de acordar a cada dia que passa é um autêntico pesadelo.

A resolução deste problema pode residir no facto de se criarem provas em que todos possam participar com o objectivo principal de conviver uns com os outros num clima de paz e amizade. Ao mesmo tempo, esses encontros teriam também um cariz pedagógico e cultural. Era uma maneira de pessoas que gostariam de alargar os horizonte terem oportunidade de viver e conhecer pessoas como elas de diferentes partes do Mundo. Assim, tomariam consciência que não são só elas a sofrer.

A competição ficaria, de facto para os melhores. Impedir atletas de participar em provas sem lhes dar alternativa só vem cavar ainda mais o fosso entre os cidadãos deficientes e os outros. O isolamento e angústia são consequência das atitudes desmedidas dos dirigentes que, muitas vezes, nunca foram atletas e- na maior parte dos casos- nem são sequer deficientes.

É triste esta situação, mas já estamos habituados a sermos tratados sem que os nossos direitos sejam respeitados.

Reflexões à parte, este dia foi rico em situações incríveis. Aliás, a noite já havia sido dominada por sonhos estranhos. Desde telemóveis a cair na sanita, passando por enxotar gatos que ameaçavam meter-se à estrada saltando por cima de um monte de palha até sonhar com as pessoas que tenho encontrado ultimamente. (ver texto “O rapaz da camisola vermelha e seus acompanhantes”)

O tempo estava igual: céu cinzento e um calor pesado. Por acaso na aula falámos em sonhos. Claro que não se fala de sonhos sem se falar em Freud. Perguntei ao formador que diria Freud do sonho dos gatos que me desobedeciam e teimavam em ir para a estrada saltando o monte da palha.

Já é público que o material de formação nesta casa está muito degradado. Se o material está assim, a culpa não é minha nem de qualquer outra pessoa. Se a máquina se estragou quando eu estava a escrever com ela, o problema é que ela já não estava muito boa. São muitas mãos a mexer nas máquinas anos consecutivos sem elas conhecerem uma revisão.

Para não partir copos, vou levá-los primeiro ao local onde se costumam colocar e depois é que levo o resto das coisas. Quando vinha a vir de levar o copo tropecei numa cadeira e quase me espalhei no chão. Sorte que eu tenho uma capacidade de equilíbrio que me protege, muitas vezes de ir ao chão. (ver texto “E alguma coisa o vento levou”)

Na aula, a professora quase derrubou um bem tão precioso como uma ventoinha. Sem ela não se consegue mesmo estar naquele lugar . A ventoinha abanou bastante mas não caiu.

O intervalo chegou e, como é habitual, fui para os computadores. Achei estranho a luz estar apagada. Entrei com a convicção de que ninguém ali estava dentro. Apanhei um susto da minha altura quando a professora de Braille me falou do interior daquele espaço mergulhado na mais profunda escuridão.

Como referi, o Futebol vive agora de rumores sobre hipotéticas transferências. Muitas delas não passam de especulação. Muitas são desmentidas e ainda há aquelas que se fazem sem os jornalistas saberem. Este ano o nosso campeonato vai assistir ao regresso de diversos futebolistas que conhecem bem os relvados dos nossos estádios. Depois de Rui Costa e de Jardel, outro jogador regressa a Portugal: Tarik Sektioui. Este jogador marroquino já havia alinhado no Marítimo há umas épocas atrás. Esteve para regressar ao clube insular, mas esse regresso não se concretizou. Agora vai vestir de azul e branco pela mão de Co Adriaanse que o conhece bem do AZ Alkmaar.

Mais uma vez, Oscar Freire esteve em grande e venceu a sua segunda etapa no Tour deste ano. Está a fazer uma excelente prova o ciclista espanhol da Rabobank.

Depois do Telejornal ia dar uma reportagem na RTP1 sobre vendas agressivas. Preparava-me para ver essa reportagem quando- sem que nada o fizesse prever- faltou a luz logo quando ia a começar o programa. Fiquei indignada. Estava a escurecer. Uma algazarra fazia-se ouvir na rua. Fui ver se os candeeiros estavam acesos lá fora. Nada. Não era no prédio. As pessoas precipitavam-se pelas escadas abaixo e perguntavam o que tinha acontecido e se era geral. Fui ouvir música com o meu leitor de mp3 enquanto não se fazia luz. Por incrível que pareça, a luz voltou justamente quando estava a começar “A Herança”.

E assim terminou um dia anormalmente repleto de situações hilariantes. Foi extremamente complicado escolher um acontecimento que se destacasse como “Situação do dia”.

Situação do dia:
Face ao rol de acontecimentos insólitos que ocorreram, tive de optar por um deles para colocar nesta secção. A situação que escolhi passou-se logo na primeira hora de aulas. Sentei-me numa cadeira que tinha uma pastilha elástica agarrada. Por sorte a pastilha não se pegou às calças. Depois o formador ia para se sentar nessa cadeira e toda a turma lhe deu um berro. Ele levantou-se no mesmo instante.

Bacorada do dia:
“É ponto esticado?” (foi difícil conseguir uma imagem mental de um ponto esticado.)

O Futebol que teremos a partir de agora

Com a vitória da Squadra Azurra no Mundial 2006, terminou o Futebol e começou uma época maçadora em que nada acontece. Temo-nos de contentar com as notícias do mercado de transferências que vai animar agora com o resultado de prestações mais ou menos positivas dos jogadores que terminaram agora mais um Campeonato do Mundo.

O tempo estava mesmo de Segunda-feira: enevoado e com um calor bastante abafado que tornava o ar pesado e triste. Voltava a monotonia!

Começámos a escrever uns apontamentos com um título curioso: “Factores condicionantes das condições de trabalho”. Essa foi boa! O calor e uma sala demasiadamente pequena não serão também “factores condicionantes das condições de trabalho”? O que é certo é que todos os dias nos vemos e desejamos com o calor naquela sala. Aposto que existem saunas mais frescas que aquele espaço.

Com tudo isto, uma pessoa já vai para o treino bastante desgastada pela perda de sais minerais. O treino consistiu em andar cerca de uma hora em bicicleta estática.

Ouvi dizer que o Beira-Mar contratou Mário Jardel. O outro dia lembrei-me desse jogador e perguntava onde é que ele estava a jogar actualmente. Mudou tanta vez de clube que eu perdi-lhe o rasto. Vamos ver se ele vem recuperado e continua a marcar os golos a que nos habituou quando alinhava no Porto e no Sporting.

Situação do dia:
Ainda e sempre a loiça que é acidentalmente derrubada na cantina. Desta vez foi um copo que foi parar ao chão e...não partiu.

Bacorada do dia:
“Está na pré- fase da adolescência.” (um estádio novo!)

Friday, September 08, 2006

Despedida á cabeçada

Depois da festa do meu pai- e tal como acontece nas madrugadas de Sábado para Domingo- fui para a Internet. Tem de ser nessa altura porque em minha casa não existe ADSL. Do programa para esse dia fez parte a actualização do blog e a recolha de notícias sobre Ciclismo. Não as tirei todas porque elas eram muitas. Recorde-se que não ia a casa há três semanas.

O Domingo é sempre para descansar. Normalmente não se faz grande coisa nesse dia. Naquele Domingo, por mais que me custasse, tinha de me levantar mais cedo para cortar o cabelo.

O dia foi marcado pela final do Mundial 2006. França e Itália discutiam entre si o título de Melhor Selecção do Mundo. Os franceses eram favoritos, mas os italianos tinham também uma palavra a dizer na disputa do trofeu.

O jogo marcou a despedida de Zinedine Zidane dos grandes palcos do Futebol mundial. Porém, o adeus do grandioso craque gaulês decorreu da pior maneira. Numa troca mais áspera de palavras com o defesa Marco Materazzi, Zizou –como é carinhosamente chamado pelos seus fãs- desferiu uma lamentável cabeçada no seu adversário e acabou expulso. Não era, certamente, esta a maneira que Zidane idealizou para abandonar definitivamente os relvados onde encantou milhões de pessoas em todo o Mundo.

Bacorada do dia.
“Agora os jogos já não se resolvem por morte estúpida.” (naquela altura não sabiam o que haviam de chamar à morte súbita, golo dourado ou lá como é que aquilo se chamava.)

Sunday, September 03, 2006

Em família



Sabe sempre bem descansar depois de uma semana agitada. Junto às minhas coisas ainda se descansa melhor.

A minha irmã também vinha passar o fim-de-semana a casa. Mais para a noite a família estaria toda em volta da mesa para celebrar os 57 anos que o meu pai completou no passado dia 5.

De entre os petiscos, destacava-se o Leitão à Bairrada (ver foto). Vão ficar com água na boca ao observarem a foto deste leitão de pele estaladiça e pronto a devorar.

Como não vinha a casa há muito tempo, havia apontamentos e textos para passar. Foi assim que a minha tarde foi preenchida.

Antes da festa, ainda houve tempo de apoiar A Selecção de Todos Nós contra a Alemanha. Já fazíamos parte das quatro melhores selecções do Mundo. Agora era lutar pelo terceiro lugar.

O resultado acabaria por ser negativo para as cores nacionais. Os alemães marcaram três golos contra apenas um de Portugal e ficaram no último lugar do pódio.

Apesar da derrota da Selecção, a festa prosseguiu depois do jogo com grande alegria e animação. Um senhor da minha terra que está a viver nos Estados Unidos foi convidado e contribuiu para que a festa fosse divertida. Isto para além das habituais brincadeiras do meu primo.

Que pena não terem feito a mesma coisa que fizeram o ano passado! Mergulharam a cabeça do meu pai no bolo de aniversário. Se vissem ele a fugir de um inofensivo bolo de anos... Este ano protestou que não queria a cabeça enterrada no bolo e fizeram-lhe a vontade.

No final estivemos todos ao relento a conversar. A noite não estava fria e ali passava-se bem um agradável serão cheio de histórias divertidas de pessoal da nossa terra.

Situação do dia:
Desconhecíamos que dava para alterar o toque do telefone fixo também, tal como se altera o toque dos telemóveis. Curioso é que quem mudou o toque ao telefone foi...o gato Léo. Não é brincadeira. A minha irmã viu o "artista" às voltas com o telefone e correu-o de lá. Mais tarde, a minha mãe nem reconheceu o toque do telefone e perguntou se era na televisão, ou era mesmo o telefone. Continuamos sem saber como é que o gato conseguiu fazer algo que não conseguimos. Para a próxima ele tem de activar o voice mail e fazer uma lista de números de telefone para sabermos quem nos está a ligar.

Trabalho, trabalho e mais trabalho

Finalmente sexta-feira! Não vejo a hora de ir para casa. É que não ponho os pés na terrinha quase há um mês e, se calhar, é por isso que também ando um pouco nervosa.

Sinto saudades das minhas coisas. Como estarão os meus gatos? Ainda estarão todos?

Aquelas aulas cada vez estão mais chatas. Só se fala em trabalho, trabalho, trabalho...Já não aguento mais ouvir falar em fotocópias, telefonemas, reuniões... Já me cansa ouvir falar em organização, agenda, correio... Nem toda a gente tenciona ir para Secretariado. Até as aulas de componente comportamental metem coisas que dávamos nas aulas de Práticas Administrativas e Contabilidade do 9º ano.

A hora de chegar a casa aproximava-se devagar. O meu cão já não se lembraria de mim.

Depois de terminada uma semana complicada, nem queria acreditar quando cheguei a casa por volta das sete da tarde. E lá estava tudo na mesma.

Já se faziam sentir os preparativos para a festa do meu pai que se ia realizar no outro dia.

Bacorada do dia:
"A Internet é um conjunto de coisos de rede." (a coisa é o coiso e o coiso é a coisa, logo a Internet é um conjunto de coisas de rede.)

Corrida no lugar (texto para aula)

Corrida no lugar

Por ocasião dos festejos em honra de nossa Senhora dos Milagres, realizou-se uma corrida pelas ruas do lugar de Cabeças de Gato.
Cerca de cem pessoas compareceram neste evento, patrocinado pela Junta de Freguesia.
Zé das Pipas treinou arduamente para ser o primeiro a cortar a meta situada junto à fonte de Santa Teresa. Manuel Chaves também queria ser o número um.
Chegou o tão esperado dia da competição e Zé exibia orgulhosamente o dorsal vinte e cinco.
O tiro de partida soou às dez horas e trinta minutos em ponto. Todos os participantes arrancaram e três deles ficaram estendidos no alcatrão por terem sido empurrados pelos outros. Eram o dorsal cinquenta e sete- Jorge Araújo, o dorsal setenta e quatro- Alexandre Gomes e o dorsal noventa e seis- Pedro Oliveira.
O quarto elemento que desistiu ficou-se pelo quilometro dois. Tratava-se do dorsal dezoito, António Pires, que se ressentira da muita chanfana e vinho tinto do jantar da véspera.
Três quilómetros adiante, Zé das Pipas ia em vigésimo sexto lugar, mas ia em crescendo de forma. Foi nessa fase da prova que Chico Bilhas- dorsal quarenta e dois- desistiu com dor de burro.
Íamos no quilómetro sete, de vinte e um que compunham a prova. O nosso craque tinha subido oito posições.
Já ia em dezasseis o número de desistentes e a prova ainda só ia no décimo quilómetro. Manel Borges preparava-se para ser o décimo sétimo desistente. Tinha parado aí umas cinco vezes com dores lombares.
Quilómetro treze e Zé das Pipas já era quarto atrás do seu adversário directo.
Os abandonos sucediam-se. Cerca de trinta atletas ficaram-se pela Ladeira do Bode Preto que é um lugar digno de Prémio de Montanha de Primeira Categoria de uma Volta a França.
Quinze quilómetros de prova. Zé fraqueja um pouco e perde cinco lugares É agora nono.
Há um atleta que pára na frente da corrida. Os outros ultrapassam-no, claro!
Zé acelera, ganha vinte reis de força e sente-se capaz de passar os sete atletas que lhe fazem frente.
Faltam três quilómetros para o vigésimo primeiro e último quilómetro de uma prova bastante dura para atletas destreinados.
Ai a subida até á fonte que ia causar mais estragos! E mais um numeroso grupo de atletas parou com a meta á vista.
Apenas ficaram três corredores em prova nos metros finais.
Zé arrancou no seu sprint imparável e foi o vencedor. Manuel Chaves lutava pelo segundo lugar com um jovem chamado Bruno Salgueiro. A luta entre ambos foi digna de uma emocionante prova de cem metros nuns quaisquer Jogos Olímpicos.
Chegaram tão juntos que o desempate teve de ser feito através de um sprint rápido. O segundo foi o Bruno e o terceiro acabou por ser o Manuel.

Descida ao Inferno

Acordei bastante triste. Não foi pelo lamentável episódio que se passou na véspera. Às vezes acordo assim porque a minha vida não é talhada para sorrisos.

Naquela mesma data, mas há dois anos atrás, desci ao Inferno quando contava que tudo voltasse à normalidade e pudesse prosseguir com os meus projectos para desencadear uma mudança positiva na minha vida, depois de recuperar da operação aos olhos. Ia cheia de esperança de voltar a treinar. Não escondia que estava feliz porque ia voltar a fazer aquilo que gosto.

Porém, a minha esperança ruiu quando me foi dito que nunca mais podia praticar Desporto. É difícil descrever o que senti naquele momento. Foi como se tivesse morrido por dentro. De nada valia ter sonhos e ter a ambição de ser feliz. A partir daquele dia perdi tudo o que amava e que me dava alegria de viver. Não iria ver mais os meus amigos, dificilmente conheceria outros lugares ou pessoas e seria quase impossível realizar alguns dos meus sonhos pelos quais tanto batalhei.

Passaram dois anos sobre aquele maldito dia. Apesar de ter continuado a praticar Desporto depois de um ano para esquecer, tudo o que eu julguei vir a acontecer confirmou-se. Nunca mais fiz provas desportivas fora de Coimbra, perdi completamente o contacto com os meus colegas e fui abandonada pelos responsáveis da Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes que poderiam ser mais solidários para com alguém que sempre se sacrificou, apesar de todos os problemas. Que fiz eu para merecer tal castigo?

Muitas vezes sonho que reencontro os meus amigos. Quando acordo, sinto-me desolada e as lágrimas teimam em rolar em direcção à minha almofada. Muitas vezes o palco dos meus sonhos é a Holanda. Estou radiante e apetece-me voar sobre os altos edifícios. Acordo. O Céu azul é substituído por uma imensa escuridão. É madrugada e tudo aquilo era algo que eu desejava realmente.

E assim é a minha vida desde essa altura. Tento encontrar uma saída, mas vejo que não há nenhuma. Parece que não nasci para ser feliz. Se tenho algum escasso momento de alegria, logo esse momento é ofuscado por algo que não desejaria que acontecesse. Parece que há uma força oculta que não gosta de me ver sorrir e apenas se contenta com as minhas lágrimas de frustração. As pessoas, a doença, tudo me impede de levar uma vida como qualquer pessoa sonha.

Foi em tudo isto que pensei naquela manhã. Do incidente da véspera nem me lembrava mais. Ao lado da grande chatice que é a minha vida, aquilo era um pormenor e mais nada. Só que os meus colegas deram importância àquilo que não era relevante para mim. Tomaria eu que me tivessem deixado em paz. Já que não ajudam, não compliquem!

Claro que eu sou sempre a má da fita. Já estou habituada a não ter sorte. O que foi uma coisa sem importância, acabou em algo que me fez sentir a mais infeliz pessoa à face da Terra. Se algumas pessoas soubessem brincar, nada disto teria acontecido. O que aconteceu foi que eu tive necessidade de pôr fim a certo tipo de coisas que se estavam a passar e às quais não estava a achar o mínimo de piada. Bem pelo contrário. Perante algo que se passou numa aula há uns dias atrás, fui para casa lavada em lágrimas. Há pessoas na minha turma que não medem os actos e as palavras. Podem não ter a intenção de magoar ou agredir. O problema é que eu acho que as pessoas deviam-se colocar no meu lugar.

Ninguém me compreende. Em casa, os meus pais não me podem ajudar muito, nem têm condições para me darem aquilo que eu necessito. Nasci com uma doença para a qual o único remédio é sofrer os danos que ela me causa passivamente. Tive o azar de acordar para a vida tarde demais. Quem me devia ajudar vira-me as costas, por mais que eu mereça respeito e consideração. A minha vida não é fácil. Nem à pior das criaturas desejaria semelhante sorte.

Apesar de o ânimo não ser muito, fui às aulas normalmente. Olhar para os meus colegas não era fácil. Na segunda hora cheguei mais tarde e havia um exercício para fazer. Comecei a escrever sem parar. Escrever é uma forma que eu tenho de acalmar. Quando dei por mim, já tinha escrito duas folhas. O resultado pode ser lido na mensagem seguinte.

Acabar as aulas foi para mim um alívio naquele dia. Queria estar só. As pessoas eram ingratas. Sentia-as hostis, ameaçadoras, arrogantes...

Quando estou triste ou nervosa costumo fazer bons treinos. Naquele dia faltava-me a força, não me sentia bem, a minha cabeça parecia explodir.

Apenas comi uma laranja. Aquela situação toda tirou-me o apetite. Liguei a televisão para ver as notícias. Foi aí que recebi algo de positivo. O Óscar Freire tinha ganho a etapa do dia no Tour. Esbocei um ténue sorriso. Até que enfim que alguém me consegui fazer sorrir!

As dores de cabeça eram insuportáveis. Deitei-me em cima da cama. Adormeci sem dar por isso. Quem dera acordar e verificar que aquele dia não existiu, tal como acontece com os sonhos em que vivo momentos felizes com as pessoas de quem gosto e nos locais onde desejaria imenso estar.

Bacorada do dia:
“Em que dia calha o Natal?” (agora não tenho aqui o calendário, mas parece que calha a 25 de Dezembro.)

Morrem as pessoas, ficam as dívidas

Mais uma vez, foi numa aula que se puxou essa conversa das dívidas que os falecidos deixam para a família pagar. Não são raros os casos em que, para alem da perda do ente querido, a família ainda tem de arcar com despesas que não contava.

Esse assunto fez com que eu imaginasse uma cena que poderia muito bem acontecer na realidade. Senão vejamos:

Sentada num muro ao Sol, a viúva passava mais um dia igual a tantos outros. Assoava-se ruidosamente a um lenço negro que, em contacto com a humidade, lhe deixava umas manchas azuladas na cara. Fazia quatro meses que era assim a sua triste vida. O mesmo tempo passado desde a morte repentina do seu marido que deixou toda a gente surpreendida. Infelizmente, não foi só a morte a única dor desta mulher. Cada vez que via o carteiro a parar-lhe à porta, o seu coração estremecia. Que seria desta vez? As cartas recebidas não continham boas notícias. Todas vinham em nome do malogrado marido a pedir que os seus débitos fossem saldados o mais rapidamente possível. Algumas missivas ainda continham ameaças de corte de telefone, gás natural, luz...Pobre viúva! E ela que julgava que as dívidas apenas existiam em casa dos outros! A carta que apertava contra o peito com tanta amargura era das Finanças. Parece que o homem com quem viveu trinta e cinco anos devia uma elevada quantia em impostos. A senhora chorava agora com mais intensidade. Não tinha dinheiro para pagar todo aquele rol de dívidas que o seu marido não levou com ele para a outra vida. Uma confusão de sentimentos fazia com que a viúva não soubesse o que fazer. É que os credores não têm compaixão dos mortos e nem estão preocupados em dar paz à sua alma e à vida dos que cá ficaram.

Assim foi o meu regresso às aulas naquela manhã de Sol. Para além de se falar nas dívidas dos mortos, outro assunto do qual se falou foi do marisco e da alergia a ele.

Fizemos um trabalho de grupo que consistia em dar conselhos ao senhor Tempoperdido de modo a organizar melhor o seu dia de trabalho. Da parte da tarde a criatura nunca trabalhava porque comia feijoada ao almoço e sentia-se pesada. Com um bocado de sorte, o que se devia recomendar ao indivíduo era uma dieta à base de Activia da Danone.

Não sabia do meu boné. Devem-mo ter escondido outra vez. Já andava com os nervos à flor da pele, Estou farta de brincadeiras! Procurei por todo o lado e não o encontrei. Estava passada com isto tudo. As minhas colegas iam a entrar e acabaram por ser vítimas da minha ira.

Para mim, tudo ia acabar ali mesmo. Mas as pessoas resolvem chatear os outros em péssimos dias, como irão ver.

Ainda fiz um treino de bicicleta antes de ir para casa. O jogo entre Portugal e a França marcava a actualidade.

E Zidane já ditava leis. Portugal não tinha outro remédio senão jogar contra a Alemanha no sábado.

No sábado era também a festa de anos do meu pai que fazia anos no dia 5, justamente.

Bacorada do dia:
“Fez-lhe um torcicolo nos miolos.” (o esforço intelectual foi tanto!)

Aquele frio autocarro

A voz do motorista indicando mais uma paragem fez-me despertar. Havia uns melancólicos candeeiros esverdeados. Nem sei o que aquilo me lembrava. Era uma sensação esquisita.

Um frio insuportável vindo do ar condicionado- que parecia não funcionar bem- impedia-nos de descansar confortavelmente. Parecia que estávamos dentro de um frigorífico. A temperatura era quase glaciar. O cansaço parecia ser mais forte que o frio.

Houve uma altura em que não consegui dormir mais. Conversava-se e depressa chegámos ao Porto que era o destino final daquele veículo gelado.

A cidade do Porto estava a amanhecer em tons de um azul que coloria todas as coisas que víamos. Ficámos na paragem onde o autocarro nos deixou. Para o outro lado da rua seguiam autocarros da cidade uns atrás dos outros. Parece que o Porto se levanta cedo. Para o lado da paragem onde estávamos não vinha um único veículo. Foi então que decidimos atravessar e seguir no primeiro autocarro que fosse para a Rodoviária.

Não sabíamos a que horas haviam transportes para as respectivas terras. Eu tive sorte. Daí a minutos havia um expresso para Coimbra. Quando eu lá chegasse...A minha colega é que teria de esperar mais umas horas.

Mal me despedi dela. O autocarro já estava pronto a partir. Não eram muitos os passageiros. Finalmente iria para Coimbra descansar daquela longa aventura.

Como é hábito, ia a ouvir música. O sono era muito e o cansaço também. Tinha receio de acordar sei lá onde. Se fosse num comboio era dramático, como tive oportunidade de escrever no outro dia (ver texto “Adormecer no comboio é gravíssimo”).

Ao ver que muita gente ia a dormir, o motorista berrou a plenos pulmões que estávamos em Coimbra. Por acaso eu já me preparava para sair. Finalmente!

Corri para apanhar o autocarro. Daí a nada estava em casa. Já avistava a porta do prédio. Era só subir. Tudo tinha corrido bem. Já posso dizer que fui a Madrid. Para tudo me correr lindamente neste ano falta-me a cereja no topo do bolo: ir à Holanda.

A minha senhoria não tinha saído. Que bom! Já não ia tomar banho em água fria

Depois de um banho quente e reconfortante e de ter tomado o pequeno-almoço, coloquei um CD e recostei-me na cama. Só iria acordar muitas horas mais tarde.

A tarde já ia alta quando acordei. Olhei para o relógio. Eram quatro horas. Era altura de sair e comprar algumas coisas que me estavam a fazer falta. Daí a nada começava a meia-final entre a Itália e a Alemanha.

Estava a jogar o Gattuso- esse jogador bastante combativo. Eu gostava que ganhasse a Alemanha.

No final do tempo regulamentar o jogo estava empatado a zero golos. Houve necessidade de se recorrer a prolongamento.

Tocou o telemóvel. Era a minha colega a perguntar se tinha chegado bem. Ela também tinha chegado cedo a casa. Acabou por ir de comboio.

Foi nessa altura em que conversávamos que os italianos marcaram dois golos de rajada e atiraram os alemães para a discussão do terceiro e quarto lugar. Eles são mesmo assim. Recordo um jogo da Liga dos Campeões entre a Juventus e o Barcelona em que aconteceu algo parecido. Algo que demonstra o cinismo e a manha italiana. A Juventus estava reduzida a dez elementos e o Barcelona estava a atacar com quanta força tinha. Não havia registo de qualquer resposta da Juventus ao caudal ofensivo da turma catalã. Foi então que o uruguaio Zalayeta, numa jogada venenosa de contra-ataque, marcou o golo que derrotou o Barcelona. Se não me falha a memória, era uma meia-final da Liga dos Campeões.

No dia seguinte regressaria à habitual rotina das aulas.

Situação do dia:
Mas porque é que os autocarros da cidade de Coimbra não respeitam as passadeiras?

Bacorada do dia:
“...à barra da trave...” (se calhar queria dizer que tinha sido ao poste.)

Friday, September 01, 2006

Madrid





Às voltas em Madrid



Chegámos a território espanhol. Parece que já íamos em Salamanca. A noite estava fria e a paisagem não diferia muito da que vemos em Portugal.

Não estava a dormir, mas algo me inspirava a sonhar acordada. Normalmente tenho ideias incríveis a horas tardias da madrugada. Ali a minha imaginação parecia não ter limites. Pensava nas coisas mais estranhas que poderia viver algum dia. Sei que a curiosidade é muita, mas não vou revelar o conteúdo dessas histórias.

Assim foi passando o tempo. Parecia que já estava a amanhecer. Um emaranhado de luzes pareceu acordar os passageiros. Pelas conversas paralelas, já estávamos nos arredores de Madrid. O autocarro andava às voltas.

A Rodoviária de Madrid era monstruosa. Claro que tinha de ser assim. Teríamos muito que cavar para encontrarmos a saída para a rua. Até que estávamos divertidas a subir e a descer escadas rolantes. Nem dava pelo cansaço. Tudo ali era novidade para nós. E as figuras que fizemos.

Num dos andares havia uma saída para a rua. A vista dali era excelente. Não houve tempo para tirar uma foto ali. O dia prometia ser esplêndido. Já não estava frio e o Sol prometia brilhar com grande intensidade.

Do outro lado havia um café onde fomos tomar o pequeno-almoço. O problema era pedirmos o que queríamos comer. Parece fácil, mas os termos são diferentes. Aliás, isso também difere de região para região em Portugal. Ultrapassado esse problema, ficámos por ali a dar uma vista de olhos nuns apontamentos que a minha colega trazia e a tentar perceber as primeiras notícias da manhã que a televisão transmitia lá de cima.

Saímos do estabelecimento. Voltaríamos lá mais tarde. Agora havia que encontrar a saída. Apesar de nos encontrarmos na rua, tínhamos de descer novamente as escadas rolantes. Felizmente a minha colega ainda possui uma acuidade visual que lhe permite ler os letreiros e as indicações. Seguimos as setas e fomos para a rua na esperança de apanharmos um táxi.

De facto estávamos na rua. Dois carros estacionados ali davam a impressão de estarem à espera de algo. Seriam táxis? Estivemos para perguntar. Se não fossem, nós iríamos passar a maior vergonha. Que é que iriam pensar de nós? Voltámos para dentro e perguntámos. O local onde se apanhavam os táxis era do outro lado e os táxis não tinham nada que enganar em relação aos outros automóveis. Em Madrid os táxis são todos brancos com uma lista encarnada na diagonal.

Chegou a nossa vez de entrarmos num táxi que nos levaria ao local onde prestaríamos provas. O motorista era galego e entendia-se na perfeição. Falou-nos do que conhecia de Portugal e fomos mantendo uma conversa agradável. O trânsito era caótico. Ninguém se entendia. O Sol demasiado baixo da manhã fazia-me uma certa impressão nos olhos. E eu que queria ver a paisagem!

Demorámos mais de meia hora para chegar ao destino. O trânsito a isso obrigou. Perguntámos a um senhor onde poderíamos esperar pelas provas. À entrada havia muita gente, mas não sabíamos se estavam para as provas ou para alguma consulta de Fisioterapia.

Entrámos mais para o interior onde havia um corredor com uma infinidade de portas amarelas com a designação do tipo de local que eram. Decidi explorar aquele corredor. A maioria das portas estavam fechadas. Numa parte mal iluminada do corredor havia daquilo que vinha mesmo a calhar para quem não dormiu: uns sofás muito fofinhos que convidavam ao descanso. Foi ali que ficámos até serem horas de prestarmos provas.

Como estávamos separadas dos outros, andavam á nossa procura. Quando nos encontraram, chamaram-nos para junto dos restantes candidatos onde já estava o nosso colega. Um a um, íamos sendo chamados para prestar diferentes tipos de avaliação. Enquanto isso, íamos ouvindo o que diziam os outros acerca do curso. Parece que agora se tinha de fazer provas como os outros que pretendiam aceder ao Ensino Superior. Estavam todos preocupados por terem de fazer provas específicas de Química, Física, Matemática. Muitos dos candidatos que ali estavam eram de Letras e houve mesmo pessoas seleccionadas que não compareceram. Provavelmente desistiram ao saber das mudanças de acesso ao curso.

Das provas constava uma avaliação aos conhecimentos de Espanhol, um questionário médico, avaliação em Mobilidade e uma entrevista com os directores.

Na avaliação de Mobilidade tive oportunidade de experimentar algo que eu nunca tinha visto: uma bengala branca rolante. Em vez de dar toques no chão, rolava. Era mais fácil para mim esse tipo de objecto que só existe ainda em Espanha.

Os espanhóis engraçavam comigo por causa da camisola de Portugal e garantiram apoiar a Nossa Selecção. A Espanha já não estava em prova e Portugal passaria a ser apoiado por nuestros hermanos.

Estávamos a contar que o nosso colega nos levasse a dar uma volta pela cidade. Estava um belo dia para se passear e tínhamos de aproveitar o facto de estarmos ali. O pior é que ele tinha desaparecido e todas as tentativas para o contactarmos fracassaram. Onde se teria metido o Rapaz da Camisola Vermelha? Estávamos desesperadas sem saber o que fazer na capital de Espanha. Se ele aparecesse...

Andávamos por ali de um lado para o outro. Rua acima, rua abaixo. Aquela parte da cidade ficou bem conhecida por nós, sem dúvida! O calor era sufocante. Havia que procurar um local onde pudéssemos comer alguma coisa. Fomos um pouco mais para cima e encontrámos um pequeno restaurante. Novamente sentimos o mesmo problema de não sabermos o que significavam os pratos. Estivemos largos minutos a olhar para o cardápio sem saber o que fazer. Ao menos íamos maldizendo o nosso colega que nos deixou ali perdidas na cidade. Se ele ali estivesse, tudo seria diferente. Ele vem da Venezuela e fala Espanhol na perfeição. Além disso, conhece Madrid. Não o conseguíamos contactar.

Voltámos para o mesmo local. Que fazer? Não estávamos na nossa terra. E por onde andaria o nosso colega? A minha colega já se estava a passar porque ele não esperou e nem atendia o telemóvel. Quando ela o encontrasse...Em tom de brincadeira ainda lhe disse:
-“Com um bocado de sorte, ele ainda vai no autocarro connosco!”

Não foi completamente a brincar que eu disse isso. Ele disse-me que tinha vindo de comboio e perguntou a que horas era o autocarro. A minha profecia dita em tom irónico iria acontecer mesmo.

Depois de tanta indecisão, acabámos por esperar o autocarro. O destino seria a estação de metro que nos levaria a uma longa espera na Rodoviária. Era essa a maneira de conhecermos Madrid. A viagem de autocarro iria ser um pouco longa.

Ansiosas, perguntávamos ao motorista se ainda faltava muito. O senhor já devia estar farto de nos aturar. O sono já me vencia. Disfarçava, olhava para a paisagem que me era desconhecida. Estava em Madrid.

Chegámos à estação de metro. Era uma confusão enorme! E agora? Foram muitas as pessoas a quem perguntámos pela linha que nos indicaram. Quanto mais perguntávamos, mais a confusão se instalava. Estava a ser uma verdadeira aventura aquela viagem.

Apanhámos o metro. Não nos sentámos para vermos melhor onde íamos. Algures aparecia o nome das paragens escrito e a minha colega estava com atenção. Sempre pensei que em Espanha o metro anunciasse as paragens por sistema de voz, tal como acontece em Lisboa.

Subimos e fomos dar, justamente, onde queríamos: à Rodoviária. Chegava a pior parte da viagem. Tínhamos de esperar pelo final da noite para regressarmos a Portugal. Mais uma vez, lamentámos o facto de o nosso colega se ter afastado de nós. Evitávamos de estar ali a ver passar as pessoas sem ter nada que fazer.

Foi novamente uma ocasião para ler um pouco do meu livro. Um cheiro desagradável invadia as minhas narinas. Não liguei, nem quis saber de onde vinha. Continuei a ler como se nada fosse. Foi quando a minha colega me alertou que havia um indivíduo que parecia não tomar banho desde o Dia de Páscoa.

Procurávamos comida. As horas tinam passado e a fome apertava. Sempre o mesmo problema de não sabermos o que pedir! Voltámos ao local onde estivemos a tomar o pequeno-almoço. Vinha dali um aroma de crescer água na boca. Porém, acabámos por ir comer uma sandes e beber uma cola a outro lado. Era só o que comíamos por desconhecermos em que consistiam alguns pratos.

Faltava cerca de uma hora para a partida e fomos ver se estava por lá o autocarro. Sempre era da maneira que podíamos descansar um pouco. Ansiávamos por ir lá para dentro.

Chegou a hora de embarcarmos. Olhando para um dos lados, a minha colega nem quis acreditar no que via. Ao longe vinha alguém de camisola vermelha. Era ele! Eu tinha razão. Ele vinha connosco. Prometia aquele encontro ali. Ele justificou-se com o facto de o telemóvel não funcionar e de não ter podido avisar que estava com o irmão.

O motorista implicava com os passageiros. Parece que não queria mochilas lá em cima. Eu já me estava a passar com a criatura. A minha mochila tinha de ir em cima. Iam lá as minhas gotas e ela não ia a fazer cócegas a ninguém.

Depois a minha colega apanhou um valente susto. As mesmas pessoas implicaram com o bilhete dela. Ela ficou desesperada com medo de ficar em Madrid. Felizmente, tudo se resolveu da melhor maneira e seguimos os três no autocarro. Ainda trocávamos ideias sobre o que se passou nas provas. Os exames em Setembro iriam estragar tudo. A resposta sobre qual de nós iria ficar seria dada dentro de poucos dias. A apresentação de alguns documentos também tornou difíceis as coisas. Em anos anteriores não havia tanta exigência.

O cansaço já se apoderava de nós e o corpo adormecia á medida que o autocarro avançava. Ao som da música que trazia, mergulhei num torpor leve. A viagem era longa.

Situação do dia:
Era tal a ânsia de entrar no metro que me agarrei à porta da composição de garras bem afiadas. O pior é que não agarrei a porta. Arranhei a cara de uma pessoa que ia a sair. Se calhar magoei-a, mas ali não se podia perder tempo.

Bacorada do dia:
“Ali estão dois autocarros, mas estão a trabalhar parados.” (as máquinas só fazem o que os seres humanos lhes ensinam.)

Em viagem

Também não me levantei muito cedo. O que interessava era estar na Rodoviária às 15.00h para apanhar o expresso para o Porto. Nem que para isso tivesse de ir a pé. Foi o que aconteceu. Não ia arriscar a esperar por um autocarro que podia não chegar a horas.

Preparei-me, dei de comer aos gatos e segui até à Rodoviária. Cheguei lá cedíssimo. Ainda tive tempo de procurar um café aberto para tomar a bica. Ao domingo Coimbra fica num deserto. Poucos são os estabelecimentos que se encontram abertos.

Para leitura de viagem levei o livro “Onze Minutos” de Paulo Coelho. Comecei a ler essa obra ainda em Coimbra. Faltava ainda algum tempo para partir rumo à Invicta. Assim embrenhada na leitura nem dava pelo tempo a passar.

Tentei ligar para a minha colega para dizer que já ia a caminho mas, à semelhança do que aconteceu no outro dia (ver texto “Malditos telemóveis”), a ligação falhou. Ela acabaria por me ligar e eu esperaria por ela. Seria outra longa espera. Iria novamente pegar no meu livro e ler até que fossem horas de ela chegar.

À hora prevista fui para um local fora da Rodoviária. Passado algum tempo ela apareceu com mais três amigos que viviam no Porto. Uma voz familiar chamou-me a atenção. Era uma velha colega minha que andou comigo no Atletismo e sempre ficava no meu quarto. Aturá-la não era fácil. Hoje tomaria eu mandá-la calar às três da manhã como eu fazia. Agora isso é impossível porque ela deixou o Atletismo e eu é o que se sabe. Fica a saudade dalguns episódios hilariantes vividos juntas e de discussões mais acesas. Estava na mesma aquela rapariga!

Apanhámos um autocarro da cidade e fomos até ao local onde iríamos partir para o outro lado da fronteira. Primeiro havia que achar um local onde pudéssemos comer alguma coisa rápida. A noite iria ser passada em viagem e nós apenas contávamos com as nossas provisões.

Comemos à pressa. A minha colega ainda estava mais ansiosa que eu. Tinha medo que o autocarro partisse. Andava muito stress no ar.

Num passo apressado chegámos ao local onde dezenas de pessoas ainda se encontravam à espera de entrar. Afinal não havia necessidade de entrar em pânico. Toda aquela gente tinha ainda de entrar.

O autocarro ia apinhado. Fomos em lugares separados. A minha colega foi mais para trás. Como não podia deixar de ser, não me esqueci de levar o meu leitor de mp3. Gosto de ouvir a minha música enquanto viajo.

Parava-se de hora a hora nas áreas de serviço, só que eu não gosto muito de parar em áreas de serviço. Duas passageiras teimavam em não apagar a luz. Os outros passageiros já se estavam a passar. Se elas apagavam a luz por instantes, logo se ouviam longos suspiros de alívio. Depois tudo voltava ao mesmo. Quando é que elas apagavam aquele inferno de luz de uma vez por todas?

Finalmente a escuridão! As luzes ao longe despertavam a imaginação. Não dava para adormecer. Queria estar acordada quando passássemos para o lado de Espanha. Ainda havia muitas horas pela frente.

Situação do dia:
Eu sou uma pessoa que deixa tudo em qualquer lugar. Da outra vez deixei algumas coisas minhas em Viseu, especialmente um casaco que me vai fazer bastante falta no Inverno (ver texto “Despedidas”). A história podia-se ter repetido, não fosse ter agido a tempo. Encontrava-me no interior de uma casa de banho quando verifiquei que me faltava alguma coisa. Tinha deixado o casaco no expresso e, se não me despachasse, ele ia parar a Valença. Desatei a correr que nem doida ao mesmo tempo que perguntava se o expresso que ia para Valença já tinha partido. Não partiu, mas estava prestes a fazê-lo. Apesar de ser a primeira vez que me encontrava na Rodoviária do Porto, não me incomodei com esse facto. Não havia mesmo tempo a perder. Visivelmente ofegante da correria, entrei dentro do autocarro e resgatei o casaco do banco onde o tinha deixado esquecido. Uma aventura bem ao meu jeito para início de viagem!

Bacorada do dia:
“Tive de passar para o banco de trás porque a miudita começou a ganir a dizer que queria estar junto da mãe.” (só quando olhei para aquele lugar é que desfiz a minha dúvida se se tratava de uma cadela ou de uma criança.)

Uma perfeita animação



Escusado será dizer que ao sábado me levantei tardíssimo. Sem nada para fazer e com tudo fechado é mais que habitual. A menos que fique em Coimbra para sair. Não foi esse o caso.

Vesti-me a rigor. Era dia de jogar a Nossa Selecção. O jogo era contra Inglaterra e prometia ser um emocionante espectáculo de futebol. Há dois anos o confronto entre as duas equipas foi dos jogos mais espectaculares que vi.

Havia uma festa na ACAPO a que deram o nome de “Arraial da Rainha Santa”. Havia sardinha assada, caldo verde, bifes e vinho...água do Mondego. Enganei-me!

Só iria para a festa quando acabasse o jogo. À semelhança do que aconteceu há dois anos, o jogo estava empatado e teve de ir a prolongamento. Optei por ir ter com os amigos à festa e viver com eles as emoções da partida.

Tudo estava preparado para viver o jogo de forma apaixonada. Uma Bandeira Nacional esvoaçava e o rádio berrava o relato da partida. As febras e as sardinhas assavam nas brasas enquanto que o pessoal se mantinha de ouvidos colados ao rádio. Cada jogada de perigo era vivida intensamente.

O jogo terminou empatado e as grandes penalidades iam decidir quem seguiria em frente. Toda a gente parou e concentrou-se ainda mais junto do rádio. A bandeira dançava como forma de participar na festa. Cada bola que entrava era festejada de forma exuberante. Quando os ingleses falhavam a algazarra era a mesma.

À semelhança do jogo do Euro 2004, Ricardo resolveu a partida e arrumou os ingleses mais uma vez. Não o devem suportar mais, os súbditos de Sua Majestade.

Uma sinfonia de buzinas já se fazia ouvir pelas ruas de Coimbra. Nós festejávamos à nossa maneira. Estávamos animados para devorar as sardinhas.

Cantou-se, dançou-se, entornou-se uma ou outra garrafa em cima da mesa e a festa foi uma estrondosa animação.

De barriga cheia fui para casa preparar as coisas para a viagem. Ao mesmo tempo ia ouvindo o relato do jogo entre o Brasil e a França. O vencedor dessa partida iria defrontar Portugal e toda a gente torcia para que a meia-final fosse disputada entre dois países que falam Português. Infelizmente, o Brasil foi derrotado e lá tínhamos nós que aturar os franceses.