Wednesday, April 25, 2007

No Equador os jogos não podem terminar empatados

Equador, Dezembro de 2006

Não me perguntem quem eram as equipas que disputavam esse encontro a contar para o campeonato equatoriano de Futebol. Jogadores então não conheço nenhum. Mas que interessam os nomes para esta história em que apenas os factos interessam. E que factos!

O desafio chegou aos noventa minutos regulamentares empatado a uma bola. Parece que nestas paragens tal não é permitido. Tem de haver um vencedor e um vencido a todo o custo. Mas a todo o custo mesmo!

Para desempatar esses desafios que terminam sob o signo da igualdade há que proceder ao desempate à moda da terra. Estamos na América Latina, não esqueçam! Isto conta muito.

Parece que no Equador não se usam as habituais e sempre discutíveis formas de desempate impostas pela FIFA e pela International Board. Ali criaram-se regras infalíveis de decidir o vencedor do encontro. Para nós podem não ser as mais convencionais e podem até causar algum choque. Mas há que as analisar à luz daquilo a que se chama relativismo cultural. Não nos esqueçamos, mais uma vez, de que estamos a falar de um país da América Latina!

Pois bem: terminado o tempo regulamentar, há que aplicar as regras locais para serem atribuídos os três pontos. Então pede-se, literalmente, a ajuda do público para esse efeito. Claro que a equipa que tiver o maior número de adeptos poderá estar em vantagem.

Adeptos das duas equipas invadem o terreno de jogo. A polícia também dá uma mãozinha. Começa o “prolongamento”. Toda a gente se prepara para a batalha campal que decidirá o jogo. Adeptos, jogadores e até polícias defendem-se da melhor maneira das investidas do “inimigo”. Vale tudo. Murros, pontapés, golpes baixos…O que interessa é molestar o mais possível o rival sem olhar a meios nem a questões éticas. Em poucos minutos, corpos contorcem-se no relvado e a confusão teima em alastrar até ao exterior, se possível.

Quando tudo acalma, será possível decretar um vencedor para o encontro. O veredicto será dado pelas autoridades competentes. Então procede-se à contagem das vítimas da batalha campal.

Ganha a equipa cujos seus adeptos ou jogadores foram menos atingidos e cujos golpes das pessoais equipadas com as suas cores nos adversários e na polícia foram mais certeiros. Caso não se chegue a nenhuma conclusão, será analisado o comportamento das gentes dos dois emblemas. O empenho na luta, os meios e objectos utilizados, a preparação física, tudo e mais alguma coisa. Por exemplo: a entrada em cena de uma caçadeira ou mesmo de um revólver por parte de um qualquer adepto conta imenso para este tipo de desempate.

Pelo resto do Mundo, continua-se ainda à procura da forma de desempate mais eficaz. Tentou-se o “Golo de Ouro” ou “Morte Súbita”- que deu o título de campeão da Europa à Alemanha em 1996, o “Golo de Prata”que funciona apenas se uma equipa marcar um golo na primeira parte do prolongamento- já não se regressa para a segunda e, simplesmente, a lotaria dos penalties.

Por aqui também foi dia de muito Futebol, mas já lá vamos. Comecemos por relatar o que se passou antes disso naquele penúltimo dia de aulas na ACAPO. Estamos sob pressão e as nossas noites de sono reflectem isso mesmo com sonhos que sempre vão dar ao mesmo.

A equipa técnica anda a chamar o pessoal e a meter-lhe um pouco de medo sobre o seu futuro. Por acaso a mim não me chamaram ainda. Até admira!

Por causa dessas coisas sonhei que me tinham pregado um sermão e que me tinham dito que já não ia para estágio. Acordei sobressaltada.

Estava um pouco constipada e a garganta doía-me ligeiramente. As mudanças de temperatura sofridas na véspera fizeram o seu estrago. O tempo também estava frio.

Recebemos algumas notas que faltavam. As minhas foram todas de 16 para cima. Aqui as notas pouco interessam. Desde que haja estágios…

E assim se passou a manhã. A outra turma ensaiava para a festa. Eu iria participar mas não precisava de ensaiar. Era como calhasse!

À tarde a preguiça tomou conta de todos nós. Pegava-se. Continuámos a fazer algumas avaliações. Era a última aula, que haveríamos nós de fazer?

O Sporting jogou para a Taça de Portugal na Madeira com o União. Mandou antecipar o jogo para ter férias prolongadas foi? Os treinadores e dirigentes das equipas que estão cá para baixo na tabela não acharam nem um pouco de piada às férias.

Os lagartos venceram os madeirenses por 1-3 e seguem em frente para a próxima eliminatória da competição.

Um reparo para o jogador do União da Madeira que apontou o tento de honra. Este Belic será o mesmo que saiu do Nacional há uns anos atrás juntamente com um seu colega chamado Petrovic rumo ao Vianense alegando medo de andar de avião? Fui verificar se era ou não o mesmo, mas nada concluí. A ser o mesmo, agora já pode jogar na Madeira? E logo agora que as equipas da Madeira foram todas espalhadas pelas diferentes séries da II Divisão, o que provoca mais viagens ao Continente? Essa é boa!


O Glorioso colocava o calendário em dia ao receber o Belenenses em casa naquele célebre jogo que foi adiado devido ao “caso Mateus”. Em sua casa o Benfica mandou e derrotou os azuis do Restelo por expressivos 4-0.

O jogo foi transmitido pela TVI e um colega meu de curso estava a fazer reportagem. Estava algo nervoso. Era por estar a fazer a cobertura do jogo do Benfica. Se fosse eu também estava. Tentei mandar uma mensagem a outra colega, mas as mensagens vinham todas devolvidas. Nunca me ocorreu saber a razão, até porque eu não sou adepta de mandar muitas mensagens por telemóvel.

Ainda fui fazer uma pequena limpeza ao meu quarto antes de me deitar. Também preparei tudo para o número da festa.

Bacorada do dia:
“Nunca sei do cabo da Internet sem fios." (Afinal a Internet não era sem fios!)

Sunday, April 22, 2007

Christmas Supper
























































A coragem que eu tive


O dia terminara naquela tarde fria de 19 de Dezembro de 2006. Nada mais havia a fazer na rua. Restava ir para casa descansar e resguardar-me da melhor forma possível do frio intenso que se fazia sentir.

Quando fui buscar o equipamento, havia deixado entrar o gato. Não havia ninguém em casa. O gato preto ficaria lá até que eu voltasse.

Quando regressei, não havia ninguém em casa, tal como quando eu saí. Estranhei o facto de não ter encontrado o gato dentro de casa, tal como o deixei. Não liguei. Por onde teria fugido o gato?

Troquei de roupa e fui preparar algo para comer. Enquanto comia, ouvia o telefone a tocar. Obviamente não fui atender. Não era para mim. Se quisessem falar comigo teriam ligado para o meu telemóvel. Eu nem sei o número daquele telefone para o dar a quem quer que seja que me possa contactar. Na altura pensei que fosse publicidade ou alguém que não soubesse que a minha senhoria tinha ido a qualquer lado com algum familiar.

Estava muito frio e eu fui-me enfiar debaixo das cobertas a ler um pouco. Foi nessa altura que eu senti mexer na porta. Pensei que era a minha senhoria que tinha regressado. Era a neta que andava desesperada porque não sabia da avó. Como ninguém atendia o telefone, ela resolveu vir ver o que é que se estava a passar.

Abrimos todas as portas sem a conseguirmos encontrar. Fomos ao seu quarto e tentámos aceder a luz que não acendeu. A neta entrou no quarto da avó e também não a viu, tal como eu. Mas era normal eu não a ver.

Saímos e voltámos a procurar sem êxito. Onde se teria ela metido? Talvez tivesse ido com outros familiares a qualquer lado. A neta achou estranho porque a avó tinha combinado um almoço para o dia seguinte. Estranho! Estava armada a confusão.

Depois de a rapariga ter saído, visivelmente preocupada pela ausência da avó, fui fechar as portas e colocar tudo no lugar de onde deslocámos. Quando ia a deslocar-me para o quarto dela a fim de fechar a porta lembrei-me de ir verificar novamente se ela lá estava. Mas a neta também lá esteve e não a viu. Mesmo assim…

A luz não acendia e eu fui andando ás apalpadelas até à cama. Em boa hora o fiz.

Ela dormia enrolada nos cobertores, bastante aconchegada e quente. O frio era muito. Ao colocar a mão em cima da roupa da cama onde ela se encontrava, ela estremeceu e fez um gesto de repulsa. Pelo que ela me explicou, pensou que tivesse sido o gato que tivesse saltado para cima da cama, daí aquela reacção.

Eu contei-lhe o que se estava a passar. Àquela hora todos os seus familiares andavam desesperados sem saber do seu paradeiro. Havia que os contactar rapidamente. Não me enganei. O telefone e o telemóvel tocavam em simultâneo. Ela atendeu e contou que estava frio, por isso se enfiou na cama. Ouvia-nos falar, mas pensava que eu falava com os gatos.

Assim se desfez aquele imbróglio que já tinha ganho proporções incríveis e só não foi maior porque eu tive a coragem de ir ver o que se passava naquele quarto escuro. Afinal não se passava nada de extraordinário. Contingências do frio. Aquele meu acto corajoso e decidido acabou por salvar uma noite que se previa agitada com telefones a tocar e nada de ela aparecer. Afinal, estivemos no quarto e não a encontrámos da primeira vez.

Eu nem quero imaginar o que seria naquela noite lá em casa! Nem eu descansava, nem os familiares. Ainda com um sorriso no rosto causado por esta incrível situação, regressei ao meu quarto e fui ouvir música.

Voltei a sonhar com aquele jogador russo do Spartak de Moscovo. Estava a jogar contra a Selecção Portuguesa e a minha irmã era uma fã incondicional dele. Até parece!

O tempo era de Sol e frio, tal como nos últimos dias. Um professor tinha deixado um aquecedor na sala de multimédia que me ia fazer bastante jeito. Só que eu não o conseguia regular em condições.

As aulas começaram. O dia era marcado pela entrega das prendas do “amigo invisível”. Eu desconfiava quem era o meu amigo invisível e fiquei preocupada quando me disseram que o pessoal de Aveiro poderia não vir às aulas porque havia greve de comboios. Desde que recebi certo poema na caixa que ficaram desfeitas as dúvidas quanto a quem me iria oferecer uma prenda.

Mas eles vieram e o computador em que eles se encontravam a trabalhar começou a apitar e não parava. Outro colega nosso que percebe bastante do assunto disse que a
memória daquele computador tinha pifado. Afinal parece que não!

Um outro colega nosso espirrou de forma cómica e bem ruidosa. Assim se passaram as aulas até ao “amigo invisível”. Uma colega da outra turma não percebeu as regras do jogo e resolveu comprar uma prenda para a empregada do bar que era a pessoa a quem eu tinha de dar a prenda. Ela é que estava errada. Outro colega é que teve de receber o colar que ela tinha de oferecer. Ela era “amiga invisível” dele. O meu amigo era quem eu desconfiava. Aquele poema denunciou-o descaradamente. Fui presenteada com chocolates. Eu adoro chocolates!

A tarde foi passada na sala de Informática e não trouxe nada de relevante.

Houve treino, mas eu não o tenho registado. Parece que foi apenas a rolar. O frio e a pressa de ir para a ceia de Natal não permitiam mais.

A ceia de Natal estava marcada para as oito da noite. A picanha quente, acompanhada com arroz e feijão sabia bem para aquecer a noite. As prendas também marcavam presença. Afinal tratava-se de mais um evento natalício A prenda que me calh0ou foi um conjunto de carrinhos de linhas coloridos.


Foi nesse jantar que se fizeram promessas de um futuro mais risonho para a nossa associação. Vamos ver se assim será. Todos esperamos que sim, que as coisas se recomponham e que todos possamos disfrutar de melhores condições materiais e humanas.

Tinha uma chamada não atendida no meu telemóvel. Era a minha irmã a dar a notícia de que o meu primo tinha sido internado no Hospital da Figueira da Foz. Ele que, alguns dias antes, tinha ligado para nossa casa com uma voz pouco famosa. Mal sabíamos nós que este assunto ainda ia fazer correr muita tinta. Aguardem!

Situação do dia:
No Pingo Doce começam-se a fazer as compras para preparar o Natal que aí vem. Uma senhora procurava desesperadamente açúcar moído para confeccionar um bolo para umas visitas que chegavam da Capital. Não havia desse açúcar no hipermercado e ela ficou destroçada. Uma outra senhora que também estava na mesma fila deu-lhe a dica de moer o açúcar normal e assim obter o tipo de açúcar que desejava. A mulher ficou eufórica, possessa, a estourar de felicidade, pronta a levantar voo. Era tal o entusiasmo que ela já se ia embora sem pagar as compras.

Bacorada do dia:
Olá Benilde, estás tão bonita hoje!” (A Páscoa ainda demora. Que eu saiba ainda só estamos no Natal.)





Suplente ou sobresselente


“Tenho de começar a trazer uma bateria sobresselente.”Esta frase proferida pelo nosso colega antes de sair rumo a Aveiro causou um estranho problema da Língua Portuguesa.

A palavra “sobresselente” existirá ou trata-se simplesmente de uma criação popular para designar algo que é suplente? E como é que isso se escreverá? Um mar de dúvidas.

Os nossos computadores são muito antigos e o Windows ainda é o 98, equipado com Microsoft Word 97. A correcção automática não dava resultado, apesar de termos tentado escrever a palavra de todas as maneiras possíveis e imaginárias.

A dúvida persistiu até ao dia em que eu vi essa palavra escrita num livro dos muitos que eu leio sobre…templários.

Consultando agora um dicionário on-line para efeitos de escrever este texto, pode-se dizer que a palavra “sobresselente” existe mesmo e quer dizer exactamente: suplementar; que é próprio para suprir faltas; aquilo que sobressai, que sobra ou que supre uma falta.

E qual “Cuidado Com a Língua” aqui se desfez mais uma dúvida. Dizer Que se tem de passar a trazer uma bateria sobresselente está, afinal, correcto. Outra coisa não poderia deixar de ser partindo de alguém que lê muito.

Estávamos a viver, provavelmente, o dia mais frio do ano até àquela data. Das torneiras da casa de banho nem pingava. Na rua e na ACAPO, as baixas temperaturas passavam, obviamente, a ser tema de conversa. Aquecedores precisavam-se!

Com frio ou com calor, as aulas tinham de decorrer. Excepcionalmente, os nossos colegas que chegam mais tarde por terem de vir de Aveiro chegaram primeiro que os restantes. Eu já estava no interior daquela sala.

As Técnicas de Procura de Emprego ocuparam a nossa manhã. À tarde teríamos Informática. Já lá vamos.

Na cantina parece que partiram ou deitaram abaixo qualquer coisa que fez bastante barulho. Outro som que se fazia ouvir na Escola era o de belas melodias de Natal bem conhecidas.

Por mim também passou o INEM a velocidade estonteante e com bastante alarido. Alguém estava em grandes apuros, certamente.

Em apuros ficou quem teve de passar (ou tentar passar) pelos dois veículos que estavam onde estorvavam profundamente. Todos os meus colegas que lá passaram se queixaram deles. Eu também lá passei e vi que aquilo estava um caos. Tínhamos de sair do passeio para podermos passar. E se vinha um carro e nos atropelava. Os donos dos dois popós ilustrados nesta foto pagariam, certamente, todas as despesas. Incluindo as do funeral da pessoa que tivesse a fatalidade de ser atropelada mortalmente ao ser colhida por um carro ao circular no meio da estrada por o passeio estar obstruído.

Em apuros também fiquei eu ao executar a difícil e delicada tarefa de colocar tampas plásticas num garrafão para o efeito. Muitas não atingiram o alvo e rolaram por todo o lado. Toupeira dum raio!

Depois das aulas fui treinar como habitualmente. Nem me comparava ao que estava na véspera! É incrível como uma pessoa pode estar tão mal num dia e tão bem no outro. È que nem me comparava. Para aquela sessão estavam agendadas séries de 150 metros que seriam precedidas de cinco voltas de aquecimento e alguns alongamentos. Os tempos registados foram os seguintes:

1. 35.65
2. 34.24
3. 35.15
4. 35.85
5. 33.55
6. 33.85

Depois de uns relaxantes alongamentos, fui para casa descansar. Dizia eu que ia descansar. Não percam o próximo texto!


Situação do dia:
Como já referi, à tarde houve Informática. Os nossos colegas de Aveiro saem um pouco mais cedo por terem de apanhar o transporte. O meu colega usa um despertador para lhe indicar a hora precisa a que deve sair. Nessa tarde, houve a coincidência de o relógio tocar ao mesmo tempo do telemóvel de uma outra colega. A melodia provocada pelas duas coisas a tocar em simultâneo era bastante cómica. Como se isso não bastasse, o meu colega ainda pregou uma potente joelhada ma mesa quando ia a sair.

Bacorada do dia:
“Quando o empregador despide o trabalhador por justa caja…” (Nota-se que ele tem ido ás aulas de Espanhol.)

Wednesday, April 18, 2007

Férias que não agradaram




FÉRIAS- essa palavra mágica capaz de alterar drasticamente o estado de humor de qualquer pessoa sempre que é mencionada. Até ontem, sempre achei que qualquer Ser Humano à face da Terra adorasse ter férias. Como me enganei!

Os campeonatos nacionais de futebol profissional vão sofrer uma longa pausa que coincide com o Natal e o Ano Novo. Com a subtracção de quatro jornadas nos campeonatos, que resultou da passagem de dezoito equipas para as actuais dezasseis, ficou uma lacuna irreparável que está a causar grande celeuma.

Inacreditavelmente, alguns dirigentes e treinadores de Futebol ficaram agastados com estas férias. Dizem estes entendidos que isto só vai estragar um pouco o que foi feito e que terá de ser necessário recorrer-se a uma nova pré-época.

Aqui em Portugal nunca se pára o campeonato na época de Inverno, tal como acontece um pouco por essa Europa fora em virtude dos rigores da estação mais fria. Este ano, como acima referi, irá haver a experiência de uma paragem semelhante, embora por outros motivos que não o frio e a neve. Os seus efeitos só para meados de Janeiro se sentirão quando as equipas (já com jogadores novos, contratados na reabertura do mercado) regressarem parra disputar o que falta e decidirem os seus destinos nas respectivas competições.

Antes de começarem as tão famigeradas férias, há equipas que ainda irão jogar esta semana. Na próxima quinta-feira irá decorrer ainda o jogo em atraso da primeira jornada entre o Benfica e o Belenenses. Este jogo foi adiado em virtude da confusão gerada na sequência do “caso Mateus”.

Por motivos diferentes, também o Sporting entrará em campo na próxima quinta-feira. Os leões de Alvalade deslocar-se-ão à Madeira para defrontar o União local numa partida antecipada da Taça de Portugal. Os restantes jogos estão agendados para o final das férias, no dia 7 de Janeiro.

E assim surge um dado novo no nosso Futebol: poucos gostam daquelas férias. Talvez porque o tempo não convide para dar uns mergulhos nas praias do Algarve.

Quando saí de casa estava um nevoeiro cerradíssimo em Anadia e arredores. As fotos que acompanham este texto demonstram isso mesmo. Do frio nem adianta falar. Estamos quase no Inverno. Se estivesse calor, aí já dava um belo de um texto.

Quando cheguei a Coimbra, deu-se uma pequena confusão na paragem. Devo ter ficado com as orelhas quentes de tanto aquelas criaturas falarem mal de mim. Minhas senhoras, eu vejo mal para vossa informação. As senhoras é que se colocaram à minha frente a estorvar quem queria entrar nos autocarros. As criaturas disseram cobras e lagartos de mim. O autocarro arrancou e eu ainda as ia a ouvir na paragem. Ficaram tão indignadas. Tadinhas delas! Que peninha! Disseram que eu era mal-educada e que tinha empurrado as pobres velhinhas. Nem me apercebi. A confusão era muita. Era segunda-feira.

O dia não me estava a correr de feição. Disseram a alguns que havia bolo-rei e frango que restou da Festa. Não me disseram nada a mim. Eu fui aos arames. O frango dava-me bastante jeito para comer ao jantar. Não cozinho e à noite passo com qualquer coisa. Depois tinha direito a isso porque não fiquei para o lanche. Isso ainda me indignou mais. E eu até fui com fome parra casa. Depois quando lá cheguei, os meus pais já estavam deitados e pouco lá havia. Não contavam que eu ainda viesse. Agora mesmo é que eu não volto a pôr os pés em festas de Natal. Já me tinha chateado um ano. Se é para fazer assim…mas porque é que eu não comi lá ao meio-dia. Avisaram-me tarde. É sempre a mesma coisa. Quando é para me aborrecerem, chegam a tempo e a horas.

As aulas foram dedicadas à avaliação dos formadores. Tivemos de mudar de sala várias vezes. Tudo parra me irritar!

Para complicar ainda mais as coisas, ainda me mudaram a caixa do “amigo invisível” do sítio. Tantas caixas ali e só mudaram a minha. Queriam me chatear e tiraram aquele dia. Mais nada.

A dança das salas continuou. Era demais!

Se já não bastassem as pessoas, também os cães me queriam chatear. Um tentou-me morder.

Também no treino as coisas não me correram bem. Para começar, logo vesti a camisola ao contrário. Riam-se! É que essa camisola tem um capuz. Dei dez voltas à pista em mais de 30 minutos e estava cansada. As pulsações isso demonstravam. Para que conste, o tempo gasto em corrida foi, mais precisamente, 31.10 minutos. Até a registar o treino fui um desastre a julgar pela riscanhada que para aqui vai.

Depois daquela desgraça toda fui ao Pingo Doce e no regresso fui contra umas pessoas no passeio. Tudo para me desviar de umas plantas.

Talvez em casa as coisas seriam diferentes. Mas não! Para começar, a torneira da casa de banho não deitava uma gota de água. Talvez os canos tenham entupido com o frio. Justamente por causa do frio, fui procurar o cobertor azul quentinho que o ano passado tinha na minha cama. Tive de subir a um banco para o resgatar.

Aquele dia chegava ao fim. O que estava mesmo a dar que falar nos últimos dias era o livro de Carolina Salgado. Como não podia deixar de ser, mandei a minha irmã ver se me arranjava um para eu ler. Foi o que eu fiz no final daquela noite.

Situação do dia:
Fui ao Pingo Doce e aproveitei para comprar uns presentes para oferecer nesta quadra natalícia. Fui embrulhá-los e quase saía sem pagar as compras.

Bacorada do dia:
“Você está a fazer disto um bico de sete cabeças.” (uma nova expressão idiomática, impossível de traduzir até em Português.)

Tuesday, April 17, 2007

Estive tão mal ontem, devia ter ficado na cama mas...venci

Já aqui narrei a história de Ryder Hesjedal que desistiu num dia lindo de Sol, em que se sentia bem e em que tinha todas as condições para fazer a prova da sua vida. Na altura referi que o contrário também acontece. Pois bem, aqui está um exemplo vindo de um ciclista da minha equipa que conseguiu vencer as adversidades e logrou triunfar mesmo.

Sven Nys é um dos ciclistas da Rabobank com mais triunfos na sua carreira. Cada um deles terá, certamente, uma história por detrás. Nenhuma prova é igual e as circunstâncias em que decorre cada evento diferem.

Desta vez o atleta belga afirmou ter conseguido tal triunfo doente. No dia anterior, Sven Nys não sabia se estaria ou não em condições de alinhar. Passara todo o dia de cama mas o seu espírito lutador fez com que, mesmo debilitado se apresentasse no local de partida.

A instintiva vontade de vencer que lhe está no sangue depressa o fez esquecer dos seus problemas de saúde e catapultou-o para a imprevisível vitória conseguida sobre os atletas da Fidea. Bem feito! É para eles aprenderem! Eles deviam estar em perfeitas condições de saúde- o que valoriza ainda mais o feito do nosso campeão. Embrulhem!

Ah! Como Sven Nys venceu nessas condições e tantos atletas daquela equipa nada puderam fazer desta vez, devem andar à procura de um bruxo novo. E o professor Alexandrino que se andava a oferecer a todos os clubes de Futebol. Que vá bater à porta da Fidea que eles parece que gostam dessas coisas.

Outro ciclista em destaque e que, de certa forma, também representa a Rabobank, foi Theo Bos. O ciclista holandês bateu em Moscovo o recorde do mundo de 200 metros em pista. O anterior máximo era de 9.865. Theo Bos conseguiu fazer os tais 200 metros em apenas 9.772.

Estava Sol, mas o frio começa a fazer das suas. Na companhia do gato Mong (até me estava a admirar de ele estar ali) passei aquela tarde à lareira. Apesar de estar menos atenta, pude reparar em duas coisas: a primeira foi a contestação com que alguns agentes desportivos receberam a paragem no Campeonato que ira decorrer a partir desta jornada. A segunda coisa foi o facto de eu ter reparado que os brasileiros naturalizados que aspiram a representar Portugal chegam a roçar o ridículo quando começam a falar com sotaque português. Depois de Deco, agora é Pepe que começa a aderir a essa mania.

Dentro das quatro linhas também houve Futebol, mas nada de relevante se passou que mereça um sábio destaque neste espaço.

Esta é a última semana que estamos a ter aulas na ACAPO. O momento alto foi o meu número na festa de despedida. Haveria também de haver Futebol e a salvação de uma noite que poderia ter sido agitada.

Situação do dia:
Um cunhado da minha vizinha faleceu. Nas suas cerimónias fúnebres não passou despercebido certo adereço pouco apropriado para tal ocasião, envergado por uma criatura da minha terra. A mesma artista que, aquando da morte da minha avó, andou a apanhar flores de tojo nos pinhais e disse que eram para nós lhe oferecermos, foi para aquele funeral com um chapéu enterrado na cabeça. O referido objecto de enfiar na cabeça estava sujo e desgasto. Ela anda sempre com aquilo. Ah! Já que eu estou a falar desta personagem típica da minha terra, não resisto a contar esta história deliciosa. Há cerca de dez anos atrás, pelo Carnaval, mascarrei-me e fui pelo lugar fora para aterrorizar os habitantes da minha terra. Enfiei uns lençóis que me chegavam aos pés, espetei uns óculos bem escuros e pintei a cara de vermelho. Ninguém me conheceu. Bati em portas, pontapeei portões e desloquei objectos. Como sempre, essa mulher estava à janela de casa a observar o ambiente. Eu passei lá. Ela não me conheceu. Melhor ainda, pensou que era a minha irmã. Boa! Ela perguntou-me a mim por mim. Se eu estava em casa. Eu tive de fugir dali à pressa para não morrer a rir. Ainda hoje me rio ao recordar aquela cena.

Bacorada do dia:
“Curso terminalizante” (Que não nos deve levar a lado nenhum!)

Saturday, April 14, 2007

Christmas of ACAPO







O edifício colorido


Ver texto “Da casa de banho imunda ao edifício colorido”

Toda a gente deveria estar à espera que o tema principal deste texto fosse, naturalmente, a Festa de Natal que tanto assunto deu a este blog. No entanto, algo me impressionou mais do que a festa. Começo a pensar que há coisas difíceis de explicar. Não é a primeira vez que aqui narro neste meu espaço, onde explano todos os meus segredos e sensações, sonhos que se realizam.

Aconteceu isso um par de vezes. Até estremeci quando ia no táxi com o meu colega. Ia carregada com uns sacos de roupa que tinha trazido para os eventos da festa. Íamos apanhar o comboio e na zona da Portagem vi aquilo que havia visto num sonho cerca de três meses antes. O edifício cheio de luzes que ficava em Coimbra e eu não sabia onde era estava, afinal, ornamentado com luzes de Natal. Com essas luzes, ele ficou exactamente igual ao que eu tinha visto no sonho.

Embasbacada com o que acabava de ver, perguntei ao taxista se aquilo eram enfeites de Natal. Ele confirmou. O que me causou também algum espanto foram as circunstâncias em que o sonho se realizou. Estava a anoitecer como no sonho e ia apertada igualmente entre alguns sacos que eu trazia.

Por essas e por outras, começo a pensar que tenho o dom de prever as coisas. Será que isso acontece também com a maioria das pessoas? Não sei quantos mais sonhos que eu tive irão ser realizados.

Estava um lindo dia de Sol. Era mesmo dia de festa. Esperava era que a festa não fosse outra. A do disparate.

Decidi que levaria um vestido que a minha senhoria lá tinha. Precisava era de encontrar uma camisola preta ou lá o que fosse. Pensando que estava a levar a saca com o vestido, acabei por levar um outro saco azul que tinha umas peças de roupa. Curiosamente, foi de dentro desse saco que surgiu o que eu procurava: uma camisola preta. Aliás, eu acabei por ficar mesmo com tudo o que encontrei nesse saco. Havia até um equipamento de Futebol, umas t-shirts e uma camisola para o meu pai. Ele ia ficar contente!

Levei também os meus corsários, tal como prometi. Mas iria assim cantar?

Almocei no café, mas se sabia tinha almoçado também com a minha irmã e o resto do pessoal na ACAPO. Ainda se carregavam caixotes para a carrinha. Era tal a ânsia de levar coisas para as instalações do IPJ que alguém já queria levar as nossas caixas do “amigo invisível”. Outras coisas houve que deveriam ter ido e não foram.

As pessoas começaram a chegar lentamente e a instalarem-se nas confortáveis cadeiras. A música era clássica e aborrecia. Mas não deveria ser música de Natal?!! Não é por falta de músicas alusivas a esta quadra festiva que a banda sonora da espera era aquela miséria franciscana.

Outra coisa que preocupava muitos de nós era o atraso com que a festa iria começar. Também aquela música ajudava ainda mais a aumentar o stress. Surgiram contratempos. Parece que não havia cadeiras para a banda de música. Depois para o lanche havia problemas porque não abriam a porta. Acho que foi assim.

E finalmente começou a festa com o Presidente a fazer o discurso de abertura. Seguiu-se o meu colega que recitou um poema alusivo ao Natal da autoria de Albuquerque e Castro.

A banda- que eu não me recordo de onde era- comodamente sentada em cadeiras que foram desencantar sei lá onde, aqueceu os corações quando interpretou “One Moment in Time”. Adorei!

E lá tínhamos de nos preparar para entrar em cena. Iríamos começar com o mais difícil: a Zorba. A confusão era mais que muita para o pessoal trocar de roupa. E o zeloso pessoal que até as caixas do “amigo invisível” queria levar, acabou por se esquecer das nossas faixas. Actuámos mesmo sem elas. Não tivemos outro remédio!

E lá fomos nós, as toupeiras encarnadas e brancas, dançar a Zorba. Ninguém caiu, mas a pessoa que estava a dar-nos apoio meteu água no final. A música não era para terminar ali. Não houve crise! Provavelmente ninguém notou.

Não havia tempo a perder. Tínhamos de nos vestir para o coro enquanto outro colega cantava as suas canções no palco do IPJ. Novamente a confusão. De Ílhavo veio uma saia comprida e uma camisola preta. Só que eu levei a camisola que tinha achado em casa. A outra camisola acabou por ser para a professora de Braille que tinha frio. Se eu levei os corsários ou as bermudas por baixo? Claro!

Antes de entrarmos em palco aquecemos as vozes com o vinho do Porto a ajudar. O nosso colega terminava a sua actuação. Depois éramos nós.

Na minha opinião tudo correu bem. Assim que saí do palco tirei a saia e fiquei de corsários e camisola. Tinha de mudar de roupa a toda a pressa para apanhar um táxi para a estação. O lanche e a visita do Pai Natal ficavam para o próximo ano.

Quando cheguei a casa já os meus pais estavam recolhidos e o Benfica já jogava com o Setúbal. O Glorioso acabou por vencer por 3-0. Os golos foram apontados por Nuno Gomes, Simão e Nuno Assis.

A Briosa jogava em Alvalade com o Sporting e perdeu por 1-0, num daqueles jogos em que Liedson resolveu. Este jogo foi acompanhado através da Rádio Universidade de Coimbra (RUC). Também aí cascaram no Bueno. Começo a ter pena dele.

Situação do dia:
Definitivamente, eu não quero nada com vestidos. Nem os sei vestir! Ainda no balneário da ACAPO experimentei o vestido da minha senhoria. Ele tinha um forro. Já estão a ver a cena. Que complicação para o vestir e depois para o despir. Ainda bem que foi só naquele dia!

Bacorada do dia:
“O público apita…” (já não era a primeira vez que surgiam árbitros de bancada que enganavam os jogadores.)



r

Alguém me empresta um vestido?

E teimam, exigem, ordenam...chateiam e continuam a chatear. Querem que eu vá para o coro de saia ou de vestido. Se eu for, vou com uns corsários por baixo que eles até se consolam. Eu sou assim! Estou passada com isto!

E ainda me chateiam mais! Só agora é que dizem também? Mas pensam que eu tenho dessas peças de vestuário? Quem é que pensam que eu sou?!!! Ora essa! Vou ao Dolce Vita roubar uma saia ou um vestido, se calhar! E se eu não arranjar um? Ai era bem feita!

Ninguém tem uma saia ou um vestido à minha medida. Ou são grandes, ou são pequenos demais. Que tamanho de vestido é que eu visto? Isso lá é pergunta que se faça a mim? Há mais de vinte anos que não visto dessa roupa! E continuaria mais outros vinte sem que esse tipo de roupa me entrasse no corpo.

Falta pouco para a festa. É o outro sem umas calças pretas e eu sem um vestido ou uma saia. Em Ílhavo vão ver se há alguma coisa que me sirva. E se não encontram? Vai ser demais!

Contrariada, vou perguntar à minha senhoria se ela tem por lá alguma coisa que remedeie. Se me vierem chatear, eu digo que foi o que eu consegui arranjar. Por acaso ela tinha lá um vestido que eu estive para rejeitar. É um vestido de trazer mais por casa, mas é o mais que eu posso fazer. Se não gostarem...comem menos. Eu levo umas calças de treino arregaçadas. Melhor...até levo uns corsários, bermudas ou lá como é que se chama. Está feito!

As condições climatéricas pouco diferiam dos dias anteriores. Não chovia e o Sol brilhava, acompanhado de muito frio.

Depois de mais uma reunião, os responsáveis chagaram à conclusão de que será melhor darem-nos férias na semana a seguir ao Natal. Afinal das contas, não vimos para aqui fazer mais nada. Ainda por cima, decorrem avaliações. Uma boa notícia! Uns merecidos dias de descanso antes do estágio e Deus queira que haja estágio.

Com tudo isto, a festa de despedida passa para o dia 22. Não há-de haver crise. Tudo o que se tem a fazer, faz-se na mesma. Partimos, no entanto, sem saber o que nos espera a partir de Janeiro. Isso é que nos assusta.

A manhã foi passada na sala de multimédia, se bem me lembro. Foi lá que nos vieram dar a notícia das férias inesperadas.

No Desporto, houve sorteio para as competições europeias. Benfica, Porto e Braga conheceram os adversários que irão defrontar no próximo ano. Começando pelo jogo grande, o Porto vai defrontar para a Liga dos Campeões, nada mais, nada menos que o Chelsea de José Mourinho. Que jogaço! Para a Taça UEFA, o Glorioso até teve sorte
, Digo eu. No caminho do Benfica está o Dínamo de Bucareste da Roménia que está longe de ser um colosso do Futebol Europeu. Já o Parma que calhou em sorte ao Braga já foi uma equipa respeitada na Europa do Futebol, mas a equipa de Fernando Couto está a atravessar momentos difíceis. Para Fevereiro ou Março se verá!


Mas o dia foi definitivamente marcado pelos últimos preparativos para a festa de Natal. Deram-se os acabamentos finais dos fatos, experimentou-se a indumentária que se ia levar e decorreu o ensaio final. O coro sofreu uma alteração. A nossa professora de Braille que até canta bem substituiu a assistente social que ficou sem voz durante a semana.

Vamos ver se tudo corre bem. Que ninguém desafine, que ninguém se engane e que ninguém tropece ao dançar a Zorba.

Ao final da tarde houve um treino. O apronto consistiu em vinte minutos de corrida rápida e seis rectas. Isto para além dos indispensáveis e extremamente importantes alongamentos.

Já em casa, perguntei à minha senhoria se ela tinha um vestido por lá. Os que lá havia não eram grande espingarda, mas era o que eu deveria usar caso não arranjassem mais nada em Ílhavo.

O final da noite foi passado a ler um artigo sobre o “Gato Fedorento” e a ver uma reportagem que deu na televisão sobre Herodes. Era mesmo mau, ganancioso, com a mania das grandezas…ele fazia coisas que…meu Deus! Talvez o ditador mais antigo do Mundo.

O dia seguinte iria ser de emoções fortes. Conseguiria eu arranjar um vestido ou uma saia? Haveria bronca na Festa?

Situação do dia:
A tarde foi dedicada a experimentar os fatos e a dar os últimos retoques na indumentária da Zorba. Eu vou de homem e por isso me livrei de fazer aqueles braços vermelhos para as roupas. Ainda bem! Eu passava-me de cada vez que rasgavam aquele tecido vermelho. Estava em pele de galinha. Nem imaginam a impressão que aquilo me causava. A táctica foi ir buscar o meu leitor de mp3 e colocá-lo no máximo de cada vez que o tecido era rasgado. Mesmo assim não resultava. Estava-me mesmo a dar uma coisinha má. Aquilo era uma tortura. Era insuportável!

Bacorada do dia:
“Dêem um documento a este ficheiro.” (Ordens são ordens, mesmo que não se perceba patavina do que seja para fazer.)


Wednesday, April 11, 2007

Possível só em sonhos

Sobrevoei o interior de um túnel que ficava também no interior de um edifício, ofereci-me para comprar o edifício da ACAPO, levei o livro de ponto da professora, andei pela rua de noite sem destino…isto para além de ter sonhado com o rapaz do costume. Assim tem sido nos últimos tempos. São estas as partidas que os sonhos nos pregam.

Acordei passava um minuto das quatro da manhã. Sonhei com um evento desportivo onde participavam atletas de todo o Mundo. Eu estava lá, apesar de não se tratar de Atletismos. Foi possível ver algumas delegações perfiladas. Eu estava feliz ali. Só que esses sonhos levam-me a fazer longas reflexões sobre a minha vida quando acordo.

Devo ter estado uma hora a pensar na minha vida e nas soluções que posso encontrar para resolver os problemas que surgem. Um deles é o meu sonho de ir à Holanda e outro será como ir trabalhar ou fazer o estágio profissional para a Académica.

Adormeci nesse mar de dúvidas e poderei ter tido uma antevisão do que irá acontecer na minha vida através do simbolismo desta parte do sonho. Dizem os especialistas na matéria que é um sonho muito significativo o que se tem com travessias e com a maneira como elas são feitas. Se isto quer dizer alguma coisa…

Dou por mim a sobrevoar um túnel que fica no interior de um edifício. Cada vez voo mais alto e a certa altura baixo para não bater no tecto. À medida que vou avançando para o interior, vai ficando mais escuro e eu fico um pouco assustada. Depois vejo a luz do outro lado e a minha felicidade é por demais evidente.

Agora não me recordo bem de como era a sequência do sonho, mas pelo facto de terem sido mencionados locais e horas do dia diversificadas, essa sequência pouco importa.

O pessoal que entra nos meus sonhos parece não falar noutra coisa, senão em russos e em radioactividade. Melhor dizendo: em certo russo. Desta vez era uma menina que se queixava a um médico que lhe contou o que se passava …nos Hospitais da Universidade de Coimbra com aquele russo. Curiosamente a cena passava-se num dos corredores do liceu de Anadia. Agora é que me estou a lembrar que o túnel ficava aí.

Agora a cena passa-se, sem dúvida, na sala onde temos Holandês. Na Faculdade de Letras, portanto. A professora deu-nos uns recortes de jornal que estavam todos rasgados, esburacados, feitos em mil bocadinhos e escritos. Uns até tinham anúncios de emprego. Eu não percebia nada daqueles anúncios. Tentei juntar os pedaços do jornal para poder ler, mas sem êxito.

Havia dois alunos (ou mais) que mal conhecíamos. Adivinhem quem era um deles? O nosso amigo. Ia ser lindo, ia esse artista aprender Holandês com alunos portugueses. Eu até duvido que ele fale Inglês. Seria uma das coisas de que me iria rir quando acordasse. O aluno que eu procurava chamava-se Paulo Teixeira. De facto existe lá um Paulo, mas penso que não é Teixeira e também estava dentro da sala de aula. De referir que era a última aula antes das férias e que precisávamos dos contactos. Foi então que eu pedi o livro de ponto emprestado à professora. Havia muitos nomes que eu não percebia que tinham sido acrescentados à lista inicial. Os daqueles dois alunos do Leste eram desses nomes que eu não percebia. Só percebia os números.

Até nos sonhos sou desorganizada a arrumar as coisas depois das aulas! Penso que foi algo muito fiel ao que se passa na realidade. Tinha pressa para apanhar um autocarro e guardei o livro de ponto junto com as minhas coisas.

Curiosamente, parecia ser de manhã. Encontrava-me na paragem do autocarro sob um belo dia de Sol. Ouvia música holandesa cada vez a aproximar-se mais e ia folheando o livro de ponto para tentar novamente ler o que lá estava. Consegui ler um nome que era qualquer coisa como Steen (escrito assim mesmo) Van Duuren (conheço um Aloys que é da equipa do Frank Kwanten, penso eu).

Uma rapariga que costuma treinar no Estádio veio ter comigo para eu lhe dar o livro de ponto, imagine-se que tinha sido a mãe que a tinha mandado. Essa foi boa! Eu conheço a mãe dela. É bem portuguesa e costuma estar sempre a torcer pela filha quando ela está em pista.

O cenário ainda é a sala onde temos Holandês, mas agora é a minha turma da ACAPO que entra em cena. Ainda os indícios de radioactividade e…aquele russo. Os meus colegas que são dos arredores de Aveiro foram almoçar em casa de um outro colega meu. Que ideia! Parece que foi ele que fez a comida. Tal repasto causou um certo…como é que eu hei-de dizer? Uma valente dor de barriga a quem o provou.

Com a típica frase do meu colega (“a minha vida é um romance”, repetida vezes sem conta) o meu colega foi contando que estava mortinho por chegar a casa no dia daquele almoço e o comboio tinha sido mandado parar. Para agravar as coisas, todos os passageiros tiveram de sair. Um óptimo romance para quem precisa frequentemente de ir à casa de banho. O motivo da paragem do comboio foi…a radioactividade.

Encontro-me a subir e a descer a rua numa noite fria como aquela que estava ontem. Reparo em tudo, mas não sei a razão porque vagueio de um lado para o outro. É hora do Telejornal e todas as televisões que eu ouço falam da mesma coisa: radioactividade.

Ouve-se o testemunho de um brasileiro (colega daquele russo, alegadamente internado em Coimbra). Sendo um caso que abala também a comunidade desportiva, ainda mais em altura do Natal, as pessoas ouvem e comentam as notícias. Eu paro um pouco e murmuro já perto de minha casa:
-“Eu não disse que um dia aquele jogador iria ser famoso!”
No entanto lamentava o facto que levou a essa fama.

Era agora intervalo da manhã. Um colega meu pediu um copo de leite de uma maneira que eu gozei com ele. Parece que ele tinha uma exigência difícil de concretizar: queria leite de cabra e ali não havia.

A conversa ganhou um novo sentido naquela altura. Não sei a que propósito a funcionária do bar disse que o imóvel da ACAPO estava à venda por…200 euros! Logo me ofereci para o comprar, mas a professora de Bralle chegou-se à frente e gerou-se ali uma saudável discussão. Eu perguntei-lhe para que é que ela queria comprar outra casa se ela já tinha uma em Coimbra. A tesoureira (curiosamente quando me encontro justamente a escrever esta parte do texto acaba de entrar aqui a perguntar o que é que eu estou a fazer) também entrou na conversa e disse que o edifício dava para adaptar numa bela casa de habitação.

Perguntaram à empregada porque é que ela não comprava também a casa e ela disse que já morava em Celas, perto de onde vive um colega meu. Na verdade esse colega não vive lá.

Foi nessa fase que o despertador tocou. Ri-me com aquela história de comprar a ACAPO. E depois como é que era se a água entrasse de madrugada quando uma pessoa estivesse descansadinha a dormir? Se calhar era por esse facto que ofereciam tão pouco.

Em mente tinha a ideia de escrever este texto no próprio dia. O texto por completo não porque o dia ainda mal começava, mas o sonho tinha de descrever para nada escapar. Tive algum tempo livre e foi isso que fiz.

Estava imenso frio. Escusado será escrever isto mas...Para aquecer, começaram-me a chatear. Imagine-se, querem que eu vá para o coro de saia ou de vestido. Olha! Eu que detesto e não uso mesmo esse tipo de coisas. Para mim só calças e mesmo assim têm de ser de ganga ou de treino. Saias e vestidos tornam-me desconfortável. Detesto! Já estou arrependida de ir cantar. Se soubesse que era para isso tinha preferido não alinhar e até estou arrependida em ter preferido ir à festa em vez de ir às provas. Ao menos não me sujeitava a uma coisa dessas. Certamente que não andaria de saia nem de vestido. E esta gente só me chateia. Já me estou a passar! Se eu não tenho um vestido, vou fazer um de encomenda é? Que seca! Mas para que é que eu me meti nisto?!!!

Já anda tudo passado. Não sou a única. O pessoal anda com medo de as coisas correrem mal. Devíamos ter tido um ensaio no local do espectáculo. Também ainda não sabemos com que tipo de apoio e de equipamentos contamos...Faltam só dois dias para a festa.

Um amigo meu apareceu na ACAPO e assistiu aos nossos ensaios. Como ele também é músico, comentou as nossas tropelias. Desafinámos e enganámo-nos por várias vezes. Curiosamente os homens estavam a portar-se pior do que as mulheres. Era demais!

Houve uma razão para passarmos os ensaios para a parte da manhã. Iríamos assistir da parte da tarde a uma conferência sobre uma nova tecnologia ao dispor dos cidadãos com necessidades especiais: o formato Daisy. Dizem os clientes habituais de livros digitais que este formato nada de novo vem trazer ao mundo das acessibilidades. O facto de ser muito dispendioso também não abona em nada a seu favor.

Já há muito que não via tantos amigos meus juntos. Estava a ser agradável essa experiência. Estava feliz por esse facto.

Regressei aos treinos naquela tarde depois de me ter baldado na sessão da terça-feira anterior. O meu colega acompanhou-me. Por esse facto o treino consistiu apenas em meia hora de corrida contínua e alongamentos. Uma agradável hora de treino antes das emoções do Futebol da Taça UEFA. Conseguiria o Braga seguir em frente na prova?

Os arsenalistas recebiam em casa os suíços do Grashoppers. Os repórteres da Antena 1 referiram-se a um jogador que conhecia bem o Futebol Português: Washington que alinhou no Penafiel. Sempre atenta, eu consegui descobrir outro jogador que já alinhou numa equipa portuguesa: Sreto Ristic. Este jogador alinhou no Campomaiorense proveniente do Estugarda. A sua passagem pelo clube alentejano foi fugaz. Se não me falha a memória, isso ocorreu em 2000. Foi na época em que José Mourinho treinou o Glorioso! Eu também tinha dúvidas se o jogador era realmente aquele. Ristic’s existem muitos. Houve outro atleta com o mesmo apelido que alinhou também no Tirsense. Mas o que jogou contra o Braga é, de facto, o mesmo que jogou no Campomaiorense. Fui confirmar. Pela fotografia também reconheci o jogador que pouco ou nada mudou.

O Braga seguiu em frente na Taça UEFA ao vencer a turma do Ristic por 2-0. João Pinto fez um jogo a lembrar os seus tempos áureos.

E chega por este texto que já vai longo. Amanhã há mais.

Situação do dia:
Deslocámo-nos para assistir a uma conferência sobre o formato Daisy. Se o objectivo era sensibilizar a população deficiente visual para a utilização deste formato, as contas saíram furadas. Foi fácil perceber que os computadores nem sempre se dão bem com este novo tipo de ficheiros. Foram inúmeras as vezes em que eles bloquearam ou adquiriram comportamentos estranhos.

Bacorada do dia:
“É desta que o Freds mexe uma orelha.” (Por incrível que pareça, ele estava-se a referir a Verdi- compositor da obra que vamos adaptar para a nossa música de Natal. A causa de Verdi se mexer no túmulo, em parte, até estava a ser provocada pelo autor da bacorada. Trocando-lhe o nome, não admira que o compositor italiano lhe venha puxar os pés.)

Lanche à holandesa







Estava planeado há muito que a última aula antes das férias de Natal seria destinada a um lanche com produtos vindos da Holanda. Tudo isto vinha a propósito das últimas aulas que tínhamos tido sobre a alimentação.

Estava curiosa por saber como eram todos esses produtos que se usam para barrar o pão. Aqui em Portugal não há nada parecido, nem aproximado sequer.

Iria chegar mais tarde por causa das aulas. Mesmo assim, cheguei bem a tempo de provar aquelas iguarias que estavam dispostas sobre a mesa. Um leitor de CD’s emitia música holandesa. Eu conhecia algumas dessas músicas. Outras nunca tinha ouvido.

Foram convidadas também outras alunas. Uma delas era belga. Aos poucos foram chegando os meus colegas e a sala foi ficando mais composta. Comeu-se, bebeu-se, conversou-se. Foi um final de tarde agradável e divertido. Experimentámos sensações novas e eu já evitei de inventar qualquer coisa para comer à noite.

O chocolate quente estava uma delícia. Aliás, tudo estava óptimo.

Começam os dias a ficar cada vez mais frios. Tinha de tomar banho logo de manhã bem cedo com as temperaturas bem baixas. Daqui ao futuro passa a ser pior.

Depois de ter feito o sacrifício de tomar banho com este frio todo, apanhei um valente susto mesmo quando ia a sair de casa. A minha senhoria ligou o rádio de repente e com o volume quase no máximo. Ia ao pé da porta e até dei um salto.

Esperava-me um dia bem divertido e fértil em situações insólitas.

Nas horas livres sempre vou aproveitando para trabalhar no blog. Ainda deu para escrever mais um texto.

Regressou a loiça partida à cantina. Que saudades do barulho de algo a escacar-se no chão! É lindo!

O que também foi lindo foram os nossos ensaios. De tudo aconteceu. A assistente social estava afónica e ficou descartada para o coro. Prosseguimos a nossa música, mas sempre acontecia algo. Os inevitáveis telemóveis começaram a tocar a meio do ensaio. Houve também quem se encostasse a uma mesa e esta cedesse. Uma cena de morrer a rir!

Na Zorba foi um pouco pior. Eu é que fiz a festa toda. Andava pelo chão uma coisa cor de laranja que se agarrava aos pés das pessoas e atrapalhava bastante a já aflita afinação dos passos. Parecia um pedaço de lã. Como eu estava sempre a olhar para o chão para ver se acertava com os passos e via aquilo a passar de pé em pé, a certa altura já não aguentava mais de tanto rir. Até fiquei grogue de tanto rir. A reacção das pessoas a afastar aquele artefacto dos pés era um espectáculo!

Isso inspirou-me e na minha mente surgiram ideias completamente estúpidas que ainda me faziam rir mais. Ao som da música da Zorba, imaginei como se dançava aquilo a pisar ovos. Seria demais! A pisar uvas pela vindima também dava jeito. Se calhar foi assim mesmo que os gregos a inventaram.

A tarde estava agradável e o estado de espírito estava ao rubro. Ia a caminho da Faculdade de Letras e ainda me ria dos meus próprios disparates com a Zorba. Eu sou incrível!

Não jantei. Vim sem fome do lanche. Havia roupa para estender e havia também notícias fresquinhas do mercado de transferências que está prestes a abrir. Parece que o brasileiro Fábio Rochemback quer regressar ao Sporting. Ele que enquanto estava em Alvalade só pensava em sair.

Situação do dia:
Não é a primeira vez que isto acontece. Se bem me recordo, da outra vez sacudiram um prato com restos de comida para cima de mim quando estendia uma toalha. Desta vez foi um saco plástico com lixo que quase me acertou na cabeça quando eu estava a estender roupa. Desviei-me por instinto.

Bacorada do dia:
Hals Muntolips” (Penso que foi mesmo assim que ele disse.)

Toupeiras à caça no Texas

Esta chega dos Estados Unidos e é incrível. Aliás, tudo o que chega desse país é incrível. Como esta notícia nos diz muito, toca a explaná-la até ao ridículo.

Parece que no Texas (em que outro estado poderia ser?) os cegos já podem ter licença de porte de armas e podem caçar. Essa é boa! Que belo texto vai sair daqui! Duas toupeiras à caça? Fujam que eles vão atirar em tudo o que mexe e no que eles julgam ter ouvido mexer.

Isto ainda vai ser pior que aquela cena da caçada do “Gato Fedorento” em que o protagonista confundia sempre as peças de caça com o seu primo Zé Carlos, a quem ele não deixava falar durante a entrevista. Cegos à caça? Só mesmo no Texas.

E cá vai disto: dois invisuais de uma associação do Texas marcaram para um sábado de manhã uma agradável caçada num terreno baldio que um deles tinha encontrado por lá ter ido cair por acidente.

Joe Mole e Dustin Hunter encontraram-se no local combinado com as suas armas de caça e as suas munições. Mole andou, dias antes, a tentar descobrir que tipo de caça existia naquele local. Queria caçar ali e pronto. Quando ele metia uma coisa naquela cabeça de americano teimoso, dificilmente alguém lha conseguia tirar.

A mulher bem o avisou de que era melhor ficar no conforto do lar com a família a fazer um churrasco. Mas para fazer o tal churrasco era necessário ir caçar qualquer coisa.

Assim convidou o amigo e foram para aquele local tentar a sua sorte. Não conversavam. Primeiro tinham de estar bem concentrados e em segundo não queriam espantar a caça.

Passaram cerca de três horas quando Joe Mole sentiu um certo movimento de qualquer animal. Concentrou-se para ver de que lado vinha o som e para onde se estava a deslocar. PUM! Sem avisar o amigo, a Toupeira dum Raio abriu as hostilidades.
_Queres-me matar de susto homem?!! Já estava a passar pelas brasas! Até estava a sonhar que tinha caçado uma raposa...- disse Hunter algo irritado.
- Estava ali alguma coisa a mexer e eu não sabia o que era. - desculpou-se Mole.

Passaram aí uns vinte minutos quando Mole voltou a ter sensações auditivas. PUM! PUM! Dois estrondosos disparos.
-Calma homem! O vento está-se a levantar. É natural que as coisas mexam.- disse Dustin Hunter ao impaciente amigo.

Um saco plástico voava com o vento na direcção dos caçadores cegos que dispararam as suas armas ao mesmo tempo.
-É meu! Fui eu que disparei primeiro.- disse Mole.
-Mas eu é que lhe acertei. - disse o outro.
Correram os dois em direcção à “presa”. A precipitação foi tanta que tropeçaram um no outro e caíram.
- Ai era isto?!!! Mal empregado chumbo! - lamentou-se Hunter.

Passaram mais alguns minutos. Sempre obcecado com tudo o que mexe e mais alguma coisa, Mole não hesita em atirar para o local onde julga ter sentido movimento. Após o tiro saído da sua espingarda, Mole ouve um berro indescritível e afirma:
- Agora não me enganei! Agora cacei alguma coisa e foi caça da grossa, a julgar pelo grito do animal.

Agarrado ao braço atingido pelo tiro do companheiro, Hunter contorcia-se com dores. O chumbo acerou-lhe de raspão. Era preciso ter cuidado. Mole era mesmo um tarado por armas e por caça.

Mole procurava o “animal” atingido pelo meio do terreno. A certa altura pôs-se a correr e foi parar a um pequeno buraco com água. Viu-se e desejou-se para sair lá de dentro. Novamente livre, Mole continuou a caminhar sem destino, tacteando com o cano da caçadeira no chão. Não sei que jeito dá ele à arma que esta dispara. Por incrível que pareça, o disparo atingiu certeiramente um javali que dormia. Escusado será dizer que Mole não cabia em si de contente.

Vendo que o companheiro não regressava e com o braço atingido por uma das balas que Mole disparou na ânsia cega de caçar, Hunter resolveu ligar para uma brigada de buscas. O problema era que ele não sabia precisar exactamente onde se encontrava. Disse que era perto de casa num terreno baldio.

A equipa de buscas, equipada com cães e homens extremamente competentes entrou em campo para procurar as toupeiras dum raio que se meteram assim a caçar. Não foi preciso andar muito para localizarem Hunter. O mesmo já não se podia dizer de Mole.

Estava já a escurecer. A equipa de buscas estava quase a desistir. Toda a gente estava já exausta de tanto procurar aquele caçador compulsivo. Também tinham medo de o encontrar e ele disparar contra eles. Presságio?!!

Já preparavam a retirada quando o localizaram. Mole ainda estava perto do javali que caçou sem querer. É que os disparos anteriores acertaram em tudo menos em peças de caça. Um tiro foi para lado nenhum, o segundo foi para um saco plástico, outro foi para Hunter que puxava de um lenço para se assoar...Não tinha ali a bengala, serviu-se da caçadeira para se guiar e foi nessas circunstâncias que caçou um enorme javali que até impressionou o primeiro guarda que o avistou ao longe.

Mole sentiu alguma coisa a mexer em seu redor. Com o seu instinto de caçador louco, disparou em todas as direcções. O resultado da “caçada” foi dois polícias mortos, três feridos e uma valente mordidela do cão-polícia nele.

O cego foi levado para a esquadra. Já não era a primeira vez que Mole tinha problemas com a justiça por causa da sua paixão pela caça. As autoridades constataram mais tarde que se tratava do mesmo homem que andava a caçar numa reserva natural com o seu cão-guia. Num dos seus disparos febris, o artista matou o cão e vangloriou-se de ter caçado uma óptima peça para um churrasco. O pior não foi isso. Mole matou meia dúzia de aves raras.

Num estado como o Texas em que ainda existe a pena de morte, o caçador pitosga apenas foi condenado a prisão perpétua. Valeu a atenuante de ser invisual.

Do texto criativo que eu inventei para sublinhar esta notícia completamente insólita, passo para a descrição de um sonho não menos absurdo. Passam mais de três meses sobre a data destes acontecimentos. Estou em condições de fazer aqui um comentário que irão ver também mais à frente aquando da descrição de um pesadelo terrível que também terá sido provocado pela mesma situação. Na altura em que descrevia esse pesadelo, nem sequer me lembrei deste sonho mas hoje, ao ler isto, tenho ainda mais razões para ser contra os alarmes ligados nas ambulâncias, carros da polícia e outras viaturas do género durante a noite. Nem sabem o quanto incomodam uma pessoa que está a dormir. E este sonho ainda não é nada, comparado com um outro que vai ser descrito. Esse sim arrepia. Ao contrário deste, eu tenho a certeza absoluta de que aquele terrível pesadelo só foi possível porque passou um veículo desses a horas impróprias para se fazer barulho.

Vamos então a este sonho da noite de 11 para 12 de Dezembro. Passou uma viatura dessas à porta de minha casa quando eu dormia. Acordei assustada e bastante incomodada. Era de noite e ali, ao contrário do que acontece em Coimbra, não é usual passar assim uma viatura. O que se terá passado? Constatei ao acordar que afinal estava em Coimbra e não em casa. Mesmo assim...

Voltei a adormecer e o sonho prosseguiu. Encontrava-me na sede da Académica. Tinha lá ido levar o meu currículo e a minha orientadora pediu para que eu ficasse porque tinha uma coisa para eu ver. Bem...era mais para eu ouvir.

Um rádio dos antigos emitia um estranho relato. Era a sensação que eu tinha. Tudo ali me despertava uma sensação estranha. Os nomes dos jogadores eram desconhecidos. Parecia um relato de um jogo entre equipas sul-americanas ou algo do género.

Deu-se então a ligação (estranha) entre o veículo que havia passado à minha porta e esta segunda parte (chamemos-lhe assim) do sonho. Era uma ambulância que transportava um jogador sul-americano que morreu em campo.

Mais à frente no mesmo sonho o jogador já era russo. Em que é que ficamos? Em coisa nenhuma.

Eu até sei de onde veio essa da morte de um jogador sul-americano. É que vi ou li algures que surgiram rumores de que o mexicano Blanco tinha morrido. Blanco é aquele jogador que faz malabarismos impressionantes com a bola. As suas fintas enganam muito bem os adversários.

Depois de quase três páginas dedicadas a tudo o que é irreal, vamos acordar e colocar os pés bem assentes na terra. Temos mais um dia frio e instável.

Finalmente fui comprar um telemóvel novo. Já andava mesmo a precisar. O meu já não dava mesmo para nada. Agora tenho um que é uma mais-valia para este blog, na medida em que tira fotos. Como os textos estão desactualizados, já houve oportunidade de mostrar aqui uma ou duas fotos conseguidas graças a ele. Estou-me a lembrar de uma de um autocarro que se encontra no texto “Diário de um autocarro amarelo” e a outra está num outro texto sobre um semáforo.

Não tenho aqui mais nada registado sobre os ensaios. Mas será que nada se passou? Provavelmente passou. Eu é que não apontei.

Como fui tratar do telemóvel, o treino ficou para outro dia. Fui para casa tratar de estender roupa e depois fui “brincar” um pouco com o telemóvel. Afinal de contas, era um brinquedo noivo.

Com o entusiasmo, nem dei pelos pés a arrefecerem. Adormecer assim gelada é que foi um problema.

Situação do dia:
Se soubessem o castigo que foi encontrar os apontamentos de ontem...Sabia que tinha tirado apontamentos, mas não sabia onde estavam no caderno. Comecei a pensar que havia bruxas e não sei que mais. Afinal tinha feito asneiras e tinha usado duas folhas diferentes. Só faço disparates!

Bacorada do dia:
“Experimentei na experimentação.” (Foi mesmo para isso que ela serviu.)

Estamos ricos...ou então não

Não é só cá em Portugal que as pessoas anseiam por dinheiro caído do Céu e que a febre do Euromilhões prolifera.

Pelos vistos, também na Bélgica se lança a sorte dos números e das estrelas com vista a mudar de vida. Por todo o lado se fazem apostas e se dispendem alguns euritos do bolso.

As sociedades de amigos ou colegas de trabalho também são frequentes neste tipo de concursos. O que se conseguir como prémio é dividido. E as responsabilidades quando algo acontece?

Um grupo de belgas que tinha uma dessas sociedades constatou que havia acertado na chave do Euromilhões. O prémio era chorudo. Todos já pensavam viver à grande. Provavelmente tencionavam se despedirem dos respectivos empregos e já tinham uma excêntrica lista de coisas que sempre sonharam fazer e que agora era possível. Ir à Lua!

Mas eles foram mesmo à Lua! Para dizer a verdade, foram aos arames que é a mesma coisa. Eles que até tinham festejado já a sua sorte grande. Com toda aquela excitação o responsável pelo registo de Euromilhões daquela semana nem se lembrou de dizer aos colegas que se tinha esquecido de registar os boletins. E logo na semana em que eles poderiam ter ficado ricos. Sempre há cada uma!

Já os estava a imaginar a fazerem uma festa bem exótica para comemorar a súbita riqueza. O restaurante era o mais luxuoso que conseguiram arranjar. Com muita sorte até foram a Paris provar iguarias que jamais sonhariam provar, apesar de desconhecerem se tão requintados manjares lhes agradavam ou não.

Os compatriotas do Tom Boonen e dos Vaya Con Dios já planeavam umas férias de sonho em Bora-Bora. Depois passariam quinze dias nas Seicheles e ainda fariam um safari por vinte países africanos. O material usado para transporte e diversão seria todo topo de gama. Nalguns casos usariam mesmo protótipos.

Para quê trabalhar? Eles eram milionários agora. Tinham mais dinheiro cada um individualmente que os patrões de todos na totalidade. Com um pouco de sorte os patrões ainda lhes iam pedir um extra para equilibrar as depauperadas contas das suas empresas, reféns da economia de mercada.

Quando a criatura afirmou que se tinha esquecido de registar os boletins, eu faço ideia o balde de gelo que caiu pelos restantes abaixo. Eram os sonhos de toda uma vida que se desvaneciam num lapso estúpido de uma só pessoa.

O esquecimento mais caro do Mundo! Mas se o esquecimento foi de um deles como é que o dono do quiosque onde eles, normalmente, registam o Euromilhões tem responsabilidade? Também, para dizer a verdade, não entendi de quem foi o lapso.

No que eu concordo é que a culpa aqui não pode morrer solteira...nem pobre.

Joguei no Euromilhões, registei o boletim, mas nada me calhou. Por essa razão, a minha vidinha continua a ser a mesma de sempre.

Estava tanto frio de manhã. Estava morta por chegar à paragem. As mãos doíam-me insuportavelmente por causa do frio. Quando cheguei, constatei que as minhas mãos estavam completamente congeladas. Não conseguia mesmo pegar em nada. E trazia dois pares de luvas!

Ainda durante o trajecto de minha casa para a paragem houve um cão que se meteu à nossa frente. Quase íamos parar ao chão.

As mãos foram aquecendo durante a viagem para Coimbra. Chegada à cidade as peripécias continuaram. Ao parar, o autocarro travou e eu avancei com o peso das coisas que trazia. Houve gente que me agarrou para eu não cair mais à frente.

A Festa de Natal é já no próximo sábado e tudo tem de estar preparado. Depois do almoço fomos visitar o palco da festa que vai ter lugar nas instalações do Instituto Português da Juventude de Coimbra.

A visita foi necessariamente rápida porque se realizava naquele espaço um colóquio qualquer de um qualquer sindicato de qualquer coisa. Mesmo assim, deu para ter uma ideia geral de como era o palco e do material que havia à nossa disposição.

No IPJ há sempre exposições de vária natureza. Havia alguns cartazes que me despertaram a atenção. Fiquei por ali a observá-los minuciosamente.

Animados como sempre, regressámos às imediações da ACAPO. Parámos num café em frente. Estávamos no intervalo e tomámos qualquer coisa, aproveitando o facto de estarmos todos juntos. Uma colega insistiu em pagar a conta de toda a gente. Ela ficou contente por fazer isso. Notou-se.

Apesar de não ser no palco onde irá decorrer a festa, a Zorba esperava-nos para a ensaiarmos como deve de ser. Cá para mim vai ser um fiasco. O palco não é igual e há passos que são difíceis de executar com muito pessoal entrançado e que, ainda por cima, tem dificuldade ou não vê mesmo. Há mesmo pessoal preocupado se cai do palco abaixo. Aquil0o ainda é alto. E a pessoa que tiver a infelicidade de cair dali abaixo não terá a sorte que eu tive da outra vez em haver uma multidão a agarrar.

Com alguns passos trocados e baralhação a toda a prova, lá ensaiámos uma vez mais aquela dança. Sábado vai prometer!

Era dia de teste de Holandês- o último desta fase de aulas. Eu achei o teste fácil. Não me lembrei como se dizia “escolher”, mas lembrei-me de repente e apontei antes de me voltar a esquecer. No final havia umas perguntas que eu achei um pouco confusas, mas não há-de ser nada.

Enquanto ouvia o relato do jogo entre o Porto e o Nacional da Madeira, procedia aos enfeites de Natal no meu quarto. O resultado pode ser visto nas fotos que acompanham este texto.

O Porto venceu o Nacional da Madeira por 1-2.

Situação do dia:
Não há civismo nenhum no que toca a respeitar as passadeiras. Eu fui obrigada a mandar parar um carro com o guarda-chuva.

Bacorada do dia:
“-Posso ir à casa de banho?
-Vamos todos.” (E assim se criou mais um ritual colectivo.)

O homem mau

Com 91 anis de idade, o homem mau morreu. Foi ao encontro de todos aqueles milhares de pessoas a quem ele provocou a morte.

Eu começo a pensar que Deus tira a vida mais cedo aos homens bons e, inexplicavelmente, dá longa vida a seres repugnantes e sanguinários como Augusto Pinochet.

Mas ainda haverá alguém que chore o desaparecimento de um homem tão mau como o ditador chileno, responsável pela morte e pelo desaparecimento de milhares de compatriotas seus?

Pouco sei sobre o regime ditatorial de Augusto Pinochet. Tudo o que sei, foi- me dado a conhecer através de uns programas que iam para o ar na Antena 1 sobre a História do Século XX. Lembro-me que fiquei extremamente revoltada com a forma como Pinochet conquistou o poder no dia 11 de Setembro de 1973.

Através do uso excessivo e brutal da força, Pinochet e os seus seguidores tomaram o Palácio Presidencial e aí provocaram um autêntico massacre. Salvador Allende que havia sido eleito democraticamente foi arrancado do Poder legítimo por esse monstro terrível que hoje deixa tardiamente o mundo dos vivos.

Depois de longos anos de terror vividos pelo povo chileno, Pinochet não foi julgado nem condenado por todas as atrocidades que cometeu. Arranjou sempre desculpa para continuar impune. Enquanto outros ditadores tiveram o fim que mereciam ao serem julgados, o monstro chileno teve uma morte tranquila demais para tudo aquilo que fez ao seu povo. Um homem mau como este merecia ter uma morte mais sofrível e não ter perecido tranquilamente traído pelo coração numa cama.

É este o mundo que nós temos, cheio de injustiças e de incompreensão. Quem mais sofre é quem menos merecia sofrer e aqueles que mereciam ter outro fim saem limpos do próprio veneno que espalham.

Pinochet à parte, domingo que se preze tem de ter Futebol. A Académica perdeu em casa com o Marítimo por 1-2.

Bem perto de Coimbra, na Figueira da Foz, registou-se um nulo entre a Naval e o Glorioso. Menos dois pontos que contam para o título.

Mais uma semana se aproximava. A Festa de Natal é o tema dominante, mas muitas outras coisas divertidas irão ser aqui contadas. Por exemplo, como foi possível eu sobrevoar um túnel, fazer uma proposta para comprar o edifício onde funciona a delegação Centro da ACAPO e outro tipo de disparates.

Bacorada do dia:
“Temos connosco Simão Sabrosa, capitão do Sporting.” (Consta que depois desta falha grave, as claques organizadas do Benfica e enfurecidos adeptos anónimos fizeram uma espera ao repórter da TVI.)

Russo radioactivo a passear em Coimbra

Era uma segunda-feira de manhã com bastante movimento na Rodoviária em Coimbra. Finalmente Vladimir chegava à cidade que sempre sonhou visitar.

Saíra de Moscovo uns dias antes e fizera a travessia do continente europeu de autocarro e de comboio. “Ainda dizem que não há dinheiro” pensava Vladimir para consigo “os transportes estão sempre a abarrotar de gente”.

Ainda na sua cidade natal um velho amigo tinha-o convidado para tomar um chá antes que ele partisse para Portugal. Ele achou aquele convite algo estranho, mas resolveu aceitar. Não queria guardar rancor de ninguém e achou que aquela era uma oportunidade para se reconciliarem. Há mais de dez anos que andavam de costas voltadas. Tudo por causa do Futebol e da discussão de um lance polémico durante um jogo entre o CSKA e o Spartak.

“Talvez tenha ouvido dizer que venho para Portugal e se queira despedir”. Esse argumento pesou mais alto do que a estranheza do convite do seu ex-amigo.

Muitos foram os quilómetros percorridos pelo russo que lera um catálogo sobre Coimbra e, desde então, tornou-se um apaixonado pela cidade. Depois de ter economizado bastante, lá conseguiu empreender esta viagem.

Antes de chegar à Cidade dos Estudantes, Vladimir ainda passou por Lisboa para assistir à vitória do Spartak de Moscovo no Estádio de Alvalade. Permaneceu por lá quase uma semana e, finalmente, apanhou o Expresso para Coimbra.

A Rodoviária andava em obras e ele parou um pouco para pensar. Não era sonho. Estava em Coimbra! Agora havia que disfrutar do momento. Tinha agora de apanhar um autocarro. Chegou o 29 que rapidamente se apinhou de gente. Vladimir imaginava que aqui os autocarros andavam quase vazios. Enganou-se e logo o 29 que é o autocarro que ande, talvez, mais sobrelotado na cidade. Foi o primeiro que lhe apareceu. Ele não tinha um local escolhido por onde começar.

Parou na Praça da República e resolveu percorrer as restantes ruas a pé. Para quem vem da Rússia, a temperatura que se fazia sentir era agradável. Para nós é que está frio e lá ia ele de mangas arregaçadas pelas ruas quase a chegar aos Arcos. “Este indivíduo, se fosse para a Rússia, não sobrevivia.” Pensava ele ao ver um velho agasalhado até aos dentes e a tremer de frio.

Sem saber para onde ir, desceu a rua até ao Estádio. Viu muita gente a dirigir-se para determinado local e resolveu tomar também aquela direcção. Encontrou-se à entrada do Dolce Vita. Impressionado com a grandeza do centro comercial, resolveu dar uma volta por todo o lado. Visitou inúmeras lojas, fez algumas compras e tomou algumas refeições. Como sempre, o Dolce Vita estava cheio de gente.

Foi durante esse périplo pelo Dolce Vita que encontrou um compatriota seu há muito radicado em Coimbra. Foi com ele que descobriu todo o encanto da cidade de Coimbra. Percorreram a Baixa, andaram no Bazófias, visitaram a Sé Velha e passaram o resto da tarde no Fórum.

Se Vladimir se havia admirado com a grandeza do Dolce Vita, ficou completamente embasbacado com o Fórum. Mais comida, mais bebida, mais uns passeios...Ele estava, realmente, a adorar Coimbra.

Passados dois dias, havia uma visita marcada para as ruínas de Conimbriga. Apesar de se sentir ligeiramente indisposto, o russo foi com o amigo. Toda a beleza daquele local impressionou Vladimir que tinha visto um postal com aquelas ruínas. Um numeroso grupo de turistas visitava também aquele local, tirando imensas fotografias.

A Baixa foi percorrida pelos cidadãos de Leste pela enésima vez. Muitas foram as pessoas que se cruzaram com eles nesse dia.

A noite conimbricense foi frequentada por Vladimir e seu companheiro. Cafés, bares e discotecas apinhadas fizeram parte do roteiro.

Estava uma manhã bem fria. O amigo de Vladimir já tinha planeado uns locais fixes para visitarem. Bateu à porta do quarto e Vladimir, com uma voz débil, sempre foi respondendo que naquele dia não lhe apetecia sair de casa. Sentia tonturas, passara mal a noite e não tinha condições de sair.

O amigo pensou que aqueles problemas físicos se deviam a alterações provocadas pelo jet lag e pelo cansaço provocado por viver Coimbra intensamente.

No dia seguinte Vladimir sentia-se pior. Quase nem se mantinha em pé, sentia-se realmente mal. O amigo resolveu levá-lo às urgências dos HUC. Apanharam novamente o 29. Em altura de grande actividade do vírus da gripe, o autocarro ia atulhado de pessoas que tossiam, espirravam e assoavam-se ruidosamente. Ao mesmo tempo lamentavam-se e contavam as suas tropelias dos últimos dias passados a contas com o sindroma gripal. Vladimir estava convencido de que também ele tinha contraído a maldita gripe.

Na sala de espera das urgências era o pandemónio com muita gente afectada pela gripe. Eram cerca de onze da manhã quando Vladimir deu entrada nas urgências e meia-noite quando o atenderam e lhe deram ordem de internamento. O mal de que padecia era desconhecido e grave. Havia suspeitas de envenenamento por polónio 210.

Exames complementares demonstraram que, embora com uma pequena quantidade, Vladimir tinha de facto ingerido polónio 210. Passou alguns dias no hospital até ficar novamente pronto para disfrutar dos prazeres conimbricenses.

As pessoas de Coimbra é que entraram em pânico e entupiram as urgências dos HUC e dos centros de saúde. Muito medo tem o pessoal de morrer!

O Sol regressou, mas o frio era intenso. Nada de ilusões. Estamos em Dezembro e o Inverno aproxima-se a passos largos.

A minha irmã ia passar o fim-de-semana a casa. Ela aproveitou para fazer umas compras numa loja de chineses. Eu aproveitei e comprei uma camisola preta. Também fui ao mercado comprar umas sapatilhas pretas para a Zorba. Os meus sapatos não apareceram.

Em casa houve matança do porco. Carne fresca assava ao lume. Os torresmos quentes sabiam bem. Enquanto a carne assava nas brasas, eu estava sentada à lareira com a Feijoa ao colo. Estava-se bem ali.

Houve dois jogos de Futebol naquele sábado. No Bessa, o Boavista bateu o Beira-Mar por 3-0. Em Setúbal o Sporting venceu a equipa local por 0-3. Liedson regressou aos golos e o Sporting regressou às vitórias. O “Levezinho” marcou logo por duas vezes.

E nada mais se passou.

Situação do dia:
O árbitro Paulo Pereira escorregou e deu um valente trambolhão. O público foi às lágrimas. Aposto!

Bacorada do dia:
“Eu gosto de comida de casa e caseira.” (Não me ocorre a diferença entre uma e outra. Talvez a comida caseira seja confeccionada e ingerida em casa e a de casa é aquela que pode ser comprada fora mas que é ingerida em casa.)Uma lesão.)

Apesar da chuvva, do frio, do vento...

Para mal dos meus pecados, o tempo caprichou para me aborrecer. Estava ainda mais firo que nos últimos dias. A chuva caía forte e gelada, por vezes com grande intensidade. O vento era insuportável. Chegava mesmo a cortar. Enfim...

Não havia de ser nada. As condições climatéricas serviriam de desculpa para um hipotético mau resultado, mas o bom resultado nestas condições seria ainda mais valorizado. Em suma, o estado do tempo dava uma margem de manobra para se fazer o que saísse.

Felizmente as coisas correram bem. O frio exigia cuidados redobrados. Levei todo o tipo de agasalhos para prevenir eventuais lesões...mas não levou a toalha.

Havia que aquecer bem porque o tempo não estava para brincadeiras. Estávamos a meio da tarde e já parecia noite. O Céu estava cinzento bem carregado. A chuva parava, mas o vento frio fazia com que toda a gente aquecesse na pista de dentro.

Só muito próximo da hora da partida é que se ia lá para fora. Estava difícil.

Já se preparava a nossa sério de 60 metros quando começou a chover torrencialmente. A série já estava atrasada e voltei a vestir o fato de treino. Uma última série masculina demorava a partir.

Eles partiram e nós voltámo-nos a preparar para fazermos a prova debaixo daquela chuva e daquele frio. Iria ser difícil bater o meu recorde naquelas condições, mas de tudo iria fazer.

Soou o tiro de partida e lá fui eu a chapinhar na pista molhada. Fiz o que pude e...consegui. Por 20 centésimos consegui uma nova marca. Agora o meu recorde de 60 metros é de 12.47.

Metade do objectivo já estava cumprido. Tinha agora de esperar bastante pelos 150 metros que encerrariam o calendário. A espera foi dolorosa. O frio era muito e começava a sentir fome. O tempo custava a passar.

E depois de muito enganar o tempo chegou a hora da partida que- para não variar- não foi dada à primeira. Depois do tiro, corri o mais depressa que pude para aquecer. Apesar de uma fome de cão, o recorde foi igualmente batido. Foi engraçado: 32.32.

E foi em beleza que abri esta época que promete ser melhor que a do ano passado. Os resultados assim o demonstram. O frio e a chuva não me atrapalharam. Só se eu ainda fizesse melhor com outras condições meteorológicas. Não interessa. O importante foi que as coisas me correram bem.

Mais uma vez, fiquei espantada com as minhas capacidades sobrenaturais. Este sonho acabou por dar resposta àquilo que me havia escapado na passada terça-feira.

Disse eu que não me lembrava (ou nem sequer tinha visto) o nome do jogador do Spartak de Moscovo que entrou a poucos segundos do fim. Pois um sonho avivou-me a memória.

Sonhei que um telejornal abria com a notícia de que o Estádio de Alvalade estava contaminado com polónio 210. A notícia prosseguiu com imagens, justamente, do momento da entrada daquele jogador em campo. Como se não bastasse a derrota e o afastamento das competições europeias, agora o Sporting também tinha de se ver com a radioactividade no seu recinto.

Essa parte do sonho deu-me ideias para o texto que a seguir apresento. O engraçado aqui é que a cena era tal e qual como aconteceu na realidade. Até os meus comentários proferidos na altura voltaram a ecoar. As minhas dúvidas quanto ao número da camisola do jogador também. As letras do nome surgiam como algo que eu não conseguia juntar. Deu-me a ideia que, ao contrário do que sucedia com todos os outros elementos da equipa, o nome daquele jogador estava escrito na camisola com caracteres cirílicos. No sonho também fiquei com essa sensação.

Também me deu a sensação de outra coisa. Embora fosse incapaz de me lembrar do nome daquele jogador, associava-o a algo relacionado com a mitologia. Uma associação incrível. Conhecia isso de onde? Só indo verificar.

Sonhei igualmente que tinha saído de casa numa noite muito fria para ir para a night. Não passei por nenhum local conhecido. Percorria caminhos escuros e sem nenhuma casa.

Cheguei a um local bastante animado onde as pessoas estavam muito divertidas, de copo na mão, com estranhas bebidas. Era uma espécie de baile de máscaras ou algo do género. Eram os meus colegas que ali estavam.

Como o ambiente era acolhedor, resolvi ficar também e beber uns copos. Uma colega (a tal daqueles espirros que estragam aulas e ensaios de canções de Natal) implorou que provasse a bebida. Como aquilo era docinho, continuámos a beber até eu começar a ver as coisas já de uma forma etílica.

Quando acordei ri-me bastante só de imaginar como seria, na realidade, essa minha colega com uns copitos a mais.

O tempo convidava a permanecer na cama. A chuva e o tempo frio eram para saborear debaixo dos cobertores. Não espanta ter-me levantado bem tarde. O almoço ressentiu-se.

Foi uma oportunidade para tomar um almoço à holandesa, à base de duas sandes de marmelada. A chuva continuava a cair sem piedade de mim.

As provas correram bem. A fome apertava. Havia que comprar algo que me saciasse. No Pingo Doce cheirava a frango assado. Uma excelente ideia. Comprei uma metade pequena de um frango, um pacote de batatas fritas, um refrigerante e pão e assim foi o meu jantar em grande. Merecia!

Bacorada do dia:
“Tenho aqui uma cena.” (Uma lesão.)

Andamos passados...e nada se passa

Como referi no texto anterior, esta situação de virmos para as aulas e ficarmos sem fazer nada na sala de multimédia está a tornar-se insuportável. Há colegas que se deslocam dezenas de quilómetros para virem às aulas que decorrem da maneira que se sabe. Ainda por cima são as pessoas que estão à espera de luz verde (que não surge) para efectuarem os já prometidos estágios perto do local onde residem.

De facto o curso foi mal planeado e o horário foi mal distribuído nesta última fase. Já nada temos a fazer nas salas de aulas e, a juntar a isso, os formadores têm a outra turma para dar aulas e não podem prestar-nos atenção. O material não chega para as duas turmas. Temos de ir para a sala de multimédia que deveria estar reservada para as pessoas que chegam de fora e querem usar os computadores.

Os computadores não são grande coisa, das máquinas Braille é melhor nem falar. Depois é essa indecisão. Dá a impressão que nos estão a esconder alguns factos. Ninguém sabe o futuro numa altura de decisões. Há pessoas que até poderão perder empregos certos caso as coisas continuem neste ponto em que muito se reúne e pouco se decide.

Diz-se que é com os erros que se aprende. Aqui está mais que claro que as soluções passam por alargar o período de experimentações para quatro semanas em vez de três. Ora as experimentações são três com três semanas cada. No final passamos mais três semanas a secar porque é humanamente e materialmente impossível estarmos ali. Se passássemos mais uma semana em cada local de experimentação seriam abolidas estas três semanas em que é inútil estarmos ali só para cumprir calendário. Quatro semanas em cada local de experimentação seria óptimo.

Igualmente uma boa solução seria a inclusão de mais uma experimentação. Isso permitiria adquirirmos mais experiência num outro local diferente. Essa rotatividade acabaria por nos dar mais indicações de como são os diferentes contextos laborais.

O mal este ano está feito e não é remediado. Quando nos dizem que vai haver uma reunião, passamo-nos. O coração fica apertado e tememos pelas respostas que nos vão dar. Ninguém ainda sabe o que se vai passar a partir de Janeiro e isso inquieta-nos. O ambiente está tenso. Por mais que expliquem as coisas, menos percebemos. Eu falo por mim. Tenho a sensação que algo de complicado se está a passar e que nos está a ser ocultado através de todo aquele discurso contraditório e confuso. Começo a ficar preocupada com tudo isto. Estou mesmo passada!

Disseram que iam arranjar uma solução dando aulas de apoio a quem mais precisa. Mas como se os formadores estão todos ocupados e se há as famigeradas reuniões a toda a hora? E as salas? E o material? Esperar para ver.

Esta situação nem em sonhos me larga. Sonhei que estava bastante chateada porque me colocaram a estagiar num supermercado ou em algo do género. Eu não estava a gostar mesmo nada de lá estar. Não sei a razão.

Sonhei igualmente com o Frank Kwanten, mas também não me lembro do contexto do sonho.

A chuva regressou naquela manhã. Antes hoje que amanhã nas provas. Não gosto de fazer provas de velocidade pura com a pista molhada. Ainda mais isso para me chatear. Como se eu já não andasse chateada com todas estas coisas!

Andamos realmente insuportáveis. Um colega meu trazia um instrumental para uma música para apresentar também na Festa de Natal. Fui aos arames porque me tinham dito que já não havia vaga para mais nada. Então não havia vaga para mim e havia para eles? Como é? Desde Outubro que ando a pedir para fazer aquele meu número. Uma outra colega colocou-se do meu lado e deu-me razão. Depois sempre foram dizendo que ainda não tinham dito nada e que era uma surpresa. Mesmo assim...Depois sempre foi dizendo que já não apresentava a canção. Por mim até podia apresentar, mas havia barulho e do bom se a canção entrasse e o meu número não. Iam ver.

Irão ver mais adiante como foi tudo resolvido. Eles é que desistiram da canção, mesmo sabendo que haveria outra festa que, inicialmente, estava marcada para dia 29 de Dezembro. Depois nem aí apresentaram a canção. Foi por causa de mim? Já não havia crise. Só havia problemas no caso de terem aceite o número deles e não terem aceite o meu que eu tinha apresentado em primeiro. As coisas são assim. Se há coisa com que eu não pactuo é com injustiças e com tratamento desigual. A mim é a pior coisa que podem fazer. Eu passo-me com esse tipo de coisas. Sou assim e mais nada. Foi por esse tipo de situações que...

Adiante. Decorreu um ensaio da Zorba para aliviar o stress depois daquela reunião que nos deixou piores do que estávamos.

Como estava a chover e era véspera da abertura oficial da época, fiquei a fazer um treino ligeiro de bicicleta que demorou menos que o previsto porque o meu colega também queria fazer um treino semelhante e a bicicleta é só uma.

Fui para casa. Pensava que o Braga jogava também para a Taça UEFA. Enganei-me.

Havia que descansar. Estava lançada a contagem decrescente para a abertura da época desportiva 2006/07.

Bacorada do dia:
“Isto é um módulo que inicia no final do curso.” (Eu diria que dura ainda depois de o curso já ter acabado.)