Sunday, December 25, 2022

“Jack E O Porquinho De Natal” (impressões pessoais)

 

Agora literatura própria desta época do ano.

 

Este é um livro mais para um  público mais jovem mas o natal também é para os mais novos.

 

Quem nunca perdeu ou estragou um brinquedo e, por mais que lhe dessem outro ainda mais bonito, só aquele é que importava? Eu sou um pouco assim. Ainda agora me custa perder algumas coisas, alguns objetos de estimação.

 

Jack perdeu o seu porquinho de estimação mas ganhou outro em sua substituição. Ele era quase igual mas não era a mesma coisa. Por isso mesmo, a criança ficou revoltada com o seu novo amigo.

 

Eis que algo acontece e o novo porquinho leva Jack a um mundo encantado de coisas perdidas.

 

A magia do natal está em histórias como esta.

 

Wednesday, December 21, 2022

O último cão

 

Estamos em 2182. O enorme cão negro percorre uma extensa área sem uma única ponta de vegetação.  Já vagueia sem destino há horas e a paisagem quase lunar não muda.

 

A grande cidade  já há muito que ficou  para trás. Muitos dias o Sol se pôs e muitos dias a escuridão da noite tomou conta do Céu e nem um ser vivo o velho cão negro avistou.

 

Junto a um enorme rochedo, o velho cão negro esticou as  suas enormes e robustas patas. O seu corpo estava fustigado por horas e horas de exaustiva caminhada.

 

Começava a escassear o alimento. Há uns dias havia encontrado uns ossos bem macios que lhe restituíram forças mas agora era só ele no Mundo.

 

O silêncio oprimia. Só o vento se manifestava ao bater nas rochas quase lunares daquela paisagem desoladora em que a Terra se transformou.

 

O último cão resolveu ensaiar um uivo sentido para a noite vazia. Já não se lembrava da última vez em que a sua garganta emitiu um som. Não se viam humanos por ali e muito menos animais. Nem as ervas purgantes se encontravam ali.

 

Passou algum tempo. Mais um dia que nascia sempre igual. O velho cão negro e último  exemplar canino existente na Terra acordou de um sono reparador. Mais um dia de infrutífera caminhada.

 

Agora os humanos concentravam-se em enormes aglomerados residenciais. Cidades enormes erguiam-se em determinados pontos do planeta. Fora delas era a desolação. Quantos dias e quantas noites teria de andar para encontrar uma cidade?

 

Não havia florestas. A pouca vegetação que havia era rasteira e escassa. O último cão já conheceu a Terra assim. Aqui e ali espreitava para as casas nas grandes cidades. Furtivamente reconhecia a imagem de outro ser como ele em velhos livros que já estavam amarelecidos pelo tempo mas que os humanos guardavam carinhosamente, apesar de terem máquinas para tudo agora e lerem de outra forma.

 

Nesses velhos livros ele via seres semelhantes a ele serem acarinhados pelos humanos. Agora os tempos mudaram. Os humanos substituíram seres vivos por robots a que chamam animais de estimação. Muitos deles  guardam ainda formas caninas.

 

O velho cão negro não entende a linguagem dos humanos. Teme aproximar-se demasiado das casas. Só mesmo pela calada da noite consegue espreitar às janelas, como se fosse um clandestino, um marginal.

 

Não sabe de onde veio, o que aconteceu aos restantes exemplares da sua espécie outrora tão apreciada para companhia pelos humanos. Antes de adotarem aqueles bichinhos  tecnológicos.

 

Nos velhos livros o último cão vê também imagens de um mundo que não compreende. Vê pessoas em volta de uma plataforma onde estão algumas coisas em cima. Hoje isso não acontece. Ouviu dizer que aquilo era comida mas os seres humanos hoje alimentam-se com  uns discos redondos. Ouviu dizer que por vezes essas refeições eram à base de carne de animais que continham ossos que os humanos deitavam no lixo.

 

Agora muito raramente se encontram outros animais para caçar e para comer. Existem de onde a onde uns pequenos coelhos que possuem ossos macios e suculentos mas é preciso andar muito para os voltar a encontrar.

 

Enquanto refletia, o velho cão negro chegou a um riacho. A água era escassa mas limpa. O velho cão mergulhou e imediatamente se sentiu revigorado. Bebeu avidamente e esticou as suas longas patas negras ao Sol.

 

Adormeceu num instante mas foi acordado  por um bando de estranhos seres que não eram aves mas tinham umas asas que pareciam pesadas. O velho cão levantou-se de um pulo. Tinha de caçar um daqueles seres para se alimentar. Eram muitos, aqueles animais. Se subtraísse um nem se dava por falta.

 

Roendo a última cartilagem do seu farto repasto, saciado de sede e de fome, o último cão à face da Terra continuou a sua jornada.

 

Trotando a passo ligeiro, o velho cão negro nem queria acreditar na sua sorte. Julgou ver um extenso pedaço de verde lá ao longe. Aproximou-se mais. Algo lhe chamou a atenção.

 

Ali, isolada de tudo, encontrava-se uma velha cabana de madeira. O último cão resolveu prostrar-se junto á rudimentar porta de madeira. Cheirava a fumo e a algo mais.

 

A porta abriu-se. Saiu de dentro do aposento um humano com cabelo e barba grande. Usava uns aparelhos para ver à distância mas o que o impressionou estava bem ali junto aos seus pés. O último cão existente na Terra estava á sua porta.

 

Há anos que o velho cientista procurava um exemplar canino. Ouviu dizer que um fora avistado há cinco anos atrás. Era negro e enorme. Provavelmente um descendente de Labrador.

 

O velho homem agachou-se e fez uma  pequena festa na enorme cabeça negra do animal. O último cão sentiu-se estremecer. A sensação era maravilhosa. Teriam os seus antepassados que  conviviam com os humanos Sentido tão prazerosas carícias?

 

O homem voltou para dentro de casa. Quando regressou, trazia uma generosa quantidade de ossos e uma tigela com água. O velho cão ladrou de alegria. Agitando a sua  cauda negra, saltava com quanta força tinha.

 

Homem e cão confundiram-se num abraço sentido e viveram dali em diante na velha cabana de madeira longe da civilização e da aridez da paisagem.

 

Final com F maiúsculo

 

Que loucura de jogo! Teve emoção e incerteza no resultado mesmo ao bater do ´ último penalti.

 

A Argentina até começou por ganhar larga vantagem sobre a França com Di Maria e o inevitável Messi em destaque. Mas do outro lado estava igualmente um génio que equilibrou individualmente aquilo que faltava no coletivo. MBappe fez a diferença e apontou três golos nesta final. Com apenas vinte e três anos já leva uma soma incrível de golos em mundiais.

 

Terminado o encontro, registava-se uma igualdade a três bolas que se manteve também nos trinta minutos adicionais. A solução era o desempate por grandes penalidades.

 

Mais uma vez brilhou Emiliano Martinez, o guarda-redes da Argentina que já tinha sido decisivo frente aos Países Baixos.

 

Buenos Aires e outras localidades do país das pampas rejubilam de alegria com mais esta conquista que acontece já depois da morte de Diego Armando Maradona.

 

Uma final digna de loucos e um vencedor merecido.

 

De destacar ainda o facto de o Glorioso SLB ter pela primeira vez na história das competições portuguesas jogadores campeões do Mundo. Otamendi e Enzo Fernandez levaram bem longe o Futebol nacional.