Obrigada, Pai Natal por tirares tardiamente o “Cérbero” do
comando técnico do meu clube. Para dizer a verdade, nem devia ter vindo.
Culpado foi quem alugou com toda a pompa e circunstância um
avião privado e o foi buscar ao Brasil. Sabe-se lá com que manigâncias
conseguiu esse dinheiro. Tudo para ganhar umas eleições que estavam tremidas e
que, em caso de derrota, levariam Luís filipe vieira para a choldra sem dó nem piedade.
Não foi preciso perder as eleições, bastou o Ministério
público se despachar um bocadinho mais. Afastado que estava Vieira, que fazia
por ali Jorge jesus. Ele que humilhou os benfiquistas e teceu duras críticas a
Rui Vitória. É daí que vem o nome que lhe coloquei carinhosamente- “Cérbero”. Tudo
porque naquele dia afirmou que Rui Vitória não tinha unhas para conduzir o
Ferrari que lá deixou. Quem não teve unhas para conduzir o Ferrari para ele
propositadamente fabricado por vieira foi ele. O Sporting com jogadores da
formação e jogadores recrutados cirurgicamente a equipas nacionais foi campeão.
E nós? O que fizemos? Com jogadores de mais de vinte milhões o que ganhamos? Nem
juízo sequer, pois o nosso treinador principescamente pago não o possui e não
possui também humanidade, humildade, cidadania, ética e desportivismo. Em cada
derrota, a culpa é dos jogadores, em cada feito heroico como os jogos com o
Barcelona, já foi ele que conseguiu sozinho.
Vai para as salas de imprensa maltratar jornalistas que por
acaso cometeram o grave crime de lhe fazerem perguntas ás quais não lhe apetece
responder. Diz aos berros aos mesmos profissionais de comunicação social que
quem percebe de Futebol é ele e só ele.
Não lhe basta perceber de futebol. Já lá vão os tempos em
que isso era suficiente. Agora há que saber também comandar homens, gerir
expectativas, estar do lado dos jogadores como um pai por vezes. É aí que por
exemplo assenta o sucesso do Sporting. Não é com berros, enxovalhos e insultos
que se ganha o respeito de um grupo de trabalho.
Já aqui disse no outro dia que os jogadores se sentiram mais
leves no jogo com o Marítimo, um jogo em que Sua Excelência não estava no
banco. Da maneira que as coisas estavam, dava a transparecer que havia um clima
de puro pavor de errar entre os jogadores do Benfica. Mesmo nos treinos parece
que o “Cérebro” parecia estar a falar com bois na ganadaria e mesmo quem trata
de gado por vezes fala-lhe com mais carinho e respeito.
Provavelmente haveriam jogadores do Benfica sem vontade sequer
de se levantar da cama de manhã porque sabiam que iam ser enxovalhados no
treino. Esse tempo acabou. Hoje o treinador tem de ter inteligência emocional para lidar com ativos
de milhões que estão muito longe de ser o mesmo tipo de atletas do tempo em que
Jorge Jesus era jogador e em que a comunicação se fazia unicamente no sentido vertical
e não na horizontal como deve ser. A opinião dos jogadores deve contar numa
relação de trabalho e isso era foco de conflito com Jorge jesus e foi isso que
ditou agora esse desfecho. Tudo porque o jogador cometeu o grave delito de
contestar as opções táticas de Sua Santidade.
O amor já não era muito. O carinho muito menos. O treinador deu
mostras na passada semana de estar ali unicamente pelo dinheiro. Só lamento não
ter ido logo na passada terça-feira virado ao Brasil. Na hora em que abriu as
portas de sua casa aos dirigentes do Flamengo que não estavam propriamente a passar
férias no nosso país, vinham para o buscar.
Em suma, pode ser que, afastados Vieira e Jesus, haja finalmente
sossego no meu clube.
2022 será mais risonho para os lados do seixal e livre de
berros, insultos ou palavrões a cada toque na bola dos jogadores do meu clube.