Sunday, February 25, 2007

Tinha de ir parar àquela rua

Acabado o meu primeiro dia de trabalho na Piscina, fui explorar o caminho que me havia de levar até à Faculdade de Letras. Disseram-me que indo por aquela rua fora que ia dar à Praça da República. Assim fiz. Meti-me ao caminho.

Com a pesada mochila de transportar tudo o que é necessário para toda uma semana, fiz-me à estrada. O final de tarde estava radiante. O pôr-do-sol era um laranja vivo, quase encarnado e dava um toque de magia e inspiração à paisagem. A temperatura também estava amena e sabia bem dar um passeio naquelas condições.

Era um final de tarde romântico. As ruas que eu percorria sem saber muito bem por onde ir tinham um ambiente especial devido ao afastamento do Sol. E assim fui andando. Ia ter teste, ainda por cima. Queria chegar cedo.

O problema é que não sabia por onde andava. Numa das vezes até voltei para trás. Olhei e vi então onde estava. É incrível que vou sempre parar à mesma rua quando me perco! É demais! Nem sei o que hei-de dizer a tanta coincidência.

A última vez que por ali andei foi num domingo em que chovia torrencialmente e eu nada tinha para me proteger. Foi naquele dia em que viemos de Cantanhede e eu enfiei-me logo por onde não devia. Mas que raio de instinto o meu que sempre vou por ali.

Lembro-me também de uma vez ter havido greve dos autocarros e eu ter de ir a pé para a Baixa. Andei cerca de duas horas na Praça da República às voltas e cheguei atrasadíssima. Por várias vezes me enfiei por aquela rua acima. Por mais voltas que desse, ia sempre parar lá. A Praça da República é uma circunferência redonda, labiríntica e complicada para mim.

Uma coisa eu sabia: estava perto da Praça da República. Olhei para o relógio e constatei que me tinha de despachar. Tive de perguntar a quem passava e lá segui. Fui por outra rua acima. Já estava completamente de noite. Agora procurava os Arcos. Com um pouco de sorte ainda iria dar novamente à rua que eu melhor conheço da cidade de Coimbra.

Depois de duas ou três tentativas sempre os encontrei. Já estava em terreno conhecido e apressei o passo tentando emendar o estrago. Afinal ia ter teste. Que lindo!

Ofegante da correria entrei na sala já atrasada. Sem tempo para me recompor, comecei de imediato a fazer o teste e ainda a pensar naquela rua. As suas imagens ao anoitecer davam-me uma certa paz de espírito. Uma felicidade estranha.

Eu já sabia de antemão que o dia iria ser agitado. Até pensei que fosse pior. O que me iria custar mais- para além dos autocarros- iria ser o barulho das crianças das escolas, mas não há nada melhor que o habituo.

Ainda antes de sair de casa (e para descontrair que bem precisava) estive atenta a algumas letras curiosas de músicas folclóricas. Para além de perguntar quem era a Tirana e porque é que havia tantas músicas dedicadas à Cana Verde, constatei que algumas dessas letras não fazem o mínimo de sentido, para não dizer que não fazem mesmo nenhum sentido.

Uma música que passou enquanto eu tomava banho dizia o seguinte: “Minha avó quando nasceu já eu tinha três semanas” Mas como era isso possível?! Nunca em parte alguma vi uma avó a nascer depois que o neto. Por mais voltas que dê aos neurónios, nunca chegarei a saber o que quer dizer isto.

Mais adiante a mesma música continua: “Quando minha mãe nasceu já eu estava em S. Vicente” Enfim!

Noutra diz que “a laranja foi à fonte” Aí poderá ter sido uma laranja que rolou de uma laranjeira perto de uma fonte e foi ter ao local onde se tira a água. Só pode! De outra maneira não estou a ver.

Vai ser um fartote só com situações que se passam naqueles autocarros que vão para o hospital. Aí é que se vêem as cenas mais rocambolescas, mais chocantes, mais dramáticas, mais...vão ver.

Para começar havia uma enorme confusão no autocarro. Já havia lá um senhor a sentir-se mal e tudo. Um autocarro é agora uma embalagem amarela com recheio lá dentro. Tem de se ter cuidado a abrir, senão o seu conteúdo pode espirrar. Está em ebulição.

Depois de sair daquele inferno amarelo, lá fui tacteando o caminho. Cheguei um pouco atrasada porque ainda não me movimento à vontade ali naquelas ruas. Também era apenas o primeiro dia.

Aquele primeiro dia serviu para experimentar e ficar familiarizada com o que ia fazer. Tirei alguns apontamentos acerca de como funcionavam as coisas e constatei que afinal sempre dá tempo de ir almoçar à cantina e tudo. Menos mau!

Terminado o primeiro dia de trabalho, acho que me vou adaptar bem a estas funções. Tive tal pontaria que houve um ligeiro problema na piscina que levou ao tratamento da água.

O teste correu bem. Vamos a ver se consigo manter a performance do anterior. Será difícil. Eu só faço isso uma vez.

Finalmente cheguei a casa para um merecido descanso. Fartei-me de andar, de correr, de percorrer ruas que ainda povoavam o meu espírito ao adormecer.

Bacorada do dia:
“Tem de reiniciar do início.” (Se reiniciasse do meio ou do fim é que era um fenómeno.)

Os rapazes de Groningen


A noite da véspera foi bastante agitada e começava a sentir os efeitos disso mesmo. A Internet daqui não ajuda nada a me manter acordada. Uma eternidade para abrir uma página! Foi dura a luta entre mim e o João-pestana numa noite em que tinha muito que fazer e pouco fiz.

Farta de esperar que certas páginas abrissem, debrucei-me sobre a secretária do escritório e passei por sono. O cansaço era muito e era extremamente difícil dominá-lo. Uma fracção de segundo parada e lá estava eu de olhos fechados noutro local que não era o escritório nem o mundo virtual. Era o mundo dos sonhos.

Passados alguns minutos fui fazer uma coisa que me tirou o sono de uma só vez e me fez voltar a sorrir. Fui tirar algumas fotos de ciclistas holandeses. Algumas eram de um rapazinho que eu fiquei a saber que existia há poucas semanas atrás: o Folkert De Haan. Outras fotos eram de outros velhos conhecidos meus. Todas essas fotos eram aí de 2003.

À medida que as observava, ia perdendo o sono e os sinais de cansaço desapareciam. O importante era “curtir” aquelas fotos daqueles rapazes bonitos de Groningen. Se eu me lá apanhasse...

Fui vendo todas essas imagens e encontrei fotos de alguém que fez com que o meu astral subisse para níveis em que até fervilhava. Também de Groningen (claro!) encontrei algumas fotos antigas do Eelke Van Der Wal. Estava no pódio com mais dois ciclistas e envergava uma camisola vermelha que lhe ficava a matar. Dava-lhe um ar bem especial. Que engraçado, há dois anos ele vestiu a camisola azul da Montanha na Volta ao Algarve e eu disse também que o azul lhe ficava lindamente. Ah! E o laranja também. É a cor da actual equipa dele- a Fondas.

Depois iam todos esses artistas, essas coisinhas fofinhas, num carro descapotável (parece-me a mim). Felizes da vida, iam por aquelas ruas fora a festejar.

Com o cabelo em desalinho, o outro ciclista foi ao pódio. Sempre foi segundo ou terceiro. Nunca me lembro de ver qualquer imagem dele no lugar mais alto.

Quanto às outras notícias, infelizmente o doping e os seus efeitos continuam a dominar a actualidade e a espalhar a desconfiança por toda a parte. Agora é um responsável holandês que acusa os ciclistas belgas de recorrerem frequentemente à prática do doping.

Boa notícia é a reabilitação de Michael Rasmussen. O nosso Rei da Montanha já consegue andar e todos esperamos que regresse rapidamente à estrada para nos dar muitas alegrias. Parece que o pior já passou e ainda bem.

Estava bastante cansada e fui dormir durante umas horas. Era um domingo sem Futebol, mas com matéria para estudar para o teste de Holandês. Assim passei toda aquela tarde. Isto depois de a minha irmã ter andado às voltas com um mail. Como é que o mail haveria de chegar ao destino se ela punha qualquercoisa@mail.netecabo.pt?

Foi embrenhada no estudo que passei aquela tarde. O início da semana iria ser de descobertas. Iria à descoberta de Celas.
Situação do dia:
A minha mãe andava à procura de alguma coisa dentro da arca congeladora. Encontrou uma maçã que, provavelmente, terá caído e congelado lá dentro. O momento foi registado na foto que se apresenta a acompanhar este texto.

Bacorada do dia:
“Estou a escrever isto com uma letra mais normal que a minha.” (Quer-se dizer que a letra dela normal era anormal.)

Dia de comer castanhas assadas

E encontramo-nos no tradicional dia de S. Martinho. Apesar das agruras do dia anterior, ainda fui ao Pingo Doce buscar castanhas para levar para casa (na foto em que a minha mãe está com o gato Mong ao colo é bem visível o saco das castanhas). O magusto foi à noite.

A minha mãe colocou as castanhas que eu tinha trazido- e que estavam envoltas num saco de rede encarnado- na lareira a assar. Daí a pouco já havia um prato e um tabuleiro cheio de castanhas farruscas e apetitosas para serem devoradas sem dó nem piedade.

Nada de álcool para o magusto. Não gosto de vinho e não aprecio jeropiga. Por essa razão, o magusto é regado com Coca-Cola. Um magusto muito pouco tradicional. Aliás, sempre foram assim os meus magustos desde sempre. Nada de provar o vinho.

As cascas das castanhas amontoavam-se e as minhas mãos iam ficando da cor do carvão. Ia devorando mais e mais castanhas e foi este o jantar que se impunha no dia de S. Martinho.

Já esperava uma noite deprimente em que pouco iria dormir. Aquele dia tinha sido péssimo. Um pesadelo autêntico. A noite teve de ser mal dormida, com tudo o que me preocupava a subir-me à cabeça ao mesmo tempo. Sentia-me num labirinto de onde me era difícil sair. Só puxando muito pela cabeça ou esperando por situações milagrosas conseguiria libertar-me.

Era madrugada. Sentava-me na cama e olhava para o vazio à espera que a escuridão fosse boa conselheira. Revolvia-me na cama e nada de adormecer. Para tentar acabar com tudo isto, resolvi tomar um comprimido.

Nem dei por adormecer. Acordei ao som do despertador com ar ensonado, mas mais tranquila. Consegui sonhar com algo que me fez lembrar que nem tudo era mau. Estava aí o jogo da Selecção Nacional com o Kazaquistão. Alegra-te! Kazaques de novo em Coimbra! Foi isso que me deu uma nova alma.

Sei que a minha irmã estava em casa. Isso significava que não se iria fazer nada de jeito. Aparecem sempre algumas pessoas. Desta vez nem me lembro quem lá apareceu. Sei que se tiraram algumas fotos com o Mong como protagonista.

Estive também a estudar para o teste de Holandês. Num momento em que eu estava a fazer exercícios com o CD interactivo, a luz falhou por estar alguma coisa ligada. Lá tive eu de ir ligar novamente o quadro eléctrico!

E assim se passou um dia com Sol. Afinal era dia de S. Martinho.

Situação do dia:
A minha mãe teve de ligar o fogão a gás para fazer qualquer petisco. Não sei mesmo se foi para assar castanhas no forno. O certo é que algo saltou e estourou. Um cheiro a gás invadiu a casa de forno. Temi pela integridade física da gata Feijoa que se encontrava, justamente, encostada ao fogão e saltou dali para fora. Tudo não passou de um susto.

Bacorada do dia:
“Pego no comboio, vou para casa...” (Ah homem valente!)





Maldito Sol!

Fazia-se sentir o tradicional Verão de S. Martinho com Sol e temperaturas amenas, mas naquele dia tudo se revoltou contra mim- na altura assim pensei, mas hoje penso de outras maneira e digo que tomei a decisão certa de ter continuado na formação, mas estive mesmo para me vir embora por sentir que tudo me era adverso.

Tudo começou quando eu propus aos meus colegas que se fizesse um pequeno magusto. Houve uma pessoa que disse que “farta de magustos já andava ela”. Pois andava. Lamentavelmente tenho de dizer que a minha turma se desuniu e se dividiu em duas. Metade da turma fazia as suas festinhas e os seus magustos em privado. Naturalmente que fiquei triste e magoada, até porque essa pessoa se queixa que eu me afasto. Quando eu me quero unir levo uma resposta dessas. Andei zangada com essa pessoa em Julho já por causa desse tipo de coisas. Mas a história ainda não acabou por aqui.

A outra turma (onde eu tenho alguns amigos) resolveu fazer um almoço de despedida à minha amiga Isabel que estava a substituir a formadora de Braille durante a sua licença de maternidade. A outra turma não disse nada à nossa. Já aí eu fiquei triste. Pior foi o que os meus colegas disseram quando eu dei a ideia de também lhe oferecermos algo. Eles recusaram e voltaram a colocar toda a fúria na outra turma. Na verdade, e de forma vergonhosa, alguns colegas meus tiveram comportamentos reprováveis durante aquelas aulas de Braille e agora manifestam todo o seu ódio só porque a formadora os mandava fazer o que eles não gostavam. Francamente não sei do que é que eles gostam. Até sei, mas isso agora não vem ao caso.

Foi difícil contornar a minha tristeza naquela aula. O formador perguntou se eu estava a chorar. Deveria-me estar a rir depois de toda a ingratidão e falta de respeito que as pessoas que me rodeiam nutrem por mim e pelos meus amigos? Eu não posso ver nem ouvir os meus colegas a manifestarem algum sentimento de troça ou de desdém pelos meus amigos. Magoar as pessoas de quem gosto é magoar-me a mim. Para defender os meus amigos sou capaz de tudo e, naquele dia, apetecia-me mesmo dar um par de estalos em alguém. Mesmo que não soubesse muito bem por quem começar.

A técnica de inserção iria chamar-me a meio daquela aula que era a continuação da anterior sobre as entrevistas de emprego. Podia ser que ficasse mais calma ao ir para a rua, mas não foi o que aconteceu.

Desde logo a técnica de inserção começou por me enterrar ainda mais ao dizer que não poderia fazer o estágio na Académica. Fiquei arrasada. Tudo à minha volta se tornou cinzento e nublado.

Fui reconhecer o meu próximo local de experimentação: a Piscina de Celas. Nada tive contra o local, apenas com o tempo que demorava a deslocar-me de autocarro. Aquele autocarro demora vinte minutos a chegar lá, quando não demora mais. Aquele caminho foi para mim uma eternidade. Enquanto olhava pela janela do autocarro para disfarçar todo o meu desencanto, pensava no que iria ser da minha vida. Teria de me deslocar todos aqueles dias para Celas. Na minha mente pairava o fantasma da primeira experimentação em que eu perdia tempo a esperar autocarros e quase nunca chegava a horas. Ainda bem que as pessoas compreenderam sempre.

Questionava também se valeria a pena continuar na formação. Não iria para a Académica fazer o estágio- que era o que eu sonhava e o que era adequado às minhas habilitações e objectivos pessoais. Ainda por cima tenho os colegas que tenho. São uns traidores, uns ingratos, umas pessoas sem objectivos, umas pessoas que acabaram de demonstrar o quão falsos são. Não valia a pena!

Fui bastante bem recebida pelo director da Piscina que já estava à minha espera para me dar as boas vindas e para me explicar o funcionamento das instalações em traços muito gerais. O meu estado de espírito é que não era o melhor para estar a reparar em pormenores. Apenas reparei que a viagem era longa e ia ser um corrupio para chegar a tempo e horas. Começava a passar-me. Só o facto de faltar apenas um mês e pouco para o final da formação me deteve de ir embora. Isso e o curso de Holandês.

Por muito que tentasse, não conseguia controlar as emoções que teimavam em me assolar. Ignorava que estava na rua, num autocarro cheio de gente e na cantina. As pessoas, naturalmente, perguntavam-me o que é que se passava. Sem saber o que dizer, argumentava que era o Sol que me estava a irritar os olhos e que não me devia ter esquecido dos óculos escuros em casa. Não insistiam.

E lá tinha eu de aguentar com os meus colegas- os responsáveis maiores de tudo isto. Cheguei atrasada ao ensaio. Ainda com as lágrimas a escorregarem teimosamente dos meus olhos entoei os primeiros acordes da música de Natal. Aos poucos fui-me comportando como se nada se tivesse passado.

Já há duas noites que sonho com mais gatos em casa. Sonho com o Ju, com o Max, com a Teka e com outros que eu nem sei quem são.

Estamos a atravessar o chamado Verão de S. Martinho. O Sol já brilha, mas faz-se sentir um certo frio. Passam por mim umas motos bem barulhentas que me irritam profundamente. Eu passo-me com o barulho dos veículos motorizados na rua. Fico mesmo fora de mim.

No prédio da Caixa Geral de Depósitos havia gente empenhada em chamar a atenção de quem passava. Diria mesmo que estavam mesmo empenhados em dar escândalo.

Já referi que a aula foi uma continuação da anterior em que se abordaram os comportamentos a adoptar perante uma entrevista de emprego. Eu saí a meio para reconhecer o local de experimentação.

A parte da tarde também foi dedicada aos últimos ensaios antes de partirmos para os locais da terceira e última experimentação. Eu diria que depois de regressarmos tudo volta à estaca zero. A maior parte das pessoas já terá esquecido a letra da música. Dos passos da Zorba é melhor nem falar.

No final dos ensaios procurava a casaca de ganga que tinha trazido. Não a encontrava em parte alguma. Havia outra casaca de ganga que não era a minha e já me estava a passar. A paciência naquele dia- ainda por cima para os meus colegas- era limitadíssima. Toupeiras dum raio! A minha colega (que é a que vê mais na turma) tinha a levado por engano. Foi o primeiro sorriso que me conseguiram arrancar naquele dia.

Fui treinar tarde, a más horas e sem paciência nenhuma. O motivo do atraso irá ser explicado na “Situação do dia” e só demonstra em termos práticos como eu estava e onde eu estava com a cabeça.

A forma como apontei o treino também diz bem do meu estado de espírito. E hoje eu que me amanhe, mais de três meses depois. Diz que fiz um treino parecido com o da passada quarta-feira em que dei 15 voltas em mais de 44 minutos. Segundos exactos não se apontaram. Para quê? Não era preciso. Não me esqueci de fazer os alongamentos. Notas não há. Havia era que me enfiar em casa e estar só a pensar na vida que continua a me ser adversa.

E assim se passou mais uma semana que começou optimamente e terminou menos bem.

Uma última nota: Passaram mais de três meses desde a data destes acontecimentos até à data de hoje. Um comentário apenas posso proferir que resume tudo o que acabei de relatar e que resulta das voltas que as coisas deram. Apenas posso dizer então: QUEM DIRIA!

Situação do dia:
Esperavam-me muitas viagens de autocarro. Isso preocupava-me. Em Setembro tinha mandado fazer um passe que não cheguei a carregar por considerar que não valia a pena. Isto aquando da minha primeira experimentação. Agora sim era altura de o carregar. Com o saco do equipamento às costas, dirigi-me ao local de compra de viagens que também não fica muito longe do Estádio. Já estava quase lá quando me lembrei que não levava o passe. Essa foi demais. Tive de voltar para trás, que até me consolei! E lá me atrasei para o treino.

Bacorada do dia:
“Dia 15 de Dezembro é outra vez feriado.” (É dia de Santa Seca e de São Queromeirembora.)

Entrevista de emprego

Tó Bóias estava desempregado há mais de dois anos. A empresa para a qual trabalhava fechou as portas e o patrão afirmou que iria deslocalizar os seus negócios para um país asiático. Estava a pensar seriamente ir para a China.

Estava inscrito no Centro de Emprego desde essa data, mas nada do que aparecia se adequava às suas características. Um dia recebeu uma carta para se dirigir a uma entrevista de emprego para varredor de rua.

Mandam as boas regras deste tipo de candidaturas que se estude primeiro algo acerca da entidade patronal que está a oferecer o emprego. Pois bem, na véspera da referida entrevista, Tó Bóias passou o dia a ver filmes pornográficos que alugou no clube de vídeo das proximidades da sua residência.

No dia marcado, Tó Bóias levantou-se mais tarde ainda que de costume. A roupa que levou foi a mesma com que andou durante toda a semana. Aliás, parece que já na semana anterior o artista usava aquela camisa aos quadrados azul (ou de que cor seria?) As calças tinham altas nódoas e os sapatos andavam sujos e malcheirosos até mais não poderem.

Já era demasiado tarde e também não dava tempo de tomar um banho, por isso ele apareceu assim como estava. Ia prometer aquela entrevista!

A hora marcada para o início da entrevista era as 14.00h, mas Tó Bóias apareceu no local quarenta e cinco minutos depois e ainda perguntou em voz bem alta e estridente se tinha chegado atrasado. Os outros candidatos olharam-no com ar de gozo.

Mal chegou, o nosso artista quis logo entrar e ser atendido, alegando que tinha de apanhar o autocarro. Já enojados com o fétido odor que emanava do seu corpo por lavar desde o dia em que foi ao médico (nesse dia tomou banho porque a mulher o obrigou, ameaçando-o com um pau com pregos), os outros candidatos deixaram-no passar. Ele abraçou efusivamente um dos outros candidatos que já ia virado à casa de banho. O entrevistador pôs cobro àquela cena e mandou entrar o Tó Bóias.

Como não sabia o que era lavar os dentes, Tó Bóias comprou num quiosque uma caixa de pastilhas elásticas e enfiou-as todas na sua boca imunda. Foi a mascar essa gigantesca pastilha de forma irritantemente ruidosa que ele entrou na sala das entrevistas. Antes que o entrevistador o mandasse sentar, já ele puxou duas cadeiras que fizeram um barulho estridente que se ouviu lá fora. Uma cadeira era para ele se sentar e a outra era para ele colocar os pés. Disse o artista ao entrevistador que estava habituado lá em casa a estar assim quando via televisão.

Na sua boa-fé, o entrevistador perguntou a Tó Bóias porque é que se pretendia candidatar ao emprego em questão e ele respondeu que era para ganhar dinheiro para garrafões de vinho. Implorou para que fosse escolhido pois afirmava ser ele o mais necessitado de emprego que por ali andava.

O CV que estava na mão do entrevistador era apenas uma folha e Tó Bóias perguntou-lhe “que raio de papel era aquele”. Na verdade não foi bem assim que ele perguntou. As perguntas que lhe fizeram incidiram sobre aquele documento onde se narrava em traços gerais o seu percurso profissional. É incrível, mas o artista não sabia que aquilo era um Curriculum Vitae. Ele até pensava que era nome de medicamento para deixar a pinga.

Por várias vezes Tó Bóias interrompeu o entrevistador com histórias que se passaram no emprego em que ele era um herói e tinha trabalhado aí o dobro dos outros. Quanto ao que lhe era perguntado não sabia a resposta e logo retomava todas aquelas histórias rocambolescas.

Já farto de tudo aquilo e do mau cheiro do candidato, o entrevistador deu por encerrada aquela entrevista e mandou sair Tó Bóias que voltou a arrastar as dias cadeiras, anunciando aos candidatos lá fora que estava de saída.

Obviamente que ainda não foi desta que Tó Bóias conseguiu emprego. A continuar assim, tão depressa não arranjará.

Naquele longínquo dia 9 de Novembro em que o Sol brilhou, fiquei de resolver o assunto do voluntariado para o jogo de Portugal com o Kazaquistão.

A casa de banho lá de casa tinha água no chão que eu não sabia de onde vinha.

Nada resolvi quanto ao voluntariado. Havia greve na Função Pública e só na segunda-feira poderia resolver esse assunto. E eu que estava em pulgas por poder participar nesse jogo!

As aulas decorreram normalmente. Claro que se falou de entrevistas de emprego. Foi por essa razão que decidi caricaturar neste texto uma dessas entrevistas de selecção. Achei um tema bom para caricaturar e mais nada.

Na cantina havia uma enorme fila e uma barulheira desgraçada. Demorei-me ali bastante. Havia que comer bem. É que pela tarde havia a Canção de Natal para ensaiar. Era desta que as instalações da ACAPO iam ficar sem vidros. Provavelmente o prédio iria todo abaixo.

Chateada com uma colega minha por causa da forma como me pediu um CD, fui para o treino. No corredor escuro choquei com um outro atleta e isso magoou-me um pouco num braço. Nada que me impedisse de fazer o meu treino normalmente.

O treino naquele dia consistiu em trinta minutos de corrida com acelerações de dois minutos e três de corrida normal. Fiz isso por três vezes- o que resultou em mais de dez voltas na pista 7.

Refira-se que a noite estava uma maravilha para a prática desportiva e que aquele cabo continuava na pista. Como sempre o treino terminou com uma indispensável série de alongamentos.

Em casa esperava-me roupa para pôr a secar ou arrumar. No dia seguinte esperavam-me emoções fortes. Vai ser estranho escrever aquele texto mais de três meses depois e quando o meu futuro passou pelos acontecimentos daquele dia. É por isso que eu penso que a nossa vida é completamente guiada pelo destino e há coisas incríveis. Vai ser lindo escrever aquele texto, mas vou fazer o melhor.

Situação do dia:
Enquanto estendia roupa e ia trauteando a nossa Canção de Natal, que me tinha ficado no ouvido, comecei a ouvir barulho e gritaria no prédio em frente. Parecia uma discussão. Os intervenientes carregavam os seus discursos inflamados de palavrões e insultavam-se uns aos outros. Parei de cantar e fiquei a ouvir sem entender muito bem qual o motivo daquela autêntica “peixaria”.

Bacorada do dia:
“A Câmara esteve a candidatar…” (Recrutar ou seleccionar.)

Zorba, tango e canções de Natal

E aproxima-se a passos largos a Festa de Natal. Este ano resolvemos fazer algo de diferente, de arrojado e (porque não?) de mais perigoso. Um bando de toupeiras a dançar a Zorba vai ser demais. Ainda por cima temos de trocar os pés!

A Zorba é uma dança tradicional grega que se executa de forma complicada e nós, as toupeiras, vamo-nos ver gregas para nos mantermos dignamente equilibradas. Um deslize e lá vai o pessoal todo para o meio do chão. Para cúmulo, isso havia de acontecer logo no dia da festa.

Já estava a ver o salão do IPJ a abarrotar (especialmente de crianças). Um pisão ou uma troca de pés e lá ia o pessoal pelo soalho fora. Era um coro de gargalhadas, enquanto outros perguntavam aos filhos e netos- que já não podiam mais de tanto rir- o que é que se passou. Pelo que se tem visto nos ensaios, parece que vai haver coisa insólita.

Melhor parece estar a correr o cântico de Natal. O nosso colega adaptou um tema de Verdi e fez-lhe uma letra inédita para cantarmos na festa. As vozes vão ficando cada vez mais afinadas. O pior é que vamos passar três semanas uns para cada lado e muitos esquecem-se da letra e há molho.

O que não vai fazer parte da festa são os passos de tango que eu e a formadora (ai os meus colegas que pensavam “elas nem se podiam ver e agora dançam tango e tudo”) demos no salão. Eu não tenho jeito nenhum para dançar essas coisas e desisti, apesar de ela me querer ensinar. Ia-se arrepender porque ainda lhe pisava um pé sem querer. Dança para mim só com aquela música que mais à noite iria escolher para uma outra Festa de Natal que haveria mais tarde. Na altura recusaram o meu número na festa do dia 16 por não haver espaço no programa. Eu também não sabia se ia à festa. Fiquei a saber justamente hoje e no meio de mais um ensaio. Lá tenho eu de me baldar às provas de Atletismo!

Estou em condições de adiantar que executei a minha dança a solo no dia 22 de Dezembro. Lá chegaremos, mas é mais à frente neste texto que vos direi como ganhou força aquilo que não passava de uma ténue ideia.

Ainda no salão havia quem levasse tudo à frente a dançar a Zorba. Ainda surgiu a ideia de se dançar qualquer coisa vinda da Rússia. Era algo que os soldados soviéticos dançavam quando já estavam com os copos. Eu faço ideia de como seria essa dança. Pensando bem, até seria melhor para nós. Se caíssemos, podíamos dizer que aquilo era “a dança dos Russos quando carregam na vodka”.

Assim se passou aquela tarde dedicada aos ensaios, ao canto da “Cinderela” do saudoso Carlos Paião e a tangos, valsa e danças inqualificáveis com a mobília à frente e tudo.

Por acaso até sonhei com arraiais e bandas de música. Já adivinhava o dia que ia ter. Previa-se tempo bom. Mais um motivo para cantarmos.

Como habitualmente acontece, costumo passar um CD assim que acordo. Nesse dia passei um CD repleto de temas instrumentais. Uma dessas músicas lembrava-me algo, mas eu não sabia bem o que era. Só depois de muito puxar pela cabeça é que me lembrei que aquele mesmo tema foi utilizado no Mundial de Ginástica Acrobática por duas atletas do Azerbeijão. Nesse mesmo CD havia uma outra música que me deu algumas ideias interessantes. Estava ali um potencial tema para um provável número de uma das minhas danças na Festa de Natal.

Na sala de multimédia alguém tinha deixado um balão verde. Mazinha como sou, tentei rebentá-lo. Só que o balão ainda conseguiu ser mais mauzinho e mais teimoso que eu e não se deixou rebentar. Desisti, até porque tinha mais que fazer do que andar a correr atrás de balões para os rebentar.

Nem vale a pena falar das monótonas aulas que tivemos de manhã em que nada de relevante se terá passado. A tarde seria bem mais produtiva. A cantar e a dançar é que nos sentimos bem! O Verão de S. Martinho também dava uma ajudinha.

Depois do almoço na cantina, fui lavar as mãos àquela famosa casa de banho que tem umas luzes que se acendem quando pressentem que alguém vai a passar por ali. Só que naquele dia pressentiram mal e não acenderam. E lá tive eu de lavar as mãos às escuras, que até me consolei!

Depois de toda a animação que foi aquela tarde de quarta-feira, fui treinar. Excepcionalmente, e como a aula de Holandês já tinha sido na véspera, treinei a uma quarta-feira. O cabo que esteve na pista durante uma jornada de Atletismo do INATEL- e que prejudicou alguns atletas- voltou de novo a estorvar e a alterar o treino. Assim tive de dar 15 voltas na pista 5. Devo ter batido o meu recorde nessa distância, apesar de ter um pequeno problema digestivo. Demorei apenas 44.55 minutos a percorrer as quinze voltas. Ao fim de uma hora e dez minutos, e depois de descomprimir com alguns alongamentos, dei por terminado o treino num final de tarde agradável.

Cheguei a casa e voltei ao CD que tinha deixado de manhã. Como eu disse, trata-se de um CD com música instrumental e ritmada. A faixa 10 daquele álbum deu-me a ideia de a usar de qualquer forma para uma das minhas coreografias maradas. Iria ainda tentar incluir o meu número na Festa de Natal do dia 16. Sabia que iria ser difícil. Se eu tivesse sabido mais cedo que afinal ia estar pressente na festa...

De qualquer forma iria tentar ainda fazer alguma coisa e propor o número. Apesar de o tema nada ter a ver com a quadra natalícia, iria fazer com que o meu número se adequasse ao Natal. Passei a música vezes sem conta e imaginava o que poderia fazer. Desde essa manhã que me tenho vindo a lembrar de alguém que me inspirava bastante. Alguém que vestia de vermelho e que era um especialista nestas coisas de dança. A propósito: eu nem queria imaginar se por acaso o encontrasse na próxima semana no jogo. Ia ser uma coincidência encontrá-lo no mesmo local onde eu o vi pela última vez. Isso é pouco provável de acontecer. A probabilidade de o encontrar é semelhante à de eu ganhar o Euromilhões.

Foi a pensar nele, no vermelho, na dança e na cor do Pai Natal que tive uma ideia luminosa. Voltei a passar a música e imaginei-me a fazer um número de Natal apenas com adereços de Natal e vestida de vermelho e branco. Tenho um saco de Pai Natal e algumas peças de roupa vermelhas ou brancas. Não precisaria de comprar nada. Estou em condições de dizer que consegui realizar tudo isso. Subtilezas do facto de o blog estar desactualizado desde há muito.

Ainda nessa noite guardei o CD à parte e apontei o número da faixa que iria utilizar.
No “Um Contra Todos” o padre conseguiu levar o prémio para a sua paróquia. Com a bênção de Deus- e a ajuda do último trunfo de que dispunha- o “Sô Padre” lá conseguiu arrebatar o tão ansiado dinheiro. O concorrente e a plateia afirmavam sem qualquer sombra de dúvida que o Suriname ficava em África. O padre de uma paróquia do Interior afirmava convictamente que “o Suriname era a mesma coisa que Burkina-faso.” Comprou a resposta e teve a sorte divina de os seus adversários também pensarem a mesma coisa. Eu também pensava há alguns anos atrás que o Suriname ficava na África, mas depois vim a saber que ficava até perto do Brasil.

Situação do dia:
No percurso da cantina para a ACAPO passaram por mim duas pessoas de canadianas. Uma situação pouco habitual!

Bacorada do dia:
“Podem ir ao pequeno-almoço.” (De referir que estávamos no intervalo da tarde.)

Sunday, February 18, 2007

Ser a melhor

Afinal fui eu quem teve a melhor nota no teste de Holandês. Arredondada a nota, pode-se dizer que tive 20.

Não sabia qual a sensação de ter um vinte a qualquer coisa desde a escola primária. Nessa altura várias pessoas partilhavam comigo a melhor nota de todas as fichas, menos das de Matemática.

Numa instituição como é a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, olhar para qualquer pauta ou para uma lista de notas e ver uma nota dessas ao lado do meu nome é algo de inédito.

Se eu não tivesse dado um pequeno erro na palavra "dankjewel" teria um vinte ainda mais redondinho. Mas não interessa, a única coisa que eu sei é que estou feliz como há muito não me sentia. A aula de ontem e esta nota que tirei graças ao meu empenho e dedicação fazem com que as coisas me estejam a correr de feição.

Ter sido a melhor no teste encheu-me naturalmente de vaidade e deu-me alento para continuar a estudar ainda mais.

De facto, naquela manhã nublada e sem chuva ainda me encontrava sob o efeito daquela aula maravilhosa que me havia colocado no mundo da lua e da excelente nota que tirei no primeiro teste de Holandês. Dizia o pessoal que eu andava muito faladora e a rir-me. Havia de chorar?

Aquelas aulas que temos entre uma experimentação e outra são uma grande maçada. Preencher fichas, procurar emprego, ficarmos sozinhos dentro das salas enquanto os formadores reúnem...É de tirar a paciência a qualquer pessoa. Eu andei a tirar uns contactos de associações de Deficientes Visuais na Holanda. Como infelizmente não posso fazer o curso de Verão de Holandês por não ser estudante, quero ver se arranjo outro tipo de intercâmbio. Mais agora que tirei a nota que se sabe no teste.

Mais um copo partiu na cantina. Por este andar, qualquer dia, passa a haver copos descartáveis ou canecas de plástico para já não partirem.

Nessa tarde ia haver uma aula suplementar de Holandês e eu tinha de faltar. Ainda não sei se vou à festa de Natal da ACAPO que se realiza dia 16 de Dezembro. Mesmo assim lá se tem de ensaiar a canção de Natal e a Zorba. Eu acho que essa coisa da Zorba ainda vai correr mal e lá temos nós de aguentar o vexame de termos tropeçado nos pés uns dos outros e temos caído num monte. Bem, podemos alegar que fazia parte da dança.

Antes que me envolvesse nos pés de alguém e fosse parar ao chão, meti-me ao caminho virada à Faculdade de Letras. Mais uma vez a aula era numa sala diferente. Escusado será dizer que tive de andar às aranhas a ver onde era mais aquele anfiteatro.

Estivemos a falar de festas, feriados e aprendemos a cantar os Parabéns. As duas últimas horas já decorreram na sala habitual para podermos fazer exercícios nos computadores.

Com tudo isto, o treino foi adiado para o dia seguinte e voltei para casa feliz da vida. Não é todos os dias que se é a melhor.

Situação do dia:
Todos os relógios falantes (pelo menos a maioria) têm um despertador que é um galo a cantar. Um colega brindou a assistência com um sonho deveras hilariante. Sonhou ele que o galo do despertador punha ovos consoante as horas que eram. Quando eram oito e meia (hora de ele se levantar) o galo deixou-lhe em cima da mesa-de-cabeceira oito ovos e mais um ovo estrelado. Toda a turma se partiu a rir quando ele contou o sonho.

Bacorada do dia:
“Eu ainda vou dar aulas às oito e meia.” (Já não era daquele dia!)

Feliz como há muito não me sentia

Já há muito que estava previsto termos uma aula especial de Holandês. Uma docente vinda da Universidade de Utrecht iria falar da colonização holandesa no Brasil, em particular de João Maurício De Nassau. Do que eu não estava à espera foi do encanto que aquela iniciativa me proporcionou.

Sou incapaz de explicar todo o emaranhado de sensações que me invadiam naquele momento. À medida que a aula decorria e que eram mostradas fotos das localidades de extrema importância para esta figura da História, eu sentia-me como que enfeitiçada a olhar para tudo aquilo e a sonhar acordada.

O meu interesse e a minha concentração iam subindo. Sentia uma estranha paz e sensações agradáveis invadiam-me à medida que olhava para a paisagem bucólica de Kleve. Aquele parque era tão verde, tão puro, tão cheio de história. Era encantador. Transportava-me para o mundo dos sonhos e da imaginação.

Como seria bom estar num local como aquele! De facto, senti-me transportar para lá. Imaginava-me numa visita guiada àquele local tão extraordinário. Acompanhava com atenção todas as explicações e, ao mesmo tempo, imaginava-me ali num clima feliz, sem pensar em nada. Um dia gostaria de ir até lá e sentir verdadeiramente todas aquelas sensações que me invadiram de forma quase imprevisível e repentina.

Jamais esquecerei aquela aula que me fez sonhar acordada e me fez sentir feliz como há muito não me sentia.

Foi nesse estado de espírito que cheguei a casa. Para terem uma ideia de como eu fiquei, basta dizer que me esqueci completamente de que havia jogos naquela noite.

Levantei-me bem cedo. Esperava-me mais uma semana daquelas que eu não gosto nada. É uma seca preencher aquelas fichas e ter daquelas aulas que cansam uma pessoa e desmotivam até o ser mais motivado, seja para que for.

Oh não! A chover logo quando eu vou a sair de casa! É incrível como a chuva aparece sempre nessa altura. Há-de haver um dia em que não está previsto chover e cai uma monumental tromba de água àquela hora só para me chatear.

Era a primeira vez que ia encarar os meus colegas depois daquele incidente com a formadora. Alguma amargura percorria o meu espírito. Saber que não se pode confiar em ninguém ali é duro. Estamos longo tempo juntos na mesma sala. Mal temos tempo de conversar com as pessoas da rua e, por fim, acontecem dessas situações. É triste encarar os colegas de sala com desconfiança. A partir daquele dia, decidi que não me meteria em certos assuntos. Nem que visse que eles “matavam e esfolavam” alguém. O desprezo seria a melhor arma para pessoas sem escrúpulos e sem valores que partilham o mesmo tecto que eu.

Eles devem ter ficado boquiabertos ao constatar que o clima de tensão e agressão mútua que existia entre mim e a formadora desapareceu. Eles nem desconfiam que eles próprios foram os responsáveis pela nossa reconciliação. Eles nem sonham o que se passou no último dia antes de partirmos para esta experimentação.

Na sala reencontrámo-nos todos e colocámos a conversa em dia. Eu sempre de pé atrás. Das peripécias ocorridas durante o período de experimentação de cada um podíamos falar. Uma colega minha disse que detestava holandeses e contou que, na estalagem onde ela fez a experimentação, um casal de holandeses de meia-idade tinha alugado um quarto. Na noite do temporal a sua invejável criatividade mundialmente reconhecida veio ao de cima. A minha colega chama-lhe outra coisa. Para comprovarem que chovia dentro do quarto que alugaram, encheram uma bacia com água e apresentaram-na à gerência do hotel. Com isto o casal livrar-se-ia de pagar. Ah valentes!

Por falar em chuva, o tempo continuava bastante instável.

Depressa chegou a hora de ir para as aulas de Holandês. Como a aula era especial, ia decorrer numa outra sala. A minha preocupação era encontrar o local onde se iria realizar a aula. Encontrei um colega meu e andámos largos minutos por aqueles amplos e labirínticos corredores à procura da sala.

Foi uma coincidência termos chegado os dois ao mesmo tempo. É que fomos os melhores no teste. Na carteira onde eu estava sentada estava escrita a seguinte frase: “Tá tudo ao troncário.”

Era noite de Futebol. Não me recordo como ficou o jogo do Sporting, até porque me esqueci dele, mas o Porto foi a Setúbal derrotar a equipa local por 0-3.

Situação do dia:
Já ia em cima da hora para a aula, ainda tinha de procurar a sala e os autocarros e as carrinhas da Ecovia não me deixavam passar. Estavam todos ali.

Bacorada do dia:
“O percurso foi muito penal.” (O que a simples troca de termos semelhantes provoca!)

Domingo desportivo e nada mais

O Domingo, por norma, costuma ser um dia em que o Desporto é tema fulcral num dia passado em casa e onde nada de insólito se passa.

Tudo começa ainda nos últimos minutos do dia de Sábado com a busca de notícias de Ciclismo e outras coisas de meu interesse. Como o meu interesse gira em volta do Desporto...

No dia em que o ciclista da Rabobank Koos Moerenhout completava 33 anos, fiquei a saber que um dos ciclistas de futuro da equipa- o Jos Van Emden- renovou o seu vínculo.

Era, no entanto o Futebol que dominava. Numa tarde de intensa chuva a Académica venceu o Estrela da Amadora por 2-0.

Já à noite o Estádio da Luz foi palco de mais um jogo do Glorioso. O adversário era o Beira-Mar que até costuma vencer o Benfica. Lembro-me que o Benfica até perdeu com a equipa de Aveiro no primeiro jogo realizado no novo Estádio da Luz para o Campeonato. Não se esperavam facilidades, portanto. O grau de dificuldade e o receio aumentavam porque do outro lado existia Jardel. O prestigiado ponta-de-lança brasileiro foi recebido com um coro bem audível de assobios por parte dos adeptos encarnados.

O Benfica acabou por vencer o jogo com relativa facilidade por expressivos 3-0. Os tentos encarnados foram marcados por Katsouranis, Petit e...Ricardo do Beira-Mar que resolveu imitar Caldwell e oferecer também um golo ao Benfica. Não será o único a marcar golo a favor do Benfica. Mais à frente também um jogador do Marítimo irá proceder da mesma forma. O Benfica é o maior! Em cada equipa adversária tem sempre um “amiguinho” que resolve ajudar o seu clube de sonho a vencer o jogo contra a sua equipa. Desta vez foi Ricardo, na passada quarta-feira foi Caldwell.

E assim se passou mais um fim-de-semana na tranquilidade do lar. A semana que se iria seguir iria trazer consigo um turbilhão de sensações e de decisões. Aguardem pelos próximos textos.

Situação do dia:
Apanhei um valente susto ao pensar que já tinha avariado o meu leitor de mp3. O que aconteceu foi que eu estava-lhe a colocar a pilha de forma incorrecta.

Bacorada do dia:
“Não deve haver contraplacência.” (Como desconheço de todo o significado desta palavra inventada à pressão, fiquei sem saber o que é que não deve haver.)

O pior texto deste blog

Mas o que é que eu hei-de dizer? Estou completamente bloqueada. Ou então nada se passou mesmo de relevante e digno de registo. Isto é indigno! Todos os dias se havia de passar alguma coisa, nem que fosse para eu comentar ou inventar.

Tenho de ficar para aqui a “encher chouriços” porque o dia nada teve de extraordinário. Ou então fui eu que não apontei devidamente o que se passou. Como terei eu ido para casa? Se calhar até fui a pé, mas nada se passou. Esperem! Terá sido nesse dia que a minha madrinha me deu boleia até casa numa camioneta dificílima de subir? Tenho uma ideia disso.

Um dia em que ameaçou chover e pouco mais. Que mais há a dizer? Que este texto é o mais enfadonho de todo este blog que, modéstia à parte, até tem coisas engraçadas? Era sábado e bastava. Nem os gatos terão contribuído para enriquecer esta crónica. Entraram em greve. Passaram a não fazer disparates. Novidades? Nenhumas que interessem para aqui.

Ah! Parece que passei a tarde a actualizar o blog e a passar apontamentos. Nada mais! Descansadinha na terrinha de forma tranquila, pacífica e sossegada. Tudo normal!

Bem, tenho de dar por finalizado este que é, provavelmente, o pior texto deste espaço. Se me apetecer ainda o apago.

Situação do dia:
Afinal sempre se passou alguma coisa de extraordinário, mas eu preferi guardar para este espaço. A impressora andava maluca e não me imprimia as coisas como eu queria. Quanto menos trabalha, menos quer trabalhar!

Bacorada do dia:
“Segunda-feira, antes de sair de casa, tenho de pôr uma bomba disto.” (Ambientador no quarto que fica fechado de uma semana até à outra.)

Acordei do sonho

E com muita pena minha chegou a hora de me despedir da Académica. Chegou ao fim o sonho que me envolveu ao longo dos últimos dias. A hora é de acordar e de despertar para a dura realidade.

Muito eu gostaria de prolongar esse sonho que se confundiu com a realidade. Ou será que foi o contrário? O que interessa é que o sonho não se realizou. Realizou-me enquanto Ser Humano e fez com que todas as tormentas ficassem situadas num profundo patamar quase inacessível. Pelo menos durante algumas semanas.

Como quem acorda de um sonho bom que teve durante uma produtiva noite de descanso, também eu tenho de abandonar este verdadeiro conto de fadas em que me envolvi e regressar às trevas e aos subterrâneos povoados de obstáculos e preocupações, de onde me é difícil sair.

Ao longo dos últimos quinze dias vivi o impossível, vi-me a fazer algo que idealizei fazer e que achava quase impossível concretizar. Pareceu-me ter o espírito mais aberto, viver num clima de paz e pensar que o que se tinha passado para trás não havia passado de um terrível pesadelo.

Tal como acontece em todos os sonhos, também este tem de acabar. Não é com o acordar brusco, nem com a terrível algazarra do despertador. Quando ao final da tarde eu passar aquelas portas de madeira, descer aquelas escadas e sair para a rua tudo irá retomar o seu curso negativo. Tudo voltará à rotina de sempre.

Foi óptimo, mas acabou depressa. Assim passassem os tempos menos bons que eu tenho tido e que se prolongam até ao dia do meu juízo final, condenando-me por crimes que não cometi.

Foi fantástico ter conhecido o lado bom da vida, mesmo por um tempo tão limitado. Algo que eu quase nem conheço o sabor e, quando o sinto, o seu agradável efeito passa depressa.

Aquele dia iria passar depressa, apesar de ser véspera de fim-de-semana. Gostaria de prolongar estes momentos para a eternidade, mas eu não comando o tempo. Se tivesse esse dom faria tudo exactamente ao contrário. Os momentos bons passariam devagar e momentos como este durariam para sempre. Como eu não tenho esse poder, resta-me acordar deste sonho bonito que me invadiu. Quando passar as portas de madeira, descer as escadas e sair para a rua, tudo chegou ao fim. Acordei!

Consta que tenha chovido naquela madrugada. Apesar das más condições climatéricas, os gatos discutiam e o seu som cortava a noite silenciosa. Indiferente a isso, parece que sonhei com uma música e de manhã acabei por passar o CD onde ela se encontrava. Devia ter apontado qual era esse tema musical.

Na ACAPO o cabo da Internet do computador estava desligado. Aprendi a ligá-lo. Para a próxima já sei como hei-de proceder de modo a que tudo o que se passa no Mundo me chegue ao conhecimento. A vida do Ser Humano é uma constante aprendizagem!

E parti para o meu último dia na Académica. Teve que ser. Despedi-me em beleza ao entrevistar dois atletas brasileiros que colaboravam bastante nas respostas às minhas perguntas. Nem outra cosa seria de esperar de alguém que chega do País Tropical de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Parece que a chuva voltou, de forma lamentável e impiedosa a fustigar o Sul de Portugal e a causar avultados prejuízos. Dizem os entendidos nisto do clima que será assim daqui ao futuro.

A saudade teve de apertar na despedida, mas a vida tinha de continuar. Depois de um dia de trabalho, o mais normal era partir para mais uma sessão de treino. As provas estão aí não tarda nada e quero iniciar conforme acabei: a fazer bons resultados. Em 45 minutos de corrida contínua- com a pista molhada- dei catorze voltas e mais cerca de oitenta metros a uma das pistas de fora. Os indispensáveis alongamentos deram por terminados os treinos da primeira semana de Novembro.

Estava assim terminada a semana e o dia que não desejei que tivesse terminado. A rotina e o regresso à ACAPO esperam impreterivelmente por mim na próxima semana.

Situação do dia:
Um aluno da Escola Infanta D. Maria “semeou” dinheiro que foi cair ao meio da estrada. Se ele nascesse...

Bacorada do dia:
“Desculpe, o meu computador tem buracos!” (Se nós temos buracos, as coisas também os têm.)

Sunday, February 11, 2007

A equipa dos nomes esquisitos

Há tantos anos que vejo e ouço Futebol e não me lembro alguma vez de ter visto uma equipa assim com nomes...como é que eu hei-de dizer...estranhos, cómicos, esquisitos...

Os checos do Slovan Liberec (só o nome da agremiação já de si é esquisito) deslocaram-se ao Estádio Municipal de Braga para discutirem com a equipa local um lugar na próxima fase da Taça UEFA. Acabaram por perder o jogo por 4-0 ou 4-1- não sei se eles chegaram mesmo a marcar o seu tento de honra.

Aqui para o caso pouco interessa o desfecho da partida. Com nomes destes, os jogadores checos do Slovan Liberec (mesmo que queiram) nunca chegarão a ser grandes figuras do Futebol mundial. Já são, não pelo Futebol praticado porque não parecem ser grande coisa, mas por ser a agremiação com os nomes mais estranhos da Europa.

Eu imagino o coro de gargalhadas com que foi brindada a divulgação da equipa checa pela instalação sonora do maravilhoso estádio bracarense. Alguns adeptos afirmam mesmo nunca se terem rido tanto na vida e outros parece que não se lembravam da última vez que riram até não poder mais. Ainda antes do desafio começar foi grande a afluência de pessoas às casas de banho, apertando as mãos na barriga e temendo chegar a tempo de evitar fazerem nas cuecas com o esforço das gargalhadas. Outras mais azaradas lamentarem o facto de não trazerem consigo uma amostra de Lindor Elásticos. É que aquilo mais parecia uma plateia de um espectáculo de stand up comedy e não a assistência de um jogo de Futebol.

Os jornalistas, especialmente os repórteres de rádio, não sabiam o que fazer com tão insólitos nomes. Algumas rádios locais minhotas optaram pela estratégia de identificar os jogadores checos pelos números das camisolas. Aí não passavam vergonha.

A Antena 1 optou por dizer mesmo o nome das criaturas. Sempre atenta (e não querendo que este fenómeno passasse despercebido) fui escrevendo aqueles nomes esquisitos como eu julgava que se escreviam. O resultado foi o seguinte: Odur, Singlar, Papusek, Olenda, Pudyl, Kostal, Frijlak, Bilek...and the winner is...atenção a este nome...Zapotocni.

Como o Slovan Liberec não é o União da Madeira para trocar o nome aos jogadores, alinhou com o seguinte onze (agora de forma correcta que eu fui buscar): Marek Cech; Singler, Zapotocny, Kostal e Pudil; Papousek, Bilek, Hodur e Frejlach; Holenda e Pospech. Os suplentes, coitados, como não tinham nomes tão cómicos tinham de se sentar no banco. Se fosse “à União da madeira”, os jogadores passariam a ser conhecidos pelos nomes que passo a referir (os jogadores são os mesmos): Marek Cech; Peter; Tomas I; Pavel; Daniel; Petr; Jiri; Ivan; Tomas II; Jan e Zbynek. Assim seria mais fácil.



Agora lembrei-me que o tal do...Como é que é? Zapotocny até era o capitão de equipa. Tinha de ser! O critério de escolha residiu no facto de o jogador ter o nome mais estranho para os estrangeiros fixarem. Eu gostava de ver um dia esse jogador a alinhar numa equipa portuguesa. Se não me falha a memória, penso que ele era central, ou lateral...jogava na defesa. Podia não ter um nome tão complicado como aquele jogador do Boavista de quem falei há tempos, mas certamente, teria o nome mais cómico do Campeonato.

Pode-se dizer que não acordei lá de muito bom humor. O motivo foi um sonho de uma qualquer festa que houve na Holanda a que eu não pude assistir. Nem em sonho! Tempos houve em que os sonhos me permitiam, justamente, ter tudo o que me falta na vida real. Desta vez parece que até os sonhos me resolveram tramar.

E já que não fui à Holanda em sonhos, fiz uma viagem por lá percorrendo a Internet e estudando um pouco. Naquela manhã nublada eu descobri que o co-piloto (não sei se é assim que se chama) do nosso veículo para o Dakar é um borracho. Desses não me importava de ver clonados por aí.

Na Académica tive de fazer um pequeno relatório sobre a forma como decorreu a experimentação. O relatório era tudo menos pequeno. Quando eu sou chamada a escrever sobre algo que me agrada, eu não tenho limites e o discurso torna-se extenso. Se eu aqui puder resumir a forma como eu vivi estas últimas três semanas numa frase, apenas digo o segui9nte: FOI UM SONHO ESTAR AQUI!

Fiquei extremamente satisfeita com o meu desempenho no treino que consistiu em trinta minutos de corrida com três acelerações de três minutos. Percorri 10 voltas à pista e cerca de 150 metros de mais uma. Nunca antes tinha ultrapassado as dez voltas.

Bacorada do dia:
“Uma não sabe fazer saltamento para a areia.” (Salto em Comprimento.)

Ele sonhava jogar pelo Benfica

Realmente há dias em que se tem tanto azar que o melhor mesmo seria nem sequer ter saído de casa. Neste caso foi mais que azar. Eu chamaria a isso que se passou azelhice aplicada.

Em Glasgow o Glorioso perdeu por 3-0 contra o Celtic. Um jogador destacou-se ao apontar dois golos contra nós. Desta vez as coisas inverteram-se. O resultado acabou, no entanto, por ser o mesmo. E novamente foi um jogador escocês a figura do jogo. Complicado?

Passavam poucos minutos desde o apito inicial do árbitro quando o azarado da noite Steven Caldwell resolveu presentear os benfiquistas com um autogolo. Só lhe faltou festejar, nem que para isso tivesse de pedir uma camisola encarnada a alguém. Era muito o descaramento. Ainda se fosse só isso!

Um autogolo pode surgir de uma situação fortuita, mas este jogador- insatisfeito por ainda não ter ajudado o Benfica o suficiente- ainda ajudou Nuno Gomes a fazer o segundo golo.

Provavelmente Steven Caldwell estava a alinhar contra o seu clube do coração, o clube pelo qual alimentava o sonho secreto de um dia poder vir a vestir a sua gloriosa camisola e honrá-la.

Apesar de não ter envergado a camisola do Benfica (a menos que tivesse trocado a sua por uma) Caldwell prestou um excelente serviço ao Glorioso. Tomaríamos nós em certos jogos que alguns jogadores marcassem assim golos ou fizessem assistências para os seus colegas marcarem!

Eu continuo a dizer: ou foi azelhice e disparate do mais raro que há, ou foi o subconsciente de Caldwell a falar mais alto.

Lembrei-me, de repente, que num jogo entre o Sporting e o Dinamo de Tblissi houve também um jogador que fez uma "memorável" exibição. Ainda fez pior do que Caldwell conseguiu na Luz. Era de morrer a rir e, ao mesmo tempo, ter pena daquela criatura que fez passes milimétricos para Liedson que nenhum colega de equipa conseguiria fazer mais perfeitos e ainda marcou um golo pleno de oportunidade...na própria baliza. Não me perguntem o nome do jogador em questão que eu não me lembro. Era um georgiano e eles têm uns nomes bem complicados.

Já referi que o jogo terminou com a devolução por parte do Benfica dos golos sofridos no jogo da primeira-mão. Os três golos foram apontados pelo "novo reforço" Steven Caldwell, por Nuno Gomes (com meio golo a pertencer a Steven Caldwell) e por Karyaka que só me vem dar razão a mim que o defendo.

De referir ainda que os comentadores desportivos das rádios portuguesas passaram a olhar o Caldwell com outros olhos. Era mais um dos nossos!

Ao mesmo tempo do desafio da Luz, decorria na Alemanha o jogo entre o Hamburgo e o Porto. Apesar de ter muitos jogadores holandeses (Matissen, Van Der Vaart e não sei quem mais), a equipa alemã viu confirmado de forma prematura o seu afastamento de toda e qualquer competição europeia ao perder por 1-3.

Lucho Gonzalez marcou um golo monumental que será, provavelmente, o melhor golo da Liga dos campeões ou- quem sabe- de todas as competições mundiais.

Mas nem só de Futebol viver este feriado, apesar de não se ter feito muita coisa que eu também precisava de descansar.

O dia convidava a dar um passeio, mas eu optei mesmo por ficar em casa. Ainda pensei sair à rua, mas a vontade era pouca ou nenhuma.

Ouvi músicas marcantes, apesar de não me lembrar a que música é que eu me estou a referir quando tenho aqui apontado que "aquela música ainda mexe comigo". Deve ser alguma música cujo título desconheço.

Como tinha bastante tempo livre também lavei e passei roupa. Nos outros dias o tempo é escasso para executar esse tipo de tarefas.

Era para sair de casa. Ia treinar ou, em alternativa, iria comprar um casaco que vira na Sportzone. No entanto preferi ficar em casa a dormir enquanto ouvia música latina. Assim fiquei até aproximadamente à hora de início dos jogos.

Situação do dia:
No jogo entre o Porto e o Hamburgo, a certa altura, havia três (?!!!!) bolas em campo. Nunca tal vi.

Bacorada do dia:
“A Coca-Cola teve origem no Brasil.” (Ai se nos Estados Unidos ouvissem isto!)