Saturday, July 07, 2007

Quando o coração chora...eu triunfo

Este é, provavelmente, o sonho mais confuso (e provavelmente também o mais bonito) que aqui está relatado neste meu blog. Provavelmente também será o mais longo.

Lembro-me que nesse dia, mal cheguei ao trabalho, tratei logo de o transcrever para o meu caderno azul de apontamentos que depois irão dar todos os textos que aqui aparecem escritos.

Ora aqui vai o que eu me fartei de apontar naquela manhã de quinta-feira: tinha chegado numa segunda-feira de manhã á Piscina para iniciar mais uma semana de trabalho. Fiquei apreensiva, pois tinham trocado os cacifos todos. Passaram a dar as chaves amarelas aos homens e as chaves azuis às senhoras. E habituar-me a tal ideia! Adivinhava-se confusão da boa!

Pela tarde, o Sol batia dentro da recepção e emprestava ao local um dourado, mesmo cor de fogo que inspirava uma pessoa a se sentir bem ali. O meu colega falava de Futebol. Os quatro golos de Bueno ainda eram o assunto dominante. Já tínhamos TV Cabo e, na Eurosport, assistíamos a uma estranha luta entre um morcão todo vestido de negro e outro vestido de amarelo. Um carregava o outro às costas. Era estranho mesmo!

Passamos para algo que não tem mesmo nada a ver com isto. Os sonhos são assim. De uma situação concreta, podemos passar para outra completamente a despropósito. Pois bem, havia- imagine-se- um teste de Português. Um estranho teste de Português! Já alguma vez viram um teste, ainda por cima de Língua Portuguesa, em que não tivéssemos de escrever, apenas colocar cruzinhas? Só mesmo em sonhos! Mas esperem! Não se admirem antes do tempo porque ainda há mais. Aliás, este sonho…

Voltemos ao teste que eu estava a fazer não sei a que propósito, nem por alma de quem: numa das perguntas (isto é demais) tínhamos de assinalar com uma cruz o adjectivo que melhor caracterizava (que disparate!) uma almofada. Depois de muito esturrar neurónios de tanto tempo que estive a pensar, cheguei à conclusão de que tinha de assinalar todos. Qualquer um dos adjectivos ali presentes na resposta se adequava perfeitamente a uma almofada. Das hipóteses já não me lembro.

Ainda relacionado com aulas (tema dominante deste sonho) encontrava-me num corredor da Faculdade de Letras, embora alterado oniricamente. A minha prima andava por lá a remexer nos caixotes do lixo como a mãe costuma fazer. Eu sempre lhe fui dizendo que não a conhecia de lado nenhum por causa do seu comportamento repugnante.

Agora vem aquela parte que eu me admiro de ter sonhado. Sempre há cada coisa mais estranha no mundo dos sonhos! Estranhíssimo isto! Regressei á Escola Primária de Vale de Avim (local que eu frequentei durante seis anos e de onde saí ai há uns vinte). Nos meus tempos de escola, raramente ia brincar para o recreio. Preferia ficar junto da professora que tricotava junto a um aquecedor. Pegava nos livros que estavam nas estantes e folheava-os. De vez em quando lia alguns. Os que eu achava mais interessantes. O verdadeiro gosto pela leitura, adquiri-o mais tarde quando passei a devorar os livros da colecção “Uma Aventura”. Ainda hoje os gosto de ler e ando a tentar reuni-los todos na minha própria estante.

Foi com essa estante e com esses livros que fizeram parte dos meus tempos de escola no passado que eu sonhei. O tempo passou implacável por aqueles livros que fizeram as minhas delícias de infância. Já tinham as folhas envelhecidas e as suas capas estavam bastante danificadas. O pó dos anos marcava a sua presença.

Quase todas as obras tinham as capas arrancadas e as folhas soltas. Era difícil pegar-lhes. A própria estante também estava já velhinha e os livros estavam precariamente colocados. À medida que eu ia tirando um, todos os outros ameaçavam cair e desfazer-se no chão. Notei que havia imensos livros da colecção “Uma Aventura”. Nem outra coisa seria de esperar numa escola que se preze. No tempo em que eu lá andava, parece que não havia nenhum. Nem sei se já existiam. Afinal não eram muitos. Era sempre o mesmo livro- “Uma Aventura No Algarve”. Não havia um único livro que estivesse inteiro e em condições de ser lido.

Naturalmente que os restantes livros já não me diziam nada, ao contrário de antigamente. Aos trinta anos tenho outros interesses. Apenas gosto de ler esses da Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.

Apenas um livro me chamou a atenção, talvez por ser estranho encontrá-lo ali numa escola primária. Era um dicionário de…Irlandês- Inglês! Se calhar com palavras de Gaélico (dialecto falado na Irlanda) e as suas correspondentes em Inglês.

Um senhor que eu não conhecia e que se encontrava também junto à estante disse que tinha conhecido um irlandês de Washington. Eu disse que esse senhor era americano e não irlandês, pois também o conhecia. Disse-lhe isso enquanto ia pensando numa ocasião em que o encontrei numa rua bastante movimentada, não sei onde. Havia imenso trânsito a passar numa rotunda. Já era noite.

O velho quadro preto da escola resistiu ao tempo. Nele estavam escritas estranhas palavras que eram bem extensas e quase ilegíveis, com muitas consoantes seguidas.

Uma colega minha (não me lembro quem) tinha uma linda bebé que vestia de cor de rosa. Brincava com ela. Meti-a num saco de livros que trazia, mas logo a tirei e comecei-lhe a fazer cócegas.

Eu calculo que estarão já a perguntar (depois de toda esta confusa descrição) qual a causa do título deste texto. Pois bem, aqui vem a explicação, juntamente com a parte mais bela deste sonho, embora continue a ser confusa.

Eu e os meus restantes colegas do curso de formação da ACAPO participávamos numa festa daquelas que costumamos fazer pelo Natal ou por outra ocasião. Na Festa de Natal de 2005 fizemos um desfile de moda com material reciclável. Eu até tinha um equipamento desportivo azul e laranja feito de plástico.

Aqui era também um desfile mais estranho que esse. O local era o pavilhão da Escola Secundaria Avelar Brotero. Pelo menos foi esse o local que eu mais facilmente associei a esse, pelo piso e pelo palco que tinha em cima, apesar de oniricamente alterado com umas escadas que parece que iam dar a lugar nenhum. Descíamos e subimos porque tinha de ser.

O local estava rodeado de público que assistia sentado no chão ao nosso louco desfile. Havia apenas um estreito corredor por onde nós desfilávamos por entre a multidão que nos avaliava.

E qual era o programa da festa? Era um desfile, já disse. Mas que tipo de desfile? Isso já é mais difícil de responder. Sei que era um desfile. Pessoas que se exibem para o público na minha terra é um desfile. No entanto este…

Ora vamos cá descrever esta coisa: tínhamos de desfilar com (imagine-se) árvores pesadíssimas às costas. Algumas tinham grossos troncos. Só mesmo em sonhos! Na vida real não vejo qualquer tipo de utilidade nisto. Se o do plástico era para mostrar o que se conseguia fazer com este tipo de material, este das árvores não era para alertar para o abate de árvores na floresta. Certamente que não. As árvores que carregávamos com dificuldade ainda contribuíam mais para essa chacina. Cada pessoa tinha de desfilar três vezes com uma árvore diferente. Só á minha custa tiveram logo de cortar três árvores. E pesadas que algumas eram!

Envergávamos a nossa roupa normal, com a condição de trocarmos de vestuário de cada vez que desfilávamos. Também desfilávamos ao som de três músicas diferentes. Se calhar essas músicas eram escolhidas de forma aleatória e não deve ter havido ensaio prévio. Era tudo de improviso. Já vão ver o que se passou!

Era duro termos de subir e descer as escadas com altos troncos às costas. O público incentivava, mas era sofrível carregar com aquilo. Por mais agradável que fosse a música que era, pelos vistos, a que calhava e a que apetecia ao pessoal colocar na instalação sonora. Eu que o diga! Esperem!

Não me lembro do primeiro tema musical que me calhou. De todo! Da segunda lembrava-me, mas assim que acordei esqueci-me. Era uma música conhecida. Pelo menos no sonho eu conhecia-a. Não sei se ela existe na realidade, mas a ideia vaga que eu tenho é que existe mesmo. Já na altura me surpreendeu ter desfilado com essa banda sonora. Nessa segunda passagem trazia uma árvore que carregava com extrema dificuldade, especialmente no percurso das escadas. Tinha receio de cair.

Da terceira passagem lembro-me perfeitamente. Fiquei feliz por a árvore ser um pouco mais leve, no entanto fiquei surpreendida quando da instalação sonora soaram os primeiros acordes do tema cantado por Carlos Guilherme não me lembro com quem “Quando o Coração Chora”. Mas tinha mesmo de desfilar com essa música. Tinha de ser. Pois que fosse. Como foram lembrar-se de um tema tão antigo?

Com um rasgado sorriso e vestida de ganga azul clara, deslizei por aquele estreito corredor com passos seguros. Estava feliz. Tentei fazer um bonito. Enquanto durou aquele tema, parecia uma modelo profissional e distribuía sorrisos pelos presentes na nossa festa. Parece que fui a última a desfilar. O público aplaudiu-me de forma ruidosa.

No final foi dado o resultado. A vencedora fui eu com essa terceira actuação. A tal feita ao som do tema de Romeu e Julieta. Fiquei incrédula e nem sabia o que dizer quando tive de discursar para os presentes. Apenas disse que estava bastante feliz. Repeti a actuação. Já não era com os mesmos gestos porque tudo era de improviso e eu já não sabia como tinha feito.

Apenas lamentava o facto de ninguém me ter tirado fotografias para poder reviver aquele extraordinário momento. Acordei alegre e visivelmente emocionada. Chovia lá fora.

Talvez inspirada pelo sonho que tinha tido, vesti a camisola ao contrário e fui obrigada a um strip improvisado na paragem. Estejam descansados que apenas tirei o blusão e uma camisola de lã.

Na Piscina, os alunos de uma turma queriam presentear a sua professora de Ciências com algo que ela iria, certamente, adorar: uma salamandra.

Foi uma manhã calma. A chuva mantinha as pessoas em casa. Não havia a mínima vontade de sair á rua.

Mas há pessoas que preferíamos que não andassem na rua e se cruzassem connosco nos autocarros. Pessoas a quem a chuva até fazia jeito para tirarem o sebo e o lixo daquele corpo fedorento que mete nojo a quem tem o azar de as encontrar. Uma velha vinha de pé no autocarro, junto ao local onde eu estava sentada, com a carteira pendurada ao pescoço, tipo colar. Naquele caso era mesmo tipo coleira, mas nem os cães cheiram tão horrivelmente. O seu roliço corpo imanava um desagradável odor a bacalhau retrasado. Trazia um monte de sacos de compras que só estorvavam e que lhe dificultaram a saída do veículo. Mais adiante neste texto falarei de outro cromo que, por razões diferentes, se destacou no autocarro. Mas destacou-se mesmo!

A tarde foi igualmente calma. Apenas as escolas trouxeram um outro colorido à Piscina.

Quando cheguei a casa, Portugal perdia com a República Checa por um golo de diferença. O jogo era a final do Torneio Vale do Tejo. No entanto, a nossa equipa acabaria por vencer a competição.

Numa jogada de insistência em que o implicativo guarda-redes checo defendeu, o central Semedo fez o golo do empate e levou o jogo para as grandes penalidades. Aí, o nosso guarda-redes Paulo Ribeiro esteve em grande e garantiu o nosso triunfo.

Destaque para um programa que a RTP 1 transmitiu sobre as alterações climatéricas. Agora estou a ver que me enganei e escrevi um texto que deveria ser o seguinte mais atrás. É o que faz isto andar tão desactualizado! Não tem mal!

Situação do dia:
È o que eu digo! Basta viajar naqueles autocarros amarelos e brancos para se assistir e se encontrar cada cena. Depois da criatura pestilenta com a carteira ao pescoço e mil e um sacos plásticos a rodeá-la, eis que apanho novo cromo. A criatura falava alto demais ao telemóvel. Eu não queria estar no lugar do seu interlocutor do outro lado da linha. Estava já com os ouvidos a ferver (ou mesmo surdo) daquela conversa em alta voz. Aposto em como o diálogo estava a ouvir-se na rua e fazia mesmo concorrência aos altifalantes da campanha para o referendo do próximo domingo. Confundia-se mesmo com eles. Acho que deveriam contratar aquele homem para fazer barulho que poupavam em energia para os altifalantes. Se lhe pagassem, ainda melhor. Acho que ele para fazer barulho vinha mesmo de graça. Foi incrível como todo o pessoal ficou a saber a sua vida. Ficámos devidamente informados sobre o que é que a criatura foi fazer ao hospital. Falava ele de uma mulher sua familiar que só tinha um pulmão e que estava a oxigénio por o pessoal no hospital lhe ter dado maus-tratos. Uma das atrocidades mencionadas em alta voz pelo indivíduo foi que besuntaram o corpo da pobre senhora com óleo. Já ia com dores de cabeça só de ouvir aquela voz forte e uns decibéis acima do que é recomendado para se falar ao telemóvel. Se o interlocutor não era surdo…

Bacorada do dia:
“Vai sair o número 7?! OUTRA VEZ?!!!!” (Quantos números 7 tinham afinal os checos?!!)

E lá vai mais um

Estava na paragem do autocarro para ir ao que restava da manhã de trabalho, depois de mais um atendimento, quando passou um carro funerário. “Lá vai mais um!” pensei eu, mas já um coro de vozes bem afinadas de pessoas que esperavam também o autocarro exclamava essa mesma expressão.

Que mania que nós temos em fazer humor negro com as desgraças que assolam a vida alheia! Mas porque é que somos assim? E a pensar que era só eu.

Afinal todas aquelas pessoas (já com idade para terem juízo) também pensavam o mesmo e acabaram mesmo por o dizer.

Se a dor fosse de um de nós, não aguentaríamos as bocas que os outros mandassem à passagem do carro fúnebre com os restos mortais do nosso ente querido que acabámos de perder.

Por acaso, a morte é uma das coisas más que acontecem e que inspira a mais eufemismos ou disfemismos. Dizemos de alguém que morreu que “bateu as botas”. Não sei a razão de se aplicar tal expressão. É uma das coisas que eu não entendo e me ultrapassa.

Já “partir para o outro mundo” é mais compreensível. A pessoa quando morre deixa-nos e parte do mundo dos vivos.

Há muitas mais expressões engraçadas para falar em morte, mas de momento não me consigo lembrar de mais nenhuma. “Lá vai mais um” foi mesmo daquilo que toda a gente se conseguiu lembrar quando o veículo que ninguém gosta de ver passar na rua passou por ali.

Nessa noite sonhei com várias coisas interessantes. Ia num comboio com alguns dos meus colegas de formação. Levava uma garrafa semelhante às do guaraná com uma bebida altamente doce e alcoólica. Ao mínimo gole dessa bebida, ficava profundamente embriagada. De maneira que, no regresso dessa viagem, todo aquele espaço era meu. Eu ocupava-o em visível estado etílico.

Mais tarde sonhei com outra situação que em nada se assemelhava a esta. O cenário era a minha terra. Corríamos pela estrada atrás do gato Mong. Perseguimos o gato preto dos infernos, até que fomos dar àquele local (palco de um outro sonho que tive anteriormente- aquele em que eu apunhalei uns assaltantes que me seguiam num veículo). Dizem que é para aí que o Mong vai por haver muitos outros gatos. Também dizem que o gato Slava andava nesse local.

A relva era de um verde brilhante e alegre. Havia lá imensos gatos de todas as cores e feitios. Eu nunca tinha visto gatos iguais a alguns que ali estavam. Eram espectaculares!

Havia também gatos pretos. Tive dificuldade em conhecer o Mong. Eram todos iguais. De entre as centenas de gatos, nem sinal de Slava. Não havia lá nenhum gato parecido com ele. Eu não parava de tirar fotos aos gatos. Estava feliz!

Levei um balde com água para a ACAPO com roupa interior de molho. A minha senhoria começou a dizer que não havia necessidade de levar um balde tão pesado com roupa para lá. Deveria levá-la assim como estava. De facto, o balde estava pesadíssimo e tive de o poisar duas vezes porque me ia a magoar. E o percurso não é muito longo.

Previa-se chuva para esse dia. De facto, o tempo estava bastante fusco da parte da manhã. Como mais adiante se verá, a chuva apareceu e fez mesmo alguns estragos.

Depois do habitual atendimento na ACAPO, regressei ao meu trabalho. Num dos centros comerciais estava uma carrinha a estorvar a passagem. Parece que carregavam ou descarregavam alguns electrodomésticos.

Quando estava na paragem à espera do autocarro, passou um avião e comentou-se o jeito que ele dava. É que o autocarro já se estava a atrasar. Vinha tão atrasado que nem parou em Tovim.

E ainda dizem que eu sou toupeira. Vinha uma senhora na rua e tropeçou nos meus pés. Íamos as duas parar ao chão.

Apesar da demora do autocarro, parece que não cheguei atrasada ao trabalho. A tarde seria quase perfeita. Apenas coloquei uma senha no lixo sem lhe dar a saída. Por acaso o meu colega teve pontaria para a tirar de lá. No cesto dos papéis havia outras senhas e ele acertou à primeira.

Começou a chover com força. Começava aí a mudança dos meus planos para o treino daquele dia!

O treino não pôde ser cronometrado e apenas consistiu em cinco voltas à pista e ginástica. Muitas tropelias aconteceram naquela tarde no Estádio.

À vinda para casa chovia imenso. Um carro barrava-me a passagem. Tentei passar por entre dois veículos e a coisa correu mal. Acabei por me sujar com os pneus de um deles que estavam molhados.

A noite não convidava a andar na rua. Melhor era enfiar-me na cama e dormir. A noite prometia. O texto que se segue é daqueles que vale a pena ler.

Situação do dia:
Aquele treino foi demais! Cheguei ao Estádio e disseram-me logo que não havia luz no balneário. De facto assim era. Teimosa como eu sou, tentei a todo o custo acender as luzes. Se tivesse de me equipar às escuras, também me equipava. Mas aquelas luzes tinham de acender de qualquer maneira. Nem queiram saber o trabalho que eu tive. Mas valeu a pena! Ao fim de alguns minutos fez-se luz. Dei-lhe um jeito. Mas as tropelias não iriam ficar por aqui: ao mudar o caixote do lixo de lugar, acabei por o desmanchar todo. Já o outro dia fiz algo de parecido com um lá na Piscina.

Bacorada do dia:
“Nunca vi orquírias tão lindas!” (Nem eu!)

Quem são os melhores a jogar Futebol?

Já lá vai o tempo em que temíamos o Brasil como nosso adversário. Em todo o Mundo a selecção canarinha é respeitada e parte sempre como favorita à conquista do troféu em disputa.

São muitos os jogos particulares que a Nossa Selecção agenda com a selecção do País Irmão. A amizade entre os dois países a isso obriga. Já assim é há alguns anos a esta parte.

Desta vez o palco foi o Estádio de Wembley em Londres. Portugueses e brasileiros iam preparar as suas próximas partidas. Seria um teste de fogo para ambos.

Quem levaria a melhor? Recordo aquele jogo em que Deco se estreou com a camisola nacional e marcou, ironicamente, o seu primeiro golo ao País que o viu nascer. Hoje a sorte seria semelhante?

O Brasil ameaçou marcar quando o central Lúcio fez tremer a baliza de Ricardo. Dunga que trazia a camisa mais foleira que alguma vez vi um Ser Humano vestir (José Malhoa agora esfola-se por uma igual) continuava a dar indicações aos seus pupilos que perdiam terreno para os nossos jogadores.

O jogo aproximava-se do final. Tudo indicava que iria haver um empate, mas Simão resolveu fazer das suas e marcou um belo golo a Hélton.

Pouco tempo depois foi a vez do central Ricardo Carvalho fazer o gosto ao golo e fazer o resultado final de duas bolas a zero.

Portugal prova agora que não teme ninguém no mundo futebolístico. Temos jogadores que nada devem aos brasileiros em termos de talento. Também nós temos um Ronaldo!

Antes ainda desse forte embate entre portugueses e brasileiros, outra selecção portuguesa triunfou. Está bem que o adversário nada tinha a ver com o poderio do Brasil. Era a selecção da Estónia- uma equipa péssima.

No Torneio do Vale do Tejo, a selecção de sub-21 venceu os bálticos por 3-0.

O primeiro golo foi marcado por Hugo Almeida que nesse encontro andava muito falador e parece ter visto no Jogador Número Cinco adversário um óptimo companheiro. Para além de trocarem camisolas, reza a má língua que os dois jogadores até números de telemóvel trocaram. Ficou no ar um convite para o báltico ir almoçar um dia em casa de Hugo Almeida na Alemanha.

Varela entrou e apontou o segundo golo. O guarda-redes adversário parece ter sido mal batido. Penitenciava-se agora sentado no chão.

Manuel Fernandes (que ostentava um novo penteado) fechou a contagem. Apontou o terceiro golo para as cores nacionais.

A Estónia poderia ter feito o seu tento de honra. O jogador que estava com pouca vontade de entrar em campo afinal ia marcando.

Esta selecção volta a entrar em campo na próxima quinta-feira frente à República Checa.

Em suma, foi um dia glorioso para o Futebol Português ao nível das selecções nacionais. No presente e no futuro, Portugal não tem que se preocupar. Tem excelentes praticantes e começa a ser respeitado por qualquer tipo de adversários, inclusive o Brasil que voltou a perder com a Selecção de Todos Nós.

Estava imenso frio, segundo aqui tenho escrito.

Um senhor apareceu pela manhã na Piscina a perguntar por um assistente social de uma instituição onde a minha irmã estagiou. De facto era ali perto, mas ele foi ao sítio errado.

A manhã foi mais que calma. Tive a sorte de me despachar. Parece que adormeci e nem dei pela paragem do autocarro em Tovim.

Por instantes parou-me o cérebro. No regresso, junto a Celas, vi na rua umas pessoas com uns fatos de treino azuis e amarelos. Então não é que pensei que fossem os jogadores do Brasil que ali estivessem hospedados! Só depois me lembrei que o jogo não era cá. Daaa!

À tarde também andei excelente. Confundi uma escola que tem o nome parecido com outra. Uma confusão de casas, digamos assim.

A duas estudantes estrangeiras que chegaram juntas dei uma chave de cada ponta. Nem reparei. Só depois uma colega veio perguntar se as raparigas andavam zangadas para se estarem a equipar uma de um lado e a outra do outro.

Fui para casa ver o jogo entre Portugal e a Estónia a contar para o Torneio de Vale do Tejo.

A minha mãe ligou-me e deu novidades dos gatos. Léo e Mong andam ocupados com as suas conquistas amorosas. Mong exibe um dos seus ferimentos de guerra junto a um olho.

Adormeci e ouvi vagamente a notícia de que Derlei foi alvo de um processo sumaríssimo por agressão a um jogador do Boavista.

Situação do dia:
No jogo entre Portugal e o Brasil, o guarda-redes brasileiro Hélton teve uma enorme branca. Por momentos, o guardião portista esqueceu que Quaresma estava, desta vez, na condição de adversário e passou-lhe a bola. Força do hábito!

Bacorada do dia:
“Pitoglas” (Pitosgas)

Os transportes públicos que temos


Enquanto esperava pela ida à “selva”, o autocarro 29, fui reparando nos autocarros, expressos e camionetas que iam parando na paragem da Rodoviária para descarregarem os passageiros.

Portugal deve ser o País da União Europeia onde a frota de transportes públicos está mais degradada. Havia aí autocarros que vieram mesmo da sucata da Suécia para ainda circularem nas nossas estradas por mais uns anos. Os nórdicos com transportes novinhos em folha e nós, pobres lusitanos, com aquilo que eles não querem mais.

Por algumas vezes a camioneta que nos devia levar para Coimbra não apareceu por ter avariado algures entre Albergaria e Águeda. Depois a Rodoviária não soluciona o problema dos passageiros que têm de estar a horas no médico e no trabalho. É demais!

Por outra vez, a camioneta da TRANSDEV avariou já em Anadia e, a poucos quilómetros da paragem. Esperámos por outra. É que os outros passageiros ainda tinham de ir para Albergaria.

Uma tarde, a camioneta atrasou-se imenso. Chegou aí um quarto de hora atrasada e o motorista ainda disse que tinha de trocar de viatura. De facto, a que ele trazia, veio em marcha lenta virada a Coimbra. O motor, ou lá o que era, fervia. Parecia pronta a explodir. Eu estava ao pé dela. Era um braseiro lá e, de vez em quando, o motor rugia e parece que deitava fumo. Recuei para trás, não fosse a camioneta explodir. Quando o condutor arranjou novo autocarro, levou aquele em marcha fúnebre para longe. Ela emitia um som medonho. Ameaçador mesmo!

A camioneta que ele arranjou para substituir aquela também não gozava de boa saúde e o condutor barafustava perante a inquietação dos passageiros que viam o veículo ameaçar parar a qualquer instante.

O condutor protestava contra o mau estado da frota e contra os seus superiores que nada faziam. Do mau estado dos veículos, imediatamente passou para problemas laborais. Segundo ele, tinham-lhe garantido que aquela camioneta estava em bom estado. Se calhar comparada com a outra. Parece que o motorista não podia pensar sequer em travar a fundo.

Na cidade de Coimbra circulam choças amarelas e brancas que há muito deviam estar a gozar a sua reforma dourada. Há autocarros que não abrem ou não fecham as portas, autocarros com os sinais de paragem avariados, bancos estreitos ou degradados, autocarros em que chove tanto lá dentro como na rua. Há de tudo a circular pelas também degradadas estradas portuguesas que também não merecem melhor.

A manhã estava fria e com algum nevoeiro. O Sol apareceu mais tarde.

A minha manhã de trabalho decorreu dentro da normalidade. Apenas uma ligeira confusão, mas não foi nada comigo. Adiante irei contar mais alguma coisa sobre isso.

Quando fui almoçar, havia uma anormal fila de trânsito devido a qualquer acidente ou obras. Já me ia atrasar. De certeza!

Consta que não tenha feito disparates ao longo da tarde. Espero que a fonte das asneiras tenha secado na passada sexta-feira.

A ficha de pendurar um dos secadores de cabelo estava a abanar e eu tive medo de pendurar lá o secador porque ele podia cair no chão e partir.

Mandaram-me guardar um saco de compras do Pingo Doce bastante pesado. Agora os sacos custam dois cêntimos e toda a gente opta por concentrar o maior número possível de produtos num só. É até mais não poder! Eu também faço o mesmo.

Mais uma criança com aversão à água! Eu quando era miúda também não gostava nada de ir à água. Agora adoro piscinas e mar da Praia de Mira. Só não vou a esta piscina porque ainda não calhou e porque fico sem um almoço em condições para depois ter força para fazer o meu treino de Atletismo.

A tarde ficou igualmente marcada por mais um livro que eu concluí- “O Códice Secreto” de Lev Grossman. Gostei menos deste livro que do anterior. A história era menos interessante e havia mais tempos mortos. O final também não teve muita piada. Um final em condições para esta obra seria o duque descobrir tudo através do livro e os personagens ficarem juntos a gozar os louros da sua árdua descoberta. Assim não teve piada. O que eu achei de mais interessante foi a analogia entre o jogo de computador que o protagonista jogava e a sua vida real. Através do jogo ele obteve pistas para encontrar a obra.

O meu colega apareceu no treino e acompanhou-me a rolar. Fomos conversando enquanto corríamos sobre determinados assuntos, sendo um dos quais o programa “Grandes Portugueses”. O “Gato Fedorento” também mereceu destaque. Parecendo que não, já tinha dado quinze voltas à pista. Também não íamos depressa porque ele não treina regularmente agora.

Fui para casa depois de ter feito alongamentos e de ter tomado um banho bem quente. Havia que trocar a roupa da minha cama e experimentar um dos pijamas bem confortáveis que comprei no passado sábado no Mercado de Anadia.

Dormi bem quentinha. Adeus frio!

Situação do dia:
A mesma avozinha que no outro dia se virou a discutir por a minha colega a ter mandado trocar o calçado no corredor, armou uma discussão ainda maior. Até foi preciso o Director da Piscina intervir e argumentar com ela sobre a necessidade de ser obrigatória a troca de calçado. A senhora teve o azar de ter visto um monitor sair distraidamente para a rua para fumar um cigarro com umas sobrebotas azuis que são usadas para colocar sobre o calçado para que este não contamine o chão. O mote para a discussão foi dado, simplesmente com esta pergunta: “mas os micróbios da rua não são os mesmos de lá de dentro?” Sorri. Com esta aparentemente inofensiva pergunta, a senhora acabou por incendiar os ânimos.

Bacorada do dia:
“Cacifo” (Ficheiro)

Wednesday, July 04, 2007

Ferimentos de guerra


Mong é aquela peste de gato que se sabe. Sempre pronto a alinhar em tudo o que seja confusão, o gato preto dos infernos percorre até à exaustão o lugar de Vale de Avim.

Quando está em casa, digladia-se com o seu irmão Léo numa luta fratricida em que vale tudo mesmo. O barulho que eles fazem é ensurdecedor quando tudo está silencioso e a madrugada parece ser tudo menos agitada.

Era quase de dia quando eu, finalmente, vi o gato Mong com os meus próprios olhos de touperia. Chovia imenso e ele veio pedir comida.

Atendi ao seu pedido e fui buscar um punhado de ração colorida para lhe matar a fome. A luta com os gatos do lugar foi árdua. Como terão oportunidade de ver nas fotos, Mong ficou com o pêlo da cabeça arrancado junto a uma orelha e com alguns arranhões espalhados pelo corpo. Ferimentos de guerra que o gato negro dos infernos exibe com extremo orgulho.

A manhã foi abençoada pelo Sol. Daquele domingo não há nada para dizer. O Futebol é rei e eu passo este dia a descansar enquanto ouço os relatos de todos os jogos.

Joeano regressou à Académica e já marca. O jogador que o ano passado salvou a equipa de descer de divisão regressou de Israel no decorrer do mercado de Inverno e parece ser uma mais valia para nós. Ele e o portista Cláudio Pitbul.

E assim me preparei para uma semana normal, com muito Futebol e um sonho longo, confuso e bonito.

Situação do dia:
Como sempre acontece no final de cada “Diz Que É Uma Espécie de Magazine”, os elementos do “Gato Fedorento” convidam um artista ou grupo musical e dão lhes algo a cantar que não tem mesmo nada a ver com o género de música que, habitualmente, interpretam. Às vezes são mesmo obrigados a cantar coisas hilariantes. Nesta noite o convidado foi o sportinguista ferrenho João Braga que cantou o tema “Sexed Up” do britânico e excêntrico Robbie Williams. Com uns retorques de guitarra portuguesa, ficou uma excelente balada. Muito bem interpretado este tema por João Braga! Gostei imenso!

Bacorada do dia:
“Penama...ma...a equipa de Penamacor...” (Que difícil é dizer “Penamacorense”!)

Solidariedade de Bueno

Chegou ao Sporting por empréstimo do Paris Saint Germain, onde não mostrou as credenciais pelas quais foi contratado e porque no ataque parisiense alinha um jogador chamado Pauleta. Contudo, o uruguaio Carlos Bueno pouco se tem visto também aqui em Portugal.

Já tive oportunidade de escrever algo neste espaço acerca do jogador do Sporting (ver texto “Bueno mau”) As críticas que comentadores como Joaquim Ritta iam fazendo às prestações desastradas do avançado eram hilariantes, tal como a sua própria exibição. Lembro-me particularmente do jogo entre o Sporting e o Bayern de Munique (que deu origem a esse texto) e do jogo em que os lagartos perderam com o Glorioso na sua própria casa, em que o referido comentador afirmou que na II Liga havia também jogadores abnegados como o uruguaio.

No entanto, num jogo em que o Sporting perdeu em casa com o Spartak de Moscovo (ver texto “Raispartak o vermelho”) Bueno marcou o que foi, até este sábado, o único golo ao serviço do clube verde e branco.

Esta jornada tinha a particularidade de ser solidária para com o Instituto Português de Oncologia. Toda a ajuda é pouca para uma causa como esta de ajudar uma instituição que convive com o sofrimento brutal de pessoas que tiveram a má sorte de padecer de um mal tão terrível como o cancro.

Cada golo que os nossos jogadores obtivessem valeria 500€ para o IPO. Havia que fazer um esforço e tentar marcar muitos. Quem não contribuiu para essa causa foi o Porto que perdeu com o Estrela da Amadora por 1-0. É a segunda derrota dos tripeiros, a quem as férias de Natal parecem ter feito pessimamente.

O Sporting partia para o seu jogo com o Nacional da Madeira com a informação do empate do Benfica e com a derrota do Porto. Havia que aproveitar. Seria uma oportunidade de ouro para a turma de Alvalade se aproximar dos rivais.

O Sporting até começou mal o jogo quando Bruno Amaro fez um excelente golo de livre. As coisas estiveram complicadas para os lados de Alvalade, mas no banco havia um jogador empenhado em ser solidário para com as vítimas de cancro e em mostrar no que é realmente bom.

Foi dessa arma que Paulo Bento se serviu para dar a volta a mais um jogo em que o Sporting parecia destinado a marcar passo.

E Carlos Bueno entrou em campo já no decorrer da segunda parte! O jogo nunca mais voltou a ser o mesmo. O uruguaio vinha mesmo inspirado e desatou a fazer golos de todas as maneiras e feitios. Pontos de interrogação e de exclamação tracejavam o rosto dos presentes nas bancadas e dos que assistiam ao encontro pela televisão. Eu já me ria. Um dos golos parece ter sido obtido de forma irregular, mas valeu e isso foi importante.

O jogo terminou com Bueno elevado a herói e com um triunfo indiscutível dos leões por 5-1. Quatro golos do trapalhão e tosco Carlos Bueno!

Corri para o quarto para ouvir os sábios comentários de Joaquim Ritta. Que iria agora o comentador da Antena 1 dizer de um jogador que marca quatro golos num só jogo. Ia ser demais!

Apesar de o jogador uruguaio ter marcado quatro golos (coisa rara num jogo de Futebol de alto nível) Joaquim Ritta não mudou o teor do discurso. É mesmo amiguinho do rapaz! Disse que foram golos fáceis de obter porque a defesa do Nacional estava muito maleável e que um dos golos foi marcado de forma irregular. Parece que Bueno se apoiou nas costas do argentino Avalos para fazer o golo de cabeça.

Eu pergunto ao senhor comentador da Antena 1 quantos golos é que Bueno tem de fazer num só jogo para cair no seu goto? Não menos de vinte, seguramente.

E lá foram dois mil euros direitinhos para a conta do IPO. Com este dinheiro a instituição poderá ajudar ainda mais crianças e adultos que merecem. Afinal Bueno é mesmo bom e tem um coração do tamanho do Mundo.

O céu estava cinzento e chuviscava. Estava menos frio. Vinha a pé para casa. Mais um fim-de-semana estava aí para eu curtir um pouco. Ao chegar à Moita, a chuva tornou-se mais intensa, apesar de ser miudinha. Parou uma carrinha. Era o irmão do Paulo Adriano que vinha com outro senhor da minha terra e me deram boleia até casa. Ainda bem! Se não tivesse tido boleia, apanhava uma molha de certeza.

Os gatos continuam a sua saga. Mong regressou a casa, mas exibe umas lesões (ver próximo texto). Por seu lado, o gato Léo teimava em andar do outro lado da estrada. Se tem o azar de atravessar na hora errada, há problemas e eu tenho de aturar a choradeira da minha mãe que é doida por esse gato.

À tarde foi passada a dar uma arrumação no computador. Havia um CD que tinha qualquer coisa que eu precisava muito. Andei uma eternidade à procura dele. Foi tempo perdido. Podia estar a fazer outra coisa mais útil. Por fim, lá o encontrei. Já estava bem chateada.

Como acima referi, o Porto voltou a perder. Desta vez sofreu uma derrota em casa com o Estrela da Amadora. Anselmo, que veio do banco, marcou o golo que a turma da Reboleira sempre ameaçou marcar ao longo de todo o jogo. Se as férias de Natal existiram para lixar o Porto, que façam sempre isso todos os anos!

Situação do dia:
Ia a entrar na camioneta e mandei uma cabeçada no tecto. Aquilo era um expresso e tinha um andar de cima que é muito baixo quando se entra.

Bacorada do dia:
“José Fonte tem centímetros que nunca mais acabam.” (O Homem de Elástico!)

Uma escola com muitos alunos

Há erros e erros. Uns mais graves do que outros. Claro que eu sou perita em fazer asneiras. Ainda por cima à sexta-feira à tarde, quando já estou com a cabeça sei lá onde. No que devo ou não fazer no fim-de-semana.

Uma escola apareceu na Piscina com muitos alunos. Eram muitos! Não tantos quantos eu registei na base de dados com que trabalhamos. Nem eu sei se essa mesma instituição de ensino terá assim tantos alunos! Talvez. Qualquer dia ainda pergunto quantos alunos tem aquele colégio.

Segundo as minhas mãozinhas marotas (e a minha cabeça de vento) vieram mesmo os alunos todos e ainda, se calhar vieram os duplicados de alguns, senão de todos.

Na verdade, eram 29 alunos e eu coloquei no computador 291. Eu bem estava a achar estranho o programa estar tão lento a registar. Ao final do dia, o meu colega reparou no enorme “gato” que para ali estava. Foi demais!

E perguntam porque é que eu registei 291 alunos? Bem, há uma caixa de diálogo que já lá tem o 1 antes de colocarmos o número. Acontece que eu escrevi 29 e, simplesmente, me esqueci de apagar o 1 que já lá estava. Foi o que se passou.

Era sexta-feira e estava tudo dito. O dia pouco diferia dos anteriores, em temos climáticos. Algum frio, para não dizer muito mesmo.

Perdi o autocarro por pouco. Ia a atravessar a rua justamente quando ele passou. Não me restava alternativa, senão esperar pelo próximo. Ia a sair e tropecei numa enorme mala preta de alguém que se preparava para ir de fim-de-semana.

Um aluno da escola avariou um cacifo com as coisas todas lá dentro. Foi o cabo dos trabalhos para tirar de lá as coisas.

É normal os alunos esquecerem-se de óculos ou toucas. Eu tive o mau gosto de emprestar uns óculos muito foleiros ao aluno errado. Confesso que não foi por mal! Foram os primeiros que me apareceram e ele também não os veio trocar. Mais tarde esses óculos vieram a partir. Bem feita para eles! Acabou!

Ligaram da ACAPO e nem deixaram recado. Eu fiquei numa pilha de nervos porque não voltaram a ligar. Depois pensei que fosse para assinar os habituais papéis ou por causa da folha de presenças e fiquei mais tranquila.

Foi nesse estado de ansiedade que fui almoçar. Estava mesmo passada!

Para além de ter feito a asneira que serviu de tema a este texto, a tarde ficou marcada pela “marcação cerrada” feita a um estudante a quem eu me esqueci de pedir um documento de identificação para colocar no cacifo da chave que ele levou. A sorte é que eu conheço bem esse estudante e ele é assíduo frequentador da Piscina. Se fosse outra pessoa, estava feita! Uma asneira que correu bem. Já a próxima, como leram mais acima...

Já estava a disparatar muito. Ah! Tinha um blusão novo. Era por isso que fazia tanto disparate! Se calhar até era!

Quando ia a caminho da paragem deparei com pessoal com umas t-shirts a fazer campanha contra a despenalização do aborto. Perguntei se eles tinham t-shirts iguais. Como não tinham, virei-lhes as costas e desandei.

Estava anormalmente nervosa e irritada. Ainda por cima o autocarro fez o favor de me irritar ainda mais ao não parar na paragem. Tudo me chateava. O cúmulo ainda estava para vir. Mais tarde.

Não fui treinar. O Benfica recebia em casa o Boavista. Era o jogo de estreia de Derlei. Não queria perder pitada desse jogo.

Que bom! O avançado Linz não vai jogar. Parece que tem uma pequena mazela. Ainda bem! Morro de medo desse jogador. Ainda desatava a armar-se.

Por falar em jogadores que se armam contra o Benfica, o veterano William esteve fabuloso. Ele que tem quase quarenta anos e que só não foi um dia jogador do Benfica porque...era feriado e estava o notário fechado. Desde então, o guarda-redes africano sempre perseguiu o sonho de defender as redes do Glorioso.

Por acaso teve do outro lado um jogador empenhado em fazer uma boa exibição: Karagounis, que presenteou William com umas ameixazinhas.

A bola não entrava nas balizas por nada deste mundo. Podiam ali estar toda a noite que nem um golo se via no encontro.

Diz que Derlei agrediu um jogador do Boavista. É por essas e por outras que eu sempre fui contra o facto deste jogador vir para o meu clube. Não está em causa o valor do jogador, apenas há regras de desportivismo que o brasileiro tem dificuldade em cumprir.

Situação do dia:
Cheguei à ACAPO depois do expediente. Iria ver o meu mail. Qual não é o meu espanto ao chegar à sala multimédia e constatar que o computador tinha desaparecido. Fiquei pior que estragada. Havia lá outro mas não estava em condições para eu trabalhar. Tinha medo que ele tivesse algum vírus. Perguntei por ele e disseram que estava no gabinete da assistente social a substituir o dela que tinha ido para reparar.

Bacorada do dia:
“Dou mais importância a um homem careca de cabelos brancos...” (Como?!!!!)

A vida é uma circunferência

Há coisas que acontecem e que nos levam a pensar nas leis da nossa existência. A nossa vida é algo de maravilhoso, misterioso e regido por leis que nos permitem nascer, crescer, viver e morrer.

Ao longo de todo este processo, o Homem parte de um estádio de dependência que acontece nos primeiros anos de vida e retorna, mais tarde a esse estádio quando a idade avançada começa a deixar as suas marcas implacáveis.

Tudo isto acontece sob uma lei na qual a nossa vida dá uma volta completa de 360 graus e nos devolve àquilo que fomos antes, embora as circunstâncias sejam diferentes. Os nossos pais já faleceram e agora os nossos filhos tomam o seu lugar e fazem quase o mesmo.

Como é interessante a nossa existência! Nascemos pequeninos e frágeis. Usamos fralda, a comida é pouco sólida e é-nos dada na boca com carinho. Os nossos pais têm uma paciência de santos para aturar as nossas birras.

Crescemos um pouco. Os nossos pais levam-nos à escola pela mão. Preocupam-se com a nossa educação e ensinam-nos como andar na rua, como comer, como vestir, como tratar da nossa higiene pessoal, enfim...preparam-nos para a vida.

São os nossos pais que se responsabilizam pela nossa vida escolar e que decidem as actividades em que podemos ou não participar. Acontece isso até à idade adulta.

Depois nós somos também pais e mães e ensinamos o que aprendemos aos nossos filhos. Cuidamos deles com carinho. Zelamos pela saúde e pela segurança deles, ensinamos-lhes os primeiros passos neste Mundo, levamo-los à escola e, ao mesmo tempo vamos-lhes explicando as regras da vida em sociedade. Em suma, passamos-lhes os ensinamentos que recebemos dos nossos pais que os continuam a educar enquanto avós.

Algumas coisas alteram-se, à força da evolução das nossa sociedade que está constantemente a sofrer mudanças a todos os níveis. Até o clima está a mudar hoje!

Envelhecemos. Somos avós. Os nossos filhos são adultos e trabalham. Apesar do pouco tempo de que dispõem, vão cuidando de nós que já sofremos de artroses, reumatismo, sei lá que mais. Ficamos dependentes deles, temos dificuldade em executar as nossas tarefas. Passamos novamente a usar fraldas, a ingerir alimentos de fácil assimilação. Os nossos filhos ou outras pessoas que cuidam de nós fazem aviãozinho para comermos mais uma colher de sopa e contam-nos histórias para não nos sentirmos tão sós nos nossos últimos momentos.

Já perdemos a capacidade de comunicar e a nossa memória regrediu. O corpo foi-se tornando mais flácido e vamos encolhendo. Já não saímos da cama, até que a morte nos venha buscar. Fica assim concluído o nosso ciclo de vida que nada mais é senão um círculo. Temos um ponto de partida que é também, mais tarde, o nosso ponto de chegada.

Vem isto a propósito de uma cena que presenciei hoje na Piscina e que me fez reflectir sobre o curioso rumo que leva a vida humana. Uma senhora trazia a mãe para as aulas de Hidroginástica e afirmava que ia mandar alguém (eu?!!) vigiar se a mãe ia ou não às aulas. Ela não podia controlar a assiduidade da sua mãe, uma senhora já passada dos setenta, porque não se encontrava em Coimbra. Eu sorri perante esta situação que mais não espelha, senão o que eu acabo de dizer.

Há muitos anos atrás era o inverso, certamente. A senhora que agora se via “empurrada” pela filha para a Hidroginástica também a foi matricular na escola e também mandava alguém lá controlar as suas faltas.

Não é por acaso que muitos especialistas chamam à Terceira Idade “A segunda Infância”.

Ainda sobre este assunto, a actriz brasileira Dercy Gonçalves dizia com algum humor que os filhos tinham a mania de repetir aos pais tudo o que aprenderam com eles enquanto crianças. Ela dá o exemplo da filha que diz para a mãe não atravessar a estrada porque pode ser atropelada. Com algum vernáculo bem característico da sua forma de estar, a actriz sempre vai dizendo que prefere morrer atropelada.

Já em 2004 eu estava numa instituição onde viviam utentes idosos e com problemas sociais. Certa tarde assisti a uma cena que me fez igualmente despoletar o que hoje escrevo aqui. Nessa altura escrevi o que vou passar a transcrever (desculpem a forma como isto está escrito, foi retirado de um documento de apontamentos em Bloco de notas).

EU ONTEM ESTIVE A PENSAR UMA COISA CURIOSA. REALMENTE OS IDOSOS PARECE QUE VOLTAM A SER OUTRA VEZ CRIANÇAS.É ALGO UMA ESPÉCIE DE CIRCUNFERÊNCIA A NOSSA VIDA. POR MAIS QUE ANDEMOS VOLTAMOS A SER O QUE ÉRAMOS. DIZIA DERTCY GONÇALVES- ACTRIZ BRASILEIRA- QUE OS FILHOS TÊM A MANIA DE ENSINAR AOS PAIS TUDO O QUE ELES LHES ENSINARAM. ONTEM ASSISTI NA CANTINA A UMA CENA DE UMA EMPREGADA A DIZER A UMA IDOSA QUE QUERIA TUDO COMIDO TAL COMO SE DIZ A UMA CRIANÇA.

E de facto assim é! Quando envelhecemos, parece que voltamos a ser bebés de novo.

Estava um frio cortante na manhã do primeiro dia do mês de Fevereiro. Vamos a ver se os dias aquecem daqui para a frente.

A manhã de trabalho foi animada por clientes curiosas. É este o encanto, no fundo, de se lidar com outros seres humanos. Vamos conhecendo e convivendo com os mais variados tipos de pessoas e de situações.

O autocarro atrasou-se imenso. Já estava a ver que não chegaria a horas da parte da tarde! De maneira nenhuma. Para cúmulo ainda parou em Tovim. Já se ouviam vozes de discórdia por mais esta paragem. Eram muitas as pessoas que lá iam!

Na cantina, o carrinho dos tabuleiros estava junto à mesa onde eu estava a almoçar. De vez em quando apanhava cada susto!

Para me enervar ainda mais, passou um autocarro quando eu esperava que o famoso semáforo que fica do lado oposto à paragem abrisse. Eu fico possessa quando isso acontece. Quando já estou atrasada, as pessoas que me saiam da frente.

O meu colega e o Director da Piscina foram distribuir alguns panfletos das novas aulas de Hidroginástica. Fiquei alguns minutos sozinha a tomar conta da recepção. Não tive muito trabalho. Tudo estava calmo.

Foi igualmente nessa tarde que tive notícias dos meus colegas. Assim que cheguei do almoço, recebi um telefonema de um colega que está a estagiar em Estarreja. Por acaso sonhei com ele um dia destes (ver texto “Em busca de Artem Dzuba”). Depois encontrei duas colegas no autocarro que vinham de transportar objectos pessoais de uma delas para a sua nova casa. Fico feliz por as coisas estarem, igualmente, a correr bem para eles.

O treino- que continua a ser condicionado devido à pequena mazela que tenho no pé direito- consistiu em quarenta minutos de corrida contínua e os restantes vinte de alongamentos. Dei mais de treze voltas a uma pista de fora. Condicionado, mas pouco.

Situação do dia:
A mãe de uma criança pequena que frequentava a Piscina por uma escola queria que lhe passássemos uma justificação de falta ao trabalho pelo simples facto de que ela faltou por ter ido ver o filho a nadar. Nem o “Gato Fedorento” se lembrava de tal situação.

Bacorada do dia:
“O George...” (Seria que George W. Bush estivesse presente na sala de aula e não tenhamos dado por isso?!!!)

Nadando em seco

Tal como aconteceu no texto anterior, este também tem como tema principal a descrição de um sonho. Anda muito activo mesmo, o meu subconsciente!

Andam-me sempre a perguntar quando é que eu dou umas braçadas na Piscina. Eu sempre vou dizendo que será mais para o Verão, que agora está muito frio para tirar a roupa, que agora tenho treinos, que o Estádio talvez feche para Junho, que só vou quando acabar a minha época desportiva, nas férias...

Pois bem, então não é que sonhei com uma ida à Piscina?!! Oniricamente as coisas passaram-se da seguinte forma:

Queria-me equipar para ir dar um mergulhinho na Piscina. Afinal estou lá a trabalhar e não aproveito? Todos os meus colegas vão. O problema é que, no meu sonho, o balneário era misto e eu não estava para ser observada por homens feios e barrigudos que eu vi entrar para lá.

A solução foi colocar-me à porta e esperar que saísse toda a gente para poder trocar de roupa em paz e sossego. Quando eu julgava que podia ir, eis que nova enxurrada de gente aparecia para se equipar. Eu já estava com uns nervos que não podia mais.

Finalmente equipei-me. Quando cheguei à Piscina, constatei que havia pouca água para eu nadar e apenas era num canto. Não tive outra solução senão nadar em seco.

Era quarta-feira e eu levantei-me mais tarde por ser dia de atendimento com o psicólogo na ACAPO. Mesmo assim a temperatura estava bastante baixa.

Ainda tentei ir trabalhar, mas voltei para trás por já serem horas de sair. O dia estava radiante com um belo Céu azul e muito Sol. O frio ia desaparecendo à medida que o dia ia avançando.

Um carro saía negligentemente da garagem de sua casa. Já tive conhecimento de acidentes com vítimas mortais a lamentar, porque os popós vão a sair e não reparam se alguém passa na rua. É demais!

Agora as pessoas têm a mania de levar a comidinha para o almocinho no autocarro. È para abrir o apetite, se é que há mesmo necessidade de o abrir.

A tarde de trabalho foi algo movimentada. O meu colega tinha mudado o aspecto do rato do computador. O ponteiro era agora em tom amarelo-torrado e, enquanto estava ocupado, ganhava a forma de um dinossauro. Estava engraçado mesmo!

Foi uma tarde em que belgas e alemãs decidiram ir nadar. Eu apliquei os meus conhecimentos de Holandês ao conversar com as belgas. É por isso que eu adoro o que faço na Piscina. Nunca sei quem vou encontrar e encontro sempre pessoas interessantes com quem posso interagir. Estou a adorar isto! Já antes tive pena de sair, como tive oportunidade de referir na altura. Ainda bem que voltei!

Foi assim em clima animado que se passou aquela tarde, sem eu dar pelas horas a passar. O autocarro vinha a abarrotar de gente. Se calhar até vinha atrasado e as pessoas foram-se acumulando na paragem.

Ah! Espera! Eu fui fazer umas compras a uma casa de Desporto para aproveitar os saldos. Fui mais tarde para casa. Agora estou a associar.

Para além de ter chegado a casa mais tarde, havia um cheiro esquisito na rua e isso serviu de pretexto para já não sair mais de casa.

Situação do dia:
Eu aturo cada uma! Ia voltar para trás por já serem horas de sair para almoço ou para...esperem! Estava à espera que o semáforo da passadeira abrisse quando fui abordada por um casal de meia-idade com sotaque da Serra. Perguntava-me o elemento masculino do casal se eu conhecia por ali “alguma casa de pasto”. Eu sempre fui dizendo que pouco entendia dessas coisas da agricultura e da pecuária. Ele insistiu e, desta vez falou-me em Português que eu entendia. Onde é que havia um local onde pudessem comer alguma coisa. Eu lá lhes indiquei um, enquanto me desfazia em mil e uma desculpas.

Bacorada do dia:
“Tu já alguma vez foste mãe?!!!!” (Pergunta feita por uma colega minha a...um colega meu.)

Friday, June 29, 2007

Em busca de Artem Dzuba

Ver texto “Possível só em sonhos”

Naquela madrugada o meu subconsciente andou particularmente activo. O meu cérebro pouco deve ter descansado. Já vão ver as confusões oníricas em que eu me meti. Voltava um personagem deste blog e de alguns dos meus sonhos mais estranhos- o russo Artem Dzuba, Jogador Número Quarenta do Spartak de Moscovo.

No dia em que sonhei isto não tinha um computador para escrever o texto referente ao sonho, como sempre faço quando tenho oportunidade para isso. O remédio foi escrevê-lo por tópicos, tentando desenvolver o mais possível.

Tinha de começar por algum lado a descrever outro sonho confuso que envolveu gente que eu conheço, familiares, colegas e...Artem Dzuba. Nem o sonho era sonho sem a presença desse miúdo russo.

Na altura comecei o sonho pela parte em que se realizava um jogo entre Portugal e a... Ucrânia. Para disparatar, o referido Artem era...guarda-redes. Na vida real ele é russo e até é avançado. Nos dias que antecederam essa partida de Futebol, a selecção dele estagiou num complexo desportivo que existia, imagine-se, perto de minha casa. Deve ser aquele que eu ando sempre a dizer que mando construir lá se um dia me calhar o Euromilhões. Se os outros sonhos se realizam, gostaria imenso que este também se realizasse. Não é a primeira vez que sonho com a parvónia do meu burgo fortemente urbanizada com centros comerciais, discotecas, centros desportivos e afins.

Agora incrivelmente, a cena passa-se em casa da minha madrinha (por acaso a minha família e a dela desentenderam-se agora por causa da casa do nosso primo que morreu o mês passado na Figueira da Foz). Ainda era na casa velha onde a minha tia ainda tem os seus animais. Ouvi dizer que o Artem estava com o meu primo lá. Eu disse à minha mãe para lá irmos, mas ela disse que não estava ninguém ali. Eu fiquei a pensar que ela não queria ir lá por andar zangada com a minha madrinha. De facto, e após várias insistências em chamarmos, ninguém apareceu. Dei o tempo por mal empregue, pois tinha lá ido de propósito para o ver.

Sempre atrás do Artem, viajei com a minha mãe (imagine-se!) para...Moscovo. A cidade apresentava um aspecto rude. Havia um monte de entulho no chão. Subi com a minha mãe a um monte de ferros velhos e enferrujados. O objectivo era ver se via o...Artem. O estádio iluminado e com uma relva bem verde contrastava com a paisagem daquela cidade. Apesar de as luzes estarem acesas, ninguém se encontrava no interior daquele complexo desportivo.

Deixem estar que agora vem aí disparate do bom, apesar de isto ser um sonho e de tudo ser permitido nas representações oníricas. Bem, o disparate maior foi mesmo lá atrás com a minha mãe-de forma incrível- a acompanhar-me em busca do Artem. Comparado com o que atrás se relatou, isto até é menos disparatado, digamos assim.

Todos nós regressámos à pequena sala de aulas da ACAPO. Todos e mais alguns. Eu nem sabia onde me sentar e acabei sentada numa das pontas da mesa com mais gente. Estávamos todos colados a todos. Estavam ali todos os meus colegas, amigos, conhecidos e mais um Rui que eu não conhecia. Por acaso agora na formação anda um Rui que eu não conheço. É curioso!

Como ainda havia mais alunos ali a frequentar as aulas, e havia muita gente ligada à música, alguns iam para a sala de multimédia e cantavam...fados. Para minha tristeza, levavam sempre o Artem para lá. Estava passada com a situação. É que nem podíamos sair dali ao intervalo para não perdermos o lugar. Na outra sala continuavam a cantar fados e eu chateava-me. Nem pensavam em ir ao intervalo. Também aquela sala rebentava pelas costuras de gente que não queria perder assento nem por nada.

Regressámos à confusão da nossa sala. Como atrás referi, estava sentada numa das pontas da mesa, de costas para a porta. A meu lado estava, imagine-se, a esposa do Presidente da ACAPO-Centro. Agora é que eu me lembro disso.

Entretanto prosseguia a cantoria do outro lado, para mal dos meus pecados. E eu estava mesmo atenta ao que se passava na minha sala? Claro que não!

O relógio de pulso tocou. Eram seis da manhã. Faltava ainda meia hora para me levantar. Aquele ainda não era o despertador “oficial” para me levantar. Virei-me para o outro lado e voltei a sonhar com as mesmas cantorias, até que uma se sobrepôs às outras. Era a do telemóvel a anunciar que eram horas de me levantar e de acabar com todo aquele circo.

Resta dizer que, ma altura em que o telemóvel tocou, o sonho já metia estranhas apostas e tudo. Era um colega meu que me contava, à noite, na rua e com muito frio o que se passava do outro lado. Fiquei na dúvida se era mesmo o Artem que ali estava se era o rapaz que eu amo e que também adora música. Lamentava-me perante o meu colega por não poder ajudar aquele rapaz de Leste como devia por culpa de algumas pessoas que resolveram dividir a turma. Só eu o podia ajudar por ter algumas bases em línguas eslavas.

Rindo como só ele sabe, o meu colega foi revelando o teor das estranhas apostas que proliferavam na sala onde tinham aulas. Umas estranhas aulas, diga-se. Nós com aulas a sério e eles com cantorias e apostas em que tudo servia. Disse-me o meu colega que até um caixão serviu de aposta.

Perguntei-lhe pelo Artem. Obtive como resposta o toque do telemóvel. Fiquei chateada porque me apetecia estar naquele diálogo eternamente. Um dia frio esperava-me na vida real. Nada de Artem que vem do frio.

Depois de estar bem acordada lembrei-me que adormeci a ver o “Um Contra Todos”, na altura em que uma concorrente que dava aulas de Português a estrangeiros disse a Malato que os russos eram os estrangeiros que mais depressa aprendiam a nossa língua. Isso fez com que imaginasse as aulas de Português Vernáculo que iria dar ao Artem. Para terem uma ideia, a primeira aula seria sobre nomes feios que se usam chamar a árbitros cá no burgo.

Como acontece todas as manhãs, coloco um CD como banda sonora de me preparar para mais um dia de trabalho. Nessa manhã calhou a Romana. O CD estava sujo ou riscado.

Estava também a cortar uma unha de um pé que já estava enorme e cortei-a até fazer sangue. Eu sou assim!

A manhã de trabalho foi perfeitamente normal.

Quando o autocarro 29 passou na paragem, dei conta de que estava a decorrer uma qualquer discussão. A selva a funcionar ali. Mas nem é preciso ir no 29 para se passar pelo hospital e para ver a azelhice das pessoas a lidarem com senhas de autocarro.

A tarde foi pouco movimentada. Reza a crónica que só tirei duas senhas. Estava fraquinho. È o tempo que não ajuda.

Na farmácia tinha medo de passar num sítio. As obras ainda continuam.

O treino foi feito de forma condicionada e apenas teve a duração de 45 minutos. Vinte e cinco dos quais foram passados a correr de forma contínua. Foram quase nove, as voltas que dei a uma das pistas de fora. Depois foi só fazer alongamentos e ir embora antes que arrefecesse.

Cheguei a casa e fui procurar algo para comer. Para minha surpresa encontrei os queijos que eu julgava ter levado para a minha terra.

Doíam-me os dentes e fui-me deitar cedo. Antes ainda vi um pouco de televisão.

Situação do dia:
E ainda dizem que eu sou toupeira! Vejam esta que nem conhece o material dela. No balneário houve uma rapariga que me perguntou se eu sabia de quem eram umas sapatilhas cinzentas dentro de um saco preto. Eu que sou toupeira disse que eram de uma rapariga que se tinha ali equipado. Na verdade, quem falava comigo era a própria dona das sapatilhas.

Bacorada do dia:
“Ou é dos Winom, ou é dos The Cure.” (Por mais voltas que dê à cabeça, não me consigo lembrar de qualquer sucesso que os Winom tenham cantado.)

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Isto já parece o sonho do hospital

Ver texto” A tensão arterial tanto pode aumentar, como...subir”

Todos os anos temos de fazer exames médicos por causa do Desporto. Isto para precaver que algo de grave e fatal aconteça.

Como o Centro de Medicina Desportiva de Coimbra fechou (mais uma das maravilhosas coisas que o nosso Governo se lembrou de fazer), temos agora de nos deslocar a Penacova para esse fim. Se os governantes que têm a má sorte de nos governar soubessem os transtornos que causam com isto...

Para já tive de sair uma hora mais cedo do meu precioso trabalho. Se os governantes não gostam de trabalhar há mais quem goste.

Estive largos minutos à espera do autocarro que me levasse até à ACAPO. Cheguei lá bastante atrasada. Podiam-me ter ido buscar à Piscina, mas estava sem bateria no telemóvel e não deu para combinar isso.

E lá fomos virados a Penacova, já atrasadíssimos, com a tarde a cair. Havia lá algum movimento. Nada de Kazaques.

Cumprimos as formalidades de preenchimento de alguns formulários com a nossa história clínica- aquilo a que se chama anamnese- e íamos conversando. Tinha uma lesão num pé, resultado do demolidor treino da passada quarta-feira. Havia que me queixar ao médico.

O meu colega foi primeiro que eu à consulta. No interior da clínica estava quente, a contrastar com o frio que começava a fazer-se sentir na rua.

Chegou a minha vez de entrar. No consultório, as mesmas personagens do sonho que envergavam vestes verdes. Tal como nessa ocasião, era um casal de clínicos. Depois de me medir e pesar (tenho 1.57 metros de altura e peso 57kg) fiz um electrocardiograma. Estava tudo na mais perfeita normalidade.

O resto também estava tudo bem. Só um pequeno pormenor, a tensão mínima estava um pouquinho elevada. Apesar disso, os médicos disseram que tal se devia a um pouco de ansiedade típica de quem vai submeter-se a testes médicos, mais quando eu tenho uma pequena mazela num pé que no final o médico me disse que se deveu ao frio. Agora tenho de ligar esse pé. A lesão não me impede de treinar.

Eu cada vez me impressiono com a capacidade que tenho em realizar alguns dos meus sonhos que tenho durante a noite. Eu não sei ao certo quando é que eu tive aquele sonho no hospital que na altura me deixou apreensiva e a pensar que algo me iria acontecer. Estou sempre a pensar na situação do meu problema nos olhos que me tem causado alguns dissabores. É incrível!

Aquela segunda-feira foi marcada pela chuva e o frio que se fizeram sentir durante a madrugada. É a minha sina. Pode não chover durante os outros dias, mas à segunda-feira de manhã, quando eu não quero a chuva para nada, começa a chover para me chatear.

O frio era tanto que andava alguém a passear com um cão bem agasalhado. O animal andava munido de roupa quentinha. A dona parece que também.

A manhã foi calma. Nem da selva do autocarro 29 tenho algo registado. Estava a ler um livro e aí desfiz uma dúvida que causou uma enorme discussão numa das nossas aulas (ver texto “Suplente ou sobresselente”). Na altura questionava-se sobre o termo mais correcto. Afinal a palavra “sobresselente” existe. Vi-a escrita num livro.

Na cantina havia uma fila infernal. Reza este apontamento que eu cheguei atrasada. Regressei num autocarro que cheirava abundantemente a sopa.

Da parte da tarde nada houve de relevante. Apenas saí mais cedo para ir a Penacova.

Já não deu para treinar. Fazia muito frio e já era bastante tarde.

Acabei por adormecer. Quando começava o debate sobre o tema da moda- o aborto- simplesmente desliguei a televisão. Os sonhos que iria ter valiam mais que qualquer discussão sobre esse tema que até já chateia.

Situação do dia:
O Natal já passou há mais de um mês. Apesar disso, em certa rádio local ainda foi possível ouvir a já célebre canção “A Todos Um Bom Natal” do Coro Infantil de Santo Amaro de Oeiras.

Bacorada do dia:
“Para entrar numa sub-opção de opção...” (Difícil de perceber.)

Os afilhados de Maradona

Analisei com atenção os plantéis das equipas de Futebol dos principais campeonatos, após os imprescindíveis reajustes do mercado de Inverno.

Fiquei impressionada ao verificar que havia uma imensa quantidade de jogadores brasileiros de nome Diego a alinhar por aqui.

Já se sabe que os brasileiros têm a mania de baptizar os seus filhos com os nomes das celebridades da moda. E enquanto são só as celebridades a inspirar os pais e mães do País Tropical, as crianças estão muito bem.

Dar o nome de Diego a um filho em meados dos anos oitenta não foi indiferente ao facto do argentino Diego Armando Maradona encantar o mundo do Futebol com as suas jogadas impossíveis.

Diego Armando Maradona foi o jogador que se sabe que foi. Um predestinado na arte de bem jogar Futebol. Independentemente da vida menos própria que levava fora dos relvados “El Pibe” era daqueles futebolistas que valia a pena pagar o preço de um bilhete e ver os seus jogos. Simplesmente genial!

Ao darem o nome de Diego aos seus filhos, os pais brasileiros estão a alimentar o sonho de um dia os seus rebentos virem a ser aqueles futebolistas de excepção como o foi o craque argentino.

O primeiro passo para o sonho dos seus pais já está dado: os jovens Diegos são futebolistas e escolheram Portugal para iniciarem ou prosseguirem as carreiras que os seus progenitores auguram ser auspiciosas e cheias de triunfos, tal como sucedeu com o jogador que lhes emprestou o nome.

Só que Diego Armando Maradona só há um no Mundo. Todos estes jovens brasileiros que actuam em modestos clubes portugueses intitulados Beira-Mar, Nacional da Madeira (nesse existe mesmo um outro Diego que até é guarda-redes e é suíço), Desportivo das Aves, Vitória de Setúbal, Gil Vicente ou mesmo Sporting de Braga sonham ser craques. Muitos já o conseguiram e tentam agora outros voos. Os outros esperam crescer um pouco mais para chegarem onde chegou o ídolo dos seus pais.

De certeza que no Brasil existirão ainda mais jovens da idade destes futebolistas a quem os pais deram o mesmo nome de craque, mas que nem sequer conseguiram que as portas do Futebol se abrissem.

A madrugada daquele domingo invernil foi passada a actualizar o blog. Muita coisa havia para ser feita neste meu espaço de reflexão e de criatividade que em mais lado nenhum eu consigo explanar. A partir deste dia, este espaço tornou-se um pouco mais combativo e outras opções se abriram. A principal delas foi ter a possibilidade de alinhar os textos em categorias, tornando a vida dos que querem ler determinado tipo de textos mais facilitada.

Voltemos ao Futebol: depois de afastar o Vitória de Setúbal da Taça de Portugal, a Briosa voltou a receber em casa a equipa sadina. Desta vez os setubalenses vingaram-se e venceram por 0-1. O golo foi apontado por Binho, um jogador que já vestiu a camisola negra da Académica. É assim o Futebol!

Afinal é verdade que o Paulo Adriano regressou a Portugal para representar o Guimarães. Ontem perguntámos ao pai dele que nos confirmou a notícia que eu ouvi da boca de adeptos da Académica no decorrer do jogo particular entre a Briosa e o Dínamo de Bucareste.

O Guimarães perdeu, mas não sei se o nosso amigo já terá jogado este fim-de-semana, uma vez que chegou já a meio da semana que passou. Da minha parte só me resta desejar tudo de bom ao Paulo nesta nova fase da sua carreira.

O Sporting marcou passo, mais uma vez, ao empatar com o Boavista a uma bola.

Era noite cerrada e o gato Mong sem aparecer em casa. Quer-se dizer que passa mais um fim-de-semana sem lhe pôr a vista em cima.

A semana que aí vem será marcada por Futebol fora e dentro das quatro linhas e por sonhos, uns que se realizam e outros que uma pessoa tem a sorte ou o azar de ter durante a noite. Nestes casos é mais a sorte, visto não serem pesadelos.

Bacorada do dia:
“Novo é a primeira opção do menu abrir.” (As pérolas de cariz informático davam, elas próprias um bom blog.)

Wednesday, June 27, 2007

Eu e os egípcios

Este é mais um sonho que merece ser aqui relatado, apesar de ser um pouco pequeno. Os sonhos, dizem os especialistas, mais não fazem do que recontar o real da vida de uma pessoa. Pois bem, este espelha um medo que eu tenho: o de ser constantemente perseguida na rua.

Se eu vou na rua e alguém insiste em vir sempre no meu encalço, já fico apavorada ao pensar nas intenções que essa pessoa poderá vir a ter para comigo.

Nos sonhos continuo também a ter medo de perseguições, embora leve sempre a melhor sobre os meus perseguidores. Há situações também em que eu morro de medo em sonhos e que pouco me incomodam na realidade. Estou a falar de tempestades com muita trovoada e de cadáveres.

Mas vamos ao nosso sonho, que é o que interessa para aqui. Era mais um fim-de-semana passado na minha terra. Como acontece inúmeras vezes, aproveito para ir treinar na estrada. Nesse dia resolvi fazer um daqueles treinos até ao Rio de Vila Nova. O dia estava a caminhar para o seu final de tarde. O Céu já estava algo nublado.

Já vinha no caminho inverso. É o caminho mais difícil, pois há uma subida bastante íngreme numa zona chamada Lapa das Fitas. Mais ou menos nessa zona, um carro cinzento andava muito devagar ao meu lado e, às vezes atrás de mim.

Fiquei logo apavorada! Ali nem existem casas, apenas pinhais e mais pinhais. A intenção daquelas criaturas não era boa!

Aquele veículo era conduzido por quatro egípcios que depois desandaram e foram à sua vida. Obviamente que eu continuei a correr em direcção a minha casa.

Chegada ao meu destino, qual não é o meu espanto quando vejo o veículo dos desconhecidos estacionado à minha porta. Fiquei passada, mas o carro estava ali sem ninguém.

Entrei e o que vi deixou-me mais espantada ainda. Os forasteiros confraternizavam animadamente com os meus pais e outros familiares meus. Fiquei chateadíssima!

Fiquei, no entanto, aliviada por eles não me quererem fazer mal. Apenas me conheciam e não tinham a certeza onde se situava a minha casa, por isso me seguiam por instantes.

Só eu é que não lhes achava piada e não falava com eles. O resto dos presentes numa festa qualquer estava maravilhado com a sua presença e com as histórias que eles contavam.

Não estava tanto frio como no dia anterior. Ainda bem! Havia mesmo um Sol radiante a brilhar.

A tarde desse dia foi passada a elaborar mais uma série de textos para o blog. Consta que não tenha ido treinar, nem para o Rio, nem para coisa nenhuma.

Nessa noite houve mesmo uma pequena festa lá em casa para assinalar o aniversário do meu vizinho completado na passada quinta-feira. Não consta que tenha aparecido gente estranha na festa.

O Glorioso fez uma curta deslocação ao Estádio do Restelo para defrontar o Belenenses. O resultado saldou-se na vitória do clube da maioria dos portugueses por 1-2. Simão e Luisão foram os autores dos tentos encarnados.

O gato Mong não apareceu em casa, mais uma vez.

Situação do dia:
No jogo entre o Belenenses e o Benfica, o guarda-redes Costinha por pouco não comprometia perigosamente a sua equipa ao executar um estranho pontapé em rosca.

Bacorada do dia:
“Se lhe desse uma trombone.” (Tocava um requiem...)

Fffffffffff

E lá tocou o despertador. Logo agora que eu estava tão bem no quentinho dos cobertores! Mais um dia de trabalho se avizinhava. Era sexta-feira. Ainda bem!

Com extrema moleza, levantei-me e desliguei o telemóvel que estava a despertar. Tive um arrepio. Ainda mal tinha colocado os pés no chão e já estes começavam a arrefecer. Devia estar um frio horrível!

De facto era isso que estava a acontecer. Os termómetros deviam estar a registar valores negativos mesmo naquela manhã de finais de Janeiro.

E lá tinha eu de sair à rua com a temperatura assim tão baixa. Por todo o lado, o frio era o tema de todas as conversas. Cada um se protegia dele como podia e melhor sabia. Mas estava assim tanto frio ou nós é que já não estávamos habituados a ele? È mais a segunda hipótese. Passou-se de um clima anormalmente quente para a época para o frio intenso que sempre costuma existir no Inverno. Não houve uma descida gradual da temperatura.

No trabalho, de modo nenhum aquecíamos. Dizia-se que “estava um calor esquisito.” Na rua então nem pensar em estar. Corríamos o risco de congelar. De arrepiar mesmo!

Nem pensar arriscar em treinar com um frio destes! Se na quarta-feira a temperatura estava mais alta e congelei...Assim que cheguei a casa, comi qualquer coisa e fui logo para debaixo das cobertas ouvir o relato de um jogo em que o Porto perdeu com a União de Leiria por 1-0. Adormeci e não me voltei a preocupar com as baixas temperaturas que se faziam sentir na rua.

Fora o frio intenso que se fazia sentir, mais nada de muito relevante se passou. Andava tudo um pouco tristonho, murcho até por causa do frio. Eu então fazia de tudo para me acomodar.

Da parte da manhã, uma menina chorava porque se tinha esquecido do fato de banho em casa. Se fosse eu, dava graças a Deus por já não me ter de despir naquela manhã de bater o dente. Por mais que dentro do balneário esteja quente. Pior! Vimos de lá quentes e levamos um choque ao sentir todo aquele frio.

A única coisa que andou quente foi o mercado futebolístico que se aproxima a passos largos do seu fecho. E foram boas as notícias para mim, senão vejamos: o Beira-Mar contratou o jovem sérvio Borko Veselinovic. É o segundo jogador oriundo dos Balcãs que o clube aveirense contrata. Muito bem! Assim é que eu gosto.

Também interessado num jogador dessas paragens está o Glorioso. Eu estou muito zangada porque o meu caríssimo clube quer trocar o Karyaka pelo Derlei (de quem eu não gosto). Agora o Benfica parece estar interessado também no montenegrino Purovic.

Igualmente interessado no mercado de Leste está o Braga. Irá buscar novamente o Delibasic? Para mim o Delibasic é muito melhor que o Marcel. Eu vou mais longe e afirmo que ele nunca deveria ter saído do Benfica, que o Glorioso deveria mesmo tê-lo comprado ao Maiorca. É um jogador sem sorte, este montenegrino! É uma pena!

E o Derlei assinou mesmo pelo Benfica nesta noite escura e fria. No entanto, o russo Karyaka não aceitou servir de moeda de troca neste negócio.

Para terminar, basta referir que não me apeteceu levantar com o frio que estava para ver mais um episódio de “Paixões Proibidas”.

Situação do dia:
Num dia tão triste, tão frio e tão murcho, a única coisa que consegui arranjar foi esta: uma senhora, no autocarro, por pouco não se sentou no chão. Acho que ela se queria sentar num banco daqueles individuais.

Bacorada do dia:
“No ficheiro está o Ambiente de Trabalho.” (Outro preciosismo digno de verdadeiros craques em Informática.)

Monday, June 18, 2007

Aquele dominglo (texto escrito dias depois da morte de Miklos Fehér)

Manda a tradição quem no último domingo de Janeiro, Vale de Avim acorde ao som de foguetes e de música de gaiteiro. Este ano o gaiteiro era composto por músicos do lugar que andavam de porta em porta num clima de folia, apesar da chuva que teimava em cair.

Era um domingo igual aos outros, a festa pouco me dizia. Passaria essa tarde como todas as tardes de domingo- no quarto a ouvir os relatos de Futebol. Tudo normal! Os jogos terminariam com o cair da noite, sem nada de novo. Apenas o trivial das tardes e noites de domingo: vitórias, empates, derrotas, bolas que não entram por azar, grandes penalidades por assinalar, toques ou lesões mais ou menos graves. Nada que não aconteça a cada fim-de-semana.

A tarde chegava ao fim. Ainda se ouviam os foguetes e as músicas animadas no lugar. Daí a nada iria terminar a romaria. O tempo de chuva e de frio iria obrigar os foliões a recolher aos cafés do lugar para assistir a mais um jogo de Futebol. Um simples jogo de Futebol. Nada mais. Quando a bola começasse a rolar, um coro desafinado de vozes exaltadas iria discutir as incidências desse jogo que se previa que terminasse sem casos que não fossem os típicos das discussões do costume.

Eu estava no meu quarto. Ia ouvir o relato de mais um Guimarães-Benfica. Ao mesmo tempo, lia algumas revistas enquanto o temporal lá fora se tornava cada vez mais forte, mais medonho. Pairava no ar algo estranho. Era impressão minha! Estava apenas ansiosa. Era da ansiedade. Preparava-me para dar um novo rumo à minha vida. Era natural sentir-me assim.

Os minutos passavam. E o Benfica que não marcava! Mais um mau resultado! Voltava à minha leitura, sem nunca tirar os sentidos do que se passava em Guimarães. O repórter dá conta de uma substituição que se adivinha no Benfica. Ia entrar Miklos Fehér. “Já lá devia estar!”- resmunguei eu mais uma vez. Era sempre assim quando o resultado não agradava e José António Camacho teimava em deixar o avançado húngaro esquecido no banco de suplentes. Mal sabia eu que seria a última vez que desejava a entrada de Fehér em campo e que acreditava que ele iria salvar o Benfica, como naquele jogo com os belgas para a Taça UEFA.

O jogo caminhava rapidamente para o final. Ainda ia entrar o Andersson no Benfica. O repórter comentou que era o último jogo que o médio sueco ia fazer com a camisola do Benfica. Ultimo jogo- essas palavras soaram a algo que hoje me custa explicar. De repente larguei a revista que estava a ler. Sentia algo estranho. Algo que me deixou alerta. Era como se alguma catástrofe, algo de muito ruim estivesse para acontecer. Era a ansiedade, eram os nervos, o golo não aparecia. Não ia acontecer nada de mal. Era eu que estava impaciente e receosa da mudança.

Queimavam-se os últimos cartuxos de um jogo que parecia terminar empatado. Mais dos pontos perdidos! A voz estridente do repórter grita, finalmente, o golo encarnado. Ergo as mãos ao ar e grito efusivamente. Até a chuva lá fora parece ter acalmado. “Quem marcou? Foi o Fehér?”- voltava eu ao meu habitual monólogo sempre que ouço Futebol. Afinal foi o Fernando Aguiar, mas o Fehér é que fez o primeiro remate.

Novamente pego na revista e recomeço a ler. Apesar do golo, estava preocupada com algo. Era o medo de encarar uma vida nova? O jogo estava agora nos descontos. Era anunciada a amostragem de um cartão amarelo a Fehér. Um cartão amarelo, nada de extraordinário num jogo de Futebol em que, não haver cartões, já +e um feito raro nos dias de hoje. Poucos segundos mais tarde, o repórter fala, com alguma apreensão e algum embargo na voz, de um jogador do Benfica que cai no relvado. O outro repórter diz que se trata de Miki Fehér e alerta, quase aos gritos, que a situação é grave pois, de onde ele estava deu para ver que o atleta tinha perdido os sentidos.

Seguiram-se relatos de cenas de extrema tristeza. Jogadores e treinadores choravam compulsivamente. Não tinham acabado de perder a Liga dos Campeões, nem tinham acabado de ser despromovidos. Choravam a dor de perderem um companheiro. Uma derrota sempre se recupera na próxima vez, a vida é só uma e perdê-la é algo irreversível. Nem estava a acreditar no que estava a ouvir. Jamais imaginaria acontecer uma coisa dessas. Sei que estas coisas acontecem. Acompanhei as notícias da morte de Marc-Vivien Foe e de outros atletas. Nunca pensei que acontecesse algo aqui e muito menos com um jogador do Benfica.

Continuava incrédula a ouvir o que se passava naquele estádio em Guimarães. Beliscava-me e esfregava os olhos na esperança de que aquilo não passava de um pesadelo. Iria acordar, olhar em redor e verificar que nada se tinha passado. Não! Não estava a dormir. Estava bem acordada e gritava para mim própria: “Não fazem nada? E se ele morre?” Ainda pensava que se tratava de uma queda de tensão arterial ou qualquer coisa que depois iria passar, porém, continuava mais intenso aquele pressentimento de perigo. O jogo terminara ali. Ninguém queria mais saber do jogo. Esqueceu-se o resultado. Havia uma dura batalha contra a morte que se tinha de vencer.

Corri para a sala a acender a televisão. A chuva e o vento faziam lembrar algo que entristecia e, ao mesmo tempo, assustava. Ainda não se falava em morte, apenas numa situação clínica bastante grave. Nas rádios, as pessoas estavam emocionadas. O tom triste, quase de choro, tomava conta das suas vozes. Médicos especialistas em patologias do coração tentavam explicar as razões da tragédia. Que estávamos a testemunhar. Nem eles encontravam explicações. Apenas se mostravam receosos pela vida de Fehér.

Passaram-se quase duas horas desde o momento em que Fehér caiu no relvado frio e molhado de Guimarães. As imagens eram repetidas e comentadas. O sorriso de Fehér que arrumava o cartão no bolso. Os seus olhos brilhantes não davam a entender que, poucos segundos mais tarde, estivesse ali inanimado com toda a gente a chorar à sua volta e milhares de pessoas a aguardar um milagre, a notícia de que afinal tudo não passou de um susto. A notícia chegou. Vinda das trevas, trazida por uma coruja surgida do temporal. A morte venceu a batalha e Fehér deixou-nos para sempre.

Não estava a acreditar! Aquela noite não estava a acontecer. Perguntava-me a mim mesma porque é que a vida tem de ser assim. Porque é que a morte surgiu assim, sem aviso, num recinto desportivo, num local onde se promove a vida saudável e a alegria.

Reflectia. Afinal também sou desportista e receio sempre que me aconteça algo de grave. Custava-me a aceitar a partida de alguém tão jovem, com tantos planos, tão cheio de vida, tão alegre. Lembrei-me da letra de uma canção dos Trovante e aí achei uma explicação possível para esta morte. Dizem esses versos que Deus leva os que mais ama. Também diz o povo que os bons morrem cedo e que os mais chegam aos cem anos. Sertã que Deus chamou Fehér para junto de Si porque o amava?

É a vida! Temos de a aproveitar e vivê-la com tudo o que ela tem de bom. Não adianta haver guerras e conflitos no Desporto ou em qualquer outra actividade. Devemo-nos lembrar que a vida é muito mais importante do que qualquer resultado desportivo.

Zé e os outros

Para essa noite do dia em que passam três anos sobre a trágica morte de Miklos Feher (ver texto seguinte) estava marcado um jogo particular entre a Académica e o Dínamo de Bucareste (próximo adversário do Benfica na Taça UEFA). A equipa romena tem feito vários jogos de preparação em solo português para preparar o embate com o Glorioso marcado para o próximo dia 14 de Fevereiro.

A entrada para assistir ao jogo era grátis. A noite estava fria, mas havia que aproveitar para observar um pouco destes romenos que nos calharam em sorte.

Estava pouca gente no Estádio Cidade de Coimbra. O frio afastou as pessoas do Estádio. Acomodei-me numa das bancadas cobertas, tal como fez toda a gente.

Algumas pessoas comentavam o mercado de transferências. Ouvi uma conversa por alto que me intrigou. Parece que Paulo Adriano vem jogar para o Guimarães. Sertã verdade? Não acrdito!

Falava-se igualmente de arbitragem enquanto o jogo não começava. Um colega meu disse-me que do Dínamo de Bucareste só conhecia o Zé Kalanga.

Logo aos primeiros toques na bola se percebeu que o jogador angolano Número Onze era a figura central da noite. Os seus calorosos dribles e o seu perfume africano aqueciam a noite fria em Coimbra. Era o delírio nas bancadas sempre que o Zé de Angola tocava no esférico. Ninguém lhe ficava indiferente.

É incrível como algumas pessoas que ali estavam desconheciam os números de jogadores da Briosa. Eu sei-os todos de cor porque estive lá a estagiar e conhecia-os todos.

O jogo prosseguia. Para além do show dado pelo angolano Zé Kalanga, também o guarda-redes que eu não sei quem é, apesar de não me ser estranho, parece ter qualidades. Outro jogador interessante é o Número Dez da equipa.

A Académica chegou ao golo por intermédio de Filipe Teixeira. Poderia ter vencido por mais se Gyano não tivesse falhado um golo certo. Por acaso o Rapaz da Camisola às Riscas é húngaro e também enverga a camisola 29. Em dia de aniversário da morte de Feher isso não passou despercebido aos adeptos nas bancadas.

Momento alto foi a saída de Zé Kalanga do jogo. Ninguém lhe ficou indiferente. Os adeptos já relatavam um eventual encontro entre Zé e Mantorras. Quando Zé saiu (debaixo de um ruído infernal) destacou-se uma voz dizendo: “Obrigado por seres assim!”

Depois da saída de Zé, as bocas iam direitinhas para Sonkaya. Este jogador tinha duas velocidades que aplicava no seu jogo bem pesado e pastoso. Era devagar e lentamente. Os adeptos, no final do jogo, queriam-lhe ir pedir a camisola porque estava pouco transpirada, como nova.

O jogo terminou. Venceu a Briosa por 1-0. O Benfica não terá grande dificuldade em seguir em frente na Taça UEFA.

Havia que regressar a casa. Atravessei a rua na companhia de romenos. Mais adiante um grupo de portugueses fazia figuras tristes na rua falando alto, usando o vernáculo para se expressar. Fui caminhando lentamente até casa para não os alcançar. Deviam estar com os copos!

Choveu durante a madrugada. Eu ouvi. De manhã já estava a temperatura gelada dos últimos dias.

Parece que o investimento espanhol no Beira-Mar está a ser positivo. Se isso implicar a vinda de jogadores de Leste para cá, por mim podem comprar os clubes todos. Vukasin Devic, defesa-central é a mais recente aquisição do clube aveirense.

A manhã- que já estava bem fria- foi marcada por uma pequena avaria na porta de entrada. Enquanto reparavam a avaria sofremos na pele as agruras do frio. Que mau!

Quando saí passaram duas camionetas amarelas e vermelhas na rua. Pensando que era o autocarro, corri desalmadamente. Toupeira dum raio!

Na escola todo o conteúdo de um gabinete estava no meio da rua. Deviam estar a limpar ou mesmo a fazer qualquer tipo de obras.

Tal como aconteceu já no outro dia (ver texto “Se eu mandasse no Futebol”) comecei a pensar que, se me calhasse o Euromilhões, comprava o jogador do Dínamo de Moscovo que se sabe para oferecer por aí aos clubes nacionais. Aliás, só compraria jogadores de Leste. Nada de brasileiros ou argentinos.

Tudo isto veio a propósito do que se diz. Que Derlei pode vir para o Benfica por troca com o Karyaka. Eu não quero que o Karyaka vá embora. O Derlei pode vir, mas o Karyaka tem de ficar e mais nada. Traziam o Derlei da Rússia e também, como eu disse atrás, o Artem Dzuba do Spartak de Moscovo. Emprestavam-no ao Braga que quer contratar outro jogador de Leste. Já fica com um. A não ser que o Braga queira o Delibasic de volta. O Benfica emprestava esse russo ao Braga durante o que resta do Campeonato e ainda ficava com opção sobre o Delibasic novamente que não devia de ter saído do Glorioso. Que coisa mais complicada esta! Não estou a inventar. Há negócios assim confusos.

Na paragem onde ia apanhar o autocarro de regresso ao trabalho, fui a recuar para trás e pisei um casal de idosos que logo se queixaram.

Voltando ao mercado de transferências, o Porto contratou o colombiano Renteria. Sinceramente nunca ouvi falar de tal jogador. Não conheço!

A tarde foi repleta de pequenas estórias engraçadas. Para além da que servirá como “Situação do dia” outras duas merecem destaque.

Era a primeira vez que aquele jovem entrava nas instalações da Piscina. Naturalmente não estava familiarizado com a localização dos balneários. Dei-lhe uma chave de um cacifo azul (masculino). Passado um instante ele veio dizer que a chave não funcionava. Estranhámos porque ninguém mais se tinha vindo queixar de que o cacifo não abria. Podia ter avariado naquele momento. Demos-lhe outra chave e ele veio na mesma dizer que o cacifo azul não abria. Logo na mesma altura vieram alertar que andava um homem em tronco nu no balneário feminino a dizer que o cacifo não abria. Por sorte nenhuma senhora se encontrava lá.

Uma menina de uma escola entrou aos gritos a dizer que não queria ir para a água. Ninguém a conseguia deter. Ela fugia e gritava. Não insistiram com ela, senão era pior e podia acontecer alguma coisa. Enquanto os colegas foram para a água, uma das auxiliares da escola foi com a menina para a rua para ela se acalmar. Até doía o coração de a ver gritar!

E assim se passou mais uma tarde fria. O jogo entre a Académica e o Dínamo de Bucareste faria o programa de mais uma noite. Antes ainda passei pela ACAPO e revi os meus colegas.

Situação do dia:
Quando regressei do almoço vi um saco do Euro 2004 encostado ao caixote do lixo. Fiquei a olhar para ele a pensar que era o meu. Mas eu trouxe o saco hoje para a Piscina? Não é costume. Peguei nele. Era leve demais para ser o meu. Afinal o saco era do meu colega que tinha ido dar umas braçadas. Parece que foi a irmã que também foi voluntária no Euro 2004 que lho deu. Só depois me lembrei que nem sequer ia treinar nesse dia por causa do jogo.

Bacorada do dia:
“Não se pode pôr um ficheiro dentro de uma pasta, mas pode-se meter uma pasta dentro de um ficheiro.” (Ai é?!!!)

Em Tovim

Depois de ter saído da ACAPO, apanhei o autocarro para ainda ir para a Piscina da parte da manhã.

Assim que entrei, notei qualquer coisa no ar. O ambiente estava pesado dentro da viatura. O condutor falava com a Rapariga da Camisola Azul que parecia ir muito chateada. Fiquei atenta ao que se passava ali.

Ela não disfarçava o seu descontentamento. Tentei saber o que se passava. Parece que o nosso amigo Gregório ia num dos lugares perto dela e estava a ser indelicado para com aquela estudante que se ia matricular. Estava mesmo a ofender a moça. É demais aquela criatura! Só sabe ser indelicado, meter-se com as pessoas quando não deve e quando as pessoas não estão minimamente interessadas em lhe passar cartão.

E a Rapariga da Camisola Azul continuava a mostrar a sua indignação para com o comportamento sempre indevido de mister Gregório- que apanhou aquele autocarro porque sim, porque a sua mulher o chateou em casa e porque tinha de ir não sei onde chatear não sei quem. Não digo que ele tinha de ir fazer não sei o quê porque aquela criatura não faz nada de útil na vida. Só faz disparates atrás uns dos outros. É um ser do mais repugnante que há! Ninguém gosta dele. Nem a sua mulher que só casou com ele para não ficar solteira e porque tinha inveja de todas as suas amigas serem casadas e ela não.

O artista começa o dia a dar uma longa caminhada pela cidade. Bem cedo começa a apoquentar pessoal que vem de directas. Pergunta como correu a noite, se a seguir ainda vão para as aulas e por aí fora.

Depois toma um reforçado pequeno-almoço. Raramente bebe leitinho ou cafezinho com doces e bolachinhas. É logo uma refeição à homem mesmo.

Depois regressa à rua para fazer disparates e armar confusão. Certo dia abriu uma enorme cratera num passeio para ver se alguma gaja boa caía lá dentro. A vítima acabaria por ser uma pobre velhinha que ia a passar, movendo-se com o auxílio de uma canadiana e com extrema dificuldade.

É visto com frequência a entrar sem dizer “bom dia” e sem pedir licença na sala de espera para as consultas das grávidas. É o único homem na sala e a sua presença causa, naturalmente, grandes transtornos às futuras mamãs.

Já tem sabotado autocarros, automóveis ligeiros, motos e até bicicletas (é o que ele faz mais).

Foi ao Futebol um dia destes e, em vez de torcer por alguma das equipas ou de chamar nomes ao árbitro, insultava as pessoas que estavam nas imediações de onde ele estava. Deu-se uma confusão tão grande que foi necessária a presença do corpo de intervenção para sanar aquele burburinho.

Já tem rebentado pneus e depósitos de certas carrinhas de transporte escolar só para raptar a mesma funcionária. Parece que Gregório tem uma paixão assolapada por essa rapariga, de quem se diz que tem uns lindos olhos. Ele também acha e é por isso que não a deixa em paz. Quem não gosta é Dona Belarmina que tem sempre o rolo da massa e a colher de pau atrás da porta para cada vez que ouve dizer que o seu caríssimo marido anda pela rua a assediar as mulheres. Ora isso acontece todos os dias e a toda a hora.

Certo dia Gregório andava “à caça” pela rua. Viu duas estudantes bem produzidas e tratou de entrar em acção. Trancou a perna a uma delas e elas caíram as duas no passeio empedrado e lustroso. Como traziam saias curtíssimas, esfolaram os seus delicados joelhos. Gregório desculpou-se que ia a olhar para o ar e nem as tinha visto. Logo se ofereceu delicadamente para “lhes ir desinfectar as feridas”. As meninas não gostaram, até porque ele metia a mão em partes do corpo que nada tinham a ver com as zonas lesionadas. Quem ia a passar na rua era o seu cunhado (irmão de Belarmina) que logo foi bufar para a irmã o que Gregório tinha feito. Escusado será dizer que houve molho quando ele chegou a casa.

Hoje ele ia no autocarro a fazer a enésima vítima. Pobre Rapariga da Camisola Azul! Gregório continuava a assedia-la com conversas porcas mesmo. Inadequadas mesmo para um transporte público.

O condutor do autocarro disse à moça que, se o indivíduo a continuasse a chatear, que pararia o autocarro mesmo fora da paragem e que o punha na rua. A estudante sempre foi dizendo ao condutor que, por enquanto, ainda não havia necessidade de recorrer a esse método.

Rapidamente o autocarro chegou a Tovim (local de prolongada paragem). A rapariga saiu do autocarro para tomar um pouco de ar. Estava passada com a presença inadequada daquela criatura.

Gregório saiu imediatamente atrás dela e o condutor saiu em auxílio da nossa amiga que estava com medo do que ele pudesse fazer.

Foi nessa altura que um indivíduo, do outro lado da rua, o chamou. Vinha a sair do outro autocarro visivelmente etilizado. A Rapariga da Camisola Azul suspirou aliviada quando o viu atravessar para o outro lado. O condutor entrou novamente no autocarro.

Pouco depois o veículo amarelo e branco seguiu o seu curso sem mais incidentes.

Gregório e o seu amigo ficaram em Tovim observando o autocarro a afastar-se. Ficaram a combinar uma jantarada à base de feijoada para essa mesma noite. Belarmina não podia saber que depois iriam para locais pouco apropriados.

Regressei depois no mesmo autocarro. Reparei que a Rapariga da Camisola Azul ia novamente comigo. Que coincidência! Olhei-a. Ela parecia dormir num sono tranquilo, sem mais ninguém que a apoquentasse.

Eu também peguei no sono durante o tempo que o autocarro esteve parado em Tovim. Gregório e o seu camarada já lá não estavam. Ainda bem!

Reza aqui o meu apontamento que tive uma noite em que, não sei porque motivo, senti medo. Medo de quê? Do escuro? Não sei o que se passou. Não me lembro.

Amanheceu um radiante dia de Sol, mas com algum frio. Prometem que as temperaturas vão descer ainda mais. Como irão ver em textos seguintes, isso vai-se verificar.

Fui mais tarde para a Piscina. Logo se passou o tempo e a hora de ir almoçar chegou. Como referi, adormeci no autocarro e nem dei pela sua longa paragem em Tovim. De facto aquela história contada no início do texto foi uma adaptação minha de uma outra que eu presenciei no autocarro.

Foi uma tarde movimentada e com muito trabalho para mim. Graças a Deus! Havia de ser assim todos os dias!

Mal cheguei à Piscina, atendi um alemão louro, a puxar para o ruivo...muito bonito. Não entendia Português e pouco sabia de Inglês. Demorei a entendê-lo.

Recebi alguns recados para transmitir aos principais responsáveis da Piscina. Houve uma altura em que eu tive de tirar quatro senhas ao mesmo tempo. Era um teste ao meu desempenho. Tinha medo que algo falhasse, mas correu tudo bem. Exibi as quatro senhas como se de um valioso troféu se tratasse. Fiquei feliz por ter conseguido!

Nessa tarde concluí a leitura do livro “A Quarta Aliança” do escritor espanhol Gonzalo Giner. Foi um dos livros que me marcou. O primeiro capítulo desta obra é algo que me inspira a fazer um guião. Seria interessante passar a cena inicial desta obra para cinema ou novela. Aliás toda a obra seria interessante para esse efeito. Eu falo só da parte inicial porque estou a ler e estou a visualizar os passos daquele personagem que se prepara para atear fogo à sua comunidade, mata duas pessoas de forma brutal e depois foge enquanto olha para trás e vê a sua comunidade envolta em chamas. Tudo por causa de um medalhão herdado de um seu antepassado que o trouxe da Terra Santa e que pertenceu a uma descendente directa de Isaac.

O facto de a história alternar entre o passado e os nossos dias também é interessante. Sempre adorei histórias escritas assim. A forma como está escrita empolga. Ajuda aqui a perceber o que está em causa.

Foi o primeiro livro que li sobre Templários. Muitos outros se seguirão. Ainda bem que a revista “Sábado” nos proporciona estes livros para lermos de forma gratuita. De louvar esta atitude.

Ainda voltando ao livro, apenas há que fazer um reparo. Os dias do ano de 2004 não coincidem com os dias em que calharam na realidade. A seguir irão ver que o dia 25 de Janeiro, por exemplo, dia tragicamente marcado pela morte de Feher calhou a um domingo. Portanto o dia 23 de Janeiro não podia ter sido a uma quinta-feira, como o livro relata. Um mal menor numa excelente obra literária.

Comecei a ler o segundo livro desta colecção: “O Códice Secreto” de Lev Grossman.

Quando me dirigia para o treino vi nuvens negras no Céu, apesar de já estar a anoitecer. Alguns pingos de chuva caíram. Estava na recepção o funcionário da ACAPO e eu disse-lhe que estava, e passo a citar-me a mim própria “a chover torrencialmente”.

Afinal consegui treinar normalmente. Estava era bastante frio! O treino consistiu em trinta minutos de corrida com quinze minutos de aquecimento (aquecer era preciso naquela noite bem gelada) e os restantes quinze alternados de três em três minutos entre corrida rápida e corrida normal. A restante meia hora foi dedicada a alongamentos e alguma ginástica.

As minhas mãos estavam geladas e dormentes após a conclusão da corrida. Não acredito que tenha congelado! Foi isso que aconteceu mesmo. Não se podia andar na rua já.

Depois de ter terminado o treino é que constatei que tinha uma lesão num pé. Espero que não seja nada de grave.

Situação do dia:
A tarde na Piscina foi, até à data, a mais movimentada. Também foi a que proporcionou, até agora, o episódio mais divertido que se passou comigo. O Rapaz da Camisola Vermelha (infelizmente não é o original) entregou a chave e saiu apressadamente para a rua. deixando ficar o cartão. Eu então encetei uma furiosa perseguição para lhe devolver o documento. Só o fui apanhar quase junto aos centros comerciais. A missão foi cumprida. Regressei ao meu posto com um sorriso nos lábios pela minha atitude.

Bacorada do dia:
“Apareceu o Windsor ou lá o que é...Não gozem...Preciso que me dê umas aulas de Inglês.” (Não precisa. Para além de demonstrar os seus conhecimentos de Inglês, também sabe um pouco da cultura de Terras de Sua Majestade.)