Friday, July 31, 2015

“Say You Say Me”- Lionel Richie (Música Com Memórias)




Ultimamente tenho ouvido falar muito de Lionel Richie por causa da sua vinda a Portugal para um concerto.

Foi por isso mesmo que escolhi a música deste cantor norte-americano para contar mais uma história que marcou a minha vida. Uma história de outros verões da minha infância.

Era o tempo em que o meu vizinho organizava todos os domingos excursões para a praia de Mira. Nós íamos muito raramente. Muitas vezes íamos com o nosso pai.

Claro está que as figuras típicas da nossa aldeia estavam lá todas dentro daquela camioneta da Rodoviária que ainda devia ser laranja e branca, como aliás eram quase todas naquela altura.

A malta da minha terra resolveu um dia chatear o meu pai que vinha a dormir no autocarro. Então um deles cantava esta música alto e bom som. Outro havia que, envergando uns calções muito foleiros, daqueles que se conseguiam tolerar na década de oitenta, com xadrez verde, preto e branco, chateava o meu pai já dentro da barraca da praia. Sim, naquela altura ninguém levava guarda-sol para a praia. Alugava-se uma fila ou duas de barracas e ficava a malta toda junta. Serviam melhor para dormir a sesta depois.

Hoje as coisas são diferentes, já não há estes convívios.

Wednesday, July 29, 2015

“Esperanza”- Nino De Murcia (Eu Não Conhecia Isto)




Esta é mais uma descoberta musical. Há sempre alguém, que conhece outras músicas que me são completamente desconhecidas.

Aqui temos um tanguinho. Segundo está aqui escrito neste vídeo que aqui deixo, data de 1961. Já foi há muito. Curiosamente vejo aqui que este cantor é…francês. Agora fiquei surpreendida.

As coisas que eu aprendo!

“Aquela Igreja”- António Severino (Eu Não Conhecia Isto)




E de repente, começam a pedir esta música nos discos pedidos. Até há uns dois dias atrás, eu não conhecia isto.

Agoira tive uma ideia luminosa, era de valor eu começar aqui a tecer comentários sobre algumas letras curiosas de alguns fados, essencialmente. Tenho ouvido cada um! Então a Amália Rodrigues (que também escrevia as suas próprias letras) tem uma série deles. Para já, começo com esta.

Trata-se de uma letra típica do quotidiano português. Música mais portuguesa não pode haver. Quando a mulher lhe disse pela milésima vez que ia até à igreja, logo o homem lhe deve ter perguntado pela enesima vez: “então que pecados tens tu para tanto te penitenciares?”.

Desconfiado, o homem segue a mulher até à igreja, que depois foi despromovida a capela algures no decorrer da música. Mesmo que ele diga na letra que foi para fazer uma surpresa à mulher, nós obviamente não acreditamos. Ele terá seguido a mulher porque já andava com a pulga atrás da orelha. Talvez tenha ouvido rumores pela rua, ou então as pessoas olhavam-no de lado.

E lá foi ele atrás da sua amada, não fosse talvez ela encontrar-se com o padre, coisa que também se usava muito cá por estas bandas. Mas eis que ela não entra na igreja. Entra na porta em frente. A porta abre para a mulher entrar e fecha muito rapidamente. O protagonista fica do lado de fora. Mas o raio da porta é de madeira de má qualidade. Ouve-se tudo o que se diz lá dentro do lado de fora. Ou então as pessoas que la estão falam muito alto. Não imaginam que está alguém a escutar.

O protagonista fica destroçado. Para além de ter descoberto a traição da mulher, eventualmente ficou a descobrir que era só para ele que ela tinha dores de cabeça sempre que chegava a hora de ir para a cama.

Desce ele as escadas completamente de rastos psicologicamente e vai à igreja. Agora, por causa das coisas, havia de chegar lá e virem o padre e o sacristão e perguntarem-lhe:
- Então a sua mulher hoje não vem?

Enfim, uma situação tipicamente portuguesa de uma sociedade aí dos anos sessenta. Isto dava um sketch, uma cena de um filme, de uma novela…dava para muita coisa. Neste caso deu para uma canção.

Tuesday, July 28, 2015

Festa e loucura



Por onde começar a narrar isto? E que teve de tudo. Festa, passeata, música, Futebol, comida…até teve Tony Carreira como qualquer festa que se preze ultimamente. Ah, e o quarto amarelo!

Bem, a nossa casa estava cheia de gente. Havia duas gatas pretas que não podiam estar ao colo ao mesmo tempo. É que elas não se davam. No meu quarto havia maços de cigarro por toda a parte. Eu argumentei que não eram meus. E não eram mesmo. Eu não fumo nem em sonhos.

No dia seguinte haveria uma excursão. Parece que era de dois dias. Lá fomos. O local onde dormíamos era a loucura. Tínhamo-nos de dividir por dois quartos com uma série de colchões no chão. Um deles era o quarto amarelo e não tinha a ver com a cor das paredes que por acaso, e só por acaso, também eram amarelas. O conceito de quarto amarelo consistia no facto de os hóspedes começarem a dormir num colchão e irem trocando ao longo da noite. Bem, este conceito é muito à frente. Eu é que queria dormir descansada e flui para o outro quarto.

Saímos de autocarro. Chegámos a meio da tarde a uma rua que eu dizia conhecer bem. “Já aqui vamos!” pensei eu. Havia música ao longe. Cantavam-se os parabéns a alguém. Era um Sábado à tarde. Ouvindo melhor, era o Tony Carreira que dava por ali um concerto. O público feminino que seguia comigo logo se manifestou e eu fui dizendo que só gostava do Tony Carreira no tempo em que ele era pouco conhecido. Aí em finais dos anos oitenta e inícios de noventa.

O autocarro iria parar mesmo à minha porta. Eu estava bem recostada ainda ao mesmo banco onde tinha ficado. E não me mexia? Ia sair ali.

No dia seguinte, comia com sofreguidão pedaços de leitão quente. Estava mesmo a saber bem. A minha mãe foi contando os pormenores da visita de uma prima nossa que tinha vindo do Estrangeiro. Eu ia ouvindo e comendo aquele leitão estaladiço. Que maravilha!

Não sei se foi nessa mesma noite. O Porto e o Benfica iam jogar a altas horas. Eu sempre fui dizendo que ainda dava tempo de ver o resto do jogo porque sabia que ele ia a prolongamento. Mas não foi. Passado um pouco fiquei a saber, para meu desgosto, que o Glorioso SLB tinha perdido por 3-0. No final do jogo, os repórteres de rádio gozavam…com o Jara. “Mas o Jara não tinha ido para o Olympiakos?” pensei eu. E tinha mesmo. No meu sonho ainda jogava no Benfica e estava-me a doer a alma do tão gozado que estava a ser.

Acordei a rir. Não me lembro já do que foi.

Monday, July 27, 2015

Uma tal de Irina



Esta é mais uma história em que entra uma personagem totalmente criada pelo meu subconsciente. Eu às vezes fico pasma com o facto de aparecerem estas pessoas nos sonhos, pessoas que não existem, pelo menos não as conhecemos na realidade, mas com características únicas.

Tudo começa com um jantar lá em casa que estava a ser preparado. Algo estava a correr mal com os preparativos finais. Toda a gente participava na azáfama, incluindo a Feijoa e a Adie que iam acartando coisas, imagine-se. Faziam mais do que eu, que só fui recolher umas azeitonas muito pequeninas que mais pareciam passas. Mas que raio de azeitonas eram aquelas?

A minha irmã preparava as sobremesas e, incrivelmente, o meu vizinho estava muito autoritário nessa tarde de Sábado. Sempre a dar ordens. Por acaso o meu cunhado não estava presente ali. Teria ido buscar alguma coisa que faltava algures.

Aguardava-se a chegada de uma mulher de fora para acabar de fazer comida. Se calhar havia mesmo um prato especial para essa noite. Também ela já estava atrasada. Ligaram-lhe. Parece que ela vinha já na Moita.

E finalmente chegou a Irina de quem todos falavam para ajudar a fazer a comida. Ela tinha os cabelos negros e envergava umas calças azuis de ganga e uma t-shirt preta. Começamos-lhe a fazer perguntas e ela também falava pelos cotovelos enquanto cortava legumes, ou lá o que era que estava a fazer. É que ela mal chegou, foi logo para a casa de forno pôr mão na comida.

Vinda do Leste da Europa, ela foi contando que nasceu rapaz mas mudou de sexo para realizar o seu sonho- ser florista. Eu sempre fui dizendo que também havia homens floristas, embora fossem poucos, é certo. Se calhar na terra dela não era bem assim. Foi dizendo também que adorava chocolates e adorava cozinhar. Notava-se!

Estava ela ali a debulhar os legumes e a história da sua vida quando o despertador tocou.