“Dicionário De Futebolês” (impressões pessoais)

O Futebol é uma das minhas grandes paixões desde sempre. Foram milhares os jogos a que assisti pela televisão e muitos mais os que ouço pela rádio. Infelizmente, nos últimos anos, com os jogos da Primeira Liga a não darem em sinal aberto e com as rádios nacionais quase a restringirem os relatos aos jogos dos três grandes, não tenho acompanhado tantos jogos como os que gostaria. Felizmente, de há uns tempos a esta parte, descobri a Golo FM. É uma maneira de ouvir todos os relatos.

Em toda a minha vida, ouvi frases que se tornaram engraçadas e que não estão nesta compilação da autoria de Luís Miguel Pereira. De todos os comentadores que fui ouvindo, há que realçar Gabriel Alves- presença assídua dos fins de semana futebolísiticos quando praticamente só a RTP existia.

Quando ouço uma expressão que é vulgar usar-se no léxico futebolístico, questiono a sua origem. Fiquei a saber através da leitura deste livro de onde vem a lanterna vermelha. Era uma expressão que tinha curiosidade em saber de onde vinha.

Acho eu que ficaram a faltar muitas mais expressões usadas na nossa praça futebolística. Uma a que achei imensa piada quando ouvi pela primeira vez foi “jogar no campo todo”. Quando um treinador anunciou que ia jogar no campo todo, fiquei intrigada. Mas o campo não é para todos os jogadores das duas equipas pisarem? Alguém joga só em metade do campo?

Já há tempos tinha lido um outro livro também sobre frases engraçadas do Futebol. Adoro sempre este tipo de livros. Lêem-se de uma penada, divertem...e ainda ensinam alguma coisa, por incrível que pareça.

Equipando-me com o que fui deixando nos cacifos

Sonhei que, numa bela tarde, querendo eu muito ir correr, não tinha trazido o equipamento. Na verdade, agora não levo saco de equipamento seja para onde for. Equipo-me em casa e saio para a rua, pois é na rua o meu local de treino. Não corro em pista de atletismo desde 2007.

Ainda sonho que me equipo algures e vou treinar. Estava fula porque não tinha trazido equipamento. E agora? Resolvi abrir cacifos ao acaso, como se fosse normal darem-me as chaves todas de todos os cacifos para eu ver se eles tinham alguma coisa dentro. Se calhar, quando frequentava o balneário, nunca ficava com a mesma chave e fui, incrivelmente, deixando ficar coisas lá dentro. Mas...as outras pessoas também não frequentavam esse balneário? Parece que não. Eu devia ser mesmo a dona daquilo tudo.

Havia um cacifo com uma braçadeira para o telemóvel...e eu só tenho uma. Noutro cacifo estavam umas sapatilhas de corrida, noutro havia uma camisola- por acaso da ADETOCO- e noutro ainda havia umas calças de fato de treino. Já tinha tudo o que necessitava.

Lá me fui equipando...na receção e daí para algures correr.

Nos sonhos tudo é possível.

Visita a Aveiro

Apesar de esta atividade já não constituir novidade para mim, pois tinha ido com a minha irmã e o meu cunhado passear de barco pela Ria de Aveiro e tinha feito um workshop de ovos moles, nunca é demais repetir uma experiência da qual se gostou. Estou sempre pronta para andar de barco.

Tenho para mim que na outra encarnação (não sei quantas tive) terei sido um marinheiro lusitano, desses que deram novos mundos ao mundo. Fascinam-me muito os barcos e o meu sonho é estar em Alto Mar com as estrelas como teto.

Para já, contento-me com um passeio num barco mercantel pela Ria de Aveiro em plena luz do dia com os meus amigos. Nem só moliceiros percorrem aquelas águas. Aquele barco era um pouco maior, de cor verde. Era um barco que servia para transportar o sal.

A maioria dos meus amigos não conseguia ver a paisagem. Talvez a imaginasse pela descrição. Todos exibiam rostos felizes. Uma sensação de liberdade que a água dá. Pelo menos comigo funciona assim.

Seguimos para o workshop de ovos moles. Houve quem provasse este doce típico de Aveiro pela primeira vez. Aproveitou-se para comprar algumas caixas para oferecer ou para consumo próprio.

O passeio terminou com um piquenique no Parque da Macaca.

Difícil mesmo é escolher algumas fotos ilustrativas deste passeio.

“Everything I Do”- Bryan Adams (Música Com Memórias)

Andava eu no meu oitava ano, com cem por cento de certezas, quando esta música passava na rádio a toda a hora. Ainda não havia as playlists como há hoje e que permitem definir a frequência com que uma música passa durante o dia. Sei isso porque aprendi a trabalhar com esses programas quando estudava e quando andava a fazer o estágio em rádios.

Nessa altura ainda havia discos de vinil e uns poucos CD’s. Sei isso porque no dia 2 de janeiro de 1992, quando se ouviu a minha voz numa rádio pela primeira vez, tinham lá na Emissora Voz da Bairrada de Oliveira do Bairro uma caixa com trinta e dois CD’s. O resto era tudo vinil. Mesmo discos novos vinham em vinil. Calculo que este também fosse.

Tínhamos uma professora de Inglês no oitavo ano que era pouco mais velha que alguns de nos e que um dia trouxe esta música até para as aulas. Eu fiquei intrigada. Levava com esta música a toda a hora na rádio, nos discos pedidos, e agora ainda tinha de levar com ela também nas aulas?

Muitos anos depois, adormeci com o rádio ligado. A certa altura, ainda a dormir, ia ouvindo esta música. Acreditam que a música que ouvi era completamente diferente? Mais bonita, mais melodiosa, nem parecia a mesma.

A partir dai, comecei a ouvi-la de uma maneira diferente. Pode não ser daquelas canções que eu paro tudo para ouvir, ou que me provocam um certo arrepio, mas é uma música da qual aprendi a gostar.

Entrar, tocar e marcar

Jovane Cabral não precisou de um minuto em campo para apontar o segundo golo do Sporting que venceu em casa os azeris do Qarabag por 2-0. Temos jogador!

Vagner é o guarda-redes do Qarabag. Um regresso a Portugal.

Se os verdes do Lumiar perdem com esta equipa azeri…

De livre, Mathieu cria perigo mas Vagner desvia para canto. Vamos ver no que isto dá. Nada.

O Sporting carrega.

Salin já trabalha também, negando o golo à equipa que veste camisola preta e calções brancos. É uma equipa que não estamos habituados a ver jogar.

Mais um lance de perigo do Sporting. Cruzamento de Nani mas Raphinha permite o corte de um adversário.

De onde conheço eu este Zoubir? Do PES.

Já agora, o que se entende por ter “sangue de avançado”? Já que li recentemente o “Dicionário Do Futebolês”, fica mais uma expressão que pode ser que pegue. Se calhar o sangue de avançado corre especialmente na veia goleadora.

Saiu o primeiro cartão amarelo para o Jogador Número Onze do Qarabag por falta dura sobre Acuña.

Saiu um remate muito por cima de um jogador do Qarabag.

Vagner nega o golo ao Sporting por duas vezes no espaço de escassos segundos.

Termina a primeira parte com tudo a zeros.

Há golo do Sporting da autoria de Raphinha a passe de Nani.

Salin nega o golo ao Qarabag.

Medvedev sai lesionado. Era o capitão de equipa do Qarabag.

E lesão de Mathieu- está sentado no relvado a queixar-se. Parece uma lesão muscular. Terá agravado. Entra André Pinto.

Ristovski tem um remate perigoso de cabeça.

Bruno Fernandes remata ao lado da baliza de Vagner.

Acabado de entrar, Jovane Cabral aponta o segundo golo do Sporting.

Termina o jogo. O Sporting entra a vencer na Liga Europa.

Acidente na Estação Velha

Acidentes. Esse tem sido, invariavelmente, o tema dos meus pesadelos. Deixei de sonhar com gatos atropelados e passei cada vez mais a sonhar com cenários de caos e de morte na via pública.

Normalmente esses sonhos começam com notícias que vejo na televisão ou ouço na rádio. Depois, num golpe de hedionda magia, vou lá parar.

Desta vez, ouvia a M80, como acontece todas as manhãs. Davam informações de trânsito e, por volta das oito da manhã, deram conta de um grave acidente na Estação Velha de Coimbra. Dois maquinistas foram colhidos por um comboio que os reduziu a quase nada. Um deles chamava-se Pedro Alves. Por acaso conheço um Pedro Alves mas não é maquinista.

À medida que o tempo foi passando, a versão passou a ser outra. Eles não tinham morrido. Se o comboio os colheu, como foi possível sobreviver? Até apelavam a que se doasse sangue para os salvar.

Afinal só tinha morrido um- o tal do Pedro Alves. Não me lembro do nome do outro. Esqueci-me logo quando acordei.

Por volta da uma da tarde, passei pelo local do acidente. Estava tudo já limpo mas havia água por todo o lado. Ora se eu não tinha de ir fazer uma visita a mais um local de tragédia onírica, como sempre tem vindo a acontecer!

Eu ia dizendo a quem me queria ouvir o que eu digo na vida real. Que morro de medo de atravessar aquelas linhas. Agora esse acidente veio dar-me razão. Se fizessem obras, isto não acontecia.

Mais uma vez, este sonho teve a ver com notícias e conjeturas que fiz sobre comboios. Li e ouvi que um Alfa Pendular ficou em São Bento por ter uma avaria grave que poderia ter dado origem a uma enorme tragédia. Já não seguiu para Braga. Os maquinistas resolveram ficar mesmo pelo Porto. Ora esse comboio poderia ter ficado...na Estação Velha.

Experiência de Casillas evitou males maiores

Aquela equipa do norte hoje equipou de cinzento e empatou a uma bola com o Schalke 04. Casillas foi o melhor jogador da equipa ao ter negado constantemente o segundo golo aos alemães.

Soa o hino da Liga dos Campeões. Isso para o Brahimi é uma injeção de energia e de motivação. Vai inchar, como sempre acontece. Este ano mais ainda, pois está em final de contrato.

Por falar em argelinos, o Bentaleb vai jogar também. E eu que não apostei nele.

Danilo vai ser titular depois de recuperar de lesão. Virá infiltrado? Da outra vez, lembro-me do jogo que fez o Jackson Martinez contra o Bayern de Munique. Por falar nesse cidadão, veio jogar para o Portimonense e acaba de lançar um CD com música religiosa de sua autoria.

Aquela equipa cujo nome não menciono hoje joga de cinzento. Da cor dos ratos, não das toupeiras, que essas são mais escuras. Nas competições europeias, gosto que as equipas portuguesas ganhem, mesmo essa equipa que hoje está a jogar.

Olha o Embolo joga aqui nesta equipa do Schalke 04.

Há grande penalidade para os cinzentos. Vamos a ver quem marca. Foi o Naldo a jogar a bola com a mão na área de rigor. Quem marca? Alex Telles. O guarda-redes do Schalke 04 defende. Oportunidade desperdiçada.

A equipa portuguesa que hoje veste de cinzento carrega. Por acaso estão a jogar bem.

Naldo cabeceia por cima na sequência de um canto.

Está-se a rasgar todo, o Brahimi. Até vem atrás fazer cortes junto à linha lateral.

Bentaleb rematou à baliza mas sem perigo.

Casillas nega o golo a Serdar.

Embolo viu o cartão amarelo por falta sobre Alex Telles. É a primeira amostragem de cartões neste jogo.

É o que eu digo, o Brahimi hoje comeu a sopa toda e ainda repetiu o prato principal. Vem cheio de pujança.

Chegamos ao intervalo sem qualquer golo e a culpa é do Alex Telles que falhou a grande penalidade.

Quase que era golo da equipa que veste de cinzento que entrou para a segunda parte cheia de vontade de marcar golos.

Nova oportunidade de golo mas já havia uma falta ofensiva.

Saiu cartão amarelo para o Jogador Número Sete do Schalke 04 por protestos.

Aquilo era um duelo entre argelinos???!!! Que maravilha!

Danilo salva os cinzentos de sofrer um golo de Embolo.

Embolo remata para fora.

Desta vez Embolo não falhou. Ele, que vinha ameaçando.

Aquele jogador do Schalke que torceu completamente o pé vai voltar a entrar. Não é ele que vai sair. Sai o Embolo para a salva de palmas.

Volta a haver grande penalidade para a cor cinzenta portuguesa. King Marega assume as despesas da marcação. Foi bem cavada pelo Marega. Parece que não foi. Otavio tenta empatar. Desta vez marca.

Que se passou ali? Saiu o cartão amarelo para Corona.

Naldo corta agora uma jogada de perigo, numa altura em que o Brahimi vai sair para entrar Sérgio Oliveira.

Quase que os cinzentos marcavam.

Casillas nega o golo ao Schalke 04 mas já havia fora de jogo.

Saiu um cartão amarelo para Herrera. O livre ainda é perigoso.

Casillas nega o golo aos alemães.

Termina este jogo com uma igualdade, desta vez a uma bola.

Dub Be Good To Me”- Beats International (Música Com Memórias)

Há uma época na minha vida que classifico como a época da rádio por excelência. Aquela época em que o sonho de fazer rádio estava bem vivo. Absorvia esse mundo intensamente. Era o tempo da magia, do mistério...do Estúdio Dois que já expliquei o que era e tinha a ver com a parte de cima do edifício onde estava sediada a Emissora Voz da Bairrada. Aquela porta estava sempre fechada e imaginava-a repleta de discos. Imaginava a minha amiga Cristina (por onde andará ela hoje?) a ir

lá acima às escondidas para buscar discos muito estranhos. Aqueles que estavam lá nas profundezas. Depois, noutro lado, noutra rádio, fizemos isso as duas. Penso que já contei esta história aqui. Não tenho a certeza.

Penso que ouvia aquela estação de rádio quase vinte e quatro horas por dia. Conhecia os locutores, muitos deles. Outros não conhecia. De uma era grande amiga, e continuaria assim se não lhe tivesse perdido o rato- a Cristina. Acho que ouvia os programas todos. Ao fim de semana, desde bem cedo, estava o velho rádio ligado.

Nesse tempo, como bem sabem, os locutores passavam as músicas que lhes desse na gana. As emissões eram mais diversificadas. A era digital veio estragar muito essa magia de não sabermos as músicas que estávamos a ouvir. Era por isso que passava ali cada música mais estranha... Nunca me canso de repetir, aquilo com a Cristina era levado ao extremo. Comigo a ajudar, era a loucura.

Havia aos sábados à tarde um programa apresentado por um locutor chamado Carlos Almeida e que passava música eletrónica. Quase todos os programas, ele passava esta música. Mais ninguém a passava. Se calha o disco até era dele. Também passava Enigma, Gregorian e esses grupos que estavam na moda por esse tempo. Na altura eu detestava Enigma.

Esta música remete para o indicativo desse programa que era feito com um pouco de cada música. Havia muito o hábito das misturas. Quando não havia ainda computadores para se fazerem misturas, ia mesmo com discos de vinil e depois gravava-se, normalmente numa cassete. Outros tempos.

Hoje estou inspirada porque tenho, de facto, boas recordações desses tempos. Ainda hoje me rio do indicativo desse programa onde passava esta música que deu origem a este texto repleto de boas memórias. Salvo erro, é a música instrumental de um filme 007 ou algo assim. É de um filme qualquer, disso não tenho dúuvidas. Não sei o nome disso para procurar mas é muito conhecido. Era uma versão eletrónica dessa música e, segundo eu e a minha irmã- que sempre tivemos a imaginação fértil- os dois sons que fazem parte da música eram respetivamente alguém a entrar na missa e a tropeçar nos bancos de madeira e uma vassoura a cair no chão com o cabo numa divisão com uma acústica muito boa. É pena eu não ter aqui a música para melhor perceberem. Depois de identificados os sons, passei-me a rir porque, a certa altura, eles passam com curtos espaços entre si. Se eu ao menos soubesse o nome disso…

São tempos que não voltam. Pequenos pedaços de memórias que me arrancam, ainda hoje, um largo sorriso.

Trilhos de madeira

Está oficialmente aberta a nova época de caminhadas que começou a Norte, mais precisamente junto à Senhora da Pedra.

Num dia de temperatura amena e com o Sol encoberto, tivemos um ligeiro contratempo que teve a ver com o facto de o autocarro se ter atrasado...cerca de uma hora e meia. O que vale é que a caminhada não se iria revestir de grande dificuldade e iríamos cumprir o percurso em duas horas ou menos.

A caminhada foi quase sempre realizada em passadiços de madeira. Diria que foi a maior caminhada que fizemos neste tipo de piso mas talvez a caminhada de 2016 nos passadiços do Paiva tenha mesmo sido a maior neste tipo de piso de madeira. Não houve nada a assinalar na caminhada propriamente dita porque foi bastante fácil.

Terminámos na Afurada onde fomos procurar um sítio para comermos alguma coisa. Então fomos almoçar...á Casa dos azuis cujo nome eu não menciono. Por acaso, há que reconhecer que se come lá muito bem. Não é isso que me fará mudar de opinião em relação a esse clube. Até Broa de Avintes lá tinham e era uma iguaria que sempre desejei provar. Estava tudo delicioso, por acaso. Muito bom mesmo.

Para a tarde estava agendada uma visita às Caves Cockburn onde mergulhámos nos segredos do Vinho Do Porto e onde tivemos oportunidade de provar esse delicioso néctar.

Como sempre acontece, irei escolher umas fotos da caminhada e também da visita às Caves.

“Memorial Do Convento” (impressões pessoais)

Gosto muito de ler José Saramago, especialmente pela oportunidade que nunca perde de lançar duras farpas à Igreja e aos poderosos.

Esta é uma das obras mais conhecidas do Prémio Nobel da Literatura de 1998 e penso que é esta a obra que faz parte dos programas curriculares do ensino secundário. De facto, faz todo o sentido. Para além de estudarmos um pouco de Português, também aprendemos um pouco de História, especialmente a de Portugal que tão esquecida anda. Há quem saiba todas as dinastias. Era obrigatória sabê-las? Eu se algum dia as soube, já as esqueci completamente.

Por falar em reis, logo no primeiro capítulo da obra, logo me comecei a rir porque, para o simples ato de rei e rainha se deitarem um com o outro, havia todo um aparato de criados de ambos os lados. Não admira que os reis não conseguissem fazer crianças e tivesse de ser prometida à ordem dos Franciscanos um convento em Mafra. Todo aquele aparato...nem se despirem um ao outro os reis conseguiam…

Cada vez que se falava na Igreja, inevitavelmente, o paragrafo tinha de acabar no sexo. Sempre. A certa altura, Saramago menciona que apalpam o rabo uns aos outros na missa. Pois houve alguém na minha aldeia (não sei quem foi e se calhar a pessoa até já morreu) a quem o médico perguntou se costumava ir à missa. A senhora respondeu que já não ia à missa...desde que lá lhe apalparam o cu. Sempre atento ao mundo rural e ao que se passa no Portugal Profundo, José Saramago certamente ouviu falar desta história. Ou então passa-se mesmo isto frequentemente em todas as missas, seja na mais bonita e opulenta basílica, até à capela só com uma porta no meio de quatro paredes.

Também notei a excessiva preocupação de Saramago em fazer descer a realeza à sua condição humana. Os exemplos nesta obra são muitos. Foi uma constante em todo o livro. Apesar de todo o luxo, toda a riqueza, os reis e rainhas não passavam de simples homens e mulheres, como o são os mais singelos representantes do povo.

Uma obra à Saramago, digamos assim. Vai lançando umas farpas, dizendo umas verdades e assim vai prendendo o leitor.

Anatomia de gato e a música sem idade

Dois sonhos distintos marcaram esta noite. Dois sonhos, cujos pormenores foram apagados pelos primeiros sinais da vigília.

Vou tentar resumir o que se passou. No primeiro sonho, estava algures num laboratório ou algo do género. Foi-me dado para as mãos uma espécie de fóssil que parecia já ter muitos anos. Esse fóssil parecia de pedra e tinha a forma de um gato. Era muito frágil. A cabeça já estava separada do corpo e parecia partir-se em lascas ao mais delicado toque.

Era mesmo um gato. Um gato de há muitos anos e que servia para aulas de Anatomia Animal, se é que isso existe.

Acordei. Rapidamente descobri qual a origem deste sonho. Li algures que tinha sido encontrado um esqueleto antigo de um cão que media mais de dois metros. O meu subconsciente converteu esse cão num gatinho.

Também parece vindo do fado antigo o sonho que se segue. Este foi interrompido pelo despertador. Um fado tradicional é um fado que se pode cantar com a letra que quisermos. Só há bem pouco tempo é que eu soube disso. Conhecia inúmeros fados com letras diferentes e com a mesma música mas agora percebo porquê. No final deste texto, coloco o exemplo de onde saiu a música do sonho. Só assim vão perceber do que eu estou a falar.

Estava a passar férias com um grupo de pessoas completamente desconhecidas. Umas eram mais jovens e outras eram mais velhas. Dona Alzira era uma das pessoas menos jovens do grupo e surpreendeu-nos ao puxar de uma viola ou guitarra portuguesa. Ficámos abismados. O que é que a senhora ia fazer com ela? Não a imaginávamos a saber tocar. Enganámo-nos. Ela começou a dedilhar as cordas até a música fazer sentido. E um fado surgiu. Ela cantava e tocava quando o despertador me acordou. Não sei se era este fado com esta letra, se era outra letra que ela inventou. A música era, sem dúvida, a deste fado que também conheço com muitas outras letras.

Matar um borrego com sessenta anos

Cresci a ter como verdade absoluta que, em jogo contra a Itália, era derrota na certa. Hoje vencemos num jogo oficial por 1-0. Esta Itália não faz mal a ninguém. Longe vão esses tempos.

Jogo de estreia na Liga Das Nações. Portugal mede forças com a Itália que já não é o bicho papão de outros tempos.

Eu ainda sou do tempo em que, sempre que defrontávamos a Squadra Azzurra, era derrota na certa. Era o tempo dos Baggio, do Vialli, do Vieri...de tantos outros. Do Costacurta, do Baresi...Estou velha mesmo.

Por falar em Itália, eu via antigamente muitos jogos da liga italiana. Estou-me a rir porque estou-me a lembrar de um lance que nunca mais esqueci. Fernando Couto era central do Parma e, durante um jogo, fez o chamado balão, aliviando a bola da sua zona defensiva. A bola subiu muito e quando baixou, com tanto sítio onde aterrar, acertou precisamente no alto da cabeça do árbitro que caiu redondo no chão.

William cria perigo mas foi assinalado fora de jogo.

Que aconteceu ao Balotelli desta vez? Algum ele fez, como sempre.

A Itália fecha-se muito bem, como sempre. Sempre têm bons defesas e são irrepreensíveis. E mais não estão a jogar com os centrais titulares.

Chiesa coloca Rui Patrício à prova.

Deixem lá o Cristiano Ronaldo e falem no Bruma, pois é ele o Jogador Número Sete. Ainda ontem vi no Instagram CR7 esticado ao Sol. E os outros aqui a jogar. Se acaso não vencermos este jogo, ele vai ouvir das boas. Pediu dispensa para treinar e está-se a ver o belo treino que está a ter. Esticado ao Sol e com uns calções muito foleiros, ainda por cima. Pareciam uns boxers.

Agora foi André Silva a rematar.

Olha o Zaza! Já tive este jogador na minha equipa de PES.

Que confusão ali. Que perigo! Bernardo Silva ainda reclama que a bola entrou. Não há VAR, nem tecnologia da linha de golo.

Agora a bola vai ao poste da baliza italiana. Foi Cristante que quase fazia autogolo. Já que não marcou neste estádio ao serviço do Benfica...Se esta bola entrava, os memes que não haviam de fazer nas redes sociais.

Havia grande penalidade? Nada foi assinalado e era para nós.

Agora quase que William Carvalho marcava. Portugal carrega agora.

Jorginho remata de longe mas Rui Patrício segura.

Saiu o primeiro cartão amarelo do jogo para Criscito por falta sobre William Carvalho.

Agora há empate em termos de amostragem dos cartões. O árbitro exibiu o cartão amarelo a Rúben Neves.

Chegamos ao intervalo com um nulo no marcador.

Logo nos instantes iniciais da segunda parte, André Silva faz o golo que já merecíamos. Mérito para Bruma.

Bernardo Silva quase fazia um golaço.

Saiu o cartão amarelo para Chiesa por travar Bruma en falta.

Volta-se a reclamar uma grande penalidade mas foi assinalado fora de jogo.

Portugal continua ainda com o pé no acelerador.

Berardi viu o cartão amarelo por falta sobre Bruma.

Olha o Balotelli ali nas bancadas. Ele, que está eternamente de férias.

Sempre aquela agitação vinda das bancadas sempre que Renato Sanches toca na bola. Aquele carisma.

Zaza cabeceia com perigo.

Palmieri troca de calções, imagine-se. Se isso acontecia com o Ronaldo, ele exibiria as suas cuecas de mil cores. Não era problema nenhum, já que ele posa assim para as fotos.

Os brasileiros, por mais naturalizados italianos que sejam, é que costumam ir a jogo sem cuecas. E se há alguma coisa e vão parar ao hospital, como tantas vezes acontece?

Gelson sai com toda a rapidez para o contra-ataque e cria perigo.

Há grande perigo junto à baliza italiana. Quase que era o segundo golo.

Ainda há tempo para Mário Rui ver o cartão amarelo. Ah, o cartão amarelo foi para o Pepe afinal por uma falta anterior.

Há pouco esqueci-me do Mancini, hoje já com bastantes cabelos brancos.

O jogo chega ao fim. Conseguimos vencer. Poderiam ter havido mais golos para as nossas cores.

Imagina beber uma Somersby…

Somersby? Que raio de bebida é essa? Cerveja? Agua não é.

Será uma espécie de sumo de fruta mas com álcool? Fruta tem, de certeza. Álcool também penso que tem.

Ora deixa cá provar a ver a que é que isto sabe. Está calor. Meti-lhe umas pedras de gelo.

Por acaso eu gosto. Esta sabe a maçã mas também as há de outros sabores. Talvez seja mesmo uma espécie de cerveja com frutos. Faz espuma como a cerveja e tudo.

Mais uma coisa que provo pela primeira vez enquanto escrevo.

“Mille Lune Mille Onde”- Andrea Bocelli (Música com memórias)

Esta é uma grande música. Das minhas favoritas. Sem dúvida uma canção muito bonita. É de longe a minha favorita de Andrea Bocelli. Vou aqui contar a história de quando a ouvi pela primeira vez.

Estávamos aí em 2002 ou 2003. Nessa altura a Rádio Foz do Caima transmitia música toda a noite. Primeiro começaram por colocar uma meia dúzia de CD’s mas por vezes eles encravavam por estarem sujos ou riscados. Depois, quando passaram para emissão digital, já se funcionava com as playlists.

Eu comecei a deixar cassetes a gravar. Quando acordava, ia-as virando e ia-as trocando e a emissão continuava a gravar. No dia seguinte, gravava as músicas que mais gostava de uma cassete para a outra.

Quando no dia seguinte fui ouvir as cassetes dessa noite, deparo-me com esta grande música. Antes de a passar para outra cassete, ouvi-a imensas vezes. É daquelas canções que nunca me canso de ouvir. Até nem sei como não acordei quando começou a tocar esta música. Quando passa uma musica bonita na rádio e eu estou a dormir, primeiro vou ouvindo ainda a dormir. Depois acordo. São muitos os exemplos. Nessa noite não aconteceu com esta.

Agora, que a volto a ouvir, acho-a ainda mais bonita. Aliás, este será o melhor álbum do Andrea Bocelli. Não tem só esta musica. Tem outras que merecem destaque. Ainda há pouco, deixando passar o Youtube mais para a frente, deparei-me com esta. Embora a conhecesse também, já não me lembrava dela.

E esta ainda:

Revolução antes do jogo a doer

Portugal e Croácia empataram a um golo em jogo amigável no Estádio do Algarve. Sem Cristiano Ronaldo e muitos outros jogadores, Fernando Santos aproveitou para observar novas opões.

Mini-revolução na Seleção De Todos Nós.

Bruma é o Sete.

Quantas substituições se podem fazer neste jogo? Para dar oportunidade de se estrearem todos os que estão pela primeira vez.

Bruma, com a camisola de Ronaldo, já faz ali estragos.

Quase que era golo do Bruma.

Rúben Dias cabeceia ao lado na sequência de um livre.

Kalinic nega o golo às nossas cores. Foi Bernardo Silva a rematar.

Rui Patrício também não se fica atrás, negando categoricamente o golo a Kovacic. Saiu mais um remate de Badelj- o tal que não quis vir para os verdes do Lumiar. No final do jogo, Rui Patrício ainda o vem cumprimentar e dar os parabéns por não ter querido nada com aquela gente.

Por falar em William, também ele se vai juntar ao Rui Patrício para envenenar os ouvidos do Badelj e lhe fazer ver do que ele se livrou ao não assinar pelos verdes do Lumiar.

De livre, Rúben Neves quase marcava. Se ele marcava, era mais um golaço a juntar à galeria de magníficos golos que tem marcado.

É golo da Croácia marcado por Perisic depois de um erro defensivo nosso.

Nós respondemos por João Cancelo. O remate foi tão cheio de ímpeto, que a rede saiu do sítio.

Vida antecipa-se a André Silva e magoa-se. Vida é colega de Pepe no Besiktas.

Estamos por cima no jogo. Falta apenas marcar.

Saiu o cartão amarelo para Perisic por travar Bernardo Silva em falta.

Bernardo Silva está a jogar muito bem. Já merece um golo.

GOOOOOLOOOO! PEPE!

Vida vai mesmo sair ainda devido àquela lesão de há pouco.

Quase que era o nosso segundo golo.

Por protestos, Kovacic viu o cartão amarelo. Deve-se ter dirigido ao árbitro espanhol na língua de Cervantes mas deve ter-se servido de vernáculo.

Chegamos ao intervalo com um empate a uma bola.

Gelson entra e sai Bernardo Silva.

Depois de um canto, Perisic cria perigo.

Grande momento. Os adeptos portugueses aplaudem Modric quando foi substituído. Devem compreender que algum dia Ronaldo deixará de estar na primeira linha. Se agora o Modric está à frente, também merece.

Este jogador que vai entrar na Croácia já jogou no Nacional também. Ainda antes do Saleh Gomaa e do Hamzaoui lá terem jogado. Chama-se Cop.

Portugal cria perigo agora.

Saiu cartão amarelo para William Carvalho.

A bola vai ao poste. Seria um autogolo de um jogador croata.

Bruno Fernandes remata de longe, como habitual mas Kalinic controla.

André Silva envia a bola para a bancada.

Gelson falha o cabeceamento.

Quase que Portugal marcava já em tempo de compensação.

Sérgio Oliveira remata por cima.

O jogo termina com uma igualdade a um golo. Segunda-feira contra a Itália já será a doer.

Caminhando pelo deserto

Mais um sonho com terras longínquas que eu imagino bem diferentes do que eu jamais conheci na minha vida.

Sonhei que estávamos a fazer uma visita ao Norte de África com o objetivo de fazermos caminhadas por essas inóspitas paragens. Na realidade, seria penoso caminhar no deserto com altas temperaturas e sobre a areia. E se nos perdíamos?

No sonho, não estava a ser assim tão mau caminhar no deserto e isso surpreendia-me. Era tudo plano...e em terra batida, imagine-se. De onde a onde, havia pequenas construções baixas, normalmente de cor branca. Sempre ouvi dizer que, no Alentejo, as casas são quase todas brancas por causa do calor. Ali o princípio deve ser o mesmo.

Parámos justamente numa dessas construções para descansarmos, comermos alguma coisa e visitarmos uns berberes que se encontravam lá dentro a fazer uns produtos artesanais em pele que venderiam a quem passava por ali como nós.

Na verdade, eles não faziam bem objetos em pele. Poderiam fazer alguns mas também curtiam a própria carne dos animais e com ela faziam figurinhas que depois secavam e ficavam tipo cortiça. Alguma da carne era de porco, imaginem. Eles não a comiam e usavam-na para criar pequenas peças com motivos de animais, normalmente camelos.

O espaço era reduzido. Tratava-se de uma pequena casa, com uma divisão ainda minúscula. Dois berberes de idade indefinida e pele morena, curtida pelo Sol, vestidos de branco, ensinavam-nos a fazer dessas peças. Uma espécie de workshop, portanto.

Depois disto, voltámos a por pés ao caminho. As pequenas construções começaram a ser cada vez menos.

Para que é o mercado de transferências aberto até 31 de agosto?

Sendo uma pessoa extremamente interessada no que se passa no futebol português e mundial, nunca cheguei a entender a necessidade de o mercado de jogadores estar aberto até ao dia 31 de agosto.

Mas as equipas não tiveram o defeso inteiro para construir os seus plantéis. A época desportiva passada terminou a 20 de maio, vejam bem. Quase três meses depois, começa uma nova época e ainda é necessário esperar-se pelo último dia do mês de agosto para se darem os últimos retoques na construção do plantel.

Já tenho ouvido ao longo das épocas treinadores que reclamam de, iniciado o campeonato, não saberem com que jogadores contarem. Isto para além de os atletas não estarem focados na competição. Nestas primeiras jornadas.

Ano após ano, vemos sempre as mesmas queixas. Treinadores que não sabem o que fazer, pois podem perder os melhores jogadores. Jogadores que reclamam contratos melhores e por isso, não muitas vezes, fazem figura de corpo presente nos jogos nas primeiras jornadas ou são mesmo afastados dos treinos como aconteceu com o Marega. Já vi estes afastamentos de jogadores custarem títulos.

Eu penso que esta situação deveria ser regulada pelas instâncias internacionais. Pela UEFA, por exemplo. É que o mercado fecha já depois de serem conhecidos os sorteios para as competições europeias e as equipas com mais poderio financeiro podem jogar as suas últimas cartadas depois de conhecerem com que contam nas competições europeias. Vão buscar os melhores jogadores de equipas com menor expressão e desfalcam os seus plantéis. Isto contribui para que se cave ainda um fosso maior entre os clubes mais poderosos do Velho Continente e os clubes mais modestos, onde se incluem as coletividades do nosso burgo futebolístico que, ao longo dos anos, já ficaram sem jogadores nas últimas horas do mercado, sem tempo para pensar sequer em alternativas. Lá se contentaram em arranjar as alternativas em casa, umas vezes com mais sucesso do que outras.

Este ano já se inovou em alguns países. Itália e Inglaterra fecharam o mercado de transferências antes de começarem as suas ligas. Em Inglaterra apenas o mercado ficou aberto para empréstimos. Embora seja já uma abertura para a mudança, acho que a decisão sobre a data do fecho dos mercados de transferências devia ser regulada internacionalmente. Podem dizer que em diferentes partes do Mundo existem datas competitivas diferentes mas na Europa não haverão grandes diferenças.

Eu penso que fechar o mercado de jogadores a 31 de julho já seria razoável para evitar que se jogassem as primeiras jornadas dos campeonatos com os jogadores ainda sem saber se ficam ou se vão para bem longe, com todas as preocupações e afazeres que as mudanças para outros países acarretam.

Vamos ver o que acontece para a próxima época. Para já, em alguns países já se deu o sinal de mudança. Veremos o que acontece por cá onde, bem à maneira lusitana, o 31 de agosto é sempre dia de grande azáfama de inscrição de jogadores porque sempre deixamos tudo para a última.