Este mês de janeiro coube-me a mim escolher o livro que foi
o mais votado para os membros do nosso grupo de leitura lerem e comentarem.
A minha escolha recaiu sobre um escritor português de nome
Carlos M. Queirós.
Neste livro o autor de Marco de Canaveses retrata uma
temática que é muito do meu agrado: as experiências fora do corpo e a visão de
seres espirituais. Admirei-me de ver um autor português a abordar esta
temática, embora em forma de ficção, mas baseada em factos verídicos que lhe
foram contados por duas mulheres- mãe e filha.
Normalmente gosto de ler livros sobre estes assuntos mais na
vertente de testemunhos reais. Já aqui comentei alguns desses livros. A ficção
relacionada com este tema normalmente roça o mir ambulante. Tenta-se romancear
um pouco esta temática. Muitos dos relatos até de testemunhos reais atribuem as
suas experiências à religião que professam- seja ela qual for.
Já aqui disse uma vez, ao abordar outro livro sobre este
assunto que talvez estas experiências resultem de algum mecanismo existente no
nosso cérebro. Alguma parte que não foi estudada a fundo. Dizem os entendidos
que somente dez por cento do nosso cérebro está ainda estudado. Sendo assim,
uma larga parte permanece desconhecida para os cientistas. Eu penso que a parte
irracional do nosso cérebro ou o subconsciente é uma zona muito complexa. Por
mais estudos que se façam, cada vez se percebe menos.
É esta vertente mais científica que é abordada neste livro.
Quanto a isso, tiro o chapéu ao autor. Nunca em momento algum se abordou
qualquer processo religioso na origem das visões e das experiências fora do
corpo vividas por Rafael. Tudo foi atribuído à zona onde estava alojado o seu tumor.
Nesta obra há um claro conflito entre o ceticismo do
neurologista português e a maior abertura do neurologista brasileiro. São duas
formas diferentes de abordar o comportamento do cérebro.
As questões éticas são aqui levantadas. Será que alguém que
se encontra em coma irreversível como Rita deve ser mantida viva? Aqui as
opiniões divergem. Não se sabe se estas pessoas podem sentir o que as rodeia.
Já ouvi falar de pessoas que acordaram de coma e contam histórias de experiências
fora do corpo e lembram-se de visitas de amigos e familiares. Com inúmeras
pessoas em coma devido à covid19, já tenho ouvido muitas histórias dessas.
Alguma coisa existe certamente e não tenho dúvidas que seja
provocada em alguma zona do nosso cérebro, tal como acontece com os sonhos e
talvez as premonições. Sobre estas últimas, não se percebe por que algumas
pessoas em alguma fase da sua vida tiveram premonições e outras não viveram
essas experiências. Muitas têm premonições em forma de sonhos, outras através
de imagens e outras ainda através de pensamentos repetidos que não se sabe de
onde surgiram. Eu tenho frequentemente premonições, como todos os que leem o
meu blog certamente já sabem. No meu caso surgem de várias formas. Já aconteceu
em sonhos, em pensamentos persistentes de eu falar ou pensar numa pessoa
prestes a deixar o mundo dos vivos como se já tivesse morrido e, o mais
estranho agora na condição em que me encontro, através de uma imagem bem
nítida. Essa foi a última experiência premonitória que tive já neste ano. Teve
a ver com um determinado jogador a marcar um golo num jogo do seu clube que
daria um feito inédito.
A experiência mais arrepiante que tive com premonições foi
com a morte do vocalista dos Soundgarden que eu nem conhecia. Surgiu através do
pensamento persistente numa música que eu até nem fazia ideia que era dessa
banda. Ainda hoje me arrepio ao recordar esse momento e, sobretudo, ao ouvir
essa música. Como e por que isso aconteceu? Não sei explicar.
Em suma, o nosso cérebro permanece uma caixinha de
surpresas. Apesar da tecnologia que hoje temos, talvez tais mistérios não
venham nunca a ser desvendados.