Sunday, January 31, 2021

“Os Que Sucumbem E os Que Se Salvam” (impressões pessoais)

 

Leio agora um livro diferente. É mais um testemunho na primeira pessoa de um sobrevivente do Holocausto.

 

O que dizer desta obra do italiano Primo Levi? Através da sua experiência aterradora nos campos de extermínio, ele vai refletindo sobre a condição humana que leva seres humanos a infligir tanta maldade aos seus semelhantes.

 

Por mais que leia sobre esta fase mais negra da nossa História, não deixo de me impressionar e de questionar como era possível tanta maldade. Li algures que o animal mais nocivo para o Homem é de facto o ser humano. Nem as cobras venenosas, nem os animais da selva conseguem chegar ao grau de malvadez de um ser humano perante outro. Aqui nos campos de concentração, foram cometidas todas as atrocidades possíveis e imaginárias a outros seres humanos.

 

Sendo providos de pensamento racional, os seres humanos usam-no para requintar a forma hedionda de infligir o maior sofrimento aos seus semelhantes. Ao menos os animais ferozes matam porque se querem defender. Os insetos matam porque possuem venenos ou toxinas. Não têm consciência disso. Se o Ser Humano possuísse veneno ou toxinas, não tenho dúvidas de que o iria utilizar mais requintadamente noutros seres humanos. Biologicamente não têm essa capacidade, mas criam-na em laboratórios.

 

Estamos a viver tempos muito complicados na nossa sociedade. Quem garante que este vírus não foi criado num qualquer laboratório para exterminar parte da Humanidade. Talvez tenha sido acidentalmente que o vírus escapou, mas qualquer grande potência possui laboratórios obscuros de armas biológicas que alteram vírus já existentes para os tornar mais letais.

 

O que um ser humano é capaz de fazer o outro esta para   lá daquilo que possamos imaginar.

 

Estes relatos do Holocausto são a prova viva.

 

“A Rapariga Invisível” (impressões pessoais)

 

Este mês de janeiro coube-me a mim escolher o livro que foi o mais votado para os membros do nosso grupo de leitura lerem e comentarem.

 

A minha escolha recaiu sobre um escritor português de nome Carlos M. Queirós.

 

Neste livro o autor de Marco de Canaveses retrata uma temática que é muito do meu agrado: as experiências fora do corpo e a visão de seres espirituais. Admirei-me de ver um autor português a abordar esta temática, embora em forma de ficção, mas baseada em factos verídicos que lhe foram contados por duas mulheres- mãe e filha.

 

Normalmente gosto de ler livros sobre estes assuntos mais na vertente de testemunhos reais. Já aqui comentei alguns desses livros. A ficção relacionada com este tema normalmente roça o mir ambulante. Tenta-se romancear um pouco esta temática. Muitos dos relatos até de testemunhos reais atribuem as suas experiências à religião que professam- seja ela qual for.

 

Já aqui disse uma vez, ao abordar outro livro sobre este assunto que talvez estas experiências resultem de algum mecanismo existente no nosso cérebro. Alguma parte que não foi estudada a fundo. Dizem os entendidos que somente dez por cento do nosso cérebro está ainda estudado. Sendo assim, uma larga parte permanece desconhecida para os cientistas. Eu penso que a parte irracional do nosso cérebro ou o subconsciente é uma zona muito complexa. Por mais estudos que se façam, cada vez se percebe menos.

 

É esta vertente mais científica que é abordada neste livro. Quanto a isso, tiro o chapéu ao autor. Nunca em momento algum se abordou qualquer processo religioso na origem das visões e das experiências fora do corpo vividas por Rafael. Tudo foi atribuído à zona onde estava alojado o seu tumor.

 

Nesta obra há um claro conflito entre o ceticismo do neurologista português e a maior abertura do neurologista brasileiro. São duas formas diferentes de abordar o comportamento do cérebro.

 

As questões éticas são aqui levantadas. Será que alguém que se encontra em coma irreversível como Rita deve ser mantida viva? Aqui as opiniões divergem. Não se sabe se estas pessoas podem sentir o que as rodeia. Já ouvi falar de pessoas que acordaram de coma e contam histórias de experiências fora do corpo e lembram-se de visitas de amigos e familiares. Com inúmeras pessoas em coma devido à covid19, já tenho ouvido muitas histórias dessas.

 

Alguma coisa existe certamente e não tenho dúvidas que seja provocada em alguma zona do nosso cérebro, tal como acontece com os sonhos e talvez as premonições. Sobre estas últimas, não se percebe por que algumas pessoas em alguma fase da sua vida tiveram premonições e outras não viveram essas experiências. Muitas têm premonições em forma de sonhos, outras através de imagens e outras ainda através de pensamentos repetidos que não se sabe de onde surgiram. Eu tenho frequentemente premonições, como todos os que leem o meu blog certamente já sabem. No meu caso surgem de várias formas. Já aconteceu em sonhos, em pensamentos persistentes de eu falar ou pensar numa pessoa prestes a deixar o mundo dos vivos como se já tivesse morrido e, o mais estranho agora na condição em que me encontro, através de uma imagem bem nítida. Essa foi a última experiência premonitória que tive já neste ano. Teve a ver com um determinado jogador a marcar um golo num jogo do seu clube que daria um feito inédito.

 

A experiência mais arrepiante que tive com premonições foi com a morte do vocalista dos Soundgarden que eu nem conhecia. Surgiu através do pensamento persistente numa música que eu até nem fazia ideia que era dessa banda. Ainda hoje me arrepio ao recordar esse momento e, sobretudo, ao ouvir essa música. Como e por que isso aconteceu? Não sei explicar.

 

Em suma, o nosso cérebro permanece uma caixinha de surpresas. Apesar da tecnologia que hoje temos, talvez tais mistérios não venham nunca a ser desvendados.

 

Friday, January 29, 2021

Transpiração

 

À falta de imagens nítidas nos sonhos, surgem os aromas.

 

Sonhei que estava em casa dos meus pais e me equipei para ir correr, como tantas vezes fiz.

 

Tirei uma camisola que tinha posto a secar do treino da véspera e vesti-a. Provavelmente não teria por lá assim tanta roupa disponível para treinar.

 

Anunciei que ia para a rua ao passar pela porta de alumínio da sala. A minha irmã e mais duas pessoas logo começaram a olhar para mim. Realmente estava a anoitecer, mas eu já havia feito treinos com menos visibilidade.

 

Quando fui questionada se ia assim para a rua, pensei que se referiam mesmo ao facto de estar a ficar noite. Logos questionei: assim como?

 

A minha irmã foi atirando que cheirava bastante a transpiração. Eu fui dizendo que por acaso nem me cheirava tanto. Além disso ia treinar, que mal fazia. Sendo a corrida bem puxada, passados alguns minutos, mesmo se eu vestisse uma camisola lavada e cheirosa, ia adquirir o odor desta. Ia correr, não ia para um baile de gala!

 

E três almas começaram a moer-me o espírito por eu ir para a rua correr a cheirar a transpiração. Não me largavam mesmo!

 

Acordei. As saudades de ir correr para a rua apertaram forte.