Wednesday, June 13, 2018

O guarda-redes do Uruguai

Faltam poucas horas para o início do Mundial 2018. Mal posso esperar pelo começo da competição. Enquanto isso não acontece, trago aqui a primeira memória que tenho com um Campeonato do Mundo de Futebol.

Talvez este episódio tenha ocorrido no Mundial do México em 1986. Tinha eu então nove anos. Situo este episódio nesse Mundial porque me lembro de a imagem ser ainda a preto e branco e nós lá em casa só tivemos televisão a cores pouco tempo antes de a nossa avó falecer, em 1989. O Mundial de 90 já foi visto a cores e eu lembro-me de ter visto a Argentina a jogar contra a Alemanha. Lembro-me que a Alemanha jogou com o equipamento alternativo- camisola verde e calções brancos.

Recuemos então mais atrás no tempo, seguramente. Não sei com quem jogava o Uruguai mas não tenho dúvidas que era o Uruguai que estava a jogar e era desse país o guarda-redes que eu me lembro de ver rebolar no chão.

Nesse tempo, não via muito Futebol, mas sempre que apanhava um jogo, ficava ali a ver e foi isso que aconteceu nesse dia. Vi que o guarda-redes se rebolava no chão. Talvez fosse a primeira vez que vi tal coisa e logo a minha mente começou a trabalhar a duzentos à hora. Se ainda hoje trabalha, imaginem a imaginação que não teria com nove anos de idade.

Estava apenas e só o indivíduo no chão. Agora lembro-me que ninguém o ia socorrer. Provavelmente estava a queimar tempo. Isto já são conjeturas de agora, que vi milhares de jogos, seguramente. Comecei então a imaginar como estariam os familiares e amigos dele a ver o jogo e aquele lance em particular. Estariam preocupados. Depois a minha mente resvalou e comecei a imaginar como era a casa dele, por dentro e por fora. Até imaginei como seriam as casas ao lado da sua.

O primeiro Mundial que acompanhei de uma ponta à outra foi o de noventa e quatro. Aí já com outra bagagem futebolística.

“Coisinhos”

Continuemos pois a abordar as incríveis loucuras da minha mente. Desta vez enquanto, alegadamente, deveria estar a repousar. Quando acordo e levo algum tempo para voltar a adormecer, é certo e sabido que irei padecer de paralisia do sono. Depois é ver se a sei aproveitar a meu favor e fazer coisas engraçadas.

Desta vez consegui uma sessão de massagem para as minhas costas...sem sair da cama e sem gastar um cêntimo que fosse.

A sessão de fisioterapia começou quando eu comecei a sentir um formigueiro no corpo e a ouvir ruídos desconexos. Vinha aí a paralisia do sono!

Aproveitando o facto de estar a sentir enorme formigueiro nas costas, ordenei:
-Oh coisinhos, e se me fizessem uma massagem? As minas costas estão a precisar.

Imediatamente, nãos minúsculas percorreram o meu lombo. Era como estar a receber electro-estimulação. Brutal!


Divórcio

E de repente, assim vindas do nada, surgem-me umas memorias muito estranhas. Fragmentos do meu passado que me assolam. Imagens que estavam guardadas lá bem atrás e que eu tinha esquecido de todo e não percebo por que é que o meu subconsciente ou lá o que é as vai desenterrar.

É curioso que isso passou-me a acontecer...desde que eu trabalho. Um dia, falei deste assunto a algumas pessoas que andam no Reiki e que percebem dessas coisas estranhas da mente. Uma delas disse-me para eu apontar esses episódios. Faço mais. Partilho-os aqui. Este e mais um.

Estas coisas acontecem quando estou a desempenhar as minhas habituais tarefas e sem aviso prévio. Num flash, sou transportada para fragmentos da minha vida que já estavam arrumados algures e dos quais nunca mais me lembrei. É o caso deste que achei curioso. Muitas das vezes, estes episódios são acompanhados também pelos cheiros ou outras sensações que senti na altura.

Este episódio remonta a um tempo em que andava na escola primária. Há mais de trinta anos, portanto. Como a minha aldeia é um local pequeno, qualquer episódio assim fora do normal que aconteça, é um rebuliço enorme. Nesse dia fomos para a escola e o assunto do dia era o abandono do lar por parte de uma senhora da minha terra depois de uma noite de desacatos. Ela ia pedir o divórcio. Foi a primeira vez, sem dúvida, que ouvi falar em tal palavra e, provavelmente, por não estarmos familiarizados com o tema por vivermos num meio muito pequeno e por sermos ainda crianças, a nossa professora explicou-nos o que era um divórcio. Era quando um casal se separava.

Nesse final de tarde, depois de terminada a escola, a minha mãe resolveu ir “ao lugar”. Como viuvemos fora da povoação, a minha mãe refere-se ao facto de se deslocar para dentro do aglomerado de casas como “ir ao lugar”.

Eu acompanhei a minha mãe. Não me lembro se a minha irmã também foi. Obviamente que não se falava de outra coisa, que não dessa separação. Não sei como, talvez porque a minha mãe pertence também à raça humana e a raça humana adora ir bisbilhotar um pouquito do que se passa na vida dos outros, num rasgo de magia, vi-me no interior dessa casa que agora mostrava um ar mesmo deprimente. De abandono total.

A imagem que me assolou o cérebro foi a da arca congeladora completamente desprovida de conteúdo. Invadiu-me as narinas aquele cheiro típico de congelador.

Fiquei estupefacta com a memória que o meu cérebro trouxe para a superfície. Ainda hoje estou para saber a razão por que isto acontece.

Thursday, June 07, 2018

Pneus de chuva para a Ducati

Portugal venceu a Argélia por 3-0 num final de tarde em que estava a chover muito, o que causou grande espécie para os argelinos. Quem não se incomodou foi Gonçalo Guedes que, perante o regresso de Ronaldo, apontou dois golos. Bruno Fernandes também esteve em bom plano a assistir e a marcar. Do lado da Argélia, nenhum dos meus “amigos” jogou.

Ainda falta cerca de meia hora para iniciar este jogo entre Portugal e a Argélia e já por aqui ando a espalhar o meu charme. É que vou passar o jogo a falar precisamente de quem não o está a jogar. Infelizmente, os meus três mosqueteiros não vão a jogo, tal como o Saleh não jogou pelo Egito frente a Portugal. Nesse dia, tinha prometido fazer uma crónica com dez páginas se ele jogasse. Isso não aconteceu e as coisas precipitaram-se à maneira de fazer uma crónica um pouco diferente, mais baseada também em conversas que ia tendo no Instagram com alguns egípcios.

Os argelinos que sigo no Instagram...são precisamente aqueles três. O halliche chegou a estar convocado mas teve um problema físico que o afastou deste jogo. O Hichem fez a CAN 2017 e não tem sido convocado. Fez também uma época irregular no Moreirense devido às lesões e acaba de se transferir para a Arábia Saudita. Soube ontem. O Saleh também lá joga...e o Jorge Jesus foi para lá.

O Hamzaoui? Nunca fez parte da seleção principal da Argélia. Como é possível? É possível porque ele simplesmente não tem sorte na vida e não merece de maneira nenhuma o azar que sempre o tem perseguido. Ele é um guerreiro, um lutador...isso admiro nele. Passa o jogo todo a correr. A ele, dedico esta minha crónica onde vim para aqui bem cedo avacalhar um pouco.

Comecemos por animar aqui as hostes com um pouco de música!


Eu disse animar ou acalmar? Bem, não interessa.

Para quem não está a ver quem é o hHmzaoui, relembremos a sua obra. Escusado será dizer que os adeptos do Feirense jamais o esquecerão. Terá feito em Santa Maria da Feira o jogo da sua vida. Reza a lenda que os analistas do site Goalpoint- um site de ratings e estatísticas- não souberam o que fazer à vida, pois tinham a nota dez guardada para dar a um jogador dos três grandes. Mas o Hamzaoui nessa tarde de 24 de Setembro de 2016 vinha inspiradíssimo e fez isto:


O Ronaldo e o Bale fizeram altos golos de bicicleta. São jogadores fora de série, por isso jogam no RFeal Madrid. São campeões europeus. Ganham milhões. E ele? Faz isto mas anda lá pela terrinha, simplesmente porque não teve sorte a partir daí. Foi uma pena. Mesmo depois daquela horrível lesão que sofreu em Chaves num lance fortuito com o red Carlos Ponck, apreciei-o a jogar contra o Tondela. Foi incansável. Correu que se desalmou. Eu tenho para mim que, se ele não se tivesse lesionado, o Nacional não tinha descido de divisão. Mais, ele podia estar num clube maior do que o Nacional. No Vitória de Guimarães, quem sabe. Depois de o Soares ter saído para o Porto. Os Argelinos, e também os Tunisinos, costumam ter sucesso no Guimarães. Da maneira que ele estava a jogar, ia dar o salto para uma equipa que lutasse por outros objetivos, seguramente. Mas as linhas da vida por vezes não são retas e acontecem coisas na vida das pessoas que fazem as suas vidas mudarem completamente de rumo. Fica para a posteridade aquele golo e a exibição frente ao Feirense. Foi a partir desse dia que o segui mais de perto e verifiquei que ele era um craque.

Para quem lhe perdeu o rasto, ele foi emprestado pelo Nacional ao USM Alger. Parece que não tem jogado muito devido às lesões e porque no ataque dessa equipa há um goleador que dá pelo nome de Darfalou. Como eu sigo a equipa, sei que é ele que aponta a esmagadora maioria dos golos. Outra curiosidade- ele alinha com o Número Quatro- um número estranhíssimo para um avançado.

Aproximar-se a hora do jogo. Esqueceram-se que Portugal vai jogar com a Argélia?

É impressão minha, ou estou ali a ver adeptos da Argélia com cachecóis de Portugal. Ah, devem ser cachecóis que de um lado são da Argélia e do outro são de Portugal. Hei-de reparar melhor.

Um símbolo das quinas enorme, ali das bancadas.

Slimani e Bruno Alves- isso é que vai ser um duelo!

Quer-se dizer que, a par do jogo, vamos ter um round de Vale -Tudo entre o Tuga Bruno Alves e o argelino Islam Slimani. Vamos a ver quem ganha. Devia era de haver um árbitro de desportos de combate em campo, para além de árbitros de futebol.

O brahimi é capitão de equipa???!!!

olhando para o onze da Argélia e não vendo os três mosqueteiros. Que dor de alma. Já disse que os três mosqueteiros são o Hamzaoui, o Hichem e o Halliche.

Já há um livre perigoso para nós porque o Jogador Número Três da Argélia cometeu ali uma falta dura. Abre as pernas Ronaldo. Toma balanço mas a bola ainda sobra para João Moutinho que remata com perigo.

Portugal carrega.

Atenção que o Ronaldo tem fome. De vencer, pois claro.

Ronaldo remata ao lado.

Sai um coro de assobios. O Brahimi está no chão.

Pelo contrário, Rui Patrício é ainda mais aplaudido do que o próprio Ronaldo que agora coloca a bola dentro da baliza mas já havia fora de jogo.

Se aqui estivesse o Hamzaoui, o William já agora estaria com a língua de fora. Ele arrancaria do meio-campo e só pararia sei lá onde.

O Bruno Alves ficava positivamente a rosnar e a arreganhar os dentes só de pensar como foi possível o Hamzaoui vir por ali fora. Esse corredor de fundo.

Mais um lance de perigo, desta vez de Bruno Fernandes que hjoje é titular.

Com o Hamzaoui, Senhor Madjer, aquela bola não se perdia.

Fica por assinalar uma escandalosa grande penalidade a nosso favor. Uma grande penalidade do tamanho de um castelo. Imaginem só que o Slimani quase fez um ipon de judo ao Pepe. Segundo o comentador, queria levá-lo para casa.

Era o Brahimi que tinha a bola, nnão era?

Bernardo Silva assiste Gonçalo Guedes para o golo. É o primeiro.

Fraquita esta defesa. Nota-se quem falta ali- o Haliche...e o Hichem.

Se não fosse o guarda-redes, levavam outro.

Que nojo de defesa. Mas o Hichem não é muito melhor? Não falo do Halliche porque não está por lesão. Com o Hichem na defesa...e o Hamzaoui no ataque, tinham-se apurado para o Mundial.

Ai a defesa deles! No Mundial, mau é se a seleção apanha uma defesa como esta.

Ah, agora lembrei-me que o Hichem também terminou a época lesionado. Mas acho que já recuperou.

Daqui a pouco, o Mahrez enfia dois sordos aos seus colegas da linha defensiva. Ele está a rosnar. Até se confunde com o rosnar de fome dos nossos.

O Mahrez protesta também porque está a chover. Tem razão. Não há direito estarmos a chegar ao verão e estar o tempo assim.

Golo ao minuto dezassete...marcado pelo Jogador Número Dezassete que é o Gonçalo Guedes.

Aquele Jogador Número Catorze da Argélia parece ser tão caceteiro. E ainda está ali a trocar argumentos com o árbitro.

Que cruzamento venenoso de Raphael Guerreiro!

Está a chover muito. Os jogadores argelinos que jogam na terrinha estranham a chuva.

Ronaldo assiste para Bruno Fernandes marcar mais um golo. Quase que era mais um golo. De Bernardo Silva.

Oh Brahimi, querias lesionar o Gonçalo Guedes? Se os adeptos já te assobiavam, lá fora chacinavam-te. Bem podias fugir!

Ao menos o cabelo do Brahimi não se molha com esta chuva.

O Mahrez a assistir assim um avançado chamado ...Hamzaoui, com esta chuva...ia ser um perigo.

Gonçalo Guedes está agora lesionado. Que se passou? Parece já estar recuperado.

Pepe e as suas indisposições? Hoje é por causa do Slimani. Ah, fez-lhe mal a comida do Marcelo.

Chegamos ao intervalo com uma vantagem de 2-0.

Demoram a regressar, os argelinos. Estão a ouvir o que o Hichem tem a dizer sobre as agruras da chuva por videoconferência. Brahimi para o Hichem. “está cá um frio!”. Hichem lá nas Arábias com a roupa colada ao corpo também...por causa do calor.

OLHA O BENTALEB! O Bentaleb era jogador da minha equipa no PES. Está no meu Hall Of Fame. Eu tenho lá alguns jogadores do Benfica. Normalmente são esses que eu guardo. Também tenho alguns que não são. Um deles é este.

Tomara eu que aquele jogador saia de campo, o Jogador Número Catorze. Ainda lesiona alguém.

Quase que era mais um golo.

De livre, Ronaldo permite que o guarda-redes da Argélia defenda. O guarda-redes argelino volta a negar mais um golo a CR7.

E Gonçalo Guedes marca mais um. A Argélia está toda destroçada. A Ducati tinha pneus de chuva, enquanto que as poeirentas motorizadas dos argelinos já estão com os motores gripados.

Ah, ainda bem que saiu o Jogador Número Catorze da Argélia. Entra um dos colegas do Hamzaoui. Se o Madjer convoca jogadores desta equipa...ao menos o Hamzaoui à chuva ainda corria mais. Ele ia curtir a chuva. Agora lembrei-me disto:


Falta o golo do Ronaldo. A bicicleta desta vez também não tinha pneus de chuva.

Não era o Vinte E Um, era o Catorze que estava a distribuir fruta mas já saiu.

E perguntas os argelinos: Baguim do Monte? Onde raio fica isso?

Anormalmente, Quaresma e Ronaldo não se entendem neste lance.

Foram tantos os remates de Ronaldo neste jogo, que as luvas do guarda-redes da Argélia se romperam. Cá para mim, também são feitas de um material que se desfaz com a chuva. É que lá na Argélia não chove assim de certeza. No deserto nem pensar.

Não é com Bruno Alves que Slimani está a lutar. É com Pepe.

O jogador que entrou há pouco e que se chama...Bagdad, rematou à figura de Rui Patrício.

Portugal chega ao quarto golo por João Mário a passe de Bruno Fernandes. O VAR anulou o golo porque Gonçalo Guedes agitou a bola com a mão.

Com as luvas molhadas e ainda pouco rodadas, o guarda-redes argelino quase que deixava escapar a bola para dentro da baliza.

O Jogador Número Dezoito da Argélia é o tal que é colega do Hamzaoui.

A Argélia ainda cria perigo. Ao se fazer a um remate de cabeça de um jogador argelino, Rui Patrício apoia mal a perna no chão. Felizmente parece não ser nada. No contra-ataque, Quaresma também cria perigo.

Agora é que a Argélia se lembra de jogar.

E termina o jogo. Como a Argélia não jogou nada, fiquemos com a magia e o perfume de quem sabe. Do Mestre!









“Le Vent Nous Portera”- Noir Desir (Música Com Memórias)



Há duas razões pelas quais hoje trago esta música estranhíssima. A primeira é que o Mundial está à porta e a segunda é que, por via disso, Portugal faz o seu último jogo de preparação frente à Argélia.

Decidi recuar precisamente ao último Mundial em 2014 no Rio de Janeiro. A onda média da Antena 1 dava os relatos de todos os jogos do Mundial. Nos intervalos das partidas, passava sempre música dos países que estavam a jogar, quer músicas de apoio às seleções, quer outro tipo de músicas.

Vou falar daquele início de noite em que a França jogou precisamente com a Argélia- um dérbi, portanto. Estava-se no intervalo dessa partida e, por entre as já citadas canções de apoio às duas seleções, surgiu esta música que eu achei completamente a despropósito. Mas que raio era isto? Para apoiar a Argélia ou a França?

Como estávamos no intervalo do jogo, tinha passado pelas brasas. Fiquei abismada a ouvir isto. Apesar de não saber o nome da música e do intérprete, tentei a minha infalível tática de encontrar músicas- escrever uma parte da letra. Foi assim que encontrei.

A partir desse dia, sempre que ouço falar em Argélia, mais do que ouço falar em França- música francesa não falta- a primeira coisa que me vem à ideia é esta música que logo ecoa na minha cabeça ainda com os acordes estranhos e completamente a despropósito que ouvi da primeira vez, em junho de 2014.

“On The Turning Away”- Pink Floyd (Música Com Memórias)


Para hoje, uma memória bem lá do fundo do baú. Daqueles tempos em que odiava Pink Floyd, mas que esta música ainda era a única que conseguia ouvir. Como as coisas mudaram!

Quero falar da Bobocas. Foi uma gata preta que durou aí uns catorze anos, logo, cresceu a par connosco. Muitas foram as manhãs de Inverno em que ela, juntamente com outros gatos que foram morrendo ou desaparecendo, passava as manhãs enroscada nos cobertores, aquecendo os meus pés, os da minha avó e os da minha irmã.

Mas que tem a gata preta a ver com a música? Bem, recordo uma ocasião em que a Bobocas se encontrava na nossa cama. Como sempre, o rádio estava ligado. Eu fazia-lhe festas. Devia ser inverno. Não raras vezes, passava esta canção na rádio. Nesse momento estava a passar. Lembro-me bem.

Como já disse, não estava a prestar grande atenção à música. Apenas brincava com a minha gata. Agora associo a música a essas saudosas e ternurentas memórias.

Monday, June 04, 2018

Coisas que não deviam acontecer a cegos

Muitas vezes, o facto de se ser deficiente visual impede alguns meliantes de bom coração de praticarem atividades criminosas contra nós. Já ouvi uma história de um predador sexual andar a perseguir uma mulher na rua...mas desistiu ao reparar que ela era cega.

Também já têm surgido histórias que apontam no sentido inverso. Essas provavelmente serão mais. Aqui neste sonho, o que me causava impressão era o facto de um psicopata assassino ter morto de forma impiedosa e com uma arma branca um jovem que era cego.

Eu não podia com tamanha crueldade. Como o crime se deu em Lisboa, sempre fui dizendo que ali eram uns selvagens sem coração e sem respeito pelos outros.

A vítima chamava-se Miguel e o seu corpo veio para Coimbra para as instalações da ACAPO. Estava escondido dos olhares indiscretos...nas casas de banho dos homens. A porta estava fechada mas ouvia-se um barulho inquietante que não consigo descrever. Só sei que era desagradável de ouvir.

Mudemos de assunto! Há cegos que têm lindos cães-guia. Apaixonantes mesmo. Eu prefiro os Labradores pretos mas há um que eu conheço que é de um castanho muito bonito. Não admira que, num mundo rebuscado como é o dos sonhos, algumas mulheres se tenham apaixonado por ele...e ele se tenha apaixonado por algumas delas.

A minha irmã ouviu algumas dessas histórias e estava-me a contá-las. Histórias que eu já sabia. Consta que o cão abandonou o dono para se entregar aos seus amores. Imaginem!

Como podem ver, foi uma noite muito agitada.