Wednesday, April 28, 2021

Mau empatar

 

Quando eu digo que não gosto do Porto, não é apenas por ser do Benfica. É porque cresci a ver jogos desse clube em que notava que havia muita permissividade de toda a gente ligada ao Futebol quanto aos atos de indisciplina que praticavam.

 

Tinha eu os meus dezasseis anos, assisti com assombro a um jogador que até era internacional português e que eu até admirava- Jaime Magalhães- num jogo a pontapear a bola com força e á queima-roupa junto a um ãrbitro, gritando “filho da puta” a plenos pulmões. Só viu um cartão amarelo.

 

Nos arquivos, podem-se ver imagens de outros atos de violência sempre com aquelas cores associadas. Agressões a jornalistas depois de um jogo com o Famalicão, perseguição de toda a equipa a um árbitro depois de uma entrada violenta de João Pinto, confrontos antes de um jogo com o Guimarães que por isso começou bastante atrasado…

 

O futebol mudou e aparentemente estas cenas faziam parte de um vergonhoso passado. Afinal não. As perseguições e agressões surgem sempre que a vida começa a andar para trás nessa coletividade. Em Moreira de Cónegos regressou a barbárie. Imediatamente me lembrei desse longínquo jogo frente ao Famalicão em que dois adeptos agrediram em direto os repórteres que só estavam a fazer o seu trabalho.

 

Por acaso este ano tenho andado mais calma em relação ao ódio que nutro por aquela coletividade. O motivo é que, infelizmente o meu ídolo joga lá. Não o censuro. Portas foram fechadas no clube onde de facto ele merecia jogar. Onde a grandeza dele ia aliar-se á grandeza e ao orgulho de representar um clube que não anda metido neste ciclo de agressões quando os resultados não são favoráveis. A violência associada ao Benfica prende-se sobretudo com as claques, com os adeptos. Nunca vi cenas de pancadaria graves envolvendo dirigentes, jogadores e outros agentes desportivos que vestem as suas cores. O mesmo não posso dizer dos azuis. Cresci a ver isto e não calo a minha revolta quanto a uma certa impunidade. Basta ver quantas vezes Sérgio Conceição foi expulso e quantos jogos de suspensão cumpriu e quantos jogos cumpriu Rúben Amorim depois de ser expulso. Há aqui uma clara diferença de tratamento.

 

No jogo jogado, talvez esta jornada venha a definir o rumo do campeonato. Vencendo em Braga nas condições em que decorreu o jogo, o Sporting tem as portas do título escancaradas. O jogo tornou-se   difícil e os leões tiveram espírito de campeões para vencerem.

 

Destaque para a dupla Joel e Ali Alipour. Entendem-se bem. Parece que já jogam juntos desde os infantis. Costuma-se dizer que se conhecem tão bem, que até jogam de olhos fechados. Nos últimos jogos, têm sido eles a garantir preciosos pontos ao Marítimo na fuga aos lugares de despromoção.

 

Isto não para, amanhã já recomeçam as emoções.

 

“Uma Noite Não É O Bastante” (impressões pessoais)

 

A fasquia para pior livro que li neste ano passou a estar bastante alta a partir de agora.  Até ao momento, este é o pior livro do ano.

 

Na minha opinião, qualquer pessoa escreve um livro semelhante a este. Trata-se de um romance sem nada que prenda o leitor. Há quem goste mas eu abomino completamente este tipo de literatura.

 

É a história de um relacionamento amoroso entre duas pessoas, nada mais. Eles encontram-se e desencontram-se, zangam-se e fazem as pazes como qualquer casal. Têm momentos mais tórridos, como qualquer casal, vivem as suas vidas, como seres humanos que são…

 

O livro era tão fraco, que dei por mim muitas vezes a ler e a imaginar como eu reescreveria a história para apimentar mais o rumo da trama. Dou o exemplo de quando Serena vai a casa de Stephen para lhe pedir desculpa e ele vai surfar. A história para mim teria mais sumo se ele tivesse sofrido um acidente no mar e morresse ou mesmo ficasse ferido. Mas não, lá estava ele a pousar a prancha de surf e a entrar em casa. Que desilusão.

 

Para a próxima vez, caras escritoras brasileiras deste tipo de romance, coloquem um pouco mais de sal e pimenta nisto. Assim é intragável.

 

Transportando os próprios corpos

 

Este é mais um sonho curioso que eu nem sei explicar de onde surgiu. Como sabem, não é a primeira vez que tenho um sonho semelhante.

 

Há uns anos atrás sonhei que eu própria encontrava os meus restos mortais. Agora o sonho é parecido mas são duas pessoas desconhecidas a fazerem o mesmo.

 

O cenário é um transporte ´público. Diria que é um autocarro da Carris. Duas mulheres aparentemente jovens entram carregando cada uma o seu enorme saco.

 

Dá para perceber que ali dentro se encontra algo congelado. Elas arrastam com dificuldade o que quer que ali se encontre, deixando um rasto de água pelo chão.

 

Elas pousam a sua macabra bagagem no chão e conversam como se transportassem simplesmente o equipamento que levam para o ginásio.

 

Começo a examinar a bagagem e chego á conclusão que são corpos humanos que ali se encontram. Meto conversa com elas e elas confirmam.

 

Fico sem saber o que dizer. Não só transportam corpos humanos, como os respetivos cadáveres são delas próprias. Acabam de os ir buscar à morgue.

 

Muitos livros se têm escrito sobre esta temática. Pessoas que morreram conseguem ver ou mesmo ter contacto com os seus restos mortais. Eu admirei-me de ter sonhado algo do género e agora volta a repetir-se. De acordo com alguns escritos, estas duas pessoas seriam espíritos, naturalmente desencarnados, que viajam de autocarro pelas ruas de Lisboa sem se separarem do invólucro corporal que tiveram em vida há bem pouco tempo. Essas pessoas não se conformam que já morreram e continuam por aqui como se nada fosse.