Friday, June 30, 2006

Isto já parece o Big Brother

Mal fazia ideia que esta frase iria ser muito lembrada num Dia Mundial da Criança marcado por tantas emoções.

Há uma semana atrás, a nossa psicóloga tinha-nos deixado para ir para um país longínquo. A saída foi marcada pela emoção e pelas lágrimas que todos nós chorámos no último momento em que a vimos. (ver texto “Quando alguém tem de partir”)

E aqui nos encontrávamos uma semana depois a despedirmo-nos da estagiária de Serviço Social que terminava o seu trabalho. Aquele seminário de dia 23 de Maio foi o trabalho final do seu curso. (ver texto “Visões optimistas”). Para terminar com chave de ouro, ela resolveu organizar um lanche com produtos tradicionais da sua região. O queijo da Serra, o pão e a broa fizeram parte da ementa final de uma passagem pela ACAPO onde foram vividos alguns momentos emocionantes.

Emocionante, mas pela negativa, foi o que se passou a seguir. A aula foi interrompida para se fazer uma reunião inesperada a fim de se tratar de assuntos urgentíssimos e bastante delicados do foro interno. A partir daí, o ambiente ficou pesado e uma atmosfera triste invadiu aquela sala. Ficou tudo muito exaltado antes de ir cada um para seu lado. No dia seguinte, não haveria condições para nada. A ideia de isto parecer um Big Brother ganhava agora um sentido mais concreto.

Condições para treinar também não havia depois de um farto lanche à base de queijo e broa. Ainda por cima, a Holanda jogava com a França a meia-final do Europeu de sub-21.

O jogo realizava-se em Braga e estava a ser um excelente espectáculo de futebol dado por duas selecções que jogam de forma espectacular. Claro que eu queria que os holandeses fossem os vencedores!

O jogo já tinha começado há largos minutos quando cheguei a casa. A Holanda vencia por 1-0. Apesar de estar chateada devido àquele assunto, fiquei bastante contente com esse resultado parcial.

Ao fim dos 90 minutos de jogo havia uma igualdade a dois golos. Para compensar a parte do jogo inicial que eu perdi, ainda houve prolongamento. A França ficou reduzida a dez jogadores e os holandeses acabaram por seguir em frente para minha grande alegria. Agora era só esperar para ver se era com a Ucrânia ou com a Sérvia e Montenegro que a turma laranja ia jogar no Estádio do Bessa. Seriam duas equipas com quem eu também simpatizava.

Nas edições desportivas fiquei a saber que a Ucrânia venceu a Sérvia e Montenegro após grandes penalidades. Os ucranianos na final iriam certamente sentir-se em casa devido à vasta comunidade imigrante que existe no nosso País. O Estádio do Bessa iria estar cheio e o jogo seria um espectáculo agradável com o público a participar na festa.

Bacorada do dia:
“Caso não saibam, quando se faz uma reportagem de 3 minutos tem de se filmar cerca de 30 minutos, quando se quer fazer uma reportagem de 5 minutos tem de se recolher cerca de 50 minutos de material e quando se faz ma reportagem com 10 minutos de duração recolhe-se uma hora de material.” (quer-se dizer que uma hora tem 100 minutos??!!!!)

Thursday, June 29, 2006

Um dia normalíssimo

Foi um dia que amanheceu azul e com muito calor. Se agora está assim, no Verão não se poderá suportar andar na rua pela hora do almoço.

As aulas decorrem sempre da mesma maneira. Começam às 9.30 horas e terminam às 17.30 horas. Só que o meu dia não termina por aqui. Há treinos que deverão ser bem aproveitados. O estádio irá fechar durante o mês de Junho e o Campeonato Nacional é nessa altura também.

Chateei-me não sei porquê- Não deve ter sido por nada de sério, senão lembrava-me. Nessas alturas eu costumo ser bastante produtiva nos treinos e faço coisas que em situações normais não costumo fazer. É o que se chama “treinar de raiva”. Nesse dia devi ter feito séries ou algo que tive de cronometrar. Deve ter sido um massacre! Só sei que andava a pensar na vida e deixei ficar o cronómetro na pista. Dei por falta dele e fui procurá-lo. Depois de correr tudo e de ter dado não sei quantas voltas à procura dele, decidi ir embora sem primeiro passar pela entrada e perguntar ao segurança se tinha achado algum cronómetro. Realmente foi isso que aconteceu. Acharam o cronómetro e vieram entregá-lo lá. Menos mau! Esta poderia ter sido a Situação do dia, só que...

Situação do dia:
Chega uma pessoa chateada e cansada a casa. Como se isso não bastasse, ainda tem de lavar umas peças de roupa à mão e estendê-la. O pior é quando se acaba de estender uma peça de roupa acabada de lavar com tanto sacrifício e, do andar de cima, sacodem os restos de um prato. Escusado será dizer que tive de lavar a toalha novamente e tirar a gordura salpicada no meu braço. É caso para dizer que quando uma pessoa está chateada tudo lhe cai em cima!

Bacorada do dia:
“Teorias de Robinson” (quem foi o senhor?)

Ser o pior dos péssimos




Estávamos numa aula e falou-se de qualquer coisa de competir. Então eu comecei a imaginar como seria uma competição ao contrário, isto é, para ser último.

As ideias foram surgindo na minha mente e eu nem conseguia disfarçar o sorriso. A aula de Mobilidade veio pôr cobro àquele momento de completa desatenção. A ideia de se treinar para se ser o pior era algo aliciante.

Sei que existe um clube de futebol brasileiro chamado Ibis que se orgulha de ser conhecido por ser o pior do Mundo. Inclusive eles apostam bastante no marketing para promoverem o seu insólito (in)sucesso. Eles devem ficar todos chateados quando uma equipa em qualquer ponto do globo consegue resultados piores que os deles de forma involuntária.

Houve uma equipa belga que foi considerada a pior do Mundo. Certamente que não era essa a intenção deles, mas conseguiram chatear os desgraçados dos brasileiros que investem forte para serem os piores.

Já estou a imaginar os treinos dessas respeitosas agremiações desportivas. Em vez de treinarem uma táctica para jogarem para o futebol-espectáculo, treinam para o espectáculo do ridículo, do falhanço, do pontapé na atmosfera à frente da baliza. A defesa treina arduamente para meter cada vez mais água e para ficar ainda mais presa de rins. Os laterais devem ser cada vez mais lentos. Os médios de cobertura só descobrem, os extremos-lentos e barrigudos- cruzam bolas rasteiras que passam toda a área e saem pela lateral a meio do terreno de jogo. E que dizer dos avançados? Esses seriam os mais toscos que alguma vez se viram jogar num campo de qualquer aldeia. As bolas não são cabeceadas, são ombreadas. Eles caem na área porque apenas tropeçam nas próprias pernas, não para iludir o árbitro que nem isso sabem fazer. Ah! Ia-me a esquecer dos guarda-redes- essas figuras sempre importantes numa equipa que luta para ser a pior. Eles levam à risca a expressão “mãos de manteiga” e antes dos jogos ou dos treinos besuntam-se com manteiga, margarina e tudo mais que faça a bola escorregar.

Os treinadores dessas agremiações de insucesso seriam pessoas que percebiam de tudo menos de futebol. No final de um jogo em que a equipa saia vitoriosa- quer-se dizer- perdia de goleada- o treinador mostrava-se contente. É que se venciam ele podia ser despedido. Já estava a ver como seriam as conferências de imprensa dos técnicos quando as coisas não lhes corriam bem, ou melhor, quando as coisas não lhes corriam mal.
-“O árbitro roubou-nos, expulsou o jogador da equipa adversária e nós ficámos em superioridade numérica. Depois marcou um pénalti a nosso favor, e o guarda-redes adversário deixou-a entrar.”
Noutra ocasião que a equipa perdeu por larga margem de golos, o mister apresentava-se sorridente na sala de imprensa. Então o repórter fazia-lhe a seguinte questão:
-“A quem dedica esta derrota?”

E os cuidados alimentares e de saúde desses atletas tão especiais? Isso seria fantástico! Antes de cada desafio seria uma feijoada ou um cozido á maneira para se sentirem pesados e indispostos e não jogarem nada. O álcool seria o doping. Não seria permitido um jogador entrar em campo protegido por Deus Baco sob pena de ser suspenso por dois anos. È que o álcool fazia com que a azelhice se acentuasse.

Outra coisa que seria interessante era os clubes andarem a ver quem dava mais pelo pior jogador do Mundo. Esse deveria valer mais que o Drogba, que o Ronaldinho ou que o Shevchenko. Devia ser interessante esse mercado. Quem investiria em tal coisa? Se calhar alguém farto de ver as mesmas coisas num campo de futebol.

Os jogadores eram descobertos por olheiros e empresários sem escrúpulos em jogos de rua e- no caso de se tratar de jogadores portugueses- nos jogos entre solteiros e casados de uma qualquer festa em honra do santo padroeiro lá da aldeia. O jogador mais “elegante”, aquele que passa o tempo todo sem tocar na bola, o que remata na própria perna ou o que passa o tempo todo no chão sem jogar nada são grandes candidatos a uma transferência milionária para um dos grandes colossos do futebol mundial. Mas da azelhice!

No futebol ou em qualquer outro jogo, esta de imaginar truques para ser pior que péssimo dá sempre azo a que se imaginem cenas hilariantes. Difícil é imaginar os piores do Mundo em desportos como o Ciclismo, o Atletismo ou a Natação. No entanto, não é impossível imaginar o que um atleta faz para ser último. Desde atar os sapatos um ao outro até correr com eles desapertados- no caso da corrida- até ficar mesmo para trás só para ver quem vai- tipo Armando (ver texto “Sonho e realidade”) -no caso do ciclismo. Na natação era levar algo que fizesse o atleta ir constantemente ao fundo e se atrapalhar todo na piscina. Enfim: um sem número de soluções para o objectivo final de ser o pior dos maus.

Realmente nesse dia estava animada e com ideias do arco-da-velha. Deve ter sido por ter ficado em local onde normalmente não fico. Voltando atrás, o dia amanheceu em Ílhavo cheio de Sol. Havia uma aragem fresca que vinha do mar. Com a minha colega e o seu cão fui até à paragem onde ela costuma apanhar cedo o autocarro para Aveiro. Foi nessa altura que me dei conta do sacrifício que ela faz todos os dias para se deslocar a Coimbra. Já dentro do autocarro havia uma senhora que ia fazer uns exames a Coimbra, mas não conhecia a cidade. O condutor ordenou a uma menina que a levasse e que me levasse também a mim ao comboio. Encontrar-me com o meu colega foi o cabo dos trabalhos. O reencontro deu-se já dentro do comboio. Esquecido o incidente, a conversa animou. O jogo da Holanda dominava ainda o conteúdo das conversas e falava-se da simpatia dos holandeses.

Nem tempo tive de ir a casa pousar as coisas que tinha levado. No intervalo iria a casa e traria tudo em ordem. E o quarto que estava sem luz! Sobre isso falamos mais tarde. Ou melhor, tive de falar com a senhoria à hora de almoço. Ela tinha medo que eu caísse de alguma coisa abaixo ao mudar a lâmpada, mas sem luz não podia fazer nada. Havia que se dar um jeito. Quando regressasse a casa iria ver o que podia fazer.

Era terça-feira e o treino deve ter sido baseado em velocidade. Já não me lembro em que consistiu o apronto porque estou a escrever este texto com quase um mês de atraso. É a vida sempre ocupada que tenho tido ultimamente.

Situação do dia:
Afinal como resolvi eu o problema da substituição de uma lâmpada num tecto alto onde uma pessoa baixa como eu não pode chegar? Tentei subir para a barra da cama, como tinha feito para retirar a lâmpada fundida. Só que colocar uma lâmpada era mais complicado que tirar uma lâmpada e os pés escorregavam dali. E agora? Decidi então arrastar a mesa para o meio do quarto. Antes disso tinha de tirar tudo o que lá estava em cima fazendo a balbúrdia que a foto documenta. Subi para cima da cama e depois para cima da mesa. Mesmo assim não era muito fácil chegar aos casquilhos. Aos casquilhos, disse bem. Para meu espanto aquilo levava duas lâmpadas, mas eu só lá coloquei uma que era como lá estava. Ainda por cima o interruptor estava ligado e eu apanhei um susto valente quando a lâmpada acendeu. Quase me desequilibrei. Depois dessa manobra tão arriscada havia que pôr as coisas tal como estavam. Missão cumprida!

Bacorada do dia:
“Como é que se chama a casa dos iglôs?” (ESQUIMÓS!)

Monday, June 26, 2006

Afinal não sou só eu!



Vestida de laranja- como não podia deixar de ser- fui para as aulas. O Sol brilhava e o calor já era muito.

Estava feliz! As provas tinham corrido bem e no final das aulas partiria para Aveiro para ver o jogo entre a Holanda e a Itália. Imaginava o estádio cheio de holandeses que contagiavam os outros espectadores com a sua alegria e a sua forma de fazer de cada evento uma verdadeira festa. Certamente iria ser um espectáculo!

Chegava ao fim o período de aulas e lá fui eu fazer companhia aos meus colegas que costumam ir de comboio para os lados da Cidade da ria e dos Ovos-moles. Apanhei um táxi e rumei ao estádio. O trânsito era intenso e quase não se podia passar. Uns espectadores ajudaram-me a entrar e foi aí que percebi que a maioria dos portugueses- senão todos mesmo- torcia pela Holanda. Fiquei feliz porque já não era só eu que simpatizava com os holandeses.

Ouvidos os hinos nacionais dos dois países, a partida começou e uma multidão imensa manifestava-se ruidosamente sempre que um jogador holandês pegava na bola. Ao guarda-redes italiano que queimava tempo gritavam impropérios e assobiavam. Já lhe chamavam Stojkovic!

Olhava em redor tentando encontrar holandeses, mas as pessoas que vestiam de laranja eram portuguesas e faziam ainda mais barulho que uma claque organizada da Holanda. Nem se perguntava aos mais pequenos por quem torciam. A resposta estava dada através das cores que vestiam e das manifestações espontâneas que tinham a cada lance do jogo.

Seria bonito se a Holanda marcasse um golo com o ambiente favorável que a envolvia. O treinador fez entrar Daniel De Ridder que se encarregou de fazer a vontade àqueles milhares de holandeses improvisados e marcou o tão esperado golo. Foi uma festa! O estádio quase veio abaixo. Se lá estivessem holandeses mesmo iriam ficar surpreendidos pela simpatia do povo português que torcia pelas suas cores.

O jogo terminou e era grande a confusão nas imediações do Estádio. Com a ajuda de um voluntário apanhei um táxi para Ílhavo. Iria pernoitar em casa de uma colega e seguiria para Coimbra no dia seguinte. A viagem até Ílhavo foi sempre feita a conversar. As pessoas admiram-se como existem doenças que se transmitem geneticamente.

Cheguei a casa da minha colega já bastante tarde. Ela arranjou-me um quarto que tinha um candeeiro e uma luz fluorescente. Quem dera que o meu quarto tivesse assim uma luz forte para eu poder ler um pouco! Pois! Agora o meu quarto nem sequer tem luz. Vai ser lindo substituir a lâmpada. Consegui tirá-la. Pô-la vai ser arriscado.

De onde eu estava podia ouvir os animais que costumo ouvir quando vou à minha terra. A noite estava quente e ouvia-se também água a correr lá fora. Tudo ali estava perfeito para passar momentos tranquilos menos o calor que me fez passar largas horas sem dormir.

Bacorada do dia:
“ «Diz números pares» Mas 21 não é par!” (2 e 1 não é um par de números?)

Thursday, June 22, 2006

Calor e mais calor

A prova que faltava –os 200 metros era de manhã. Quem pensava que estava menos calor enganou-se. Fui par o Estádio uma hora antes e tive direito a cerca de uma hora de sauna grátis oferecida ao ar livre nas bancadas. Deu para bronzear e tudo!

Afinal os 400 metros também correram mediante as expectativas. A marca foi de 40.6 segundos. Fiquei de consciência tranquila. Dei o meu melhor e acabei exausta. Não podia fazer mais nada.

Quase nem aqueci para a prova. O Sol estava quente demais e fazia-me pensar o que seria pelas duas da tarde com tanto calor. Nem se devia poder sair de casa!

Após as habituais peripécias, foi dado o tiro de partida. Havia uma atleta que estava à vista. Tentei segui-la até onde pude e isso deu resultado, pois voltei a bater a minha marca anterior que era de 44.39 segundos. Desta vez fiz 43.7 segundos. Sempre a descer!

O resto do dia foi passado a descansar em casa. É que na rua não se conseguia andar mesmo. A água consumia-se a bom ritmo e só apetecia estar de janelas fechadas para a aragem da rua não entrar.

A tarefa da Selecção Nacional de sub-21 era complicada. Tinha de vencer a Alemanha por três golos de diferença e esperar que a França ganhasse também à Sérvia e Montenegro. A França estava a cumprir, mas Portugal não colaborava.

Foi já no final do jogo que João Moutinho marcou o golo português que apenas fez com que os jogadores nacionais tivessem companhia para chorar. Aquele golo permitiu a passagem dos sérvios e montenegrinos e deixou os alemães lavados em lágrimas. Nunca na minha vida vi alemães a chorar assim. Eles que são um povo frio e quase não mostram o que sentem.

Já era noite e eu tinha de ir arrumar umas coisas que estavam em cima da minha cama. Ao ligar a lâmpada do tecto ela fundiu-se. E agora? Como é que se vai substituir a lâmpada? Tive de recorrer a uma lanterna para conseguir arranjar as coisas para o dia seguinte.

Iria a Aveiro ver o jogo entre a Holanda e a Itália. A camisola laranja para torcer pelos holandeses não poderia faltar!

Situação do dia:
Como sempre acontece, a partida para qualquer prova de velocidade em que eu participe nunca se dá à primeira. Algo tem de acontecer e enervar ainda mais as atletas que se tentam concentrar. Antes da minha prova houve uma prova de 200 metros masculinos. Um atleta colocou o autocolante com o número da pista de onde iria partir na perna contrária. O juiz berrou-lhe:
-“Ó amigo! O número é para você ler ou é para a máquina ler?”
Após uma partida daquelas que falharam, eu também tive de fazer das minhas. Estava tão concentrada…ou tão distraída que nem ouvi que era para preparar. O mesmo juiz voltou a advertir:
- “Ó menina da pista 6, quando eu digo «Pronto» é para levantar o rabo!”

Bacorada do dia:
No jogo entre a Alemanha e Portugal, o jornalista da TVI que estava a comentar a partida teve a infeliz ideia de descrever assim o lateral direito alemão que- por acaso- era o marcador directo de Quaresma:
-“É um jogador rápido e sempre atento. È capaz de estar com um olho no burro e outro no cigano…”
Ao aperceber-se do que acabara de dizer, o jornalista tentou remediar:
-“Bem…eu apenas utilizei a sabedoria popular…não tive, de modo algum, intenção de ofender ninguém…”
(uma infeliz coincidência!)

Da aldeia para a cidade (texto para aulas)

Depois de muitos currículos ter enviado para outras tantas empresas, fui finalmente aceite no mercado de trabalho.
Abandonei a minha aldeia e rumei a Coimbra onde arranjei um bom emprego. Foi difícil deixar o local onde sempre vivi e ir para a cidade. Iria certamente sentir falta do coaxar daquela rã junto ao riacho, do vento que uivava e me adormecia nas noites de luar, do pastor Serafim com as suas ovelhas mal o Sol rompia e do cheiro a terra molhada em dias de chuva.
Viver na cidade seria uma experiência nova e atractiva. Fui trabalhar para uma multinacional cuja empresa-mãe tinha sede no Brasil. O Director dessa empresa chamava-se Jacinto e era também brasileiro, proveniente de Natal.
Logo no primeiro dia de trabalho foi me apresentado um papel com aquele que seria o meu primeiro contrato laboral. Em cima da mesa estava uma inacreditável oferta monetária que logo me pôs a sonhar com coisas que eu gostaria de comprar.
Arranjei casa perto do Estádio com duas raparigas: a Mónica de Mafra e a Carina que cresceu junto às margens do Douro. Logo na primeira noite que passámos juntas constatámos que o fogão que se encontrava na cozinha não funcionava e que a minha cama estava partida. Assim que me sentei, fui logo parar ao chão.
E assim correu o meu primeiro dia de muitos que irei passar na cidade de Coimbra. Para primeiro dia nem foi nada mau!

Monday, June 19, 2006

Fugir do Sol com tempo enevoado

Sempre que há provas, levanto-me sempre mais tarde para descansar bem. Pensava que ia fazer só os 200 metros, mas enganei-me. Era os 100 e os 400 metros. Os 200 metros seriam no dia seguinte.

Fazer aquecimento para quê se estava tanto calor? O espaço também não era muito para aquecer. Junto às bancadas lá dei umas corridas. Não estava a aquecer que quente já eu estava. Estava a levantar fervura, a evaporar.

Com o dorsal 966 lá iniciei a minha participação nas provas extra dos campeonatos distritais de juvenis de Coimbra. Os 100 metros foram corridos na pista 7 e a marca foi boa -19.8 segundos. É a melhor maca do ano.

Houve pouco tempo de pausa entre os 100 e os 400 metros. Naquela altura o Céu estava algo esquisito e o ar estava pesado. E lá se foi a minha táctica para correr mais depressa. É que eu tinha idealizado que iria meter na cabeça que tinha de fugir o mais rápido possível da parte da pista que tinha Sol porque dali vinha uma ameaça imaginária. Como são mais de 300 metros que ficam ao Sol, daria resultado.

O problema é que estava o tempo encoberto naquela altura e isso já não se aplicou. Foi uma prova sofrida. Não se respirava bem. Parecia que aquela curva era eterna. Terminei a prova exausta. Teria feito um bom tempo?

As outras atletas que também fizeram 400 metros queixaram-se também das péssimas condições climatéricas que fizeram com que nos cansássemos depressa.

Portugal tinha mais um teste para o Mundial 2006. Cabo Verde foi a selecção escolhida para adversária neste apronto. Naturalmente que a Selecção Nacional venceu sem margem para dúvidas.

Situação do dia:
Quem disser que os holandeses não têm criatividade, diz uma grande mentira. O árbitro do Portugal- Cabo Verde inventou uma regra nova que deveria ser adoptada pela International Board. É certo que estava um calor de rachar. Ainda por cima no Alentejo. O Senhor Árbitro implementou a pausa para beber água a meio de cada parte do jogo. O público não gostou de tal ideia luminosa, ou melhor, de tal ideia fresca e assobiou efusivamente. Os jogadores e os árbitros, acima de tudo, são seres humanos e necessitam de repor os líquidos gastos na actividade física sob calor intenso. Criatividade holandesa em toda a sua plenitude!

Coimbra num braseiro

A despedida da nossa psicóloga ainda era o assunto de um dia marcado pelo calor intenso e quase insuportável.

Se no fim-de-semana assim estivesse o tempo ia ser uma loucura para fazer as provas. É que ao sair das aulas verifiquei que a temperatura estava óptima, mas para dar um mergulho no mar. Ainda por coma ia só rolar e iria sentir ainda mais calor.

O treino foi feito debaixo de intenso calor. As previsões para os dias que se iam seguir previam que a temperatura subisse mais ainda. Seria um autêntico forno naquela cidade.

Bacorada do dia:
“É para competibilizar” (compatibilizar, era isso que se pretendia dizer)

Quando alguém tem de partir

Já se sabia há muito que a nossa psicóloga nos ia deixar porque tinha de partir para longe. Seria o seu último dia de trabalho junto de nós.

Em sua homenagem houve um almoço, tiraram-se fotos de grupo e oferecemos-lhe uma lembrança para que ela um dia se recorde de nós. A despedida foi dolorosa com discursos sentidos e muitas lágrimas. Foram sete anos de dedicação aos nossos problemas. É tempo suficiente para deixar saudades.

Da minha parte, espero que ela seja feliz lá longe e que desculpe as inúmeras discussões que tivemos em que depois acabávamos amigas como dantes. Se calhar lá longe ainda se vai lembrar desses momentos com saudades. Eu aqui também vou sentir saudades. Afinal de contas era uma pessoa que costumava estar ali todos os dias, que já fazia parte da instituição e que sempre fez de tudo para nos tentar ajudar. As lágrimas da despedida foram o reconhecimento de tudo o que ela fez para nos dar o melhor apoio possível nos problemas que foram surgindo nas nossas vidas conturbadas.

Não treinei porque tive de ir a uma acção de formação para os voluntários dos campeonatos de Ginástica Acrobática que se vão realizar em Coimbra. Fiquei ansiosa por chegar o dia em que vai começar este evento. Irá, certamente, ser interessante. É mais uma modalidade que eu desconheço e que espero gostar de conhecer de perto.

Quando cheguei a casa Portugal já perdia com os sérvios e montenegrinos. Estava a jogar tão mal que até parecia impossível estarem ali jogadores que até teriam lugar na selecção principal. A defesa metia água, o ataque pouco assustava o guarda-redes Vladimir Stojkovic que pouco faltou para se sentar a um canto da baliza a beber a sua bica descansado.

Por falar em Vladimir Stojkovic, é de referir que este guarda-redes é irmão do bem conhecido e também guarda-redes Vladan Stojkovic que fez grande parte da sua carreira no Leça. Agora não sei se ele ainda joga. Eu lembro-me que ele tinha esse irmão e, quando as coisas estavam difíceis na sua terra devido aos bombardeamentos da NATO, ele trouxe-o para cá.

Bacorada do dia:
“Vê lá se me caiu algum maço de guardanapos do bolso.” (ou o bolso era muito grande, ou os guardanapos eram minúsculos.)

Há um ano atrás



O dia 24 de Maio de 2005 foi um dia que jamais vou esquecer. Pode ter sido o dia mais horrível da minha existência, mas também me alertou para dar mais valor a certas coisas da vida e para a viver enquanto tiver oportunidade e condições para isso.

Há um ano atrás o Inferno em que se transformou a minha vida devido ao glaucoma parecia não ter fim. Contra a minha vontade tive de ser operada sob pena de perder a visão por completo. A operação foi realizada no dia 17. Uma semana depois a pressão ocular subiu de repente e de tal maneira que tive de recorrer ás urgências com dores horríveis no olho. Só de as estar aqui a descrever já estou a ficar arrepiada. Só de me lembrar o pesadelo que foi esse dia...

A tensão ocular não parava de subir e, para além das dores, também estava cheia de medo do que iria acontecer dali para a frente. Pensei em tanta coisa naquele dia que nem sei onde fui buscar algumas. Concluí que pouco tinha aproveitado da vida. Agora que podia perder a visão arrependia-me de não ter ido mais além. Essa reflexão agora serve-me para ganhar coragem para não ter medo de ser feliz.

Eu pensei que o pesadelo ia acabar quando os medicamentos me tirassem as dores mas enganei-me. As dores desapareceram, mas em seu lugar surgiu uma valente indisposição provocada pela reacção alérgica ao medicamento e que me levou a passar a noite acompanhada com uma garrafa de soro.

No dia seguinte fiz questão de dizer aos médicos que não queria mais voltar a ser operada. A solução foi fazerem-me laser e até hoje não tive mais problemas. Só as pessoas que sofrem de glaucoma é que fazem ideia das dores infernais que esta doença provoca.

Bacorada do dia:
“O meu problema apareceu no último ano de gravidez.” (pelo menos dois anos andou a mãe dele grávida, o que é um fenómeno e, claro, teve de dar problemas.)

Visões optimistas

O dia ia ser especial. Ia haver um seminário sobre a integração socioprofissional das pessoas portadoras de deficiência visual.

Com o sugestivo título “Visões” o evento abordou as diversas vertentes da vida do cidadão deficiente visual. Começou-se por falar de Mobilidade, continuou-se com Actividades da vida diária, Novas Tecnologias e só depois se passou para o emprego e formação profissional.

Da parte da tarde algumas pessoas bem sucedidas na sua actividade profissional foram dar os seus testemunhos e deixar algumas dicas para o sucesso de pessoas como nós no mercado de trabalho.

Estas acções de formação acabam sempre por ser positivas. Permitem-nos discutir e abordar assuntos do nosso interesse. Durante este colóquio eu tive a ideia de um dia se fazer um semelhante onde se deveria abordar a acessibilidade das pessoas com deficiência visual aos media. Seria interessante.

Aproveitando o facto de estar ali muita gente de fora, realizou-se uma quermesse com produtos variados. Até lá havia um telecopio que acabou por calhar a um colega meu. Calhou-me um estojo que me fez lembrar os meus tempos de infância. Era igual a umas mochilas que havia no tempo em que eu era miúda. Aquilo deu-me cá uma nostalgia!

Depois de um treino bem aproveitado como se queria preparei o cachecol e fui ver como se estreava a Selecção Nacional sub-21. O adversário era difícil. A toda-poderosa França com os seus talentosos atletas descendentes, na sua grande maioria, de imigrantes africanos. Um dos jogadores gauleses até nasceu dentro de um barco que navegava entre o antigo Zaire e Angola. Portugal perdeu e agora tem de ver se vence a Sérvia e Montenegro para seguir em frente.

O dia ficou igualmente marcado pelo desejado regresso de Rui Costa ao Benfica. Aos 34 anos, o excelente médio português cumpre assim o desejo de terminar a sua carreira recheada de êxitos no clube do seu coração.

Bacorada do dia:
Sanhanhá” (assim dizem que se chamava um jogador francês)

A força dos Tom's

Segunda-feira de manhã! Mais uma! Isso significa que o tempo de descanso ficou para trás e que mais uma semana de aulas recomeça.

Pela primeira vez ao fim de muito tempo senti algo que já não sabia o que era: frio. A manga curta não se aconselhava na manhã de 22 de Maio de 2006.

Uma senhora brasileira tinha uns testes a Braille para nos passar. Parece que era para medir os nossos níveis de concentração. Aquilo era difícil porque tínhamos de identificar letras muito parecidas. Claro que eu confundi aquilo tudo.

A Olympia’s Tour Van Nederland chegou ao fim com a vitória do Tom Veelers que venceu três etapas desta competição e deu assim mais um triunfo à Rabobank Continental numa prova em que houve equipas que desistiram em bloco.

Rick Flens em terceiro lugar, Tom Leezer em quarto e Martijn Maaskant em décimo completaram uma excelente exibição colectiva dos nossos jovens que mostram a cada dia que a Rabobank não tem que temer o futuro.

Tive de alterar o treino porque no dia seguinte ia começar o Europeu de sub-21. Portugal começava a jogar e não podia ficar até tarde a treinar. Também ia ter provas no fim-de-semana e havia que fazer uma semana com treinos mais duros.

Bacorada do dia:
“Mas a Vera não vê mais que os cegos?” (e algum cego vê alguma coisa?)

Friday, June 16, 2006

Que moleza!

O dia anterior foi aquela confusão toda que se sabe, daí não ser de espantar a moleza do dia seguinte.


Havia que ir para casa. Tinha apontamentos para passar e havia algum material para o blog que tinha também de trazer. Não se esperasse, portanto, que eu fosse para casa descansar.

Ao domingo há poucos autocarros a circular na cidade e temos de nos pôr a pé bem cedo e é se queremos apanhar o comboio a horas. Para poupar tempo fui de autocarro e o resto do caminho até à estação fui a pé. Faz bem andar a pé ao domingo de manhã!

E o esforço que eu estava a fazer para não adormecer no comboio! É mais grave adormecer no comboio que no autocarro. No autocarro a pessoa acorda sobressaltada, viu que já passou a paragem e vai implorar ao condutor para a deixar ficar no local mais próximo ou então sai ali e tem de voltar para trás. No comboio a pessoa adormece e vai parar ao Porto sem estar a contar de lá ir fazer alguma coisa.

O tempo estava encoberto e a temperatura estava amena. Nada que se assemelhasse ao tempo escaldante que se fez sentir em Lisboa. Tive de ir vestir uma camisola de manga comprida e tudo.

Por mais que uma pessoa pense em trabalhar, sempre se distrai com alguma coisa. Com os gatos que agora eram menos. Depois uma pessoa lembra-se que tem de ir passar apontamentos e vai trabalhar toda a tarde.

E assim se passou mais um domingo sem Futebol.

Situação do dia:
Estava a brincar com uns gatos e deixei a porta do escritório aberta. Quando regressei tinha escrito à frente da linha que estava a escrever: “=76” e tinha a caixa de diálogo de Localizar e Substituir aberta. Quem andava dentro do escritório era o gato Mong e a gata Feijoa.

Bacorada do dia:
“Ah! Mas nós ontem não vimos esta parte na televisão! Que é da Dulce Pontes???!!!!” (aquilo era um filme dos momentos finais da Bandeira captado do local onde eu me encontrava.)

Bandeira desumana



Partimos de Coimbra bem cedo para um dia especial. Iríamos fazer parte de um acontecimento único: construir a Maior e Mais Bela Bandeira Nacional do Mundo.

Todas as mulheres estavam felizes com a iniciativa à partida para Lisboa. Um jornalista da SIC entrevistou-me a mim e a outras participantes que mostraram todo o orgulho em fazer parte de algo que jamais se iria esquecer.

A caminho de Lisboa a animação era grande no autocarro onde eu viajava. A música era variada e ia bastante alta- o que permitia que o pessoal cantasse, risse, brincasse e fosse gritando vivas a Portugal.

A chegada a Lisboa, porém, começou por trazer alguma apreensão. Estivemos paradas bastante tempo à espera do almoço enquanto centenas de carros particulares passavam por nós. Algo indiciava que a confusão ia ser muita.

Chegar ao Estádio Nacional não foi nada fácil. Deviam, desde logo, controlar os autocarros a partir da estrada. Afinal, já não íamos chegar lá à hora prevista. Para agravar as coisas tivemos de andar às voltas para estacionar e havia que entregar comida às outras participantes das outras camionetas. Mais tempo que se perdeu evitadamente! Chegou-se a uma altura em que já nem sabíamos para onde ir. Ninguém nos indicava ao certo onde nos devíamos dirigir.

Foi já á entrada do Estádio que se viu que ia haver confusão da graúda. Era difícill as pessoas não se perderem ali. Acho que nunca vi tanta gente junta nem em sonhos. Mas para tanta gente não deveria haver controlo adequado?

Houve mesmo uma altura em que tive bastante medo de cair e ser espezinhada pela multidão que se precipitava para a entrada. Tive de empurrar, espezinhar, beliscar, dar encontrões e até cotoveladas para me poder libertar de apertos e de confusão. Olhava para todos os lados tentando vislumbrar alguém da organização a quem pudesse pedir ajuda. Nem queria acreditar! Ninguém ali estava e as pessoas eram mais que muitas.

Ao sabor dos empurrões que eram o prato do dia e agarrada ás minhas colegas de autocarro de forma quase selvática como um cão se agarra a um osso, entrei finalmente no corredor que dava acesso às bancadas. Fiquei por ali, até porque nem nos conseguíamos mexer. O calor era muito e até dei por mim colada a outra mulher, isto só para se ter uma ideia do que se passou.

A sede ia-se apoderando de mim. O calor era insuportável. Apertada entre aquela gente toda ainda sufocava mais. O problema é que atiravam as garrafas da água-algo impensável. É que podia haver ali uma tragédia se toda a gente tentasse apanhar uma garrafa com o calor que estava e com a sede que, naturalmente, havia. Obviamente que era difícil para mim apanhar as garrafas e os brindes que caíam do céu. Houve quem me desse uma garrafa. Depois perguntaram de quem era uma garrafa. Eu tive de dizer que era minha senão morria de sede.

Ao fim do empurrão nº51672647 lá entrei para o relvado. Iria fazer parte da construção da Bandeira! Nem queria acreditar! Deram-me um capote verde e indicaram-me o local onde deveria ficar. Dos empurrões já me tinha livrado, mas da sede não. É que nem para a Bandeira houve garrafas de água. Foi demais! As pessoas mais sensíveis tiveram mesmo de ser assistidas.

Mas apesar de todos estes contratempos, a animação reinava e o facto de estarmos ali a fazer parte daquela festa minimizava qualquer dificuldade que se tivesse. Participar neste evento estava a ser espectacular apesar de tudo.

Finalmente chegou o tão esperado momento! A Bandeira ficou pronta. A impressionante voz de Dulce Pontes entoou o Hino Nacional. Foi arrepiante e bastante bonito esse momento. Era o culminar de uma festa inesquecível. O objectivo de bater o recorde do Guinness foi conseguido. Muitas mais mulheres poderiam ter participado se as coisas fossem melhor pensadas. Naquele momento senti-me bastante feliz por ter contribuído para que a Maior e Mais Bela Bandeira Nacional fosse construída no relvado do Estádio Nacional.

Sair do relvado foi outra dor de cabeça. Disseram que iam dar brindes e recordações a quem tinha participado na Bandeira. No entanto, não foi isso que aconteceu. Os brindes e os certificados foram dados a quem calhou. Até homens levaram certificados e brindes para casa! Assim não! Gosto sempre de levar uma recordação dos eventos em que participo e a melhor coisa que levei dali foi um filme que eu própria fiz com o momento em que a Bandeira ficou pronta, em que se cantou “A Portuguesa” e em que o recorde foi tornado oficial. Outras recordações? Teria direito a elas se fossem distribuídas quando as pessoas entravam ou saíam da formação da Bandeira. Com a história dos brindes acabei por me perder das outras. De feliz passei rapidamente a revoltada e nervosa com o tratamento que pessoas que fizeram tantos quilómetros levaram.

Nós inscrevemo-nos antecipadamente. Uma das coisas que perguntavam na ficha era se a pessoa tinha mobilidade limitada. Certamente não perguntaram isso porque lhes apeteceu. Seria para zelar pela integridade física e pela segurança das pessoas com deficiência ou com mais idade. Felizmente que não se passou nada de mal com essas pessoas, mas podia ter acontecido. E se tivesse acontecido? De quem era a responsabilidade? Atirar com brindes e garrafas de água à multidão pode ser um perigo. Não percebo porque é que as pessoas não entenderam isso. Estava imenso calor, as pessoas eram muitas. Na Bandeira devia haver voluntários a distribuir água às participantes. E ainda dizem que os portugueses sabem organizar! Bem organizado sim estava o Triatlo de há uma semana atrás. O conceito de organização no Futebol é outro.

A revolta era geral nas imediações do Estádio. De todas as direcções vinham queixas conta a organização. Nem parecia que se tinha acabado de assistir a um acontecimento memorável. Foi debaixo de extrema revolta que chegámos aos autocarros. A viagem de regresso prometia assemelhar-se a um velório.

Houve pessoas que nem entraram sequer no Estádio, outras que ficaram na bancada. Quem não participou na Bandeira tinha brindes e certificados. Havia gente que trazia coisas a mais e fez o favor de as dividir comigo. Se eu tenho um certificado é porque o consegui já dentro do autocarro. Uma senhora que não participou arranjou-me um.

A viagem de regresso a Coimbra acabou por ser menos animada que a ida. A música já estava mais baixa e só se ouviam críticas á forma como as coisas foram organizadas. Toda a gente tinha algo para contar que se relacionasse com confusão e balbúrdia. Cenas de empurrões era o que mais se ouvia contar.

Ao chegar a casa nem queria acreditar ter chegado sem um único arranhão daquele autêntico campo de batalha em que se transformou o Estádio Nacional. Apenas o cansaço se apoderava de mim. Liguei a televisão para ver se ainda estava a dar o Festival Eurovisão mas já tinha acabado. Nunca costumo perder um evento desses. Qual teria sido a canção vencedora? Ainda tive tempo de ver uma reportagem da Bandeira. De facto foi um momento bonito!

Friday, June 09, 2006

Conchas, búzios, pérolas, fósseis...





O dia ia ser diferente do habitual. Estava agendada uma visita ao Museu Zoológico onde estava a decorrer uma exposição de conchas e outros objectos relacionados com a vida marinha de hoje e de ontem.

Sair da rotina das aulas e visitar algo que nos enriqueça é sempre positivo. Estar sempre na sala de aulas acaba por cansar. Em boa hora se fazem estas idas a museus e a exposições para alargar um pouco os horizontes de quem não tem acesso à cultura como os demais cidadãos. Poder estar em contacto com os materiais é essencial para nós.

Estava bom tempo. O Céu estava azul e a temperatura estava agradável para se sair do local habitual. Fizeram-se dois grupos de modo a podermos caber na carrinha. Um grupo chegou primeiro que o outro. Eu estava no grupo que chegou depois e que viveu moimentos insólitos porque não houve ninguém que nos indicasse o caminho. Andámos por ali a fazer uma espécie de visita às instalações. Não era uma visita guiada porque, simplesmente, ninguém ali estava para nos guiar. Foi uma comédia!

Depois de muitas voltas dadas e muitas escadas percorridas, chegámos ao local da exposição e apanhámos as explicações já a meio. Para nos situarmos tivemos de ler alguma documentação que lá existia e fomo-nos situando. Os objectos marinhos estavam documentados a Braille e a negro- o que é de louvar. Não é todos os dias que se lembram de nós.

Pudemos contactar com conchas, búzios, fósseis, pérolas de ostra, pedras e alguns objectos em prata com motivos marinhos. Eu adorei o Nautilus e uma concha grande que lá estava. Não fazia ideia que houvessem bivalves daquele tamanho.

Dois senhores com sotaque do Norte faziam trabalhos em prata e estanho. Foram bastante acessíveis e deixaram-nos mexer um pouco nos utensílios de forma a percebermos o seu trabalho.

Numas vitrinas estavam objectos maravilhosos em prata e estanho. Toda a gente gostou desses artefactos.

No regresso os dois grupos deram um jeito de caber na carrinha, é que a hora do almoço aproximava-se. Foi uma curta, mas bem divertida viagem em que todos rimos e brincámos uns com os outros.

Foi da parte da tarde quando eu já estava na aula que fui chamada para atender o telefone. Era da Delegação Nacional da ACAPO com a notícia de que tinha sido seleccionada juntamente com mais duas pessoas para ir a Madrid. Fiquei extremamente feliz com essa notícia. Agora há que saber como irei até Espanha prestar provas. Pensei que as provas de Espanhol que fiz cá (ver texto “Sozinha em Lisboa”) me tivessem corrido pessimamente. Não estava mesmo à espera de ser seleccionada. Foi uma agradável surpresa.

O treino foi bastante duro, até porque estava bastante calor. Fiz 15 minutos de corrida contínua e depois fiz dois minutos a acelerar e três a ritmo normal até dar meia hora de corrida. Depois vieram os indispensáveis alongamentos para finalizar a sessão. Na próxima semana haverá provas e há que trabalhar.

Já não me lembro se fui eu que liguei para casa se foi a minha mãe que me ligou. Só sei que ela me disse que o meu pai tinha atendido um telefonema de uma senhora a dizer que eu tinha ganho um concurso…ele não percebeu bem. Depois eu pensei e cheguei à conclusão que tinham sido os responsáveis da ACAPO a dizerem que tinha sido seleccionada para ir a Espanha. A minha mãe ficou sem palavras.

No dia seguinte tinha de ir para Lisboa fazer parte da “Maior e Mais Bela Bandeira do Mundo”

Situação do dia:
A certa altura da exposição eu estava a preparar-me para fotografar um búzio muito engraçado. Então não é que no momento em que o estava a tentar focar a senhora tirou-o do sítio. Não disfarcei uma gargalhada.

Tuesday, June 06, 2006

Mas querem-me matar hoje?

O dia estava escaldante na cidade de Coimbra. Deviam estar cerca de 30º. Andar na rua era algo complicado pela hora do almoço.

Antes do treino tive uma árdua aula de Mobilidade em que andei na rua a corrigir a orientação. É algo que tem de ser feito para que eu comece a aprender as técnicas de bengala. O problema é que a seguir havia treino e eu nem tempo iria ter para descansar um pouco Andar mais de uma hora com aquele calor e depois ir treinar seria algo complicado. Mas com algum sacrifício tudo se resolve e são coisas que necessitam de ser feitas para meu bem.

Apesar de todo o cansaço provocado pelo calor e por uma hora de aula, o treino até nem foi tão mau como eu pensava. Rolei meia hora e fiz alguns piques. Pensei estar pior.

Depois ainda me lembrei que havia roupa para lavar. O dia estava mesmo destinado a ser bastante exigente em todos os aspectos. Estava a ver que não chegava a hora de ir descansar!

Bacorada do dia:
“Douro e Mafra são duas cidades...” (eu diria também que Douro e Mafra são dois rios.)

E assim vai o Desporto

O dia começou com notícias da mais variada índole sobre Ciclismo. No Giro a etapa teve algumas curiosidades. O italiano Franco Pellizotti da Liquigas foi o vencedor. Em segundo lugar ficou o vencedor da Volta a Portugal 2005 Vladimir Efimkin que também estava no grupo do vencedor. Em 5º lugar ficou um ciclista da nossa equipa- o Theo Eltink. Foi um excelente resultado conseguido pelo “Levezinho” da Rabobank que já o ano passado esteve bastante activo no Giro. Andou em várias fugas.

Nesta etapa a Rabobank esteve melhor que nas etapas anteriores. Foi a segunda equipa a pontuar. Menos bem esteve o ciclista Marc De Maar que foi último. Isso mesmo! Não gosto de ver ou de ouvir dizer que um atleta da Rabobank tenha ficado em último, mas algo terá acontecido. Depois alguém tem de ser último. Isso cabe a todos. Salvo erro, só o Lance Armstrong é que era impensável ele chegar em último. Nem que furasse mil vezes, que fizesse 2000 paragens e que andasse 81 kms no percurso errado e tivesse de voltar para trás.

Outra equipa da Rabobank participa com mais sucesso na Olympia’s Tour Van Nederland. Daí vieram mesmo as más notícias do dia. O Jos Van Emden- que era o ciclista em quem eu apostava fortemente que ia vencer a prova- desistiu. Fui ao site da Rabobank ver o que se tinha passado e fiquei bastante desolada ao saber que o motivo do abandono foi uma queda que lhe provocou uma fractura da clavícula ou do braço. O meu Holandês é pior que péssimo! Fiquei bastante triste porque aquele miúdo é um excelente atleta e foi uma boa aquisição tendo em vista o futuro da Rabobank. Calculo que ele também tenha ficado bastante triste com o que aconteceu. São coisas do Desporto! Espero que ele recupere rapidamente e que continue a fazer o que tem vindo a fazer até aqui para dar muitas alegrias à equipa.

Os outros ciclistas que participam na prova estão igualmente bem classificados. A Rabobank Continental está a preparar outra fornada de excelentes atletas. Eles estão quase todos nos lugares cimeiros. De todos eles, acredito que o Martijn -com uma fuga das que costuma fazer em que vai isolado, pontua pelo caminho, é apanhado pelo pelotão e ainda tem forças para discutir os primeiros lugares da etapa- possa vencer a competição. O Rick Flens está bem posicionado ainda devido ao prólogo. O Popov não conheço bem. Se está ali é porque tem valor. Eu também não conhecia o Jos Van Emden e ele está a surpreender pela positiva.

Estivemos a fazer um jogo muito engraçado em que nos dividíamos em pares e tínhamos dois cartões- um com a letra X e outro com a letra Y. As regras do jogo eram complexas e o objectivo era saber até que ponto cada par confiava nos pares adversários. O resultado foi desastroso.

O dia estava mais fresco e encoberto que o anterior. Fiz um treino com 15 minutos de corrida contínua e os restantes 15 foram preenchidos com 3 acelerações com 3 minutos cada. Isso é duro, mas é bom para aprumar a forma. O treino foi assim porque eu tinha de me despachar. Não queria perder a final da Liga dos Campeões.

Chegada a casa, fui ligar a televisão para ver se o Barcelona levava o “caneco” para a Catalunha. Obviamente que torcia pelo Barça. Além de ter o Deco e o Ronaldinho na equipa, a vitória da equipa catalã tinha outro significado: foi a equipa que eliminou o Glorioso. Se o Barcelona ganhasse nós podíamos dizer que o Benfica só foi eliminado pelo Campeão Europeu.

O jogo começou a correr bem ao Barcelona quando o guarda-redes do Arsenal foi expulso por impedir que Eto’o se encaminhasse para a baliza. O árbitro marcou a falta, mas poderia ter dado a lei da vantagem e permitido que o Barcelona marcasse.

O Arsenal acabou por marcar primeiro mas- com uns últimos minutos espectaculares- o Barcelona deu a volta ao resultado. Juliano Belletti nem queria acreditar que acabava de dar o título europeu à sua equipa. Deco e Ronaldinho puderam assim erguer a tão esperada taça e partir para as respectivas selecções com a moral bastante elevada.

Situação do dia:
Estava uma revista Braille debaixo de uma mesa. Uma colega encontrou-a e disse:
-- “De quem é isto? Encontrei aqui esta revista. Será uma revista pornográfica?”
Essa é boa. Uma revista pornográfica para cegos. Afinal até nessas coisas somos descriminados. Também temos direito como os outros.

Bacorada do dia:
“É lá em cima mas não é lá em cima.” (é onde afinal?)

Friday, June 02, 2006

Textos e frases

Foi um dia normal de aulas. Estivemos a fazer uns exercícios a Português. Quase adormeci na aula e idealizei um texto com aquelas palavras.

Em vez de fazermos frases, foi sugerido que fizéssemos um texto. Fiquei radiante! Adoro escrever textos. Lá ia eu transferir para papel aquele texto com que sonhei.

O treino foi marcado pelo calor que era quase insuportável. Fiz meia hora de corrida e depois fiz uns piques bastante rápidos. Fiquei a saber que dia 27 e 28 de Maio haverá um fim-de-semana de provas. Será um ensaio para os campeonatos que irão decorrer em Seia nos dias 24 e 25 de Junho.

Situação do dia:
Coube-me a mim a espinhosa tarefa de classificar morfologicamente a palavra “emprego”. Eis o que eu disse sobre esse vocábulo:
“Emprego: Nome comum, género masculino, número singular. É abstracto porque hoje em dia é difícil de atingir.”

Bacorada do dia:
“Ela tem dificuldade em colocar os dedos em cima das mãos.” (se calhar andou também a lançar foguetes em honra de Nossa Senhora dos Remédios como o outro do “Gato Fedorento”.)

Ju (2002-2006)











Thursday, June 01, 2006

Ju: o fim de um resistente



Este não foi, sem dúvida, um gato qualquer. Foi um gato que lutou até ao último dia da sua vida contra tudo o que lhe aconteceu. Sobre o Ju haveria muito para dizer, mas basta resumir aquilo que foi a sua existência para entender o significado da expressão “gato com sete vidas”.

17(?) de Abril de 2002- Ju nasceu no sobrado de nossa casa. Era uma ninhada de três gatos (dois machos e uma fêmea que acabou por morrer devido a qualquer anomalia com que nasceu). Cedo Ju começou por se destacar dos irmãos através do seu mau génio e da sua beleza. Foi na sua infância que começou também a ter algum azar. Apanhou um problema nos olhos que é normal nos gatos. A minha mãe andou a tratá-lo com pomada. Quando a minha irmã viu aquele gato com cara de boneco de porcelana e uns admiráveis olhos azuis logo advertiu que não queria que o dessem a ninguém que ele era dela. Naquela altura toda a gente queria o gato, mas o meu pai também não o deixou ir. Foi ainda na fase inicial da sua vida que Biju (nome colocado pela minha irmã devido aos seus atributos físicos- depois ficou só Ju para ser mais fácil de chamar) semeou o seu ódio de estimação. Incrivelmente o seu maior inimigo era o seu próprio irmão Max. Por causa dessa guerra ele foi abandonado pela mãe muito cedo.

2003- Vieram os amores e os desamores com outros gatos. Ju começou a gostar das gatas e, por elas, metia-se em rixas com os gatos que existiam na altura e com os que vinham do lugar. Charmoso para as fêmeas, implacável com os machos assim era Ju. As discussões entre gatos ecoavam pelos quintais e vinhas junto à nossa casa até que Ju desapareceu num dia do quente Verão de 2003, A minha irmã andava a procurá-lo por todo o lado. Dizem que ele tinha lutado com o gato Van Gogh. Dias mais tarde ele apareceu à minha irmã ferido numa pata. Depois de ter comido e bebido voltou a desaparecer por mais alguns dias, voltando mais tarde já com aquele ferimento bem infeccionado. A pata quase foi arrancada. Nessa altura ele dormia dentro de casa para evitar discussões com outros gatos. Um encontro mais aceso com o irmão voltou a colocar a sua pata magoada em apuros. Só à custa de intensivos tratamentos Ju conseguiu melhorar.

27 de Novembro de 2003- Era um desassossego para os outros gatos terem o Ju por perto. Como qualquer gato lá de casa, Ju também atravessava a estrada de qualquer maneira. Foram estes dois aspectos que levaram a que ele fosse atropelado por uma moto. Estavam os outros gatos a comer. Chegou ele e estalou o verniz. Já na véspera se tinha armado uma discussão junto à fogueira que nem ele, nem os outros gatos se aqueceram. Por causa da comida foi uma guerra semelhante. Só que, desta vez, Ju foi acalmar para onde não devia- para o meio da estrada. Segundo o rapaz que o atropelou, já era tarde quando se apercebeu que estava o gato na estrada e sentiu mesmo o corpo dele debaixo da roda traseira. Ju entrou em correria para o interior de casa procurando um local para se esconder. Foi descoberto pelo rasto de sangue que deixou no chão. Horas mais tarde e para grande espanto nosso Ju estava vivo e já se sentava à fogueira. Esteve uns dias a recuperar- curiosamente no local onde a morte o veio buscar há poucos dias- e ficou operacional passado uma semana. A partir desse dia nunca mais se viu esse gato a atravessar a estrada quase a morder as rodas dos carros. Um dia escondi-me a ver o que ele fazia numa situação em que vinha um tractor de um lado e uma camioneta do outro. Ele foi sempre pela berma e quando viu os veículos a aproximarem-se saltou o muro do quintal. Foi por isso que eu sempre disse que o Ju não morreria na estrada como os outros gatos. Foi atropelado, sobreviveu e isso tornou-o um exemplo lá em casa.

2004- Não era portanto da estrada que vinham as ameaças para a vida do Ju. Era um gato que não tinha qualquer problema em desafiar os cães. Eram famosas as tareias que ele dava nos gatos do lugar que ousavam vir desafiar a sua autoridade conquistada depois da morte de Van Gogh atropelado por uma carrinha. Também era frequente encontrar o gato Ju nas terras e nos pinhais. Contam que o viram em cima de uma árvore bem alta a rosnar a um cão que estava em baixo. Em Setembro de 2004 Ju desapareceu novamente. Costumava andar por lá um gato amarelo enorme de uma senhora da minha terra. Esse gato passou a desfazer com porrada o Ju e o Max que também lutavam entre si. Passados alguns dias Ju regressou a casa lesionado de uma pata. Entretanto todas as noites havia barulho entre aqueles três gatos.

2005- Os anos começavam a pesar e Ju já não era aquele gato ágil temido pelos seus opositores. Até com o Max (um gato que mal sabe saltar um muro) perdia. As discussões entre ambos passaram a ser mais verbais, digamos assim. Há sensivelmente um ano atrás a minha mãe apanhou o Ju na rua todo feito num oito. Nem comia. A minha mãe chegou a rodeá-lo com não sei quantos tipos de comida. Tomariam muitos restaurantes ter assim tanta variedade.

2006- As gatas foram sendo atropeladas e as discussões aumentaram agora com gatos jovens e vigorosos nascidos em 2004 e 2005. O ano passado nasceu uma ninhada de três machos filhos da gata que morreu atropelada no dia 31 de Março (ver texto “Morte na estrada”). Apesar das relações entre Ju e Max terem atingido um clima mais pacífico, as desavenças com os gatos mais novos passaram a ser uma constante. Um novo Ju nasceu lá em casa com o mesmo mau feitio- se calhar até é filho dele. Mas a grande ameaça veio de um gato da vizinha de cima que era muitas vezes visto a disputar algo com Ju.

7 de Maio de 2006- Ju andava desaparecido pela enésima vez. Já nem ligávamos quando ele desaparecia. Teria ido para os pinhais ou teria levado uma tareia de outro gato e estaria ferido, escondido algures. Realmente estava. A minha mãe encontrou-o com um grave ferimento no pescoço já bastante infeccionado (ver texto “Dois emocionantes minutos”). Os meus pais tentaram por todos os meios salvar-lhe a vida mas, desta vez, a morte iria finalmente vencer.

11 de Maio de 2006- Ju não resistiu à infecção do seu ferimento e sucumbiu depois de ainda tentar resistir como das outras vezes. Chegava ao fim a saga do verdadeiro gato das sete vidas. A origem do ferimento que lhe roubou a vida é desconhecida. Aparentava ter sido uma dentada dada em cheio no osso do pescoço, daí ter infeccionado. Mas quem lhe terá mordido? Um cão ou outro animal dos pinhais? Outro gato? Desconfia-se que tenha sido o gato da vizinha. Se foi ele também não teve grande sorte pois foi também atropelado mortalmente num destes dias.