Wednesday, May 31, 2006

À descoberta do Triatlo

Manhã de domi9ngo algo enevoada. Levantei-me bem cedo e tentei-me despachar o mais que pude. Tinha de apanhar qualquer transporte para a Capital que chegasse lá antes do meio-dia.

O destino era o Centro Comercial Vasco da Gamo onde estava a decorrer uma competição de Triatlo. Estava inscrita para fazer voluntariado nesse evento. Na verdade, inscrevi-me por engano neste projecto. Quando chegou o mail a anunciar que me encontrava inscrita fiquei sem saber o que fazer. Como iria eu descalçar aquela bota? Vou ou não vou? Ainda pesava o medo de ir para Lisboa, mas seria um desafio participar. Algo que me faria sentir feliz. Estar ali a ajudar, perto dos atletas seria algo que me iria fazer sentir bem. Pesando os prós e os contras, decidi arriscar e lá fui eu para Lisboa novamente sozinha. (ver texto “Sozinha em Lisboa”)

Desta vez optei por ir de autocarro. Ficou mais barato e não havia a complicação de atravessar a linha em Coimbra. Como sempre, passei a viagem a ouvir música enquanto olhava para a paisagem e imaginava o que iria fazer ou encontrar. Iria conhecer pessoas diferentes, iria divertir-me e iria aprofundar os meus conhecimentos sobre Triatlo. È uma modalidade curiosa e bastante exigente. Talvez seja das modalidades desportivas mais exigentes que existam.

Em Lisboa o Sol começava a brilhar timidamente. Depois de atravessadas algumas dificuldades que encontrei pelo meio cheguei finalmente ao local onde se ia realizar a provas junto ao Centro Comercial Vasco da Gama. Apresentações feitas, fui comer alguma coisa e já estava finalmente disponível para o que fosse preciso.

No início estava num local onde os atletas descontraíam depois de terem acabado a sua longa jornada de prova. A missão era entregar sacos de comida a quem fosse da organização. Ao mesmo tempo íamos também passando comida e bebida para sacos onde faltasse alguma coisa de forma a todos ficarem completos.

Precisaram de voluntários para carregar paletes de água e eu lá fui. Quando a tarefa acabou regressei à base à espera de algo para fazer enquanto dava uma olhada pelo posto de massagens improvisado ali mesmo. Depois de largas horas de esforço, os atletas deveriam de estar estoirados e doridos. Não será fácil o Triatlo!

Se nessa altura eu imaginava as agruras dos triatletas, a seguir tive oportunidade de presenciar in loco todo o esforço e empenho que cada um colocava na sua prova que já ia longa. A missão era dar abastecimento aos bravos desportistas que, apesar de todo o esforço, conseguiam manter a boa disposição. Estava feliz! Estar junto de atletas é para mim algo importante. O mundo do Desporto é, definitivamente, o meu mundo.

A tarefa seguinte foi desmontar todo o cenário da festa e distribuir algumas coisas que sobraram. Como sou baixa, mal chegava á arca das bebidas. Encontrei um senhor irlandês e falei o meu Inglês meio atrapalhado. Parecia a conversa da treta! No final esse senhor elogiou a minha forma de (não) falar Inglês.

Com muita pena minha tive de regressar a Coimbra. Gostaria de ter ficado para o final, mas tinha transporte mais cedo. Lá fui para casa a ouvir o relato do jogo da final da Taça de Portugal.

Relatos de alguns desacatos entre adeptos levaram-me a reflectir um pouco sobre as diferenças entre o Futebol e as outras modalidades desportivas. No Triatlo e noutros desportos ainda existe a verdadeira essência do Desporto. Os atletas sentem prazer em participar nas provas e encaram a modalidade que abraçaram de uma forma pura. O ambiente em redor do Futebol nada tem a ver com aquele mundo que acabava de presenciar. No Triatlo só havia Desporto e as rivalidades terminavam com o final das provas. Todos eram amigos e o convívio era saudável..

O autocarro chegou a Coimbra e o jogo ainda decorria. O Porto vencia por 1-0. Outra vez o Adriano! Enquanto esperava pelo autocarro da cidade nunca mais tive notícias do jogo. Sabia que o Vitória de Setúbal estava no ataque. Já ia a caminho quando um carro com uma bandeira azul e branca me deu indícios de que o Porto afinal sempre tinha ganho o jogo e tinha feito a ”dobradinha”.

Finalmente em casa liguei o rádio para ouvir as reacções ao jogo. O telemóvel tocou. Era a minha irmã que tinha a já esperada notícia da morte do gato Ju. Não resistiu aos ferimentos e morreu.(ver texto “Dois emocionantes minutos”). Ele que sempre foi um resistente.

Situação do dia:
Apesar de todo o árduo esforço a que os triatletas estavam sujeitos, alguns ainda conseguiam manter a boa disposição e contagiavam mesmo os voluntários e o público. Um atleta português passava a corrida a reclamar uma imperial. Um zeloso voluntário fez-lhe a vontade. Foi-lhe buscar uma cerveja fresquinha e entregou-lha no final da prova. Já o pedido de um atleta espanhol- por razões óbvias- não pôde ser atendido. Em tom de brincadeira nuestro hermano queria uma droga forte que o fizesse correr mais. Foi com um sorriso rasgado que o último classificado cruzou a linha de chegada. Um exemplo para toda a gente que faz do Desporto um modo de vida saudável.

Uma medalha inesperada

Ao contrário do que aconteceu da outra vez que tive provas (ver texto “Sonho e realidade”), levantei-me mais cedo e fui ainda para os computadores ver como foi a etapa da véspera do Giro de Itália.

Fiquei a sabe que há ciclistas que realmente precisam de ir à bruxa. É o caso do ex-Rabobank e agora ciclista da Quick Step Remmert Wielinga. Voltou a não concluir uma grande prova por ter adoecido. Em 2003 já havia desistido do Tour pelos mesmos motivos. O curioso disto tudo é que ele de Inverno não adoece e vence provas em condições climatéricas bastante difíceis para a prática desportiva. Um dia venceu uma etapa em Espanha em que chovia torrencialmente e a água era muita na estrada. Nesse dia estava muito escuro e também devia estar bastante frio. Já este ano em Itália o mesmo “artista” venceu uma etapa num dia com visibilidade reduzida. Não chovia mas parecia cair neve. Quando chega o calor parece que a Caixa de Pandora se abre para o Wielinga e lá de dentro saem todos os males para o importunar.

A Rabobank continua a fazer um Giro aquém das expectativas. Espero que as coisas irão melhorar com o inclinar do terreno. Maurício Ardilla será o ás que a nossa equipa irá lançar nos terrenos mais íngremes. O Michael “Chicken” Rasmussen tem andado discreto à semelhança do que aconteceu o ano passado. O objectivo não é o Giro, mas sim voltar a ser o Rei da Montanha do Tour e-quem sabe- aspirar a um lugar melhor na classificação geral. Só aquele contra-relógio digno de sexta-feira 13 lhe retirou a possibilidade de ter ficado num dos três primeiros lugares.

Fiquei contente pelo facto de o Kenny Van Hummel ter regressado aos treinos, apesar da queda grave que sofreu. Já anda de bicicleta e tudo!

Aproximava-se a passos largos a hora de ir para as provas. Tinha de ir para o Estádio preparar as coisas para mais uma jornada de 200 metros. Assim que cheguei ao estádio fui levantar um dorsal. Estava um outro atleta a levantar dorsais também e eu, assim que vi o dorsal com que corri há duas semanas, logo o tirei para mim. Seria novamente o 298! Teria mais sorte que da outra vez?

Havia que aquecer antes da competição, embora não fosse muito necessário, pois o calor na pista era quase insuportável. Estava ideal para se fazer uma prova de velocidade.

Fui a primeira a dirigir-me ao local de partida. Isso é que era vontade! Uma a uma as outras atletas alinharam-se nas pistas de onde iriam partir. Eu ia na pista 8. Ao fim de muitas peripécias foi dado o tiro de partida. Cada uma de nós se esforçou ao máximo para fazer o melhor resultado possível. Eu dei o melhor que tinha na esperança de bater a marca de há duas semanas- o meu objectivo.

Alguns minutos depois, ecoaram os resultados pela instalação sonora do Estádio Cidade de Coimbra. As notícias foram as esperadas. Consegui bater a marca de há duas semanas em mais de um segundo: 44.39

Como sempre acontece em provas organizadas pelo INATEL, no final temos de devolver os dorsais. Foi nessa altura que tive uma agradável surpresa. Entregaram-me uma medalha. De início pensei que a medalha era correspondente à prova de há duas semanas atrás em que eu corri sozinha. Com uma visível dose de boa disposição argumentaram que era um prémio por eu sempre ter participado nas provas. Um reconhecimento da minha dedicação. O que é certo é que esta medalha tem um simbolismo especial. É a primeira desde que regressei à prática desportiva depois de tudo o que passei ao longo de mais de um ano. Estava visivelmente emocionada a olhar para aquilo que há um ano atrás julgava impossível de voltar a acontecer- receber medalhas. Reflecti sobre o que passei e senti-me renascer. Foi como uma força, uma vitamina suplementar que se tomou e que me fez sentir feliz novamente. Um ano depois, os meus olhos voltavam a brilhar de alegria.

Foi nesse completo estado de euforia que regressei a casa. No dia seguinte tinha de ir a Lisboa e havia que deixar todo preparado.

Situação do dia:
Parece praga: sempre que eu participo em privas (ou quase sempre) a partida nunca é dada à primeira. Desta vez faltaram as munições na pistola.

Wednesday, May 24, 2006

Azul e rosa

Como habitualmente ao longo destes últimos tempos, o dia começa com a consulta dos resultados da etapa do dia anterior do Giro. Andei a ver as fotos do contra-relógio colectivo.

Achei imensa piada à Geroldsteiner que era a equipa que possuía o camisola rosa Stefan Schumacher. Os ciclistas todos vestidos de azul-bebé e só um vestido de rosa fez-me lembrar os uniformes dos infantários. Embora só ali estivessem homens, aquilo parecia uma menina com as suas estereotipadas vestes rosa entre meninos. Tinha imensa graça.

Mas porque é que a camisola de líder em Itália não é amarela como nos outros locais? E já agora quem é o homem que gosta de vestir uma afeminada camisola rosa? Parece que o facto da camisola ser dessa cor vem do patrocínio da “Gazetta Dello Sport” que sempre patrocinou o evento. As folhas deste jornal desportivo são, elas próprias, cor-de-rosa. Quanto à segunda pergunta penso que qualquer atleta, mesmo que seja orgulhosamente macho, gosta de vestir essa camisola tal como se ela fosse de outra cor mais usual. Não sei se os atletas menos dados a tradição não prefeririam que ela fosse também amarela. É uma dúvida que fica.

Com um pouco de humor devo dizer que se calhar é por não quererem andar vestidos de rosa que os ciclistas da Rabobank andam tão afastados dos primeiros lugares. Por seu lado, os atletas da T-Mobile (que já envergam camisolas rosa) estão todos nos lugares cimeiros da classificação devido ao contra-relógio colectivo que fizeram.

As aulas voltaram a ser interessantes e participativas. Que continuem assim!

Em véspera de mais um dia de competição, o treino passa só por rolar e fazer alguns alongamentos de modo a que o organismo não se ressinta em competição. Há que bater a marca de 45.76 segundos e, se possível, baixar dos 45 segundos.

O descanso também é fundamental. Depois de assistir a mais um imperdível “gato Fedorento” onde fiquei a saber que para conseguir tudo o que quero só preciso de conhecer um tal de Lopes da Silva, fui descansar. É que o fim-de-semana ia ser longo e prometia muito.

Situação do dia:
Toupeira dum raio que nem repara nas coisas! Andavam a fazer trabalhos de jardinagem ou algo de parecido junto à escola. Havia muita terra mexida e o pó andava pelo ar. Na cantina a janela que dava para a rua estava aberta e o pó entrava por ali. A mesa que ficava junto a essa janela estava repleta de pó. Havia uma bilha com água em cima dessa mesa. A Toupeira dum Raio não reparou e foi encher outra. Foi o que valeu porque a água que lá estava devia estar óptima para beber, devia. Só quando me fui a sentar na mesa é que reparei que ela estava cheia de pó e que a janela estava aberta e que o pó estava a entrar para o interior da cantina. Mas também não mudei de sítio!

Bacorada do dia:
“Vão ao sarcófago buscar as hóstias.” (a Igreja também a adaptar-se às leis de mercado. Já importam hóstias do Egipto!)

Tuesday, May 16, 2006

I feel good

Parece que agora é que eu vou começar a gostar das aulas. Ao longo destas últimas semanas tenho vindo a notar um esforço da parte dos formadores em tornar as aulas mais atractivas e interessantes. Só passar apontamentos e despejar matéria, no meu entender, não é solução para pessoas que querem sair da monotonia e que desejam conhecer coisas novas.

Agora fazem-se mais exercícios, mais trabalhos que resultem da nossa criatividade e mais coisas que nos fazem puxar um pouco pela cabeça. Já estava a ficar farta de aulas onde se chegasse e se passassem apontamentos. Tudo era muito concreto e objectivo. Compreendia que as aulas tivessem de ser dadas assim, mas é algo que me aborrece. Gosto de coisas diferentes.

Chegou-se a hora do treino que tinha de ser puxado. É que sábado há prova e tenho de bater a marca dos 200 metros de há duas semanas. Se calhar foi por causa disso que fiz um treino tão bom. Andei a rolar 30 minutos e depois fiz piques e aberturas. Eu senti-me bastante bem durante esse período. Parecia que tinha regressado ao tempo em que eu ficava horas a fio a treinar. Por mim andava ali toda a noite que estava bastante bem. Sentia algo que não sentia há muito tempo. Se sábado estivesse assim…

Situação do dia:
No caminho para a cantina, levei um banho de um carro que parecia estar a desinfectar a rua. É que o conteúdo cheirava a detergente ou a desinfectante.

Bacorada do dia:
“Se a espinha se espeta num osso do fígado é um problema.” (problema é a pessoa já ter um osso no fígado)

Saturday, May 13, 2006

Recordação das grades amarelas




Depois daquela agitação do cortejo, o dia foi bastante calmo.

Nada de relevante e de invulgar se passou nas aulas. O mesmo não se pode dizer do que se passou fora delas com as famosas grades amarelas a levarem a arrepiar caminho por outro lado e a demorar mais. È que elas existiam por todo o lado mesmo.

Na rua um carro da TMN oferecia cartões a quem participasse num passatempo. Algo que agitou uma rua que, aparentemente, parecia mais calma que o habitual.

Também nada de extraordinário se passou no treino. O dia foi escolhido para rolar 45 minutos nas calmas e depois fazer abdominais, alongamentos e outro tipo de exercícios com vista a aperfeiçoar a forma.

O Giro já está na estrada desde o passado sábado. O Robbie McEwen (que já foi ciclista da Rabobank) está invencível nestes primeiros dias de competição. Salvo erro, o ano passado ele venceu cinco etapas. Os actuais ciclistas da Rabobank não começaram lá muito bem a prova, mas quando chegarem as etapas de montanha eles irão subir na classificação.

Bacorada do dia:
“Pegava num homem, por exemplo, pegava aqui na Vera…” (devia ser travesti, drag queen ou algo parecido)

Friday, May 12, 2006

A Queima vista de fora

Primeira terça-feira de Maio em Coimbra é sinónimo de cortejo da Queima das Fitas. Toda a cidade ganha um misticismo especial. Tudo respira tradição. As ruas enchem-se de cor, alegria e cânticos académicos. Sempre foi assim e nunca há-de mudar. A Queima das Fitas é um símbolo de Coimbra e é parte de toda uma tradição secular que acompanha várias gerações de estudantes.

Este ano nem estava para ir ao cortejo. Nem nos tempos em que fui estudante participava da vida académica. Disse aos meus colegas que não ia, mas acabei por me meter só ao caminho e assistir. Se eu fosse acompanhada, estaria sempre preocupada em não me afastar das pessoas, assim, pude andar por todo o lado sem me preocupar.

O dia estava óptimo para o cortejo e ninguém podia ficar em casa indiferente ao que se passava nas ruas. Novos e velhos, estudantes ou simples curiosos, todos quiseram viver à sua maneira a Queima das Fitas 2006. Com o Sol a brilhar e a temperatura agradável que se fazia sentir, os carros pareciam mais coloridos, mais alegres e mais vivos com os estudantes trajados entoando cânticos ao mesmo tempo que empunhavam copos e garrafas de cerveja.

Fui até às faculdades ver como estavam os carros e pedir algo para comer e beber. Também pedia plaquetes para me entreter a ver as caricaturas dos Novos Fitados de cada curso. Depois segui para os Arcos para assistir ao cortejo até ao fim. Enquanto não passou o carro de Comunicação Social não arredei pé do local que escolhi para assistir à festa.

Lamentavelmente, esta festa tem sempre alguns excessos. A cerveja jorra por todo o lado e parece nunca acabar. Com tanta fartura de bebida, há sempre quem acabe a festa da pior maneira. Foram muitas as ambulâncias que passaram a grande velocidade rebentando garrafas que estavam no meio da estrada. Sentado à frente de um dos carros, um estudante visivelmente embriagado elogiava o trabalho de duas raparigas da Cruz Vermelha que por ali passaram. Eu pensei: “Quem sabe se não precisarás de ser assistido por elas ainda hoje!” Minutos depois, havia um estudante inanimado sobre a relva. Penso que não era o mesmo. O curioso é que os outros que passavam já bastante alegres e de garrafa de cerveja na mão mandavam bocas apontando para ele. Eu pensei: “Se continuam assim a beber, estão como ele não tarda nada!” Quando as ambulâncias passavam e rebentavam garrafas, vinham também comentários com sabor a cerveja de todas as direcções.

Assim ia indo a tarde do cortejo. Um a um, os carros foram passando. Estava à espera que passasse o carro de Comunicação Social- o meu curso. Normalmente costuma ser dos últimos a desfilar e desta vez não fugiu à regra. Foi o antepenúltimo, se não me falha a memória.

Depois do cortejo acabado fui para casa ainda com o cheiro da cerveja entranhado no corpo. A noite estava a chegar. Foi bonito ter ido ao cortejo da Queima depois dos estudos acabados. Foi uma forma de recordar os tempos de estudante e de ver a festa com outros olhos.

Situação do dia:
Eram aos milhares as pessoas que se deslocaram ao cortejo. Vinham de todo o lado e eram de todas as idades. Ia um senhor de meia-idade a caminhar à minha frente. O chão não tinha ainda nada que o fizesse tropeçar. O que é certo é que o homem deu um enorme trambolhão, mas levantou-se no mesmo momento. Efeitos da bebida? Talvez.

Thursday, May 11, 2006

Obras e mais obras




Depois de um fim-de-semana bem emocionante, a semana começou de forma calma.

As aulas decorreram sem problemas, pior era andar nas imediações com tantos obstáculos que há por aquelas ruas. Parece que andam a fazer saneamentos, a trocar canalizações ou lá o que é. Ao longo daquelas ruas de Coimbra existem buracos, grades, montes de terra e pedras, canos, passagens improvisadas e veículos a barrar a passagem.

Não vejo a hora de todo este suplício acabar. Todos os dias me atraso por me desviar de todos esses obstáculos que perturbam a vida das pessoas que se querem dirigir aos locais onde têm algo a fazer e que não podem perder tempo. É incrível, mas todos os dias surgem buracos novos em locais diferentes da rua- o que complica ainda mais a vida das pessoas deficientes visuais e não só.

Que belo cartão de visita para os largos milhares de pessoas que visitam Coimbra por estes dias para verem o cortejo da Queima das Fitas! Para além do colorido dos carros e da hospitalidade coimbrã, também irão guardar na memória aqueles montes de terra que destroem qualquer paisagem citadina e aquelas grades amarelas que lhes barravam o caminho e os impediam de se deslocar à vontade.

Nem parecia que tinha sido fim-de-semana. O treino foi bastante produtivo com aberturas em todas as rectas das últimas cinco voltas da corrida. Aguentei-me bem e terminei com a sensação de dever cumprido.

Bacorada do dia:
“Mas um tutor não é da Universidade?” (realmente o Ensino Superior não se consegue governar sozinho, um tutor não seria má ideia.)

Dois emocionantes minutos

Esperava-me um dia repleto de emoções fortes e foi isso que aconteceu.

A madrugada não tece nada de especial. O Giro começou com um pequeno prólogo em que os ciclistas puderam aquecer para as árduas etapas que aí vêm.

Na Liga de Honra havia duas vagas para descer de divisão e cinco equipas não estavam ainda livres desse destino. A emoção desses jogos foi um aperitivo para o que se iria passar algumas horas mais tarde. Houve um jogo entre o Sp. Covilhã e o Chaves que foi uma verdadeira loucura. Não é todos os dias que um jogo termina empatado a cinco golos. Dez golos numa só partida de futebol é coisa que já não se usa. Podiam ter sido 11 golos se não tivesse sido anulado o sexto golo ao Sp. Covilhã. Esse golo impediria a equipa de descer de divisão. Foi injusto! Eu não vi as imagens desse golo, mas dizem que era legal. Sendo assim, o Covilhã desce por um erro da equipa de arbitragem. No final do jogo, naturalmente, que os dirigentes estavam revoltados com a forma como foram despromovidos. Quem também desceu na Liga de Honra foi o Moreirense que parece estar a fazer a travessia do deserto. Já é o segundo ano consecutivo que a equipa de Moreira de Cónegos é despromovida. Será que temos aqui um novo Tirsense?

Era na Super Liga que as emoções iam atingir o seu ponto alto. Para mim- e apesar de ser benfiquista- não era a luta pelo segundo lugar que interessava. Seria difícil o Benfica desalojar de lá o Sporting. Se o Benfica vencesse, poderia não servir de nada. Como o Paços de Ferreira corria o risco de descer, já se sabia que a tarefa do Glorioso não seria fácil. Naval, Rio Ave e Guimarães eram, à partida, as equipas que desciam antes de começar a jornada. Foi assim que se chegou ao intervalo.

Estava a maior parte dos jogos no intervalo quando a minha não apareceu com o gato Ju debaixo do braço. Ele tina desaparecido e a minha mãe encontrou-o no sobrado com um ferimento no pescoço e bastante debilitado. Não sei se ele vai sobreviver de mais esta lesão. Ele que é o típico gato de sete vidas. Sempre sobreviveu a ferimentos e doenças. Até de um atropelamento se safou. Qualquer que seja o desfecho deste caso, prometo falar mais sobre a história de vida desse gato. Foi algo mais para atiçar os meus nervos que já estavam bem inflamados.

A Académica já perdia, o Paços de Ferreira já ganhava. Um golo da Naval colocava a Briosa na Liga de Honra. Havia que pedir aos deuses que fechassem a sete chaves a baliza do Penafiel ou que permitissem que a Naval sofresse um golo. Mas os deuses deviam de estar sintonizados noutra estação e a Naval marcou mesmo. Fiquei bastante triste e até chorei. Só que, de Coimbra vinha uma esperança de mudar as coisas. Um pénalti a favor da Briosa. Os nervos subiram. Joeano tinha nos pés a oportunidade de salvar a Académica. Rezava-se. Roíam-se unhas enquanto o avançado brasileiro partia para a bola. Foi um alívio quando a bola entrou finalmente na baliza do Marítimo. Aqueles dois minutos que mediaram entre o golo da Naval e o golo da Académica pareceram dois longos séculos.

Para a Liga de Honra caiu o Belenenses que perdeu em Barcelos com o Gil Vicente. Guimarães e Rio Ave acompanharam também os azuis no penoso destino de descer de divisão.

Era Dia da Mãe e havia que dar algo á minha mãe. Ofereci~lhe um postal, uma azeitoneira e uma bilha em barro. Isto para além de um beijo que não podia faltar.

Monday, May 08, 2006

Véspera de emoções fortes


O dia prometia dois jogos decisivos na luta por uma competição europeia. Iria o Boavista beneficiar do facto de o Porto não jogar com os titulares? Iria o Nacional vencer no Bonfim?

Curiosamente, ambos os jogos terminaram empatados a uma bola- o que deu o apuramento do Nacional para a Taça UEFA.

Amanhã a emoção continua. Deus queira que a Académica não desça!


Situação do dia:
Estava o gato Léo a dormir descansado em cima de uma arca congeladora que não funciona (tal como se encontrava nesta foto) quando o resolvemos ir chatear. Foi mesmo chatear o gato que estava a dormir! Queríamos ver o que é que ele fazia. O meu vizinho começou a brincar com ele, ele ia para lhe dar umas sapatadas, recuou para trás e caiu da arca a baixo. Foi um fartote de rir. Ele, ao ver que toda a gente se ria, nem sabia onde se enfiar.

Bacorada do dia:
“Vou mandar ampliar esta fotografia e vou encaixotá-la.” (para mais tarde recordar.)

Sunday, May 07, 2006

Violência verbal

Depois de um dia em que nada de relevante se passou, fui para casa para gozar mais um fim de semana bem merecido.

Ao anoitecer preparava-me para mais um imperdível “Gato Fedorento” quando uma notícia vinda do sempre violento futebol sul-americano me chamou a atenção. Não é que essas coisas sejam novidade, mas era tanta gente envolvida que quase nem se via se era na bancada ou já dentro do recinto de jogo. O jogo era entre o Corinthians e o River Plate. O que mais me espantou foi o facto de serem os adeptos brasileiros e não os argentinos a provocar os confrontos. Pudera! Quem perdia era a equipa brasileira. Infelizmente, nos países da América do Sul, é prática normal ocorrerem distúrbios. Não sei como é possível a polícia dessas paragens deixar entrar espectadores armados como se fossem para uma qualquer guerra. Ainda o ano passado um jogador paraguaio-salvo erro- foi atingido a tiro durante um jogo. Como foi possível entrar alguém com uma arma de fogo e atingir um jogador de futebol.

No meio disto tudo há sempre aquelas situações mais caricatas com jogadores, adeptos, treinadores e até árbitros a irem ajustar contas para as imediações do estádio. Ainda mais engraçado é o facto de jogadores e treinadores da América Latina protestarem de forma pouco ortodoxa. Lembro-me de um treinador brasileiro baixar as calças para o árbitro e para a polícia como forma de protesto. Com um treinador assim, qual é o jogador que se porta bem durante um jogo?

Cá em Portugal a moda é outra. As invasões de campo, na maioria das vezes, são pacíficas e apenas têm o objectivo de apanhar os jogadores que marcam golos decisivos e tirarem-lhes o equipamento. Aqui impera a violência verbal em que as trocas acesas de palavras funcionam melhor que os petardos arremessados pelos adeptos do Corinthians.

Nos jornais desportivos das rádios dá perfeitamente para ver que a guerra é de palavras. Vejamos: o presidente do Nacional da Madeira estava indignado porque o Porto ia jogar com reservas frente ao Boavista que era um adversário directo dos insulares na luta pela UEFA. O dirigente chegou mesmo a insinuar que a poupança de jogadores seria uma forma de beneficiar o Boavista.

O jogo Rio Ave-Sporting foi quase há uma semana e não se tem falado de outra coisa senão dos estranhos golos desse jogo. Ronald Koeman acendeu uma fogueira que foi sendo alimentada pelos dirigentes e jogadores do Rio Ave, pelos dirigentes de Benfica e Sporting e por Liedson que entrou em guerra verbal com Luís Filipe Vieira.

O campeonato está no fim, mas nem por isso a luta verbal entrará em férias. O defeso costuma ser escaldante e a disputa por este ou aquele jogador levará a autêntico fogo cruzado entre dirigentes dos diverso clubes.

Bacorada do dia:
“Ou foi no Canal 1 ou foi na RTP” (não terá sido na RTP Memória?)

Incompreendida

Nem sempre a vida é fácil e nem sempre estamos dispostos a encarar tudo o que nos rodeia. Quando se tem um problema, as coisas tornam-se mais difíceis e, em certos momentos a vida parece não ter sentido.

Isso acontece muitas vezes comigo. As pessoas não compreendem que uma pessoa que tem limitações e a quem a vida tira em vez de dar precisa de mostrar que tem algo para dar à sociedade, que sabe fazer algo muito bem e que gosta de fazer isso e não outra coisa. As pessoas acham que essa atitude é uma falta de respeito para com os outros e não compreendem o que eu sinto realmente.

E a mim quem me respeita? Que dizer de uma pessoa a quem o destino roubou a pouca felicidade que lhe restava? Que dizer de uma criatura que viu todos os sonhos se desfazerem quando tudo estava a correr bem? Que dizer de alguém sem sorte que não pode estar feliz cinco minutos que logo acontece algo que a deixa triste por cinco dias?

Por mais que não queira, tenho de me revoltar contra todos e contra ninguém por não me darem a oportunidade de mostrar que sirvo para algo. Muitos dos meus colegas podem não saber tanto como eu, mas eu não sei tanto como eles noutras coisas e ninguém se preocupa com isso. Não me adianta saber muito, se chego a qualquer lado e não posso demonstrar aquilo que eu sei e que é a única coisa que me faz- não sentir superior- mas sentir-me igual aos outros. Isso é que as pessoas não compreendem e interpretam mal. Isso deixa-me mais magoada ainda. Sem querer as pessoas magoam-me com simples coisas que não magoam mais ninguém. Mas eu compreendo que ninguém tem a intenção de magoar . Por tudo o que passei ao longo destes anos tornei-me vulnerável e cada palavra ou cada acto- mesmo que não seja intencional- fere de forma mais cruel que uma faca afiada nas costas.

Vingo-me nos treinos onde eu tenho de recuperar o tempo perdido. Depois do treino insólito da véspera, (ver texto “Corrida radical”) , fiz um treino intenso com 30 minutos de corrida contínua e 6 rectas. Dia 13 há prova e eu tenho de fazer melhor que no outro dia.

Bacorada do dia:
“Não andei mais porque estava um estádio estacionado.” (um carro, claro está.)

Corrida radical

A previsão do estado do tempo não era animadora. Previa-se chuva e até trovoada. E se eu deixei o cabo da Internet ligado? Comecei a ficar preocupada. Tentei ligar para casa, mas ninguém atendia. Só me restava rezar para que não trovejasse.

Estava a ver o tempo tão bem que me custava a acreditar que se iria levantar um temporal com aguaceiros fortes e trovoada capaz de queimar mais um modem.

O Ronaldinho Gaúcho andava na cantina. Passou despercebido, mas lá estava para quem o queria ver. Apesar de ser uma estrela, Ronaldinho teve de se sujeitar a estar na fila, tal como as outras pessoas que queriam almoçar. Com a simplicidade que se lhe reconhece, pediu um copo a uma aluna. Já envergava a camisola do “escrete” que há-de levar ao Mundial 2006 e foi-se sentar numa mesa perto da entrada da cantina.

O dia foi ainda marcado por um teste de Informática que me correu bastante bem. Era facílimo.

Fiquei a saber que a saga de ciclistas azarados na Rabobank ainda continua, apesar de as coisas já estarem melhores. Agora o Pieter Weening veio a terreiro apontar os seus problemas digestivos como causa do seu menor rendimento. O Giro está prestes a começar e a Rabobank aposta no Ardilla para fazer algo de útil. Recém-chegado da Colômbia- onde fez toda a sua preparação- o ciclista regressa agora para mostrar os frutos desse trabalho. Outra coisa que se diz é que o Thomas Dekker pode ser um dos escolhidos para ir ao Tour. É uma boa oportunidade de ver como ele responde a uma competição tão importante e tão difícil como é o Tour. Vamos ver como ele se comporta ao lado dos outros craques. É uma forma também de preparar o futuro sem o Erik Dekker que terminará a carreira no final desta época.

O treino foi uma aventura! Havia um evento qualquer de desportos radicais no Estádio e a pista estaca cheia de obstáculos. Eram cordas, barreiras, fitas...toda a espécie de coisas que pudessem atrapalhar. Ao fim de 15 minutos de corrida e já farta de tanto tropeçar nas cordas, decidi ir correr para a rua. A volta foi dada até à zona da Solum.

Bacorada do dia:
“Olha aqui a moto 4 preparada para transportar os jogadores que não aguentam a pedalada do jogo!” (mas é ciclismo ou é futebol?!!!)

Um quadrado é um rectângulo e um rectângulo é um quadrado

Depois de um saboroso fim de semana prolongado, lá fui eu até Coimbra para mais um dia de pica-boi, como se costuma dizer na minha aldeia.

O descanso ainda tira mais a vontade de começar uma nova semana de trabalho. Quanto mais se descansa, mais vontade se tem de descansar. Muito complexo é o Ser Humano!

Tem se notado alguma animação entre nós. Depois de umas ténues lições de Latim para tentar compreender a origem das palavras que hoje utilizamos, veio uma aula de Matemática dedicada à Geometria. Aí deu-se uma situação engraçada quando tivemos de definir cada um dos polígonos. Chegou-se à conclusão que um quadrado é um rectângulo com os lados todos iguais e que um rectângulo é um quadrado com os lados iguais dois a dois.

O treino foi bastante puxado. Estavam os jogadores da Académica a treinar no relvado e eu andei a mostrar as minhas habilidades. Andei a rolar 35 minutos, o que deu 11 voltas na pista 6 ou 7. Depois de alguns alongamentos fiz cinco aberturas de cerca de 80 metros. Durante esse período ligaram a instalação sonora. A música saía quase como se fosse uma discoteca. Os ritmos eram mexidos e davam outra disposição a quem estava a treinar. No intervalo de cada recta eu cantava a plenos pulmões o “Love Generation”. Era uma forma de me descontrair.

A noite chegou com uma boa notícia: as minhas calças de pijama apareceram. (ver texto “E alguma coisa o vento levou”) A minha senhoria encontrou-as em cima do tanque. Não avançaram mais dali.

Situação do dia:
Quando se está na paragem ou mesmo dentro do autocarro, por vezes, assiste-se a cada cena! Já assisti a coisas e conversas inacreditáveis. Que pena nessa altura não poder partilhar esses curiosos momentos. Hoje conto a situação que se passou na paragem enquanto esperava a camioneta. Duas senhoras- uma mais idosa e outra mais jovem- conversavam. Falavam sobre um ferro de engomar que tinha desaparecido de casa da senhora mais velha. Ela desconfiava de uma outra senhora que costumava trabalhar para ela, a julgar pelo que eu consegui apanhar do diálogo. Parece que a presumível ladra do ferro costumava tratar as hortas, as vinhas ou lá o que era da queixosa. O mais incrível é que, dias antes, a empregada disse à patroa que precisava de comprar um ferro novo porque o seu já estava velho e enferrujado. A senhora desconfia que ela tenha ocultado o ferro dentro de uma galocha das que ela calçava para tratar as terras. Minutos mais tarde, as duas intervenientes no diálogo entraram em acesa discussão, imagine-se, porque uma delas garantia que ainda era da família da outra. Era ridículo! Toda a gente olhava para elas sem perceber nada. Aquela estranha conversa só foi interrompida pela chegada do autocarro. Ele há cada uma!

Bacorada do dia:
“Aquilo não era para todos os cegos verem?” (o objectivo inicial era esse, mas alguém nos disse que isso era uma utopia, que era pedir demais, que era algo impossível de se realizar, que éramos loucos, que não tínhamos os pés bem assentes na Terra...)

Thursday, May 04, 2006

Saudades do Ciclismo

Era feriado. O dia convidava a dar um passeio ou a fazer Desporto. Tinha-me acabado de levantar quando umas sereias de carros da polícia me alertaram. Haveria de passar um pelotão de ciclistas.

Não! Não eram aqueles ciclistas famosos que eu conheço, nem tão pouco passariam por ali atletas da Rabobank. E que faria eu se um dia tivesse a sorte de os ciclistas da Rabobank passarem à minha porta? Nem iria acreditar! Levaria um cartaz, qualquer coisa só para dizer que estou com eles e que eles são os melhores do Mundo. Nem iria caber em mim de tanta felicidade!

Por ali passou um pequeno pelotão de ciclistas que aproveitaram o feriado e o bom tempo para fazerem o que mais gostam. Quem me dera também poder ainda fazer umas provas de estrada. Nesse dia 1 de Maio costumava haver o circuito da Vimieira. Era uma festa! Toda a gente ali estava ao longo do percurso para nos apoiar. Aquilo é que me fazia feliz. Hoje as nossas bicicletas estão paradas. Ninguém quer andar connosco.

Normalmente eu aproveito os feriados para pôr a escrita em dia. Nem tempo tenho para treinar ou para passear a pé. As coisas não aparecem feitas com um simples estalar de dedos. Há que trabalhar, mesmo que seja no Dia do Trabalhador.

Situação do dia:
Como tinha de comer qualquer coisa, aqueci uma baguete com chouriço para jantar. Só que aqueci o pão de mais e não sabia como lhe havia de pegar. Já estava atrapalhada com o pão e atirei com ele para cima da mesa. Fui a puxar um banco para me sentar e apanhei um valente susto. A gata estava lá sentada e eu não estava a contar com ela. Apalpei-lhe o pêlo e até saltei.

Bacorada do dia:
“Desinfecta-se com Crionol.” (deve ser um derivado da creolina)

Wednesday, May 03, 2006

Nada se decidiu

Não me apetecia nada ir para a Internet naquela noite. O dia tinha sido bastante cansativo. Não havia ninguém no Messenger para eu conversar um pouco. Àquela hora estava toda a gente a dormir. Só eu é que estava acordada.

As primeiras horas da madrugada arrastaram-se. Depois a coisa animou. Ia tendo ideias novas e bastante divertidas. Lembrei-me que um dia destes falou-se de cantar durante o duche e que tipo de canções eram cantadas naquele local. Comecei então a imaginar determinadas músicas a serem cantadas por gente que eu conheço. Cheguei à brilhante conclusão de que nada de jeito se canta no duche. As melodias não passam do “La! La! La!” ou do “Uh! Uh! Uh!”.

Achei uma foto que me acabou de vez com o sono e me fez rir ainda mais. O Tour de Normandia foi uma prova em que os ciclistas da Rabobank Continental estiveram em bom plano. O Kai Réus venceu a classificação geral, o Martijn venceu uma etapa e o Jos Van Emden venceu outra e chegou a vestir a camisola amarela. É justamente aí que eu quero pegar. Terá sido mais fácil vencer a etapa que, propriamente, vestir a camisola- a julgar pela foto. A emoção de estar ali no pódio e de vestir a camisola mais importante da prova provocam sensações inexplicáveis e o simples acto de vestir uma camisola pode tornar-se um bicho-de-sete-cabeças. É que dava a ideia de a camisola não estar desapertada à maneira de não lhe entrar na cabeça. O boné na outra mão também não ajudava nada. Uma coisa é certa, a Rabobank tem ali mais um jovem cheio de talento, com quem pode contar para o futuro.

Esperava-se uma jornada futebolística importante, mas tudo acabou por ficar na mesma ou quase. Há um facto relevante e uma pergunta que fica no ar: será que o Vitória de Guimarães irá descer de divisão ao fim de 48 anos na Primeira Liga? As coisas não estão famosas para o emblema da Cidade Berço. Num momento tão delicado como este é de enaltecer a atitude do guarda-redes Nilson- um dos que jogou bem contra o Benfica. O guardião brasileiro não teve medo de dar a cara e de dizer aos repórteres o que lhe ia na alma.

Curioso também foi o facto de o Desportivo das Aves ter subido de divisão. É a terceira vez que esta equipa nortenha sobe de divisão e sempre sob o comando do Professor Neca, o que é um facto a destacar.

Situação do dia:
Menos provável que ganhar uns trocos no Euro Milhões será achar dinheiro em sítios inesperados. Foi o que aconteceu à minha irmã. Ela estava a arrumar umas coisas e andava à procura de um saco. Lá dentro havia coisas que ela ia deitar para o lixo. Sacudiu o saco e, de lá de dentro caiu uma nota de 20€. Como não sabíamos de quem era o dinheiro, essa nota foi destrocada em duas de 10 para ficarem as coisas equilibradas.

Bacorada do dia:
“Não sei ainda por quanto tempo irão ficar os adeptos do Guimarães dentro do interior do Estádio do Dragão.” (se fosse dentro do exterior era ainda mais grave.)

Tuesday, May 02, 2006

Sonho e realidade

No dia seguinte àquela Sexta-feira bem recheada de cenas rocambolescas havia uma prova de 200 metros para fazer. Apesar de a prova ser só um teste para avaliar a péssima forma em que me encontro, havia que descansar o corpo e a mente. Deitei-me cedo e iria ficar na cama até mais tarde.

Pode-se dizer que a noite foi bem dormida a julga pela quantidade de tempo que passei a sonhar- tempo esse que se prolongou pela manhã. Vou passar a relatar aquilo de que eu me lembro dos sonhos. Sei que havia um jogo de futebol que o meu pai estava a ver na televisão, mas eu nem sei em que parte é que isso entrava. O sonho vai passar a ser relatado a partir de determinada altura e vai ter uma sequência de acontecimentos, todos eles com alguns protagonistas em comum. Eu interrogo-me como é que fui buscar algumas personagens, mas toda a gente sabe que os sonhos não têm lógica. Apenas são obra do nosso inconsciente. Despertem o Freud que há em vós e tentem achar o fio à meada destes sonhos:

Começo por descrever o sonho a partir do momento em que um veículo (que eu já não me lembro de que cor era) parou junto da porta de minha casa. Ia-nos buscar para aquilo que seria uma festa. O carro rumou na direcção de Vila Nova. Lembro-me de passar por locais conhecidos. Era ao cair da tarde a julgar pela posição em que estava o Sol. Era já quase noite quando chegámos ao local. Não me recordo se a minha mãe também tinha ido. Sei que o meu pai estava lá. O local era um terraço comprido e estreito. A visibilidade ali já não era muita. Mesmo assim dava para ver que o cinzento das paredes e do chão contrastavam com o colorido dos petiscos que se encontravam sobre a mesa comprida. Eram tantos e tão variados que quase nem se distinguia a toalha. Apesar da imensidão de comida, as pessoas eram poucas. A certa altura o meu pai e não sei mais quem discutiam futebol. Eu meti-me na conversa e disse que os jogos eram no dia seguinte todos às 18.30h..(mesmo a dormir sabia o horário dos jogos) Ali naquele local as coisas estavam animadas. Estava a sentir-me bem ali. Numa travessa havia um arroz de marisco com amêijoas. Tirei um pouco. Aquele arroz foi, provavelmente, o mais apetitoso que alguma vez comi na vida. Estava a sentir um prazer infinito a cada garfada que levava à boca. Agora lembro-me que a minha mãe também lá estava e estava-me a dizer que já era o terceiro prato de arroz que comia. Seria possível comer com tal sofreguidão? Aos poucos fui distinguindo algumas pessoas que estavam ali. Uma delas era a Elizabete. (uma amiga que também é deficiente visual) Ela foi uma das personagens que se manteve durante esta viagem. Inexplicavelmente. Um rapaz na casa dos 30 anos de idade tinha-se levantado da mesa. Vi que o conhecia de algum lado. Aquela cara não me era estranha. Era o Zoran. (o que alinhou no Chaves e no Feirense há alguns anos atrás) Estava, naturalmente, mais velho. Não sei porque razão, os meus pais vieram embora e eu fiquei lá para o dia seguinte. Vi que aquele terraço tinha portas que davam para dentro de casa. Numa delas havia uma luz acesa e havia um amontoado de pratos e talheres. Um rádio tocava uma música que eu cantava, mas se me perguntarem qual era eu não sei responder. Não seria nenhuma que existisse .Ainda me falavam do arroz da véspera e perguntavam-me se eu tinha dormido bem. (acho que foi a Elizabete que estava ali comigo)

Não sei se acordei, mas se foi isso que aconteceu o sonho foi retomado no mesmo loca onde ficoul. Só que houve ali um hiato. Passaram alguns dias desde a festa até ao momento em que nós duas estávamos de novo no mesmo local. A divisão de dentro estava agora limpa e arrumada. Eu e a Elizabete falávamos sobre o Zoran e sobre alguns jogadores dos Balcãs que passaram pelo futebol português. Eu queria-me referir a alguns, mas já não sabia os nomes e admirava-me de me ter esquecido dessas coisas. Alguma coisa se tinha passado nos dias seguintes ao jantar. Alguém me tinha dito previamente que tinha acontecido alguma coisa ao Zoran e que ele não estava bem. Um outro rapaz, igualmente oriundo dos Balcãs, que também não me era desconhecido veio ter connosco e reforçou a ideia de que algo se passou. Vindo do interior da casa, o Zoran apareceu cambaleante. Dava para distinguir aquilo que tinha sido o resultado de alguma queda ou de alguma discussão mais acesa. (só mais adiante no sonho se percebeu que foi uma queda) A face estava pisada, a cabeça tinha sido suturada com alguns pontos e ele movia-se com o auxilio de uma canadiana. Agora a quatro, a conversa prosseguiu.

Ia acordando, via as horas e voltava-me para o outro lado. O sonho desenrolava-se agora noutro local em tudo semelhante ao anterior. O contexto do sonho é que era totalmente diferente. Estávamos no interior de um espaço que lembrava as divisões interiores da casa onde o sonho decorria anteriormente. Ali era uma espécie de local de peregrinação. Tínhamos ido em excursão ou algo do género. Tenho uma vaga ideia de termos ido até lá de autocarro. Na divisão de dentro havia santos e um local com velas como existe em Fátima. Quem estava comigo era o meu pai e a Elizabete. (outra vez!) Junto das caixas com várias qualidades de velas (como em Fátima) havia etiquetas com os preços das velas a letras garrafais. Eu exclamei: “Velas a 14€?!!! Em Fátima as velas mais caras custam 3€. Irra que cumprir uma promessa aqui custa caro!” Saímos para a divisão de fora onde era uma loja de recordações. As prateleiras estavam coloridas e recheadas de toda a qualidade de produtos. Havia postais, porta-chaves...tudo o que costuma haver num local visitado por muita gente e que compra sempre uma recordação para levar a familiares e amigos. Elizabete remexia uma prateleira à procura de algo para levar.

Acordei já de manhã, mas estava-me a saber bem estar ali. Voltei a adormecer. Apanhei-me a andar de bicicleta tandem com uma senhora de meia idade como guia. Para além dessa senhora, do Zoran, do colega do Zoran e da inevitável Elizabete entraram também os seguintes elementos: Frank Kwanten (o jovem que em 2000 alinhou nos juniores da Rabobank e que agora alinha numa equipa que surgiu este ano que eu não sei o nome e que é feita com ciclistas de equipas que deixaram de existir), o Eelke Van Der Wal (que alinha na Fondas), o Kenny Van Hummel (da Skil-Shimano), ambas as equipas da Rabobank e um tal de Armando que tinha um equipamento verde e branco (eu conhecia um avançado chamado Armando no Moreirense que, curiosamente, também veste de verde e branco). Eu e toda esta gente encontrávamo-nos numa estrada perto de Guimarães (onde é que eu fui buscar isto?). Eu e a minha guia não participávamos na prova. Íamos no final da caravana, junto ao último carro a conversar enquanto ouvíamos pela rádio as incidências da corrida. Estava a cair a noite. Todos os carros já tinham os faróis acesos. O tempo estava agradável para se praticar Desporto. Nem vento havia. A rádio relatava o que se passava ao longo da estrada e nós comentávamos. A senhora com o cabelo pintado de ruivo e de permanente feita disse-me então que era mãe de um ciclista que ali estava (já não me lembro de quem). Voltava-se de novo a ouvir a rádio. Sabem quem ia na frente? A Elizabete com o seu guia que era o colega do Zoran. Por seu lado, na cauda do pelotão seguiam o Eelke, o Frank e o Armando. As conversas iam-se cruzando e ia sendo dada cada vez mais informação sobre a prova. Fiquei a saber que era já a segunda etapa que se fazia naquele dia, daí ser tão tarde. Da parte da manhã tinha havido outra etapa e já aí aqueles três ciclistas ficaram para trás. Dizia-se que os comissários não os desclassificaram porque sabiam que o Frank tinha qualquer problema de saúde e tiveram pena de o desclassificar. A noite adensava-se e a visibilidade na estrada só era mantida pelos faróis dos carros. A perseguir a fugitiva ia agora um elemento da Rabobank que ninguém sabia quem era nem a qual das equipas pertencia. Ia admirada da Elizabete ir na frente. As movimentações deram-se nos últimos lugares. O Frank desistiu, o Eelke conseguiu colar-se ao pelotão e o Armando ainda foi mais para trás a pedalar cada vez mais lentamente e a ouvir bocas. Não era por ajudar o Frank que ele estava atrás. Era por não andar mais. A auxiliar o Frank esteve o Eelke que já ia junto ao atleta da Rabobank que perseguia a Elizabete. Pela rádio comentava se que “era incrível como aquele ciclista recuperou”. Já ia a ultrapassar o companheiro de fuga e logo chegou à bicicleta tandem. Uma ambulância passou por nós a grande velocidade. Tinha havido uma queda. O Kenny tinha-se magoado e ia a caminho do hospital. A minha conversa era sobre quedas. Foi então que a minha guia me contou que, dias antes, um ciclista também tinha caído e andou pelo alcatrão fora. Esse ciclista era o Zoran. Eu falei de um outro ciclista que tinha caído, mas não me lembrava quem era. Não cheguei a saber quem ganhou a prova porque acordei a tentar lembrar-me quem era o ciclista que caiu da outra vez.

Já parecia ser bastante tarde. O Sol já ia alto e já se fazia sentir o calor. A porta do meu quarto abriu-se lentamente. Era a minha senhoria que estranhou eu levantar-me tão tarde e foi ver se estava tudo bem. Eram 11.14h. Como foi possível levantar-me tão tarde? Também ia ter prova, não tinha nada que fazer na rua...

Foi ao som do CD dos Clã que me ofereceram na Quinta-feira que preparei as coisas para a prova. Aqueles sonhos ainda povoavam o meu espírito. Aquilo é que foi uma grande confusão! Ia reflectindo sobre eles, tentando encontrar razões para ter sonhado com algumas pessoas e situações. Cheguei a algumas conclusões que explicam em parte aquele cenário. Vejamos:

1. Depois do treino ainda fui para a sala de multimédia. Andei a ver algumas coisas de Ciclismo. Tinha uma foto do Frank Kwanten e algo nele me faz lembrar o Zoran. Fisicamente nem é parecido, mas há algo que me lembra o Zoran quando veio para cá jogar. Está explicado porque é que ambos entraram no sonho.
2. Andei a ver resultados e, logo por azar, numa prova que remonta já a 2001 ou 2002 o mesmo Frank desistiu ou chegou fora de tempo. Daí aquela abordagem à prova.
3. Infelizmente, foi verdade o Kenny se ter magoado. Eu vi a notícia também. Era a ele que eu me estava a referir imediatamente antes de acordar. No sonho, faz-se de conta que era a segunda vez que ele caia.
4. Comprei a “Sport Life” e antes de me deitar estive a dar uma vista de olhos. Não admira, portanto, que isso tenha tido influência no sonho. Havia a alusão a uma corrida que se vai realizar pela Mulher e pela Vida. Havia fotos de senhoras a correr. A senhora que ia comigo de bicicleta poderá ter saído daí.
5. Ainda na mesma revista vinham os resultados completos da Meia-Maratona que se realizou em Março. Eu tenho a mania de – antes de ver quem foi o primeiro- ver quem foi o último. Já deu para ver isso! Nessa prova participou um holandês chamado Eelke. Como eu só conheço o Eelke Van Der Wal associei. Provavelmente o Armando também terá vindo da Meia-Maratona.

O que eu achei estranho e fartei-me de dar voltas à cabeça sem encontrar explicação foi a razão pela qual sonhei tanto com a Elizabete. Foi incrível como ela me acompanhou sempre nos vários locais e situações.

Na realidade havia uma prova para fazer. O tempo estava ideal para a prática desportiva. Estava quentinho! Assim é que eu gosto. E lá se estava a preparar a Atleta n.º 298 para mais uma jornada desportiva. A hora da partida aproximava-se. Perguntaram à Atleta n.º 298 em que pista é que ela queria partir, visto que tinha de ir fazer a prova sozinha. Ninguém queria ir aos 200 metros comigo! Que tristeza! Ecoou o tiro de partida por todo o estádio. A Atleta n.º 298 exibia a sua péssima forma em pista. Como não teve adversárias, a Atleta n.º 298 achou que fez uma excelente prova. Mas isso foi porque havia música ambiente e ela achou que chegou rápido à recta da meta. Uma coisa é certa, a Atleta n.º 298 deu tudo o que tinha. O resultado saldou-se em 45.74 segundos- mais ou menos o que estava previsto.

Havia que ir para casa e gozar o fim de semana.

E alguma coisa o vento levou

Foi com a notícia da hipotética ida de Luís Felipe Scolari para a selecção inglesa que me deitei naquela noite. Estava cansada e tinha acabado de colocar alguma roupa no arame a secar. Mais valia ter ficado quieta!

Parecia já ser bastante de madrugada quando algo me acordou subitamente e me deixou sem saber o que se estava a passar. Que teria acontecido para acordar daquela maneira? Deu a sensação de ter sido acordada por um estrondo violento. Terei sonhado? Levantei-me e sentei-me na cama tentando perceber aquela estranha sensação que me invadia. Algo estava ali a acontecer. O clima estava misterioso. Aparentemente as coisas estavam calmas e agitadas ao mesmo tempo. Um estrondo forte vindo do quarto em frente acabou com todas as dúvidas. Tinha-se levantado um terrível vendaval. Alguma coisa estava a bater do outro lado e algumas coisas estavam a tombar. Teria deixado a janela da cozinha aberta? Estive para lá ir ver, mas fiquei onde estava. Outra rajada, outro estrondo a cortar o silêncio. Voltei a ficar imóvel. Se me tivesse levantado teria impedido o que aconteceu ou já era tarde? A minha senhoria foi então fechar a janela depois de outra rajada de vento ter feito um enorme estardalhaço no quarto. O resto da noite foi passada em claro a ouvir o vento a uivar à janela. Já agora a minha roupa tinha sido arrastada e espalhada pela rua fora.

O despertador tocou logo quando eu tinha pegado no sono. Havia que começar mais um dia igual a tantos outros. O Sol já brilhava e já se fazia sentir que o dia iria ser escaldante. Abri a janela e constatei que, aparentemente, não me faltava nenhuma peça de roupa. Enganei-me.

Tivemos dose extra de Informática. Voltei a pegar naquele texto- aquela extraordinária obra prima que eu comecei em Outubro do ano passado e que vai sendo acrescentada sempre que há tempos mortos nas aulas. E se eu mandasse aquele texto para o concurso de leitura da ACAPO? Imaginar esse cenário fez me rir bastante e aos meus colegas também. É que aquele texto tem um conteúdo...Não! Não tem nada que não se possa ler. Apenas foi sendo escrito á medida que foram acontecendo certas coisas. Agora, se eu for ler uma parte desse texto que eu escrevi no início, só com um grande esforço de memória é que entendo porque é que escrevi aquilo. É o caso de uma manhã muito fria que eu a certa altura descrevo. Lembro-me que escrevi aquela parte numa manhã fria também.

Finalmente e após muitos dias de trabalho árduo, muitas mãos tingidas, muita cola entornada em cima das mesas e muita troca de materiais, o nosso Sistema Solar foi concluído. O problema agora era onde o colocar de forma a ele não se danificar. Depois de vermos aquilo pronto, ficámos todos contentes. Foi um peso que nos saiu de cima!

O programa de treinos tinha de ser ligeiro. Era véspera de prova e eu não estou a 100% nem perto. Ia ser um treino mais virado para a corrida ligeira e para os alongamentos. A prova era para ser feita a dar o máximo que se tivesse para dar.

A roupa já devia estar pronta para apanhar. O dia tinha sido quente e o vento também fez com que a humidade desaparecesse...e alguma roupa também. De manhã não reparei bem. Tinha lavado dois pijamas , mas só um é que estava completo. As calças de um deles voaram durante a noite e estariam agora a quilómetros. Ainda andei à procura delas. É engraçado que fui por um lado da casa e voltei pelo outro para encarar sempre as escadas a subir. É que de escadas a descer já eu me tinha fartado. Já vão ver!

Situação do dia:
E depois do chuveiro fechado, as luzes apagadas! Elas são tantas que às vezes se esquecem de as acender. Vinha a Rapariga das Calças Vermelhas e T-Shirt Branca a caminho do balneário depois de terminado mais um treino. A escuridão no corredor era ainda mais acentuada pelo facto de os olhos virem habituados á rua. A Grã Toupeira viu uma luz e seguiu em direcção a ela. Não cortou para os balneários. Só que essa luz era a da entrada e havia quatro degraus a descer. A Rapariga das Calças Vermelhas e T-Shirt Branca só sentiu o chão a mover-se debaixo dos seus pés e pensou logo que se ia espalmar lá em baixo enquanto punha os pés nos degraus de forma desordenada. O que poderia ter sido uma queda monumental acabou por ser uma incrível proeza: aterrar direita como num salto em comprimento. Subi as escadas a rir até não poder mais. Se quisesse fazer aquilo de propósito não conseguia. Ainda hoje penso como fui capaz de fazer aquilo. Talvez tenha sido obra do instinto.

Bacorada do dia:
“Já estamos quase no final de Fevereiro.” (28 de Abril de 2006, sensivelmente 17.00h)