Sunday, July 31, 2011

O pesadelo de Lima Duarte

Sonhar com alguém que dorme ou sonha como eu é bastante comum e também é comum eu sonhar que vejo filmes ou novelas e que, muitas vezes, esses programas a que eu assisto na televisão é que causam o horror nos pesadelos.

Desta vez sonhei que via uma novela brasileira à hora de almoço. Nessa novela Lima Duarte era o vilão da história e encontrava-se sozinho deitado numa cama de casal.

Os acordes assustadores da banda sonora e a alteração do ambiente, sugerindo que agora o personagem sonhava, indicavam que ele ia ter um pesadelo. A aura que indicava pensamento ou sonho também começou a aparecer, apesar de o espaço ser o mesmo.

De referir que Lima Duarte interpretava aqui o papel de um homem extremamente mau, que havia feito mal a muita gente e era por isso um homem atormentado e perseguido pelos seus inimigos.

Como atrás referi, Lima Duarte sonha que se encontra ali mesmo, deitado na sua cama de casal conforme adormeceu. Pela porta entra furiosamente um homem. Com voz distorcida e empunhando uma arma, o homem vai enumerando tudo de mal que Lima Duarte havia feito e ameaça-o de morte três vezes.

Entra um segundo homem. A cena repete-se. Um terceiro indivíduo assoma também à porta e novamente empunha uma arma, confronta o actor com todo o mal que lhe fez e ameaça-o.

Lima Duarte acorda sobressaltado e ofegante. Eu também acordo ainda com aquelas vozes a ecoarem-me na cabeça.

Temporal medonho e repentino



Tal como tem vindo a acontecer nestas últimas noites, também esta foi uma noite muito mal dormida. Falta um dia para regressar a casa e já ando completamente exausta. A causa para tais insónias prende-se com o facto de haver outra pessoa a dormir comigo no mesmo quarto. Não estou habituada a dividir o quarto seja com quem for e a simples presença de outra pessoa, bem como os seus movimentos me perturbam.

Sonhei então que tinha chegado a casa vinda das férias. Para essa noite, a Protecção Civil alertava para um fenómeno bem estranho. Era um temporal com apenas alguns minutos de duração mas que deveria ser levado a sério, pois poderia causar um elevado grau de destruição.

Apesar de não haver oscilação temporal entre o sonho e a realidade (o sonho passa-se na mesma época do ano em que estamos) a lareira da sala em minha casa estava acesa. Lá fora o vento soprava de forma medonha e já começavam a fazer-se sentir cortes de electricidade. A chuva também começava a cair com cada vez maior intensidade. Parecia uma qualquer tempestade tropical.

Uma esplêndida noite de luar de Verão tinha ficado de um momento para o outro, uma noite de profundas e medonhas trevas.

Tal como surgiu, também foi de forma repentina que o temporal desapareceu e, por incrível que pareça, o Céu ficou sem uma única nuvem e a Lua iluminou novamente a sala que ainda continuava sem energia eléctrica.

A luz de uma Lua radiante chegava através do vidro martelado da porta da sala. Aproximei-me para ver aquela Lua e foi aí que ouvi do lado de fora o miar aflitivo e estridente da gata Feijoa.

Corri a abrir-lhe a porta. Como a chuva havia sido imensa, era natural a gata ter sido apanhada de surpresa e estar agora toda encharcada.

Mal abri a porta, reparei então numa luz intermitente que também iluminava a sala. Era uma ambulância que estava estacionada à minha porta com os semáforos ligados. O que fazia ali? Ninguém lá de casa a havia chamado e ignorava que ela ali estivesse. Aquilo era um engano.

Ignorando a presença do veículo de emergência, corri atrás da gata Feijoa que teimou em me fugir pela estrada fora. Nem indícios havia de um temporal recente. Tudo estava calmo agora.

P.S.: Dias mais tarde, ouvi o vago ronco de uma ambulância do INEM a passar na estrada mas pensei que ela não ia parar nas imediações. A minha madrinha foi estacionar a sua viatura e veio para baixo a correr e a avisar que estava ali uma ambulância. Ninguém se tinha apercebido. Ela havia sido chamada- para não variar- para transportar mais uma vez o meu vizinho para o hospital depois da queda número 214521563214568 da sua vida de bom apreciador do bom vinho tinto que se faz por aqui.

O funeral de João Tiago Santos

É este o nome do personagem inventado pelo meu subconsciente para ser o protagonista deste sonho.

João Tiago era um jovem que era parente dos meus vizinhos e estava a ser velado em casa destes.

Na eira havia espigas de milho. Muitas mesmo. Podemos, portanto, remontar o sonho a meados de Agosto ou inícios de Setembro.

Agora vêm as tropelias oníricas baseadas no que tinha à minha frente neste meu quarto de férias. Estava tudo furioso comigo por causa de um computador que eu alegadamente estraguei.

A minha colega de quarto tinha um computador ligado mas estava doente. Eu queria-o desligado e desliguei-lho. Parece que o computador avariou por causa disso. Estávamos para ir a algum lado e atrasámo-nos por causa dessas tropelias.

Só depois é que eu sonhei com a minha gata Teka, com a eira da minha vizinha repleta de espigas de milho de todas as cores e com o funeral bem concorrido de um desconhecido de nome João Tiago Santos.

“Dê Uma Chance Ao Coração” -Vários Artistas (Música com Memórias)

Na praia, ao som das músicas que trazia no meu mp3, dava para meditar. Tendo o Mar também como som de fundo, estava criado o ambiente propício para o pulsar das recordações.

Esta música era uma das que ouvi nesta manha em que o Sol nos proporcionou uma excelente jornada de praia.



Esta música deve remontar ao ano de 1988. Estamos em Setembro e aguardamos com ansiedade o regresso às aulas. Iria entrar no ensino preparatório juntamente com a minha irmã e os meus colegas de escola.

Na Moita havia uma reunião entre pais, alunos e professores da Escola Preparatória de Anadia que eu penso que agora já não se chama assim. Lembro-me de esta música na altura ser muito pedida e passar muito numa rádio que eu ouvia. Enquanto me preparava para essa reunião, ouvia rádio e parei o que estava a fazer para ouvir esta música que na altura era uma das minhas favoritas.

Nesse agradável final de tarde, fomos a pé rumo à Moita. Que agradável que estava para caminhar!

Em finais de 1988 todas as rádios locais tiveram de fechar. Foi um período de grande tristeza para mim. Já não podia ouvir as minhas músicas favoritas e esta era uma das que tinha mais pena de não voltar a ouvir.

Anos mais tarde, uma rádio local da minha zona deixou por lapso esta música a repetir toda a noite. Eu já não a ouvia há anos e foi bom tê-la ouvido novamente. Como sabia que ela estava a repetir vezes sem conta, apontei uma cassete áudio, que era o que na altura eu usava para ouvir música, e gravei-a. Sinal dos tempos, hoje ouço-a em formato digital.

Não me lembro (se é que alguma vez soube) com que finalidade foi esta música cantada por um número tão elevado de artistas. Em anos anteriores, uma música assim cantada por muita gente servia para ajudar uma causa específica. Julgo que não foi o caso desta.

Mais tarde Fafá de Belém incluiu esta música num dos seus álbuns mas também convidou muita gente para fazer os coros. Aliás, eu penso que esta música só funciona bem cantada por muita gente. É uma das músicas mais espectaculares que eu conheço.

Mudança para Fátima

“Olha, Pedro, sonhei que me ia mudar para a tua terra e não estava a encarar essa mudança de forma positiva. Sentia que não iria ser feliz por lá. Não me agradava mesmo nada ter de deixar tudo para abraçar ali um novo desafio.”

Foi assim que, no dia seguinte, contei este episódio curioso ao meu amigo nascido e criado em Fátima que estava a passar férias comigo em S. Martinho do Porto. Segue o relato desta viagem onírica que nunca quis fazer. Terá sido por causa dele que o meu subconsciente me levou até Fátima.

Um dia deram-me a notícia de que iria viver, estudar e trabalhar...em Fátima. Desde então, um pouco contrariada, dediquei-me a investigar transportes regulares para ir até lá. Na realidade, encaro as mudanças com alguma apreensão mas esta estava a ser recebida com bastante angústia e receio.

Por uma vez fui de comboio, sentada no exterior, no espaço entre uma carruagem e outra. Aquela viagem havia sido um suplício, pois estava cheia de medo de cair.

Da segunda vez já fui de autocarro. Era a viagem definitiva. Levava comigo já a bagagem que a minha mãe cuidadosamente me preparou. Em ambas as viagens, o meu medo era distrair-me com o caminho e ir parar a outro local que não era o meu destino. Ainda não dominava as referências e isso era um enorme problema.

Lembro-me de termos parado junto aos Arcos em Coimbra, sinal de que faltava ainda muito para percorrer.

Iria ser uma vida nova, um local novo que ainda precisava de conhecer bem. Tudo iria mudar agora e eu estava bastante apreensiva e nervosa, como sempre estou em relação às mudanças. E arranjar alojamento tão em cima da hora? Isso ia ser um problema enorme.

Cheguei finalmente ao edifício onde iria estudar...Música. Aflita para urinar, a primeira coisa que fiz foi procurar uma casa de banho para aliviar a bexiga. A viagem havia sido longa e sem paragens. A primeira aula começava dali a nada. Os nervos aceleram-me também a actividade renal.

Enquanto estava na casa de banho, ia notando que o chão ia ficando cada vez mais inundado. Seria água? Seria urina? Estaria a sanita rota e urinava para o chão? Em pânico, tive de arregaçar as minhas calças pretas que já se começavam a molhar.

Foi com as calças arregaçadas quase até ao meio das canelas que entrei na sala de aulas. Ia bastante atrasada. A turma toda já estava comodamente sentada e começou a olhar para mim de lado. A forma desajeitada como a Toupeira Dum Raio entrou e andava a procurar o lugar, bem como a forma como se apresentou, chamaram logo a atenção. Que ridícula me senti!

Pior do que ser olhada com ar de gozo por uma turma inteira, aquele professor intimidava-me. Não sei explicar porquê mas antipatizei com ele logo no primeiro olhar que trocámos.

O quadro daquela sala era dos verdes, com as linhas para se escrever Música. Na ESEC havia quadros desses e muitas vezes tínhamos lá aulas. À minha espera já se encontravam partituras, se é que isso se chama mesmo assim. São folhas de Música já com as claves, as colcheias e outros símbolos musicais dos quais não me recordo. Somente no ensino preparatório é que eu tive Educação Musical. Ainda sei tocar um pouco de flauta mas não me recordo de como se liam as notas musicais.

À minha frente estava uma fotocópia com símbolos musicais. O quadro também tinha lá algo escrito que eu não conseguia ler. Depreendi que aquilo era para ser passado para o caderno de Música.

Para meu terror, o docente mandou-me ler aquilo. Eu não percebo um chavo de Música! E agora? Que fazer nesta situação? Estava bastante infeliz e questionava-me sobre o que estava eu ali a fazer. A turma aguardava e já se ouviam cochichos e risinhos maldosos. O professor olhava-me com arrogância e preparava-se a todo o momento para me gozar.

O professor interrogou então uma outra rapariga de nome Jéssica que estava sentada do outro lado da sala. Também ela não conseguiu ler aquilo. Indignada, peguei nas minhas coisas e regressei a Coimbra nessa mesma tarde.

Que bom voltar a casa! Era já noite quando cheguei à minha santa terrinha. Detive-me no espaço entre a minha casa e a casa dos meus vizinhos. O irmão do meu vizinho havia chegado do Luxemburgo. Veio de propósito para ver a Selecção Nacional jogar em Coimbra. Com esta azáfama da ida para Fátima, nunca mais me lembrei do jogo.

Ele tinha trazido equipamento diverso da Adidas. Eram muito bonitas, aquelas coisas. Ele deu aquilo tudo ao meu pai e eu fiquei sem nada. Fiquei mesmo desapontada. Eu que já vinha com a moral tão em cima...


P.S.:: Estes sonhos todos que se seguem tiveram a particularidade de se terem realizado parcialmente nos dias que se seguiram. Na véspera havia sonhado com um edifício com um corredor muito amplo, diversas portas e onde o cinzento abundava. Nesse corredor encontrava alguns médicos de bata branca. Dias mais tarde, encontrei-me nesse mesmo espaço. Fiquei embasbacada pela forma como o meu subconsciente me deu uma imagem quase exacta de um local onde eu jamais tinha estado antes. A casa de banho deste sonho é uma alteração onírica da existente nesse edifício. Não havia água no chão mas envergava a mesmíssima indumentária com que me vi no sonho. Também tive de fazer uma viagem de Expresso. O destino foi Lisboa.

Trabalhar até cair para o lado antes de ir de férias

Que cheiro a férias! Já sinto de leve o odor a mar e sinto já a areia da praia a entranhar-se na minha pele besuntada de bronzeador. Falta apenas um dia para isto se tornar realidade.

Antes de partir para a praia, tinha pela frente uma longa jornada de trabalho. Muito haveria que ser feito para que tudo corresse pelo melhor na minha ausência. Muitas diligências teriam ainda de ser tomadas antes de partir para uma semana de merecido descanso.

Foi um longo dia de trabalho, mas teve que ser assim para ir de férias descansada.

Wednesday, July 27, 2011

Imposto ainda sem nome



É incrível! Ainda este Governo não aqueceu o rabo na cadeira do Poder e já está a mexer no bolso do pobre do contribuinte português que qualquer dia arisca-se a ter de trabalhar cinquenta horas por semana, até aos oitenta anos e sem ver um único cêntimo daquilo que ganha porque tudo irá para o Estado, para alimentar esses políticos que nem imaginação tiveram para primeiro dar nome a um imposto.

Passos Coelho e seus pares, confrontados com o esforço financeiro que já começam a pedir às famílias que todos os dias contam os trocos do porta-moedas para cobrir as despesas, justifica estas medidas com o facto de não estarem aqui para enganar os portugueses. A sinceridade será a palavra de ordem neste executivo laranja, claramente uma ferroada no anterior Governo liderado por José Sócrates.

O Natal já não é o que era de há uns anos a esta parte. Agora, com o corte em cinquenta por cento no subsídio de Natal de quem ganha acima do salário mínimo, a mesa da Consoada e a árvore de Natal não terão o mesmo encanto. Em vez de comermos o tradicional bacalhau, passaremos a comer frango de churrasco (se houver dinheiro para isso). Se não houver, iremos para a cama por volta das sete da tarde e passaremos sem Ceia de Natal. Era da maneira que até se poupava em electricidade. A árvore de Natal de 20011 será simplesmente um nu pinheiro que se apanhará num qualquer pinhal por aí. Nada de luzes e enfeites, até porque as iluminações de Natal gastam muita energia eléctrica e não sobrará dinheiro, mesmo assim para a pagar depois.

Para os sonhadores que ainda acreditam no Pai Natal, nem imaginem que a Entidade, vendo tudo escuro e silencioso, aproveite para entrar nas casas portuguesas. Com o saco vazio, o que lá vai fazer? Com os tempos que atravessamos, em vez de deixar os presentes no sapatinho como é a tradição secular, ainda rouba o modesto calçado que os portugueses mais iludidos lá deixaram junto ao pinheiro e aproveitará o facto de já estar tudo deitado para vasculhar pela casa a ver se encontra mais alguma coisa. Será assim o Natal à Portuguesa a partir deste ano.

Muita gente aproveitava o subsídio de Natal para os presentes. Este ano as vendas irão ser menores. Não é preciso ser entendido em economia para perceber que isto vai ser desastroso. Basta uma pessoa como eu para perceber que, não havendo poder de compra para os presentes de Natal, os comerciantes terão prejuízo e não poderão fazer face às despesas. Assim só se vai agravar a situação económica.

Mas o que deu na cabeça deste Governo? Aguardam-se novas e ridículas medidas de austeridade para breve. Aposto na próxima semana. Como não está aqui para enganar os portugueses, este Governo prepara novas iniciativas que terão como único objectivo depauperar ainda mais os bolsos de quem trabalha.

Tuesday, July 26, 2011

Não houve consultas médicas...porque estava tudo doente

Eis mais um impressionante sonho em que a passagem do mundo real para o mundo do subconsciente está bem vincada. Vejamos o que o meu subconsciente “cozinhou” partindo de uma situação real.

As portas de uma loja estavam mesmo encerradas e as pessoas que tinham consulta tiveram de voltar para trás. Contaram-me essa situação, trabalhava ainda eu na Padaria da Portela. As minhas colegas falavam disso e contavam que toda a gente havia adoecido ao mesmo tempo.

Indignada, perguntei o que se havia passado para tanta gente adoecer assim ao mesmo tempo, a ponto de se encerrar uma loja tão grande. Presumo eu que ela deve ser grande. Nunca lá entrei. Ninguém me soube explicar o que realmente se passou. Que estranho!

Não sei a que propósito, dei por mim a recordar neste sonho a minha operação às amígdalas em que adormeci algo nauseada e acordei também nesse estado. Havia ficado assim após uma injecção que muito me doeu e pior fiquei quando me meteram uma espécie de mordaça na boca.

Mudando de assunto, havia grande festa e alarido lá em minha casa. O filho do meu vizinho tocava viola e cantava extremamente bem. Inclusive, ele era considerado o melhor cantor jovem nacional.

Deitei-me alcoolicamente bem-disposta (por que raio é que eu sonho tanta vez que me embriago?) com os estores completamente corridos para cima e as luzes todas acesas. Na rádio passava uma música que não queria ouvir e tapava os olhos com as duas mãos porque não queria ver a Lua. Estava, portanto, num dilema; só tinha duas mãos e não sabia se deveria tapar os ouvidos para não ouvir a música, ou os olhos para não ver a Lua. Se isto não fosse um sonho, até era fácil resolver essa questão; desligava-se o rádio e já não se ouvia a música e corriam-se os estores e já não se via a Lua. Mas por que raio o nosso subconsciente é assim só para nos chatear?

Acordei eram seis da manhã com os meus pais aos berros porque tinha deixado as luzes acesas. Fui até à rua. Estava a amanhecer. Ainda dava para ver a Lua e mais dois astros parecidos com ela. O Céu também apresentava algumas estrelas.

Fui com a minha irmã fazer compras a uma espécie de centro comercial muito reles. Entrámos numa loja onde se vendiam daquelas calças listadas de algodão que se usam para treino ou para caminhada. Elas estavam dentro de uma bacia branca e eram de várias cores e tecidos.

Eu despejei o recipiente até ao fundo, apesar de não ser minha intenção comprar alguma coisa. Afinal sempre acabei por achar umas calças azul-turquesa com listas brancas que acabei por comprar.

Ia para algures mas as calças caíram-me até aos pés. Não me apercebi do sucedido, até tropeçar. Ainda caminhei uns metros com dificuldade e com as calças ao fundo dos tornozelos. Alguém passou por mim e disse-me que levava as calças em baixo. Que vergonha!

Nessa noite algo agitada por sonhos de toda a índole, lembro-me de ter acordado, ter visto que ainda estava bastante escuro e ter acendido o candeeiro de repente. Depois voltei a adormecer e a retomar a azáfama onírica.

Angélico

Apesar de não ser de modo algum apreciadora do seu estilo de música, lamento a perda deste jovem, vítima da autêntica selva que são as estradas portuguesas.


Os ogres existem mesmo

Ia eu para o trabalho quando me deparo com um grupo aí de umas cinco pessoas. Parecia ser uma família. Aparentavam ser marroquinos, asiáticos ou lá o que eram. Um dos elementos envergava um horrível casaco cinzento e falava muito alto.

Eles transportavam aquilo que me pareciam ser uns sacos de compras do Continente. De repente chegou-me ao nariz um cheiro horrível, mesmo às coisas podres. Não sei se eram os sacos, se eram eles próprios que espalhavam esse cheiro nauseabundo pelas redondezas.

Como se não bastasse o nojo que já iam a meter, o Homem do Casaco Cinzento, puxou profundamente de um escarro e, com um ruído que se ouviu do outro lado do passeio, escarrou para o chão. Por pouco não me acertou. Que horror! Não sei como esta gente não tem vergonha de ser tão porca!

Como já não suportava ir atrás de tão fedorentas criaturas, tive mesmo de sair do passeio e vir pelo meio da estrada para os ultrapassar. Aquela família de ogres ocupava o passeio todo. Com os sacos a abarrotar, ainda mais espaço ocupavam.

Naquele dia, passando junto dos insuportáveis contentores do lixo, estes pareceram-me cheirar a rosas. O meu nariz vinha habituado nessa manhã a cheiros mais nauseabundos.

Para quem pensava que os ogres existiam apenas na ficção, aqui está a prova da sua real existência. É difícil encontrar uma família mais nojenta e insuportável do que esta.

Morte prematura

Nesse dia ia eu no carro de um amigo meu que me deu boleia e ouvi a notícia do estado grave em que Angélico se encontrava após o acidente de viação que sofrera. Lembrei-me de outro jovem que, devido a causas naturais, se encontrava há já algumas semanas nas mesmas circunstâncias.

Estava eu longe de imaginar que esse amigo já havia falecido também. Quando cheguei ao trabalho, logo me puseram ao corrente da trágica notícia da sua morte.

Lembrei-me que, na quinta ou na sexta-feira, estava a trabalhar e dava para sentir um clima esquisito. Era como estivesse para acontecer uma morte. Isso é normal acontecer-me mas naquele dia estava a ser demais. Era como se algo estivesse a abandonar aquela sala, como se algo ali estivesse a desaparecer melancolicamente. Lembrei-me das condições em que esse jovem se encontrava e logo associei que aquele clima de melancolia que me assolou de repente e sem aviso tinha a ver com a morte iminente dele. Não me enganei.

É incrível como as pessoas boas estão tão pouco tempo entre nós! Lembro-me do esforço que ele fez para me ajudar a progredir na carreira e do apoio que sempre me deu até eu chegar onde estou neste momento. Ele sempre me deu força para eu não baixar os braços e sempre me incentivou a continuar quando eu já estava saturada e a ponto de desistir.

Quem diria que, quando aquele jovem que era ainda mais novo do que eu me foi apresentado um dia, iria ter conhecimento da sua morte prematura.

Recordava momentos em que me encontrei com ele, especialmente a última vez em que eu o vi. Quem diria que aquela era a última vez! Nada ali fazia prever que algo daquele género ira acontecer.

Sentada numa cadeira e com um envelope na mão, aguardava ordem para voltar ao meu local de trabalho depois de uma avaria em qualquer coisa lá em cima. Era uma sexta-feira e sentia-me impaciente com aquela situação inesperada que me ira atrasar as minhas tarefas. Ele apareceu e estivemos a conversar sobre as férias que deveria tirar na primeira semana de Julho. Recordo que ele envergava umas calças cinzentas e uma camisa lilás e tratava dos afazeres da loja desdobrando-se em inúmeros contactos por telemóvel. Foi esta a última imagem com que fiquei dele.

Resta o agradecimento por tudo o que fez por mim e, se o Céu realmente existir, que seja guardado um lugar para ele.

“AI...AI....AI...AI...AI...”

Confesso que já há imenso tempo que não assistia ao lamentável espectáculo dado pela minha vizinha de cima quando está embriagada.

Na verdade, crescemos a ouvir as discussões, a presenciar violência gratuita entre um casal de alcoólicos e até nos rimos com as peripécias do elemento feminino do casal que, acordando sem se aperceber onde estava, acordava o lugar inteiro com os seus gritos impressionantes.

Recordo uma ocasião em que faltou a luz em casa deles. Em adiantado estado de embriaguez, a minha vizinha começou a gritar como se tivesse acontecido uma grande tragédia. Dizia ela aos gritos e aos ais que tudo tinha “abafado” de repente. De um momento para o outro havia perdido a casa, o marido e as filhas. Um coro de risos ecoava lá de baixo. O meu falecido vizinho não aguentava mais de tanto rir. Não gostando do ar trocista da assistência, ela afirmou:
- “Vocês estão-se a rir mas tudo foi de repente!”
Ainda hoje essa frase é proferida pela vizinhança. Lembro-me que fomos para a praia da Costa Nova no dia seguinte e ainda nos ríamos daquele episódio.

Também me lembro de uma ocasião em que ela acordou no barracão. Não sabendo onde estava, começou a gritar. Deviam ser umas duas da madrugada. O nosso cão começou a ladrar da vinha. Ela batia numas tábuas e mandava calar o cão nestes termos:
“DI...DI...”
Vá, ainda se lembrava do nome do cão. Voltava a gritar e o cão voltava a ladrar. Ela voltava a mandá-lo calar. Assim esteve um bom pedaço.

Houve uma época em que ambos os membros da família deixaram de consumir vinho e nunca mais se assistiu a espectáculos degradantes. Restavam as recordações das cenas antigas, com aquela do apagão em casa bem no cimo da memória.

Esta noite ouvia o meu vizinho a tratar o meu cão por você e a mandá-lo calar, pois queria ouvir o que se passava lá em cima.

Gritos como há anos não ouvia ecoaram pela noite, abafando os rumores dispersos do concerto de Tony Carreira em Anadia. Eu estava a ler o meu livro no meu quarto e ouvia o meu vizinho a rir-se, a mandar calar o meu cão e a perguntar se o vinho era bom.

Eu e a minha mãe juntámo-nos a ele. Ela gritava que se ouvia quase em Anadia. O que impressionava era a cadência perfeita dos ais que ela dava no intervalo dos pedidos estridentes para que chamassem a Polícia e os Bombeiros.

E gritava ela também:
- “AI QUE O VOSSO PAI MORREU!”

Morreu o quê? Devia estar deitado no chão com uma bebedeira também. Ela insistia em gritar o nome dele bem alto para que todo o lugar ouvisse. Incrivelmente ninguém apareceu além de nós. O meu vizinho não aguentava mais de tanto rir. Eu só me ria da cadência perfeita dos ais que ela dava no intervalo dos gritos.

Já há anos que não se via nada assim.

P.S: Dias mais tarde, o meu vizinho caiu no meio da estrada com uma bebedeira. Tiveram mesmo de chamar a Polícia e os Bombeiros. Ele estava muito zangado porque nas urgências tudo desatou a rir dele. Pudera!

Assar com calor

Finalmente parece que o Verão está aí com toda a sua força. É um Sábado com imenso calor. De certeza que aqui os termómetros ultrapassam os quarenta graus e não se pode andar na rua.

Tem estado um Verão com umas temperaturas amenas, só hoje é que o mercúrio dos termómetros subiu vertiginosamente até valores quase insuportáveis para qualquer ser vivo. Não se aguenta mesmo o calor!

Eu e a minha mãe esperamos que as temperaturas desçam para fazermos uma caminhada. Às seis da tarde, ainda se assa com calor. Os termómetros teimam em não baixar.

Para a semana hei-de querer ir para a praia e estar frio. Quase que até aposto!

Friday, July 01, 2011

“Love Generation"- Bob Sinclair (Música com Memórias)

Ver texto “Valeu a pena ter ficado”



Escolhi esta música porque passam hoje seis anos sobre este acontecimento. Foi a 24 de Junho de 2006 que vivi um acontecimento cujas imagens e os sons não me sairão da memória tão cedo.

No final dos Mundiais de Ginástica Acrobática que decorreram em Coimbra, de forma espontânea, todos os intervenientes do evento deslocaram-se para o palco onde decorreram as competições e uniram-se todos. Na instalação sonora tocava esta música enquanto se davam as mãos e se pulava sobre o tapete encarnado que a tudo resistiu. Passou assim a ser uma música que me traz memórias bastante agradáveis.

É pena eu não possuir nenhuma fotografia ou não ter visto nenhum vídeo. Seria certamente espectacular. Os intervenientes, ocupados como eu em viver o momento, não tiraram fotos. Estava gente a filmar mas deviam ser da Comunicação Social. Pesquisando no Youtube, os únicos vídeos que consegui encontrar foram de atletas em prova. Que pena! Isto era digno de se ver!