Wednesday, June 30, 2010

“O Fiel Jardineiro” (impressões pessoais)



Mais um livro de John Le Carré que eu leio. Este tinha uma história bastante interessante que tinha como ponto de partida o assassinato de uma mulher que teve o azar de denunciar fraudes em grandes empresas farmacêuticas que eram intocáveis e estavam protegidas pelos governos de diversos estados.

Uma vez que a história envolvia a investigação de um crime, a ideia inicial era que este livro seria interessante e intenso. Essa intensidade foi cortada aqui e ali com passagens fúteis e pouco interessantes.

Tal como acontece nos livros que envolvem a investigação de um crime, eu tentei adivinhar quem eram os responsáveis pela morte de Tessa Quayle. Ao Capítulo 6 envolvi Sandy Woodrow no caso pela forma como encobria a verdade aos polícias e incentivava os companheiros a deturparem a realidade. Nessa altura a minha intuição dizia que Arnold Bluhm- o companheiro de Tessa- nada tinha a ver com o crime e era tão vítima como ela. Woodrow e os seus companheiros disseram à Polícia que o médico africano era o autor do crime e andava fugido. Fui ainda mais longe e incriminei Woodrow com sendo o autor moral do crime que terá sido executado por locais. Ciúmes talvez fossem a causa para essa atitude. O cenário do crime também havia sido preparado para que todos pensassem que fosse ele. Onde Bluhm estaria permanecia um mistério e sempre acreditei que ele apareceria para contar a verdade, coisa que não aconteceu. O médico terá sido torturado e deixado no deserto a morrer lentamente.

Ao Capítulo 8 surgem as 3 Abelhas como sendo implicadas no crime. Isso não torna Woodrow inocente. Todos estariam envolvidos. Não me enganei.

Oito capítulos adiante já acerto completamente no que se passou. O crime foi perpetrado pelos amigos do marido da vítima que é o protagonista desta história e as 3 Abelhas para silenciar Tessa que andava a proclamar os efeitos nocivos de um medicamento contra a tuberculose. Ainda conservava, no entanto, a esperança que Bluhm aparecesse e desmascarasse todos aqueles falsários.

O desfecho da história é, na minha opinião, algo confuso. Além disso, e tal como no outro livro do mesmo autor que eu li há tempos, o final não é o que se espera e há uma ideia de impunidade para os maus e o castigo para aqueles que os querem desmascarar. Ficou por se esclarecer se a morte do filho de Tessa e Justin teve a ver com este assunto ou não passou de um episódio para compor a história. Em suma, prometeu muito e o resultado foi uma decepção. Nem sempre as histórias podem acabar com finais felizes. Assim também não teria piada mas Justin não merecia a traição dos seus amigos e colegas de trabalho que o andavam a tramar e o entregavam assim de mão beijada a outras pessoas em quem ele também confiava.

O livro que irei ler a seguir, por coincidência, passa-se no país onde está a decorrer o Mundial de Futebol- a África do Sul no tempo do apartheid. Já comecei a ler “Um Capricho Da Natureza”.

Entrámos mal

Milhões de portugueses espalhados pelo Mundo aguardavam ansiosamente a entrada em campo da Selecção Nacional neste Mundial 2010.

Estava a trabalhar. Só podia ver a primeira parte do encontro. Agora vejo a primeira parte dos jogos que começam às três da tarde e a segunda parte dos que começam às sete e meia. Não pode dar para mais, senão fazer uma crónica de algum acontecimento em particular que se passe num jogo e que me chame mais a atenção, tal como aconteceu no jogo de ontem entre a Itália e o Paraguai, por exemplo.

Falando da nossa estreia, foi um jogo muito mal disputado em que Portugal desiludiu bastante. Cristiano Ronaldo que promete explodir neste Mundial, começou logo a preparar o rastilho bem cedo com um remate que teve o azar de bater no poste.

Sem Drogba, a Costa do Marfim apresentou jogadores desconhecidos na frente que causaram alguns sustos através de lances rápidos. Alguns jogadores africanos conseguiam destronar os jogadores portugueses através da velocidade estonteante que imprimiam com a bola nos pés. Estes lances tinham o condão de manter os espectadores atentos ao jogo sem passarem pelas brasas.

Drogba, mesmo debilitado, entro na segunda parte e ia causando dissabores. Por pouco a Costa do marfim não vencia o jogo.

No final do jogo, Carlos Queirós teve de se desculpar com alguma coisa para mais um resultado negativo da Selecção de Todos Nós. Desta vez acusou a selecção adversária de ser excessivamente defensiva. Depois de ver como a Coreia do Norte jogou ...ou melhor...não deixou jogar, a Costa do Marfim até é uma selecção de ataque puro.

No outro encontro deste grupo G o Brasil (também sem fazer uma exibição deslumbrante) conseguiu cumprir a sua obrigação e venceu a Coreia do Norte por 2-1. No final ainda apanhou um valente susto quando os coreanos do Norte vieram por ali acima e ameaçaram a baliza de Júlio César. O Jogador Número Nove da Coreia do Norte e o Jogador Número Oito eram os mais inconformados e o último marcou mesmo o golo de honra da equipa asiática.

A Coreia do Norte jogará com Portugal na próxima segunda-feira. Se Queirós se queixa de equipas muito fechadas, não vai gostar mesmo nada da forma de jogar destes coreanos.

Alcaraz



Cheguei a casa do trabalho e fui surpreendida com o facto de a Itália estar a perder com o Paraguai por uma bola a zero. Foi uma enorme surpresa esta derrota parcial dos actuais campeões do Mundo.

Ainda mais surpreendida fiquei com o nome do jogador que marcou o golo e com a forma displicente como Canavaro e seus pares permitiram a investida. O marcador do golo paraguaio era, nada mais, nada menos, que um jogador que eu conhecia bem- Antolin Alcaraz Viveros- que representou o Beira-Mar durante várias épocas e ali se tornou num grande defesa-central. Estar agora a representar a sua selecção no Mundial 2010 era a prova desse crescimento e maturidade que a Ria de Aveiro testemunhou.

No já longínquo ano de 2003, este jovem latino-americano chegava a Aveiro vindo da...Fiorentina que o dispensou. Para pertencer aos quadros do clube italiano onde Rui Costa apurou todo o seu talento, este miúdo tinha de ter alguma qualidade, só que no início as coisas não foram assim tão fácies.

Lembro-me de um jogo disputado em casa do Porto (penso ainda ter sido no velho Estádio das Antas) em Fevereiro de 2003. O treinador do Beira-Mar teve de substituir o jovem paraguaio ao intervalo porque já havia cometido uma grande penalidade mesmo daquelas bem infantis e demonstrava grande fragilidade e insegurança a cada lance na sua zona de intervenção. Os jornalistas já o crucificavam. Estava, de facto, a ter uma noite para esquecer. Naquela época, o Beira-Mar tinha muitos jogadores oriundos da América Latina. Nesse jogo o jogador argentino Maurício Levato teve de ser transportado inconsciente ao hospital após um lance disputado de cabeça com o defesa Ricardo Costa. Como as coisas mudaram hoje.

Olhando para o Jogador Número Vinte E Um do Paraguai já não vejo aquele miúdo inseguro de 2003. Fez-se um senhor defesa-central. Quase faz lembrar o também paraguaio Gamarra. Sai a jogar com a bola da sua zona defensiva (nos primeiros temp9os de Beira-Mar a bola para ele queimava), joga de forma limpa e vai lá acima marcar golos. Pelos vistos agora marca muitos, coisa que raramente fazia ao serviço dos aveirenses.

É sempre bom ver um jovem crescer futebolisticamente como este paraguaio cresceu. Aqui no Beira-Mar conseguiu encontrar-se novamente e mostrar o talento que havia demonstrado quando despertou o interesse da Fiorentina. Com o jogo que fez frente à Itália acredito que alguns clubes europeus de grande nomeada se interessem por ele. Alcaraz foi hoje o melhor jogador em campo e o jogo era só contra o actual Campeão do Mundo e pátria do Futebol defensivo.

Ter emprego e não ter

Confesso que estou a ficar bastante desiludida e um pouco cansada do meu emprego. Faltam cerca de dois meses e meio para terminar o contrato de meio ano e eu estou serialmente a pensar em não o renovar.

Em relação ao trabalho propriamente dito, não tenho nada a dizer. Estou de consciência tranquila quanto ao que consigo ou não consigo fazer. Todos os dias me esforço por dar o meu melhor e, se alguém notar que as coisas não devem ou não podem ser assim, é porque simplesmente não posso fazer mais.

A entidade patronal até está satisfeita comigo, segundo foi dito a responsáveis da ACAPO. Têm plena consciência de que não podem exigir de mim o mesmo que exigem das minhas colegas e cada progresso que eu possa fazer é uma agradável surpresa para eles. Sabem que faço o meu melhor dentro das minhas limitações e não me cobram o impossível como fazem, por vezes, as minhas colegas ou mesmo os clientes.

Pondo-me no lugar das minhas colegas, até as compreendo mas pondo-se elas no meu, a compreensão já não é recíproca. Não sei se elas notam a diferença de tratamento de mim para elas mas as vezes esquecem-se que têm cem por cento de visão e eu apenas dez. Não conseguem imaginar que uma tarefa que desempenham de determinada maneira e com determinada rapidez tem de ser desempenhada por mim de uma outra maneira. Tenho de as compreender, pois, e fico um pouco frustrada porque, alegadamente, as estou a sobrecarregar de trabalhos que elas entendem que eu deveria fazer. De maneira nenhuma as quero sobrecarregar de trabalho. Se elas demonstram isso, só tenho de terminar o meu contrato e ir a minha vida, tendo outra perspectiva do mercado de trabalho e chegando à conclusão de que, neste tipo de trabalho, é complicado estar integrada sem mágoa e sem a sensação de ser um encargo para as outras pessoas.

Os horários e a falta de acessibilidades são dois factores que me estão a deixar um pouco agastada. Perco em média cerca de uma hora só em deslocações. Nessa uma hora poderia estar a descansar ou a dedicar-me a mim própria e às actividades de que eu mais gosto. Tenho dias que saio de casa bem cedo mas regresso já é noite. Como tenho de me levantar cedo no dia seguinte, por vezes o tempo sobra para comer alguma coisa e ir dormir. O cansaço é muito para ainda ler um pouco ou para escrever- duas actividades a que agora me tenho dedicado mais a sério.

Quando eu suspirava por um emprego, queria também ter tempo para mim, para as minhas actividades, para ter tempo livre para fazer alguma coisa de que eu gostasse. Em 2007 trabalhava e ainda tinha tempo para praticar Desporto, para estudar e tinha os fins-de-semana livres para participar em algumas actividades de voluntariado ou da ACAPO. Com o trabalho ao fim de semana, para além do transtorno dos transportes (quando o Inverno chegar vai ser pior) ainda deixo de participar em algumas actividades que me agradariam. As minhas colegas trabalham, pois trabalham, mas saem do emprego e os sues veículos estão no estacionamento à sua espera. Eu terei de esperar meia hora ou mais por um autocarro. Elas dizem que saem sempre mais tarde e eu, se saio cinco minutos depois da hora, já estou aflita. Pudera! Esses cinco minutos podem significar que perdi o autocarro e tenho de esperar longo tempo por outro. Com isto não posso também fazer algo mais do que vir de casa para o trabalho e do trabalho para casa, quando era uma pessoa que participava activamente em tudo o que podia. Nas folgas elas pegam nos seus veículos e vão dar uma volta. Eu, se acaso surge uma actividade aliciante para eu fazer, logo tenho o azar de estar a trabalhar. Nem a horas de encontrar algum estabelecimento aberto para carregar o telemóvel ou o passe encontro. Assim não pode ser! Se faço sempre o mesmo horário, logo me questionam por que é que não faço fechos nem aberturas. Este domingo estive a fechar. Tive de ir para casa de táxi. Isto é muito complicado! Os meus familiares e amigos dizem que eu nem devia ter aceitado este emprego. Eu digo o contrário: com esta experiência dá para assinalar os prós e os contras de ter e não ter emprego. Aceitei porque a experiência que tive em 2007 foi bastante positiva. Ainda hoje sonho que estou lá a trabalhar mas lá havia algo que aqui não estou a ter e que a seguir vou relatar.

À medida que o tempo vai passando, cada vez mais vou sentindo que este não é, definitivamente, o meu espaço. Psicologicamente vou-me desgastando por estar a fazer um esforço enorme por me manter ali contra todo o tipo de adversidades que me são colocadas. Sou uma pessoa que detesta a multidão e a confusão inerente à sua presença. Algumas pessoas, como atrás referi, custam a aceitar-me sem fazer comentários, principalmente sobre os meus olhos queimados pelo uso prolongado de colírios para controlar o glaucoma. Eu, que sou uma pessoa que gosta de estar isolada, num ambiente tranquilo e sem ninguém a importunar a minha concentração, fico enervada em certos dias em que mal tenho espaço para trabalhar, tal é a confusão. Na Piscina, quando a confusão maior surgia, já eu tinha saído e também não estava à mercê dos toques das pessoas que, notando que eu vejo mal, me chamam à atenção dessa forma que eu detesto. Tocar-me é coisa que me faz muita confusão.

Como se isso não bastasse, quando eu deveria estar sossegada e com tempo para ler e para escrever, eis que as minhas colegas se encarregam de me aborrecer. Para além de fazerem imenso barulho (não as posso mandar calar porque, também elas, estão na hora do seu descanso), vendo que eu não lhes estou a ligar, tratam logo de me chamar ou de mencionar o meu nome. O facto de serem maioritariamente mulheres e terem habilitações académicas mais baixas do que eu completa o quadro de total inadaptação da minha parte. Com homens, fosse qual fosse o grau académico, sempre se poderia falar de Futebol. As mulheres dali falam todos os dias em dietas e em coisas ainda mais fúteis do que isso. É natural que eu não participe nas conversas. Aquele não é, de todo, o meu mundo. Quando eu tento, por instantes, estar no meu espaço, eis que elas me resgatam abruptamente e me provocam nervos desnecessários. Deixem-me em paz! Eu gosto de estar assim e é assim que eu me sinto bem. Estou a fazer aquilo que gosto e aquilo que, esgotadas outras possibilidades, um dia será o meu futuro. Acredito, desde há uns dias para cá e assim de repente, que posso tentar algo.

Tenho um curso superior. A entidade patronal desconhece-o e as minhas colegas também. Estou a pensar em contar a toda a gente a ver se pelo menos as minhas colegas me respeitam um pouco mais e aceitam as diferenças. Por essa razão não entendem a necessidade que tenho de ler, escrever, pensar, ter ideias e achar, cada vez mais, que este tipo de trabalho e este ambiente não favorece em nada e contribui para que o meu talento se degrade. Não contactando tanto com escrita, leitura e não tendo forma de exprimir as minhas ideias aprisiona-me. Tenho medo de ficar igual às minhas colegas e perder a minha identidade, aquilo que me torna diferente, o mundo que criei para fazer face às limitações que a vida me preparou.

Definitivamente não encaixo ali. Sinto-me aprisionada. Não leio, não escrevo, não pratico Desporto, não tenho o meu espaço protegido onde possa dar largas à minha imaginação… Estou a ficar esgotada. Sinto que me estou a perder um pouco e que isso será uma catástrofe para a minha vida futura.

Por tudo isto, pondero não continuar para além de Setembro. Não me sentindo bem psicologicamente nada mais posso fazer.

E sai um franguinho bem verdinho, por favor!



Está servido mais um manjar daqueles que parece que vão ser o prato do dia neste Mundial, dadas as queixas da maioria dos guarda-redes em relação à bola oficial da competição.

Tão depressa Robert Green (que por acaso até vestia de verde mesmo) não defenderá as redes de Inglaterra depois deste descalabro, vulgo frango, no jogo frente aos Estados Unidos. O guarda-redes do West Ham esteve francamente mal neste lance que comprometeu mesmo a sua equipa que assim se teve de contentar com a igualdade a uma bola.

Fica então a primeira indigestão dos britânicos causada por este enorme frango que comprometeu logo no primeiro jogo. Na próxima partida é quase certo que Fábio Capello não vai dar a titularidade a Green.

Top M80 nacional



Ver texto “Top M80”

E foi feita a minha vontade. Finalmente! Tinha curiosidade de ver como era um top dos anos oitenta cá pelo burgo só para ver se eu ainda me lembrava de alguma coisa e eis que o meu desejo foi realizado. Numa edição especial do Top para assinalar o 10 de Junho e o arranque do Mundial 2010 onde vai estar a Selecção de Todos Nós, eis que surge a contagem da tabela de Junho de 1987.

Eu acho que se deveria fazer isto mais vezes. Não sei se é possível. Em Inglaterra e nos Estados Unidos, desde sempre, houve top das músicas mais vendidas. Aqui em Portugal, penso eu, só se começou a fazer a contagem em meados dos anos oitenta. Mesmo assim era de louvar se se fizesse um programa todas as semanas também com o Top Nacional.

Tendo tido eu conhecimento de que o Top iria ser tão especial, não o quis perder por nada e no sábado, já em casa, não descolei os ouvidos do rádio. O Top pouco diferia daquele que serviu de tema ao texto que acima referi. Lá estavam os Communards com o tema cujo vídeo meti no outro texto para o ilustrar. Os Century apresentavam até dois temas na tabela. O “Lover Why”, que tantas semanas esteve em primeiro, posicionava-se nos dez primeiros lugares.

Lá estavam também, tal como eu calculava, os Erasure e os Starship. Uma das diferenças em relação ao Top britânico sensivelmente da mesma altura estava na presença dos Xutos & Pontapés, de Ritta Lee e dos Roupa Nova com o tema “Linda Demais”- um grande sucesso desta época. Lembro-me de uma história de um grupo de crianças sensivelmente da minha idade que iam a pé a cantar esta música. Eu que estava na rua comecei também a cantar.

A curiosidade residia, naturalmente, em recordar quem era que estava em primeiro lugar. Quando no outro texto me referi a hipotéticos lideres nem me lembrei deste tema. Naquela altura, e após a criação dos USA For Africa surgiram muitos temas desse género para apoiar várias causas. Lembro-me duns quantos mas este andava um pouco esquecido e pelos vistos até esteve quinze semanas em primeiro por cá.

O single terá sido criado para ajudar as vítimas do acidente com um ferry boat na Bélgica. Alguns cantores, na sua maioria britânicos, juntaram-se para cantar o tema “Let It Be” dos Beatles. Paul McCartney foi um dos impulsionadores deste projecto de solidariedade e é ele mesmo que inicia a música.

Soube mesmo bem recordar este top. Pena ter sido só desta vez que se relembrou a contagem das músicas aqui de Portugal.

Começou o Mundial 2010

Vuvuzelas a postos! Arrancou finalmente o Mundial 2010- o primeiro na História a decorrer no continente africano.

A Cerimónia de abertura decorreu com grande entusiasmo, apesar da fatalidade que se abateu sobre a família de Nelson Mandela que assim não pôde estar presente. Foi uma ausência notada, a do primeiro presidente negro da África do Sul depois do apartheid. Ninguém melhor do que ele poderia estar mais contente com a atribuição desta organização ao país que ele ajudou a recuperar a liberdade.

Terminadas as formalidades, eis que começa o espectáculo propriamente dito com a selecção anfitriã a defrontar o México- jogo que se saldou num empate a uma bola.

Ao assistir ao jogo reparei que os jogadores usavam todos chuteiras iguais. Espero ver os outros jogos para ver se a tendência se confirma e qual o seu significado. Se isso se vier a verificar nos outros jogos, já é mais uma desculpa para os eventuais maus resultados de Portugal. É que Miguel Veloso, Cristiano Ronaldo e outros mais que gostam sempre de ter umas botinhas diferentes das dos outros vão ficar fulos da vida e não vão jogar nada que se veja por esse motivo.
- “A minha pessoa com umas botas iguais a um desconhecido jogador da Coreia do Norte?!!! Isso não!”- diz logo Miguel Veloso ao olhar para as botas de todos os jogadores em campo.

O árbitro deste jogo de abertura veio do Uzbequistão-um país com um campeonato altamente competitivo e que se recomenda a qualquer craque que queira ser famoso. O Scolari está lá. Basta isso para dar trabalho a esses árbitros, mais aos quartos árbitros que o têm de mandar sentar e calar. Isto quando não o expulsam por andar ao soco com um jogador daquelas paragens cujo nome ele não sabe pronunciar. Consta que as primeiras palavras aprendidas por Scolarii por aquelas bandas foram palavrões para insultar tudo o que o aborreça. Scolari ainda fará muita falta à nossa Selecção, deixem estar.

Com que mimos brindarão o árbitro por aqueles lados quando ele não assinala uma grande penalidade ou anula um golo limpo? Certamente não lhe chamarão gatuno, nem ladrão.

Portugal parte para esta competição cheio de fé em bons resultados. Todos esperamos que esta participação seja recheada de êxitos e que possamos festejar muitas e muitas vezes. Eu não confio em Queirós mas como portuguesa deseja o melhor para a Nossa Selecção.

Olegário Benquerença também irá representar a arbitragem portuguesa em terras sul-africanas. Esperamos que a arbitragem portuguesa, através deste árbitro, fique bem representada e que, mesmo aqueles que tanto criticam os árbitros portugueses ao longo da época futebolística agora aplaudam Benquerença. Sem a pressão dos apaixonados dirigentes nacionais, tudo se conjuga para que o nosso árbitro brilhe também pela positiva nos estádios do Mundial.

Presença constante nas bancadas do Mundial será o som da vuvuzela- adereço tradicional da África do Sul que agora se globalizou com a realização deste evento no continente africano. Há quem já esteja farto de as ouvir mas eu até lhes acho graça. Desespero por arranjar uma para ver se também eu sei tocar. A minha mãe compara o som das vuvuzelas nos estádios do Mundial a um enxame de abelhas.

Para finalizar, falemos de prognósticos. Para mim quem vai ganhar o Mundial será a Argentina com o Messi em grande destaque. Acho que tem um melhor colectivo, isto sem contar com o facto de ter o melhor jogador do Mundo nas suas fileiras.

Há duas equipas neste Mundial que penso que não vão fazer grande coisa, a não ser perder por poucos. Estou a falar da Nova Zelândia (naturalmente recheada de craques) e das Honduras (dessa selecção conheço apenas o David Suazo que esteve no Benfica mas ele sozinho não é nada). Cá estaremos para assinalar os feitos dessas duas selecções.

Agora que comece a festa!

De tudo aconteceu neste sonho



Há que tempos eu não relatava um sonho algo cómico e bem disparatado! Já tinha saudades destes sonhos que não sei de onde surgem e que deixam uma pessoa a pensar e a sorrir quando acorda.

A primeira parte deste sonho passa-se comigo a ver um noticiário ou um programa específico dos muitos que passam sobre o quotidiano da Selecção Nacional na África do Sul. Nessa reportagem passava como som de fundo a canção “A Minha Casinha” dos Xutos & Pontapés. Daniel Carriço estava na Selecção (quando acordei fiquei com dúvidas se o central do Sporting havia ou não sido convocado mas não foi mesmo). O treino decorria debaixo de um Sol escaldante na África do Sul (mentira que lá até é Inverno, só por acaso). De repente a música que está de fundo mudou de ritmo e viu-se na imagem o jovem jogador a sentir-se mal devido ao calor. Depois vem o médico da Selecção acalmar as hostes que nada se passou e que aquela indisposição se deveu exclusivamente às altas temperaturas que se faziam sentir.

Acordei pouco passava das quatro da madrugada. Tinha de adormecer depressa, que estavam aí as seis e meia para eu me levantar. Em duas horas volta-se a sonhar com muito disparate, tal como aconteceu mas eu prefiro mil vezes estes sonhos disparatados a ter pesadelos como um que eu tive na semana passada e que também aqui foi descrito.

Se o primeiro sonho era um primor de disparate, então que dizer deste segundo? Era de manhã e estava em casa a preparar-me para ir de volta para Coimbra. Ainda iria trabalhar nessa manhã. Ia lá não sei quem a casa e a minha irmã ficou de fazer um apetitoso bolo recheado de chocolate por cima. O bolo estava a demorar e eu tinha de me ir embora.

Quando finalmente o bolo foi servido já eu estava atrasada e sem tempo de tomar banho ou mesmo mudar de roupa. Fui assim toda porca como estava.

Ia toda envergonhada para o trabalho a questionar-me como iria fazer. Quando cheguei vi para meu agrado que havia lá roupa interior à venda. Entre as diversas peças de roupa existiam uns boxers muito folclóricos roxos ou cor de rosa. Na dúvida se me serviam ou não, fui experimentá-los. Não sei porquê, tive de os cortar. Lavei-me à gato e lá os vesti.

Parte dos meus antigos colegas de formação estavam a trabalhar comigo e nesse dia apareceu a técnica do Gabinete de Apoio Às Saídas Profissionais da ACAPO que começou a distribuir recados aos meus colegas, ou a pregar sermões, dependendo da perspectiva. Diz ela para um colega meu:
- “Tu de certeza que não ficas! Sais sempre antes de acabares o que tens para fazer…”

O despertador tocou. Era hora de despertar para mais um dia que, apesar de ser feriado, iria ser um valente dia de árduo e aturado trabalho.

Wednesday, June 23, 2010

Jun, 06 2010- Fátima, Figueira da Foz...











Condenada porquê?



Ver texto “Fui dentro”

Ora aqui está um dos sonhos completamente disparatados e de causas aparentemente desconhecidas. Eu adoro quando o meu subconsciente me aborda com sonhos deste tipo. Eu que nunca tive problemas com a Justiça já sonhei que cometi crimes e saí como se fosse uma heroína mas, em contrapartida, já sofri as agruras da justiça onírica por coisas tão insignificantes como não avisar a Polícia quando umas luzinhas se acendiam e por esta situação.

Alegadamente um actual dirigente da Académica ter-me-á instaurado um processo apenas e só porque me viu na rua envergando uma camisola do clube. Segundo a justiça onírica, poderia ser condenada à morte ou a muitos anos de prisão por este “grave delito”.

Os meus familiares e amigos estavam algo preocupados à medida que se aproximava a data do veredicto final mas eu mantinha uma secreta esperança em nada sair dali em meu prejuízo. Onde já se viu uma coisa dessas? Temos liberdade de expressão e pensamento. Para isso lutámos e fizemos o 25 de Abril.

A influência do queixoso perante os tribunais era enorme e eu não era ninguém nesse mundo de tráfico de influências. Seria difícil eu sair incólume do julgamento.

Eu própria preparava a minha defesa. Nem dinheiro tinha para pagar a um bom advogado. Iria argumentar que não era crime manifestar os gostos pessoais, desde que não prejudicassem os outros, tal como era o caso. Se envergava uma camisola da Briosa era porque nutria amor e apreço pelo clube e nada de mal poderia advir do meu acto. É crime amar o Desporto, a Académica e manifestar publicamente esse apreço? Então esta justiça está mesmo mal quando condena o amor em detrimento do ódio e do desrespeito pela vida do outro.

Nova esperança se abriu no meu horizonte quando o julgamento de umas pessoas da minha terra por causa da venda de uns terrenos teve desfecho positivo quando toda a gente o julgava um caso perdido. Esse julgamento também tinha esse alegado dirigente da Académica que pagava a juízes e advogados como protagonista. Pelos vistos o indivíduo metia toda a gente em tribunal por tudo e por nada.

Acordei sem saber qual a minha sentença. Tinha a convicção que os argumentos que iria utilizar em legítima defesa seriam fortes e convincentes.

Fica assim para a posteridade mais um sonho bem curioso em que a Justiça esteve inexplicavelmente presente.

Curtas da minha prima

Ver texto “O afeito”

Este fim-de-semana foi em grande. Fui para casa na sexta-feira á tarde e passei assim dois dias que só não foram de puro descanso porque havia o passeio a Fátima

Como já não ia há duas semanas à terra, quis saber das novidades. Para além de nada ter acontecido com os gatos, que outras peripécias marcavam a actualidade?

Havia umas histórias bem curiosas da minha prima, a tal que apanhou um molho de afeito e o deixou em casa da minha vizinha para o marido ir buscar mais tarde e que foi parar ao rio.

Desta vez a artista arranjou várias vasilhas de vários tamanhos e foi pedir água a uma senhora lá da terra que nem é vizinha dela, nem nada. Naturalmente a outra não lhe cedeu a água da rede pública. Questionada sobre o facto de ir pedir água a outras pessoas sempre foi adiantando que era para poupar água, que gastava muita água a regar as suas plantas e flores. E as outras pessoas também pagam a água da rede pública. A vida custa a todos. Ainda se fosse a água de um poço ou de uma fonte ainda se compreendia. Pedir água paga da rede pública é o cúmulo.

Trata de forma requintada as plantas dela mas não se preocupa minimamente com as plantas dos outros. Aliás, ela não pode ver os outros com plantas ou flores melhores que as dela. Um dia destes a minha vizinha apareceu lá em casa furiosa porque a minha prima lhe pisou os crisântemos todos.

Todos os dias, pelas oito da noite sensivelmente, a minha prima é vista a caminho da Moita com uma flor na mão. Àquela hora ainda vai para o cemitério levar a flor à campa da mãe e do irmão, quando não a coloca noutras campas de pessoas lá da terra que morreram muito jovens. Campas onde ela inclusive já admitiu que vai para lá gritar e já pediu flores à minha mãe para as enfeitar.

No outro dia, uma senhora já idosa e doente teve de a correr de sua casa porque já não a podia suportar. Começou a perguntar-lhe a idade exacta dos seus coelhos e teimou em querer saber se era macho ou fêmea um determinado animal que a outra lá tinha.

Por último, fica a história mais cómica só para verem até onde vai a ganância deste ser. Na mercearia lá da terra estavam expostos morangos em caixas de madeira. A minha prima começou a tirá-los e a metê-los ao bolso só para não correr o risco de os pagar e de eles não serem bons. O azar foi que o bolso estava roto e os morangos começaram a aparecer espalhados pelo chão. Que vergonha!

Enfim, esta artista é mesmo de qualidade. Está cada vez pior.

Outrora escolas, hoje centros de dia

Estava na minha hora de almoço. Hoje tive um dos poucos dias em que ainda tenho a sorte de assistir a um noticiário. Tenho pena de não assistir mais aos noticiários porque são eles que alimentam os meus textos.

Hoje deu uma reportagem que eu achei interessante comentar e reflectir. Lá para o Norte, Interior Norte talvez, as antigas escolas primárias que foram fechadas por falta de crianças que as frequentassem são hoje centros de dia, centros culturais das aldeias, universidades seniores e outro tipo de instalações para fomentar o lazer de uma população envelhecida de um Interior desertificado.

Chega a ser preocupante o que se passa no Interior de Portugal. Há aldeias prósperas que hoje estão abandonadas. Há aldeias com quatro ou cinco habitantes e todos com idade para cima de setenta anos. O que acontecerá a este Portugal envelhecido e desertificado a médio prazo?

Agora parece que o Governo vai encerrar as escolas com menos de vinte e um alunos. Em algumas zonas do Interior será um rombo considerável nas escolas que ainda permaneceram abertas e irá ser um grande transtorno para as crianças e para os seus pais que terão de percorrer largas dezenas de quilómetros em alguns dos casos para se dirigirem à escola. Com a crise que as pessoas dessa zona do País atravessam com o encerramento de muitas fábricas, a vida das pessoas que ali vivem tornar-se-á insuportável. Resta-lhes procurar alternativas. A emigração ou a procura do Litoral serão as soluções a pensar para os desesperados pais que não sabem o que fazer para dar o melhor aos seus filhos.

Nas aldeias do Interior ficarão os velhos. Há agora que criar formas de os tirar do isolamento em que eles vivem. Há que criar infra-estruturas que lhes permitam viver com mais dignidade e não sentir tanto o vazio provocado pela partida dos filhos e netos.

Algumas antigas escolas primárias foram equipadas com computadores ligados à Internet onde os antigos alunos que em criança aprenderam as primeiras letras justamente naquele mesmo edifício agora aprendem a magia de ter o mundo à distância de um só clique.

Os centros de dia e centros culturais são também outros destinos a dar às velhas escolas. Ali os idosos podem confraternizar uns com os outros e partilhar experiências de uma longa vida que agora se transformou numa longa solidão.

Não sei o que é que o Governo anda a fazer para travar a desertificação do Interior. Com estas invenções de encerrar as escolas e hospitais pouco concorridos está a permitir que esta desertificação se acentue ainda mais e que a população envelhecida fique desprotegida e sujeita a burlas e assaltos.

Fica a satisfação estampada no rosto de alguns idosos de se terem voltado a sentar nos velhos bancos da escola que outrora os viu crescer.

Foi horrível- versão 2010



Ver texto “Foi horrível”

Lamento ter de citar tantas vezes este texto mas na verdade este sonho ainda hoje faz mossa e as réplicas ainda se fazem sentir. Vejamos:

Antes de descrever mais um pesadelo muito semelhante a muitos que têm sido recorrentes, convêm explicar as causas.

Ontem, quando ia a chegar a casa, deparei com uma viatura do INEM parada nas proximidades. Do seu interior era retirada uma maca que voltou de dentro do prédio muito rapidamente com uma vítima do sexo feminino inanimada. Dizia-se que estava morta mas isso eu não sei mas depreendi pelo facto de não se terem demorado a prestar-lhe assistência. A parte das ambulâncias já está explicada, falta a parte da Feijoa que também não é difícil de explicar.

Já não vou a casa há duas semanas e ontem à tarde estive a pensar no que andaria a fazer a gata Feijoa, se estava bem, se ainda estava viva…a preocupação com os meus gatos é quase obsessiva. Então quando estou algum tempo sem os ver só sonho que lhes aconteceu alguma coisa.

O sonho passa-se sempre em minha casa. Numa noite em que, inexplicavelmente só passavam ambulâncias em larga escala, estava na casa de forno sentada ao lume com ar preocupado. Motivo? Os gatos tinham ficado todos na rua. Não eram só três mas eram muitos.

No dia seguinte, de manhã era só gatos mortos à minha porta, atropelados pelas ambulâncias. Junto ao portão da eira estava a Feijoa completamente esmagada e ensanguentada. O sangue já tinha secado. Eu virava a cara para o lado para não ver. Estava transtornada.

Claro que acordei sobressaltada. Eram duas e meia da madrugada e tinha de me levantar às cinco para ir trabalhar.

Quando adormeci novamente sonhei que regressava a casa. Novamente a lareira está acesa e a minha mãe descreve um sonho muito semelhante ao que eu tive algumas horas antes. Ela mostra-se preocupada com o que possa vir a acontecer lá por casa. Os gatos estavam todos bem e eu brincava com a Teka.

Acabo de falar com a minha irmã. Obviamente que lhe perguntei pelos gatos e ela disse que os viu no fim-de-semana. Estavam todos bem nessa altura. Ora hoje é quarta. Quando eu chegar a casa vejo.

Estes pesadelos devem-se ao stress de me ter de levantar cedo e de ir trabalhar, coisa que eu não estava habituada. Constato realmente que tenho tido mais pesadelos desde que estou a trabalhar. Venha de lá esse fim-de-semana como há muito não tenho para ver se o meu subconsciente acalma quando acariciar o lombo fofinho de um dos meus gatos.

PS: a foto que acompanha este texto foi tirada quando eu cheguei a casa e constatei que a Feijoa, bem como os outros gatos estavam todos bem.

Vais Meireles?

Mais um jogo de preparação de Portugal tendo em vista o Mundial que se inicia dentro de alguns dias na África do Sul e novamente frente a uma equipa africana- desta vez a selecção dos Camarões que, segundo os entendidos que lideram a Selecção de Todos Nós, é muito parecida com a Costa do Marfim que será o nosso primeiro adversário.

Aliás, é notória a preocupação excessiva com Drogba e seus companheiros por parte de Carlos Queirós e seus pares. Se calhar não é por acaso que se estão a fazer três jogos de preparação frente a três equipas africanas- Cabo Verde (empate a zero), Camarões(vitória por 3-1) e Moçambique (já em território sul-africano na próxima semana).

Neste jogo Queirós fez três alterações no onze inicial em relação ao jogo com Cabo Verde- Duda no lugar de Fábio Coentrão, Raul Meireles no lugar de Miguel Veloso e Simão Sabrosa no lugar de Nani.

Portugal mostrou outra disponibilidade competitiva para este jogo que era frente a uma equipa africana com outros créditos firmados e com jogadores que actuam, na sua maioria, nos melhores campeonatos da Europa.

Samuel Eto’o é a estrela da companhia mas esteve pessimamente em termos disciplinares. Como é possível um jogador com o prestígio que tem o avançado do Inter cometer uma infantilidade destas, ainda por cima num jogo particular? Após o primeiro golo de Portugal marcado por Raul Meireles, o jogador perdeu a cabeça e desatou a protestar. Os protestos valeram-lhe um cartão amarelo. Não satisfeito, o capitão (ainda por cima) da selecção dos Camarões entrou de forma violenta sobre Duda. Deveria ter visto vermelho directo mas talvez por a amostragem do segundo amarelo dar no mesmo e de se tratar de um jogo particular o árbitro expulsou o avançado com um segundo amarelo e não com expulsão directa. Pouco passava da meia hora de jogo e já a equipa adversária jogava com dez.

No início da segunda parte, Meireles voltou a mostrar a sua veia goleadora e tornou-se o homem do jogo ao marcar mais um golo.

Os Camarões ainda reduziram mas Nani matou o jogo com um vistoso chapéu ao guarda-redes africano que um central não conseguiu tirar de dentro da baliza a tempo de o golo ser confirmado.

Há mais uma lesão a lamentar nas hostes nacionais. Pedro Mendes, após lance aparatoso com o Jogador Número Sete dos Camarões saiu em maca em direcção aos balneários. Desconhece-se a gravidade da lesão.

Quem não irá com toda a certeza é Zé Castro que foi preterido por opção da lista de vinte e quatro jogadores convocados à condição por Carlos Queirós. Pepe estará, portanto, apto apesar das reservas do médico do Real Madrid. Eu não sou ninguém para criticar esta opção. Simplesmente acho ridículo ir ao Mundial um jogador que já não joga desde Dezembro e, ainda por cima, ficar de fora um jogador nascido e criado em Portugal que tem todo o direito de ir à Selecção. Estes brasileiros na Selecção irritam-me. Não está em causa a qualidade do jogador. Ele nem tem culpa. Estes dirigentes é que vão num lindo caminho. O Deco é um excelente jogador, vai terminar a sua participação na Selecção Nacional e regressa á pátria-mãe como se ter representado a Selecção Nacional tivesse sido mais um clube por onde passou. Enfim…só de me lembrar que aqui há uns anos não deixaram o Marcelo vestir a camisola da Selecção. Ele que tinha mais legitimidade de a vestir do que estes três senhores dado a sua família ser portuguesa, ele próprio viver e estudar em Portugal e ainda hoje cá viver. Há coisas que não se entendem. Depois de terminar a carreira, eis que eles regressam ao País Tropical felizes da vida, enquanto que os portugueses ficaram de fora. Zé Castro, estou contigo!

A propósito, faço esta pergunta aos dirigentes federativos, se é que alguma vez vão ler isto: se acaso um filho de imigrantes de Leste com vida feita em Portugal for bom jogador, até ter nascido cá ou tiver adoptado nacionalidade portuguesa, será que pode envergar a camisola das Quinas? Isso é só para estes brasileiros que vieram para cá jogar Futebol? Sem senhor!

Voltando a este jogo, foi uma importante vitória que dá moral à nossa Selecção para o que a espera em terras africanas. Espera-se goleada a Moçambique.

Wednesday, June 02, 2010

Top M80



Apesar de agora ter muito pouco tempo para ouvir música- coisa que eu tanto adoro fazer mas outros valores se levantam, não dispenso o rádio sempre sintonizado na M80.

A criação desta rádio foi uma excelente ideia. Os saudosistas como eu que acham que antigamente é que se fazia música em condições, os que já estão a ficar velhos como eu e gostam de recordar velhos tempos com as músicas que marcaram algumas etapas da sua vida têm finalmente uma rádio que lhes enche as medidas.

Logo ao acordar, depois de calar o despertador do telemóvel, acendo o rádio e sou logo inundada por uma música que faz as minhas delícias enquanto me preparo para mais um dia árduo de trabalho. É sempre bom recordar.

A criação do Top M80 foi também uma excelente ideia. Dá um pouco de trabalhinho a produzir mas vale a pena a intensa pesquisa e sobretudo a dificuldade que se tem de ultrapassar para achar determinadas músicas.

Esta semana particularmente, e como não trabalhava este domingo, não queria perder por nada esta edição do Top M80. Ia ser recriada a tabela de Dezembro de 1986 do Reino Unido. Nessa época, apesar da minha pouca idade, estava no auge em termos de gostar de música. Também aqui em Portugal se fazia uma contagem semelhante e eu decorava a tabela do princípio ao fim. Lembro-me que, se acaso o meu vizinho não tinha oportunidade de ver a contagem, eu lhe dizia uma a uma as canções que estavam na tabela. Ele admirava-se.

O top do Reino Unido dessa altura não deveria, portanto, diferir muito do nosso, daquele que eu parava tudo para poder assistir religiosamente. Iriam ser duas horas para recordar. Duas horas intensas.

Entre os vinte temas apresentados por Pedro Marques, conheceria certamente parte deles e faria as inevitáveis comparações entre essa contagem e a portuguesa. Passaria certamente um ou outro tema diferente e passaria uma ou outra música que eu já nem me lembrava que existia. Essa música estava sensivelmente a meio da tabela, em décimo terceiro lugar, salvo erro. Conhecia e ainda ouço muita vez a canção “Don’t Leave Me This Way” mas o single extraído a seguir do mesmo álbum nunca mais ouvi. Lembro-me que os Onda Choc fizeram uma versão portuguesa dessa música e que na altura a original passava na Emissora Voz da Bairrada. Desde essa altura, penso eu que nunca mais ouvi tal tema.

As canções que ocupavam os primeiros quatro lugares na tabela do Reino Unido também por aqui ocupavam os primeiros lugares. Lembro-me perfeitamente disso mas estava a fazer um pouco de confusão antes de Pedro Marques divulgar, finalmente, quem liderava a tabela. Sei que os Europe- líderes dessa tabela também aqui foram primeiros durante muito tempo mas eu pensava que era antes, muito antes. Pensava que a canção que aqui estava em primeiro lugar era “Lover Why” dos Century- uma balada a que eu não achava o mínimo de piada na altura mas que hoje é uma das minhas músicas favoritas. Também me lembrei dos Pet Shop Boys mas terá sido mais tarde. E tive uma vaga ideia que os Bon Jovi com a música “Living On A Prayer” (nesta contagem em quarto) também lideraram aqui a tabela.

Depois dos Bon Jovi, em terceiro lugar estava “Caravan Of Love2 dos Housemartins (na altura, como não sabia ainda Inglês, questionava o facto de muitas músicas na altura terem como título qualquer coisa “of love”). Essa música penso que nunca atingiu os primeiros lugares por cá, tenho a memória de andar pelo meio da tabela, nunca à frente.

Em segundo lugar estava uma música que também aqui estava quase sempre em segundo ou terceiro. Ainda agora estou a ver a capa desse disco. Estou a falar do tema “Sometimes” dos Erasure. A música de que mais gosto desse grupo por acaso até é outra e penso que é alguns anos mais recente- “Blue Savannah”.

Estava em ondas para que Pedro Marques divulgasse o nome da canção e do grupo que liderava essa contagem. Century? Pet Shop Boys? Refira-se que eu pensava que os Europe lideraram aí um ou dois anos antes mas enganei-me. Então os Century devem ter liderado a tabela imediatamente depois e os Pet Shop Boys aí uma ano depois mas estiveram muitas semanas em primeiro. Lembro-me vagamente de até terem dois singles nos lugares cimeiros da tabela por cá. Também me lembro dos Bee Gees com o tema “You Win Again”mas penso que, quase com cem por cento de certezas, que foi depois disto.

Já que falamos em tabelas de músicas e canções que nunca mais ouvimos: que foi feito de um tema do Elton John que liderou muitas semanas a tabela por cá em 83 ou 84, se a memória não me atraiçoa? Não sei o nome da música mas lembro-me que tinha um videoclip em que aparecia um miúdo pequeno que mal andava. Achava imensa piada a esse videoclip na altura. A música nem nos Best Of do cantor parece que sai e nunca me lembro de a ter ouvido na rádio. Era uma boa música para Pedro Marques e companhia procurarem. Eu não a posso sugerir porque não me lembro do título. Como eu disse, nunca ouvi tal tema na rádio, somente na tabela e era na contagem de cá, naturalmente. Espero a contagem de uma tabela aproximada a essa época para saber se essa música também liderava algures. Provavelmente, dado tratar-se de uma canção de Elton John. Estranho é nos dias de hoje e mesmo nessa altura esse tema não passar na rádio.

Final do Festival Eurovisão da Canção 2010



E chegou finalmente a noite de todas as decisões. Já desde pequena que acompanho a noite do Festival Eurovisão de forma especial e guardo para sempre na memória algumas participações inesquecíveis. Estou a elaborar um post com algumas das minhas canções favoritas de todos os tempos. Sabe sempre bem recordar.

Antigamente costumava escrever as votações todas à mão, o número das canções e outras incidências do evento. Em meados dos anos 90 colocava um pequeno gravador com uma cassete áudio a gravar. Mais tarde já era uma cassete VHS. Agora, por alturas do Festival, procuro mp3 e vídeos no YouTube. Sinais das mudanças tecnológicas ao longo dos tempos.

Há dias que me venho preparando para esta grande noite. Em virtude de ter dado muito tarde e em diferido, não pude acompanhar na íntegra a segunda semifinal em que a minha canção favorita era a da Dinamarca.

Comendo umas cerejas, ia assistindo ao espectáculo que abriu com a presença do vencedor do ano passado que aqueceu a plateia.

O desfile das vinte e cinco canções propriamente ditas iniciou com a presença do Azerbeijão e terminou com a prestação da Dinamarca, uma das minhas canções favoritas.

Vou passar aqui a fazer algumas considerações sobre factos que eu apontei. Como eu tive oportunidade de referir no texto sobre a semifinal em que participou Portugal, houve uma especial preocupação este ano única e exclusivamente em cantar e não em dar espectáculos de outra índole. Há anos atrás ouvi mesmo apelidar o Festival de local onde as pessoas descontentes com a sua sexualidade se exibiam sem tabus. Isto a propósito da vitória de Israel em 1998, vitória essa obtida por uma senhora que já fora um senhor. Nos anos seguintes houve países que repetiram o número para ver se pegava. A Eslovénia, a Dinamarca e a Ucrânia foram os exemplos inacabados. Atenção que não estou a descriminar nem a pejorar essas pessoas. Têm o direito a participar como as outras. O que eu estou a criticar é o facto de alguns países terem aproveitado o talento que deu a vitória a Israel com todo o mérito para levarem pessoas sem o mínimo de qualidade. A Eslovénia e a Ucrânia exageraram nesse sentido. Depois começaram a vencer canções que se afastavam completamente do espírito do Festival Eurovisão. Estou-me a lembrar da Grécia e da Turquia. São músicas boas para passar na rádio mas, da cultura tradicional do país que é o que interessa nada têm.

Sensivelmente de há três anos a esta parte, as coisas inverteram novamente para o que é o espírito do concurso. Em 2007 uma jovem da Sérvia chamada Marija de cabelo curto, de óculos e que se exibiu em palco de calças e casaco (quase uma minha sósia) mas com um grande talento venceu o Festival. Foi a primeira vez que eu acertei em quem iria ganhar. A partir daí, este ano inclusive, o concurso foi sendo ganho por jovens talentosos. O ano passado venceu um jovem que não teve a ajuda de ninguém naquela música. Tudo foi pensado e executado por ele. Apesar da crítica, foi uma vitória merecida. Quando o vi actuar, vi logo que ele ira ser muito premiado, sobretudo pelo júri entendido em talentos.

As actuações que se afastaram um pouco daquilo que era o acto de cantar este ano foram duas na final. Em anos anteriores eram dez ou mais em cerca de vinte e cinco canções. Este ano a Sérvia e a Moldávia foram as únicas. Aliás, aquele sérvio destoava mesmo. Estava, na minha opinião, deslocado do concurso. No Festiva aí de 2002 seria mais um.

Ao fim de alguns anos a Irlanda regressa à final do Festival Eurovisão. O país recordista de vitórias apresentou-se com uma das suas vencedoras daquelas vitórias consecutivas que conseguiu na década de 90. Naquela altura quase que nem era preciso fazer festivais porque já se sabia que a Irlanda ia ganhar. Era uma espécie de F.C. Porto da Eurovisão. Não havia era a suspeita de que os irlandeses corrompessem o júri. Aliás, nos anos seguintes a essas vitórias correu mesmo o boato de que a Irlanda invertia a tabela do festival lá do sítio para não ter de arcar mais com as despesas de organizar o Festival Eurovisão. Assim, levando a pior canção, já não se arriscava a ganhar. Terá sido por isso que só agora passa das semifinais. No final, a antiga vencedora do Festival ficou quase em último. O que terá mudado desde a vitória no Festival até hoje? O sistema de voto? Não me recordo já como era quando ela venceu. Eu nem sei em que ano foi que ela venceu. Haveria certamente menos países a concorrer. Os valores seriam diferentes. Provavelmente estes jovens talentosos que aqui se apresentaram superaram o talento que ela tinha na altura ou simplesmente ela perdeu qualidades. Não deixa de ser curioso. Ela apresentou-se a concorrer na Noruega, país de Elisabeth Andresen (vencedora do Festival Eurovisão em 1987, salvo erro e que estava sempre a ir ao Festival) e de um outro senhor que também representava a Noruega como se lá por aquelas paragens não houvessem outros artistas. A Noruega é o país dos repetentes ao Festival por excelência.

Houve uma canção que, assim que eu a ouvi, pensei que ira ficar bem classificada ou mesmo vencer o festival. Não me enganei. Estou a falar da canção da Turquia. Era também uma actuação que destoava das demais mas que estava muito bem conseguida. A haver surpresas, seriam certamente dali.

O público voltou a aplaudir efusivamente a senhora Bjork. Era a loucura. Para quem via nisso um prenúncio de vitória da Islândia, foi a prova de que nem sempre a canção que arranca mais aplausos é a vencedora. Todos aqueles aplausos se deviam única e exclusivamente ao carisma da cantora, à sua maneira de ser e não ao seu talento.

Mais uma vez fiquei com a sensação de que quem merecia vencer era o belga. Ele esteve simplesmente espectacular mas toda a gente achou que a jovem alemã também esteve muito bem e deram-lhe a vitória.

Uma palavra para a canção francesa: assim que a ouvi fiquei com a sensação de que aquela música teria tudo para ser um sucesso de verão e, agora em época de Mundial de Futebol, ira ser certamente uma das ideais para banda sonora das imagens do dia ou do Mundial propriamente dito. Isto antes de eu saber que essa música era…o hino da Selecção Francesa no Mundial. Como têm a boa da entrada directa na final da Eurovisão, a França deve levar uma canção qualquer, mesmo o hino da Selecção Nacional.

Um facto insólito marcou a final: o intérprete espanhol teve de interpretar a sua canção uma segunda vez porque alegadamente o palco havia sido invadido por alguém. Provavelmente seria alguém a querer verificar se a sua cabeleira era natural ou se tratava de uma peruca. O facto de ter cantado duas vezes não valeu nenhuma vantagem para as cores espanholas.

A tradição ainda é o que era e o Reino Unido voltou a ficar em último lugar. Há coisas que nunca mudam! A música não era má…mas era do Reino Unido e Festival que é Festival tem de acabar com o Reino Unido em último mesmo que leve a melhor canção de todas.

A nossa canção ficou em décimo oitavo lugar com 43 pontos. Foi pena Andorra este ano não ter participado, senão eram mais uns pontos. E o Luxemburgo…já não me lembro de ver o Luxemburgo a participar no Festival há muito. Fiquei chateada de a canção da Sérvia ter ficado à nossa frente. Que horror!

No início das votações fiquei toda contente porque os primeiros dois países que votaram deram doze pontos à Dinamarca. Eu adorava aquela música. Estive indecisa entre votar nela ou na da Rússia. Pensei que a Dinamarca não ia dar hipóteses mas enganei-me. Quem não deu hipóteses foi Lena, a jovem alemã. Em segundo lugar ficou então a tal canção que eu dizia que ia fazer coisas engraçadas- a Turquia. Se ganhasse não me surpreendia.

O encerramento do espectáculo coube a Lena, a grande vencedora. Visivelmente emocionada, a jovem alemã repetiu a interpretação da sua música já empunhando uma bandeira do seu país, qual atleta pronta a dar a volta de honra à pista. Enquanto cantava, Lena ia proferindo palavras de incredulidade quanto ao que lhe acabava de acontecer e ia agradecendo ao público em Inglês e Alemão.

Eu particularmente não gosto da música mas acho que ela é talentosa e isso pesou para quem teve de decidir.

A canção da Rússia ficou aí em décimo lugar ou algo do género. Sei que ficou à frente da portuguesa. Apesar de eu gostar da música, achava que ficaria quase em último (em último não, que está a participar o Reino Unido).

Para o ano há mais!

A pressa dá sempre mau resultado

Ver também “”Perdas e esquecimentos”

Foi mais um dia em que eu não acabei o que estava a fazer a horas de eu me ir embora. Já passava das sete e meia quando me despachei e o autocarro era às oito menos um quarto.

Mas o que é que as minhas colegas querem que eu faça? Se não correr, fico longos minutos na paragem a secar à espera que venha o próximo autocarro. Enquanto isso, perco tempo precioso. Em meia hora dá para eu comer decentemente, para dar uma vista de olhos a alguns textos, dá para ver as notícias…tudo antes de ligar a Internet. Como agora a Internet é por carregamentos, tenho de já ter as coisas preparadas na medida do possível para quando eu a ligar. É que o tempo de ligação está a contar e ainda há os jogos virtuais para preparar. Meia hora é muito.

Eu quando vejo que o tempo escasseia para apanhar o autocarro corro. Não tenho a sorte de ter carta de condução como elas. Se se atrasarem cinco minutos, chegam ao estacionamento e lá está o carrinho que não se vai embora sem elas. Elas ainda não sabem que eu, por não ter a possibilidade de ter carta de condução, não posso trabalhar na minha área. Que uma pessoa se esfola a estudar para depois ficar, à partida impossibilitada de responder a um anúncio por ser exigida a porcaria de um papel que não tenho a culpa de não poder ter. Pouca gente ali sabe que tenho licenciatura em comunicação Social e não estou a contar em espalhar muito esse facto ocultado propositadamente do currículo que apresentei.

O tempo escasseava e havia que correr. Há um torniquete que agora funciona e que dá acesso ao interior do supermercado. Só há poucos dias é que ele começou a funcionar. Vinha das caixas já cheia de pressa. Ia-me lá lembrar que aquilo já funcionava?

Comecei a correr. Iam umas pessoas à minha frente. Com a chegada dos clientes, o torniquete abriu. Para evitar que ele fechasse, tive de correr mas foi tarde de mais. Fui contra um cliente e estatelei-me no chão, levantando-me no mesmo segundo e começando a correr como se nada tivesse acontecido.

No dia seguinte tive de aturar o discurso de umas poucas de colegas minhas:
- “Caíste? Magoaste-te? E se partias uma perna? E se te aleijavas?”

Azar! Estou farta dessa ladainha e já estava por aqui dessa conversa. Não lhes podia responder da maneira como me estava a dar vontade de o fazer. Se caísse, ou melhor, se me aleijasse, se partisse uma perna, um braço ou assim não era nada no meio do que eu já suporto na vida. Ao menos um braço partido ou uma perna cicatrizam. O problema que eu tenho tende a piorar e o pior é que, por causa dele, não sou ninguém na vida. Por causa dele corro e por causa dele estou impedida de mostrar aos outros o que realmente valho sem ter de cobrar um preço muito alto.

Falam bem porque sempre tiveram facilidades. Uma perna ou um braço partido para elas seria certamente uma tragédia. Para mim, que já vivi muita coisa, não seria mais do que um pequeno percalço na vida.

Caí? E depois? Veio algum mal ao Mundo? Que eu saiba nunca fui parar ás urgências hospitalares por causa de uma queda. Conheço as urgências por causa dos meus problemas e é indigno uma pessoa da minha idade ir a uma urgência hospitalar por causa de uma doença e não por causa de um acidente. Desde pequena que estou habituada a ir a uma instalação hospitalar e estarem lá pessoas com idade para serem minhas avós.

Irra que já cansam! Não me aleijei. Vim trabalhar no dia seguinte. Por isso acabou-se a conversa. Ponto final antes que eu me chateie.

Pão para cachorros



Esta passou-se comigo. Tinha de ser!

Estava eu a fazer a reposição de pão quando se abeira um cliente e pergunta enquanto tira um saco de pão brasileiro do cesto:
- “Este é que é o pão próprio para os cachorros?”

Eu fiquei incrédula. Depois da senhora que perguntou um dia qual o courgette melhor para dar á sua porca da Índia, eis que agora vem outro que tem o hábito de criar pequenos cãezinhos a pão. Realmente tratam bem aqui os animais! Ainda a fazer estas cogitações interiores respondi:
- “Não faço ideia! Eu até nem sabia que existia um pão específico para dar aos cães…”

Ressalve-se o facto de o senhor não se ter rido nem ter perdido a compostura:
- “Eu estava a perguntar se era este o pão com que se faziam os cachorros, aquelas sandes de salsicha.”

Corada até à raiz dos cabelos e com um certo calor de vergonha a invadir o meu espírito, pedi imensa desculpa e disse que sim, que era aquele o pão de se fazerem os cachorros, conhecido por pão brasileiro ou baguete.

E lá fui para dentro sem disfarçar o embaraço e soltando uma gargalhada. Estive realmente….como hei-de dizer…bem.