Tuesday, February 22, 2011

Desempregada mas bonita

Um dos maiores desafios que me proponho a realizar, e um dos que mais me diverte, é ouvir uma notícia curiosa na rádio e tentar imaginar como seria cá pelo nosso burgo se acaso copiassem a ideia original.

Para hoje trago algo que acontece em França onde as mulheres desempregadas de longa duração têm direito a cuidar da beleza gratuitamente. A finalidade deve ser a boa apresentação das candidatas a um emprego quando são apresentadas a potenciais empregadores.

E se aqui em Portugal se copiasse esta ideia? Como seria? Para começar, nos dias conturbados em termos económicos que estamos a atravessar, tal ideia está completamente fora de hipótese. Segundo alguns rumores, tomara o Estado pagar os subsídios de desemprego a tempo e horas, quanto mais cabeleireiro e esteticista para as mulheres portuguesas.

Depois havia também um certo aproveitamento da situação, como sempre acontece por aqui. Para além de se acomodarem ao subsídio de desemprego e só procurarem trabalho quando o subsídio está prestes a expirar, não faltariam portuguesas a prolongar ainda mais a situação só para receberem benefícios nos cuidados de beleza. Não me admirava nada que isto acontecesse. Há gente por aí que quase anda a pedir mas para pinturas para o cabelo e produtos caros para a pele há dinheiro. Se fosse o Estado a pagar essas extravagâncias, seria ouro sobre azul. Era da maneira também que o parco subsídio de desemprego chegava para mais algum vício que esta beneficiária tivesse.

Quando finalmente a beneficiária do subsídio de desemprego se decidisse a comparecer numa entrevista de emprego, apareceria lá uma autêntica boneca de porcelana, com a cara exageradamente pintada, sem um sinal de rugas e com os cabelos incrivelmente cuidados. Como todas as candidatas apareceriam bem produzidas na entrevista, o responsável pelo recrutamento de novos funcionários teria uma enorme dificuldade em escolher. Quase parecia o concurso da Miss Portugal ou o casting de uma agência de modelos.

Ah, já sei onde gastariam as portuguesas o dinheiro que iriam ter a mais por já não gastarem na beleza. Comprariam roupas chiques e acessórios a condizer. Aí estariam perfeitas quando fossem chamadas a uma entrevista de emprego.

Para já não se pensa em importar a ideia do Instituto de Emprego e Formação Profissional de frança para Portugal. Seria um desastre se isso um dia acontecesse. Para além de arrombar de vez com o frágil orçamento do Estado, ainda causaria grandes transtornos. Um dos mais visíveis seria talvez o número de casos de assédio sexual nas empresas e a falência de muitas porque os patrões andariam a pensar noutras coisas que não os negócios.

Estamos em Portugal.

A cor vermelha

Muita acção e Desporto em mais um sonho em que a cor vermelha está presente.

Tudo começa quando nos entregaram na ACAPO duas bicicletas das normais novas e uns equipamentos. Incrivelmente a minha irmã também praticava Desporto. O meu pai levou as bicicletas para casa e forrou-as de vermelho. Ele que é um benfiquista ferrenho. Tinha de ser!

Lembro-me de um episódio de um treino de corrida a pé em que eu temia que a minha irmã me pudesse ultrapassar. Sentia-me desconfortável e pensava no ponto a que cheguei. Eu, que fora uma atleta de alta competição, hoje era mais lenta do que toda a gente?

Passemos agora à intensificação do disparate. Falando de cor vermelha, lembramo-nos de…período menstrual. Pois é, na televisão passava um anúncio de umas tiras vermelhas para esses dias do mês.

Por último, o que eu sonhava quando o despertador tocou. Era um comboio que não funcionava com trovoada. Tinha de parar sempre que se ouvia um trovão, abrindo e fechando as portas muito rápido. Não era bem um comboio, mais parecia um elevador e tínhamos de sair dele muito rápido antes que uma luzinha vermelha se acendesse e a porta fechasse.

Talvez devido à vitória do Benfica ontem no Estádio do Dragão por 0-2, com golos de Fábio Coentrão (que viria a ser expulso por duplo amarelo) e Javi Garcia, o meu subconsciente pintou as imagens oníricas em tons de encarnado.

Barulho e sonhos estranhos

Acordei por volta das três da manhã com estranhos barulhos que não sabia de onde vinham. Primeiro pareciam-me vindos do andar de cima mas depois já me pareciam vindos mesmo de ao pé da minha janela. Até parecia que alguém mexia no cordão da roupa. Será que com tanto frio o filho da minha senhoria ainda foi colocar alguma roupa a enxugar?

Confesso que este barulho que não sabia identificar me estava a intrigar um pouco. Confesso que estava até a ficar um pouco assustada. Escutei melhor. Parecia que no andar de cima arrastavam móveis ouy mexiam em cortinados.

Acabei por adormecer novamente e sonhei com coisas estranhas, para não variar.

Chegava quase meia hora atrasada ao emprego porque me distraí um pouco, para não dizer muito. Lia algo e também via uma estranha reportagem. Coisas estranhas não faltaram por aqui. Ultimamente tenho sonhado que não entendo o que leio por me soar a estranho. Este é mais um desses casos.

O material no qual eu me debruçava a ponto de me absorver tinha como tema a missão de um grupo de jovens voluntários que partiria para a Estónia, imagine-se. E o frio que não faz por lá nesta época? Não era a mim que me apanhavam lá por estes dias, não.

O grupo era bastante numeroso, vestido de branco, e a brochura que os apresentava individualmente dava a entender que eles tinham nomes que não eram mais do que um amontoado de letras sem sentido.

Já em minha casa, a minha mãe veio do médico com boas notícias. Afinal o problema que ela tinha no olho não era assim tão grave.

Também me lembro de ter sonhado com um cão preto e outro branco e que experimentava roupa (especialmente calças de ganga) mas não sei a que propósito, nem em que altura destes sonhos é que isso ocorreu.

Escrita em dia

Já há muito que deixei de ter folgas dignas de registo. Estas últimas têm sido passadas a tentar colocar a escrita em dia.

Depois das aventuras e desventuras com os computadores, com a Internet e afins, o blog começou a ficar com um considerável atraso que agora tem de ser recuperado.

Assim que termino os meus afazeres na ACAPO, a seguir ao almoço, apanho o autocarro para casa onde estou toda a tarde a tentar colocar o blog o mais em dia possível. A tarefa não é nada fácil mas vão-se fazendo os possíveis.

Monday, February 14, 2011

Calor humano

Dizem que em Londres ou lá onde é existe um hotel onde se pode recorrer ao serviço de aquecedor de camas humano. E um serviço destes em Portugal? Como seria?

Comecei a pensar e, dadas as especificidades dos portugueses, tinha de sair daqui disparate pela certa. Há coisas que se acaso são importadas para a nossa realidade têm obrigatoriamente de dar confusão. Esta seria uma delas.

Vejamos o seguinte: uma unidade hoteleira algures em Lisboa (sim porque estas coisas demoram a chegar a outras localidades que não a capital). O serviço de aquecedor humano não carecia de ser activado pelo cliente. Aqui, como não se queria gastar electricidade, o serviço era inevitável.

O aquecedor humano antes de começar a sua azáfama ficava exposto cerca de uma hora a uma enorme fogueira alimentada a lenha durante uma hora até ficar até não poder mais de tão quente. Depois lá ia ele até à primeira cama que tinha de aquecer. Claro está que o horário de expediente era nocturno. Só muito raramente é que um cliente se deitava durante o dia e isso normalmente acontecia depois de uma viagem longa de avião que um cliente fizesse e houvesse a necessidade de descansar.

Como seria então o quotidiano destes aquecedores humanos cá em Portugal? O nosso humilde espaço percorreu todos os hotéis e encontrou o que procurava. Sentados à fogueira a prepararem-se para começar mais uma noite de trabalho encontravam-se os três aquecedores humanos residentes desta unidade hoteleira da Capital.

Queríamos ouvir as suas histórias, as aventuras, as desventuras e, essencialmente as situações embaraçosas que acontecem ao ritmo da ignorância e incompreensão dos turistas.

Augusto Rodrigues, trinta e seis anos, arranjou este emprego por ser um novo desafio e pela oportunidade única de ter um emprego em que estaria deitado, algo que qualquer português gostaria de ter. Questionado sobre o grau de satisfação em relação à sua insólita profissão, o aquecedor humano declara-se bastante contente, até porque os ordenados e as condições de trabalho ajudam.

Entre amigos, há sempre gracejos e bocas acerca da sua invulgar ocupação. Mas haverá assim tantos momentos embaraçosos? Augusto Rodrigues recorda o momento mais embaraçoso que teve. Estando deitado numa cama, ainda por cima à noite, a tentação de dormir é tão forte que não há maneira de evitar passar pelas brasas. Numa ocasião Augusto adormeceu enquanto aquecia a cama de um hóspede português que chegaria dos Estados Unidos a altas horas da madrugada. Apesar de ter começado a aquecer a cama do senhor por volta da uma da madrugada, o senhor só chegou por volta das quatro da manhã quando era esperado por volta das duas.

Quando o cliente entrou no quarto e viu que a sua cama estava a ser ocupada por um homem que ressonava uns decibéis acima do suportável, desceu as escadas e questionou o recepcionista sobre o número correcto do seu quarto. O recepcionista voltou a confirmar que o número do seu quarto era aquele. O cliente solicitou ao recepcionista que o acompanhasse até ao quinto andar para confirmar com os próprios olhos que o quarto estava a ser ocupado por outro hóspede. Quando entraram no quarto o recepcionista informou o cliente do serviço que tinham naquela unidade hoteleira. O cliente foi embora porque não lhe apetecia deitar nos mesmos lençóis onde outro estava a dormir.

Por causa das esquisitices e manias de alguns hóspedes, António Duarte deita-se por cima da roupa mas já lhe disseram que assim não era bom porque arrefecia facilmente. O inconveniente neste tipo de comportamento é apenas e só o de ter de ir mais vezes para a sala da fogueira.

Paulo Damasceno, um jovem de vinte e um anos, já teve dissabores mais sérios pela sua beleza e juventude. Também ele adormeceu enquanto aquecia uma cama. Por acaso a hóspede era uma brasileira muito fogosa que não se importou de na sua cama já haver companhia. Questionado sobre essa noite, Paulo Damasceno apenas soltou um sorriso malandro.

Por falar em adormecer enquanto se aquece a cama de alguém, alguma vez encheram as almofadas e os lençóis de baba? Nenhum dos entrevistados mencionou este inconveniente lembrado bem a propósito pela nossa equipa de reportagem. As verbas astronómicas que nos pagam para nos lembrarmos de pormenores que escapam ao comum dos mortais não nos permitiriam deixarmos esta questão por abordar.

Nenhum dos três entrevistados se referiu a isso mas as histórias embaraçosas continuaram em catadupa. Augusto Rodrigues recorda-se de ter chegado para aquecer uma cama de uma senhora já de uma certa idade e encontrar a cliente já nua como veio ao Mundo. Ambos corados e embaraçados, não souberam o que fazer ou o que dizer.

Já Paulo Damasceno entrou num quarto de casal onde um homem e uma mulher discutiam de forma muito violenta. No preciso momento em que o aquecedor humano abriu a porta, voou uma jarra que estava em cima da mesa. Paulo Damasceno apenas se teve de desviar uns centímetros para impedir que o objecto lhe acertasse em cheio. Aqui para nós, para que é que eles precisavam da cama aquecida se já estavam a ferver? Estes comentários completamente desnecessários também estão a ser pagos a peso de ouro.

Por falar em casais, em certa ocasião António Duarte foi aquecer um quarto destinado a um casal. Não detectando movimento, o aquecedor humano deitou-se no seu posto de trabalho que era a cama. Da casa de banho, envolta numa toalha, surgiu uma cliente bastante jovem e atraente. Provavelmente ele não a terá ouvido porque ela devia estar a passar creme pelo corpo. Ao contrário de tomar duche, esta tarefa não implica barulho. A menos que a pessoa cante enquanto cuida da beleza corporal.

Ela saiu da casa de banho nua apenas envolta numa toalha e não se apercebeu que alguém se encontrava na cama. Absorto a observar a “paisagem” o aquecedor humano não saiu de onde estava. Só que o companheiro da jovem entrou no quarto e viu a cena. Logo questionou a companheira que, horrorizada, só naquele momento reparou que um estranho dormia na sua cama. O companheiro não acreditou e seguiu-se uma acesa discussão. O aquecedor humano teve de intervir e assumir as culpas. Isso valeu-lhe dois socos na cara. A partir desse dia, sempre que entra num quarto verifica bem se por acaso está alguém na casa de banho ou noutro recanto qualquer do aposento.

Os aquecedores humanos que contactámos referem o carácter sazonal da sua profissão como o principal inconveniente desta actividade. No Verão não é necessário aquecer-se a cama.

A título de curiosidade, houve uma unidade hoteleira que tentou substituir os aquecedores humanos por gatos. Tal ideia não foi por diante porque há imensa gente alérgica a estes animais. Eu cá não me importava. Quantas vezes no inverno não levava a Juju ou o Koguito para aquecerem a cama? Resultava, sem dúvida.

A minha opinião sobre esta temática tão invulgar é clara: eu jamais me deitaria numa cama onde uma pessoa estranha dormiu. Preferia mil vezes esperar uma ou duas horas até conseguir finalmente adormecer como acontece sempre que me deito. Por vezes eu própria aqueço a cama antes de me deitar sentando-me a ler por cima da roupa. Resulta um pouco.

Jara tem talento

Você tem um sonho, nós damos o palco

No dia em que a SIC estreava o seu novo programa de detecção de talentos, no mesmo canal televisivo alguém mostrava que de facto tinha talento de sobra.

Mal começava o desafio e já o protagonista da noite criava perigo. Temos craque! Este Jara é um jogador que, num futuro próximo, dará muitas alegrias aos benfiquistas que já nem se lembram de Mantorras que já deixou de jogar e começam a ver que o futuro de Nuno Gomes no Benfica passará do relvado para o gabinete. Está cada vez mais a cativar os adeptos, este jovem argentino.

Foi anulado um golo ao Aves por hipotético fora de jogo a Nelson Pedroso. Apesar de ser benfiquista dos sete costados, sei ver que o jogador da equipa adversária não estava em posição irregular e por isso o golo seria limpo.

Depois de um remate bem disparatado de Kardec, o perigo tem de vir dos pés e da mente brilhante do seu colega de ataque. Hélder Godinho sai aos pés do argentino numa atitude corajosa, acabando por ser acidentalmente lesionado por um seu colega de equipa.

Do outro lado Moreira imita o seu colega de posto e também se arroja aos pés de Nelson Pedroso- o jogador mais perigoso do Aves.

Aos trinta e três minutos Javi Garcia faz o primeiro golo do Glorioso. É a primeira assistência do argentino (mais um e tão habilidoso como os outros) José Luís Fernandez. A propósito, Jardel também se estreou fazendo dupla de centrais com Sidnei.

Já em tempo de compensação, é travado o terceiro acto do duelo entre Moreira e Nelson Pedroso com o guarda-redes do Benfica a levar mais uma vez a melhor.

Na segunda parte Kardec voltou a demonstrar que não devia ter sequer vestido o equipamento. Os seus remates não estavam a sair grande coisa.

Jardel queixa-se de problemas físicos mas é o seu jogo de estreia e tudo fará para continuar.

Num remate cruzado, Jara faz o segundo golo do Benfica. Um golo merecido para o avançado do Benfica que muito tem trabalhado e muito tem animado o jogo e os adeptos. Desta vez marcou um golo de ângulo difícil.

Outro jogador querido pela massa associativa do Benfica, ainda o mais amado pelos adeptos, vai entrar. Nuno Gomes ainda vai dar uma perninha.

E volta a marcar, Nuno Gomes! É o delírio nas bancadas. Nuno Gomes só não joga mais vezes, na minha opinião, porque Jorge Jesus prefere dar lugar a jovens talentosos como Jara que são o futuro da equipa. Nuno Gomes irá limitar-se a ser chamado esporadicamente. Também marca os seus golos quando é chamado mas a sua carreira está em fase ascendente ao contrário da dos jovens que estão a aprender. Mau será um dia se os adeptos ainda continuarem a chorar pela eternidade futebolística de Nuno Gomes! A julgar pela amostra, isso não vai acontecer porque temos aqui um candidato a dar as mesmas alegrias e a conseguir os mesmos êxitos. Em boa hora foi descoberto. Este Pinto da Costa já não nos rouba como aconteceu no passado. Este escapou aos olheiros do Porto sempre atentos ao que se passa na América do Sul. Como foi possível? Se calhar a Argentina é um país tão vasto e com tantos talentos que alguns têm de sobrar para nós. E como estão a funcionar, os que sobram!

De louvar o esforço de Jardel. Está lesionado, falta pouco para acabar o jogo e o resultado está feito. Mesmo assim o antigo central do Olhanense regressa ao terreno de jogo. É o seu jogo de estreia com a camisola do Glorioso e ele quer jogá-lo até ao fim.

Enquanto Jardel se arrasta, Jara continua a dar espectáculo. Agora com o resultado feito, o argentino arranja maneira de entreter os adeptos com as suas jogadas puramente criativas que põem a cabeça em água aos adversários e são bonitas de ver para os adeptos. Quando resultam em golos...ai ai.

O jogo termina ainda com o quarto golo da autoria do jogador que até aí só estava a fazer figura de corpo presente. Com um remate espectacular, Felipe Menezes conseguiu subir uns quantos pontinhos da sua nota artística no jogo que era francamente baixa.

Melhor jogador em campo? Franco Jara, pois claro. Quem tem um suplente assim não se pode queixar da falta que fazem os titulares.

Veículo improvável de Sócrates assaltado

As eleições já lá vão mas no meu subconsciente o período eleitoral ainda marca presença.

Mais uma vez o local onde se desenrola esta trama onírica é o mesmo local de sempre. Sinceramente não sei o que significa aquele local mas, quem lê assiduamente os meus posts de descrição de sonhos, constata que a esmagadora maioria das minhas experiências enquanto durmo ocorrem a cerca de cem metros de minha casa. Ou ocorrem na terra atrás da casa da minha vizinha, ou mesmo ao pé da ponte como é o caso deste sonho.

Uma auto caravana estava estacionada no caminho que dava para as Cavadas. José Sócrates percorria Portugal nesse veículo para apregoar as suas novas políticas e convencer os descrentes eleitores portugueses para continuarem a acreditar nele.

Como a auto caravana de Sócrates se encontrava nas imediações de nossa casa, quando o Primeiro-ministro se ausentou do seu veículo, o meu pai e o meu vizinho decidiram assaltá-lo e roubar algumas coisas. Era um luxo lá dentro e Sócrates só tinha produtos caros de toda a ordem. Perfumes, roupa e até alimentos eram do melhor que andava no mercado. Eles levaram o que puderam e demonstraram algum prazer em terem assaltado tão ilustre personagem.

Chegou a altura de ir a votos. A auto caravana de Sócrates era igualmente o local onde se tinha de votar, imaginem. O veículo branco encontrava-se numa terra que a minha mãe já explorou no passado. Quando eu era pequena, por causa de uma embalagem de detergente que vi no pequeno riacho, decidi descer de costas. Não medi bem a altura e caí desamparada lá para baixo. A minha sorte foi que caí de costas em cima de um molho de mato que assim amortizou os efeitos da queda. Se acaso tivesse caído directamente lá em baixo, provavelmente a esta hora não estaria aqui a contar esta aventura.

Era esse espaço que se tinha de atravessar para exercer o nosso dever cívico. Uma simples e estreite tábua de madeira que mal aguentava o nosso peso servia de ponte entre a estrada e a terra. Se a tábua partisse ou se nós perdêssemos o equilíbrio, lá íamos parar ao ribeiro e desta vez não haveria molho de mato para amparar a queda.

Tinha medo de atravessar. O meu pai e o meu vizinho estavam-me a ajudar mas a tábua oscilava e a visão do fundo do ribeiro sem água aterrorizava-me. Apesar da ajuda, desequilibrei-me. Estava em queda livre quando acordei.

Emoções da Taça da Liga

Sabia-se de antemão que para o Porto seguir em frente na Taça da Liga dependeria do que fizesse o Nacional da Madeira frente ao Beira-Mar em Aveiro. E os dragões que já não sabem o que é depender de terceiros há muito tempo...

O primeiro lance de perigo do jogo de Barcelos até pertenceu ao Gil Vicente mas o nosso Marianito através de um remate de longe também tentou a sua sorte. Ele que manifestou o desejo de regressar à Argentina, o que me deixou completamente desanimada. Assim não o vou poder ver. Não tenho TV Cabo. Sou pobre e por isso não vejo os jogos do campeonato desse longínquo país da América Latina. Espero bem que ele por cá continue.

Falei do Jogador Número Onze do Porto e logo me perdi. Onde é que eu ia mesmo? Como estava também a ouvir o relato pela rádio, além de acompanhar o jogo do Porto pela SIC, ouvi Fernando Eurico dizer que Walter se estava a queixar das costas. Das costas? Eu que sou mazinha diria que a lesão até é um pouco mais abaixo. No rabo, na bunda como dizem lá na terra dele. E a bunda dele até é bem avantajada por sinal.

E já me perdi novamente com o que não interessa. No jogo de Aveiro surgem más notícias para o Porto. Aos dezassete minutos o Nacional chega à vantagem por intermédio de Skolnik. No mesmo instante mas no terreno do Gil Vicente, Zé Luís remata à trave.

O Cristian Rodriguez não tinha o cabelo mais escuro? Se já lhe chamavam o cebola, vá-se lá saber porquê, com aquela cor de cabelo a alcunha já faz mais sentido. A cabeça dele já parece mesmo uma cebola com casca e tudo.

Voltemos ao jogo, que é para isso que nos pagam! O jogador Hugo Vieira do Gil Vicente aparece caído na área do Porto. Entendendo que o avançado minhoto simulou uma grande penalidade, o árbitro mostrou-lhe cartão amarelo. Este jogador, como mais à frente se verá, é extremamente interessante. Parece que anda tudo a dormir no Futebol Português para não o ver com olhos de gente. Naturaliza-se um avançado brasileiro quando há aqui tantos e de qualidade como este.

Ah ainda decorre o jogo entre o Estoril e o Sporting também para a Taça da Liga. Já me esquecia. E está empatado a uma bola. Não sei se será por muito tempo porque o guarda-redes do Sporting Tiago acaba de ser expulso por cometer uma grande penalidade sobre Luís Leal. Chega a informação de que Rui Patrício está a demorar uma eternidade para se arranjar para entrar em campo. Não demorará os tais oito minutos que uma vez José Mourinho disse que Sabry demorava a apertar as botas mas não há-de faltar muito. Entretanto Vinicius,jogador do Estoril que vai marcar a grande penalidade, espera.

Depois de Rui Patrício entrar finalmente e de Diogo Salomão sair, o jogador do Estoril converte a grande penalidade e confirma a derrota do Sporting perante o décimo segundo classificado da Segunda Liga.

Em Barcelos, Marianito proporciona uma brilhante defesa ao guarda-redes Nuno Santos.

De Aveiro chega a notícia de um golo do Beira-Mar que nada altera. O Porto teria mesmo de marcar e mesmo assim não chegaria. Só a vitória do Beira-Mar e a do Porto por margem confortável seriam a fórmula mágica para os nortenhos passarem.

E Ruben Micael lá fez o que tinha de ser feito- o golo que dava a vitória ao Porto antes do intervalo. Com a conjugação de resultados ao intervalo, o Nacional segue em frente.

A segunda parte dos jogos de Barcelos e de Aveiro prometia ser animada e Beto já se aplicava a um remate de livre de João Vilela.

O Gil Vicente parecia entrar empenhado em alterar o resultado e este aparente ascendente foi materializado com um golo marcado por Hugo Vieira numa jogada em que Zé Luís insistiu pela direita e em que Beto poderia ter feito melhor.

Aos cinquenta e três minutos Rafa marcou o segundo golo do Porto. Mal sabia ele que seria o seu último golo nesta temporada pois sofreria uma lesão grave que lhe custará todo o resto da época.

Como o jogo de Aveiro ainda estava empatado, de nada valia a vantagem ao Porto. Só um golo do Beira-Mar agora.

Enquanto Guarin rematava para fora, em Aveiro um certo jogador de quem passámos a gostar...ou talvez não… marcava o segundo golo do Nacional. Luís Alberto para já estragava as contas dos portistas, nada mais.

As coisas ainda pioraram mais para o Porto porque Hugo Vieira ainda marcou mais um golo. Ele que se dá a conhecer. É de facto um avançado interessante e...português.

Enquanto o Porto desperdiçava soberanas oportunidades de marcar, Hulk e James iam aquecendo já há largos minutos.

Mais um remate do Marianito para fora. Já começava a faltar tempo aos portistas para evitar a mais que provável eliminação da Taça da Liga.

Depois de uma onda de substituições para ambos os lados, André Cunha a passe de Hugo Vieira quase fazia o terceiro golo do Gil Vicente.

Enquanto que em Barcelos Hulk já tentava fazer das suas de livre, em Aveiro o jogador do Nacional Mihelic acabava de falhar uma grande penalidade rematando ao poste. Já nada haveria a fazer. O Nacional seguiria em frente e o Porto diria adeus a uma competição que tinha aspirações de ganhar. A competição que lhe falta.

Terminou o jogo de Aveiro com a vitória do Nacional por 1-2. O que restava do jogo de Barcelos seria desnecessário já, até porque se lamenta o que aconteceu nesses escassos instantes com a grave lesão de Rafa.

Após uma falta de Souza sobre o Jogador Número Oitenta do Gil Vicente, este tombou com todo o peso do seu corpo em cima de Rafa causando uma arrepiante lesão. Vemos Ruben Micael muito impressionado com a lesão do companheiro. Ainda bem que é futebolista. Se fosse bombeiro carecia de falta de estofo para a profissão.

É de lamentar esta lesão, ainda para mais num jogador que estava a atravessar um grande momento de forma e estava prestes também a ser chamado por Paulo Bento à Selecção Nacional. É muito complicado isto que Rafa está a atravessar agora.

Já agora o jogador que magoou acidentalmente Rafa foi Júnior Caiçara e não João Vilela como inicialmente tinha nos meus apontamentos.

Pior do que empatar o jogo e abandonar uma competição por conjugação de resultados com o adversário mais directo, para o Porto perder Rafa por um longo período é sem dúvida a maior derrota. Apesar de não ser portista, desejo ao jogador do Porto um rápido restabelecimento. São coisas que acontecem no Desporto!

Se eu acertar nisto...

Para hoje tenho um sonho pequeno mas muito interessante. Será este um sonho premonitório? Só o tempo o dirá.

É curioso ter surgido este sonho. Pode não valer nada mas, se eu acaso acertar, nem sei o que vou fazer. Provavelmente ficarei rica porque vou abrir um consultório de ciências ocultas.

Segundo o meu subconsciente, o ano de 2012 será extremamente seco. A chuva só aparecerá quando não deve, isto é, em Agosto que é quando tencionamos ir para a praia.

O Inverno será um dos mais frios e rigorosos de sempre e um dos menos chuvosos também. Resumindo, vai ser do pior que pode haver. Mais vale emigrar.

Farta do Inverno

Eu previ que estes últimos dias de Janeiro iriam ser mais frios e não me enganei. O frio começa a incomodar-me.

Na verdade eu odeio profundamente o Inverno. Para além do frio e da chuva, o facto de anoitecer bem cedo também provoca em mim grande irritação. Conto os dias para que o horário passe para a hora de Verão e para sair do trabalho quando ainda é de dia. Só assim posso fazer caminhadas e passear até mais tarde para aliviar o stress.

Levantar de manhã também custa mais por esta altura do ano. Ainda por cima temos de despir e vestir toneladas de roupa e assim resta menos tempo para fazer outra coisa como apontar os sonhos sem estar com pressa.

Quando chegamos a casa de noite, já não há paciência para fazer seja o que for. Metemo-nos debaixo das cobertas a tiritar de frio à espera de aquecermos e muito fica por fazer. No Verão, se apetecer, é meia-noite e eu ainda a fazer alguma coisa.

Este tempo frio, cinzento e sem brilho está a demorar a passar. O mês de Janeiro lamentavelmente ainda não terminou. Que chatice!

Canil cinco estrelas

Como se devem aperceber ao acompanhar este espaço mais assiduamente, mais propriamente os posts de sonhos, os animais estão presentes na grande maioria deles. De facto os amiais de estimação lá de casa povoam o meu pensamento diariamente e isso reflecte-se naturalmente nos meus sonhos.

Aqui vai então o enésimo sonho deste blog passado em minha casa e que envolve animais.

Em minha casa havia um grande número de cães e gatos de todas as cores e tamanhos. A minha mãe estava preocupada com eles mas também estava determinada em falar com alguém que lhe fornecesse figueiras ou nogueiras. Não sei para que é que a minha mãe queria as árvores mas em sonhos deparamo-nos com estas coisas deliciosas de tão estranhas que são.

Nós tínhamos em mente construir uma obra monumental, um canil que ficaria nos nossos terrenos com celas individuais para cada animal. Nada de misturas. Seria, portanto, um canil de cinco estrelas.

Eu preocupava-me com o facto de todos aqueles animais poderem vir a morrer a curto prazo de diversas maneiras. A construção do canil era urgente, na minha opinião.

Acordei completamente gelada porque em cima de mim só tinha o lençol. Não sei o que andei a fazer com a roupa da cama.

P.S.: Em minha casa estão-se a fazer algumas obras. Hoje quando eu cheguei já estavam os armários postos na casa de forno. Para além das obras de remodelação da casa de forno, foi colocada rede em toda a volta dos nossos terrenos. Os gatos e os cães agora têm uma probabilidade mais baixa de se meterem à estrada, digo eu.

“Ouvi um barulho”



Ainda estava a ler quando ouvi um barulho de algo que chiava. Parecia um pássro, um gato ou algo assim. Fartei-me de escutar de onde vinha o barulho mas pareceu-me vir de dentro de casa.

Quando me fui deitar, voltei a ouvir o mesmo barulho e resolvi abrir a janela para verificar a sua origem. Na rua só ouvi pessoas a falar e mais uma vez fiquei com a sensação de que o barulho vinha de dentro de casa.

Ia já a fechar a janela quando o filho da minha senhoria me bateu furiosamente à porta e me perguntou se estava tudo bem. Eu respondi afirmativamente e apenas lhe disse que abri a janela por causa de um barulho que tinha ouvido. Ele disse, para grande surpresa minha, que me bateu à porta porque também tinha ouvido um barulho de alguém a cair. Eu não tinha explicado que tipo de barulho tinha ouvido.

Gerou-se a confusão. Ele bateu efusivamente à porta do quarto ao lado do dele onde estava hospedado um senhor que devia estar a dormir profundamente e não ouvia as pancadas na porta que eram cada vez mais violentas e acompanhadas de gritos pelo seu nome.

Ouvindo tal algazarra mesmo à minha porta, levantei-me descalça e fui ver o que se passava. O filho da minha senhoria já desesperava porque do outro lado não se ouvia um som que fosse e as pancadas na porta ou os gritos acordariam um cemitério inteiro.

Por fim a voz ensonada do hóspede fez-se ouvir aquando de um grito mais intenso pelo seu nome. Vendo que aquele hóspede estava bem, o filho da minha senhoria correu ao andar de cima mas nada tinha acontecido.

Enquanto isso, identifiquei o barulho que eu própria estava a ouvir e que foi em parte responsável por este rocambolesco episódio. O que chiava era a máquina de lavar roupa na cozinha. Para minorar a chinfrineira, a minha senhoria já tinha encostado a porta.

Tudo se foi dentar nos seus quartos e a confusão acabou.

Esta noite de Futebol prometia

Contava os dias para que chegasse finalmente esta quarta-feira futebolística depois dos acontecimentos no final do jogo do passado sábado entre o Benfica e o nacional.

Na minha cabeça já pairava um plano para fazer um acompanhamento nunca antes visto dos dois jogos que iam decorrer com a diferença de meia hora um do outro. O jogo que opunha o Porto ao Nacional tratava-se de um jogo antecipado da Superliga. Parece que o Porto encara com excessiva seriedade o confronto com o Sevilha e por isso decidiu antecipar esta partida em quase um mês.

Já o jogo que em Vila do Conde opunha o Rio Ave ao Glorioso contava para a Taça de Portugal. Eram os quartos de final. Quem vencesse defrontaria o Porto nas meias-finais.

Para que aquilo que inicialmente planeei desse certo, havia de depender de alguns factores. O número mágico era o onze. Passo a explicar:

Iria estar atenta às tropelias do jogador do Nacional que foi o protagonista juntamente com Jorge Jesus daquelas cenas lamentáveis. Já que ele gosta de se meter com argentinos aparentemente sociáveis e bastante populares entre os adeptos e que vistam a camisola onze, temi pela segurança do Marianito.

Os meus planos de protecção ao Marianito à distância, digamos assim, caíram por terra visto que André Villas-Boas deixou o argentino de fora dos convocados. Resta saber se em Vila do Conde o jogador argentino do Benfica que também veste a camisola onze e conheceu as agruras de se cruzar com Luís Alberto da Silva dos Santos (que com estes dois apelidos poderia ser da minha família mas não é) iria ou não jogar.

O aliciante do jogo de Vila do Conde prendia-se com o facto de ser provavelmente o último jogo de David Luiz com a camisola do Benfica. Num negócio que está a conhecer avanços e recuos, parece inevitável a transferência do central brasileiro para o Chelsea.

Deixemo-nos de paleio, que já deveis estar fartos de ler destas baboseiras. Vamos aos jogos!

Moutinho abre as hostilidades com um remate que Bracalli consegue deter. Este lance precede a jogada do primeiro golo portista da autoria de Hulk, pois claro. Tinha de ser ele.

Aos treze minutos a bola chegou mesmo a entrar na baliza do Porto mas Mateus estava fora de jogo. O mesmo jogador fez uma falta do outro lado do campo marcada rapidamente por James. Por pouco não era golo.

O Porto foi sempre mandando no jogo e criou grandes oportunidades de ampliar o marcador. Quem marcou o segundo golo? Hulk a passe de João Moutinho. Um belo passe, diga-se.

Hulk ainda teve uma grande oportunidade de fazer o hattrick mas falhou. O Porto ainda chegou ao terceiro golo através de um chapéu de James. Hulk foi determinante na jogada. O intervalo chegou com três golos sem resposta dos portistas perante o Nacional.

No jogo de Vila do Conde, Joaquim Ritta agoira: “e se David Luiz se lesiona? A utilização do brasileiro é completamente desnecessária face ao que está em jogo“. Não posso deixar de estar mais de acordo. Às vezes as coisas acontecem.

O jogo recomeça no Dragão com o central Maicon a falhar o quarto golo. Foi a primeira de várias oportunidades criadas no mesmo instante. James testa mais uma vez a pontaria e a de Hulk demonstra estar afinada de mais. De cabeça o brasileiro envia a bola à trave. José Nunes que comenta o jogo para a Antena 1 excita-se:
- “Muito bem Radamel Falcao de cabeça à trave...AH NÃO… FOI O HULK!”
Refira-se que o colombiano nem sequer estava em campo.

É anulado um golo a Cristian Rodrigues por falta. Com um feitio complicado, o uruguaio protesta. Admiração seria se ele ficasse calado. Já Fucile é na mesma.

Falando em temperamentos, foi o mote para adivinhar com quem Luís Alberto se iria meter desta vez. Com Cristian Rodriguez era giro. Com a língua que tem...Passados instantes, já a honra da família do jogador do Nacional andava pelas ruas da amargura. É que a língua deste uruguaio é aguçadíssima.

Com Walter o duelo é que ia ser lindo. Trata-se de um jogador excessivamente corpulento para a prática do Futebol, digo eu. Ele era bom para desportos de combate ou levantamento de pesos. Fora de brincadeiras, o Jogador Número Dezoito do Porto lembra um pouco Ronaldo e Adriano- jogadores brasileiros também com peso a mais mas que até marcavam muitos golos.

Nem Rodriguez, nem Walter. A vítima de Luís Alberto rebola-se no chão com grande aparato. É João Moutinho.

Luís Alberto trava um diálogo com Hulk, me parece, mas só estão a conversar. Entre brasileiros eles lá se entendem. Pior é se são argentinos e no Benfica para grande azar dele é quase meia equipa e do meio-campo para a frente. Então contra a equipa dele por azar estavam todos em campo, a chatear com os seus lances criativos que nem lembram ao Diabo. Ainda há esperança de que estes lances nos dêem ainda o título mas dependemos do Porto.

Em Vila do Conde o jogo ficou marcado pelas grandes penalidades. Foram quatro mas Cardozo e João Tomás falharam uma cada. O Benfica acabou por seguir em frente na Taça onde vai defrontar o Porto. Jara desta vez não jogou, para meu desgosto. Se tivesse jogado, o árbitro assinalaria aí umas dez grandes penalidades. Tudo porque, já sem pernas para travar as suas incríveis jogadas, os jogadores do Rio Ave só o podiam travar em falta.

Acabada a noite futebolística, fui à minha vida.

Monday, February 07, 2011

Pijamas desaparelhados e às pintinhas

Não sei se este sonho teve a ver com o estado em que acordei antes de voltar a adormecer mas provavelmente terá tido algo a ver com esse doloroso episódio. Se não teve, e caso para me preocupar com a possibilidade de voltar a um tempo doloroso e triste da minha vida

Acordei eram cerca de duas e meia da madrugada com uma intensa dor na nuca. Era mesmo uma dor insuportável. Provavelmente estava a dormir em má posição. Quando a dor acalmou, voltei a adormecer rapidamente.

Sonhei que me encontrava no meu quarto em minha casa e recuperava de um problema de saúde que ainda necessitava de algum tipo de cuidados. Encarei este sonho como um retrocesso para um passado longínquo em que uma enfermeira me vinha fazer o penso à perna de dois em dois dias.

Logo aos primeiros sinais da manhã, uma enfermeira chamada Lurdes viria visitar-me. Eu preparava-me para a visita. Depois de ter tomado banho, vasculhava nas gavetas da cómoda em busca de um pijama limpo. O que encontrava deixava-me desesperada. Tinha pijamas de mil e uma cores mas eram todos às pintinhas pretas. Que falta de gosto! Na altura em que eu padecia do problema na perna a minha mãe comprou uma espécie de calções de algodão na Feira da Moita que também eram todos assim. Onde raio fui eu buscar isto agora?

Para além de só encontrar pijamas às pintinhas no meu sonho, ainda cometia a proeza de não encontrar um pijama completo. Ora apareciam as calças de um, ora a casaca de outro. Nunca o conjunto completo. Isso deixava-me extremamente aborrecida.

Já ouvia ao longe o alarido da ambulância que transportava a enfermeira e já via o semáforo a reflectir na porta envidraçada da sala. Ainda não era completamente de dia, tinha a luz acesa do quarto e a porta estava aberta para a sala. Esta última parte deste sonho leva-me igualmente ao mesmo período que há pouco referi. Não ia de pijama para as consultas mas os bombeiros apareciam era ainda de noite, apesar de estarmos em Agosto- altura em que saí da ortopedia.

Mas que raio foi isto hoje? Vou estar atenta a este tipo de sonho. É que tenho um joelho que na realidade anda pelas ruas da amargura. Vamos a ver se não tenho de me chatear e de voltar ao mundo das zaragatoas e dos exames dolorosos.

Memórias com Eusébio

No dia em que um dos maiores símbolos do Desporto Nacional e o maior símbolo do Benfica está de parabéns recordo aqui as duas ocasiões em que tive o prazer de estar pessoalmente com esta figura impar que tantas alegrias deu aos portugueses nos longínquos anos sessenta e setenta.

Da primeira vez que estive com Eusébio foi por ocasião de um jogo entre as velhas glórias do Anadia FC e da Selecção Nacional. Penso já aqui ter falado desses encontros aquando do falecimento de Vítor Damas há alguns anos atrás. Se bem me lembro, o jogo tinha como objectivo homenagear um dos maiores símbolos do Desporto na Bairrada- o também benfiquista Toni.

Antes de ter o prazer de ser apresentada a Eusébio, estatelei-me no enlameado relvado do estádio quando acorria a uma bola para a pontapear. Foi com a vergonha de ter as mãos enlameadas que cumprimentei o Rei. Não me lembro se nessa ocasião lhe pedi um autógrafo.

Perante tão desastrado encontro, tinha de ter outra oportunidade. Esta ocorreu no âmbito da inauguração da Casa do Benfica da Bairrada. Houve uma cerimónia na Câmara Municipal e Eusébio estava lá a dar autógrafos. Ele ainda se lembrava do nosso encontro anterior.

Trazia um exemplar de uma revista desportiva que tanto gostava de ler e que se chamava “Doze”. Foi essa revista que lhe dei para ele autografar mas Eusébio também me deu um postal autografado com uma foto a preto e branco dos seus tempos dourados.

Tiraram-me imensas fotos com ele. Eu tenho lá ainda algumas para recordação. Equipada a rigor com uma camisola oficial do Benfica ainda do tempo em que o Glorioso era patrocinado pela Parmalat, ali estava eu orgulhosamente a posar para todas as fotos que me tirassem. Dizem-me que algumas ainda preenchem o espólio da Casa do Benfica da Bairrada da qual mais tarde me tornei sócia juntamente com o meu pai mas nunca as fui ver. Não devem diferir muito das que eu guardo.

Parabéns ao Rei Eusébio e que conte muitos. A festa de homenagem que lhe fizeram foi pequena para a dimensão das alegrias que este Desportista com D grande deu ao povo português.

Madrugar com um frio de rachar

Está um frio cortante. Tinha razão naqueles dias que estiveram relativamente amenos em alertar que lá para finais de Janeiro viriam os dias frios. Eu só não acerto na chave do Euromilhões.

Foi um péssimo fim-de-semana para ir á terra. Em casa está consideravelmente mais frio do que em Coimbra. Não podia fazer nada quanto á escolha da data. Desloquei-me apenas para votar. No dia seguinte iria ser um problema para regressar a Coimbra a tempo e horas de ir trabalhar.

Por acaso o meu vizinho precisava de levar a mãe à estação de comboios onde apanharia comboio para a Figueira da Foz. Ia a uma consulta pós cirurgia ortopédica. O comboio que ela tinha de apanhar para chegar a tempo ao hospital era quase de madrugada.

Eu não me importei de saltar da cama às cinco da manhã para aproveitar a boleia. Mal tinha dormido com o frio. Já na véspera a minha irmã não tinha pregado olho também devido ao mesmo motivo. Os meus pés pareciam gelo.

Cheguei a Coimbra eram seis e meia da manhã. Tive de acordar a minha senhoria que tinha de abrir a porta da entrada do prédio. Ainda tinha mais de uma hora pela frente.

Calcei umas pantufas quentinhas que a minha irmã me ofereceu pelo Natal e os meus pés lá aqueceram qualquer coisita.

Fui para a paragem e apanhei o autocarro habitual. Iria chegar a horas. Ainda bem!

Os eleitores de Vila Nova

É dia de eleições. Desta vez elege-se o Presidente da República mas sempre há localidades no nosso humilde país- que há pouco mais de três décadas conquistou o direito de eleger livremente os seus governantes- que boicotam as eleições fechando mesmo as assembleias de voto a cadeado.

Em Vila Nova a população protestava contra o encerramento da extensão do centro de saúde que fechou portas recentemente. A degradação do edifício era visível, o que é que eles queriam? Anadia fica longe à bruta…enfim…

Fecharam a assembleia de voto a cadeado perante a indignação dos que queriam cumprir o seu dever cívico, o que é lamentável. Quem não quisesse votar como forma de protesto era livre de o fazer. Impedir os outros de votar é inconcebível.

Ouvíamos atentamente as notícias. Deu uma reportagem em que eram assinaladas no mapa as localidades onde os eleitores não votaram. Curiosamente ninguém se referiu a Vila Nova. São tão insignificantes que nem a aldeia vem no mapa.

Ao longo do dia fomos mandando piadas sobre o resultado do escrutínio eleitoral em Vila Nova. Se acaso um candidato tinha uma margem muito pequena em relação a outro gracejávamos que ,se os eleições em Vila Nova tivessem decorrido com normalidade, o candidato estaria com uma margem mais aproximada.

Ainda alimentávamos esperanças de que se fizesse uma reportagem à maneira em Vila Nova. A minha mãe recordava uma antiga reportagem feita nessa localidade que por acaso fica a cerca de um quilómetro de minha casa e que é conhecida por os seus habitantes se entregarem ao vinho e usarem o vernáculo como língua oficial. Da última vez que os habitantes se apanharam com câmaras de televisão á frente, foi um desastre…ou então foi um filme cómico. Uma das pessoas entrevistadas foi uma prima do meu pai já bem bebida, com o cabelo completamente em desalinho, corada que nem um pimento e sem dizer nada de jeito.

P.S.: os eleitores da localidade de Vila Nova de Monsarros repetiram o acto eleitoral dois dias depois. Não houve registo de boicotes.

Escusado foi o prolongamento

Num jogo carregado de emoção, o Benfica venceu o Nacional da Madeira por 4-2. Curiosamente o que fica para a história é o envolvimento mais aceso entre Jorge Jesus e o jogador do Nacional Luiz Alberto.

O Nacional até começou o encontro a criar perigo por intermédio de Diego mas Gaitan aos oito minutos inaugurou o marcador para o Glorioso.

Não tardou muito tempo até se ver o segundo golo da autoria do central Sidnei após lance de bola parada. Apesar da vantagem confortável, o Benfica continuava a pressionar o seu adversário não fosse o diabo tecê-las.

Roberto teve de se aplicar a um remate desferido por um jogador do Nacional. A noite até estava fria.

Os lances de bola parada eram oportunidades viáveis para se fazerem golos de um e de outro lado mas chegou-se ao intervalo com a vantagem de dois golos para o Benfica.

Foi aos minuto cinquenta e um que Cardozo apontou o terceiro golo com Bracalli a dar a sensação de poder ter feito algo mais. O Benfica parecia embalar para uma vitória tranquila mas no Futebol por vezes acontecem umas coisas bem engraçadas e é isso que lhe confere toda a espectacularidade que movimenta milhões de apaixonados por todo o Mundo.

Começou a dançar-se o tango na área do Nacional da Madeira. Já lá estavam Aimar e Gaitan mas teve de se juntar o também argentino Franco Jara para a tradicional dança argentina funcionar melhor.

Do outro lado Bruno Amaro ainda tentou ameaçar Roberto e Diego parecia o mais inconformado dos Nacionalistas.

Dava a sensação de que o Nacional da Madeira estava a recuar perigosamente no terreno e não tardaria a sofrer dissabores. Se acaso Carlos Martins não tivesse escorregado no preciso momento em que ia rematar à baliza, o quarto golo já estaria apontado.

Rapidamente as minhas suspeitas de que o Nacional iria sofrer mais uns quantos golos foram contrariadas com a obtenção do golo dos madeirenses apontado aos setenta e seis minutos por Luiz Alberto.

E de repente o Nacional da Madeira acordou. Roberto saiu corajosamente aos pés de Anselmo- o carrasco do Porto mas Mihelic acabou mesmo por fazer mais um golo para os madeirenses que quase gelou os corações dos benfiquistas. Ainda faltavam cinco minutos para o final e o fantasma de jogos passados em que o Benfica vencia confortavelmente e depois deixou-se empatar pairavam nos espíritos dos adeptos.

Fábio Coentrão aparece caído na área do Nacional mas nada é assinalado. Isto passou-se antes de Jara fazer o golo da ordem e da tranquilidade do Benfica. Ele que também viu um cartão amarelo por falta sobre Luiz Alberto. Começava ali uma profunda amizade, tão profunda e sentida que deu origem a um episódio daqueles que estamos habituados a ver em jogos da América do Sul.

Ao que parece Jorge Jesus terá imitado Scolari quando agrediu um jogador sérvio que se travava de razões com Ricardo Quaresma. Neste caso, Luiz Alberto do Nacional da Madeira queria travar-se de razões com o jogador que minutos atrás havia visto amarelo por tê-lo carregado em falta. Tomando uma atitude de protecção ao jovem argentino, Jesus terá afastado de forma exuberante o Jogador Número Oitenta e Oito do Nacional.

Do resultado pouca gente se vai lembrar dentro de dias mas o sururu do final do encontro promete colocar mais água na fervura do já fervilhante Futebol Português. Aguardam-se decisões lá para Maio ou Junho.

Tuesday, February 01, 2011

Loucura de sonho

Esta e uma extensa aventura cheia de peripécias, situações cómicas, estranhas e românticas. Viajemos então ao submundo dos atalhos oníricos e vejamos o que encontramos desta vez.

Tudo começa num quarto que tanto pode ser de hospital como de hotel. Mais parecia um quarto de hotel, verdade seja dita. Estava ali com uma colega minha. Arrumava as coisas para ainda nesse dia viajar até minha casa.

A televisão desse quarto tinha uma má captação de som e imagem mas sempre deu para perceber que no final dessa tarde iria dar um jogo do campeonato…argentino. Seria uma boa oportunidade para ver em acção novos Maradonas. Parece que o original também ainda jogava. Só mesmo em sonhos. Admiro-me de Maradona ainda jogar nos meus sonhos? Pois bem, isto é só o primeiro disparate num sonho que é um chorrilho deles do início ao fim.

Desde quando é que eu também preciso de ir para a taberna de um estabelecimento comercial da minha terra para ver Futebol? Nunca fiz isso e já lá não passo há mais de um ano, desde o tempo em que fazia as longas caminhadas no Verão. De facto passava lá e via gente à porta.

Quando no meu sonho cheguei ao estabelecimento da minha terra, as portas castanhas de madeira estavam ambas fechadas. Estava um belo final de tarde com o Sol dourado a incidir sobre as ruas e os edifícios. Havia um velho sentado sozinho à porta. Eu sentei-me nos degraus de uma casa que fica na realidade do outro lado da estrada. A representação onírica daquela rua e dos edifícios era quase fiel à realidade.

Por incrível que pareça, quando as portas abriram foi quando eu me fui embora. Outro tremendo disparate só mesmo possível em sonhos. Esperar longamente pela abertura da loja e depois ela abrir e eu ir-me embora é assim um pouco…descabido.

Estava já a anoitecer e eu pus-me a andar pela ladeira abaixo. As luzes laranja já estavam acesas. A minha intenção era seguir o caminho normal mas o sonho transformou-se numa espécie de sonho lúcido. Pelo menos eu decidia o que fazer e controlava o seu desenvolvimento.

Resolvi então ir por atalhos para fazer um pouco mais de caminhada. Também ainda não estava completamente escuro mas para lá caminhava. A sensação causava-me arrepios por não haver luz mas, ao mesmo tempo, havia um certo prazer no medo que alegadamente sentia. Era estranho.

Pensando estar tudo controlado, aventurei-me a cortar no primeiro desvio que via. Tinha a sensação de já por ali ter andado. Em sonhos anteriores não duvido. Sempre sonho com estas loucas aventuras. Nessa altura já devia ter a companhia de um velhote da minha terra que é conhecido por abusar do vinho. Não sei se ele já me acompanhava quando percorria as cortadas ou se me acompanhou depois. Não sei ao certo em que altura do sonho não fiquei sozinha.

Tudo isto me fez ir dar a uma estrada onde a primeira coisa que vi foram três edifícios. Eram duas casas daquelas típicas dos países onde cai imensa neve, com o telhado triangular e no meio um enorme edifício cinzento com imensos andares. Destoava ali no meio das casinhas. Ainda não era totalmente escuro e também ali havia iluminação pública de cor laranja.

Do outro lado da rua não havia casas, apenas um campo onde nos sentámos. Eu não conhecia aquele local. Fiquei até admirada de termos vindo ali parar. De repente até parecia um outro país. Como estávamos sós e perdidos, eu beijava o homenzinho sentindo a sua barba arranhar o meu rosto. Essa foi boa!

Apesar de não fazer ideia de onde estava, sentia ali uma espécie de felicidade. Não sei explicar. O velho que eu na realidade conheço e que vive na minha terra foi inexplicavelmente substituído a meu lado por um belo jovem que na realidade eu nunca vi. Penso que se chamava Ricardo e eu perguntei-lhe se os outros tinham ido às provas. Pelo menos em sonhos eu conhecia-o.

Ele também não sabia onde estávamos. Eu olhava para aquelas três casas com um ar cada vez mais feliz apesar de agora ser noite cerrada e os candeeiros da iluminação pública nos iluminarem.

Ao contrário do que acontecia comigo, o meu acompanhante ficou aterrorizado por estar perdido e chegou mesmo a comunicar-me que não se estava a sentir bem.

O despertador tocou. Ao contrário de ontem em que interrompeu uma sensação desagradável, desta vez veio-me estragar a felicidade e bem-estar que estranhamente sentia ao estar ali naquele lugar desconhecido.

Feijoa apresenta-se a tribunal

Eu adoro aquelas notícias insólitas que por vezes chegam ao meu conhecimento através dos animadores da M80.

Desta vez a história tinha como protagonista um gato que foi chamado para ser jurado num tribunal nos Estados Unidos. Agora com o caso da morte de Carlos Castro fiquei a saber que esses jurados são cidadãos comuns que decidem se um réu que está a ser julgado é culpado ou inocente.

A dona do gato ficou estupefacta com a sua convocatória para esse tal júri que não existe, segundo me parece, cá em Portugal. Já estava a ver um júri desses. Não faltavam os gritos de assassino e gatuno a irromperem pela sala de audiências. Por algum motivo não é aconselhável haver por aqui dessas modernices.

Como eu dizia antes de divagar, a dona do gato ficou boquiaberta com o chamamento do seu animal de estimação e apresentou vários recursos alegando naturalmente que o jurado, na sua condição de gato, não reunia naturalmente condições para desempenhar tão importante função.

Aqui em Portugal nunca se lembrariam de tal coisa- convocar um gato para comparece em tribunal. Aqui só para servir de testemunha. Se acaso queiram convocar um gato como testemunha, a gata Feijoa está disponível. Ela tem sempre algo a dizer. Acreditem!

Falando a sério, sempre que estão duas ou mais pessoas a conversar e a gata Feijoa se encontra presente, tem sempre de miar alto e bom som como quem se quer a todo o custo fazer ouvir. O chato é intrometer-se de forma mal-educada nas conversas e não obedecer. Se a mandam calar ainda faz pior. É esse o inconveniente. Um dia destes prometo filmar a cena e colocar no YouTube para depois colocar o codigozinho do vídeo aqui mesmo. É um espectáculo!

Já estava a ver como seria uma sessão de julgamento em tribunal em que acusação e defesa esgrimissem de forma acesa os seus argumentos. Feijoa iria certamente dar a sua opinião a todo o custo. O juiz teria de bater fortemente com o martelo ou lá o que é aquilo em cima da mesa e decretar ordem na sala. Como a Feijoa não obedecia, a sala teria de ser evacuada. Para que a Feijoa se acalmasse, o juiz teria de proferir a chave mágica que é “eu moio-te”. Feijoa saltaria para o seu colo a ronronar ruidosamente e a enroscar-se no doutor juiz. Se ela antes tivesse estado ao borralho havia de ser lindo!

Uma tragédia nunca vem só

Tal como na véspera aconteceu, também acordei por volta das quatro da manhã. A diferença foi que nessa altura, ao contrário do dia anterior, já havia algo para registar no caderno onde aponto as incidências oníricas.

Tanto numa ocasião, como na outra os sonhos revestiram-se de algum dramatismo. Senão vejamos:

Na minha terra corria o boato de que eu estava muito mal no hospital. Na verdade tinha-me deslocado lá apenas e só devido a uma inofensiva indisposição.

Depois o disparate foi incrível. Acendia fogos no meu quarto e depois atirava-os pela janela muito depressa. Corria apressadamente os estores para não ver o clarão dos faróis dos carros mas incrivelmente continuava a vê-los. Mesmo com os estores corridos até cima.

Na realidade, de forma inconsciente, quando ouço um carro a passar na rua quando estou na minha terra, tapo os olhos ou fujo depressa para a divisão mais próxima. Desde pequena que assim procedo. Podem-me chamar louca, que eu não me importo. Vivo na cidade e não me importo se passarem por mim mil carros com faróis ligados. Na aldeia já me faz impressão.

Quando voltei a adormecer sonhei que folheava uma revista “Luís Braille” que tirei de um monte delas que se encontrava em cima do móvel onde está a televisão na ACAPO. Na capa dessa revista estava a Rosa- presidente da ACAPO- Centro- fardada a rigor.

Comecei a folhear a publicação e encontrei um artigo que realmente me interessou. O Beira-Mar tinha uma equipa de Goalball. Comecei a ler e a ver as fotos.

Alguns dias depois, durante um evento na ACAPO, ficou-se a saber com alguma consternação e grande tristeza que um dos mais promissores jogadores da equipa tinha morrido subitamente durante o aquecimento para um jogo.
Alguns elementos da ACAPO deslocaram-se de comboio até Aveiro para prestarem condolências aos seus companheiros neste momento de dor.

Parece que o comboio em que seguia a comitiva deficiente visual teve um grave acidente com muitas vítimas mortais. Quatro elementos de uma família de amigos nossos morreram no acidente. Foi um grande choque.

O ambiente tornou-se pesado e triste no bar da ACAPO (uma representação onírica e pouco fiel do mesmo). Debruçada sobre a mesa recordava momentos passados com eles que na realidade aconteceram. Já não é a primeira vez que se dá este fenómeno. Dentro de um sonho relembro acontecimentos que na realidade se passaram. Nesta ocasião relembrava-os em viagens que fizemos e na colónia de férias.

O dia estava mesmo triste em Coimbra. Eu e a minha irmã deslocávamo-nos para Aveiro e íamos apanhar o comboio. A tarde estava incrivelmente triste. Toda a cidade parecia cinzenta e com falta de luminosidade. Havia chuviscos- o que dava a entender que também a cidade se compadecia com a perda dos seus quatro habitantes. Era mesmo um ambiente pesado e sombrio. Um ambiente mortiço.

Para termos acesso à estação havia que saltar um buraco. Já há tempos sonhei com uma situação semelhante mas menos dramática. A minha irmã saltou o precipício facilmente mas eu tinha grande receio de saltar. Olhava aterrada lá para baixo e resmungava pelo facto de as coisas ainda não estarem em ordem. As obras, bem entendido.

Estava na dúvida se havia ou não de saltar quando o despertador acabou com aquele dilema. Dei-me por satisfeita em acordar.

Em apenas duas horas de sono

Acordei cerca das quatro e meia da madrugada com o barulho que algumas pessoas vindas da noite faziam na rua. Nessa altura ainda nada havia para registar em termos de sonhos mas tudo mudou.

Sonhei que me encontrava num quarto desconhecido onde não conseguia dormir porque o filho da minha senhoria vagueava de um lado para o outro e ainda por cima ouvia televisão em altos berros.

Para piorar mais as coisas, ouvi o meu telemóvel tocar a horas incomportáveis da madrugada. Era a minha irmã. O que teria acontecido? Com ar assustado tentei ligar de volta mas o telefone dava sinal de interrompido.

O sonho ganhou outro rumo. Encontrava-me em casa, naquele que agora é o quarto da minha irmã. Estava algum frio e eu encontrava-me cansada. Nem me apetecia ver o jogo do Porto que dava na televisão. Ainda por cima o Porto apresentava uma equipa de jovens portugueses que eu não conhecia. Seria uma oportunidade de os ver.

A minha casa estava apetrechada de gatos pretos e brancos iguais à Teka. Eram imensos e não se sabia de onde vinham. Uma recriação onírica da ninhada original da Teka da qual faziam parte igualmente os gatos pretos e brancos Juju e Konguito. Sem querer eu trelhei um no portão da rua. O gatinho rebolava de aflição no chão. Eu estava triste porque foi sem querer mas parece que o pequeno animal recuperou e era um dos que depois andava na estrada ao anoitecer.

Estava desesperada porque os gatos me fugiam constantemente. Tinha de mandar parar o trânsito para os apanhar e para eles não serem atropelados. Entretanto estava zangada com a minha vizinha porque ela ameaçava envenenar os gatos porque já eram muitos.

Em apenas duas horas tivemos uma mão cheia de emoções oníricas. Nem sempre longas horas de sono são sinónimo de muitos sonhos de realce. Em apenas duas horas conseguimos sonhos igualmente emocionantes.

Dar e receber

Num jogo tranquilo em que o Beira-Mar até facilitou a vida ao Porto jogando com uma segunda linha e em que pediam camisolas a Hulk, gravatas a Villas-Boas e não sei que mais, o guarda-redes do Beira-Mar recebeu uma enxurrada de isqueiros vindos das bancadas para enriquecer a sua colecção particular. Ah, o jogo terminou com a vitória dos portistas por 3-0 e Walter foi o mais inconformado.

Já resumi o que se passou num jogo sem história no parágrafo anterior. Pouco mais há a contar de um jogo em que o Beira-Mar até metia aflição a jogar na primeira parte. Não admirou portanto que o resultado final tenha sido feito nesse período.

Aos sete minutos já os aveirenses perdiam com um golo do inconformado Walter que sempre aproveita estas ocasiões em que é titular para mostrar ao treinador que pode contar com ele. Desta vez aproveitou bem um livre marcado por Hulk para bisar a baliza de Vicente. Escassos minutos depois estava ele novamente a incomodar na área adversária.

Rafa, lateral-esquerdo dos dragões, foi o autor do segundo golo estavam ainda decorridos dezoito minutos da primeira parte. Nessa altura não havia palavras para descrever a forma como o Beira-Mar estava a jogar. Nem parecia uma equipa da liga principal, mais parecia uma equipa de uma aldeola do Portugal profundo e mesmo assim há equipas dessas que se calhar até jogam melhor. Uma miséria! Só não estavam a perder por mais porque Hulk, Walter e os demais estavam a desperdiçar. Muito mau mesmo.

Havia apenas um jogador aveirense que conseguia incomodar. Tratava-se do chinês Wang que eu estava em dúvida se era o mesmo Wang Gang que representava o Beira-Mar na época passada. Helton teve de sair da baliza para se opor a uma jogada bem conseguida do Beira-Mar. Já tardava.

Do outro lado Vicente aplica-se mesmo antes de, aos trinta e nove minutos, Fernando mostrar ao seu companheiro Guarin que também sabe marcar golos daquele calibre. Por levantar a camisola, Fernando acabou por ver o cartão amarelo.

O resultado não sofreu alterações, apesar de ainda antes do intervalo o guarda-redes do Beira-Mar ter estado muito em jogo mas nem sempre com decisões acertadas.

Também Fucile tentou o golo mas o seu remate saiu à rede lateral.

Já na segunda parte Walter desferiu a enésima tentativa de remate. Desta vez Vicente defende.

No mesmo lance o Beira-Mar criou perigo por duas vezes. Ainda se reclamou mão de Otamendi mas o arbitro nada assinalou.

Nada fazia prever que uma chuva de objectos, nomeadamente isqueiros, viesse arremessada das bancadas na direcção do guarda-redes do Beira-Mar. Se fumasse e se desse ao trabalho de apanhar todos os isqueiros que lhe foram gentilmente ofertados pelos adeptos do Porto, Vicente já não se preocuparia mais em comprar isqueiros. Já tinha para a vida toda. Se não fumar- coisa mais normal num desportista de alta competição- os isqueiros sempre são úteis para acender a lareira. Sendo brasileiro, é natural que o guarda-redes dos aveirenses sinta frio. Haja lenha, que isqueiros já tem.

Até me admirei de as famosas bolas de golfe, tão utilizadas em ocasiões anteriores, não terem vindo. Para quê? O jogo era com o Beira-Mar. Vicente terá sido um amigo inesperado para a claque do Porto que teve de improvisar sacando dos isqueiros dos bolsos.

Entretanto o jogo prosseguia com Fucile a rematar à baliza.

Helton como capitão de equipa teve de intervir junto dos adeptos para que parassem de bombardear o seu compatriota Vicente com isqueiros. As coisas parece que acalmaram e o jogo prosseguiu.

Já no final do jogo Marianito cai na área e reclama grande penalidade. Parece que tinha razão. É que o Marianito não é tão quezilento como os colegas. Quando ele protesta é porque realmente tem razão como foi o caso.

O jogo terminou praticamente como começou, com um remate de Walter que por pouco não dava o quarto golo. Os 3-0 acabaram por ser insuficientes para o caudal ofensivo que o Porto produziu e para a forma displicente como Leonardo Jardim encarou esta partida. As duas equipas encontram-se no próximo fim-de-semana e por isso o Beira-Mar menosprezou assim esta partida.

Enquanto eu fui ali abaixo

Vocês não fazem ideia do quanto me irrito se acaso me trocam as coisas completamente dos lugares onde as deixei. Se um dia me quiserem ver mesmo má a ponto de espumar de raiva, experimentem fazer uma coisa dessas. Uma coisa é certa: eu não me responsabilizo pela integridade física e psicológica de ninguém que me ouse desafiar mexendo-me nas coisas. Odeio profundamente que me façam isso. Fico mesmo doente.

Estava eu a trabalhar num computador na ACAPO da parte da manhã e resolvi ausentar-me por breves instantes para o Dolce Vita onde fui comprar uma prenda para a minha irmã. Até nem demorei muito. Foi por isso que me admirei.

A minha intenção era deixar ali os textos, fazer um pequeno treino de bicicleta e depois coloca-los todos online.

Quando ia para trocar de roupa para fazer um pequeno treino deparo com o salão todo virado do avesso. Imediatamente me subiram os calores. Tinham mudado o computador para o fundo do salão e a bicicleta já não estava visível no meio da confusão.

O computador ali até estava bem. Era da maneira que não me distraía com as pessoas que estão a trabalhar nos tapetes só que não havia acesso á Internet naquele sítio para eu colocar os textos online. E os textos que estavam tão bons! Tinha de os fazer de novo? Depois não ficariam certamente tão bons, além de ser uma carga de trabalhos.

Ainda deu para treinar uma meia hora sempre com os nervos à flor da pele. O facto de não poder colocar aqueles textos no blog atormentava-me.

Fui moer o espírito ao animador e perguntei-lhe por que não me avisavam que iam mudar as coisas. Eu poderia ter publicado os textos antes de sair. Manifestei o meu desagrado por não poder colocar os textos no blog e eles estarem tão bons, principalmente a crónica do jogo.

A solução foi voltar a colocar o computador onde ele estava para que eu pudesse tratar dos textos. A ACAPO fechava às sete horas e lá tive eu de correr para terminar os meus trabalhos a tempo. Consegui mesmo em cima da hora. Suspirei de alívio. Já não havia necessidade de os estar a fazer de novo como eu temi.

O regresso de Simone e a festa na terra

Por onde começar a narrar esta disparatada aventura onírica?

Bem, tudo começou comigo só a fazer disparates durante o horário de expediente. Ficando sozinha durante a hora do almoço, pus-me a fazer disparates. Provavelmente queria ir para casa. Parece que lá havia festa mas já lá vamos.

Uma das coisas incríveis que ia fazendo era colocar papel higiénico a que eu me assoava no cesto do pão. Que nojo! Só mesmo em sonhos pode assomar à mente uma ideia como esta. Ainda bem que assim é.

Do armazém conseguia ver, por incrível que pareça, a animação que ia em minha casa onde a família almoçava animadamente. Não tardou nada que eu me juntasse também.

Era igualmente em minha casa que se encontrava uma das minhas vizinhas de cima que há anos que não vejo. Simone exibia uma bebé muito pequenina que mais parecia um Nenuco. Na verdade, durante a festa da minha terra em Agosto do ano passado, quem trazia a filha recém-nascida era a sua irmã Fátima e a bebé era bastante diferente.

Simone- que na realidade tem uma filha aí com uns doze anos- explicou-nos que a frágil recém-nascida nasceu em Oliveira de Azeméis e se chamava…Limão. Realmente a cabeça dela mais parecia um citrino mas isso não é nome que se ponha a um filho. Mesmo em sonhos…

De noite estoiravam foguetes no ar e o Céu iluminava-se com o fogo-de-artifício. A festa era mesmo rija.

Nos sonhos a noção de tempo não existe. Não há uma sequência temporal coerente. Sei apenas que esta parte foi a última. Um tal de Pedro Ribeiro levou-me a casa num final de tarde soalheiro. O seu veículo era cor de café com leite e inicialmente era um carro de brinquedo que se transformou.

Seguimos pelo lado de Vila Nova. Queria-lhe mostrar (não sei a que propósito) a casa das minhas vizinhas mas já avistava as cores esverdeadas das coberturas de minha casa.

Em casa o meu pai perguntava pela gata Teka que roía despreocupadamente um tubo de Protex em cima da cama da minha irmã.

Enfim…