Sunday, December 31, 2006

Os nossos amigos que vieram do frio

A tarefa da Selecção Nacional de sub-21 afigurava-se quase impossível, mas havia surpresas na manga por parte dos nossos adversários.

Chovia e fazia imenso vento no estádio onde se realizou o jogo que, se não me falha a memória, era no Norte. O tempo mais agreste acabaria por ser um mau presságio para os russos que só fizeram disparates. O Jogador Número Dezasseis e o Jogador Número Quatro.

As equipas estavam perfiladas para ouvir os hinos nacionais. Os jogadores da Rússia passaram todos no ecrã da televisão. Uma vasta alegria invadiu-me. Não tinha visto ali a pestinha do Jogador Número Sete. Que peninha! E o vento que é muito, ideal para ele aproveitar para se lançar ao chão. É que não é só o João Pinto que sabe fazer dessas coisas. Na Rússia, pelos vistos, existe um artista que promete ser ainda melhor que ele na arte de bem mergulhar na área.

Mas o craque hoje não joga?!!! Provavelmente lesionou-se. Ou então meteram-lhe mesmo purgante na comida para ele não vir fazer a mesma coisa que fez no jogo anterior. O que eu sabia era que ele não estava a jogar. Graças a Deus!

Só que a sorte haveria de mudar para mal dos meus pecados. O avançado russo nº 9 lesionou-se de modo a ter de ser substituído. Adivinhem quem entrou? O nosso amigo que, afinal, estava no banco. Que horror! Lesionem-no também. Ele que escorregue e torça um pé!

Mesmo ele estando em campo, os deuses do Olimpo e demais divindades reuniram-se para virar o jogo a nosso favor. Mesmo aquele terrível jogador foi inofensivo naquela noite chuvosa.

A Rússia viu o seu jogador nº 16 ser expulso e sair do campo lavado em lágrimas. Como se não bastasse já estar a chover tanto...

Com mais uma unidade, Portugal conseguiu marcar dois golos com culpas para os anedóticos russos que nem pareciam os mesmos da passada sexta-feira.

O auge do disparate aconteceu quando o Jogador Número Quatro da Rússia apontou na própria baliza o golo que deu o apuramento à Nossa Selecção. Foi muito engraçado! Rezam as crónicas que aqueles dois jogadores pediram asilo político a Portugal e querem agora arranjar um emprego por aqui. Nem que seja a ganharem pouco. Para a Rússia não voltam, sob pena de sofrerem as consequências dos seus actos.

Apesar de esta semana estar outra vez na ACAPO a ter aulas, ainda sonho com autocarros. É incrível!

O dia amanheceu cinzento. Não estava à espera que fosse chover torrencialmente lá mais para a tarde. Estamos mesmo no Outono!

Quando fui almoçar, reparei que descia as escadas a par comigo uma rapariga que teve o azar de se lhe descolar um dos seus sapatos. Acontece!

O que acontece também sempre que chove é o treino ser alterado. Face às péssimas condições climatéricas que se fizeram sentir a partir da tarde, não me restou outra alternativa senão fazer aquele treino no salão a andar de bicicleta. Andei cerca de1h.02m.16s. Os alongamentos encerraram o apronto.

Terminado o treino, fui para casa assistir a mais uma bonita página do Desporto Nacional. Portugal deu a volta por cima a um jogo que toda a gente considerava só para cumprir calendário.

Situação do dia:
O tempo não estava para brincadeiras! Chuva e vento forte faziam-se sentir um pouco por todo o lado. Durante o jogo entre Portugal e a Rússia, o vento fez das suas e virou mesmo o banco de suplentes onde se encontravam sentados os jogadores suplentes portugueses e a equipa técnica. Alguns minutos depois, foi a vez de a cabine do quarto árbitro ser arrastada por uma rajada de vento mais forte. Mas os ventos sempre sopraram a nosso favor durante este jogo!

Bacorada do dia:
“No Doutor Estádio...” (Já se sabe que em Portugal se dá demasiada importância ao Futebol, o que eu não sabia era que já tinha chegado a este cúmulo.)

Pamphlets










A pensar...





Eu não disse que me tinha de zangar com a formadora! Eu bem sonhei que me tinha chateado a valer com ela e, no dia em que escrevi aquele texto a descrever aquele sonho, alertei para o facto de o sonho se vir a realizar. (ver texto “Da casa de banho imunda ao edifício colorido”)

Obviamente que o motivo desta crispação entre nós não foi o descrito no sonho. Por esse não me chateava de certeza! Isso posso eu garantir porque tomo banho e troco de roupa todos os dias.

Mais facilmente me zangaria pelos motivos que levaram mesmo ao ambiente fervilhante que se vivia cada vez que nos tínhamos de defrontar na sala de aula.

Andámos a distribuir folhetos a alertar as pessoas para o facto de perturbarem quem vive com mobilidade reduzida através do mau estacionamento dos veículos. Sobre esse assunto, aconselho a ver uma sequência de fotos em que se podem ver dois automóveis estacionados mesmo onde estavam a causar transtorno.

Ela foi a própria a dizer que eu andava muito bem disposta naquele dia. Claro, andava na rua e era das pessoas que mais panfletos distribuía.

Só que ela fez questão de me estragar o dia. Estava numa aula com um discurso para uma colega minha que até comovia. Falava ela de pessoas que diziam uma coisa e faziam outra, não sei a que propósito. Foi já no final que ela, não me lembro por que motivo, voltou a proferir uma frase da qual não gostei.

Fui para a sala de Informática preencher as fichas da primeira experimentação e acabei-as rapidamente. Que é que ela queria que eu fizesse? Que estivesse para ali a olhar? Resolvi ganhar tempo e escrever um texto em atraso. Se bem me recordo, esse texto era sobre uma ida até Mira.

A formadora estava na outra sala a dar aulas à outra turma. Na nossa sala reinava a maior confusão. Tudo conversava, menos eu. Era a única que estava em silêncio quando a formadora chegou. Só que foi comigo que ela implicou por estar a escrever o texto. Isso intrigou-me e fiquei revoltada porque toda a gente falava de um assunto que não era para ali chamado e eu, que estava a fazer uma coisa que me enriquece enquanto pessoa e que me faz sentir bem, levei um sermão.

Depois implicou por causa de um computador de maneira a me deixar extremamente nervosa, quase a ponto de não conseguir controlar os meus actos. Continuei a escrever e, assim que a senti aproximar, minimizei o texto. Ela desconfiou, mas eu levei a melhor e disse que o tinha mesmo fechado. Tinha de me vingar! Sorte que estava quase na hora de sair e eu podia acalmar enquanto caminhava em direcção à Faculdade de Letras onde iria ter aula de Holandês.

Nem por isso acalmei. Fomos ver um pequeno vídeo para um computador que tinha colunas. Não conseguia manter os meus braços apoiados. Ainda tremiam dos nervos de me ter chateado.

A semana prometia e foi mesmo de cortar à faca entre mim e ela, mas posso garantir que tudo isto vai ter um desfecho. Aguardem!

Estava Sol pela manhã quando cheguei a Coimbra. Logo se notou que iríamos passar uma manhã diferente. Reclamei por não me terem avisado antes. Fui a casa buscar a máquina fotográfica e só depois constatei que isso tinha sido falado na Assembleia. Eu é que me esqueci.

Lembram-se de um desenho que eu fiz há uns meses atrás? (ver texto "Chorar de manhã para não fazer figuras tristes à noite") E com que disposição fiz eu esse desenho! Foi no dia em que estava bastante triste por não ir aos Campeonatos Nacionais. Esse desenho era para esta actividade. Nas fotos irão ver para que serviu a minha obra-prima.

Segundo consta, o meu desenho mereceu rasgados elogios por parte da crítica. A mensagem que ele tentou transmitir era boa e toda a gente compreendeu o que eu quis dizer.

Pelo facto de andar na rua e de estar um belo dia com Sol e Céu bastante azul, estava radiante. Depressa esgotava os folhetos que tinha nas mãos.

Algumas pessoas viam tantos deficientes com papéis nas mãos e logo se defendiam a dizer que não tinham dinheiro para nos dar. Não queríamos dinheiro, apensas queríamos que as pessoas fossem mais civilizadas.

É sempre uma balbúrdia de cada vez que vamos em grupo num autocarro. As pessoas pasmam a olhar para nós. Logo se precipitam a nos dar o lugar sem nos perguntarem se nos queremos sentar e ouve-se um coro anormal de vozes a mandar bocas e a questionar como vivermos, como é possível andarmos na rua e como ainda conseguimos brincar uns com os outros, apesar do nosso "infortúnio". Para as pessoas comuns que frequentam os autocarros, a nossa vida e tudo o que nós- seres diferentes- fazemos é confuso e desconhecido. As bocas bem abertas de admiração dizem tudo. Parece que nunca viram nada e nós é que somos deficientes visuais.

A normalidade foi reposta da parte da tarde com o regresso às salas de aula. Foi aí que se deu o episódio que é o tema principal deste texto.

Na aula de Holandês continuámos a aprender a dizer os nosso dados pessoais. Fizemos alguns exercícios com o CD interactivo e vimos um pequeno vídeo que apresentava várias situações em que havia apresentação de pessoas.

Por incrível que pareça, o concorrente do "Um Contra Todos" que disse que seis mais dois eram quinze venceu o concurso.

Bacorada do dia:
"Frida Calo era alemã." (E dizia isto com uma convicção impressionante!)

Foi você que pediu kazaques outra vez em Coimbra?

Assim que soube da notícia de que o próximo jogo da Selecção Nacional com o Kazaquistão era em Coimbra, fiquei logo em pulgas para que chegasse depressa esse dia.

Já o quanto antes iria ver se estavam abertas as inscrições para fazer voluntariado nesse jogo. Ai! De repente lembrei-me daquele sonho de um jogo da Selecção Nacional em que o guarda-redes da equipa adversária de Portugal acabou com o jogo.

Mas do que eu me lembrei mesmo foi dos kazaques aquando dos mundiais de Ginástica Acrobática. Nunca me hei-de esquecer deles! Foi por causa dessas minhas memórias que fiquei contente por os ter de volta a Coimbra. Aquela cidade para mim não voltou a ser a mesma após a sua passagem!

Qualquer dia, se perguntarem a um kazaque qual é a Capital de Portugal não é de espantar se ele responder que é a Cidade dos Estudantes. Deve ser a cidade portuguesa mais conhecida lá para os lados do Kazaquistão. Em contrapartida, eu própria desconheço qual é a capital daquele país tão distante e tão misterioso. Pelo menos os seus habitantes são um tanto ou quanto estranhos e, ao mesmo tempo, encantadores. Não sei o que me atrai neles. Talvez o facto de serem tão diferentes uns dos outros.

O Kazaquistão é um país tão estranho (digo eu) que inspiraria qualquer escritor a inventar uma história ali passada. Eu vou mais longe e sugiro às escritoras Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada que se inspirem nesse país tão sui generis e escrevam um livro intitulado “Uma Aventura no Kazaquistão”. Como eu desde pequena que devoro todos os livros dessa colecção até aos dias de hoje, não iria mesmo perder pitada dessa história. Seria demais!

Parecem-me também, pessoas divertidas. Devem adorar qualquer tipo de música e não perdem uma oportunidade para mostrarem os seus dotes na dança. Pelo menos alguns deles assim o demonstraram aquando da sua inesquecível passagem por Coimbra. Pelo menos para mim que sempre me lembrarei de um deles de quem guardo religiosamente as fotos que lhe fui tirando enquanto dançava na festa de despedida. (ver texto “O rapaz da camisola vermelha e seus seguidores”) É alguém que lembrarei para sempre e com alguma mágoa por não ter podido ao menos falar com ele. Naquelas paragens acham que não é importante aprender línguas. Nem sabem o que perdem e o que, provavelmente, as outras pessoas perdem devido à falta de comunicação.

E assim recebi uma excelente notícia. Espero que não seja um boato!

Como é habitual de sábado para domingo, a actualidade do Ciclismo é revista. Na Rabobank Michael Rasmussen fracturou uma perna numa prova disputada em Itália. Mais um a cair e a magoar-se bastante!

A Rabobank acaba também de renovar contrato com o Joost Posthuma, salvo erro, até 2008.

No mais recente ranking do Protour, o melhor ciclista da Rabobank é o Boogerd que se encontra no 19º lugar. Dois lugares abaixo, temos outro ciclista da nossa equipa: o campeão Óscar Freire.

Para contrariar o que vinha escrito na bacorada do texto anterior em que a presidência do Glorioso foi (e bem) denominada de "Presidência da República", parece que no meio velocipédico o nome do Benfica não goza de tanto prestígio. Imaginem que classificam a equipa de Ciclismo do Glorioso como sendo uma equipa pequena. Ah! Claro que uma equipa grande só pode ser mesmo a Rabobank. Estão perdoados!

Era um daqueles domingos chatos, sem Futebol, daqueles domingos que eu não gosto mesmo nada. Aproveitei para remediar o que tinha faltado na véspera. Tudo o que era relacionado com aulas tinha de ficar actualizado.

Também aproveitei para treinar cerca de uma hora de bicicleta. Para ser mais precisa, o treino durou 1.00.58.78.

O boato da véspera ainda dominava todas as conversas. Realmente aquilo foi demais! Continuo sem saber qual foi o interesse em lançar aquele boato. Se calhar queriam rir um pouco. Que eu saiba, não era dia das mentiras!

Situação do dia:
Estava a dormir tão bem quando passou na estrada uma viatura com a música bastante alta. Acordei assustada e "um pouco confusa".

Bacorada do dia:
"Era um Boxiwager..." (Volkswagen)

Imprevistos & boatos



Dizem os estudiosos que, aquando da planificação da agenda para o dia seguinte, devemos guardar cerca de 30% do nosso tempo para os imprevistos. Só que há dias em que esses 30% não chegariam, tal é a abundância de fenómenos inesperados que acontecem. O dia 7 de Outubro de 2006 enquadrou-se num desses dias.

Passo a relatar com rigor (já não prometo isenção) o que aconteceu naquele sábado em que o Céu se apresentava muito nublado, mas sem chuva.

Logo bem cedo se passou uma coisa de que eu não estava à espera. Meti-me num autocarro que só ia até à Portagem. O restante percurso teve de ser feito a pé, que até me consolei. Foi um pretexto para percorrer locais por onde já não passava há imenso tempo. Algumas coisas estavam já substancialmente modificadas. Chamou-me a atenção um letreiro com caracteres enormes. Fiquei curiosa por saber que estabelecimento era aquele. Estive a olhar aquele edifício por largos minutos antes de continuar a minha caminhada.

Mais adiante, as instalações de um novo jornal prenderam a minha atenção. A manhã estava fresca, mas estava agradável para se andar na rua. De repente lembrei-me que uma colega me tinha dito que aquele jornal já tinha fechado. Sem mais paragens, segui o meu rumo.

Ia já na camioneta um pouco combalida do encontro imediato com a placa da pista quando a minha irmã me ligou. Estava no dentista e ia passar o fim-de-semana a casa. Pressenti logo que os meus planos iriam por água abaixo. É sempre assim! Quando ela vem passar o fim-de-semana a casa é um corrupio de visitas. Não me enganaria.

Era para ter vindo a pé, mas o meu pai acabou por me vir buscar. Não estava à espera que a minha casa tivesse sofrido algumas obras. O bagaço secava na eira. O seu odor era desagradável.

Imediatamente percebi que todas as conversas giravam em torno da grave e fatal doença do meu primo que se encontrava no hospital à espera de ser transferido para o lar da Moita. Longe de imaginar a confusão que se viria a dar algumas horas depois. As pessoas sempre têm a língua muito comprida!

O aparecimento de visitas em casa é sempre um motivo para não se fazer o que há muito se planeou. Umas primas do Luso vieram visitar-nos. O tema principal voltou a ser o estado de saúde do meu primo. Assunto do dia!

Depois apareceu uma colega nossa que aproveitou o facto de a minha irmã se encontrar em casa para ir até lá pôr a conversa em dia e lanchar connosco. Mais umas horas perdidas!

Com tudo isto fui treinar a horas tardias e o treino teve de ser alterado devido a isso. Não tem importância. As outras coisas é que ficaram por fazer.

Para além dos imprevistos, outro fenómeno que merece da minha parte uma reflexão mais cuidada neste texto são os boatos. Um boato nasce e desenvolve-se a um ritmo alucinante. O “ouvi dizer” tem uma força e um efeito que impressiona. Mas que interesse terão as pessoas em lançar boatos para o ar a ver se pegam? Uma questão para a qual não será fácil obter uma resposta convincente.

O que é certo é que o boato corre mais veloz que o vento e coloca toda a gente em alvoroço. Ninguém escapa ao seu efeito tão devastador.

Vem isto a propósito do boato tão a propósito que caiu que nem uma bomba no seio da nossa família naquela noite tranquila de sábado.

Como tenho vindo a referir ao longo deste texto, a doença do meu primo foi o tema principal de todas as conversas em família. E que tal um boatozinho sobre a alegada morte do meu primo? Com a natureza da sua doença, a morte é um cenário mais do que previsível. Daí o boato ter produzido um efeito imediato e enérgicas reacções.

Estava eu tranquilamente a ver o jogo entre Portugal e o Azerbeijão- que estava quase no intervalo- quando o telefone tocou. A minha irmã foi atender. Era um dos nossos primos do Luso a dizer que uma enfermeira de Coimbra tinha dito à sua filha que o primo que lá estava internado tinha falecido.

Imediatamente a minha irmã chamou a minha mãe que já chorava compulsivamente. Para a acalmar, a minha irmã sempre foi dizendo que já era de esperar e que talvez tenha sido melhor assim porque o sofrimento causado pela doença tinha terminado.

A minha irmã ligou para a mercearia na esperança de o cunhado do meu primo estar por lá a ver o jogo. Ele veio ao telefone e confirmou que também ouvira dizer a mesma coisa em...Vila Nova. Vejam lá as proporções que este boato ganhou!

A minha irmã ligou então para Coimbra, para a secção onde ele estava internado, a perguntar o que se passava. Forneceu os dados daquele paciente e, do outro lado da linha, o boato foi desfeito com a enfermeira a afirmar que o meu primo repousava tranquilamente na sua cama.

Uma a uma, as pessoas da nossa família foram suspirando de alívio à medida que iam sendo avisadas de que tudo não passou de um triste e estúpido boato.

De referir que no dia em que escrevo este texto- e quase três meses passados sobre este infeliz episódio- o meu primo continua vivo e que muita gente já partiu deste mundo primeiro que ele. Inclusive pessoas da nossa família.

Se acaso o meu primo sonhasse que lançaram um boato sobre a sua morte, ele bateria o recorde de palavrões (que provavelmente já lhe pertence) e passaria todo aquele dia a discutir contra não sei quem que disse uma barbaridade dessas.

Portugal venceu a selecção do Azerbeijão por 3-0. Cristiano Ronaldo esteve em grande ao apontar dois golos. O outro tento luso foi da autoria do central Ricardo Carvalho.

Referência para o facto de na selecção azeri alinharem três jogadores brasileiros. Que praga! Até num país como o Azerbeijão eles vão jogar. Essa é demais! Também no Azerbeijão figurava um jogador com o sugestivo e curioso nome de...Muzika. Consta que é um péssimo executante e que lhe falta um pouco de fôlego para manusear com eficácia alguns instrumentos de sopro que tenta tocar, causando a risota geral.

Igualmente na selecção do Azerbeijão alinha um tal de Sultanov que parece ser o melhor jogador daquele país na actualidade. Aliás, parece que ele é mesmo o melhor desportista daquele pequeno território. Para além de ser internacional através do Futebol de Onze, o atleta é ainda o melhor internacional em Futsal. Dizem as más-línguas (aquelas peritas em lançar boatos) que nos próximos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008 esse atleta irá igualmente representar as cores da sua Pátria nas modalidades de Natação, Ténis, Atletismo (em que irá fazer os 110 metros barreiras e a maratona), Ciclismo (Keirim em pista e a prova de estrada) e Tiro aos Pratos (Desporto em que o atleta é forte candidato a uma medalha de ouro). Consta igualmente que, daqui a alguns anos, Sultanov irá fazer esquecer a grande referência do Desporto azeri- Kasparov. O último desafio de Xadrez entre ambos foi renhidíssimo.

Para o texto seguinte irei desenvolver uma notícia que ouvi durante este jogo e que me diz muito. Aguardem!

Situação do dia:
Quando cheguei à Rodoviária estranhei o facto de se encontrar um veículo da Rede Expresso na pista onde, normalmente, costuma parar a nossa camioneta. Toupeira dum raio! Na ânsia de ler o que dizia o veículo, espetei uma monumental e estridente cacetada na placa da pista. (ver foto) A placa ficou a abanar e eu até vi estrelas. As pessoas que lá estavam vieram-me perguntar se me tinha magoado. Entrei no autocarro como se nada tivesse acontecido. Na verdade tinha um hematoma na testa e uma arranhadela no peito que só não foi mais profunda porque trazia duas camisolas.

Bacorada do dia:
“Parece que Luís Filipe Vieira tem um adversário para a Presidência da República.” (Como fervorosa benfiquista, resta-me agradecer o facto de o Benfica ter saído ainda mais glorificado nesta frase.)

Despedida

E chegou a altura das despedidas do ginásio. O cartão 2201 foi o último que registei já com algum saudosismo.

Foi um dia de trabalho como todos os outros, apesar de ser o último. As aventuras e peripécias foram as mesmas. Por exemplo, um senhor exaltou-se por não lhe ter sido fornecido um Polar quando algum ficou disponível.

Pela última vez, percorri a bela paisagem que desconhecia, até à data, poder existir em Coimbra. Foi outro ponto de vista da cidade o que me foi apresentado. Fica a promessa de dar uma volta e tirar umas fotos naquele local. No Verão do próximo ano.

O balanço que eu faço é positivo. Tudo correu bem e tive oportunidade de mostrar do que sou capaz numa área que não me era familiar. Ser recepcionista foi uma das possibilidades que se abriram, numa altura em que começo a preocupar-me com o futuro. Foi uma agradável surpresa o meu desempenho nesta experimentação.

O factor mais negativo a apontar é mesmo a acessibilidade para aquele local tão bonito. Havia apenas um autocarro e nem sempre chegava a horas.

Não tive uma recordação menos boa. Talvez uma certa desconfiança para com uma das colegas- que não se veio depois a confirmar- tenha sido o momento menos bom. Isso também se passou no dia dos meus anos em que eu reflecti (até demais) sobre alguns aspectos da minha vida.

Momentos divertidos? Talvez aquele em que uma sardanisca entrou na recepção (ver texto “A sardanisca desportista”).

Outro momento que será lembrado com alguns sorrisos teve a ver com o desconhecimento dos meus colegas (apesar de trabalharem num ginásio) do que era a bebida energética Powerade. Tenho a impressão que não contei esse divertido episódio nas minhas crónicas para este blog. Foi um lapso da minha parte não ter registado esse acontecimento, mas ainda não é tarde para o levar ao conhecimento dos presumíveis leitores deste humilde espaço.

Um dos responsáveis pelo ginásio retirou de uma das máquinas automáticas de venda de produtos uma garrafa de Powerade. Parece que a garrafa estava já aberta ou coisa parecida. A garrafa com a bebida azul ficou em cima da mesa e nós dividimos o seu conteúdo por todos. Só que alguns dos meus colegas mostravam alguma apreensão em provar daquela coisa tão esquisita para eles. Tinham medo que a estranha poção lhes provocasse uma reacção adversa. Eu ria-me porque aquela bebida é inofensiva. Tanta cerimónia para beber um gole de Powerade! Desculpem lá! Claro que tinha de me rir ao ver as caras que eles faziam a olhar para aquilo com medo de molharem sequer a boca naquele “veneno” azul.

Eu disse-lhes que aquilo era bom e que não fazia mal nenhum a ninguém. Pelo contrário, aquilo até alimenta. Eu costumo levar Powerade azul para os treinos porque vou treinar já ao final da tarde, depois de um dia extenuante. Não é pelo efeito da bebida, apenas é pelo facto de ter açúcar e atenuar um pouco o facto de, na maior parte das vezes, não ter tido oportunidade de lanchar por falta de tempo.

E assim foi a minha experimentação. A próxima semana irá revelar para onde irei fazer mais três semanas em contexto real de trabalho. A confirmar-se a possibilidade de eu ir para a Académica, será um sonho. Uma maravilha! Vou esperar.

Depois de uma noite agitada pelo já mais que habitual barulho e pelo rádio demasiado alto da minha senhoria para combater as insónias, acordei com a perspectiva de um belo dia de Sol para iluminar as últimas imagens daquele local percorrido por mim nos últimos dias.

Para além da já referida despedida do ginásio, o dia ficou marcado por um Rússia- Portugal em sub-21. Esse jogo foi um descalabro para as cores nacionais. Os russos venceram por 4-1 num jogo em que o árbitro foi protagonista pela negativa.

Para além, do juiz da partida, também o Jogador Número Sete da Rússia terá feito o jogo da sua vida. Aquele “artista” retalhou a defesa portuguesa, cavou faltas que resultaram em golos, marcou alguns dos tentos e terá também sido o responsável pela injusta expulsão de João Pereira. Muitos parabéns pelo excelente espectáculo proporcionado! Para além de um excelente jogador de Futebol, a Rússia ganhou ao mesmo tempo uma promissora estrela da representação dramática.

Esse jogador não devia jogar na segunda mão, para bem da Nossa Selecção. Haviam de lhe colocar purgante na comida para ele apanhar uma tremenda dor de barriga e não alinhar contra nós. Ele só faz estragos!

Com este resultado, eu diria que já não tínhamos hipóteses de participar na fase final do Europeu de sub-21 que se realiza, no próximo ano, no país que venceu a última edição: a Holanda. No entanto, Deus é grande e os colegas do “artista” acabariam por ser nossos amigos. Cenas dos próximos capítulos!

Por pouco que o treino não foi alterado pelo aparecimento da chuva que ameaçava cair a qualquer instante. Ainda bem que consegui realizar o que tinha pensado para aquele dia- um cooper.

Depois de quatro voltas de aquecimento e de alguns alongamentos com o mesmo objectivo, lá fui eu correr a ritmo acelerado durante doze minutos numa das pistas de fora. Percorri aproximadamente dois quilómetros, o que já é razoável nesta altura em que ainda não há competição.

E lá se passou mais um dia. Também o fim-de-semana estaria à porta. Um dia muito agitado estava a aproximar-se, como irão constatar através da leitura do próximo texto.

Situação do dia:
Fiquei extremamente contente por constatar que não sou a única a correr que nem uma doida atrás de um veículo amarelo e branco de grande porte. De um autocarro. Três pessoas correram até lhes faltar o fôlego atrás do transporte da cidade de Coimbra.

Bacorada do dia:
“Tira do mesmo lado, do outro lado!” (Outra frase que me deixou “um pouco confusa”.)

Estou estoirada!



Era feriado! Apesar de estar um dia de Sol, aproveitei para descansar um pouco. Com a mudança de hábitos nos últimos tempos, estou estoirado e este feriado tinha de ser bem aproveitado.

Levantei-me tardíssimo, como se impunha num dia como este. Iria aproveitar para lavar e passar roupa. Só iria fazer isso. Ah! E iria às compras.

Ainda estive para dar uma volta, mas adormeci a ouvir música e deixei-me ficar até à noite.

As embalagens de Skip também estão escritas a Braille. Eu comprei uma e pude constatar que esta marca de detergente de lavar roupa pensou em quem não vê. É de aplaudir!

Antes de me deitar ouvi as notícias do Desporto. Nem imaginam quem eu ouvi por lá: o Paulo Adriano. Fizeram uma reportagem com os jogadores portugueses que representam clubes cipriotas e ele foi um dos intervenientes. É sempre bom ter notícias de amigos que estão longe!

No dia seguinte iria ser o meu último dia no ginásio.

Bacorada do dia:
“6+2=15” (Quais eram as notas dele a Matemática?)

Treinar para ir a Fátima a pé

Um dos responsáveis pelo ginásio alertou-nos para o facto de um utente se estar a manter nas instalações por demasiado tempo. Eram oito e meia da manhã e já o cartão do dedicado desportista se encontrava pendurado no cacifo. Era cerca de meio-dia quando o professor nos chamou a atenção. Já tinham passado quatro horas!!!

Decidiram procurá-lo. Esteve aquele tempo todo a treinar na passadeira! Eu comecei-me a rir. Perguntaram-me porque me estava a rir. Eu fui respondendo:
- “Se calhar está a treinar para ir a pé para Fátima. O 13 de Outubro está aí e temos um fim-de-semana prolongado para quem faz ponte.”
Toda a gente se riu e concordou. Um indivíduo que passa cinco horas a andar de passadeira rolante...

Foram ver à base de dados o registo do utente que adora a monotonia de andar devagar na passadeira. Mais um motivo para a minha tese ser aceite. Só muito esporadicamente é que aquele homem vem ao ginásio. Quando vem, faz sempre desses longos treinos em passadeira rolante. Eu diria mais: é quando se aproxima uma peregrinação a Fátima!

Suponhamos que era verdade ele fazer aquele longo treino para aguentar melhor as agruras até ao Santuário. Deve ser uma das poucas pessoas a fazê-lo. E já agora, como será um plano de treinos bem elaborado com o objectivo de chegar ao Santuário com disposição ainda para ouvir a missa e visitar posteriormente o Museu de Cera?

Certamente que desse plano constarão muitos exercícios de resistência cardiovascular, longas caminhadas, alguma corrida e...treino no ginásio. Se a moda pega...

Resta dizer que o utente saiu do ginásio já depois da uma e meia. Iria para casa preparar todo o material para ir cumprir a sua promessa em Fátima.

Fui acordada de forma abrupta pelo alto som de um carro que estacionou junto ao meu quarto às cinco da madrugada. A música que cortava o silêncio da noite era “I Like To Move It, Move It”. Nem sei como se chama, realmente, essa música. Ela é bem conhecida e muito ritmada.

Voltei a adormecer, mas não me levantei de bom humor. Não me lembro qual o motivo de tal estado de espírito.

Fui à minha vida, isto é, para a paragem do autocarro. A chuva marcava presença. Enquanto esperava o autocarro, passou por ali um carro funerário com um caixão dentro. Alguém para quem aquele dia não iria certamente ser de boas recordações. Isto se eu partir do princípio que os familiares da pessoa que parte aceitaram a sua morte de forma normal, com tristeza e dor. Afinal é alguém querido que parte. Digo eu.

Alguns alunos entoavam as músicas do Tony Carreira. Ele anda mesmo por todo o lado! É mesmo um ídolo nacional.

Há dias que eu- estupidamente- andava a pensar que os comandos do ar condicionado davam para medir a temperatura. Quando eu sentia o tempo a arrefecer, lá ia ver a esses aparelhinhos o que eles diziam de sua justiça. Só que a temperatura não era consensual entre eles e eu comecei a duvidar.

Também me lembrei naquela manhã que não sabia da minha caderneta. Trabalho para verificar quando chegasse a casa!

Não sei se foi por ser véspera de feriado. A verdade é que nunca vi tanta gente no ginásio senão nesse dia. Chegaram a estar pessoas à espera dos Polares.

Na escola decorria o “Julgamento dos Caloiros” e um leilão. A base de licitação para um caloiro era de cinco euros. Demasiado, no meu entender. Se fossem cinco cêntimos ou menos ainda...

A tarde continuou com o registo da manhã: um movimento anormal de utentes que iriam aproveitar o feriando para fazer qualquer coisa, menos treinar.

A aula de Holandês continuou a ser sobre os nossos dados pessoais (como nos chamamos, o que fazemos, de onde vimos...) Lemos um texto engraçado e um outro sobre Cultura. Estou realmente a aprender coisas novas e isso deixa-me contente. Veio, de facto, quebrar a rotina.

O que eu não aprendo é o caminho. A Faculdade de Letras é um autêntico labirinto!

Cheguei a casa já era noite cerrada. Iria aproveitar o feriado para descansar um pouco.

Situação do dia:
Um carrinho dos que servem para colocar os tabuleiros na cantina colidiu violentamente com a mesa onde eu estava a comer.

Bacorada do dia:
“Tem de vencer todos os seus vencedores.” (A tarefa não se afigura nada fácil, para não dizer que é impossível.)

Anamnese

De tanto ouvir os monitores das salas de Fitness e de Musculação falarem nesse termo, e curiosa como sou pelas questões relacionadas com o Desporto e o treino, não descansei enquanto não fui perguntar a um dos monitores o que significava o termo “Anamnese”.

Há dias que essa dúvida me estava a povoar o espírito. Não iria sair do ginásio estúpida e sem saber o que significava tal palavra. Mais, era um vocábulo que fazia parte do léxico do Desporto.

A próxima vez que ouvisse algum monitor a referir-se a essa palavra, não resistiria em perguntar qual o seu significado. Foi o que fiz naquela manhã. Assim que ouvi falar em anamnese, logo perguntei o que era e em que consistia.

O monitor simpaticamente explicou-me que anamnese é uma espécie de inquérito que se faz à pessoa para saber os seus dados (eventuais lesões, problemas de saúde, limitações) no sentido de elaborar um plano de treinos personalizado e adaptado às suas características. Estamos sempre a aprender!

Levantei-me bem disposta. Se assim não fosse, não começava logo àquela hora a cantar o tema “Ilusão” de Nelo Silva & Cristiana. Ainda o rescaldo da véspera!

Na rua o tempo parecia estar algo instável. Acham que o autocarro chegou a horas? Claro que não. Parece que à quinta-feira quando eu tenho assuntos para resolver, ele chega cedo demais para meu gosto. Digo eu.

Uma estranha moleza tomava conta de mim. Num dos inúmeros tempos mortos quase adormeci.

Alguém apareceu pelo ginásio a pedir um cinto. Naturalmente fui buscar um cinto de um roupão. Afinal o que a pessoa queria era um Polar. Sempre há cada uma! Mas esperem...

Um intenso cheiro a queimado invadia as nossas narinas. Devem ter deixado esturrar a comida no restaurante. Já eram quase horas de almoçar.

As paragens dos autocarros deitavam água ainda da chuva que se abateu sobre Coimbra na noite anterior. Quando o autocarro chegou, apressei-me a entrar. De nada me valeu a pressa porque a senha ficou por duas vezes encravada na máquina. Parece que também ela sofreu com a chuva.

A semana era marcada pelas praxes na escola. Temia que se fizesse o que se faz todos os anos, a que chamam “Apresentação do Animal”. Nesse dia toda a gente come na cantina e a fila ganha proporções nunca antes vistas.

Ao contrário do que previa, o ambiente estava calmo. Ainda decorria no auditório a famosa “Missa do Caloiro” onde se podem ler textos pornográficos. Vem-me à memória a missa do ano em que fui caloira.

Calhei a dizer que meia palma fazia barulho. Mandaram-me vir para baixo para exemplificar o que era meia palma. Como não vejo bem e aqueles degraus me eram desconhecidos, tropecei neles todos. Só não caí porque me consegui equilibrar. Houve quem exclamasse: “Que grande bebedeira!” Não disse nada, apesar de não estar protegida pelo deus Baco. Quem bebe uns copos é bem visto no meio estudantil. Deixa as pessoas ainda hoje pensarem que estava com os copos!

Lembro-me também que nessa missa, coube a uma colega minha ler uma das leituras de cariz erótico. Então não é que ela foi fazer queixa à mãe! Escandalizada por terem mandado a sua prendada filha ler aquelas coisas demoníacas, a senhora apresentou-se no dia seguinte à entrada da ESEC a mandar vir contra a praxe.

Almocei rápido. Ia a sair quando uma rapariga me abordou e estranhamente me perguntou o que é que eu tinha. Provavelmente viu os meus olhos a chorar por causa do café quente.

O tempo arrefeceu imenso. De repente julgava estar em Dezembro e não em inícios de Outubro.

Regressei ao ginásio para uma tarde como todas as outras.

Nesse dia o treino foi duro. Sob ameaça de chuva, consegui cumprir à risca um apronto duríssimo que consistiu em quatro voltas para aquecer e em três séries de sensivelmente 300 metros com partida de um risco verde. Os tempos registados foram os seguintes:

1. 1.19.38
2. 1.17.22
3. 1.20.09

Neste treino usei Polar. Depois de uns indispensáveis alongamentos, dei por terminado o apronto e fui para casa descansar.

No “Um Contra Todos” estava em jogo um concorrente divertidíssimo. Falava imenso sobre o seu cão a quem tinha dado o nome de “Político” por não ter problemas em mamar. O mesmo concorrente queria trazer um nível para o programa para medir já não me lembro o quê. Foi demais aquela sessão!

Referência ainda para o sorteio da Taça UEFA. O Sporting de Braga- única equipa portuguesa ainda em prova- calhou num grupo onde também estão o Sevilha, o Grashoppers da Suiça, o Slovan Liberec da República Checa e o... AZ Alkmaar.

Situação do dia:
Estava eu na minha actividade normal quando vi descer as escadas um senhor que tinha tudo o que era preciso para não vir treinar. Para além de vir de fato e gravata (quando o vi ao longe disfarcei um risinho) também se apoiava com o auxílio de...canadianas. Descia as escadas com um visível esforço. Dentro do meu espírito malicioso reinavam uma série de perguntas: que faz este homem aqui nestes propósitos? Será mais um que vem perguntar se aqui vendem senhas de autocarro ou algo assim? Será que vem para o ginásio? Assim vestido e com as dificuldades que tem? Que tipo de exercícios irá executar? Sei lá o que pensei mais de alguém que, no meu entender, destoava num local como um ginásio. Afinal o senhor vinha inscrever o filho nas aulas de Ténis. Também me estava a parecer que ele não vinha frequentar o ginásio!

Bacorada do dia:
“Vou fazer publicidade ao restaurante que eu não posso dizer.” (Restaurante “O Segredo Do Chefe”)

Aprender Holandês para quê?



Era chegado o tão esperado dia de ter a minha primeira aula de Holandês. Muita gente me pergunta por que razão vou eu aprender Holandês e para que serve esse conhecimento.

Nunca se sabe o que o futuro nos reserva. Saber mais uma língua poderá ser uma mais-valia para um currículo que se quer recheado, uma vez que tenho a limitação de não ver. Ao possuir outro tipo de conhecimentos, as pessoas irão ver que sou uma pessoa que não baixou os braços e que continua a lutar por uma oportunidade no mercado de trabalho que teima em me fechar as portas somente por ter uma deficiência.

Essa não foi, contudo, a principal razão que me levou a inscrever na aprendizagem de Língua e Cultura Neerlandesa. A principal razão é o sonho que alimento de um dia ir à Holanda, aliado ao facto de ser grande fã do Ciclismo Holandês e de as notícias estarem quase todas nessa língua que eu faço um esforço enorme por perceber a mensagem essencial.

Já há tempo que penso em aprender Neerlandês, mas os recentes acontecimentos e a necessidade de ter algo que me devolvesse a motivação perdida precipitaram tudo. Ao me inscrever nesse curso, ficaria mais em contacto com a língua e a cultura do país que tanto sonho pisar um dia. Um dia que já poderia ter sido, caso as pessoas tivessem mais um pouco de sensibilidade nos seus corações monstruosos. Há que seguir em frente e tentar apagar toda esta frustração que me está a destruir por dentro. Aprender Holandês talvez seja um passo para esquecer tudo isso e alimentar a esperança de realizar o meu sonho.

Tentar uma aventura no Estrangeiro povoa o meu pensamento. Este ano tentei ir para Espanha. Se um dia fosse continuar a estudar ou mesmo trabalhar para outro país e tivesse a oportunidade de escolher, optaria por ir para a Holanda por uma simples e única razão: melhores condições para poder fazer aquilo que é a minha paixão e que aqui se torna impossível de fazer: Ciclismo. É isso que me une ao Pais das Tulipas. O Ciclismo é, desde criança, a minha grande paixão.

Já passaram dez anos desde o dia em que experimentei o Ciclismo-Tandem. Nessa quarta-feira senti uma liberdade imensa, uma paz de espírito que nem sei explicar. Naquela altura era possível andarmos de bicicleta pela cidade. Ciente das dificuldades que havia em arranjar voluntários que servissem de guias, na altura de escolher entre o Ciclismo e o Atletismo, optei pela segunda hipótese por ainda ter autonomia para correr sozinha em pista. Apesar de gostar mais de Ciclismo que de Atletismo, hoje sei que não me enganei ao prever que o Ciclismo na ACAPO iria acabar.

Foi no dia 13 de Junho de 2003 na Lousã que andei de bicicleta pela última vez. Hoje, se sonho que ando de bicicleta, acordo triste. As bicicletas estão paradas a ganhar ferrugem. Acreditem que é com profunda tristeza e algumas lágrimas a quererem rolar que digo isto. Tudo o que eu queria neste momento era voltar a andar de bicicleta pela estrada e voltar a sentir novamente a liberdade perdida.

Se acaso eu tivesse a oportunidade de ir para a Holanda, não me faltariam condições para realizar esse sonho. Com o agravar do meu problema nos olhos, o Ciclismo seria o Desporto mais indicado para mim devido ao menor impacto no solo. No Estrangeiro olham para o Desporto praticado por nós de uma maneira diferente. Aqui em Portugal, certo tipo de tratamento leva -me a pensar muitas vezes que nem seres humanos nos consideram. Retiram o pouco que ainda nos faz feliz e ainda retiram algo que não temos e que merecíamos ter.

São todos estes motivos que me levam a buscar algo pela minha felicidade, pelo meu futuro, pela minha dignidade enquanto pessoa, por tudo em que acredito. Ter mais um objectivo, mais alguma coisa que me faça ocupar o espírito, acaba por ser benéfico para apagar da minha vida os fantasmas que se instalaram e que teimam em não desaparecer.

Foi com expectativa que fui para a primeira aula onde tive o primeiro contacto com a Língua e Cultura Neerlandesa. A sala estava cheia de outras pessoas que também queriam aprender. A maior parte tenciona ir para lá prosseguir uma vida sem oportunidade de progredir na Pátria Lusitana. Eu espero empenhar-me para o que me aparecer. O futuro encarregar-se-á de confirmar se tenho ou não razão em aceitar este desafio.

De entre os meus colegas presentes na sala de aula, destacava-se um por ser mais alto e por ser bonito. Era um alemão que aqui está a estudar. Mas não é tão bonito como outro rapaz que iria ver algumas horas depois. Lá chegarei.

A professora é holandesa e está cá em Portugal desde 1989. A minha amiga falava-me muito bem dela e fez questão de me apresentar nesse dia. Aliás, foi a minha amiga que me incentivou a vir aprender Neerlandês e me deu indicações bem positivas sobre a professora e sobre as aulas.

A primeira aula foi dedicada à pronúncia de cidades e nomes, a um pouco de cultura e aprendemos também a dizer como nos chamávamos. Estava radiante e a valente molha que apanhei no regresso a casa foi encarada de forma divertida. Sentia-me feliz novamente!

Encarei aquela manhã de segunda-feira de forma apreensiva. A música folclórica que passava na rádio animava-me mas, no meu pensamento, pairava o espectro de algo acontecer que me fizesse não chegar a horas. E se a camioneta se atrasa? E se acontece uma avaria e a camioneta não vem? Já aconteceu isso, pelo menos umas três vezes! Sentia um arrepio na espinha de cada vez que me vinham essas ideias ao espírito.

O meu vizinho prometeu levar-me até Anadia. Mas senti um nó na garganta ao vê-lo rebocar o seu carro que tinha sofrido um pequeno acidente. Bem dizia a minha mãe que tinha visto um carro ali e que o cão não parava de ladrar. E agora?

Afinal ele tinha uma carrinha da empresa onde trabalha e lá fomos até à paragem. Aquela manhã estava amena. O nascer do Sol em Anadia emprestava ao Céu tons invulgares. (ver foto)

Continuava a estar preocupada com o eventual atraso da camioneta. De qualquer das formas iria de táxi para o ginásio. Não me restava outra alternativa. Os acessos para ali são complicados.

Quando avistei a camioneta ao longe, senti um peso enorme a se desprender das minhas costas. Estava salva! Mas quando eu não tenho mais problemas, arranjo-os. E se não havia lá táxis disponíveis?

Cheguei a Coimbra e havia lá muitos táxis. Apanhei um e fui até ao meu destino. As horas de descanso ficavam para trás.

Havia um movimento anormal. Parece que toda a gente estava empenhada em queimar as caloriazinhas acumuladas durante um ocioso fim-de-semana.

De fim-de-semana parecia estar ainda o teclado numérico do computador que não queria colaborar naquela segunda-feira de manhã. Quando eles resolveram trabalhar, fui eu que em vez de carregar num nove carreguei num três. Ou será que foi ao contrário?

Nessa manhã recebi a visita da técnica de inserção que veio ver como estavam a correr as coisas. Apanhou-me numa altura em que estava num corrupio de entrega de chaves e cartões. Foi uma forma de ela constatar que me estava a adaptar bem face ao movimento que ali havia na altura.

Oh não! As aulas começaram na Escola Superior de Educação de Coimbra! Junto à porta principal estavam alinhados os caloiros que iam sendo praxados. Parece que foi ontem que, naquela mesma escola, me estavam a praxar a mim. Nem quero acreditar que já se passaram dez anos!

Na cantina, como eu já esperava, começou o inferno. Chegar atrasada vai passar a ser inevitável! E logo hoje que não posso ficar nem mais um minuto para compensar. Também para mim começam as aulas mais logo. Estou ansiosa por começar.

À saída estava um caloiro deitado no chão de barriga para baixo e de braços abertos. Os outros “animais” olhavam aquele acto de praxe com expectativa. Passaram dez anos sobre a minha entrada na ESEC, mas a tradição ainda é o que era. Os novos alunos continuam a andar identificados com umas orelhas de burro feitas com cartolina laranja e azul (essas duas cores perseguem-me) em que se encontra escrito o nome e o curso que vão frequentar. As minhas orelhas ainda estarão guardadas algures.

Nada de relevante que alterasse a rotina se passou naquela tarde. Tinha de ir para a Faculdade com a minha colega, que ela conhece melhor aquele espaço do que eu. A professora também é considerada por ela como uma amiga.

Passada a primeira aula, que eu acima neste texto descrevi, fui para casa. Chovia copiosamente e a molha foi inevitável. Fui a toda a pressa. Era noite de Futebol.

O Sporting jogava com a União de Leiria. Foi nesse jogo que descobri alguém que me transportou a um passado feliz da minha vida. Na cidade do Lis joga alguém que passei a admirar desde aquele instante. Alguém que me fez lembrar a minha feliz passagem pelo seu país de origem- a Polónia.

O jogador do Leiria fez-me lembrar os seus compatriotas com quem convivi durante o tempo que lá estive. Além disso é muito bonito. Eu pessoalmente considero assim.

O Sporting venceu os leirienses por 2-0. Foi também com dois golos contra um do Porto que o Braga venceu o seu jogo que se antevia difícil. Destaque para o primeiro golo arsenalista. Parece que o Benfica jogou em dois campos nesta jornada. Jogou contra o Desportivo das Aves e venceu e ainda jogou no Estádio Municipal de Braga através de Marcel que fez questão de ajudar o seu clube de origem ao apontar um golo precioso para a conquista de três pontos e para a subtracção do mesmo número de pontos ao adversário directo do Benfica. Sobre esse golo falarei ainda neste texto.

O Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim continua com o seu habitual discurso sempre muito inflamado e polémico. Parece que ele se referiu a uma peixaria, não sei a que propósito. Peixeiro é ele!

Situação do dia:
Exagerei nos festejos do primeiro golo do Braga apontado por Marcel. Aproveitando o meu bom humor, nada melhor do que a derrota parcial do Porto para me animar ainda mais. Quem me ouvisse a festejar exuberantemente aquele golo, pensaria que o Braga acabava de vencer a Liga dos Campeões. Foi um acto irreflectido.

Bacorada do dia:
“Valdomiro foi atingido pelo corpo inteiro e completo de Tonel.” (por outras palavras, o jogador do Sporting entrou ao adversário com tudo e mais com um par de botas.)

Estava um lindo dia, sentia-me bem mas...desisti



Provavelmente se o tempo estivesse mau e se ele não estivesse bem disposto, nem teria alinhado. Digo eu.

Ou então, cá para mim, ele só ganha uma prova quando não se sente bem e o tempo está agreste. E já não é o primeiro. Quando está tempo bom e ele se sente bem, apetece-lhe fazer de tudo menos uma prova de Ciclismo. Mal empregado dia! Valia mais ir até à praia e caminhar à beira-mar com a pessoa amada, aproveitando o romantismo de um céu azul.

Por sua vez, quando ele não anda bem, afoga as suas mágoas a pedalar vigorosamente durante mais uma jornada velocipédica. Chamam os entendidos a isto um comportamento de compensação, isto é, compensar um momento menos bom com alguma coisa em que o indivíduo é bem sucedido.

Estou a falar do canadiano Ryder Hesjedal (que alinhou na Rabobank em 2002 e 2003 e que agora alinha na Phonak). De referir que esse atleta não compareceu à partida da prova de montanha nos Jogos Olímpicos de Atenas.

Se bem me lembro, pude constatar através da transmissão televisiva do evento que o dia estava maravilhoso. Pelo menos não chovia. Quanto ao estado de espírito do canadiano nesse dia, nada posso adiantar porque não sou mosca, nem sou bruxa. Só sei que ele figurava como não estando em prova logo nas voltas iniciais. Depreendi que ele não tivesse partido. O Campeão Olímpico, se bem me lembro, foi o francês Julien Absalon que, se fosse outro como o Ryder, queixar-se -ia do calor, do percurso e de não ter dormido durante a noite devido ao barulho que se fazia na Aldeia Olímpica a festejar as glórias de outros atletas de outras modalidades.

Custa-me a compreender como é possível um atleta não comparecer a um evento como os Jogos Olímpicos. Já uns dias antes tinha ficado a pensar no que aconteceu ao sul-africano Robert Hunter (na altura ciclista da Rabobank) para não comparecer ao contra-relógio.

Para mim que também sou atleta, uma olimpíada seria o ponto alto de uma carreira construída à base de muito suor, trabalho, lágrimas e sacrifícios da vida pessoal. Desde 1992 (altura em que descobri que também havia olimpíadas para atletas deficientes) que alimento o sonho de atingir esse objectivo. Sei que é impossível hoje, mas houve uma altura em que esteve muito perto. Se não tivesse sido traída pelo Destino...

Se a minha participação numas olimpíadas tivesse sido uma realidade, penso que nada me iria impedir de estar no local de partida. Trabalhei muito para ali estar e para realizar esse sonho comum a todos os atletas. Ou a quase todos, porque há deles que não comparecem às provas e isso para mim é inaceitável.

Só acamada e com os braços amarrados a soros e máquinas de monitorização cardíaca (como estive uma vez nos preparativos para mais uma operação aos olhos) é que eu faltaria à chamada. Uma gripe, uma lesão, uma indisposição, uma diarreia não seriam motivos para faltar a um evento pelo qual tanto lutei. Se acaso fosse lesionada para a prova, iria até onde pudesse. A minha simples presença ali valeria qualquer sacrifício da minha parte.

Ainda me lembro de um atleta italiano nuns Jogos Olímpicos não sei de que ano, a fazer uma corrida de pista com uma valente indisposição. Esse atleta no fim da sua prova deitou-se no chão. Ele saberia que o importante era estar ali e que nada o faria perder essa oportunidade pela qual anseiam milhões de atletas, desde os amadores aos profissionais altamente remunerados.

Como se costuma dizer, as conversas são como as cerejas por virem umas atrás das outras. Por ter achado curioso o facto de aquele atleta ter dito que desistiu quando se sentia bem, lembrei-me que ele pertence ao restrito grupo de atletas que se dá ao luxo de não comparecer aos Jogos Olímpicos. Eu não posso com tal ideia!

Ainda no mundo velocipédico, o Benfica prepara-se para regressar à estrada já em 2007. Parece que a ideia é construir uma equipa forte com ciclistas bem cotados. Fala-se em José Azevedo.

A acontecer o regresso do Glorioso à estrada, vou ficar dividida no que respeita a equipas por quem hei-de torcer. Por um lado tenho o regresso da equipa do meu clube do coração, que eu aprendi a amar desde tenra idade. Por outro, tenho a Rabobank que é uma das minhas grandes paixões. Também gosto da Duja-Tavira porque tenho lá amigos. Na Volta a Portugal deste ano vibrei com os seus feitos gloriosos.

Já que falei em Rabobank, parece que o Boogerd se anda a lamentar de não ser tratado das suas mazelas convenientemente. Se bem me lembro, ele queixava-se de gripe, amigdalite ou lá o que era e os médicos devem ter coisas mais graves para tratar. Ultimamente têm havido muitas quedas envolvendo ciclistas da Rabobank que deixaram mazelas mais graves que uma gripe. A solução para ele seria consultar o médico de família que o reencaminharia para um otorrinolaringologista. Uau! Escrevi esta palavra como deve ser logo à primeira!

Fui descansar um pouco. Esse descanso não foi tão prolongado como nos outros domingos. Iria haver lá em casa um almoço de retribuição a umas pessoas amigas que foram levar os pertences da minha irmã à sua casa na Marinha Grande. Esse almoço seria também aproveitado para festejar os meus anos (ver foto) que também seriam festejados na ACAPO alguns dias depois.

O almoço decorreu de forma animada e a boa disposição foi a nota dominante.

Era um domingo com muito Sol. Não estava frio nem calor. Era um dia ameno, portanto. Como num domingo normal, fui ouvir o Futebol.

Para mal dos meus pecados, a Académica perdeu em casa com o Nacional da Madeira por 1-3.

À noite, o Glorioso recebia em casa o Desportivo das Aves. Não sei o que estive a fazer que apanhei o jogo em andamento e o Benfica já perdia. Lembrei-me logo que tinha sonhado que o Benfica tinha perdido com essa mesma equipa, estava a jogar tão mal que era uma vergonha.

Tudo não passou de um susto. O Benfica acabou por venceu o jogo tranquilamente por 4-1. Destaque para o grego Karagounis que marcou um excelente golo na marcação de um livre. Ele que esteve para ser dispensado!

Preparei as minhas coisas para, no dia seguinte, iniciar mais uma semana de trabalho que seria a última no ginásio.

Situação do dia:
Para o almoço tinha também sido convidado um senhor da minha terra que é carpinteiro. Mas não é um carpinteiro qualquer. É carpinteiro de...caixões para uma agência funerária. A certa altura, em pleno almoço, a conversa começou a girar em torno de urnas, mortos e outras coisas relacionadas com essa temática.

Bacorada do dia:
“Eu gostava de ver o Benfica a jogar com o Simão, o Nuno Gomes e o Kikim González” (um desejo irrealizável!)

Estava um lindo dia, sentia-me bem mas...desisti



Provavelmente se o tempo estivesse mau e se ele não estivesse bem disposto, nem teria alinhado. Digo eu.

Ou então, cá para mim, ele só ganha uma prova quando não se sente bem e o tempo está agreste. E já não é o primeiro. Quando está tempo bom e ele se sente bem, apetece-lhe fazer de tudo menos uma prova de Ciclismo. Mal empregado dia! Valia mais ir até à praia e caminhar à beira-mar com a pessoa amada, aproveitando o romantismo de um céu azul.

Por sua vez, quando ele não anda bem, afoga as suas mágoas a pedalar vigorosamente durante mais uma jornada velocipédica. Chamam os entendidos a isto um comportamento de compensação, isto é, compensar um momento menos bom com alguma coisa em que o indivíduo é bem sucedido.

Estou a falar do canadiano Ryder Hesjedal (que alinhou na Rabobank em 2002 e 2003 e que agora alinha na Phonak). De referir que esse atleta não compareceu à partida da prova de montanha nos Jogos Olímpicos de Atenas.

Se bem me lembro, pude constatar através da transmissão televisiva do evento que o dia estava maravilhoso. Pelo menos não chovia. Quanto ao estado de espírito do canadiano nesse dia, nada posso adiantar porque não sou mosca, nem sou bruxa. Só sei que ele figurava como não estando em prova logo nas voltas iniciais. Depreendi que ele não tivesse partido. O Campeão Olímpico, se bem me lembro, foi o francês Julien Absalon que, se fosse outro como o Ryder, queixar-se -ia do calor, do percurso e de não ter dormido durante a noite devido ao barulho que se fazia na Aldeia Olímpica a festejar as glórias de outros atletas de outras modalidades.

Custa-me a compreender como é possível um atleta não comparecer a um evento como os Jogos Olímpicos. Já uns dias antes tinha ficado a pensar no que aconteceu ao sul-africano Robert Hunter (na altura ciclista da Rabobank) para não comparecer ao contra-relógio.

Para mim que também sou atleta, uma olimpíada seria o ponto alto de uma carreira construída à base de muito suor, trabalho, lágrimas e sacrifícios da vida pessoal. Desde 1992 (altura em que descobri que também havia olimpíadas para atletas deficientes) que alimento o sonho de atingir esse objectivo. Sei que é impossível hoje, mas houve uma altura em que esteve muito perto. Se não tivesse sido traída pelo Destino...

Se a minha participação numas olimpíadas tivesse sido uma realidade, penso que nada me iria impedir de estar no local de partida. Trabalhei muito para ali estar e para realizar esse sonho comum a todos os atletas. Ou a quase todos, porque há deles que não comparecem às provas e isso para mim é inaceitável.

Só acamada e com os braços amarrados a soros e máquinas de monitorização cardíaca (como estive uma vez nos preparativos para mais uma operação aos olhos) é que eu faltaria à chamada. Uma gripe, uma lesão, uma indisposição, uma diarreia não seriam motivos para faltar a um evento pelo qual tanto lutei. Se acaso fosse lesionada para a prova, iria até onde pudesse. A minha simples presença ali valeria qualquer sacrifício da minha parte.

Ainda me lembro de um atleta italiano nuns Jogos Olímpicos não sei de que ano, a fazer uma corrida de pista com uma valente indisposição. Esse atleta no fim da sua prova deitou-se no chão. Ele saberia que o importante era estar ali e que nada o faria perder essa oportunidade pela qual anseiam milhões de atletas, desde os amadores aos profissionais altamente remunerados.

Como se costuma dizer, as conversas são como as cerejas por virem umas atrás das outras. Por ter achado curioso o facto de aquele atleta ter dito que desistiu quando se sentia bem, lembrei-me que ele pertence ao restrito grupo de atletas que se dá ao luxo de não comparecer aos Jogos Olímpicos. Eu não posso com tal ideia!

Ainda no mundo velocipédico, o Benfica prepara-se para regressar à estrada já em 2007. Parece que a ideia é construir uma equipa forte com ciclistas bem cotados. Fala-se em José Azevedo.

A acontecer o regresso do Glorioso à estrada, vou ficar dividida no que respeita a equipas por quem hei-de torcer. Por um lado tenho o regresso da equipa do meu clube do coração, que eu aprendi a amar desde tenra idade. Por outro, tenho a Rabobank que é uma das minhas grandes paixões. Também gosto da Duja-Tavira porque tenho lá amigos. Na Volta a Portugal deste ano vibrei com os seus feitos gloriosos.

Já que falei em Rabobank, parece que o Boogerd se anda a lamentar de não ser tratado das suas mazelas convenientemente. Se bem me lembro, ele queixava-se de gripe, amigdalite ou lá o que era e os médicos devem ter coisas mais graves para tratar. Ultimamente têm havido muitas quedas envolvendo ciclistas da Rabobank que deixaram mazelas mais graves que uma gripe. A solução para ele seria consultar o médico de família que o reencaminharia para um otorrinolaringologista. Uau! Escrevi esta palavra como deve ser logo à primeira!

Fui descansar um pouco. Esse descanso não foi tão prolongado como nos outros domingos. Iria haver lá em casa um almoço de retribuição a umas pessoas amigas que foram levar os pertences da minha irmã à sua casa na Marinha Grande. Esse almoço seria também aproveitado para festejar os meus anos (ver foto) que também seriam festejados na ACAPO alguns dias depois.

O almoço decorreu de forma animada e a boa disposição foi a nota dominante.

Era um domingo com muito Sol. Não estava frio nem calor. Era um dia ameno, portanto. Como num domingo normal, fui ouvir o Futebol.

Para mal dos meus pecados, a Académica perdeu em casa com o Nacional da Madeira por 1-3.

À noite, o Glorioso recebia em casa o Desportivo das Aves. Não sei o que estive a fazer que apanhei o jogo em andamento e o Benfica já perdia. Lembrei-me logo que tinha sonhado que o Benfica tinha perdido com essa mesma equipa, estava a jogar tão mal que era uma vergonha.

Tudo não passou de um susto. O Benfica acabou por venceu o jogo tranquilamente por 4-1. Destaque para o grego Karagounis que marcou um excelente golo na marcação de um livre. Ele que esteve para ser dispensado!

Preparei as minhas coisas para, no dia seguinte, iniciar mais uma semana de trabalho que seria a última no ginásio.

Situação do dia:
Para o almoço tinha também sido convidado um senhor da minha terra que é carpinteiro. Mas não é um carpinteiro qualquer. É carpinteiro de...caixões para uma agência funerária. A certa altura, em pleno almoço, a conversa começou a girar em torno de urnas, mortos e outras coisas relacionadas com essa temática.

Bacorada do dia:
“Eu gostava de ver o Benfica a jogar com o Simão, o Nuno Gomes e o Kikim González” (um desejo irrealizável!)

Assembleia morna

Na ACAPO-Centro foi dia de Assembleia para aprovar as Contas e o Relatório de Actividades para o próximo ano.

Apesar de a instituição atravessar um período difícil em termos económicos, sempre haverá um esforço para se realizarem algumas iniciativas.

Estavam poucos associados no salão e a Assembleia decorreu de forma correcta e moderada. Nada de grandes polémicas! Eu é que não achei bem estar previsto no item do Desporto um lucro nulo e disse que se poderia resolver isso com a angariação de apoios, nomeadamente no que respeita a adquirir equipamentos para as provas. Se ali estivesse contabilizado o que eu compro do meu próprio bolso, as contas eram outras.

A má qualidade dos computadores e máquinas Braille também mereceu u reparo da minha parte. Há mais de seis anos que ando a falar nisso.

Eu penso que a resolução destes problemas deveria estar numa maior colaboração das entidades do exterior connosco. Sem dinheiro não se podem adquirir os melhores meios para ajudar todos aqueles que possuem uma deficiência visual.

Talvez o ano de 2007 traga ventos mais favoráveis para que todos os deficientes visuais usufruam de tudo o que é necessário para a sua integração na sociedade.

Era Sábado e levantei-me tarde. Não fui treinar. Como tenho de me levantar mais cedo, o fim-de-semana é aproveitado para recarregar baterias. Só à tarde iria a casa saber como andavam os gatos e o resto das coisas.

Até lá, aproveitei para lavar umas peças de roupa antes de ir almoçar. Foi durante o almoço que soube que, afinal a história dos iogurtes continuou no dia seguinte.

Parece que acusaram a minha colega de ter levado os iogurtes. Foi ela que mos veio devolver. Enquanto a outra (que ainda vê) nem se mexeu da cama. Como foi possível os colegas responsabilizarem-na pelo desvio dos iogurtes, se ela mos veio entregar? Se eu tivesse lá estado, eles iam ver...

Depois da Assembleia o meu amigo, juntamente com um senhor emigrante no Brasil, levou-me até casa e deu-me a minha prenda de anos. Era uma flor artificial numa pesada jarra de vidro.

Em minha casa houve um lanche improvisado, uma espécie de festa de anos antecipada. Eu aproveitei para lhe gravar um CD com o filme de uma festa que houve na ACAPO no dia em que Portugal jogou com a Inglaterra para o Mundial 2006. Ele ainda não tinha visto tal filme em que era o protagonista ao tocar com o seu acordeão o popular tema “Ao Passar a Ribeirinha”. Estava um videoclip tremendo! Qualquer dia ainda passa no Top+.

E assim cheguei a casa depois de duas semanas sem pôr lá os pés.

Antes de passar para a secção de “Bacorada do dia” (neste dia não houve “Situação do dia”) convém informar que, a partir deste texto, irei recuperar bacoradas mais antigas ou de há poucos dias atrás que não foram mencionadas. Isto caso não haja nenhuma. Este é um desses casos.

Bacorada do dia:
“Não tenho mais para dizer daquilo que já não disse.” (quando as pessoas estão mais baralhadas que um baralho de cartas, saem destas pérolas.)

O resgate dos iogurtes



Era uma vez uma embalagem com quatro iogurtes que repousava quietinha dentro de um frigorífico. Certo dia, esses iogurtes desapareceram e a sua dona ficou desesperada à procura deles.

Isto não é um conto de fadas. Pelo contrário, eu fiquei possessa quando abri o frigorífico para tirar um iogurte para comer antes de me deitar e não vi lá nenhum. É aborrecido quando sabemos que temos alguma coisa com que podemos contar e isso desaparece sem que estivéssemos à espera. Quando isso acontece no próprio dia do aniversário é uma prenda valente. Só que eu não desejo a ninguém esse tipo de prendas.

O que aconteceu foi que as minhas colegas mudaram de casa e levaram as coisas para a nova habitação que alugaram. Como também não distinguem as coisas, levaram o que não lhes pertencia. Não foi por mal! Eu sei disso, mas queria comer e não tinha lá nada.

Tinha o número de uma delas, só que ela não atendia o telemóvel. Começava a desesperar. Por acaso ligou para mim um amigo da outra colega. Quando eu lhe pedi o número de telefone começou a disparatar e eu tive de lhe desligar o telefone na cara. Não estava para o aturar numa situação dessas. Queria ir dormir e não tinha nada ali que se comesse.

Fui ao andar de cima onde moram mais duas colegas para ver se tinham o número da outra colega. A solução foi ligarem para um colega da turma delas que lhe deu o número. Elas ligaram-lhe.

Eu não sabia para onde é que elas tinham ido morar. Se soubesse ia lá directamente. Tentei novamente ligar para a minha amiga e, desta vez ela atendeu o telemóvel. Ela foi dizendo onde era a casa delas e eu fui até lá. Fui buscar o que era meu e que me estava a fazer falta.

Eram onze horas da noite quando saí para a rua. A noite estava calma e a temperatura estava amena. O movimento era pouco. Desci a rua com a missão de proceder ao resgate dos iogurtes.

Cheguei à cortada indicada por elas. Era um local bastante escuro. Estive ali alguns minutos a explorar no meio da escuridão onde era a casa. Sentia mexer. Não sabia onde.

Vi uma luz acesa e resolvi tentar a minha sorte. Em trajes de dormir, a senhoria delas (uma senhora já de idade também) veio abrir-me a porta. Já sabia o que se passava e chamou as minhas colegas.

A colega a quem eu liguei veio dar-me os iogurtes. Agradeci-lhe imenso. Não escondia o meu contentamento. Quem me visse, julgava que tinha ido resgatar um familiar ou um amigo em apuros.

Segui o meu caminho já a beber um dos iogurtes. Não havia tempo a perder. Já estava mais do que na hora de ir dormir. Antes disso, coloquei um CD e assim adormeci.

Reza aqui o texto que dormi melhor que nas noites anteriores em que tive uns sonhos muito fora do registo normal do que costumam ser os meus sonhos.

Chovia lá fora e eu já ia a sair de casa sem guarda-chuva. Tive de voltar para trás para o ir buscar. Também fui obrigada a trocar de calçado. Dentro de casa, nem reparei que o tempo estava assim na rua.

Na paragem um homem contava as suas aventuras matinais. Naquela manhã, o despertador foi pontapeado. É duro ser despertador! Pelo menos eu não lhe invejo a sorte. Eu também me zango quando estou a sonhar com coisas boas e o raio do despertador toca para mais um dia de dura realidade.

Já não é preciso dizer que o autocarro se atrasou. A admiração será no dia em que chegará a horas.

Um bom pontapé precisava também de levar o telefone lá da recepção que andava avariado. Não se conseguia ouvir o que as pessoas do outro lado da linha estavam a dizer. Era de perder a paciência!

Dentro da sala de Musculação puxava-se pelo físico. O barulho dos ferros a bater fez-me sentir saudades de levantar uns pesos. E eu que gostava tanto disso. Por causa do meu problema nos olhos, não me é permitido trabalhar o corpo no ginásio. Que pena!

Era véspera de fim-de-semana. Iria para casa desta vez. Antes havia uma tarde de trabalho pela frente. Tinha de chegar a horas e a pressa falava mais alto que a razão. Uma senhora impediu que eu me metesse à estrada com o semáforo vermelho.

Acabei por conseguir o que queria: chegar a horas. A tarde iria ser longa. Como já estava com a cabeça no que iria fazer no fim-de-semana, comecei a disparatar e confundi um cinco com um seis.

Foi com as pernas ainda doridas dos últimos treinos que iniciei mais uma sessão. Para aquele final de tarde estava reservada uma corrida com trinta minutos de duração. Os quinze minutos iniciais foram de aquecimento. Depois fiz três sessões de três minutos mais rápidos alternados com mais duas a ritmo normal. Os alongamentos encerraram o apronto que se realizou em óptimas condições climatéricas.

E assim se passou mais um dia. Prometi ir treinar de manhã, mas o Sábado é para descansar de mais uma semana desgastante e cheia de stress.

Situação do dia:
Toupeira dum raio! Ia com tanta pressa que foi contra um senhor que trazia duas enormes gavetas. A Toupeira dum raio pensou até que fossem peças para...caixões.

Bacorada do dia:
“Não! Não entres para dentro!!” (se ele entrava “para dentro”, ia ser difícil encontrá-lo às escuras.)

Sunday, December 24, 2006

Trinta anos

28 de Setembro de 2006, data em que comemoro trinta anos de vida. Mudei de clube!

São trinta anos de uma existência sofrida, nem sempre compreendida da forma que merece. Trinta anos a tentar lutar contra as armadilhas que o Destino me traçou.

Neste dia em que comemoro o meu trigésimo aniversário há que fazer um balanço daquilo que vivi e deixei de viver, embora adorasse ter vivido.

Não tive a infância desejada por ter, aparentemente, de receber uma educação de acordo com as minhas necessidades especiais.

Alguns problemas de saúde sobressaltaram a minha adolescência, mas tudo correu bem. Felizmente que hoje tenho saúde e tudo isso foi ultrapassado.

Bati a muitas portas para tentar realizar o meu sonho. Todos me negaram esse desejo simplesmente porque não vejo bem.

Foi depois de ver o meu sonho cada vez mais longe de se realizar que optei por seguir para o Ensino Superior. Em Coimbra descobri um novo rumo para a minha vida. Foi nessa altura que me foi aberta a porta do Desporto. Ganhei um novo alento, uma alma nova.

Foram anos felizes em que conseguia realizar-me quase por inteiro. Conheci imensa gente ligada ao Desporto e comecei a participar em provas desportivas a nível nacional.

Depois de um estágio que não correu bem devido ao preconceito que ainda existe em relação a nós, a alegria foi-me devolvida alguns dias depois quando me foi dada a oportunidade de representar a Selecção Nacional nos Campeonatos Europeus de Atletismo para Deficientes Visuais que decorreram em Lisboa.

Talvez me tenha aí apaixonado pela primeira vez e isso fez com que me sentisse outra pessoa. A minha motivação subiu consideravelmente e fiz a melhor época desportiva da minha carreira. Nos Campeonatos nacionais de 2000 fiz a melhor exibição de sempre.

O ano de 2001 talvez tenha sido o melhor ano da minha vida. Participei na minha primeira (e até ver única) prova além fronteiras, conheci alguém por quem me apaixonei, concluí a minha Licenciatura em Comunicação Social e passei a ter o meu próprio computador.

Com o regresso a casa, voltaram os momentos difíceis. Passei a treinar sozinha, novamente longe de todos os meus sonhos e objectivos. Foi também nessa altura que a minha situação clínica deu sinais de piorar com o diagnóstico do glaucoma como consequência directa dos problemas com que nasci.

Apesar de treinar em condições adversas, quase consegui atingir mínimos para os Europeus de Atletismo que se iam realizar na Holanda em 2003. Ir à Holanda passou a ser um dos meus principais objectivos. Fiquei fortemente abatida por não ter realizado esse sonho.

No final desse ano, resolvi mostrar a todo o Mundo o que estava a fazer com as parcas condições que tinha. Esperava por apoios para continuar a minha carreira desportiva. Obtive resposta de uma instituição em Miranda do Corvo, para onde fui viver em finais de Janeiro de 2004.

Após um período de adaptação um pouco complicado, tudo me começou a correr bem. Comecei a progredir no Desporto e isso era fundamental para me sentir bem. Além disso, o sonho de fazer rádio por que tanto lutei ao longo de tantos anos estava a concretizar-se. As condições estavam criadas para ter a vida que sempre sonhei, porém o Destino não permitiu este estado de graça por muito tempo.

Em Março de 2004 começou o meu Inferno, se é que não começou mais cedo. A partir daí, a minha vida começou a tomar o rumo inverso. Fui sujeita a uma operação aos dois olhos que encarei com algum medo de perder a visão por completo.

Alguma acalmia regressou à minha vida com a participação como voluntária no Euro 2004. Foi um evento bastante importante para Portugal e foi com muito orgulho que fiz também parte dele. Nunca hei-de esquecer esses bons momentos!

O dia 6 de Julho de 2004 foi um dos dias mais negros da minha vida. Quando esperava retomar o Desporto normalmente, recebi a terrível notícia de que estava acabada para a prática desportiva. Nem pensar em fazer grandes esforços devido ao perigo de descolamento da retina. Fiquei destroçada e resolvi voltar para casa com medo do que pudesse aconteceu futuramente na minha vida. Esperavam-me mais inquietações. Sempre por causa dos olhos.

Voltei a ser operada em Janeiro de 2005. Como nada de benéfico adveio dessa operação, tive de fazer outra cirurgia na tentativa de salvar a visão do meu olho direito. A operação foi sendo adiada sucessivamente devido ao meu medo, mas não tive outra hipótese. Essa terceira cirurgia culminou com o dia mais negro da minha vida- 24 de Maio de 2005. Não tenho dúvidas quanto a isso!

Nesse dia dei entrada nas urgências hospitalares com a tensão ocular alta demais. Isso fez-me pensar no que foi a minha vida até alii e no que seria a minha vida no futuro. Traçava um cenário medonho para mim mesma. Seguiram-se momentos de angústia e de indecisão. Não poder praticar Desporto era a minha grande mágoa. Passei muitas noites sem dormir e, muitas vezes, acordava a chorar quando sonhava que corria novamente na pista do Estádio Cidade de Coimbra.

Em Agosto tudo se alterou um pouco com alguma estabilidade da minha situação clínica. Regressei a Coimbra em Setembro para fazer a minha reabilitação para o que desse e viesse.

Com este regresso voltei aos velhos tempos. Voltei a sorrir porque os sonhos que me punham a chorar quando acordava deixaram de ser sonhos. De forma limitada voltei a percorrer a pista do Estádio Cidade de Coimbra. A minha vida voltava a ter sentido.

Três meses depois regressei às provas. Não podendo fazer lançamentos, nem provas combinadas, voltei às minhas origens e passei a ser apenas velocista. Foi com essa nova alma que recomecei quase do ponto zero a minha carreira interrompida de forma tão abrupta.

O ano em que eu comemoro os meus trinta anos de vida está a ter alguns momentos interessantes. Realizei alguns sonhos, mas o principal ficou por se concretizar mais uma vez. Com muita mágoa.

Continuo em Coimbra e estou, neste momento, numa fase decisiva da minha vida. As grandes decisões estão para ser tomadas brevemente. Na altura em que me transferi para o clube dos trinta.

E depois de um breve resumo daquilo que foram os meus trinta anos de vida, encontro-me no dia de hoje em que deveria apagar três dezenas de velas do meu bolo, caso estivesse em casa.

Os sonhos não ajudaram neste meu dia de aniversário. Voltei a sonhar com bandidos violentos. Desta vez a cena passava-se numa novela que estava a ver. Na realidade, nunca costumo ver novelas.

Tratava-se de um ajuste de contas entre bandidos ou grupos rivais de gangsters. Esse ajuste de contas era feito através de uma estranha corrida que culminava com algumas explosões. Então só se viam homens mutilados pelos ares a arder. Ultimamente tenho tido sonhos horríveis!

Também tenho dormido mal. Não sei as causas desses comportamentos nocturnos. Talvez seja a mudança de rotina e o maior stress a que eu estou sujeita.

Logo de manhã, as coisas começam a correr mal num dia como o de hoje que deveria ser diferente. Isso era quando tinha menos idade! Agora chega-se aos trinta anos e está-se cada vez pior. Ainda não eram oito da manhã e já eu estava a disparatar. Destruí uma caneta.

Na paragem do autocarro havia uns moscos que teimavam em me ir para os olhos. Estava furiosa porque eles pegavam-se devido aos medicamentos. Se calhar até era isso que os atraía. E o autocarro que não vinha! Estava morta por sair dali.

E lá teve o autocarro de chegar atrasado. Tudo me estava a correr mal. E seria assim até que me deitasse. Ia ser demais!

Finalmente cheguei ao trabalho, mas as coisas também não me estavam a correr de feição. Pensei naquele dia algumas coisas que me deixaram um pouco triste, mas foi só impressão minha e nada mais. Não deixei de sentir alguma tristeza por esses factos

Confundi um cacifo e tirei alguns apontamentos para depois preencher as fichas. Como à tarde passaria pela ACAPO, não me poderia esquecer de tirar algumas dúvidas e de perguntar se iríamos para o local de experimentação no feriado.

Depois do almoço, meti-me ao caminho antes que chovesse. Iria matricular-me e tinha de andar largos minutos a pé. E lá fui eu Combatentes acima para ver se me despachava.

Junto à Faculdade de Letras já se praxavam os caloiros. Os “animais” tinham de entoar alto e bom som a cantiga da Pantera Cor-de- rosa. Que saudades dos meus tempos de estudante!

Poderia ter vindo mais rápido caso não me enganasse no caminho. Já é normal! Deixem estar que o cúmulo de me enganar no caminho ainda estará para ser relatado neste espaço. Desta vez não me enfiei na rua do costume. Também era melhor? Ai essa rua!

Depois de ter ido à ACAPO esclarecer algumas das dúvidas do momento e apanhar alguns documentos para a Assembleia de Sábado, meti-me novamente ao caminho para ainda chegar cedo. Nem no dia dos meus anos deixo de correr atrás dos autocarros. Corri que nem uma doida atrás de um autocarro. Por incrível que pareça, não era o que eu ia apanhar. Toupeira dum raio!

Não iria treinar. Regressei à ACAPO para tirar as coisas do computador. Era uma tarde de competições europeias e eu tinha também de ler os documentos para a Assembleia.

Das equipas portuguesas em acção, somente o Braga passou à fase de grupos da Taça UEFA. Setúbal e Nacional da Madeira foram eliminados.

Entretanto os meus amigos telefonavam a enviar mensagens de parabéns. Fazia-se tarde e eu tinha de comer. Fui ao frigorífico buscar um iogurte, mas...acabei por ter a mais chata prenda de anos que se pode desejar. Os iogurtes tinham desaparecido, mas eu consegui recuperá-los numa história que vai ser contada a seguir noutro texto.

E assim foi um stressante dia em que passei a contar mais um ano no lombo.

Situação do dia:
Toupeira dum raio! Foi contra uma empregada na cantina que vinha com um tabuleiro de água suja, bem gordurosa. E se ela entornava toda aquela água? Iria ser lindo!

Bacorada do dia:
“...disse que ia formatizar o computador.” (o mundo da Informática ganha conceitos novos todos os dias)

A sardanisca desportista




No ginásio aparecem pessoas de todo o tipo. Um local por onde passa muita gente é palco de algumas situações insólitas. Um dia destes houve alguém que se deu ao trabalho de percorrer todo o caminho de acesso ao ginásio, desceu as escadas e perguntou se ali se vendiam senhas de autocarro.

O pior é quando não são pessoas a frequentar as instalações. Ficámos boquiabertos quando certa freguesa entrou sem aviso nem autorização onde não devia. É que os utentes não podem ir para dentro do espaço reservado à recepção. Mas esta foi descarada.

Era uma pequena sardanisca que se enfiou por debaixo da mesa ou lá por onde foi e teimava em não abandonar o local. Nem a pontapé! Se calhar também queria o seu plano de treinos.

E já agora que modalidade iria escolher o réptil para cuidar da sua forma física? Talvez a Natação. Dado o seu tamanho, abririam aulas de Natacinha excepcionalmente para ela.

E como seriam as aulas de Ténis ministradas a tão especial utente? A raquete seria ainda mais pequena que um alfinete e- mesmo assim- ainda seria pesada demais para ela. A bola seria mais pequena que um grão de arroz, digo eu.

O Squash deveria ser semelhante ao Ténis. Nas salas de Fitness e de Musculação ia ser lindo, ia. Nem os aparelhos para anões serviriam para a criaturazinha cuidar do corpo de forma saudável.

Onde ela se iria integrar melhor seria nas aulas de ginásio numa turma normal. No entanto, teria de ter cuidado para não ser pisada por algum dos seus colegas.

Aliás, ser pisada foi o destino que a aventureira sardanisca teve. O meu colega não teve contemplações e esmagou o pobre bicho que teve a ousadia de se intrometer na recepção.

A chuva regressou naquela manhã. Afinal é Outono e o tempo começa a estar mais instável. Ao sair de casa apareceu-me um dos gatos do prédio. Vinha quentinho. Será que ele dormiu dentro de casa?

No autocarro a conversa ia animada. Para abrir o apetite, ia-se a falar de comida. Duas senhoras falavam de um forno que avariou e estragou um bolo, maçãs assadas e outras iguarias que podiam servir de refeição para o meu banquete do próximo Domingo.

Nessa manhã andei a arrumar planos de treino. Foi um pretexto para fazer um esquema dos dossiers que havia para arrumar os documentos.

Arranjei um intervalo para ligar para a Faculdade de Letras para saber tudo sobre o curso de Holandês que iria começar na próxima Segunda-feira. Iria faltar no dia seguinte para me matricular. Logo nesse dia!

Voltando ao trabalho, enganei-me e ia para dar outra chave a uma senhora em vez do cartão. Foi tudo culpa da música “Another Break In The Wall” dos Pink Floyd que tocava naquele momento. Começámos a falar sobre a música com ar divertido e deu uma situação cómica.

Também assinei um aviso de recepção de uma encomenda que chegou pelo correio.

Na escola era dia de matrículas e eu nem me tinha lembrado disso. O resultado foi uma enorme fila na cantina e, ainda por cima, ninguém tinha senha de almoço. Obviamente que me atrasei! Tive depois de compensar e ficar até mais tarde.

Voltei a reparar que trazia a t-shirt suja de ket-chup e a solução foi vestir uma camisola de manga comprida. Assim é que não podia andar!

O autocarro, de regresso, ao trabalho, ia a fazer uma chinfrineira impressionante. Até ia a meter confusão! Talvez porque eu já ia atrasada.

Já treinei tarde. Mesmo assim o treino não deixou de ser duro. Depois de cinco voltas de aquecimento, fiz treino específico com duas rectas a partir do risco amarelo e verde e mais cinco rectas a partir do risco azul paralelo ao banco. Terminei com alongamentos.

O tempo estava óptimo. Havia uma atmosfera invulgar. Aquilo fazia sonhar, inspirava bastante.

Enquanto treinava, decorria lá longe em Moscovo o jogo entre o Sporting e o Spartak local. Mais uma vez, Nani voltou a ser decisivo e apontou o golo leonino. O jogo terminou empatado a uma bola.

Quando cheguei a casa lembrei-me de saber do paradeiro das minhas sapatilhas novas. Fui procurá-las. Acabei por encontrá-las em cima do armário da roupa. Com a ajuda de uma cadeira, pude ver o que lá estava em cima. Só que ao descer magoei-me num pé.

Voltando à Liga dos Campeões, Drogba esteve em destaque ao apontar três golos.

Para o dia seguinte havia previsão de chuva. Tratava-se do dia do meu aniversário.

Situação do dia:
E tenho sempre de me esquecer de alguma coisa que deveria levar para o treino. Desta vez esqueci-me da bolsa onde guardo os produtos para o banho. Um atleta veterano deu-me um sabonete. Depois, para agravar as coisas, trazia umas meias que estavam ambas rotas no mesmo sítio. Até achei piada! Devem ter-se deteriorado ao lavarem-se.

Bacorada do dia:
Malato para um concorrente do “Um Contra Todos”:
-“Ainda se lembra do nome deles?” (dos seus dois adversários)
Resposta do concorrente:
-“Era a Cher e o marido da Cher.”
(adversários de prestígio!)

Thursday, December 21, 2006

Henry Eboué da fixe

Porto e Benfica jogaram para a segunda jornada da Liga dos Campeões. Os opositores vieram de terras de Sua Majestade. O Benfica recebia em casa o Manchester United e o Porto foi a Londres defrontar o Arsenal.

Como os dois desafios davam simultaneamente, optei por ouvir o relato pela rádio enquanto assistia ao jogo do Glorioso pela televisão sem volume.

O Benfica estava a fazer um bom jogo. Petit estava a ser um senhor no comando das operações a meio-campo. Já merecia um golo o meu clube!

Em Inglaterra, onde o Porto estava a jogar, Henry já começava a fazer estragos. Eboué estava também a destacar-se.

Os desafios iam prosseguindo. O Arsenal voltou a marcar por intermédio do bielorusso Hleb.

Na Luz, Louis Saha gelou os corações dos adeptos que acreditavam noutro resultado. O Manchester United passava para a frente.

A partir do golo, o Benfica nunca mais se encontrou e houve algum desentendimento entre os jogadores. Exemplo disso foi o conflito entre Karagounis e Luisão. Os dois jogadores discutiram imenso.

Chegavam ao fim os desafios. No braço-de-ferro com os ingleses perdemos as duas rondas. O Arsenal venceu o Porto por 2-0 e o Benfica perdeu em casa com o M. United por 0-1.

Mais um sonho que descrevo aqui neste espaço. Para aguçar o apetite, digo desde já que não tem nada a ver com Desporto (o que é raro) e que eu sou a protagonista principal.

Toda a acção se passa na minha aldeia, num caminho de terra batida onde há muito não passo. É um local calmo, apesar de terem contado umas histórias de coisas estranhas que lá se passaram. Dizia-se que havia por ali assombrações e fenómenos inexplicáveis. Num final de tarde de Verão, e sem que nada o fizesse prever, levantou-se uma espécie de remoinho com papéis e plásticos. O cenário era medonho! A pessoa que presenciou aquele espectáculo começou aos gritos e vieram os vizinhos ver o que se passava. Conforme começou, o remoinho também parou de forma repentina.

Certa noite a minha mãe vinha do lugar para casa. Para chegar mais depressa (ou porque tinha o atrelado na terra carregado de comida para os animais) tomou esse caminho. Assim que cortou, logo começou a sentir uns arrepios estranhos que a fizeram sentir muito medo.

Foi de cabelos em pé que a minha mãe chegou a casa naquela noite. Nem ela sabe explicar porque teve tanto medo.

Isto foi só um aparte para contextualizar o local onde se desenrola a acção do sonho que tive na noite de 25 para 26 de Setembro. Esqueci-me de referir que por ali não passam carros. Pelo menos o carreiro é estreito.

No sonho aparece um carro a circular estranhamente por aquelas bandas. E a minha terra que é, aparentemente, um local sossegado! Só em sonhos se passam coisas dessas dignas do Far West.

Então passeava eu por aquele caminho, muito sossegada, quando o barulho de um carro se ouviu ao longe. Vinha para ali e logo se aproximou. Era um carro antigo que insistia em vir atrás de mim devagar.

Comecei a ficar com medo. O veículo de cor clara e já muito amolgado insistia em me perseguir. Apesar da extrema apreensão, ia seguindo o meu caminho como se nada se estivesse a passar ali.

Foi já com a estrada alcatroada à vista que o veículo parou. Andei uns metros sem olhar para trás.

Calhei a parar mais adiante a olhar para o veículo que se encontrava imóvel. Foi nessa altura que as portas se abriram e que os seus ocupantes saíram a correr na minha direcção. Fiquei petrificada! Eles vinham munidos com uma arma branca. Que fazer?!!

Eram dois assaltantes asiáticos ou da América do Sul. Vestiam roupas claras e aproximavam-se de mim com uma faca em punho. Exigiam que eu lhe desse o que tinha de valor. Não tinha nada. Eles viraram a faca na minha direcção ameaçando matar-me. Estava feita!

Não sei o que me passou pela cabeça. Com um golpe de artes marciais, consegui desarmar o indivíduo que empunhava a faca e, com uma frieza impressionante, apunhalei-os a ambos mortalmente. Junto ao veículo em que se faziam transportar, os seus corpos ali ficaram caídos com o sangue a jorrar.

Afastei-me lentamente dali. Um profundo silêncio instalou-se. Regressava a calma àquele local onde jaziam dois homens e um carro velho.

Algum tempo depois (alguns dias, meses, anos...não sei precisar) passava pela estrada acompanhada pela minha mãe. Olhei para o lado, para o local onde tudo se passou, e falava com orgulho no acto que tinha feito em legítima defesa.

Acordei confusa. Ao mesmo tempo ria-me do facto de ter “assassinado” dois bandidos. Para este sonho não encontro explicações plausíveis. Simplesmente aconteceu.

Havia que enfrentar mais um dia de trabalho. Não chovia. Ainda bem!

Cheguei a horas pontuais ao ginásio, mas andei às voltas com a cadeira. O banho turco do balneário feminino estava avariado e esperávamos os senhores que o haviam de consertar.
.
Com tudo isto chegou a hora do almoço. É nessa altura que se passam as situações de ouro. Desta vez, rasguei o guardanapo não sei como.

Reparei que trazia a t-shirt suja. Se calhar foi com o saco do equipamento que eu tenho de levar para o trabalho porque o Estádio fica perto da paragem onde saio e não estou para voltar para trás.

No ginásio tudo correu normalmente até à hora de ponta. A hora de ponta é quando chegam todas as crianças para as respectivas aulas. A gritaria a essa hora é imensa!

Não queria perder pitada do que se ia passar na Liga dos Campeões, daí o treino ter sido um pouco mais curto. Mas não se pense que foi mais leve. Foram trinta minutos de corrida- o que equivaleu a quase dez voltas a uma das pistas de fora. Os primeiros quinze minutos são sempre de corrida contínua para aquecer. Depois corri cinco minutos a ritmo mais acelerado, outros cinco a ritmo normal e finalmente cinco minutos de corrida rápida. Terminei o treino com os indispensáveis alongamentos.

E chegou finalmente o descanso e a hora das emoções do Futebol.

Situação do dia:
Já aqui contei uma vez que agora a casa de banho da escola liga as luzes através de sensores. Mas nem sempre as coisas correm bem. Se permanecemos no interior das casas de banho, as luzes apagam ao fim de um certo tempo e ficamos por ali feitas toupeiras. O que aconteceu desta vez foi que a luz nem sequer acendeu. Por mais que eu me passeasse propositadamente na entrada.

Bacorada do dia:
“Ah! Que engraçado! Ai tão feio!!!” (decida-se!)

Wednesday, December 20, 2006

Rica prenda!




Pois é! Eu disse que tinha uma prenda para entregar a uma amiga minha que fez anos no Sábado e que era uma prenda...como é que hei-de dizer...muito...não sei...

Vou finalmente desvendar o conteúdo de tal presente de aniversário. Depois de muito procurar e de quase revirar a loja, encontrei algo que achei engraçado. Também não havia por ali muita coisa, diga-se de passagem.

O que eu encontrei foi um boneco roxo de pelúcia que tinha uma particularidade...Ia para dizer “muito particular” e realmente era o que merecia. Quando virem as fotos...

Não via a hora de entregar tão insólito presente. A minha colega tinha ido de fim-de-semana e só tive oportunidade de lhe entregar aquele boneco tão engraçado na Segunda-feira à noite assim que ouvi vozes no quarto dela.

Estava ansiosa por ver a cara dela ao deparar-se com um boneco bem avantajado sexualmente. Ia prometer...

Para tudo ficar registado para sempre, levei a máquina fotográfica e chamei-a como quem não quer nada. Mas já me ia a rir.

Como é da praxe, e independentemente da prenda, dei-lhe os parabéns e entreguei-lhe o embrulho com o seu presente. Ela perguntou se eu tinha mandado vir o presente das Caldas. Eu respondi que foi mesmo aqui em Coimbra que tinha comprado aquela prenda.

E finalmente chegou o momento tão esperado. Ela desembrulhou o boneco e riu-se das suas características. Mas mais surpreendida fiquei eu ao constatar que aquela coisa também tocava. Ao carregarmos nele, ouvia-se um excerto de uma música dos Vengaboys que eu agora não me estou a recordar do nome.

O famoso boneco ficou em cima da cama dela e, no dia seguinte estava prometido ela levá-lo para as aulas para mostrar ao pessoal. Que pena eu não poder estar lá para ver as reacções!

Falando ainda daquela Segunda-feira em que iniciava a segunda semana de experimentação, a chuva marcava ainda o clima. Parece que a pluviosidade ainda não tinha parado desde a tarde de Domingo.

Havia que trabalhar e nada melhor do que começar a semana a fazer disparates. Toupeira dum raio! Pensou que um utente tinha colocado o seu plano de treinos no saco das toalhas e dos roupões que haviam de ir para a lavandaria. O disparate continuou quando confundi um dois com um cinco. Escrevo por extenso para não voltar a ler os números mal. Eu ao menos sei ler. Ah! E escrever também.

Apesar de me ter despachado a almoçar, o autocarro chegou tarde e a más horas. Enfim: o normal. Para que é que se tem os horários dos autocarros se eles chegam muito depois? Para além de chegar atrasado, o autocarro vinha a dizer os nomes das paragens de forma muito cómica. Nem sei descrever como era.

Meti-me à estrada. Pensei que o semáforo estava verde e não estava. Recuei. É o que faz a pressa!

A tarde foi tranquila. O movimento no ginásio era pouco. Era Segunda-feira e o tempo convidava a estar em casa.

Chegou a hora de ir treinar. À Segunda-feira recomenda-se um treino mais de corrida contínua. Dei 15 voltas na pista 7 em 50.10 minutos. Agora já tenho cronómetro! Fisicamente sinto-me bem e continuo a progredir. Se continuar a treinar assim, e se nada de anormal acontecer, farei uma excelente época.

Algo de anormal aconteceu quando saí do treino. Já estava completamente escuro. Atravessei a estrada e ia no passeio. Estava um carro a fazer marcha-atrás e tocou-me na mão. Eu ainda fugi para ele não me magoar.

Depois de um dia recheado de peripécias, fui finalmente descansar. Nas notícias do Desporto as novidades eram poucas. Mais uma vez, os jogadores do Gil Vicente dão a conhecer ao Mundo a sua indignação por não jogarem, nem receberem. Ontem a equipa de Barcelos faltou ao compromisso com o Trofense.

Situação do dia:
Aquele regresso a casa depois do treino foi fértil em peripécias. Depois de ser atingida por um carro que recuou quando eu ia a passar, ainda tive de aturar um cão que teimava em ir atrás de mim. Eu não me importava que o cão fosse atrás de mim. O que mais me estava a incomodar era o facto dele não saber o que é um passeio e que no meio da estrada ninguém anda- a não ser ele. Estava a ver quando é que passava qualquer veículo que o atropelasse. Eu chamava-o para cima do passeio, mas ele teimava em seguir na estrada como os veículos. Assim foi até à cortada que vai dar ao Pingo Doce, onde ele seguiu outro caminho.

Bacorada do dia:
“Os pais fizeram greve…” (por isso é que as crianças estão cada vez mais mal-educadas!)