Saturday, September 18, 2010

Terão as cadelas comido as duas gatas?

Era domingo. Estranhamente Teka e Feijoa ainda não tinam aparecido para comer e já eram mais de duas da tarde. A ausência das gatas estava a intrigar toda a gente lá em casa. Era estranho desaparecerem logo as duas.

E ainda dizem que os Portugueses não têm jeito para escrever textos de terror ou de natureza criminal. Quem diz isso é porque não conhece a minha mãe e desconhece o seu incrível poder imaginativo para toda a espécie de perigos. Se temos de ir a um local desconhecido, logo a minha mãe faz um filme incrível de tudo o que nos pode acontecer e nem aos pormenores se poupa.

Só assim se percebe a ideia macabra que lhe passou pela cabeça. Já há muito que anda nos arredores de nossa casa uma cadela enorme que desconfiamos ser da vizinha de cima mas que esta nega pertencer-lhe. Essa cadela transporta agora consigo um número indeterminado de crias esfomeadas que ninguém conseguiu apanhar a tempo.

Também já disse aqui que também anda ali pelas imediações uma outra cadela muito bonita que tem muitas semelhanças com um cão de raça Labrador. De noite ninguém consegue dormir com tudo a ladrar. Para dar de comer a um tão numeroso grupo de cães, a minha mãe está a fazer um grande esforço.

Na madrugada anterior houve grande alarido de cães. Coimo as gatas não apareciam, a minha mãe logo pensou que as cadelas apanharam as duas gatas, logo as duas para servirem de manjar às pequenas crias. Mas logo as duas?

Esta ideia era um pouco rebuscada, até porque aquela cadela anda por ali há anos e nunca fez mal aos gatos. Agora com as crias tudo poderia mudar realmente mas…os cães comem os gatos?

Segundo a teoria da minha mãe, bastava a cadela sangrar as gatas para os pequenos cãezinhos as repartirem entre si. As duas gatas, logo as duas. A ideia era muito degradante e punha-nos nervosas.

Já a remoer o espírito com os seus próprios pensamentos mórbidos, a minha mãe foi para a rua e desatou a chamar:
- TEEEEKAAAAA!

Ouvi saltar de cima da gaiola um gato. Seria o Léo? Para meu alívio era a Feijoa. O intenso odor à palha denunciava que estivera a dormir no sobrado até horas tão tardias. Agarrei-a ao colo a transbordar de felicidade por a voltar a ver inteira. Quando a vou a poisar no chão, olho para o fundo de um balde preto daqueles de colocar os cachos quando se vindimam e vejo a Teka lá sentada. E a minha mãe pela rua a chamá-la.

Foi um tremendo susto que apanhámos e que não deixou de ter um desfecho que nos causou alguns sorrisos. Assim como desapareceram, num espaço de um minuto, lá estavam as duas gatas a comer no terraço sem sinais de violência.

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