Wednesday, April 27, 2011

“Você Acredita Em Deus? ” (impressões pessoais)



Começo a abordagem desta pequena obra de forma diferente. É a primeira vez que conheço pessoalmente o autor de algum livro que eu leio.

Esta história começou há uns dias atrás enquanto esperava a camioneta em Anadia. Um senhor já de uma certa idade abeirou-se de mim e perguntou-me a que horas era a camioneta ou se havia ligação para o comboio. Era bom, era, haver ligação para o comboio!

Ele queria chegar a tempo da abertura de algumas livrarias. Ainda não eram nove da manhã. Trazia um saco com livros que tentava vender nas lojas e começou a explicar que tinha de os vender ele mesmo porque as editoras cobravam bastante sobre os direitos de autor.

Resolvi colaborar e comprar-lhe um. Lembrei-me que também gostaria que alguém comprasse o meu livro se acaso o vendesse assim directamente. Foi então que o senhor me começou a explicar a temática do livro.

Por instantes pensei que ele fosse de alguma seita religiosa. Leria o livro na mesma. Gosto sempre de perceber o ponto de vista de pessoas de religiões diferentes. Não faz mal nenhum aprender um pouco só a título de curiosidade, tal como eu faço. Sou muito aberta nessas questões de abordar o sobrenatural mas sou muito céptica quanto a crer em tudo ou em parte do que leio ou do que me dizem.

Ele ia-me explicando as temáticas abordadas na sua pequena obra. A certa altura disse-me que abordava ali uma questão que sempre me intrigou. Por que é que os animais adivinham a morte das pessoas? Nunca cheguei a perceber isso.

Depois começou a falar da forma pouco convencional como curava algumas doenças. Imediatamente me comecei a lembrar de um sonho que tive há tempos e que relatei neste espaço. Era um sonho de uns brasileiros e de curas alternativas, não me lembro que título dei a esse post.

Estive ali uns bons vinte minutos a conversar com ele e a fazer-lhe perguntas. O meu interesse era genuíno, motivado pela curiosidade que nutro por esses temas do Desconhecido.

O homem afastou-se. As livrarias já deviam estar abertas e eu fiquei com dúvidas quanto à doutrina professada pelo meu interlocutor.

Como estava quase a terminar o livro que estava a ler, resolvi que esse que comprei ao próprio autor seria o próximo a ser lido e assim fiz.

Com o decorrer da leitura, depreendi que se tratava de um espírita ou de um médium. Ainda me interessei mais pela matéria abordada.

Desde logo li algo que vem de encontro ao que eu penso também e já tive aqui oportunidade de reflectir nisso. Deus e Jesus Cristo não têm religião. Segundo a minha óptica que passo a repetir, as diferentes religiões que existem no Mundo foram fruto de umas quantas interpretações diferentes da Bíblia por parte do Homem. Um dia destes prometo ler a Bíblia na íntegra. É uma lacuna que reconheço que me falta para estar mais à vontade para abordar esta temática. A novidade nesta obra é que parece que Deus não gosta que o Homem professe uma religião. Esta tese é sustentada no facto de se travarem muitas guerras em nome da religião e no facto de as igrejas serem regidas por interesses económicos e materiais. É verdade, o Vaticano é riquíssimo. Qualquer dessas seitas religiosas evangélicas exige aos seus membros o pagamento de uma percentagem do que ganham. Deus gostaria disso? O dinheiro compra o Céu? Acho que não, senão só os ricos é que lá estariam.

A teoria da reencarnação ganha cada vez mais adeptos, recolhem-se cada vez mais provas e testemunhos da sua veracidade mas eu ainda tenho dúvidas, apesar dos testemunhos impressionantes que li nesta pequena obra. Segundo esta teoria, Deus dá tantas oportunidades ao mesmo espírito para se purificar através da reencarnação num corpo diferente, quantas as necessárias para aprender com os seus erros.

As explicações para a homossexualidade, para as doenças e deficiências e para as provações que muitas pessoas vivem ao longo da sua vida têm a ver com os erros que o espírito cometeu em vidas passadas num corpo de carne e osso. É possível que assim seja mas é muito discutível. A homossexualidade e a não-aceitação do corpo têm a ver com a reencarnação precoce do espírito num corpo com o sexo oposto ao que possuía na vida imediatamente anterior. O espírito não se esqueceu dos comportamentos que tinha e por isso se sente tentado em mantê-los. Deus castigou essas pessoas assim porque eram homens que maltratavam as mulheres ou eram mulheres que maltratavam o sexo oposto.

A mesma ideia assenta na questão das doenças e das deficiências. Deus dá um corpo imperfeito ou doente a quem no passado cometeu graves erros. Não é a primeira vez que oiço falar nisso. Lembro-me de um seleccionador inglês de Futebol (agora não me estou a recordar do nome) que defendeu exactamente isto numa entrevista e as suas palavras causaram imensa polémica. Esse mesmo seleccionador foi igualmente criticado por recorrer aos serviços de uma profissional do oculto e de a ter levado para o estágio da equipa. Bem, eu na altura tive a mesma sensação que tive hoje. Se Deus realmente é tão bom e zela pelo bem-estar dos seres na Terra, por que razão existem pessoas a sofrer como eu por serem deficientes? Esta é a minha pergunta habitual. Uma das explicações é esta. Resumindo; devo ter sido uma pessoa da pior espécie no passado. Só pode ter sido isso. Disse um pastor evangélico há uns bons anos atrás, quando eu fui a essa igreja por curiosidade com uma amiga minha que a professava com a mãe e as irmãs, que eu era uma das reencarnações do Diabo. Como eu me ri na altura! Ele disse isso porque não conseguia entrar dentro de mim como entrava nas outras pessoas. Fosse lá o que fosse que ele aplicava para que centenas de pessoas ficassem estendidas no chão daquele auditório, ficando curiosamente apenas eu e a minha amiga de pé, eu era imune a isso e ainda hoje estou para saber o que eles fazem às pessoas para que elas estrebuchem no chão e caiam desordenadamente em cima umas das outras. É uma imagem de que não me esqueço, imensas pessoas estendidas no chão depois de terem caminhado na direcção do pastor de mãos erguidas.

Sobre a reencarnação e a paga dos erros do passado, uma coisa que me impressionou neste livro foi o capítulo que fala das crianças deficientes que nasceram no Biafra nos anos sessenta. Segundo o autor do livro, esses corpos eram portadores dos espíritos dos nazis alemães que fizeram todas as atrocidades e mais algumas. Não haveria maior castigo para essas pessoas do que nascer num país sem meios de sobrevivência. Faltou dizer ali que o pior para eles mesmo era terem reencarnado negros, eles que proclamavam a superioridade da raça ariana.

Nem só em corpos humanos reencarnam os espíritos. Os animais também são portadores de um espírito. Normalmente Deus transforma em animal aquele que no passado maltratou os animais. Quanto mais atrocidades cometeu o espírito no corpo anterior, mais o animal que possui o mesmo espírito vai sofrer. Comecei a pensar no facto de, apesar de pertencerem à mesma espécie, os cães ou os gatos são únicos em termos de características. Houve uma altura em que havia cerca de dez gatos em minha casa. Todos eles, perante a mesma situação, reagiam de forma diferente. As manifestações de carinho eram diferentes e os hábitos eram diferentes. E por que é que nos afeiçoamos àquele gato e não a outro? Estou-me a lembrar da Juju. Por que é que aquela gata era tão especial para mim, havendo mais lá em casa? Estará a reencarnação a explicação possível para isso? Desde o primeiro instante que ela correu para mim e se pendurou nas minhas pernas. Havia ali mais quatro gatos e mais nenhum correu para mim. Senti a sua perda mais profundamente do que a de outro gato? O que foi ela para mim no passado ou eu para ela?

Lembrei-me também do Mong- um gato extremamente hostil, cujos olhos quase agoiravam quem se fixasse neles. Seria aquele um espírito mau, daqueles que no passado só fizeram mal? E o Ju? Lembram-se do Ju? Era algo semelhante ao Mong mas, lá está, teve as suas provações ao longo dos seus seis curtos anos de vida. Terá Deus atribuído o corpo do Ju a algum espírito que maltratava barbaramente os animais e o castigou com toda a espécie de provações que um animal possa ter, inclusive a morte às garras de um outro gato? E que fez o Ju em vidas passadas ao seu carrasco para se virem encontrar nesta vida e ajustarem contas? Estarão os mesmos gatos agora a encontrar-se de novo noutras circunstâncias (o outro gato morreu atropelado escassos dias depois da morte do Ju) ou Deus ainda não atribuiu forma corpórea a esses dois espíritos? Imaginava-os muitos anos antes, até séculos antes, sob forma humana a esgrimirem forças um com o outro por causa de terras ou por causa de mulheres. Terá acontecido o contrário; o outro que veio a este Mundo sob forma do gato preto e branco terá sido morto pelo espírito que reencarnou no Ju? Dava um livro, esta minha dissertação.

Por falar em animais, chego então com alguma ansiedade ao capítulo esperado da premonição da morte por parte dos animais, mais propriamente cães e aves. Lembro-me que, na véspera da morte da minha avó, eu e a minha irmã estávamos no quarto onde dormíamos com ela. Agora a minha irmã dorme nesse quarto sozinha. Não sei precisar se a minha avó estava presente mas sei que eu e a minha irmã conversávamos normalmente. Tínhamos um cão preto e branco chamado Dick (o tal que povoa as memórias de infância da minha prima). Debaixo da janela do nosso quarto, o cão emitiu um uivo estridente e assustador. A minha irmã assustou-se. Nunca antes ouvimos o cão uivar assim. No dia seguinte, a minha avó morreu. Alguém perguntou se o cão tinha dado sinal. Sem perceber o que aquela pessoa queria dizer (tinha doze anos na altura) relatei o episódio do uivo do Dick. Alguns meses depois, em Agosto, toda a gente em casa ficou alarmada porque o Dick voltou a uivar, tal como há seis meses atrás aquando da morte da minha avó. Na manhã seguinte, a minha vizinha bateu bem cedo à nossa porta para dizer à minha mãe que fosse buscar o cão que estava caído numa terra perto da estrada. Não havia hipótese de o cão sobreviver porque estava com a coluna esmagada. Teve de ser abatido a tiro. Afinal de contas, ele adivinhou a sua própria morte. Nada mais aconteceu. A minha teoria para este fenómeno era outra, principalmente em relação às aves de rapina; já lhes poderá estar a cheirar a carne morta, não sei como. Quanto aos cães, até á leitura deste livro não tinha explicação e buscava-a por curiosidade. Segundo esta obra, quando um espírito se prepara para deixar o corpo que o acolheu, aparecem outros espíritos a rondar o local onde ele está. Uns aparecem para encaminhar o espírito que se prepara para viver uma existência fora de um corpo e outros enganam-no. Os animais conseguem detectar essas presenças e emitem sinais.

Sobre o abandono do corpo por parte dos espíritos, achei curiosa a explicação dada para o facto de, muitas vezes, os moribundos apresentarem melhoras justamente quando estão para morrer. Tenho ouvido falar nisso em relação às pessoas que morem de cancro. Em mais nenhuma situação ouvi falar nesse fenómeno. Dizem que isso acontece porque o espírito quer partir sem que assistam à sua partida. Quer partir mais à vontade. Ao constatarem que o doente está sossegado e apresenta melhoras, os familiares abandonam o leito e assim deixam caminho livre para o espírito partir em paz. De referir ainda que o espírito não está em paz se os vivos acendem lanternas nos cemitérios ou vestem luto pelos que já partiram. Já tinha ouvido qualquer coisa sobre as lanternas e os espíritos mas não sei precisar já como era. Tinha a ver com levar as lanternas para casa, parece-me a mim.

A parte das terapias alternativas não me fascinou por aí além. Só achei piada às cápsulas de unha de gato que curam os tumores. Por brincadeira pensei em cortar as unhas à Feijoa e vendê-las a um qualquer estabelecimento de produtos naturais para fazer as ditas cápsulas. Ela tem as unhas grandes, magoa as pessoas com elas, assim ponho-as a render.

A obra que se segue também está envolta em algum mistério e suspense. Será um pretexto também para eu relembrar a matéria dos Descobrimentos.

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