Thursday, April 28, 2011

Reconhecimento

Já começo a ficar impaciente com o constante adiamento da minha mudança de local de trabalho há muito prometida. Já era para ter sido há mais de um mês e, a partir daí, têm vindo a adiar constantemente por surgirem imprevistos de última hora.

Tudo isto me deixa ansiosa, nervosa, apreensiva, com medo de não estar à altura, de não conseguir fazer alguma coisa. Adiar isto por mais um dia que seja é prolongar a minha angústia e o meu sofrimento.

Esta mudança também vai implicar novas alterações na minha rotina e tirará um peso de cima de mim que é o dos transportes. Estando perto de onde eu vivo, passo a ter mais tempo livre para fazer o que quiser, para conciliar as minhas actividades. São quase duas horas que se perdem a esperar autocarros. Levantando-me à mesma hora, tenho ainda tempo de fazer alguma coisa.

Depois há ainda a questão dos fins-de-semana e dos feriados que já não vou fazer. Para quem está longe de casa, isso é ouro sobre azul. O Verão vem aí e vou poupar muito dinheiro com as caminhadas até à paragem da camioneta. Nunca mais me livro dos comboios ao domingo e do dinheiro que tenho de pagar a táxis da estação para minha casa. Com os fins-de-semana livres também irei ter oportunidade de participar noutras actividades da ACAPO. Sinceramente, sinto falta de fazer algo diferente de vez em quando.

Todas estas regalias são encaradas com um entusiasmo moderado por ter medo de falhar em alguma coisa. É disso que tenho medo e este medo e esta ansiedade já duram há um mês.

Surgiram notícias precisamente no dia em que eu acordei nervosa por ver os dias a passarem sem notícias. À tarde havia que reconhecer o local de trabalho. Não fiz o reconhecimento do percurso por a zona já me ser familiar. Os bastidores da loja e a famosa escada onde muita gente normovisual caiu eram os pontos a abordar.

Saí uma hora mais cedo para ir ter à ACAPO. Apesar de estar imenso calor, fui a pé até lá. Comi à pressa uma salada de atum e apanhei o autocarro para baixo juntamente com as técnicas da ACAPO.

Chegámos lá e o chefe da loja mostrou-nos os bastidores do estabelecimento. A temível escada afinal tem os degraus marcados nas pontas com metal. Para mim é uma maravilha. As pessoas normovisuais, por incrível que pareça, costumam ter mais quedas e acidentes do que nós. Eu não me lembro de ter caído num chão molhado. Em contrapartida, vi uma monumental queda de uma colega minha que quase se magoou gravemente. Ali com aquela escada deve ser a mesma coisa. É uma escada normal, até está marcada nas pontas como eu gosto e tudo. Tanta coisa e afinal a montanha pariu um rato. Eu por causa das coisas até comprei uns sapatos com solas de borracha. Contando os degraus e, naturalmente, andando com cuidado, farão o resto.

Cheguei ao meu gabinete. Sim, vou ter um enorme gabinete só para mim. Ninguém me vai chatear. Parece-me a mim que o espaço é enorme mas por agora está vazio. Não vejo a hora de começar!

Depois de fazer mais uma vez o percurso e de conhecer o resto das instalações, apanhei sozinha o autocarro para cima e voltei a pé para o trabalho. Foi mais meia hora.

De referir que resolvi vir a pé novamente para baixo do trabalho. Com tudo isto já levava cronometrada mais de uma hora e meia de caminhada

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