Hoje o meu dia de trabalho foi completamente atípico. Tudo se ficou a dever à greve dos transportes de mercadorias que decorrerá por tempo indeterminado.
Sem pão para embalar ou etiquetar, não me restou outra alternativa que não a de permanecer o dia inteiro de pé no balcão à espera que surgissem tabuleiros de loiça em cima das mesas para recolher.
No Telejornal não se falou de outra coisa que não desta paralisação que já está a causar grandes prejuízos económicos. O sector dos combustíveis está um caos ,com muitas pessoas a acorrer freneticamente até às bombas mais próximas para abastecer o depósito dos automóveis como se não houvesse amanhã. O cenário parece quase o de um país onde há guerra. Logo de manhã, as bombas por onde eu passei já registavam também uma longa fila de carros.
Outra reportagem dava conta de incidentes em alguns pontos do País. Foi com uma certa emoção que não sei explicar que vi uma coluna de camiões dos nossos a serem atacados por indivíduos escondidos debaixo de uma ponte quando seguiam para distribuir os produtos pela nossa cadeia de lojas. Era ali que estava o pão que eu deveria preparar para venda. Apetecia-me agredi-los à bastonada por não deixarem trabalhar os outros.
Espera-se mais um dia complicado amanhã. Só espero que não impeçam os nossos produtos de chegar aos consumidores que não têm culpa das reivindicações dos camionistas, por mais razão que tenham.
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