Sunday, April 10, 2011

Centro de alto rendimento de luxo

Farto-me de dizer que, se um dia me calhar uma avultada soma no Euromilhões, construirei um centro de estágio para os atletas deficientes. Agora já tenho onde me inspirar. Fui visitar um que só existe em sonhos.

O sonho começa com a minha chegada a casa num belo final de tarde. A minha mãe andava zangada comigo e queria-me internar compulsivamente. Foi por isso que resolveu chamar a Polícia.

Na minha eira foi instalada uma espécie de praia artificial onde eu me refastelava a apanhar banhos se sol.

Tinha um emprego em Anadia e tinha de me deslocar até lá de bicicleta. O problema é que ninguém me ensinava a andar e tive de procurar uma instituição que resolvesse o meu problema. Depois de muito pesquisar, acabei por ficar surpreendida com uma instituição para deficientes visuais que existia mesmo em Anadia. Nunca antes tinha ouvido falar de tal coisa.

Num dia em que tinha de apanhar a camioneta para Coimbra (curiosamente onde ela se tinha de apanhar há uns dez anos atrás) resolvi visitar as instalações que eram lá perto. Dispunha de pouco tempo mas resolvi dar uma espreitadela.

Fiquei boquiaberta com a grandeza das instalações e com as óptimas condições que os atletas deficientes visuais ali podiam ter.

Apesar de um pouco escuro, havia um imponente ginásio bem amplo, com inúmeros aparelhos de musculação, uma enorme piscina e alguns pavilhões. Numa pequena sala havia inúmeros equipamentos de Goalball para treinos e jogos oficiais impecavelmente dobrados.

Na piscina evoluíam com braçadas vigorosas alguns dos meus amigos que actualmente frequentam os cursos de formação da ACAPO. Sentada num banco que escorregava e que tinha um equilíbrio muito instável, assistia à progressão de dois amigos meus deslizando sobre o azul da piscina. Estava cheia de medo de cair lá para dentro. Sentia o banco a inclinar.

Convidaram-me a treinar também mas tive de declinar o convite por dispor de pouco tempo para apanhar o autocarro.

Ainda há um fragmento de sonho que se passa no meu quarto lá de casa. Ao acordar constatei que uma violenta tempestade lá fora se abatia sobre a minha casa. A trovoada com os seus luminosos relâmpagos fazia-se sentir com grande intensidade. Estava a amanhecer e eu estava a acordar.

Não foi este o verdadeiro acordar.

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