Quando o clube do teu coração te convida para vestires as suas cores, só tens é de deixar tudo para trás e seguir em frente. Eu faria o mesmo.
Foi isso que aconteceu ao Shahriyar do Santa Clara. Havia grande expectativa em relação a ele. O clube açoriano buscava um novo Taremi e o mais parecido que havia era este jogador também formado no Persepolis. Vinha de uma equipa mais modesta e sem qualquer experiência fora do Irão. Isso também jogou um pouco contra. O choque cultural e as limitações dos convívios sociais fazem a sua mossa em quem venha de uma realidade completamente diferente.
Para mim, ele era o Taremi vestido com uma camisola vermelha. Daí eu ter uma certa simpatia por ele e torcer pelo seu sucesso. As coisas acabaram por não correr tão bem como correram ao Taremi no Rio Ave. Talvez num clube do continente as coisas tivessem corrido melhor. Sempre havia quem ajudasse mais. Não haveria tanto massacre sobretudo psicológico com inúmeras viagens que a certa altura se tiveram de fazer graças ao aperto do calendário. Tudo isto desgasta, sobretudo alguém que tem de se esforçar mais do que os outros para compreender e se integrar num mundo completamente diferente.
Seguindo por acaso todos os iranianos que aqui atuam, gostava particularmente de seguir este. Ele escreve bem e tem bom gosto para a música. Nos últimos tempos, talvez por andar mais em baixo, não brindou alguém como eu com as músicas que ia colocando lá em cima nas Stories. Fica para a posteridade uma tarde em que ele colocou uma música no Instagram e eu fui procurar depois no Youtube. Resultado: como tenho a reprodução automática, ouvi essa e não sei quantas músicas mais. Desliguei completamente de onde eu estava. Foi uma viagem sem sair do lugar. Então eu comecei a refletir: fui a tantas sessões de meditação com música própria para limpar a mente e consigo desligar com este tipo de música? Se me perguntarem quanto tempo naquele dia eu passei a ouvir música persa, eu não sei explicar. Bela recordação.
Outro grande momento envolvendo o Jogador Número Setenta do Santa Clara tem a ver com aquele que provavelmente será o post do ano de 2021. O único golo que ele marcou entrou para a história do Santa clara. Vejam bem, deixou a sua marca, mesmo que não volte a vestir a camisola do clube, já que as cores do Persépolis são as mesmas.
No jogo que antecedeu esse com o Moreirense, o Santa Clara deslocou-se ao Bessa para defrontar o Boavista. Salvo erro, foi num sábado á noite. O jogo em Moreira de Cónegos foi na terça-feira seguinte. A um minuto do fim do encontro do Bessa, o jogo estava empatado a uma bola. O Shahriyar entrou a escassos segundos do fim também. Nessa altura, tive uma visão de um jogo entre uma equipa de vermelho e branco- o Santa Clara- e o Moreirense que tem um equipamento inconfundível. O Jogador Número Setenta dos vermelhos agitava a bola. Tudo estava em silêncio. Aquela grande penalidade daria o passaporte para a próxima eliminatória da Taça de Portugal. Ele deu alguns passos atrás, muitos até, mas conseguiu converter. Imediatamente foi abraçado por todos. Aquele golo era talvez o mais importante da vida dele. Por acaso não foi de grande penalidade que ele marcou o golo. Esta coisa das premonições não é uma ciência exata. Sempre é de uma forma diferente daquela que pressagiamos. Seja como for, o conteúdo está lá. Fiquei arrepiada. Outra coisa que tinha de acontecer. Desta vez fiquei contente por ter previsto uma coisa positiva.
Falei atrás em música, não me lembrando do nome das outras que ele deu a conhecer, fica esta
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