Costuma-se dizer que aqueles que se dedicam ás artes são seres muito estranhos. São tão fora da caixa, que não possuem vida social, muito menos vida amorosa.
Este livro faz disso tema. Um músico de uma grande orquestra narra os seus dias fechado no seu quarto, tendo como única companhia o seu instrumento- o contrabaixo.
Imprescindível tanto na sua vida, como na orquestra, o seu instrumento molda a sua existência para o bem e para o mal.
O músico vive apaixonado por uma cantora de ópera mas a sua paixão não é materializada em encontros românticos entre ambos porque o contrabaixo não o permite. Ele observa-o continuamente no seu quarto. Chega a ser indiscreto mas sem ele não consegue viver.
É assim a arte. De tanto nos pegarmos ao nosso dom, esquecemos o básico da vida. Li algures que todos os artistas são pessoas infelizes e, dessa infelicidade e dessa incapacidade de se adaptarem ao mundo que os rodeia surge a inspiração. Eu penso que é um pouco ao contrário. Um artista tem uma forma muito peculiar de viver a sua existência que não é alcançável pelos outros. Pode-se dizer que o artista vive com alma, enquanto os outros vivem exclusivamente com o corpo.
Ser artista não é para qualquer um, é para aqueles que vivenciam o Mundo para além dos cinco sentidos do corpo.
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