Saturday, March 13, 2021

“Estranhezas” (impressões pessoais)

 

Penso que já aqui disse que o meu jeito para a poesia é nulo. No entanto, admiro quem escreve poemas. Para escrever um bom poema, não basta só saber escrever, basta sentir. Se calhar é mesmo isso que me falta.

 

Para mim, quem escreve poemas é um herói. Alguém especial. Alguém que já ultrapassou algures a condição de Ser Humano. É alguém que vive e sente numa outra dimensão incompreensível a todos os outros seres.

 

Quando alguém que sempre conheci de repente me diz que escreve uns poemas nas horas vagas, eu fico a olhar para essa pessoa com ar aturdido. Atribuo a escrita de poemas a alguém com uma dose de loucura, a alguém alheio a este mundo. A alguém que vive e sente com a alma.

 

Ao ler um poema, fico a pensar onde se inspiram os poetas. Que forças os movem. Que sentimentos. Como surgem as metáforas, as comparações, as rimas, as palavras caras.

 

Ser poeta é viver para além do humano. Não sei do que se alimentam, talvez de uma matéria inacessível aos outros seres que não têm o dom de escrever poemas.

 

Ao ler esta obra de poesia de Maria Teresa Horta, fico a imaginar como ela se inspirou para escrever centenas de poemas. Que iluminação teve o seu espírito, que paixão arrebatadora a moveu, que nobre sentimento a levou a fazer das palavras arte.

 

Tal como não sei escrever poesia, também não é um dos meus géneros literários favoritos. Quando apanho um livro de poesia leio simplesmente. Fico bastante atenta, mas, por mais atenção que eu preste, não consigo chegar à essência de um poema. Talvez porque a compreensão seja um segredo bem guardado entre as palavras e quem as transpôs para o papel, quem lhes deu vida ou significado. Um significado somente ao alcance de alguns predestinados que entendem a linguagem dos poetas e pensam como eles.

 

Eu, pobre mortal, sem jeito nenhum para as coisas da poesia, ressalvo aqui nesta obra dois poemas dedicados à biblioteca e à leitura. Talvez por me sentir tão próxima dos sentimentos da autora em relação aos temas. Como disse aqui há tempos, do amor pouco entendo.

 

Talvez seja a minha crónica incapacidade de amar que faz que não entenda a linguagem dos poetas.

 

Escrever poesia é uma forma de amor.

 

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