Wednesday, March 10, 2021

Quinze anos do mais puro charme

 

Como o tempo passa! Muito longe vai aquele final de tarde em 2006 em que eu coloquei finalmente em marcha uma ideia que vinha tendo há alguns meses.

 

Depois de algum tempo sem escrever devido ao facto de ter sofrido três cirurgias aos olhos, resolvi experimentar o mundo dos blogs que tanto andavam na berra um pouco à boleia dos “Gato Fedorento”.

 

Usando a mesma plataforma, resolvi criar este meu humilde espaço que, como podem comprovar, está bem vivo e recomenda-se. Agora mais do que nunca porque, infelizmente, a minha vida sofreu um duro revés e, da vida anterior que tinha, talvez este blog seja tudo o que restou ou das poucas coisas que ainda tenho.

 

Na altura da criação deste meu espaço, também pairava sobre mim o fantasma da cegueira. Os primeiros textos mostram isso mesmo. Hoje, quinze anos depois, já não olho para as letras. Simplesmente coloco os dedos no teclado e deixo-me ir. O leitor de ecrã ajuda-me nesta minha tarefa de colocar em palavras ou carateres aquilo que penso, o que povoa o meu mundo, o que me intriga, o que me revolta, o que me faz feliz, o que me faz refletir, o que eu leio, ou o que eu ouço…

 

De 2006 para cá, muita coisa mudou, não só porque estou mais velha, mas sobretudo porque passei por vários contextos ao longo destes quinze anos. Podem ver que foram muitos os interesses que tive, as experiências que vivi, os personagens que por aqui desfilaram e dos quais perdi o rasto ou simplesmente se recolheram para o anonimato. Carreiras desportivas começaram e acabaram, equipas desportivas começaram ou acabaram. Lembro-me sobretudo da equipa de ciclismo Rabobank que apimentou os primeiros anos deste blog e hoje já não existe.

 

Hoje podem ver que são outros os protagonistas. Desafio-vos a percorrerem os arquivos deste blog para mergulharem em personagens incríveis que só eram notados por mim. Só eu me interessava por eles. Quem não se lembra do guarda-redes belga Stijn Stejnen?

 

Se forem ver o que está para trás, notarão que nem sempre os meus escritos foram estruturados como estão hoje. A intenção naquela altura era simplesmente escrever um diário sobre o que me estava a acontecer. Vivia um momento complicado, apesar de as coisas terem acalmado pouco depois para, irremediavelmente voltarem a águas agitadas em finais de 2018.

 

A partir de certa altura, não sei dizer quando, deixei de fazer diários e passei a focar os posts num tema. Hoje, por exemplo, fiz um POST diferente para cada assunto abordado, mas quando comecei não fazia isso. Isto surgiu com a necessidade. Talvez a viragem se tenha dado com a necessidade de criar posts especiais para os sonhos. Houve um dia em que tive um sonho muito estranho, mas, com a estrutura de diário dos posts, o conteúdo perdeu-se um pouco. Talvez o click tenha sido dado nessa altura. Se houver três assuntos diferentes, qual o problema de fazer três posts?

 

Com o tempo, fui adaptando conteúdos, sempre com o foco nos meus estranhos interesses pessoais. Comecei a introduzir a descrição dos sonhos e isso foi uma experiência bastante interessante porque saíram posts bastante curiosos. Perdeu-se aquele sonho que queria destacar quando os posts tinham a estrutura de diário, mas, com o passar do tempo, estes escritos narrando o subconsciente passaram a ter uma importância crucial neste meu espaço. Trata-se de uma visita mesmo ás profundezas do meu mundo. Mesmo quando o blog registou menos atividade, entre 2008 e 2010, os postes de sonhos continuaram a fazer parte deste espaço.

 

Com o tempo, inaugurei outro tipo de registos que hoje são a grande maioria dos posts do meu blog, por incrível que pareça. Estou a falar do comentário a livros que vou lendo. Tal se deve ao facto de hoje a leitura ser fundamental na minha existência e, por força de ter deixado de ver, consigo hoje ler mais graças às tecnologias que existem para nos facultar o direito á leitura e à cultura.

 

Assuntos que foram deixando de aparecer por aqui por se terem tornado tecnicamente impossíveis foram o “Música Com Memórias” por o layout do servidor ter mudado e não ter aceite o código de incorporação do Youtube. Não sei se esse problema ficou resolvido, mas não assumia o código e por isso se perdeu uma rubrica que tinha pernas para andar. Ainda me disseram para fazer de outra maneira, mas o efeito não é o mesmo.

 

Outra coisa que deixei de fazer foi acompanhar os jogos de Futebol pela televisão. A partir do memento em que deixei de ver, acabaram-se as crónicas dos jogos televisionados. Algumas ficaram para a posteridade. O que eu ia buscar quando estava a ver um jogo! Saudades desses tempos. Valem os arquivos.

 

No futuro, para além da aposta forte no comentário a livros, também vou fazendo uma coisa que comecei há poucos dias que é a análise ao Futebol. Hoje, por exemplo, surgiram dois posts desse género. Um sobre a Liga dos Campeões e outro sobre a última jornada da nossa liga que teve o seu desfecho ontem.

 

Também aposto cada vez mais na escrita criativa que tenho esperança de ser fundamental nesta nova vida que fui forçada a adotar.

 

Coisas que ainda se mantêm desde a criação deste blog? Opiniões, pensamentos, histórias engraçadas ou inusitadas que são fruto da interação entre nós e os restantes cidadãos, atualidade, reflexões sobre tudo e mais alguma coisa…

 

Em suma, este espaço será o que eu quiser e em mais nenhum sítio tenho tamanha liberdade para ser quem sou. Costumo dizer que, quem me quiser conhecer, terá de ler este meu espaço. Mesmo assim, é tarefa difícil, já que eu costumo dizer que nem eu me conheço a mim própria.

 

Se eu pensava em 2006 que este blog chegaria aos dias de hoje? Sinceramente, nem pensei nisso. Houve alturas em que estive mais ativa, como estou agora, e houve outras alturas em que chegava a haver atrasos nas publicações, sobretudo quando trabalhava. Agora, como acima referi, foi aqui que me refugiei novamente para dar um impulso diferente á minha vida. Onde isto me vai levar? Não faço ideia. Também não penso muito nisso. Gosto de escrever e tenho aqui a oportunidade de dar largas a este meu gosto por esta arte, ou por este vício.

 

Mais um ano passa e continuarei sempre aqui. Ninguém me vai calar ou amarrar as mãos. A luz dos meus olhos tornou-se escura, mas, em contrapartida, faço da escrita o meu porto seguro.

 

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