“Consentimento” (impressões pessoais)

 

Falando sobre mais um livro, tenho agora uma autobiografia para analisar.

 

A francesa Vanessa Springora traz-nos nesta obra o relato do que foi a sua infância e adolescência em que se confrontou com um pai ausente e negligente e teve um romance com um escritor trinta e seis anos mais velho quando era apenas uma adolescente.

 

A mãe de Vanessa terá sido a responsável por a filha se entregar a um predador sexual e pedófilo que se servia  dos seus romances proibidos com crianças para escrever as suas obras. Era um homem intragável sem sentimentos. As suas vítimas acreditavam em não ser vítimas, apenas estando com ele por consentimento mútuo. Elas não conseguiam ver que ele as manipulava, as mantinha como reféns psicológicas, limitando os seus contactos sociais, afastando-as de familiares e amigos. Em suma, fazendo-as acreditar que no seu mundo só haveria lugar para ele e elas. Por mais amantes de tenra idade que tivesse, Gabriel tentava sempre buscar mais vítimas. Por vezes deslocava-se ás Filipinas onde podia usufruir de jovens vítimas de tráfego humano. Ele escrevia as suas aventuras em diários que proibiu Vanessa de ler.

 

Quando Vanessa leu esses livros na ausência de Gabriel, ficou a descobrir que se deitava na mesma cama com um monstro. Mesmo assim, não queria acreditar que se tratava do mesmo homem sempre tão carinhoso com ela e que tudo lhe dava.

 

Quando Vanessa decidiu sair dessa relação tóxica, foi muito difícil recuperar toda uma vida que deixou para trás. Foram muitas as dificuldades que passou e hoje, bem estabelecida na vida, resolve escrever as suas memórias também para alertar a sociedade sobre a questão do consentimento. De que forma é que uma relação desigual deixa de ser consentida e passa a ser uma relação abusiva.

 

Um livro que na altura agitou a sociedade para a temática dos relacionamentos entre adultos e menores de idade.

 

Tema bem interessante, este!