Os sonhos em tempo de pandemia têm o seu encanto. Um dia vamos olhar para estes textos e encará-los como documentos históricos dignos de figurar na Torre do tombo. O certo é que vivemos alerta com qualquer alteração dos nosso humores e sensações físicas. O que outrora não valia nada e não era foco de preocupação, hoje é alvo de vigilância.
Lembro-me de há dois anos atrás, por esta altura do ano, ter andado mais de uma semana com febre. Andei sempre a trabalhar, nunca faltei, por mais de rastos que andasse. Se fosse hoje, iria certamente a correr para algum lado com receio de ser covid 19.
São assim os sonhos em tempos de pandemia, em tempos de incerteza, numa época em que cada um de nós tem de ser vigilante de si próprio mais do que ser dos outros.
Sonhei que era madrugada. O relógio ainda não tinha despertado para eu ir trabalhar.
Sentia um certo mal estar e não sabia como estar deitada. Ora tinha calor, ora tinha frio. Ainda estava escuro na rua. com ar assustado, logo depreendi que devia ter febre e logo fui procurar o termómetro para medir a temperatura. Em caso afirmativo, o que faria? Faltaria ao trabalho? Eu, que nunca faltei por doença. Somente por cegueira e muitos meses nem isso. Mesmo sem ver fui trabalhar antes da operação que mudou a minha vida.
O termómetro apitou. Com ar ansioso, nem queria ouvir o que dizia mas tinha de saber. Por mim e pelos outros que iria contagiar se por acaso estivesse com covid 19.
Tinha 37,9 de temperatura. Era muito.
O que fazer agora?
Foi neste dilema onírico que acordei. O sonho misturou-se com a vigília, pois o cenário era o mesmo. Afinal, tudo estava bem na vida real comigo.
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