Sunday, March 20, 2011

Transferências

Ainda não sei quando irei para o meu novo local de trabalho mas já sonho com a minha nova condição. Só as protagonistas do sonho são ainda as minhas actuais colegas de trabalho que provavelmente até irão ler isto.

O local é a loja, mais propriamente uma espécie de sala de reuniões bem ampla. O espaço estava equipado com mesas redondas de madeira envernizadas de castanho. Ao redor dessas mesas encontrava-se um grupo bem animado de pessoas. Reinava a camaradagem e a boa disposição.

Entre os presentes, uma desconhecida de nome Ana relatava o seu quotidiano de mulher grávida. Ela tinha uma forma bem divertida de contar as coisas e toda a gente se ria em redor da mesa. Contava ela que os seus enjoos matinais eram tão intensos que quase se confundiam com o comboio que passava na linha junto de sua casa.

Na mesa estavam algumas das minhas actuais colegas de trabalho já coradas e de lágrimas nos olhos de tanto rirem com as tropelias da outra. Em sonhos tudo é possível. Levei comigo algumas colegas minhas, digamos assim, e o meu subconsciente encarregou-se, para além de as trocar de loja, de as trocar de secção. Uma colega que, na realidade, trabalha nas caixas ali fazia limpezas e outra trocou a fruta pelo escritório. O engraçado é que continuava a dizer palavrões e todas nos ríamos com tal situação. Ela realmente tem graça e eu às vezes parto-me a rir com a maneira como ela conta as coisas, por mais insignificantes que sejam. Dá-lhes, digamos assim, um tempero mais picante, atendendo ao registo de linguagem utilizado. É um riso!

Ainda no mesmo local, ia remexendo numas caixas que inicialmente tinham comida pronta a aquecer. Só que os sonhos tudo transformam e rapidamente comecei a retirar lá de dentro discos de vinil antigos do Roberto Carlos e de outros artistas desconhecidos que não existem na realidade.

As minhas duas colegas que na realidade existem estavam em grande alvoroço. Calhei a olhar para cima e reparei que alguém filmava toda aquela algazarra com uma enorme câmara.

Houve quem implicasse comigo por causa das minhas sapatilhas e do meu velho casaco de treino azul. Eu desculpei-me com o facto de ser o meu primeiro dia ali e prontifiquei-me a explicar que já tinha comprado roupa para me adaptar às minhas novas funções.

Em casa toda a gente reparava que recorria mais ao vernáculo. Influência das minhas colegas? A discussão que estava a ter com a minha mãe e a minha irmã no meu quarto por causa de dinheiro tinha três palavrões por quatro palavras que integrassem uma frase. Já parecia uma outra colega minha que na realidade existe com essa característica e que me faz rir até ás lágrimas. Nem me estava a reconhecer.

Antes de acordar e de colocar as coisas na devida ordem, ainda deu tempo de sonhar com uns gatos pretos, sendo um deles mais acastanhado.

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