Friday, March 04, 2011

Castrati

Se eu não soubesse o que deu origem a este sonho, rir-me-ia a bandeiras despregadas. À partida pode parecer um pouco estranho ou curioso, mesmo para um sonho, mas é extremamente normal sonhar com isto depois de ler um pouco da história da vida de Casanova.

Num programa de detecção de talentos desses que estão em voga, um rapaz da minha terra, que andou connosco na escola, mostrava o quanto cantava bem. Na realidade ele sempre gostou de cantar. Lembro-me de numa ocasião, no recreio da escola, ele cantar à sua maneira a canção “Susana” dos Queijinhos Frescos. Só que ele substituía “quando acordas bem cedinho” por “quando acordas de manhã”. Na altura ri-me e já lá vão quase trinta anos.

Apesar de ter sofrido um grave acidente de viação há uns anos, o seu gosto por cantar até se intensificou. Dizem que ele é especialista em cantar músicas dos Irmãos Verdades nos karaokes da região e até participa em concursos.

No sonho ele tinha uma voz harmoniosa, incrivelmente infantil e aguda. A baixa estatura que na realidade tem facilmente enganaria os presentes que eram levados a crer estarem na presença de uma criança. Na verdade ele tem mais de trinta anos. Será da idade da minha irmã, por aí assim.

Apesar do seu talento, não foi ele a chegar à final. Os finalistas eram uma menina chamada Bárbara e um outro indivíduo chamado Tozé.

Como Bárbara fugiu de casa na véspera da final e se desconhecia o seu paradeiro, Tozé seguiu sozinho para o palco. Ele tinha uma voz admirável, cristalina e melodiosa, especialmente quando cantava fado.

Algo não combinava em Tozé: era homem feito e tinha uma voz incrivelmente fina? No final ele despediu-se cantando uma música que só quando acordei a pude identificar como sendo o tema “Sou Tão Feliz” cantado pelo então desconhecido Marco Paulo em finais dos anos sessenta no Festival.



O cenário do sonho muda. Ia a caminho de casa no banco traseiro de um carro onde também ia a minha mãe e dois desconhecidos. O que vinha no banco do passageiro chamava-se Samuel e a minha mãe perguntou-lhe o que tinha para comer no seu estabelecimento. E ele respondeu que só tinha sandes.

A rotunda da Moita estava algo modificada com umas casas. Numa delas funcionava o restaurante de Samuel.

Acordei. Era altura de reflectir sobre este rol de disparates. Ah, não sei se o plural de castrato é este mas passa a ser.

P.S.: Afinal eu até sei umas coisitas de Italiano. Está certíssimo, segundo fui confirmar.

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