Thursday, March 03, 2011

Em família

Foi um domingo em cheio, este que vivi. Estava um agradável dia de Sol e respirava-se uma atmosfera alegre. Também estava uma temperatura menos fria na rua.

Ainda no comboio encontrei a minha prima. Passámos toda a viagem a conversar, sobretudo a viver recordações de uma infância passada em comum. A minha prima foi praticamente criada lá em casa. Apesar da tenra idade, ela lembra-se quase tão bem como eu do dia em que a minha avó faleceu. Isso já foi há vinte e dois anos. Eu lembrava-me que ela esteve lá em casa nesse fatídico dia e ela também se lembra. Ainda hoje ela consegue-se lembrar da minha avó com nitidez. E só tinha seis anos de idade.

Também achei muito curiosa uma das lembranças que ela guarda desses tempos. Sensivelmente na mesma altura havia lá em minha casa um cão preto e branco chamado Dick. Ele viveu entre 1984 e 1989. Durou apenas uns meses depois de a minha avó ter morrido. Foi atropelado numa madrugada de Agosto perto de casa, quebraram-lhe a coluna vertebral e teve de ser abatido.

A minha prima era muito pequena quando esse cão ainda existia mas ela ainda hoje estremece com a lembrança dele. Lembra-se ela que ele lhe mordeu e que sempre lhe rosnava com ar ameaçador quando ela lá aparecia em casa. Eu lembro-me vagamente que ela gritava quando via o cão mas é uma lembrança muito ténue. O cão nem era muito grande, andava à solta e aparentemente era menos feroz que o nosso actual cão- o Chalana. Lembro-me que uma vez ele estava a comer a comida dos gatos e eu lhe mandei um palmadão nas costas que ele até saltou. Se eu fizesse isso ao Chalana, iria parar ao hospital toda mordida.

Quando cheguei a casa a minha mãe informou-me que a nossa tia (única irmã sobrevivente da minha avó, mãe da minha madrinha- uma espécie de matriarca da família) vinha passar a tarde connosco. Tal como nos velhos tempos, agora a minha madrinha vai todos os domingos lá a casa buscar hortaliça que a minha mãe lhe dá. Desta vez combinou em trazer a minha tia para ela vir espairecer um pouco e conversar com a minha mãe e a minha vizinha essencialmente sobre assuntos de outros tempos que ela gosta de recordar.

Para o almoço houve carne à portuguesa. A minha tia chegou por volta do meio-dia com um vistoso chapéu de palha na cabeça que mais parecia um sombrero. O meu pai já tinha a lareira acesa.

A tia esteve até ao final da tarde sentada à lareira com uma improvável companhia. A gata Feijoa esteve grande parte do tempo enroscada no seu colo. Ela estava encantada com aquela gata.

Quando a minha madrinha chegou, a minha mãe estava a fazer uma dose quase industrial de filhozes. Eu tencionava não lhes tocar e foi o que fiz. É uma coisa que causa desconforto digestivo. Não sei se ela as levou todas.

A minha tia estava radiante pela bela tarde que passou e todos nós estávamos contentes por a ter ali naquele dia solarengo de domingo.

Foi, sem dúvida o dia que precisava de ter depois de acontecimentos menos agradáveis que se passaram nos últimos dias. A moral fica mais em cima e as baterias ficam carregadas para o que eu tiver de enfrentar em mais uma semana de trabalho.

No comments: