Saturday, March 05, 2011

Guitarra eléctrica pouco afinada

Dizia alguém que estava a comentar o jogo, se não estou em erro Fernando Eurico:
- “O Sevilha está a jogar bem. Parece uma guitarra eléctrica.”

Guitarra eléctrica? Eu que já ouvi de tudo a comentadores desportivos...essa é nova e original. Só que, dado o resultado do jogo, parece que a guitarra eléctrica desafinou numa qualquer altura do jogo, pois o Porto venceu por 1-2.

Comecemos desde o princípio! Depois da vitória do Benfica por 2-1 ante o Estugarda e a derrota do Braga na Polónia, sob um manto de gelo, cabia-me a mim acompanhar as incidências dos jogos que teriam lugar mais tarde que eram o Sevilha- Porto e o Glasgow Rangers-Sporting.

Segundo os relatos que me chegam, tanto Sporting como Porto começam bem os respectivos jogos.

O Sevilha, à medida que o cronómetro vai avançando, começa a ganhar um certo ascendente na partida.

Aos doze minutos, na partida de Glasgow, o Sporting beneficia de um livre perigoso mas sem consequências de maior. O Sporting até está a jogar bem perante um Glasgow Rangers que parece estar ao seu alcance.

Joaquim Ritta (extremamente inspirado nesta noite europeia) tece o seguinte comentário sobre a maneira de jogar dos escoceses:
- “...perante um Glasgow Rangers que não consegue espreguiçar-se até à área do Sporting....”

Passemos para Sevilha onde Luiz Fabiano (antigo avançado do Porto) remata ao lado da baliza de Helton.

Belluschi remata de longe mas por cima enquanto Fabiano continua a tentar marcar á sua antiga equipa. Otamendi sofre com o avançado brasileiro que tem de apanhar pela frente.

Na Escócia, com vinte minutos da primeira parte, Postiga falha uma clamorosa oportunidade de colocar o Sporting em vantagem.

Em Sevilha, James faz a sua aparição no jogo. Primeiro executa um perigoso remate de ressaca depois de um canto. O guarda-redes do Sevilha tem de se aplicar. Segundos depois, o jovem colombiano vê amarelo por falta dura sobre Navas.

Voltemos a Joaquim Ritta que está a comentar o jogo do Sporting (é curioso, ele tem sempre de comentar os jogos do Sporting). Desta vez fala sobre o Jogador Número Três do Glasgow Rangers, um avozinho de quarenta anos de idade:
- “Já com caruncho e cheio de varizes...”
Muito eu me ri! Este comentador é demais! Adoro ouvir um relato de um jogo em que esteja ele como comentador. Um espectáculo. Mas esperem que isto ainda não acabou.

Em Sevilha estamos numa fase de parada e resposta com momentos aflitivos junto às duas balizas. O jogo está bom nesta fase.

Palop defende com grande dificuldade mais uma investida atacante do Porto enquanto que na Escócia assinala-se a primeira jogada de perigo digna de registo para o Glasgow Rangers.

Felizmente para o Porto, Luiz Fabiano viu o seu golo ser anulado pela equipa de arbitragem. No outro jogo, o Sporting poderia ter marcado mas não marcou.

Em Sevilha nenhuma equipa possui ascendente sobre a outra. No meu entender há grande equilíbrio. Trata-se de um grande jogo.

Na Escócia Postiga continua com a pontaria completamente desafinada. Apesar do enorme ascendente do Sporting sobre o Glasgow Rangers, essa superioridade não é convertida em golos.

Ainda antes do intervalo, o Sporting suspira de alívio ao ver a equipa de arbitragem anular um golo aos escoceses. Antes o guarda-redes do Glasgow Rangers negou categoricamente o golo a Yannick.

Ao intervalo ambos os jogos registavam uma igualdade a zero.

Mal tinha começado a segunda parte e já o Sevilha criava perigo. Depois disso gerou-se uma confusão cujo motivo que lhe deu origem me escapou. Está um jogador da equipa da casa sobre o relvado e muitos jogadores ali a esgrimirem argumentos. O árbitro assiste. Na minha opinião, se tivesse de puxar de cartões, provavelmente mostraria uns seis ou sete logo ali e irmãmente distribuídos pelos dois lados. Aquele senhor ali, o Jogador Número Doze do Sevilha, precisa urgentemente de uma garrafa de água gelada sobre a cabeça. Está a ferver e, se acaso eu fosse o árbitro, ele já estava na rua.

E o árbitro continua a assistir àquilo que mais se parece com uma partida de Vale Tudo. De que é que está à espera para levar a mão ao bolso para sacar dos cartões? Irra! É o que eu digo, acho que tem de mostrar cartões a quase toda a gente e por isso está a pensar a quem não vai mostrar cartões por serem menos do que aqueles que merecem que o árbitro os mostre. Pelo menos aí a uns cinco ou seis devia mostrar e um deles seria certamente para o Jogador Número Doze do Sevilha. A esse até se recomendava o vermelho, que era para ele aprender.

Ah, afinal mostrou três cartões amarelos depois de tanto torrar os neurónios a pensar e entretanto a deixar que os jogadores arrancassem a pele uns aos outros. João Moutinho foi o jogador do Porto que foi contemplado.

Apesar de o Sevilha estar a carregar, é o Porto que chega ao golo aos cinquenta e seis minutos. Na sequência de um livre, Rolando marca o primeiro golo para os portistas.

Já há muito que não tínhamos notícias do jogo de Glasgow. Depois de alguma apatia nos primeiros minutos da segunda parte, o Sporting lá consegue mais uma jogada perigosa por Cristiano.

De Sevilha vem a notícia do golo do empate da equipa local. Marcador do golo? O jogador que há pouco quase assassinava alguém, tal era a fúria que exibia, o Jogador Número Doze do Sevilha que se chama Kanouté. Para além de o golo ter sido conseguido de forma irregular, foi marcado por um jogador que, na minha opinião, deveria ter ido direitinho para a rua há uns minutos atrás.

Fabiano continua a tentar marcar um golo ao Porto mas desta vez Helton defende. Com o golo o Sevilha parece ter animado.

Da Escócia chega a informação do golo do Glasgow Rangers. Estava-se mesmo a ver que o Sporting tinha de sofrer dadas as clamorosas oportunidades que Postiga e seus pares falharam. É esta a sina dos leões nos últimos jogos.

Já em Sevilha, o Porto tenta chegar ao segundo golo que seria magnífico. De livre, Hulk obriga Palop a uma excelente intervenção. O guarda-redes do Sevilha cede canto.

O nosso amigo que arranjámos neste jogo, o tal do Kanouté, tenta mais um golo. Isso é que era bom! A ser ele a marcar os dois golos do Sevilha, estaríamos na presença de uma péssima arbitragem com sérias influências no resultado. Para além de estar milagrosamente em campo e de ter conseguido o primeiro golo de forma irregular, seria demais se o segundo golo também fosse de sua autoria.

Enquanto o Sporting continua a sua saga de oportunidades falhadas por terras escocesas, Guarin, a cinco minutos do final, faz o segundo golo do Porto que deveria encher todos os portugueses de alegria. Nas competições europeias eu esqueço o clubismo e torço para que todos os emblemas nacionais obtenham resultados positivos. Este do Porto, a confirmar-se, será um óptimo resultado.

Enquanto o Sevilha tenta de tudo para restabelecer a igualdade, o Sporting consegue-a finalmente no terreno do Glasgow Rangers. O golo é da autoria de Matias Fernandez.

Para não variar, o Sporting termina o jogo de credo na boca. É Rui Patrício quem evita mais uma derrota nos segundos finais ao defender com categoria dois remates seguidos de um mesmo jogador do Glasgow Rangers.

Chega ao fim mais uma jornada europeia com boas perspectivas para os jogos da segunda-mão. Penso que todas as equipas portuguesas têm hipótese de seguir em frente. Mesmo o Braga que perdeu pode rectificar o resultado. Aquele jogo naquelas condições também foi um bocado injusto.

Agora que os jogos terminaram, voltemos a Joaquim Ritta que está a fazer a análise ao empate a uma bola entre o Glasgow Rangers e o Sporting. O nosso comentador favorito não teve papas na língua em classificar o avançado do Glasgow Rangers como sendo um jogador tosco e divorciado da bola, imagine-se.

O melhor comentador também comete as suas gaffes de vez em quando mas esta teve piada. Para o comentador da Antena 1, Rui Patrício terá sido um dos melhores jogadores do Sporting, se não mesmo o melhor. Justificando o que acabava de dizer, Joaquim Ritta adiantou que o guarda-redes do Sporting efectuou duas grandes defesas na primeira parte e outras duas...durante o intervalo. Durante o intervalo? Uma vez que se trata do Sporting, nem me admirava nada que tal acontecesse. Provavelmente essas duas defesas terão sido a peças de vestuário ou mesmo a chuteiras arremessadas pelos seus furiosos colegas na direcção de um qualquer dirigente ou mesmo do treinador Paulo Sérgio. Foi pena Rui Patrício estar na baliza e não no banco aquando do arremesso do casaco de fato de treino por parte de Maniche ao treinador quando foi substituído.

Pobre Sporting! Ao que isto chegou!

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